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DOSSIER

SAUDE ORAL

Associação entre
doença periodontal e
patologias sistémicas
RICARDO FARIA ALMEIDA,* MÓNICA MORADO PINHO,**
CRISTINA LIMA,*** INÊS FARIA,**** PATRÍCIA SANTOS*****
E CLÁUDIA BORDALO******

RESUMO
A suspeita de associação entre algumas patologias sistémicas e patologias da cavidade oral é anti-
ga, sendo encontrada, desde há vários anos, na literatura. Com efeito, egípcios, hebraicos, gregos
e romanos acentuavam já a importância da saúde da boca no bem-estar geral dos indivíduos. O agressoras dos microrganismos e da ca-
conceito de infecção focal, com origem em 1900, estimulou a investigação no sentido de aprofun- pacidade do hospedeiro em resistir à
dar o conhecimento sobre o papel real das afecções da cavidade oral, em especial a Doença Perio- agressão.
dontal, na saúde geral dos indivíduos. Embora o mais importante mecanis-
Esta patologia é, a seguir à cárie dentária, aquela que maior prevalência tem na cavidade oral. É mo de defesa resida na resposta infla-
uma doença infecciosa que afecta a gengiva e os restantes tecidos de suporte dentário e que pode matória que se manifesta inicialmente
culminar com a perda dos dentes. Traduz-se, numa primeira fase, por sinais e sintomas clínicos «sur- como gengivite (Figura 1), variações na
dos», sem qualquer tipo de dor e que por isso passa despercebido ao próprio paciente. A hemorragia eficácia protectora do processo inflama-
gengival associada é um dos primeiros sintomas. O diagnóstico precoce permite tratar estes doen- tório e o potencial patogénico das bac-
tes e evitar o agravamento da situação com a consequente perda dentária. térias podem ser a causa principal das
Neste contexto, discutiremos as possíveis relações entre a Doença Periodontal e as várias Patolo- diferenças encontradas na susceptibi-
gias Sistémicas que a ela têm vindo a ser associadas, como sejam a Diabetes Mellitus, as Doen- lidade à Doença Periodontal. O proces-
ças Cardiovasculares, as Infecções Respiratórias, a Artrite Reumatóide e a ocorrência de Partos so inflamatório desencadeado pode cul-
Prematuros. minar com a instalação de uma perio-
dontite (Figura 2).
Inicialmente ocorre um desequilíbrio
*Médico Dentista. Mestrado em DOENÇA PERIODONTAL entre bactérias e defesas do hospedei-
Periodontologia pela Universidade
Complutense de Madrid. Doutorado ro que leva a alterações vasculares e à
pelo Departamento de Medicina e
Doença Periodontal (DP) é formação de exsudado inflamatório.

A
Cirurgia Buco-facial Universidade
Complutense de Madrid. Docente uma infecção crónica, produ- Esta fase manifesta-se clinicamente
Responsável pela Disciplina de zida por bactérias gram-ne- com alteração da cor da gengiva, hemor-
Periodontia da Universidade
Fernando Pessoa. gativas, com níveis de preva- ragia e edema, sendo uma situação re-
**Médica Dentista. Aluna da lência elevados,1 sendo a segunda maior versível se a causa for eliminada. Esta
Pós-Graduação em Ortodontia da
Universidade do Porto. Docente de causa de patologia dentária na popula- situação, definida como Gengivite,
Periodontia da Universidade ção humana de todo o Mundo. promove a fragilização das estruturas,
Fernando Pessoa.
É definida como uma doença sujeito o que possibilita um maior acesso dos
***Médica Dentista. Docente de
Periodontia da Universidade e sito-específica, que evolui continua- agentes bacterianos agressores e/ou
Fernando Pessoa mente com períodos de exacerbação e seus produtos às áreas subjacentes,
****Médica Dentista. Aluna do
Mestrado de Periodontologia da de remissão, resultando de uma res- podendo resultar na formação de bol-
Universidade de Lisboa. posta inflamatória e imune do hospedei- sas periodontais, com perda óssea e
*****Médica Dentista. Aluna do
Mestrado de Periodontologia da
ro à presença de bactérias e seus pro- uma contínua migração apical do epi-
Universidade de Lisboa. dutos. A sua progressão é favorecida télio (epitélio longo de união). Este tipo
******Médica Dentista. pelas características morfológicas dos de epitélio oferece menos resistência aos
Pós-graduada em Periodontologia
pela Universidade do Porto. Aluna do tecidos afectados, o que a distingue de agentes agressores o que perpetua o
Doutoramento de Universidade de outras doenças infecciosas.2 processo inflamatório.3 Este processo
Santiago de Compostela. Docente de
Periodontia da Universidade
As manifestações clínicas da doença culmina com a destruição dos compo-
Fernando Pessoa. são dependentes das propriedades nentes do periodonto, ou seja, cemen-

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Figura 1. Gengivite Figura 2. Periodontite

to radicular, ligamento periodontal e ça Periodontal, dependendo da gravida-


osso alveolar. de da mesma, a Gengivite e a Periodon-
A resposta imune de cada indivíduo tite. A primeira é reversível, ao contrá-
tem um papel importante no início e rio da segunda que é irreversível.
progressão desta doença, como foi re-
ferido anteriormente, e pode ser influen- Gengivite
ciada por factores de risco, biológicos e Define-se como uma inflamação super-
comportamentais.4 ficial da gengiva onde, apesar das alte-
Em presença de bactérias específi- rações patológicas, o epitélio de união
cas, o hospedeiro inicia uma resposta se mantém unido ao dente, não haven-
de defesa que condiciona o facto de do perda de inserção. É uma situação
ocorrerem ou não lesões a nível celular reversível, caso sejam removidos os fac-
e tecidular. Esta resposta pode ser ines- tores etiológicos (bactérias). Contudo,
pecífica (inata), se se trata do primeiro tem um papel precursor na perda de in-
contacto com os referidos microorga- serção ao redor dos dentes se os facto-
nismos, ou específica (adaptativa), res etiológicos não forem eliminados.
quando já ocorreu contacto prévio en-
tre o hospedeiro e os agentes bacteria- Periodontite
nos. A Periodontite corresponde a uma si-
A presença de bactérias e suas toxi- tuação de inflamação com destruição do
nas estimulam neutrófilos, fibroblas- periodonto e ocorre quando as altera-
tos, células epiteliais e monócitos. Os ções patológicas verificadas na Gengi-
neutrófilos libertam as metaloproteína- vite progridem até haver destruição do
ses (MPM) que levam à destruição do co- ligamento periodontal e migração api-
lagéneo. As restantes células envolvidas cal do epitélio de união. Existe uma acu-
promovem a libertação de prostaglan- mulação de placa bacteriana, ao nível
dinas (Pg), especialmente PgE2, que por dos tecidos mais profundos, causando
sua vez induzem a libertação de citoqui- uma perda de inserção por destruição
nas, entre as quais interleucina 1 (Il1), do tecido conjuntivo e por reabsorção do
interleucina 6 (Il6) e factor de necrose tu- osso alveolar.
moral (TNF), que conduzem à reabsor- Macroscopicamente, a gengiva apre-
ção óssea através da estimulação dos senta-se eritematosa com sinais de in-
osteoclastos. Estas células, ainda que flamação. No entanto, esta característi-
indirectamente, levam também à lise ca pode não estar presente, como acon-
do colagéneo por estimulação das MPM. tece nos pacientes fumadores nos quais
Em termos gerais, podemos diferen- a vasoconstrição provocada pelo taba-
ciar duas entidades distintas de Doen- co simula ausência de inflamação.

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Uma situação de Periodontite é sem- do tipo I. Estes estudos revelam que os


pre precedida de Gengivite; no entanto, diabéticos insulino-dependentes têm
esta nem sempre termina com a insta- maior prevalência e maior severidade
lação de uma Periodontite. de Periodontite que os indivíduos não
Como referido anteriormente, a diabéticos. Os estudos transversais com
Doença Periodontal tem vindo a ser as- pacientes diabéticos do tipo II indicam
sociada a diversas patologias de índole que estes, tal como os anteriores, têm
sistémica. Descreve-se e discute-se em uma maior prevalência de Periodontite
seguida, de forma resumida, o conhe- que os pacientes não diabéticos.11-13
cimento actual dessas associações. No que se refere aos estudos longitu-
dinais pode observar-se que os diabéti-
cos mal controlados, independentemen-
DIABETES MELLITUS
te do tipo de Diabetes em questão, apre-
sentam uma situação mais severa de
Das associações observadas entre o es- Periodontite do que os indivíduos bem
tado de Saúde Oral e as Patologias Sis- controlados.14-17
témicas crónicas, a maior ligação é en-
tre a Doença Periodontal e a Diabetes QUAL O IMPACTO DO TRATAMENTO
Mellitus.5 PERIODONTAL EM PACIENTES DIABÉTICOS?
A Diabetes afecta cerca de 177 mi- E EM PACIENTES NÃO DIABÉTICOS?
lhões de pessoas em todo o Mundo e a Tervonen T e col.18 e Westfelt E e col.,19
Organização Mundial de Saúde (OMS) avaliando a resposta do tratamento pe-
prevê que este número possa duplicar riodontal em pacientes diabéticos (tipo
até 2030 devido ao envelhecimento po- I e tipo II) e não diabéticos, concluíram
pulacional, hábitos alimentares incor- que os indivíduos diabéticos não con-
rectos, obesidade e sedentarismo.6 trolados apresentavam uma pior res-
As complicações orais desta patolo- posta ao tratamento periodontal que os
gia são múltiplas e incluem xerostomia, indivíduos não diabéticos.
risco aumentado de carie dentária e
presença de problemas periodontais QUAL O IMPACTO DE UM BOM CONTROLO
(75% dos pacientes diabéticos). METABÓLICO DA DIABETES SOBRE A
A Doença Periodontal é considerada PERIODONTITE?
a sexta complicação da Diabetes e en- Satrowijoto SH e col.20 realizaram um
contra-se bem documentado na litera- estudo com diabéticos tipo I, os quais
tura que indivíduos com Diabetes Mel- foram submetidos a um controlo meta-
litus têm um elevado risco de sofrerem bólico através da administração repeti-
de Doença Periodontal.7-9 Na verdade, da de insulina e um programa de edu-
não é só a prevalência da Doença Peri- cação. No entanto, nenhum dos pacien-
odontal que está aumentada em indiví- tes recebeu qualquer tipo de tratamen-
duos diabéticos, também a sua progres- to periodontal. Os resultados indicam
são e severidade é mais rápida e agres- uma diminuição significativa dos níveis
siva.10 sanguíneos de HbA1C e uma melhoria
Este contexto torna pertinente a res- dos sinais de inflamação. Mas as me-
posta às seguintes perguntas: didas relativas à avaliação da periodon-
tite não revelaram melhorias significa-
QUAL A REAL RELAÇÃO ENTRE tivas.
A PERIDONTITE E A DIABETES? Assim, e ainda que alguns estudos
A maioria dos estudos sobre Doença epidemiológicos tenham apresentado
Periodontal em diabéticos são transver- correlação positiva entre os diabéticos
sais e incluem indivíduos com Diabetes mal controlados e uma situação mais

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severa de Periodontite, sugerindo que o to periodontal melhorou às 6 semanas;


controlo metabólico poderia afectar po- contudo, não verificou diferenças rela-
sitivamente a situação clínica desta tivamente ao controlo metabólico. No
doença, não é possível afirmar a exis- grupo controlo nem o estado periodon-
tência de uma relação de causa-efeito tal nem o controlo metabólico foram
entre elas.21 melhorados.
Grossi e col.7 avaliaram 85 diabéti-
QUAL O IMPACTO DO TRATAMENTO cos tipo II mal controlados e com Peri-
PERIODONTAL NO CONTROLO odontite. Os pacientes foram submeti-
METABÓLICO DA DIABETES? dos a tratamento periodontal não cirúr-
Poucos são os estudos que avaliam o gico associado ou a doxiciclina sistémi-
efeito da Periodontite sobre o nível de ca 100mg/dia ou a um placebo durante
controlo metabólico. Contudo, duas 14 dias. Os resultados do estudo indi-
questões importantes merecem respos- cam que o tratamento periodontal não
ta: será que a presença ou severidade cirúrgico juntamente com a doxiciclina
da Periodontite afecta o controlo meta- sistémica, não só melhora o estado pe-
bólico dos pacientes diabéticos? Será riodontal de diabéticos tipo II mal con-
que o tratamento periodontal tem um trolados, mas também os níveis de glu-
efeito mensurável sobre esse mesmo cose a curto prazo.
controlo metabólico? Num estudo recente, 10 pacientes
Os resultados do estudo de Taylor e diabéticos do tipo II e 10 pacientes não
col.,10 realizado em pacientes com Dia- diabéticos, todos com periodontite mo-
betes tipo II, apresentam uma clara as- derada, foram submetidos a tratamen-
sociação entre a presença de Periodon- to periodontal não cirúrgico. Faria-Al-
tite severa e um risco aumentado de meida R. e col.25 verificaram que a con-
um mau controlo metabólico. dição periodontal melhorava de forma
Em 1960, Williams & Mahan22 obser- semelhante em ambos os grupos assim
varam que 7 dos 9 pacientes diabéticos como os níveis sanguíneos de HbA1C
submetidos a tratamento periodontal nos pacientes diabéticos. E sugerem
apresentavam melhorias do seu estado que o controlo metabólico dos pacien-
periodontal e que nestes diminuía a ne- tes diabéticos é melhorado com a reali-
cessidade de insulina até 50%. zação do tratamento periodontal não ci-
Em 1992, Miller e col.23 verificaram rúrgico.
que, dos 9 pacientes diabéticos tipo I Assim, parece existir uma possibili-
que receberam tratamento periodontal, dade do tratamento periodontal, em pa-
4 não apresentavam melhorias nas me- cientes diabéticos, resultar num me-
didas de avaliação do seu estado peri- lhoramento do controlo metabólico, es-
odontal. E estes, também não apresen- pecialmente em pacientes mal contro-
tavam melhoria dos níveis de HbA1C. lados.
Este estudo, apesar da ausência de gru-
po controlo, sugere que a melhoria do
DOENÇAS CARDIOVASCULARES
estado periodontal pode ser acompa-
nhada de uma melhoria do controlo me-
tabólico. O principal factor responsável pela
Num ensaio clínico, controlado e ran- maioria dos casos de Doenças Car-
domizado, realizado em 1995 com 12 diovasculares e Cerebrovasculares é a
pacientes diabéticos tipo I moderada- Aterosclerose.26 Trata-se de uma doen-
mente bem controlados, Aldridge e col.24 ça vascular progressiva caracterizada
observaram que o estado periodontal por um espessamento da camada sub-
dos pacientes que receberam tratamen- -íntima de artérias musculares de mé-

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dio calibre e grandes artérias elásticas.27 Em 1996, Beck e col. 34 publicaram


A teoria de que a Aterosclerose pas- os resultados de um estudo prospecti-
sa por um processo inflamatório acen- vo em que se monitorizaram 1.147 ho-
tuou o interesse no papel que alguns mens. A patologia periodontal foi aferi-
agentes infecciosos possam ter no iní- da pela perda óssea alveolar interpro-
cio ou mesmo na modelação da atero- ximal radiográfica e pela profundidade
génese. De entre os principais candida- de sondagem. Foram tidos em conside-
tos destacam-se a Chlamydea pneumo- ração outros factores de risco tais como
niae, o Citomegalovírus e o Helicobacter a educação, o tabagismo, a tensão ar-
pylori.28 Desde então, vários estudos terial, o colesterol, a história familiar de
têm demonstrado que as infecções de- Doenças Cardiovasculares, o consumo
sencadeiam uma panóplia de altera- de álcool e o índice de massa corporal.
ções na biologia das células endoteliais Neste estudo, verificou-se que, em mé-
e do músculo liso que podem predispor dia, para cada aumento de 20% de per-
para a aterogénese. Nesta perspectiva, da óssea a incidência total de doença co-
colocou-se a hipótese das Doenças Pe- ronária sofria um aumento de 40%. Ou
riodontais, como doenças infecciosas, seja, os níveis de perda óssea e a inci-
terem um papel na formação de atero- dência cumulativa de doença coronária
mas. Efectivamente, vários agentes pa- total e de doença coronária fatal indi-
togéneos periodontais foram detectados cam uma correlação entre a gravidade
em placas de ateroma, nomeadamente da Doença Periodontal e a ocorrência de
Porphyromonas gengivalis, Prevotella in- doença coronária.
termedia, Tannerella forsythensis e o Joshipura e col.34 apresentaram os
Actinobacillus actinomycetemcomi- resultados de um estudo prospectivo
tans.29 Para além da detecção de mate- em 44.119 homens, profissionais de
rial genético de patogéneos periodon- saúde, monitorizados durante 6 anos.
tais, a Doença Periodontal tem sido as- Neste estudo foi possível associar a per-
sociada a um aumento dos níveis de da dentária, não a Doença Periodontal,
marcadores pró-inflamatórios, reconhe- com um aumento do risco para doença
cidos indicadores de risco para as Doen- coronária, sobretudo em pacientes com
ças Cardiovasculares, tais como a Pro- história de Doença Periodontal, aferida
teína C-Reactiva, a IL-6, o fibrinogénio por questionário.
e contagem de leucócitos.30,31 Considerando o tipo de patologia car-
A pesquisa que documenta esta pos- diovascular, são já vários os estudos
sível associação é relativamente recen- que encontram uma associação forte
te, sendo um dos primeiros estudos o entre Doença Periodontal e Doença co-
de Mattila e col. em 1989. 32 Este estu- ronária,33,35 Enfarte do Miocárdio36 e
do verificou um pior estado de saúde Eventos Cérebro-vasculares.37,38
dentária (índice dentário total) no gru- Apesar de alguns trabalhos sugeri-
po teste quando comparado com o gru- rem uma relação entre as doenças pe-
po controlo e desde então muito se tem riodontais e as patologias cardiovascu-
publicado sobre esta associação. lares, estes estudos não são satisfató-
Em 1993, DeStefano e col.33 publica- rios para afirmar a existência de uma
ram um estudo prospectivo com 9.760 relação de causa/efeito entre as duas.
pacientes e com 13-16 anos de follow- Efectivamente, apesar de estar bem do-
-up, no qual se observou um aumento cumentada a associação estatística en-
de 25% no risco de doença coronária em tre as duas patologias, não está ainda
pacientes com periodontite, quando determinado, com exactidão, o meca-
comparados com indivíduos sem perio- nismo biológico que as relaciona. Os
dontite ou com formas leves da doença. mais cépticos atribuem à associação a

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partilha de factores de risco importan- diferenças na resposta inflamató-


tes, admitindo que não haja uma rela- ria/imunológica, nomeadamente na ca-
ção causal. No entanto, estão em cur- pacidade de segregação de monócitos.4
so projectos em quatro linhas de inves-
tigação que tentam encontrar essa pre- D. HIPERLIPIDEMIA INDUZIDA PELA
tensa relação: PERIODONTITE
Alguns estudos recentes demonstraram
A. ACÇÃO DIRECTA DOS MICRORGANISMOS que a Periodontite está associada a Hi-
Os autores que defendem este elo de li- perlipidemia.42,43 Indivíduos saudáveis
gação baseiam-se sobretudo na detec- com periodontite, comparados com con-
ção de material genético de bactérias trolos com características semelhantes,
periodontais em placas de ateroma.39,40 apresentaram níveis significativamente
maiores de triglicerídeos séricos, coles-
B. RESPOSTA IMUNOLÓGICA DO ORGANISMO terol total e LDLs. No estudo de Cutler
ÀS ENDOTOXINAS BACTERIANAS LIBERTADAS e col.42 verificou-se um aumento dos ní-
NA CIRCULAÇÃO. veis de anticorpos contra o LPS da
São muitos os investigadores que apoi- Porphyromonas gingivalis em pacientes
am a hipótese de serem os fenómenos com Doença Periodontal. A hiperlipide-
imunológicos a estabelecerem a ponte mia induzida pela Periodontite parece
entre as infecções periodontais e a ocor- estar associada à libertação de citoqui-
rência de fenómenos trombo-embóli- nas em resposta à infecção por gram-
cos. Efectivamente, havendo uma in- -negativos, nomeadamente a IL-1 e o
fecção crónica a nível da cavidade oral TNF-α. Ambas as citoquinas podem al-
estão constantemente a ser lançados terar o metabolismo lipídico e produzir
na circulação produtos bacterianos, hiperlipidemia.
como é o caso das endotoxinas. Estas Os factores tradicionais de risco car-
estimulam o sistema imune no sentido díaco não explicam todas as caracterís-
da libertação de uma série de citoqui- ticas clínicas e epidemiológicas das
nas inflamatórias que por sua vez vão Doenças Cardiovasculares. Existe evi-
influenciar a formação de ateromas. Em dência de uma associação entre infec-
pacientes com doença peridontal en- ções crónicas e Aterosclerose, embora
contramos níveis aumentados de pro- uma relação de causalidade não esteja
teínas de fase aguda como o fibrinogé- ainda estabelecida. A Doença Periodon-
nio, a proteína C30 e o factor de VonWil- tal, como infecção crónica, pode, desta
lebrandt. 41 forma, constituir um factor de risco sig-
nificativo para Doenças Cardiovascula-
C. EXISTÊNCIA DE UMA PREDISPOSIÇÃO res.
GENÉTICA COMUM ÀS DUAS PATOLOGIAS
Uma das teorias sugere que existe um
mecanismo genético comum que esta-
INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS
belece a ligação entre a Periodontite e a
Aterosclerose. É evidente que a expres- Além da Diabetes e das Doenças Car-
são da Doença Periodontal não depen- diovasculares, também uma série de
de apenas do factor etiológico bacteria- doenças do foro respiratório tem vindo
no, o que explica que pacientes com a ser associadas à Doença Periodontal,
pouca placa bacteriana tenham formas em especial a Pneumonia Bacteriana e
graves da doença e vice-versa. Efectiva- a Doença Pulmonar Obstrutiva Cróni-
mente, alguns pacientes apresentam ca.44,45
uma resposta aumentada às infecções. O início da Pneumonia Bacteriana
Este facto parece estar relacionado com está dependente da colonização da ca-

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vidade oral e orofaringe por potenciais base desta possível associação são a as-
patogéneos respiratórios, a sua aspira- piração de patogéneos orais para os pul-
ção para as vias aéreas inferiores e a fa- mões e a acção de enzimas associadas
lência dos mecanismos de defesa do à Doença Periodontal que promovem a
hospedeiro. adesão e colonização por bactérias pas-
A aspiração de reduzidas quantida- síveis de causar doenças respiratórias.
des de saliva é um mecanismo fisioló- As referidas enzimas também pare-
gico normal; no entanto, pacientes com cem ser fundamentais na destruição de
alteração de consciência realizam-no moléculas salivares que formariam pe-
mais frequentemente e em maiores lículas promotoras na eliminação de
quantidades. bactérias orais. As citoquinas produzi-
Um estudo conduzido por Terpen- das pelo periodonto, como resposta à
ning e col.46 numa população idosa, de- agressão bacteriana, parecem modificar
monstrou um aumento do risco de o epitélio respiratório, tornando-o mais
pneumonia por aspiração quando a susceptível à colonização por patogéne-
bactéria Porphyromonas gingivalis, as- os respiratórios.49
sociada à Doença Periodontal, estava Apesar de algumas publicações su-
presente na placa bacteriana e saliva gerirem uma associação entre a Doen-
dos pacientes. ça Periodontal e as Infecções respirató-
Uma higiene oral insuficiente e a rias, não é possível prová-la com exac-
Doença Periodontal parecem estar, es- tidão.
tatisticamente, relacionadas com a
Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica,
embora nenhum estudo tenha demons-
ARTRITE REUMATÓIDE
trado a influência da Doença Periodon-
tal na patofisiologia desta patologia res- Segundo Harris,50 a Artrite Reumatóide
piratória. é uma doença crónica inflamatória, de
Hayes e col.47 realizaram um estudo carácter destrutivo, que se caracteriza
retrospectivo no qual verificaram uma pela acumulação persistente de infil-
correlação entre a função pulmonar e o trado inflamatório na membrana sino-
estado periodontal dos pacientes, cons- vial que pode conduzir à destruição das
tatando que a função pulmonar dimi- articulações.
nuía quando aumentava a perda do ní- Actualmente, continua a persistir
vel de inserção clínico. uma grande controvérsia acerca da pos-
No seguimento desta pesquisa, Gar- sibilidade de condições inflamatórias
cia e col.48 conduziram um estudo com crónicas (como por exemplo a periodon-
30 anos de follow up, em 1.112 pacien- tite não tratada) condicionarem a exis-
tes. Os investigadores demonstraram tência, bem como a ocorrência de Artri-
uma relação entre a severidade inicial te Reumatóide.51,52
da Doença Periodontal e um risco acres- A possível associação entre Artrite
cido de desenvolver Doença Pulmonar Reumatóide e periodontite foi avaliada
Obstrutiva Crónica, comparativamente e estudada em inúmeros artigos cientí-
a outros pacientes com saúde perio- ficos. No entanto, os resultados obtidos
dontal. De referir, ainda, que a maior se- não são consensuais, pois ainda que
veridade de Doença Periodontal asso- alguns estudos corroborem esta hipó-
ciada ao hábito de fumar aumentava o tese outros falham em demonstrar a hi-
risco de Doença Pulmonar Obstrutiva potética relação entre as duas patologi-
Crónica, o que não se constatava em pa- as de índole inflamatória e crónica.
cientes não fumadores. Resumidamente, a potencial e hipo-
Os mecanismos que podem estar na tética associação entre estas duas doen-

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ças prende-se com a existência de uma teste laboratorial que possa determinar
resposta inflamatória exacerbada e per- e prever com exactidão a actividade e o
sistente, caso não haja reversão do pro- estado de actividade da Artrite Reuma-
cesso, bem como pela libertação de me- tóide e da Doença Periodontal. Contu-
diadores inflamatórios semelhantes e do, através da avaliação de mediadores
que são responsáveis pela destruição te- inflamatórios, como os factores reuma-
cidular observada. tóides, prostaglandinas, ICTP (type 1
A Artrite Reumatóide apresenta de carboxy terminal peptide) e proteína C
uma forma geral um carácter progres- reactiva, pode-se avaliar a actividade de
sivo. No entanto, podem ser detectados ambas as patologias.
três tipos diferentes da doença: Artrite A Periodontite e a Artrite Reumatói-
Reumatóide auto-limitada (não progri- de apresentam mecanismos de patogé-
de, não causando lesões significativas), nese similares, caracterizados por uma
Artrite Reumatóide facilmente controlá- condição inflamatória exacerbada. No
vel (a patologia já está estabelecida e entanto, nenhuma relação causal pode
correctamente detectada; no entanto, ser estabelecida embora esteja devida-
uma abordagem terapêutica inicial com mente documentado que pacientes com
recurso a anti-inflamatórios não este- Artrite Reumatóide apresentam uma
róides permite evitar a sua progressão) deterioração aumentada das condições
e Artrite Reumatóide progressiva (a pa- periodontais em comparação com pa-
tologia apresenta um carácter bastan- cientes sem a doença.
te progressivo e evolutivo, constituindo Salienta-se a necessidade de realizar
um desafio para qualquer abordagem mais estudos, eventualmente de inter-
terapêutica, que variadas vezes é con- venção, para determinar e esclarecer
siderada um fracasso).53 qual a relação entre a periodontite e a
Tal como na Artrite Reumatóide, na Artrite Reumatóide.
Periodontite podem ser detectados di-
ferentes padrões da doença.
Segundo Hirschfeld e col.,53 os pa-
PARTOS PREMATUROS
drões de progressão da periodontite po-
dem ser de três tipos distintos: perio- O conceito de Parto Pré-Termo tem so-
dontite «well mantained» (caracterizada frido bastantes alterações ao longo dos
pelo aparecimento de sinais clínicos da séculos. De momento, a definição, uni-
patologia; no entanto, perfeitamente versalmente aceite, do conceito de Par-
controlável por uma modalidade de tra- to Pré-Termo é a adoptada pela Fede-
tamento conservador), periodontite ração Internacional de Obstetrícia e Gi-
«downhill» (que se caracteriza pela exis- necologia (FIGO) e pela OMS em 1972,
tência de sinais e sintomas; contudo, definição essa que considera Parto Pré-
controlável pela combinação de trata- -Termo aquele que ocorre entre a 22a se-
mentos conservadores e mais invasi- mana completa (154 dias) e a 37a sema-
vos; em alguns casos pode ser detecta- na (258 dias) de gestação.54
da alguma evolução e progressão, no O Parto Pré-Termo constitui cerca de
entanto limitada) e periodontite «extre- 11% de todos os partos.2 A importância
me downhill» (apesar das terapêuticas clínica deste problema reside no facto
instituídas este padrão apresenta um de o Parto Pré-Termo (PPT) ser uma das
carácter altamente progressivo poden- causas mais importantes de morbimor-
do culminar com a perda dentária. Afec- talidade a nível mundial,55 condicionan-
ta aproximadamente 5 a 10 % dos doen- do mais de 60% da mortalidade neona-
tes). tal total,56 sendo que a maioria das mor-
Actualmente não existe um único tes ocorre em recém-nascidos cujo par-

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to foi anterior às 32 semanas de gesta- diadores inflamatórios como as PGE2 e


ção.57 Além disso, o recém-nascido pré- TNF-α podem ser produzidos localmen-
-termo tem uma probabilidade 180 ve- te nos tecidos periodontais inflamados
zes superior de morrer que o recém- e, devido à alta vascularização deste ór-
-nascido de termo. A morbimortalidade gão, entrar na circulação sanguínea em
é tanto maior quanto menor é a idade quantidades patogénicas, actuando
gestacional e quanto menor é o peso ao como uma fonte sistémica de citoquinas
nascer.56 fetotóxicas.61,62
A etiologia do Parto Pré-Termo e do Apesar do mecanismo exacto através
baixo peso ao nascer é complexa. Em- do qual a periodontite materna poderá
bora muitos Partos Pré-Termo estejam levar à ocorrência do Parto Pré-Termo
claramente associados a causas espe- não estar ainda esclarecido, vários estu-
cíficas ou a situações em que múltiplos dos têm encontrado uma associação
factores estão envolvidos, em muitos estatisticamente significativa entre
casos não é conhecido o agente cau- estas duas condições, sugerindo que,
sal.58 de facto, a periodontite pode ser um fac-
Entre os factores de risco associados tor de risco não identificado para o
à ocorrência de episódios indesejáveis PPT. 59,61,63-66 Segundo estes autores,
durante a gestação, múltiplos estudos mulheres com periodontite têm de
têm evidenciado a importância das in- 2,8359 a 7,961 vezes mais probabilidade
fecções maternas no Parto Pré-Termo e de ter Parto Pré-Termo que as mulhe-
no baixo peso.58 A Periodontite surge res sem periodontite.
neste contexto como uma infecção de No entanto, existem outros estu-
carácter crónico causada por bactérias dos que não confirmam esta associa-
predominantemente anaeróbias gram- ção.67-70
-negativas, como referido anteriormen- O motivo desta disparidade de resul-
te.54 tados pode estar relacionado, entre ou-
De acordo com a literatura consulta- tros factores, com a selecção e caracte-
da, são três os possíveis mecanismos rísticas da amostra, com os critérios de
subjacentes a essa associação: exclusão e inclusão utilizados, com a
1. Infecção à distância devido à definição dos grupos de casos e contro-
translocação hemática de microrganis- los ou mesmo com o método de avalia-
mos. Esta primeira hipótese defende ção da condição periodontal.
que o impacto negativo da Periodontite Não obstante, os escassos estudos
na saúde sistémica – podendo influen- de intervenção realizados até à data su-
ciar a ocorrência de PPT – é provenien- gerem que o tratamento da Periodonti-
te da disseminação de microrganismos te poderá reduzir a incidência de resul-
na corrente sanguínea,59 capazes de al- tados indesejáveis na gravidez.55,71,72
cançar a placenta.60 Numa perspectiva de cuidados de
2. Infecção à distância devido à cir- saúde, a periodontite pode ser, não só
culação de toxinas de microrganismos prevenida, como tratada.59 Desta for-
periodontopatogénicos. A origem da re- ma, se a periodontite for identificada
lação entre periodontite e PPT poderá como um novo factor de risco modificá-
advir da síntese de PGE2 e TNF-α pelas vel para o PPT, parece-nos legítimo des-
células corioamnióticas induzidas pelos tacar o enorme potencial de benefícios
lipopolissacarídeos (LPS) oriundos da que a intervenção periodontal poderá
infecção periodontal e disseminados representar na redução do risco do PPT.
pela corrente sanguínea.54 Na ausência de resultados de inter-
3. Agressão imunológica induzida venção definitivos, o melhor conselho a
por microrganismos periodontais. Me- dar à mulher que pense engravidar pas-

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