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IESC  A coprocultura pode ser limitada devido aos

germes pesquisados (variam de laboratórios) e


em muitos casos alguns não são nem
REFLEXÃO 1 – GASTROENTERITES AGUDAS E pesquisados a exemplo do Campylobacter
PARASITOSES INTESTINAIS jejuni e E. Coli O157H7;
 O Campylobacter apresenta frequência duas e
GASTROENTERITES AGUDAS sete vezes maior que a Salmonella sp. e a
Shigella sp. respectivamente – se apresenta
 A GEA resulta da infecção do trato gastrointestinal por clinicamente com diarreia sanguinolenta,
variados agentes patogénicos que alteram a função associada ou não a dores; geralmente o quadro
intestinal. é autolimitado (3 a 7 dias);
 Afetam uma grande parte da população e pela OMS o Diarreia dos viajantes: é o principal problema de
ocorrem cerca de 2 bilhões de casos a cada ano – principal saúde durante viagens e afeta de 10 a 50% dos
causa de mortalidade em crianças menores de 5 anos. viagentes.
 Pode ter origem parasitaria, bacteriana ou viral e se  Define um grupo de doenças resultantes da
classificam em três síndromes: inflamatória com ingestão de água e alimentos cotaminados por
presença de disenteria, não inflamatória e doença com agentes infecciosos e que tem a diarreia como
repercussão sistêmica, febre entérica – cada uma se a principal manifestação.
relaciona com a etiologia;  Pode se iniciar na primeira semana ou até
mesmo após o retorno;
 O maior risco esta relacionado ao destino –
América Latina, Africa, Oriente Médio e Ásia;
 As bacterias são responsáveis por pelo menos
80% dos casos, e a mais isolada é a E. Coli
enterotoxigênica (ETEC) – responsavel de 25 a
50% dos casos -, seguida de Shigella,
Salmonella e Campylobacter;
 Os parasitas são responsáveis pelas diarreias
mais longas, + de 14 dias.
o Diarreia aguda de etiologia parasitária: são grandes
 A diarreia aguda é a passagem de uma quantidade maior responsáveis e têm maior destaque em más
do que o normal de fezes amolecidas, além do condições higiênico-sanitárias;
aumento do número de evacuações, que durem menos  São diagnosticadas basicamente pelo EPF –
de 14 dias; principalmente o exame em 3 amostras
 O desequilíbrio entre reabsorção e secreção pela mucosa (aumenta a sensibilidade);
intestinal que leva a liquidificação das fezes – aumenta a  Além desses pode-se lançar mão de testes
quantidade de água e eletrólitos; imunológicos (depende menos do paciente);
 Nos quadros infecciosos, estão envolvidos  Diagnóstico: a base clínica – anamnese e exame físico
microrganismos não invasivos, que são especialmente – é fundamental, para suspeição e direcionamento do
ativos no intestino – diarreia aquosa; agente etiológico;
 Fatores de risco para diarreias: o Não é necessário a realização de exames
o Viagem recente (países em desenvolvimento e áreas laboratoriais para instituição terapêutica, mas
tropicais); esses são justificados pela presença de “sinais de
o Alimentos ou circunstancias alimentares incomuns alarme”:
(frutos do mar, crus, lanches...);  Desidratração grave e/ou repercussões
o Atividade sexuzal remunerada; sistêmicas (taquicardia, hipotensão, redução
o Uso de drogras intravenosas; de diurese, letargia);
o Uso recente de antibioticos;  Idade maior ou igual a 70 anos;
o Áreas de risco (sem saneamento básico);  Diarreia por mais de 3 ou 7 dias, apesar de
 Diarreias agudas infecciosas: tratada adequadamente
o Etiologia viral: muito frequente e de distribuição  Sangue/muco nas fezes
mundial. Estima-se que o rotavírus seja responsavel  Imunossupressão
pela morte de aproximadamente 500 mil  Temperatura axilar maior ou igual a 38,5ºC
individuos/ano;  Mais de seis a 10 evacuações/dia
o Etiologia bacteriana: apresenta prevalência de 2  Diarreia do viajante (se cursar com disenteria);
bilhões de casos/ano e sao a segunda causa de
 Diarreias nosocomiais e/ou instituicionais;
morte em menores de cinco anos. O diagnóstico é
feito atraves de coprocultura.
o Se solicitados, devem ser analisados assim que
possivel;
 Terapêutica:
o A principal medida é a reidratação – independente
de etiologia e apresentação clínica; e por via oral de
preferência;
o Não se deve prescrever antidiarreicos onde há
diarreia com sangue ou na suspeita de E. Coli, sob
risco de complicações (megacolon tóxico e
sindrome hemolítico-urêmica);
o Os probioticos tem uso controverso;
o Pode ser necessário ou não antibioticoterapia,
sendo que apenas 1 a 5% dos casos necessitarão;
sendo indicados para pacientes que: seis a 10
evacuações diárias, diarreia com sangue, muco ou
pus; pesquisa de polimorfonucleares positiva, dor
abdominal intensa, repercussões sistêmicas e/ou
instabilidade hemodinâmica; diarreia dos viajantes
moderadas ou graves. Para a maioria dos pacientes
com 18 anos ou mais esta indicado: ciprofloxacino
(500mg de 12 em 12h) por 3 a cinco dias;
o A maioria responde a reposição hidroeletrolítica
adequada em três a sete dias, com melhora nas
primeiras 48h;

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PARASITOSES INTESTINAIS o Giardíase: é uma parasitose cosmopolita, na maioria
dos estados do BR a prevalência supera os 20% entre
 As infecções parasitarias sao um problema de saúde pública pré-escolares e escolares.
mundial, de dificil solução, de alta prevalência no nosso país,  A transmissão é fecal-oral;
principalmente na população pobre;  O verme se localiza principalemente no
 Têm sintomatologia variada e nos quadros graves são mais intestino delgado (jejuno e duodeno);
comuns em pacientes desnutridos; imunodeprimidos; com  Se alterna sob duas formas: cistos e
neoplasia; portadores de doenças do colágeno; anemia trofozoítos, os primeiros são excretados nas
falciforme e outros; fezes e sobrevivem por várias semanas no
 Em quadros leves as manifestações são inespecificas, com: ambiente, podendo ser ingeridos pela água
anorexia, irritabilidade, disturbios do sono, vômitos ou alimentos contaminados. A segunda
ocasionais, nauseas, anemias e outros; forma está presente no duodeno onde se
 Elas ainda podem agravar quadros já presentes como o de fixam na mucosa e se multiplicam.
desnutrição, por mecanismos como: (1) lesão de mucosa  A patogenia depende do parasita e do
(giárdia, necator, estrongilóides, coccidios); (2) alteração do hospedeiro e depedem: estado imunologico
metabolismo dos sais biliares (giárdia); (3) competição e proteases que poderiam ativar a lectina do
alimentar (áscaris); (4) exsudação intestinal (giárdia, parasita;
estrongilóides, necator, tricocéfalos); (5) favorecimento de  Pode provocar: atrofia vilositária, infliltrado
proliferação bacteriana (ameba); (6) sangramento (necator, inflamatorio, lesão em estruturas do
tricocéfalos); enterócito, invasão de mucosa e outros;
 Diagnóstico: a maioria não apresenta quadro especifico,  Consequentemente provoca: má absorção
mas a história pode auxiliar o médico; de açúcares, gorduras, vitaminas, ácido fólico,
o A identificação do parasita em fezes, sangue, tecidos ferro e zinco.
e em outros líquidos do organismo determina o  A maioria é assintomático, e quando
agente etiológico, mas o exame complementar mais apresenta sintomas é diarreia e dor
utilizado é o EPF; abdominal (epigástrica ou periumbilical),
o Para o EPF é necessário orientar o paciente; associados ou não por anorexia, náuseas e
o O método a ser utilizado para a pesquisa em fezes vômitos;
deve ser escolhido conforme a suspeita diagnóstica;  O diagnóstico se confirma por cistos nas
 Agentes etiológicos: os principais são dos grupos dos fezes (método de Faust), ou trofozoítos,
helmintos e protozoários; quando fezes liquidas por Hoffmann;
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 Em quadros agudos os sintomas surgem antes o Ascarídiase: é um helminto de maior prevalência
da eliminação de cistos – justifica a no mundo e acomete pelo menos 30% da
recomendação em 3 amostras em dias população mundial;
alternados;  A fêmea mede de 35 a 40cm e o macho 15 a
 O tratamento medicamentoso só é feito em 3ocm de comprimento;
pacientes sintomáticos, as melhores opções são:  O verme adulto vive no lúmen do intestino
metronidazol, tinidazol, secnidazol. Devendo o delgado do homem, e um geo-parasita (fases
tratamento ser repetido de 15 a 21 dias; do desenvolvimento também ocorrem no
o Amebíase: causada pelo protozoário Entamoeba solo;
histolyrica, a transmissão é pela ingestão de água e  A fêmea elimina ovos fecundados com as
alimentos contaminados com cistos. fezes que, em condições favoráveis sofrem
 No intestino grosso os cistos se transformam em duas transformações larvárias em 20 dias e se
trofozoítos; torna infectante na segunda;
 As formas clínicas são: colite, ameboba e  A principal forma de infecção é a ingestão de
amebpiase extra-intestinal; ovos por água e alimentos contaminados, ou
 A forma assintomática de infecção é a mais a prática de geofagia;
comum;  A maioria é assintomatico, sendo que os
 Atualmente se divide em invasiva e não invasiva; sintomas se manifestam em infecções
 Na amebíse intestinal se tem a colite não massivas ou quando há migração da larva
desentérica, em que o paciente apresenta cólicas (passagem pelos pulmões – ciclo de Loeffler);
abdominais, períodos de diarreia intercalados  O verrme adulto provoca manifestações
com acalmia. O periodo de incubação de cerca clinicas inespecificas: desconforto abdominal,
de 1 mes o paciente apresenta febre, distenção naúseas, carências nutricionais e outros;
abdominal, flatulencia, dor abdominal,  A semi-obstrução intestinal é um quadro
disenteria e tenesmo; tem alta mortalidade e grave e necessita de intervenção imediata,
parece depender do estado imunológico do sendo comum o paciente eliminar os vermes
paciente para essa evolução. A colite ambebiana pela narinas, boca ou ânus; quando a
acomete principalmente o cólon direito. obstrução é completa pode ocorrer isqueimia,
 Os métodos laboratoriais são a procura do perfuração ou volvo;
parasito direto a fresco e o metodo de  O diagnóstico é pela visualização de vermes
concentração de Faust; eliminados e detecção de ovos no
 Tratamento com derivados nitroimidazólicos: parasitologico de fezes;
metronidazol o mais utilizado; em casos graves  O tratamento é obrigatório, pode ser feito
utiliza-se o medicamento via intravenosa. com levamizol ou mebendazol ou albendazol
o Criptosporidiose: é um protozoário, encontrado no ou pirantel;
intestino de diversos animais e só foi considerado um  A semi-ostrução e a obstrução completa
enteropatógeno para o homem nos anos 70; requerem um tramaento especifico, na
 A transmissão é através da ingestão de água e maioria das vezes cirurgico;
alimentos contaminados por oocistos;  O controle de cura é feito com repetição de
 Ficam localizados no intestino delgado, os exame parasitológico de fezes um mês após
parasitas invadem os enterócitos, onde se tratamento e esse deve ser repetido após 30
multiplicam e geram danos a morfologia e a 60 dias;
consequentemente um intenso infltrado o Ancilostomiase: parasitose causada pelo
inflamatório; Ancylostoma duodenale e Necator americanus,
 Na maioria dos imunocompetentes a infecção é geo-helmintos cujas fêmeas produzem de 10 a
assintomática, mas alguns podem ter diarreia 20 mil ovos/dia, que são eliminados pelas fezes;
autolimitada;  No solo a evolução das larvas ocorre em
 Em imunodeprimidos a diarreia é grave, estágios, até a filarióide – forma infectante,
prolongada e recidivante e que podem cursar que penetra na pele do hospedeito e por via
para a sindrome de má-absorção, perda de peso linfática ou pulmonar, de onde é deglutida e
e até óbito; no caminho para o intestino delgado se torna
 Diagnostico por pesquisa de oocistos nas fezes um verme adulto;
por coloração;  Os vermes adultos se fixam na mucosa do
 Tratamento em imunocompetentes é duodeno e jejuno e causa perda sanguinea
reidratação e medidas gerais, enquanto que os considerável podendo levar a caso de
imunodeficientes precisam melhorar suas anemias importantes e sangramento do TGI
condições e se usa azitromicina ou nitazoxanida; devido a superficie lesionada;

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 Entre a infecção e a eliminação de ovos  O método swab anal ou fita é o mais eficiente
transcorre de 30 a 60 dias; para o diagnostico;
 Na maioria das vezes o quadro é  O tratamento é feito com mebendazol ou
assintomático ou depende do numero de albendazol e deve ser repetido depois de 15
vermes; no parasitismo intestinal pode dias, além de tratar toda família e medidas
ocorrer epigastralgia, nauseas, vomitos, gerais;
bulimia, flatulência e diarréia (fase aguda); na
fase cronica: anemia ferropriva, anorexia,
fraqueza, cefaleia e outros;
 Diagnóstico pelo achado de ovos no EPF;
 Tratamento feito por mebendazol ou
pamoato de pirantel ou albendazol; sendo
esse repetido depois de 15 a 21 dias;
o Teníase: é causada pela Taenia solium ou Taenia
saginata, snedo a solium mais presente e adquirida
pelo consumo da carne de porco mal cozida,
contaminada pelo cisticerco;
 São achatadas dorsoventralmente e chegam
no comprimento de 3 a 10m, sendo a T.
Saginata mais longa; o corpo é formado por
aneis ou proglotes, sendo que os distais estão
maduros e repletos de ovos que sao
eliminados nas fezes;
 Os ovos contaminam os animais,
hospedeiros intermediários, e migram para o
tecido conjuntivo desses que forma o
cisticerco – consumido pelo homem.
 São necessários 3 meses para que tenha
início a liberação anal de proglotes;
 O homem pode se tornar hospedeiro
intermediário pela auto-infecção ou pela
ingestão de ovos – migração via circulatória
que leva a neurocisticercose;
 A teníase tende a ser assintomática, quando
tem sintomas são: fadiga, irritação, cefaleia,
tontura, bulimia, anorexia, náuseas, dor
abdominal, perda de peso e outros;
 O diagnóstico se faz pelo achado de
proglotes nas fezes, roupas intimas ou lençol;
 O tratamento é feito com: niclosamida, ou
praziquantel ou mebendazol ou albendazol;
o Enterobíase: causada pelo Enterobius vermiculares ou
Oxiurus vermiculares;
 São localizados principalmente no ceco e
reto;
 A femea fecundada migra para região anal
onde faz a postura e sua presença causa
intenso prurido;
 O homem é o únido hospedeiro e a
transmissão é interpessoal ou por fômites;
 O ciclo é de 30 a 50 dias para evolução da
forma adulta;
 O sintoma mais comum é o prurido anal
noturno;
 Em meninas o verme pode migrar e provocar
vulvovaginite;

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