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RESUMO – DIREITO AMBIETAL

Unidade I - Caro(a) aluno(a),

A questão ambiental é cada vez mais presente no dia a dia das pessoas, governos e empresas, no Brasil e no
mundo.Projetos como a Usina Hidroelétrica de Belo Monte, construída na bacia do rio Xingu, usina próxima ao
município de Altamira, no Norte do Pará, por exemplo, embora considerada extremamente necessária ao
abastecimento do sistema elétrico no Brasil, sofre críticas e ataques constantes em razão do seu impacto no meio
ambiente.

Explore:

Leia mais sobre Belo Monte na reportagem disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/sustentabilidade/belo-


monte-uma-usina-de-promessas-8007.html>.

Um dos principais itens de exportação do Brasil, a soja também foi alvo de atenção de grupos ambientalistas e de
consumidores, preocupados com o possível desmatamento da Amazônia para o seu cultivo, o que levou, em julho de
2006, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação Brasileira dos Exportadores
de Cereais (Anec)ao comprometimento de não comercializarem nem financiarem a soja produzida em áreas que
foram desmatadas no bioma Amazônia após esta data, compromisso que ficou conhecido como a “moratória da
soja”.

Explore:

Sobre a moratória da soja, confira sua conceituação em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Morat%C3%B3ria_da_Soja>.

No início de 2010,a Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço (Nasa) anunciou que a década anterior –
que terminou em 31de dezembro de 2009 – foi a mais quente já registrada desde 1880, ano em que foi iniciada a
moderna medição de temperaturas ao redor do Planeta. A mesma década também teve os dois anos de maior
intensidade de calor em mais de um século – 2005, o mais quente do período, e 2009, o segundo mais quente.

Já foi constatado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações
Unidas (ONU) que o aumento da temperatura do Planeta é consequência de ações humanas, especialmente
tomadas a partir da Revolução Industrial, no século XVIII. Processo histórico que promoveu um salto tecnológico e o
crescimento das civilizações como nunca vistos. Por outro lado, impulsionou também uma taxa inédita e perigosa de
poluição e degradação da natureza.

Explore:

Visite a página do Greenpeace disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/O-que-fazemos/Clima-e-


Energia/?gclid=COTm6aP4gMkCFQ8GkQod9UgEuA>para saber mais sobre o aquecimento global.

Figura 1 – A produção de CO2 é a principal causa do aquecimento global.

Fonte: <http://pt.freeimages.com/photo/pollution-1494841>.
Como o Direito se coloca em relação a este tema e, em especial, como o faz o Direito brasileiro?

Em 1972, em Estocolmo, a ONU realizou sua Conferência sobre o Meio Ambiente Humano, da qual resultou a
criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, bem como a aprovação da Declaração sobre o meio
ambiente humano. Nessa época, o Brasil vivia uma fase de grandes obras e industrialização, conhecida como o
“milagre econômico” e, por isso, teve uma posição tímida naquela conferência, o que lhe valeu fortes críticas
internacionais. Em resposta, o Brasil criou a Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), por meio do Decreto n.º
73.030, de 30 de outubro de 1973.

Na década de 1980, já no processo de redemocratização e com o crescimento mundial da preocupação com as


questões ambientais, o Brasil publicou a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (n.º 6.938/81),a qual trouxe como
principais inovações a adoção de um conceito amplo de meio ambiente, de poluição e de poluidor, além de criar o
sistema nacional de meio ambiente. Contudo, a grande consolidação do Direito Ambiental veio com a promulgação
da atual Constituição Federal, de 1988. Pela primeira vez na história brasileira, a Lei Maior passou a conter um
capítulo próprio dedicado ao meio ambiente (Capítulo VI – Do Meio Ambiente).

Dispõe a Constituição Federal, em seu Artigo 225:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Com a inclusão deste Capítulo na Constituição Federal de 1988, o Brasil honrou com o compromisso adotado com a
assinatura da Convenção de Estocolmo de 1972 e com o princípio nessa inscrito:

O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade, e ao desfrute de condições de vida adequadas em um meio cuja
qualidade lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar e tem a solene obrigação de proteger e melhorar esse meio
para as gerações presentes e futuras.

Princípio reafirmado na Declaração do Rio de Janeiro, de 1992, com a seguinte redação: “Os seres humanos
constituem o centro das preocupações relacionadas com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida
saudável e produtiva em harmonia com o meio ambiente”.

A partir da inclusão da proteção ao meio ambiente na Carta Maior, vários princípios dessa são extraídos para
aplicação nas legislações infraconstitucionais e orientação às decisões dos tribunais: princípio do direito ao meio
ambiente sadio e ecologicamente equilibrado como direito fundamental; princípio da função social da propriedade;
princípio da prevenção; princípio da precaução; princípio do poluidor-pagador; princípio do usuário-pagador; princípio
do direito ao desenvolvimento sustentável; princípio da cooperação internacional ou da cooperação entre os povos;
princípio da equidade ou da solidariedade intergeracional; princípio da informação; princípio da intervenção estatal
obrigatória na defesa do meio ambiente.

Assim, nesta Unidade você terá a oportunidade de refletir sobre cada um desses princípios e, entendendo-os, aplicá-
los nas unidades seguintes, quando veremos a aplicação do Direito Ambiental no dia a dia.

Bom estudo!

Unidade 3 - Caro(a) aluno(a),

Nesta Unidade estudamos os termos da política nacional do meio ambiente, criada pela Lei n.º 6.938, de 31 de
agosto de 1981. Vimos quais são os seus princípios e objetivos. Pudemos também ver que a mesma Lei da política
nacional do meio ambiente instituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), que surgiu com a finalidade de
estabelecer um conjunto articulado de órgãos, entidades, regras e práticas responsáveis pela proteção e melhoria da
qualidade ambiental. Entre tais órgãos, conhecemos o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)e entendemos como estão inseridos na
complexa rede de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Vimos também que a política nacional domeio ambiente dotou o Poder Público de certos instrumentos para que este
possa levar a cabo tal política, com destaque para os instrumentos do controle de qualidade e zoneamento
ambiental.

Os padrões de qualidade são as normas estabelecidas pela legislação ambiental e pelos órgãos administrativos de
meio ambiente que se referem aos níveis permitidos de poluição do ar, da água, do solo e dos ruídos, indicando os
valores máximos permitidos.
O zoneamento é uma delimitação de áreas em que um determinado espaço territorial é dividido em zonas de
características comuns e com base nessa divisão autorizam-se determinadas atividades e interditam-se outras, de
modo absoluto ou relativo, com vistas a garantir o desenvolvimento das cidades, a proteção da dignidade humana e a
qualidade de vida.

A avaliação de impacto ambiental constitui-se de um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos que visam
à realização da análise sistemática dos impactos ambientais da instalação ou operação de uma atividade e suas
diversas alternativas, com a finalidade de embasar as decisões quanto ao seu licenciamento. Dentro dos
procedimentos de avaliação do impacto ambiental destacamos o Estudo de Impacto Ambiental (EIA).

O EIA e seu respectivo Relatório (Rima) são profundos diagnósticos do empreendimento que está em vias de ser
licenciado pelo órgão ambiental, confrontando-o com as prováveis modificações das diversas características
socioeconômicas e biofísicas do meio ambiente. Visa a evitar que um projeto, justificável sob o prisma econômico, ou
em relação aos interesses imediatos de seu proponente, revele-se posteriormente nefasto para o meio ambiente. Sua
natureza é de pré-procedimento administrativo, vinculado ao licenciamento ambiental, de natureza constitucional,
destinado a avaliar impactos e definir medidas mitigadoras e/ou compensatórias pela introdução da atividade
potencialmente degradante.

Importante:

O empreendimento precisa de EIA sempre que causar significativo impacto ambiental. Esta é a dicção do Artigo 3º da
Resolução n.º 237/97 do Conama.

As Resoluções n.º 1/86 e 237/97 do Conama consideram impacto ambiental qualquer alteração das propriedades
físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

 A saúde, a segurança e o bem-estar da população;


 As atividades sociais e econômicas;
 A biota;
 As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
 A qualidade dos recursos ambientais.

Por sua vez, o Artigo 2° da Resolução n.º 1/86 do Conama relaciona exemplificativamente atividades sujeitas ao EIA
para o licenciamento ambiental. Entre as quais:

 Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;


 Ferrovias;
 Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos.

Encerrando a Unidade, estudamos o licenciamento ambiental, o qual consiste em um dos mais importantes
instrumentos da política nacional domeio ambiente, Lei n.º 6.938/81. O seu conceito jurídico pode ser encontrado no
Artigo 1º da Resolução n.º 237/97 do Conama,que o define como

[...] procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob
qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao
caso.

Lembre-se que o licenciamento, visto sob a égide do meio ambiente, caracteriza-se como procedimento
administrativo regrado pela discricionariedade e restrições. Compete à administração pública sopesar, segundo seus
critérios de conveniência e oportunidade, se será ou não concedida a licença, mostrando-se, assim, a concessão da
licença em matéria ambiental, uma discricionariedade sui generis, já que sua outorga depende da motivação
carreada pelo EIA/Rima. O controle sobre os limites da discricionariedade do ato administrativo se dá na esfera da
legalidade do ato praticado. Referido controle é possível desde que respeite a discricionariedade administrativa nos
limites em que esta é assegurada.

Importante:

A primeira licença – Licença Prévia (LP) – deverá ser concedida ainda na fase preliminar, com os objetivos de
aprovar da sua localização e concepção e suprir o requerente com parâmetros para lançamento de resíduos líquidos,
sólidos, gasosos e para emissões sonoras no meio ambiente, os quais adequados aos níveis de tolerância
estabelecidos para a área requerida e para a tipologia do empreendimento. A Licença de Instalação (LI)é aquela que
autoriza a instalação de acordo com as especificações constantes nos planos, programas e projetos aprovados,
incluindo as medidas de controle ambiental e condicionada à apresentação do projeto detalhado do empreendimento,
bem como a comprovação de que todas as exigências constantes da LP sejam atendidas.

Finalmente, a Licença de Operação (LO), igualmente denominada licença de funcionamento, é a que autoriza a
operação após a verificação do efetivo cumprimento das medidas de controle ambiental e condicionantes
determinadas para a operação.

Nenhum direito pode subsistir se não for munido de meios, de recursos para que possa ser exigido, implementado,
garantido.

O mesmo acontece com o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado e sadio, previsto na Constituição
Federal.

É preciso dotar-se este direito de uma rede de proteção jurídica a qual permita que, em caso de sua ofensa ou
desrespeito, tal direito possa ser judicialmente exigido.

É esta rede de proteção jurídica que abordaremos nesta Unidade.

Para a efetividade ao direito de todos a um meio ambiente ecologicamente equilibrado e sadio, a Constituição
Federal estabelece uma série de ônus e deveres ao Poder Público, a saber:

I Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas;

II Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à


pesquisa e manipulação de material genético;

III Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de Lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

IV Exigir, na forma da Lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação
do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

V Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco à
vida, à qualidade de vida e ao meio ambiente;

VI Promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do
meio ambiente;

VII Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da Lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica,
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade.

Para atender a este comando, o Estado brasileiro promulgou vários regulamentos específicos, políticas definidas de
proteção do patrimônio ambiental, seja o solo, o ar, os recursos hídricos e os recursos marinhos,os quais merecerão
um olhar mais detalhado nesta Unidade.

Você sabia?

Que a política nacional dos recursos hídricos e o sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos se dão por
meio da Lei n.º 9.433/97?

Antes do referido Diploma, houve o Código de Águas (Decreto n.º 24.643/34), o qual possui alguns dispositivos ainda
em vigor. Mais recentemente, mediante a Lei n.º 9.984/2000, foi criada a Agência Nacional de Águas, cujas
atribuições incluem a supervisão, o controle e a avaliação das atividades direta e indiretamente relacionadas aos
recursos hídricos, em especial no concernente ao cumprimento da legislação existente. Não apenas a água em si é
protegida pela legislação pátria, mas também o ecossistema marinho, compreendendo os seres vivos e todos
elementos constitutivos dos quais.

Em especial merece destaque o novo Código Florestal brasileiro, Lei n.º 12.651, aprovada em outubro de 2012.
Este Código Florestal institui as regras gerais sobre onde e de que forma o território brasileiro pode ser explorado ao
determinar as áreas de vegetação nativa que devem ser preservadas e quais regiões são legalmente autorizadas a
receber os diferentes tipos de produção rural.

Para as áreas de preservação o Código utiliza duas classificações: a reserva legal e a área de preservação
permanente.

Reserva legal é a porcentagem de cada propriedade ou posse rural que deve ser preservada, variando de acordo
com a região e o bioma. O Código determina a ampliação dos tamanhos das reservas: são de 80% em áreas de
florestas da Amazônia Legal, 35% no cerrado, 20% em campos gerais e 20% em todos os biomas das demais
regiões do País.

As áreas de preservação permanente têm a função de preservar locais frágeis, tais como beiras de rios, topos de
morros e encostas, que não podem ser desmatados para não causar erosões e deslizamentos, além de proteger
nascentes, fauna, flora e biodiversidade, entre outros aspectos.

A Constituição Federal, a legislação infraconstitucional, a coletividade e o Poder Público têm o dever de preservar e
proteger o bem ambiental que, por ser bem de uso comum do povo, tem natureza difusa, dada a sua indivisibilidade,
uma vez que seus titulares estão interligados por razões eminentemente de fato. Ocorre que a sistemática
individualista contida no Código de Processo Civil brasileiro não é própria para dirimir esses conflitos transindividuais
difusos.

A tutela coletiva se utiliza das regras de Direito Processual, estabelecida pela Lei n.º 7.347/85, Lei da Ação Civil
Pública e Código de Defesa do Consumidor.

Saiba mais:

Antes da publicação da Lei da Ação Civil Pública, a defesa do meio ambiente estava restrita às ações individuais –
normalmente embasadas no direito de vizinhança – e à atividade administrativa do Poder Público no exercício do
poder de polícia administrativa. O trato dos interesses difusos era circunscrito aos limites estabelecidos pela Lei da
Ação Popular,a qual visa exclusivamente a anular o ato lesivo do Poder Público, entre outros, ao meio ambiente. A
Lei da Ação Popular, diante da limitação de seu objeto, é pouco utilizada para proteger o meio ambiente e, quanto à
responsabilização do administrador público que deu causa ao dano ambiental, a Lei de Improbidade Administrativa é
mais eficiente.

A ação civil pública tem natureza condenatória, na medida em que a providência judicial por essa buscada diz
respeito ao cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer. Essa é a regra geral, porém e eventualmente, pode
implicar na condenação ao pagamento de multa, mas apenas quando a obrigação a ser cumprida tenha como
sanção seu descumprimento à imposição da multa.O Ministério Público tem à sua disposição, ainda, o inquérito
civil,o qual pode ser definido como um procedimento administrativo, de caráter pré-processual e inquisitorial, de
âmbito interno do Ministério Público que, presidido diretamente pelo promotor de Justiça, permite a coleta de provas
para embasar o ajuizamento das ações cabíveis à tutela dos bens para os quais a legislação o legitime,
especialmente para a ação civil pública, ou para fundamentar um termo de ajustamento de conduta.

Estes são os temas sobre os quais nos debruçaremos nesta Unidade.

Bom estudo!

Caro(a) aluno(a),

Vimos o conceito de dano ambiental, como degradação do meio ambienteem razão da lesão aos recursos naturais e
analisamos suas características, como o fato de que atinge, necessariamente, uma coletividade difusa de vítimas,
mesmo quando alguns aspectos particulares da sua danosidade atingem individualmente certos sujeitos; na grande
maioria sua reparação ao statu quo ante é quase impossível e a mera reparação pecuniária é sempre insuficiente e
incapaz de recompor o dano e, finalmente, nem sempre é possível calcular o dano ambiental, justamente em virtude
de sua irreparabilidade.

Por conta daquelas características do dano ambiental, o legislador brasileiro adotou, para fins de responsabilidade
civil, a teoria do risco integral, fundada nos princípios da prevenção e da precaução, do poluidor pagador e da
reparação integral, prescindindo do elemento culpa para obrigar ao poluidor a reparação dos danos causados por sua
atividade. Adotou, assim, o que chamamos de responsabilidade civil objetiva.
Vimos, também, quem responde pelos danos ambientais, quem é o responsável, direto ou indireto, por esses danos
e quem tem o dever de repará-los. Verificamos que a Lei não faz distinção entre as pessoas públicas e privadas,
físicas ou jurídicas, uma vez que o dano ambiental pode decorrer tanto da atividade isolada de um poluidor, quanto
da soma de atividades de vários poluidores, como ocorre no caso de um parque industrial, onde a soma das
atividades de diversos agentes pode culminar na ocorrência de danos ecológicos. Sempre que o dano ambiental tiver
mais de uma causa e não se puder determinar, especificadamente, a participação de cada um dos agentes pelo fato,
esses responderão solidariamente pelo ocorrido.

Importante:

No que diz respeito à obrigação de recuperar passivos ambientais, associados à falta de áreas de preservação
permanente e reservas legais, ou à contaminação de solo por poluentes, a imputação de responsabilidade ao
proprietário da área degradada independe desse ter causado o dano ambiental. O fundamento é a visualização da
obrigação de conservar a qualidade ambiental como uma condição propter rem, inerente à função social da
propriedade, de modo que a obrigação de reparar o passivo acompanha o imóvel, transferindo-se ao seu adquirente.

Quanto à responsabilização civil do Estado em matéria ambiental, vimos que essa pode se dar em dois momentos
distintos: quando o Estado atua de forma direta como agente causador do dano, ou quando o Estado se omite do seu
dever legal de prover a defesa do meio ambiente. No primeiro cenário, o Estado é o agente que provê as alterações
no meio ambiente. Como já é de notório conhecimento público, todas as ações estatais são planejadas e executadas
tendo em vista as exigências do interesse comum e do bem-estar geral do povo. Porém, a própria atuação estatal
está sujeita a regulamentos, assim como o imposto à atuação privada. Busca-se, desta forma, preservar o próprio
meio ambiente, que também é bem de interesse comum de todos, para que esteja apto a fornecer à coletividade uma
melhor qualidade de vida.

Contrário ao que ocorria no passado, a Lei define a responsabilidade das pessoas jurídicas, permitindo que grandes
empresas sejam responsabilizadas criminalmente pelos danos que seus empreendimentos possam causar à
natureza.

Embora ainda exista discussão na doutrina sobre a constitucionalidade da responsabilidade penal das pessoas
jurídicas, o fato é que esta disposição da Lei diz respeito à máxima efetividade das normas ambientais aliada ao
princípio da prevenção.

A pessoa jurídica infratora, uma empresa que viola um direito ambiental, não pode ter sua liberdade restringida da
mesma forma que uma pessoa comum, mas é sujeita a penalizações. Neste caso, aplicam-se as penas de multa
e/ou restritivas de direitos, que são: suspensão parcial ou total das atividades; interdição temporária de
estabelecimento, obra ou atividade; proibição de contratar com o Poder Público, bem como de obter subsídios,
subvenções ou doações desse. É igualmente possível a prestação de serviços à comunidade por meio de custeio de
programas e projetos ambientais; execução de obras de recuperação de áreas degradadas; contribuições a
entidades ambientais ou culturais públicas.

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