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UFRJ

ILUMINAÇÃO CÊNICA COMO ELEMENTO MODIFICADOR


DOS ESPETÁCULOS:
SEUS EFEITOS SOBRE OS OBJETOS DE CENA

Bárbara Suassuna Bent Valeixo Mont Serrat

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Programa de Pós-graduação em Arquitetura,
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Mestre em Ciências em Arquitetura, área
de concentração em Conforto Ambiental e
Eficiência Energética.

Orientador:
Prof .Dr Aldo Carlos de Moura Gonçalves

Co-Orientador:
Prof. Dr José da Silva Dias

Rio de Janeiro
2006
Livros Grátis
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Milhares de livros grátis para download.
ILUMINAÇÃO CÊNICA COMO ELEMENTO MODIFICADOR
DOS ESPETÁCULOS:
SEUS EFEITOS SOBRE OS OBJETOS DE CENA

Bárbara Suassuna Bent Valeixo Mont Serrat

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em


Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em
Ciências em Arquitetura, área de concentração em Conforto Ambiental e Eficiência
Energética.

Aprovada por:

_______________________________
Orientador, Prof. Aldo C. M. Gonçalves. (D.Sc.)
Prof. Adjunto – FAU-UFRJ

_______________________________
Co-orientador, Prof. Jose da Silva Dias (D.Sc.)
Prof. Adjunto – UNIRIO

_______________________________
Prof. Eunice Bomfim Rocha (D.Sc.)
Prof. Adjunto – FAU-UFRJ

_______________________________
Prof. Maria Maia Porto (D.Sc.)
Prof. Adjunto – FAU-UFRJ
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1

CAPÍTULO 1 – A ILUMINAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM OS ESPAÇOS…….4

1.1. A ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL E SUA EVOLUÇÃO ...................................... 5

1.1.1. A primeira chama ............................................................................ 5

1.1.1.1. Acender e transportar o fogo ................................................ 7

1.1.1.2. O fogo e a civilização ........................................................... 8

1.1.2. Da vela a lâmpada incandescente.................................................... 9

1.2. A ILUMINAÇÃO NATURAL E SUA RELAÇÃO COM OS ESPAÇOS

CÊNICOS ......................................................................................................... 12

1.2.1. O teatro grego e o romano; a relação entre os espaços

de apresentação e a luz .................................................................................. 14

1.2.2. O Teatro Elisabetano...................................................................... 17

1.2.3. Sua utilização nos dias de hoje ...................................................... 21

1.3. REVISÃO HISTÓRICA DA ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL NOS ESPAÇOS


CÊNICOS ......................................................................................................... 25

CAPÍTULO 2 – A ILUMINAÇÃO CÊNICA ARTIFICIAL…………………………33

2.1. A INCLUSÃO DA ILUMINAÇÃO CÊNICA ARTIFICIAL NOS PRIMEIROS


ESPETÁCULOS............................................................................................... 36

2.1.1. A importância da iluminação artificial no teatro .............................. 40

2.2. A iluminação cênica artificial nos dias de hoje ......................................... 41

2.2.1. Seus elementos.............................................................................. 41


CAPÍTULO 3 - A ILUMINAÇÃO CÊNICA COMO ELEMENTO MODIFICADOR..44
3.1. OBJETOS DE CENA E SUAS CARACTERÌSTICAS………………………..…48
3.2. APLICAÇÃO DE CORES………………………………………………………….49
3.2.1. Criação de atmosferas…………………………………………………...51
3.3. A IMPORTÂNCIA DA SOMBRA NA ILUMINAÇÃO ……………………….…...53
3.3.1. O teatro de sombras……………………………………………………...55

CAPÍTULO 4 - ANÁLISES E OBSERVAÇÕES.....................................................59


4.1 ENTREVISTAS…………………………………………………………………..59
4.1.1. Entrevista com Jorginho de Carvalho…………………………………..59
4.1.2. Entrevista com Aurélio di Simoni………………………………………..61
4.2 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS………………………………………………...64

CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………….……………………65

ANEXO 1 - LÂMPADAS E EQUIPAMENTOS.......................................................67


ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO………………………………………………………….80

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………….….82
RESUMO

A ILUMINAÇÃO CÊNICA COMO ELEMENTO MODIFICADOR DOS ESPETÁCULOS:


SEUS EFEITOS SOBRE OS OBJETOS DE CENA

BÁRBARA SUASSUNA BENT VALEIXO MONT SERRAT

Orientador: Aldo C. M. Gonçalves

Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em


Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em
Ciências em Arquitetura.

A iluminação é um poderoso recurso do espetáculo, ela possibilita recortar objetos no


espaço, isolar atores, diminuir e aumentar áreas no palco, revelar altura, o perfil, os
contornos e a profundidade. Ë um recurso que permite ressaltar os elementos essências em
cena e eliminar os demais.

Este trabalho tem como objetivo analisar como a iluminação cênica é capaz de
modificar e valorizar os espetáculos, além de observar os efeitos da luz sobre os objetos de
cena, buscando a otimização da criação de luz, dos elementos e equipamentos utilizados.
ABSTRACT

A ILUMINAÇÃO CÊNICA COMO ELEMENTO MODIFICADOR DOS ESPETÁCULOS:


SEUS EFEITOS SOBRE OS OBJETOS DE CENA

BÁRBARA SUASSUNA BENT VALEIXO MONT SERRAT

Counselor: Aldo C. M. Gonçalves

Summary of essay submitted to FAU/UFRJ as part of the requisites necessary to get a


Master degree in Architecture(M.Sc.)

The lighting is a powerfull resource of the spectacle, it makes possible cutting objects
in the space, isolate actors, decrease and increase areas in the stage, reveal hight, the
outline, the countour and the deepness. Is a resource that allows emphasize the essence
elements in scene and eliminate the further.

This work has as objective analyze how scenic illumination is capable of changing and
valorize the spectacles, besides observate the light effects above the objects of scene,
looking for the optimize of the creation of light, of the elements and used equipments.
INTRODUÇÃO

A luz é um elemento capaz de realçar as formas arquitetônicas, valorizando obras


e otimizando as funções. No espaço cênico, é capaz de modificar um objeto
estático e nele criar infinitos efeitos e diferentes atmosferas e, de gerar emoções
nos espectadores. O objeto de estudo e pesquisa é a luz cênica como elemento
modificador dos espetáculos, seus efeitos sobre os objetos de cena e sua
utilização nos teatros.

Este trabalho tem como objetivo principal analisar como a iluminação cênica é
capaz de modificar e valorizar os espetáculos, buscando a otimização da criação
de luz, dos elementos e equipamentos utilizados.

O interesse em desenvolver este trabalho surgiu a partir da necessidade de


aprimorar os conhecimentos na área em que a autora vem trabalhando, além de
contribuir para enriquecer a escassa bibliografia sobre o assunto.

Através deste estudo é possível trazer recomendações a profissionais da área


como: projetistas, diretores teatrais, cenógrafos, iluminadores, artistas, entre
outros interessados e o público em geral.

Utilizando entrevistas feitas com lighting designers conceituados, com o objetivo


de esclarecer; dúvidas e questões através de opiniões próprias e experiência de
décadas de trabalho, além de exemplos de iluminações cênicas criadas e
executadas em diversos espetáculos por especialistas da área.

Este trabalho apresenta em seu primeiro capítulo a iluminação e sua relação com
os espaços. No primeiro item; a iluminação artificial e sua evolução, iniciando na
primeira chama desde a descoberta do fogo há milhares de anos atrás, até a
criação da lâmpada incandescente. É descrita também a iluminação natural e, sua
relação com os espaços cênicos, apresentando o Teatro Grego, Romano, Italiano

1
até o Teatro Elisabetano e a utilização da iluminação cênica natural nos dias de
hoje.

A seguir no segundo capítulo, a inclusão da iluminação cênica artificial nos


primeiros espetáculos, iniciando pela a utilização das tochas e velas,
acompanhando a evolução do espaço cênico. Ainda nesse capítulo são explicados
os conceitos da iluminação cênica e, a utilização desta nos dias de hoje, nas mais
modernas casas de espetáculo.

O tema desta dissertação, a iluminação cênica como elemento modificador, é


apresentado no terceiro capítulo. Os objetos de cena e suas características sob a
aplicação da luz, a aplicação de cores gerando a criação de atmosferas e, a
importância das sombras no teatro, que são apresentados a partir de imagens e
de registros fotográficos de espetáculos já montados.

No quarto capítulo entrevistas realizadas com lighting designers conceituados da


área da iluminação cênica são apresentadas e, são geradas análises a partir
destas. As considerações finais encerram a pesquisa concluindo esta dissertação.

Lâmpadas, refletores e equipamentos auxiliares utilizados para a criação e


execução da iluminação cênica estão apresentados e especificados no Anexo 1 e,
no Anexo 2 as questões feitas nas entrevistas.

2
CAPÍTULO 1

A ILUMINAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM OS ESPAÇOS

3
1. A ILUMINAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM OS ESPAÇOS

“O homem como um ser predominantemente visual é mais fortemente afetado


pela luz do que por qualquer outra sensação (...) Forma e cor determinam a
percepção do entorno físico através dos olhos, e nos dão uma clara e vívida
impressão do espaço do que os sensos táctil, auditivo e olfativo.” Walter Kholer 1
F F

De acordo com Nelson Solano Vianna 2 , cerca de 70 % da percepção humana é


F F

visual. Ela faz parte de sua vida e de seu dia-a-dia, do seu modo de habitar.
Desde que nasce, o homem está sendo submetido ao ritmo da natureza, da
existência da noite e do dia, elementos que são condições necessárias para que
ele se sinta pertencente ao próprio tempo.

A iluminação sempre esteve presente em todos os momentos da história da


arquitetura, embora muitas vezes desapercebida por ser considerada algo natural,
parte da natureza em que vivemos. A luz está presente em qualquer obra da
arquitetura, em algumas menos e em outras mais, mesmo que não nos
preocupemos com ela. Desempenha um papel muito importante nos dias de hoje,
embora nem sempre compreenda-se o seu significado.

A presença da luz diferenciada nos espaços, através de sua distribuição,


quantidade e intensidade, discretamente sugere as funções dos ambientes
distintamente iluminados e, ajuda a definir a utilização destes espaços; de
descanso, trabalho, diversão e atividades específicas.

1
Walter Kholer, Lighting in Arquitecture
2
Nelson Solano Vianna, Iluminação e Arquitetura

4
1.1. A iluminação artificial e sua evolução

Com a necessidade de iluminar o que não podia ser visto desde o momento em
que o Sol se punha até o momento em que ele nascesse, percebeu-se que era
preciso criar soluções para que o homem pudesse exercer tarefas das mais
simples às mais específicas, sem depender da chegada do Sol, já que a luz
natural não tinha acesso a todos os ambientes. Com a invenção e a evolução das
fontes de luz artificiais, possibilitou-se a execução de atividades durante as vinte e
quatro horas do dia.

1.1.1 A primeira chama

Fazer fogo e utilizá-lo de maneira produtiva foi fundamental para o homem iniciar
seu caminho rumo à civilização. Há evidências de que o fogo já era utilizado pelo
homem na Europa e na Ásia, no período paleolítico posterior.

Os primeiros encontros do homem primitivo com o fogo devem ter ocorrido


naturalmente ao serem observadas as árvores atingidas por raios e assistindo o
fogo surgir na superfície de jazidas de petróleo, ou proveniente das atividades
vulcânicas. Destes encontros casuais o homem aprendeu quais são as
propriedades inerentes ao fogo: calor e luz, e a capacidade de alguns materiais
secos pegarem fogo, como a madeira, por exemplo.

Figura 1.1 - Chama incandescente


Fonte: www.4to40.com/images/earth/science/fire/discovery_of_fire.jpg
H

5
A partir deste momento, o primeiro passo foi dado para que o homem levasse o
fogo até sua habitação. Por meio de uma tocha com uma haste de madeira e
alguns gravetos a chama incandescente era levada de seu lugar natural até a
caverna ou acampamento, onde o fogo poderia ser mantido indefinidamente,
como uma fonte constante de calor, luz e proteção (fig.1.2).

Figura 1.2- Homem primitivo utilizando o fogo


Fonte: www.4to40.com/images/earth/science/fire/discovery_of_fire.jpg
H

Nestes primórdios da história, à medida que os homens se espalhavam pelo


mundo, mudando-se para áreas de clima frio, o fogo tornou-se vital para o
aquecimento e como fonte de luz. Foi igualmente útil para cozinhar. Nos primeiros
lugares onde o homem se estabeleceu, a falta de provas da existência de fogo
sugere que estes povos se alimentavam de carne crua. Foi a partir do uso do fogo
para cozinhar que aumentou o número e a variedade de alimentos disponíveis
para os homens primitivos.

6
O fogo teve ainda uma outra utilidade, menos óbvia hoje em dia, mas talvez a
mais importante de todas, quando foi descoberto pela primeira vez. O fogo
oferecia proteção contra os animais selvagens que atacavam os homens
primitivos. Uma fogueira ardendo constantemente em um acampamento mantinha
os predadores afastados. Por isso que a descoberta do fogo permitiu uma maior
mobilidade. Contando com o fogo como meio de proteção, pequenos grupos de
homens que anteriormente tinham que viajar em grandes bandos para se
defenderem podiam se aventurar para lugares mais distantes em busca de
alimentos ou de moradia.

1.1.1.1 Acender e transportar o fogo

Somente muito tempo depois que o homem verificou as faíscas saindo de “dois
galhos que eram esfregados pela ação do vento” é que surgiu a idéia de tentar se
obter fogo através do atrito de dois pedaços de pau. Provavelmente a produção
do fogo pelo Homo erectus, o ancestral imediato do homem moderno, só
aconteceu no período neolítico, cerca de 7 mil anos AC. O Homo erectus
descobriu uma forma de produzir as primeiras faíscas, através do atrito de pedras
ou pedaços de madeira. Para reproduzir o fenômeno, tentou diferentes tipos de
pedras, até se decidir pelas melhores, como o sílex 3 e as piritas 4 .
F F F F

Utensílios foram criados, sendo que, um dos primeiros, foi uma pequena vareta de
madeira, que era girado rapidamente entre a palma das mãos, enquanto era
pressionado em uma lasca plana de madeira. Mais tarde, as puas de arco e corda
foram usadas para fazer girar mais rapidamente a vareta, fazendo com que o fogo
pegasse mais depressa. Somente tempos depois se descobriu que uma faísca
poderia ser criada esfregando-se piritas de ferro com uma pedra.

3
Sílex é uma rocha biogênica do grupo dos acaustobiólitos (rochas de origem biológica não combustíveis),
H H H H

formada de carapaças silicosas de organismos marinhos


H H

4
O mineral pirita, ou pirita de ferro, é o nome comum do disulfeto de ferro
H H H H H

7
Nas cavernas, após a descoberta do fogo, tochas passaram a iluminar os homens
primitivos. Neste tempo pré-histórico, ao descobrir que também podia fazer fogo, o
homem logo compreendeu as vantagens de utilizar a luz, passando a valer-se de
fachos e archotes. Com o passar do tempo, uma mecha de fibras retorcidas no
interior de um bambu, e gordura animal em fusão, deu origem à primeira vela, que
haveria de guiar e iluminar o caminho do homem por milhares de anos.

1.1.1.2 Fogo e a civilização

Assim como o controle inicial do fogo foi essencial para o desenvolvimento de


seres humanos na Idade da Pedra, para os primeiros agricultores do período
Neolítico foi um fator preponderante para o desenvolvimento de toda civilização
humana até nossos dias. No decorrer da história, o homem encontrou formas
diferentes de utilizar o fogo: luz e calor resultantes da rápida combinação de
oxigênio, ou em alguns casos de cloro gasoso, com outros materiais. Também foi
utilizado para cozinhar, para clarear a terra onde o homem ia plantar, para
aplicação em recipientes de barro a fim de se fazer cerâmica e também a
aplicação em pedaços de minério para se obter cobre e estanho, combinando-os
em seguida para fazer o bronze (c. 3000 AC), e mais tarde obter o ferro (c. 1000
AC).

Nos dias de hoje pode-se dizer, que a evolução da tecnologia moderna pode ser
caracterizada por um aumento e um controle cada vez maior sobre a energia. O
fogo foi a primeira fonte de energia descoberta e conscientemente controlada e
utilizada pelo homem.

8
1.1.2. Da vela à lâmpada incandescente

Na Idade da Pedra, a necessidade de produzir uma chama constante que pudesse


ser mantida acesa por longos períodos fez com que se criassem cuias providas de
pavio que queimavam com óleos vegetais ou animais. A geração subseqüente de
luz artificial, viria com as velas, invenção dos fenícios.

A mais antiga do que as velas, as tochas eram usadas desde a época pré-
histórica. Quanto à utilização das tochas, havia um domínio sobre o tempo de
durabilidade da chama e luminosidade das mesmas. Conheciam-se os tipos de
madeira que tinham grande quantidade de resina combustível, que não se
consumiam com rapidez. A luminosidade era muito pequena se comparada com
as lâmpadas a óleo que sucederam as tochas.

A iluminação a óleo utilizava lâmpadas de barro, bronze, chumbo e até de ouro,


cujas chamas tremeluzentes permitiam uma luminosidade tênue nas casas e
palácios. Todas as lâmpadas eram muito parecidas no seu formato, tinham a
forma de bacia com bordas onduladas e ressaltos formando os bicos onde ficavam
as mechas combustíveis. Orifícios feitos na "bacia" permitiam a passagem do ar
para manter a pressão e, correntes reunidas num anel serviam para sustentar a
lâmpada no teto ou parede. Usavam-se também lâmpadas em forma de ânfora,
enfeitadas na parte larga onde saíam as mechas. Na Roma Antiga os cristãos
ornamentavam as peças com figuras de peixe ou pombos.

Na Idade Média, o povo utilizava lâmpadas a óleo e para clarear as moradias e os


ambientes públicos, que vieram se juntar às velas de ceras, sebo ou estearina 5 F F

(fig. 1.3). Estes tipos de iluminação duraram até o século XVIII. As luminárias a
querosene, gás e eletricidade, são conquistas dos séculos XIX e XX, na busca da
luz para a vida do homem.

5
Estearina - Vela de gordura, retirando-se a glicerina dela diminui o odor e a fumaça.

9
Figura 1.3- Lâmpada à óleo para uso doméstico e público
Fonte: www.stage-lighting-museum.com
H

A iluminação artificial também vinha sendo utilizada nos espetáculos teatrais e,


estes evoluíram desde a utilização das velas e candelabros, passando pelas
luminárias a óleo (fig.1.4), mas, com a invenção das luminárias a gás, a
iluminação artificial mostrou-se mais eficiente.

Figura 1.4 - Lâmpada à óleo para uso doméstico e público


Fonte: www.stage-lighting-museum.com
H

10
Somente há cerca de dois séculos, no final do século XVIII, o físico Amié Argand 6 F F

conseguiu aumentar o potencial de luz da chama e, em 1784 introduz sua


lâmpada utilizando o gás (fig. 1.5)

Figura 1.5 - Luminária a gás criada por Argand


Fonte: www.stage-lighting-museum.com
H

No final do século XVIII a introdução da lâmpada de Argand trouxe melhorias a


iluminação artificial e, passa a ser um grande diferencial.

Nas ruas de Londres o gás começa a ser utilizado a partir de 1807 e, Paris em
1819. Na iluminação doméstica, o gás passa a ser utilizado em 1840.

Há pouco mais de um século, a idéia de chama como fonte de luz foi trocada pelo
conceito de um corpo incandescente sólido. As duas maiores invenções do
período foram à lâmpada a gás e a lâmpada elétrica incandescente em 1879.

6
Amie Argand, inventor suíço, empregou seus conhecimentos científicos e criou a luminária a gás.

11
Na segunda década do século XX, passou a ser possível produzir luz sem
desperdício de energia com seu subproduto final, o calor. Nessa época foram
criadas as lâmpadas de descarga elétrica em várias formas e em escala
comercial. Elas vêm sendo aperfeiçoadas até os dias de hoje.

1.2. A Iluminação natural e sua relação com os espaços cênicos

A iluminação cênica natural, inicia-se na luz solar usada desde os gregos até os
elisabetanos, chegando às diferentes fontes de luz empregadas a partir de
meados do séc. XVI, quando o teatro recolheu-se pela primeira vez em salas
fechadas.

O teatro originou-se nas primeiras sociedades primitivas, em que se acreditava no


uso de danças imitativas como propiciadores de poderes sobrenaturais, que
controlavam todos os fatos necessários à sobrevivência (fertilidade da terra, casa,
sucesso nas batalhas etc), ainda possuindo também caráter de exorcização dos
maus espíritos. Portanto, o teatro em suas origens possuía um caráter ritualístico.

Com o desenvolvimento, conhecimento do homem e, conseqüente domínio em


relação aos fenômenos naturais, o teatro vai deixando suas características
ritualistas, dando lugar às características mais educacionais. Em um estágio mais
desenvolvido, o teatro passou a ser o lugar de representação de lendas
relacionadas aos deuses e heróis.

Na Grécia antiga, os festivais anuais em honra ao deus Dionísio (Baco, para os


latinos) compreendiam, entre seus eventos, a representação de tragédias e
comédias. As primeiras formas dramáticas na Grécia surgiram neste contexto,

12
inicialmente com as canções dionisíacas (ditirambos 7 ). A tragédia, em seu estágio
F F

seguinte, se realizou com a representação da primeira tragédia, com Téspis 8 . F F

Todos os papéis eram representados por homens, pois não era permitida a
participação de mulheres. Os escritores participavam, muitas vezes, tanto das
atuações como dos ensaios e da idealização das coreografias. O espaço utilizado
para as encenações, em Atenas, era apenas um grande círculo. Com o passar do
tempo, grandes inovações foram sendo adicionadas ao teatro grego, como a
profissionalização, a estrutura dos espaços cênicos (surgimento do palco elevado)
etc. Os escritores dos textos dramáticos cuidavam de praticamente todos os
estágios das produções.

Nesse mesmo período, os romanos já possuíam seu teatro, grandemente


influenciado pelo teatro grego, do qual tirou todos os modelos. Nomes importantes
do teatro romano foram Plauto 9 e Terêncio 10 . Roma não possuiu um teatro
F F F F

permanente até o ano de 55 a.C., mas de acordo com os dados históricos,


enormes tendas eram erguidas, com capacidade para abrigarem cerca de 40.000
espectadores. Apesar de ter sido totalmente baseado nos moldes gregos, o teatro
romano criou suas próprias inovações, com a pantomima, em que apenas um ator
representava todos os papéis, com a utilização de máscara para cada
personagem interpretado, sendo o ator acompanhado por músicos e por coro.

7
Diritambo era o nome dado ao ritual oferecido ao deus grego Dionísio. Era uma 'dança de saltos' ou dança
de abandono, acompanhada por movimentos dramáticos e dotada de hinos apropriados.
8
Poeta trágico grego. Segundo a tradição ateniense, foi o criador da tragédia a introduzir nos espetáculos
dionisíacos da primavera de 535 a.J.C. um poema que narra as aventuras de um herói.
9
Plauto-Titus Maccius Plautus, dramaturgo da República Romana , viveu por volta dos anos de 230 a.C. e
H H

180 a.C., pois suas 21 peças que se preservaram até os dias atuais datam entre os anos de 205 a.C. e 184
H H H H H

a.C. . H

10
Terêncio-produtor teatral da Roma antiga que em suas peças imitava o teatro grego, escreveu numerosas
comédias, algumas vezes valendo-se das mesmas fontes gregas a que Plauto recorrera, mas dando a essas
fontes um tratamento diverso, com fortes contribuições pessoais.

13
No século XVII, o teatro italiano experimentou grandes evoluções cênicas, muitas
das quais já o teatro como atualmente é estruturado. Muitos mecanismos foram
adicionados à infra-estrutura interna do palco, permitindo a mobilidade de cenários
e, portanto, uma maior versatilidade nas representações.

Nesta mesma época no Brasil, o teatro tem sua origem com as representações de
catequização dos índios. As peças eram escritas com intenções didáticas,
procurando sempre encontrar meios de traduzir a crença cristã para a cultura
indígena. Uma origem do teatro no Brasil deveu-se à Companhia de Jesus, ordem
que se encarregou da expansão da crença pelos países colonizados. Os autores
do teatro nesse período foram o Padre José de Anchieta 11 e o Padre Antônio F F

Vieira 12 . As representações eram realizadas com grande carga dramática e com


F F

alguns efeitos cênicos, para a maior efetividade da lição de religiosidade que as


representações cênicas procuravam inculcar nas mentes aborígines.

1.2.1. O teatro grego e o romano: a relação entre os espaços de


apresentação e a luz

Durante séculos o teatro foi realizado à luz do sol, sem necessidade de iluminação
artificial. O espetáculo começava de manhã, e só terminava quando o sol ia
embora, era como se a luz natural dirigisse todo o espetáculo lá do alto. Quando
chegava o final da tarde, essa luz se recolhia e o espetáculo cessava. Em pouco
tempo a luz regressava às vezes pálida, nevoenta, translúcida, outras vezes clara
e absoluta, essa luz superior projetava raios em toda as direções e refletia, nas
superfícies, volumes e cores, assim o palco e a platéia podiam se reencontrar e, o
espetáculo poderia continuar. Na Grécia, as apresentações eram feitas em amplos
teatros, construídos de forma semicircular e planejados para que não
apresentassem problemas de acústica ou de visibilidade. As arquibancadas eram

11
Jesuíta, gramático e poeta lírico espanhol nascido em La Laguna de Tenerife, Ilhas Canárias, conhecido
como o Apóstolo do Brasil, de admirável trabalho de catequização dos indígenas brasileiros
12
Padre, orador sacro, missionário, diplomata e escritor português nascido na Freguesia da Sé, em Lisboa,
cuja extraordinária obra e religiosidade sempre estiveram ligadas a fatos econômicos e políticos. Filho de um

14
escavadas nas encostas das colinas e tanto o público quanto os atores, ficavam
expostos à luz do sol, aos ventos e a brisa do mar. Já de manhã milhares de
pessoas tomavam seus lugares nas arquibancadas e ali permaneciam o dia
inteiro. Por mais que fosse o mesmo espetáculo a ser apresentado, eles eram
únicos, já que a iluminação assim como brilho e sombra dependiam das condições
atmosféricas; movimento das nuvens e das diferenças de intensidade e
luminosidade da luz solar (fig.1.6).

Figura 1.6 - Teatro Grego


Fonte: http://liriah.teatro.vilabol.uol.com.br/Gif/epidauro1.gif
H

No momento em que o teatro se recolheu dentro de uma “casa”, foi necessário


reinventar a luz para a continuação dos espetáculos, no entanto seria muito difícil
substituir a original. Ao mesmo tempo era o momento para criação e descoberta
de técnicas que trouxessem de volta a fantasia e a imaginação e, aos poucos
substituiu-se a luz natural, em fonte incandescente.

Até hoje, os espetáculos realizados em ambientes externos, quando apresentados


durante o dia, guardam as características das encenações primitivas, o que os
olhos vêem é o real sem filtros e sem artifícios.

servidor do governo colonial, de origem modesta e com ascendência africana, destacado como funcionário,
para trabalhar na Bahia, no Brasil.

15
Figura 1.7 - Teatro atual - Teatro Romano de Orange
Fonte: www.choragies.asso.fr/gb/historie

O Teatro Romano em Orange é um dos mais bonitos monumentos na França e, é


testemunha da Era Romana. Suas arquibancadas garantem uma acústica
excepcional. Com a queda do Império Romano, este teatro deixou de ser usado e
em 1562 ele se transformou em um espaço para refúgio da população. Próximo ao
ano de 1800 o teatro foi restaurado. (fig. 1.7 a 1.10).

Figura 1.8 - Teatro Romano de Orange Figura 1.9 - Teatro Romano de Orange
Fonte: www.choragies.asso.fr/gb/historie Fonte: www.choragies.asso.fr/gb/historie
H

16
Figura 1.10 - Teatro Romano de Orange - Festival Corais de Orange
Fonte: www.choragies.asso.fr/gb/historie
H

Os corais de Orange acontecem todos os verões desde 1860, o mais antigo


Festival da França.Sua capacidade é de 9000 pessoas.

1.2.2. O Teatro Elisabetano

“Frequentemente, diz-se que o Teatro Elisabetano era a imagem do


mundo. A plataforma era um buliçoso, seu alçapão levava ao inferno,
o interior acortinado do palco expunha as confidências da vida
privada, o balcão era aquele nível superior do qual alguns poderiam
olhar para baixo para que outros olhassem para cima...” Peter Brook 13 F F

(fonte: Revista Luz e Cena n 71, pág 40)

A Inglaterra dos fins do século XVI era uma sociedade orgulhosa: acabava de se
converter na grande potência marítima da Europa, derrotando a Invencível
Armada espanhola; os marinheiros e os militares britânicos puseram-se a
conquistar e colonizar o mundo conhecido, e o comércio e a indústria começaram
a florescer. A rainha Elizabeth I (1558-1603) encarregou-se de promover esse
patriotismo entre seus súditos e o teatro foi um bom instrumento para consegui-lo.

13
Encenador inglês redistribui o conhecimento que extrai da prática teatral. O trabalho de Brook inclui o
compromisso de difundir idéias e métodos úteis a outros núcleos de produção teatral.

17
Os autores mais notáveis deste período são Christopher Marlowe 14 , Ben Jonson 15 F F F F

e William Shakespeare 16 , considerado o maior poeta dramático de todos os


F F

tempos. Suas peças, tradicionalmente divididas em obras históricas, comédias e


tragédias fazem não só a crônica de seu país como também descrevem com rara
compreensão da condição humana as relações entre indivíduos e estes com a
sociedade.

Os dramaturgos nos tempos de Shakespeare eram conhecidos como poetas, e os


atores como jogadores. Shakespeare era uma entre várias personalidades
extremamente talentosas do seu cotidiano. Eles transformaram o teatro de
entretenimento itinerante onde se agrupavam os atores em rudes palcos de
hospedaria ou feiras em uma atividade completamente profissional em teatros
construídos em Londres. Os atores foram proibidos através de lei de viajar ao
redor da Inglaterra como artistas sem vínculo; tiveram que formar companhias
debaixo da proteção de um nobre.

Os teatros da época tinham dois tipos básicos de arquitetura: circular ou poligonal.


Eram construídos de madeira e sem teto. O palco podia ter até três níveis para
que várias cenas fossem representadas simultaneamente. Ele avançava até o
meio do edifício, de modo que o público o cercasse por três lados e teria boa
visibilidade. Ao fundo, uma cortina modificava o ambiente. Aos espectadores mais
abastados e aos representantes da nobreza eram destinadas as galerias
(fig.1.11).

14
Christopher Marlowe (batizado a 26 de fevereiro de 1564 – morto em 30 de maio de 1593 ) foi um
H H H H H H H H

dramaturgo , poeta e tradutor inglês que viveu no Período Elisabetano . Foi o maior renovador formal do teatro
H H H H

do período com a introdução dos versos brancos, e uma influência forte sobre as primeiras obras de
Shakespeare .
H H

15
Benjamin Jonson, dramaturgo inglês mais conhecido como Ben Jonson ( Westminster , 11 de Junho de
H H H H

1572 - Londres , 6 de Agosto de 1637 ), Começou a afirmar sua reputação graças à versão inicial de Cada
H H H H H H H H

homem com seu humor, de 1589 e que foi representada no Globe Theatre pela Companhia de Shakespeare.
H H H H H H

16
Shakespeare Dramaturgo e poeta inglês (23 de Maio de 1564, 23 de Maio de 1616). Destaca-se entre os
mais importantes da história do teatro. Nasce em Stratford-upon-Avon, onde faz os primeiros estudos. Entre
1590 e 1594 redige a primeira peça, A Comédia dos Erros. Ainda nessa época escreve 154 sonetos,
considerados até hoje os mais belos e mais importantes da língua inglesa.

18
Figura 1.11 - Planta Baixa – Teatro Elisabetano
Fonte: Luz e Cena - Julho de 2005

No início, eram utilizados locais improvisados, como os pátios das hospedarias, ou


mesmo áreas abertas. Depois as companhias teatrais foram-se estabilizando e,
começaram a ser construídos os primeiros teatros. Os cenários ficavam no centro
de uma grande nave circular ou hexagonal. Ao redor dispunham-se os balcões e
as galerias; praticamente não havia decoração (fig.1.12). Os atores eram
profissionais e não havia atrizes: seus papéis eram interpretados por jovens atores
que assumiam um tom de voz feminino.

Figura 1.12– Globe Theatre - vista interna


Fonte: www.parnanet.com.br/sistemas/links
H

19
Existem traços comuns entre o teatro elisabetano (ou isabelino, como é conhecido
na Espanha) e o teatro castelhano do Século de Ouro: a representação de
H H

comédias em locais abertos, público pertencente às mais diversas classes sociais,


a combinação de tragédia e comédia na mesma obra, e a utilização de
argumentos históricos. Além disso, tratava-se de um teatro em versos, mas com
grande liberdade e vivacidade nos diálogos.

Figura 1.13- Globe Theatre (reprodução)


Fonte: Luz e Cena - Julho de 2005

Essa fase se encerra com o fechamento dos teatros por ordem do Parlamento em
1642.

20
1.2.3. Sua utilização nos dias de hoje

Considerado o teatro mais antigo da América do Sul (1770), a Casa da Ópera de


Vila Rica, sua antiga denominação, foi construída em Ouro Preto, Minas Gerais,
pelo coronel João de Souza Lisboa, dentro da tradição arquitetônica luso-
brasileira. Utilizado até os dias atuais para apresentação de espetáculos, é
localizado, no Largo do Carmo, não lhe dá nenhum destaque entre o casario
vizinho (fig.1.14).

Figura 1.14 - Fachada


Fonte: Arquitetura do Brasil III

Edifício de fachada singela que remete a austeridade da arquitetura civil da época.


Apresenta empena frontal, de vaga inspiração neoclássica, em contraste com
aberturas em arco abatido, de tradição barroca, e elementos medievais, óculo
quadrilobado e arcaturas acompanhando a cornija da empena. Provavelmente o
estilo eclético foi adquirido durante a remodelação interna ocorrida em 1882.

Seu interior, também acanhado, segundo as palavras do viajante francês Saint-


Hilaire, constituía-se de quatro ordens de camarotes, encerrados por balaustradas
de madeira recortada. A sala de espetáculos, originalmente, era iluminada por
velas entre os camarotes.

21
Figura 1.15 - Teatro Municipal de Ouro Preto - Vista da platéia
Fonte: Arquitetura do Brasil III

A boca de cena é emoldurada com pedra, vista da platéia. A conformação quase


retangular da sala interfere na boa visibilidade dos camarotes e frisas laterais, em
direção ao palco (fig. 1.15).

Figura 1.16 - Facho de luz natural visto do Palco


Fonte: Arquitetura do Brasil III

22
As colunas de apoio dos pisos inferiores foram substituídas pelas de ferro, de
seção menor, privilegiando a visibilidade dos camarotes.

Ao se ver a partir da boca de cena em direção ao fundo da sala de espetáculos,


observa-se ao alto o óculo da fachada por onde invade um feixe de luz natural,
que ilumina a cena, possibilitando espetáculos bem iluminados, uma solução dos
tempos sem energia elétrica (fig.1.16 e 1.17).

Figura 1.17 - Vista da galeria superior


Fonte: Arquitetura do Brasil III

Ao longo de sua história, sofreu inúmeras reformas, sendo a mais significativa em


1882, quando a estrutura das quatro ordens de camarotes também alterada,
adquirindo a forma de ferradura e recebendo piso em declive. Todas essas
modificações visaram adaptá-lo ás exigências de conforto do século XIX.

Foi tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1995, porém usando o nome
Teatro Municipal de Ouro Preto. Contratador dos reais quintos 17 e das entradas, F F

17
O rei de Portugal era, por lei, o dono do subsolo, razão pela qual cobrava o "quinto" do metal extraído. Em
1716, depois de experimentar diversas formas de cobrança desse tributo, as Câmaras Municipais de Minas
Gerais propuseram substituí-lo por taxas fixas impostas sobre as mercadorias "entradas" na região de
mineração. Apesar da proposta não ter sido aceita pela Coroa, em 1º de outubro de 1718, os postos

23
Souza Lisboa, fascinado pela arte teatral, recebeu desde o início apoio do Conde
de Valadares, governador da Capitania, e de seu secretário, o poeta Cláudio
Manoel Costa.

Enquanto viveu, Souza Lisboa esteve à frente da Casa da Ópera de Vila Rica,
contratando atores em Sabará e no Tijuco, relacionando nomes de personalidades
influentes - intelectuais, militares, políticos - capazes de prestigiá-lo em momentos
decisivos, preocupando-se com a pintura e a decoração do prédio. Inevitável,
portanto, que a casa da Ópera de Vila Rica morresse um pouco com seu criador,
em 1778.

Ressurgiu oito anos depois, triunfalmente, nas festas dos desposórios 18 do infante F F

D. João, com três noites de ópera. A partir daí, sob diferentes administradores, a
Casa da Ópera viveu períodos de altos e baixos, sem, no entanto, deixar de
funcionar.

O teatro quase desaparece em 1885, quando o governo provincial chega a


planejar a construção de um novo teatro em Vila Rica que como capital merecia, já
que, segundo alguns engenheiros, este ameaçaria desabar.

Nem o Teatro desabou, nem outro foi construído. E a reforma, concluída após sete
anos, foi executada com perfeição e economia.

No final do século XIX, em todo o país ocorrem mudanças com a chegada do


fonógrafo e do cinema. Os teatros viram a freqüência reduzida, e o de Ouro Preto
não fugiu à regra. No entanto, aos poucos a convivência entre o antigo e o novo
foi-se estruturando, cada qual ocupando o próprio espaço.

arrecadadores denominados "registros" nas estradas que levavam à região mineira. A arrecadação do tributo
era, comumente, cedida a um "contratador", que pagava ao fisco, em parcelas, uma quantia fixa, em troca do
direito de cobrar o imposto em seu próprio proveito.
18
Desposórios - casamentos

24
1.3. Revisão histórica da iluminação artificial nos espaços cênicos

No século XVI, quando o teatro iniciou suas atividades em espaços fechados,


notou-se que era preciso substituir a luz natural por artifícios que clareassem o
palco e, que permitissem que os atores e objetos de cena pudessem ser vistos.
Fez-se necessária a utilização de fontes de iluminação artificial, a partir daí, a
busca por soluções e técnicas que suprissem as necessidades visuais tanto para
os artistas quantos para a platéia (fig. 1.18 e 1.19).

Figura 1.18 - Candelabro da época da Renascença


Fonte: www.stage-lighting-museum.com
H H

Figura 1.19 - Lâmpada a óleo


Fonte: www.stage-lighting-museum.com

25
Em muitos destes novos espaços fechados que passaram a abrigar os
espetáculos, existiam janelas permitindo a captação de luz externa em parte do
dia; durante a noite eram utilizadas velas para garantir a visibilidade, sendo por
muito tempo a única fonte de luz do teatro, produzindo no entanto; uma luz
instável, oscilante e, difícil de ser controlada. Durante os séc. XVII e XVIII foram
utilizados candelabros nos teatros, espalhados pelo espaço cênico e platéia
(fig.1.20 a 1.24). Chegou-se a experimentar sebo na confecção de velas com o
objetivo de aumentar o seu tempo de vida, mas, devido ao mau cheiro estas velas
foram pouco utilizadas. Mais tarde vieram os lampiões a óleo criados por Argand,
sua luminosidade era maior que das velas. No entanto a queima de óleo trazia
alguns inconvenientes como a sujeira que produzia nos tetos, paredes, cortinas
além do risco de pingar em alguém (fig.1.25).

Figura 1.20 e Figura 1.21 - Candelabro com vários tipos de velas tornou-se comum no final do sec.XVI
Fonte: www.stage-lighting-museum.com
H

26
Figura 1.22 - Luminária utilizada para aplicação de vela - luz de ribalta
Fonte: www.stage-lighting-museum.com
H

Figura 1.23 - Modelo do século XVII Teatro Francês abrange candelabros e luz de ribalta
Fonte: www.stage-lighting-museum.com

27
Figura 1. 24 - Iluminação do Palácio Richelieu Cardeal Richelieu, rei Luis VIII e sua rainha no teatro privado
do Cardeal em 1641.Iluminação feita através de candelabros.
Fonte: www.stage-lighting-museum.com

Figura 1.25 - Lighting in Convent Garden Theatre, 1674


Fonte: www.stage-lighting-museum.com
H

28
Novos combustíveis foram utilizados, como óleo de baleia e querosene. Por mais
que os artesãos, técnicos de luz e os diretores teatrais tentassem resolver as
condições de visibilidade, as fontes de energia que se dispunha ainda eram muito
precárias. Sua luminosidade era instável, difícil de controlar, sem direcionamento,
bastante diferente e pouco eficiente comparando-se à iluminação hoje utilizada
nas casas de espetáculos.

Algumas idéias continuaram surgindo, assim como a utilização de vidros côncavos


preenchidos com vinho ou líquidos coloridos e objetos com superfícies refletoras a
fim de criar novos efeitos (fig. 1.26). A preocupação em reduzir a iluminação da
platéia, com a finalidade de intensificar a luminosidade do palco, trouxe contrastes
e valorizava o espaço cênico conseqüentemente, os espetáculos.

Figura 1. 26 - Garrafa de vidro côncava e vela


Fonte: www.stage-lighting-museum.com
H

A utilização de novas técnicas como a controle de luminosidade das lâmpadas,


criada por Nicola Sabbatini 19 (fig.1.27), trazem progressos à iluminação cênica,
F F

mas, é a iluminação a gás que vem resolver de forma satisfatória a questão da


visibilidade nos teatros.

19
Nicola Sabbatini nasceu em 1574, em Pesaro, na Italia. Morreu em 25 de dezembro de 1654. Arquiteto e
engenheiro, abriu caminho para novas técnicas de iluminação teatral.

29
Figura 1.27 - Lâmpada à óleo criada por Sabbatini
Fonte: Theatre Lighting Before Eletricity

A nova lâmpada trazia mais claridade do que as mais avançadas lâmpadas a óleo
da época. As lâmpadas de Argand foram primariamente introduzidas no teatro
francês em 1784. A partir de 1850 o gás é utilizado de forma genérica nos teatros.

As vantagens conseguidas a partir da utilização do gás nas luminárias e


candelabros eram muitas; um candelabro a gás equivalia a 12 velas, a luz
produzida era mais intensa, mais estável e o controle desta operação passou a ser
centralizado (fig. 1.28). Mesmo com todas as vantagens em relação aos sistemas
de iluminação artificial anteriores, sua utilização trazia altos custos com
manutenção e problemas de segurança, havia grande preocupação com incêndios
que eram comuns.

30
Figura 1.28 - Luminária a gás criada por Argand
Fonte: www.stage-lighting-museum.com
H

Em 1879 é criada a lâmpada incandescente por Thomas Edison com um filamento


de carbono. As primeiras instalações elétricas nos teatros foram feitas através da
luz de ribalta, gambiarras e laterais. Foram muitas as possibilidades de criação a
partir desta nova descoberta (fig.1.29).

Figura 1.29 - Lâmpada Incandescente


Fonte: www.stage-lighting-museum.com
H

RESUMO

31
CAPÍTULO 2

A ILUMINAÇÃO CÊNICA ARTIFICIAL

32
2. A iluminação cênica artificial

Diferente dos demais sistemas sígnicos 1 teatrais, a iluminação é um artifício


F F

bastante recente. Sua introdução no espetáculo teatral, deu-se apenas no séc


XVII, aperfeiçoando-se com a descoberta da eletricidade. Uma das principais
funções da iluminação é delimitar o espaço cênico. Quando um facho de luz incide
sobre um determinado ponto do palco, significa que é ali que a ação se
desenrolará naquele momento. Além de delimitar o lugar da cena, a iluminação se
encarrega de estabelecer relações entre o ator e os objetos, o ator e os
personagens em geral. A iluminação "modela" através da luz o rosto, o corpo do
ator ou um fragmento do cenário. (fig. 2.1 a 2.7)

Figura 2.1 - Foto do espetáculo Telhado de Vidro - Tanzhaus


Fonte: Mauro Kury

1
Relativo a signos; unidade principal constitutiva da linguagem humana, representada pela associação entre
um significado e um significante, ou seja, entre um conceito e uma imagem acústica.

33
Figura 2.2 - Foto do espetáculo Matulao – Trupe do Passo
Fonte: Mauro Kury

Figura 2.3 - Espetáculo da Universidade da Califórnia – Santa Barbara


Fonte: Lighting the Stage, Art and Practice

34
Figura 2.4 – Foto – Espetáculo Teatral Figura 2.5 – Foto – Espetáculo de Dança
Fonte: www.luxious.com/portifolio Fonte: www.blainekimball.com/images/theater_lighting.jpg
H

Figura 2.6 – Espetáculo de Dança


Fonte: www.luxious.com/portifolio

Figura 2.7 – Foto de espetáculo Musical


Fonte: www.luxious.com/portifolio

35
2.1. A inclusão da iluminação cênica nos primeiros espetáculos

Por dois mil anos, 500 A.C e 1500 D.C., o teatro não necessitou de outra luz que
não fosse o sol, apenas raras exceções como nas Igrejas na Idade Média, Europa
no século IX, onde se fazia teatro na própria Igreja.

À vela, invenção dos fenícios, foi durante muito tempo à única iluminação que os
teatros possuíam.

Não havia necessidade de iluminação artificial para o teatro, pois a arte cênica
acontecia durante o dia e era desenvolvida em locais abertos. Entretanto quando o
espetáculo se prolongava, era preciso recorrer ao fogo para iluminá-lo no meio
para o final, através de tochas ou fogueiras. Os espetáculos feitos nas Igrejas
eram iluminados com velas ou círios 2 . F F

Representações como comédias satíricas, apresentações circenses, que eram


executadas em tavernas e castelos, eram iluminadas com tochas e archotes. No
inverno em que os dias eram menores, a iluminação artificial também era usada
no final dos espetáculos; tocha amarrada à gaiola de ferro que segurava o material
flamejante.

Os dramas litúrgicos desenvolviam-se nas igrejas e a iluminação era favorecida


pelos vitrais. Dramas Medievais feitos ao ar livre, performances em locais
fechados faziam uso da lâmpada a óleo, tochas e vela.

A iluminação do palco ao longo de todo caminho desde a toda flamejante do teatro


elisabetano até a lâmpada de óleo italiana, começou na renascença com
equipamento de fazer alusão ao grego.

2
Círios, velas compridas. Antigamente feitas de sebo de boi.

36
A produção do teatro renascentista ficava na mão do arquiteto do teatro,
responsável pelo cenário e iluminação e, algumas idéias importantes como: o
humor específico como uma tragédia, iluminação indireta com a utilização de
espelhos, escurecimento do auditório, passo muito importante.

Lâmpadas a óleo foram largamente usadas para iluminação doméstica e pública,


incluindo o teatro da idade média até o fim do século XVIII. O pavio quando imerso
em pequena quantidade de óleo, produzia não só luz mas também fumaça e um
cheiro desagradável. Óleos vegetais de alta qualidade, como óleo de oliva,
produziam mais luz com menos fumaça, assim como melhor odor.

A lâmpada a gás, que foi introduzida em 1784 pelo inventor suíço Argand, foi um
grande progresso comparado às tradicionais lâmpadas a óleo de chama aberta.
Argand empregou conhecimento científico no papel do recentemente descoberto
oxigênio em combustão. As lâmpadas de Argand foram primariamente
introduzidas no teatro francês.

Nos teatros, o gás é empregado de forma generalizada a partir de 1850. A


primeira adaptação bem sucedida em 1803 no Lyceum Theatre de Londres (fig.
2.8 e 2.9), foi realizada por um alemão chamado Frederick Winsor 3 . F F

Em 1876, pela primeira vez, durante a representação de suas óperas em


Bayreuth 4 , Richard Wagner 5 , mergulha a sala no escuro. Essa medida é pouco a
F F F F

pouco adotada na Inglaterra, na França e no restante dos teatros europeus. Com


um destaque maior ao espetáculo e diminuiu-se a luz na platéia, com isso o
espectador perdeu a consciência da realidade e entrou em estado parcial de
hipnotismo.

3
Frederick Winsor, R.L. 1888, Fundador da Middlesex School , professor de teatro.
4
Bayreuth cidade situada na Alemanha
5
Wilhelm Richard Wagner (22 de maio de 1813 - Leipzig, 13 de fevereiro de 1833 - Veneza) compositor
clássico alemão.

37
Figura 2.8 - Lyceum Theatre de Londres – Vista Palco
Fonte: www.unlikelymoose.com
H

Figura 2.9- Lyceum Theatre de Londres - Vista Platéia


Fonte: www.unlikelymoose.com
H

38
No século XIX as inovações cênicas e infra-estruturais do teatro tiveram
prosseguimento. O teatro de Booth de Nova York (fig. 2.10) já utilizava os recursos
do elevador hidráulico. Os recursos de iluminação também passaram por muitas
inovações e experimentações, com o advento da luz a gás.

Figura 2.10 - Teatro de Booth NY


Fonte: www.ckbphoto.net/family/washingtondc/crw_2756.htm
H

Em 1879 quando Edson fabrica a primeira lâmpada de incandescência com


filamento de carbono, permite a generalização do uso da eletricidade nos teatros.
Até o final do séc XIX a luz elétrica já havia se tornado comum nos grandes
teatros. As primeiras instalações elétricas em palco italiano utilizavam luzes de
ribalta, gambiarras e laterais. Em 1881, o Savoy Theatre (fig.2.11) de Londres foi o
primeiro a utilizar iluminação elétrica.

A Iluminação elétrica passa a ser um dos principais instrumentos de estruturação


e animação do espaço cênico. A luz elétrica fez com que toda a estrutura teatral
mudasse radicalmente.

As primeiras mesas de controle apareceram em Londres e no Boston Theatre nos


EUA.

39
Figura 2.11 - Savoy Teatre
Fonte: www.hotelsoftheworld.com
H

2.1.1. A importância da iluminação cênica artificial no teatro

Somente nos últimos quatro ou cinco séculos que o teatro tem geralmente sido
realizado em ambiente fechado e, a luz tem sido usada para iluminar o palco e os
atores. Velas, tochas, lâmpadas a óleo e a gás, cada uma por sua vez, contribuiu
com meios de produzir esta luz e, permitiu algum grau de efeito. A eletricidade
chegou, e com ela novas idéias.

Sem a iluminação nada pode ser visto; é o primeiro dos estímulos da mente
humana e, o homem é sensível a todas as suas nuances.

Por séculos, são escritas nos espetáculos a luz que o homem tem conhecido em
suas vidas; agora esta luz pode ser “manipulada“ no palco. Seu efeito visual e
emocional pode ser usado para acompanhar e influenciar a atuação, como a
evolução da técnica mostra, é sem limite.

40
2.2. A iluminação cênica artificial nos dias de hoje
HISTÓRIA DA ILUMINAÇÃO -
A luz elétrica veio proporcionar melhores condições para visibilidade e abrir novos
caminhos não só para a iluminação como para o teatro em geral. Ela provocou
mudanças no conceito de cenografia, figurinos, alterando completamente o
aspecto visual do espetáculo.

Com o objetivo de otimizar ainda mais a iluminação cênica, novos aparelhos


dotados de lentes e lâmpadas especiais foram surgindo, em conseqüência disto
muitas vantagens como; a focagem, lentes de abertura do foco, direcionamento
preciso, regulagem de posição fixa ou móvel e em todas as direções que facilitava
cobrir o objeto de cena e artistas de qualquer ângulo e suporte para filtros
coloridos.

2.2.1.Seus Elementos

Hoje em dia são utilizados vários equipamentos como o spotlight, que permitiu
isolar e precisar as zonas de ação, pôs o artista em evidência, detalhou cenários e
objetos e, iluminando as cenas de vários ângulos valorizou as três dimensões.

Em sua maior parte, as lâmpadas usadas são as lâmpadas incandescentes


halógenas de alta potência que são utilizadas nos refletores para lâmpadas par,
palito, lâmpadas de descarga..

Hoje são muito utilizados os projetores plano-convexos para fachos difusos assim
como o Projetor Fresnel 6 . Em longas distâncias surgiram os canhões seguidores
F F

formados por lâmpadas de descarga ou halógenas. Permitindo a reprodução de


formas geométricas e efeitos, os projetores elipsoidais estão entre os mais
especificados pelos criadores de iluminação cênica nos espetáculos.

6
Refletor com um tipo de lente dotada de sulcos prismáticos concêntricos, dele se obtem uma luz muito
constante, seus fachos se misturam sem deixar marcas ou contornos acentuados.

41
Outros refletores bastante usados são as carcaças usadas com lâmpadas Par (fig.
2.12), a utilização de cores tornou-se cada vez mais presente nos espetáculos e,
estes refletores permitem a utilização de gelatinas coloridas de forma bastante
satisfatória.

Figura 2.12 - Refletor para lâmpada Par 64


Fonte: www.iar.unicamp.br/lab/luz/equipamentos/par.htm

Paralelo a todo este avanço para atingirmos as condições de visibilidade em


teatros fechados, foram surgindo mesas de controle.

A iluminação cênica tem expressão própria. A intenção é dotar o conjunto da


maior possibilidade de uso, considerando um rigor técnico nas angulações e uma
disponibilidade de equipamentos, recursos técnicos e recursos operacionais. A
excelência do material instalado fica ao dispor do processo criativo que será,
então, o agente estimulador da resposta emocional do espectador.

No Anexo 1 serão apresentados mais detalhes dos equipamentos; os elementos


responsáveis pela a criação e execução da Iluminação cênica: lâmpadas,
refletores, mesas, dimmers e equipamentos auxiliares que serão comentados e
suas funções descritas.

42
CAPÍTULO 3

A ILUMINAÇÃO CÊNICA COMO ELEMENTO MODIFICADOR

43
3. A Iluminação Cênica como Elemento Modificador

A luz tem a capacidade de mudar a aparência das coisas. Uma paisagem vista
num dia ensolarado pode parecer brilhante, cheia de contrastes fortes e
tonalidades diferentes, no entanto esta mesma paisagem vista em um dia nublado
apresenta características completamente diferentes. O mesmo acontece com a
iluminação artificial em ambientes internos, onde lâmpadas utilizadas apresentam
índice de reprodução de cor e temperaturas diferentes, assim como a posição de
luminárias e quantidade de luz aplicada no palco, podendo torná-lo quente, frio,
aconchegante ou impessoal.

Além de modificar a aparência física dos objetos e dos ambientes que ilumina, a
luz tem também o poder de agir sobre as pessoas, alterando seu estado de
espírito, seu humor, através das impressões psicológicas que causa.

As pessoas, os objetos e principalmente os lugares são vistos de modo diferente,


dependendo do tipo de luz que recebem (fig. 3.1 a 3.7). Se na vida real
observamos esse duplo papel da luz, agindo sobre a aparência física dos
elementos por ela iluminados e, causando as mais variadas reações psicológicas
nas pessoas, no teatro, a importância da luz é ainda maior.

Figura 3.1 – Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada


Fonte: http://www.altmanlighting.com/
H

44
Figura 3.2 – Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada
Fonte: http://www.altmanlighting.com/
H

Figura 3.3 - Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada


Fonte: http://www.altmanlighting.com/
H

Figura 3.4 – Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada


Fonte: http://www.altmanlighting.com/
H

45
Figura 3.5 - Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada
Fonte: http://www.altmanlighting.com/
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Figura 3.6 - Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada


Fonte: http://www.altmanlighting.com/
H

Figura 3.7 - Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada


Fonte: http://www.altmanlighting.com/
H

46
A iluminação cênica é planejada com a finalidade de causar envolvimento e
provocar impressão psicológica aos espectadores. A começar pelo tipo de
lâmpada empregada. Um espetáculo a luz de velas causa uma impressão
completamente diferente de espetáculo iluminado com lâmpadas halógenas, em
conseqüência do tipo de luz emitida. A mesma cena é vista então sob claridades
diferentes despertando as mais diversas reações.

Quando se ilumina um objeto com uma luz incidente, mas que não ilumina por
igual todos os lados do seu corpo, estabelece-se diferenças entre os lados mais
iluminados e os que recebem menos quantidade de luz, essa diferença denomina-
se contraste de iluminação. Através deste contraste modificam-se os objetos
iluminados, dá-se a estes formas aparentemente diferentes e possibilitando
também a criação de cenas diferenciadas. Iluminando o mesmo objeto estático de
diferentes ângulos e de forma seqüenciada, pode-se dar a este a aparência de
estar em movimento. Lembrando ainda da utilização de cores, que auxiliam a
iluminação cênica e criam diversas atmosferas, cenas iluminadas com cores
diferentes, podem retratar aparentemente situações térmicas distintas (fig. 3.8 e
3.9).

Figura 3.8 - Cena de espetáculo iluminada – The Poor Sailor


Fonte: Lighting the Stage, Art and Practice

47
Figura 3.9. - Cena do espetáculo Áse – Ana Vitória Companhia de Dança
Fonte: Mauro Kury

3.1. Objetos de Cena e Suas Características

A luz reinventa o objeto, como ele estivesse sendo visto pela primeira vez. Revela
sua configuração, materialidade, textura; realça os contornos, as dobras, as,
curvas, as ondulações, o arredondamento, largura, espessura, profundidade, cor,
peso, brilho e transparência. O espectador, mesmo sem sair do lugar, pode ter
uma impressão visual completa dos objetos, como se os estivesse vendo sob
todos os ângulos. Uma simples mesa, sem a menor importância perceptiva, pode
transformar-se num objeto interessante e admirável.

A luz possui uma participação fundamental na visualidade dos elementos cênicos,


porém se o artista da luz não levar em consideração os demais elementos
expressivos que compõe esse todo, corre risco de desarmonizar o encontro
estético entre eles.

48
A cenografia, os objetos, os atores, os figurinos, o palco, na sua tonalidade visual,
possuem uma claridade local inerente a ele próprio. Uma luz ambiente,
aparentemente uniforme, revela que alguns objetos são mais claros e outros mais
escuros, tornando evidente as características destes objetos (fig. 3.10 e 3.11).

Figura 3.10 - Intrépida Trupe Figura 3.11 – Foto - Espetáculo de Dança


Fonte: Mauro Kury Fonte: www.blainekimball.com/images/theater_lighting.jpg
H

A iluminação rege os elementos visuais do palco, determinando a importância de


cada um destes e revelando sua plasticidade. A cenografia, os figurinos e os
objetos de cena e principalmente os atores com seus gestos e expressões que
adquirem destaque e importância ao receberem luz.

3.2. Aplicação de Cores

A cor faz parte da simbologia e do imaginário do ser humano, mas, sem luz é
impossível compreendê-la, no escuro as cores não podem ser observadas. A
qualidade e a quantidade da luz utilizada, responsável por projetar uma
determinada luz colorida, influi diretamente no reconhecimento e resultado da cor
sobre os objetos.

A utilização das cores na iluminação cênica, além de mostrar diferença nos


objetos iluminados, traz também diferentes emoções. A aplicação de outras cores

49
às mesmas cenas apresentadas, aos olhos de seus espectadores, é capaz de
trazer sensações de diferentes temperaturas (fig. 3.12).

O estudo das cores é extremamente importante na composição plástica dos


espetáculos, a luz influência o restante dos elementos cênicos, alterando sua
composição.

Figura 3.12- Esfera branca exposta a cores quentes e frias; Lavander 57, Fire 19 e Médium Âmbar 20
Fonte:http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/misturabranca

Para obter o resultado da “luz colorida” como na figura acima, podem ser
utilizadas lâmpadas que apresentam seu bulbo já colorido, filtros de vidro, cristal e
material plástico de diferentes cores, mas, na iluminação cênica principalmente em
ambientes fechados, são utilizadas folhas de gelatinas 1 , que apresentam uma
F F

infinidade de cores e que podem ser aplicadas a muitos modelos de refletores e


projetores, apresentando resultados eficientes e diferenciados.

Hamilton Saraiva, em tese, comenta:


“As cores na iluminação, interferem na leitura emocional de cenas apresentadas.
As cores podem criar uma linguagem própria e, ainda, ajudar ou prejudicar o
resultado final de uma cena ou peça teatral, consoante o uso apropriado ou
impróprio dos matizes, com relação ao sentimento almejado, pelo criador, por
parte da platéia.”

1
Folha de material transparente, geralmente de poliester ou policarbonato, posicionada em frente aos
refletores para colorir ou filtrar luzes. Encontram-se disponíveis no mercado gelatinas de inúmeras cores, em
diversos tons. Fundamental quando se deseja utilizar cor para desenhar a cenografia.

50
Hamilton Saraiva 2 , em sua obra cita:
F F

“Quando Leone de Sommi, em 1565 ou 1566 em seu livro


Quatro Dialoghi in Materia di Representazioni Sceniche,
sugere que “estaria melhor a comédia com a iluminação
colorida e o drama com a luz branca”, já havia uma relação
entre a cor e os gêneros dramáticos pretendidos. Estas
relações primárias entre as cores da natureza e o nosso
sistema sensorial são alguns princípios que nos interessam
para um estudo com as cores nas luzes”. Ricardo Kosovski 3 F F

3.2.1. Criação de atmosferas

As pessoas, os objetos e principalmente os lugares são vistos de modo diferente


dependendo do tipo de luz que recebem, no caso deste estudo; os espetáculos
teatrais e seus objetos de cena (fig. 3.13).

Figura 3.13 – Espetáculo da Lumini Cia de Dança


Fonte: www.lumini.art.br/galeria.htm
H

2
Hamilton Figueredo Saraiva, Interações Físicas e Psíquicas geradas pelas cores na iluminação teatral . Tese de
Doutorado, Escola de Com. e Artes, 1999 São Paulo.
3
Teatro e Comunicação: Aspectos de cena”, 1995, UFRJ

51
Em muitos casos selecionamos ambientes que iremos freqüentar de acordo com a
iluminação deste, às vezes sem percebermos. Uma iluminação aconchegante
torna um ambiente mais agradável. Os estudos de iluminação ambiental mostram
a importância e o poder da luz na divisão dos espaços, na criação de
compartimentos, na sugestão de profundidade, altura, extensão, no destaque dos
objetos, no contraste de tons, na valorização dos detalhes, texturas, volume,
transparência e brilho (fig. 3.14).

Figura 3.14- Intrépida Trupe - Sonhos de Einstein


Fonte: vemninois.blogger.com.br/

A noção de proximidade e distância também está relacionada com a luz. Focos


fechados são concentradores e aproximativos; cores frias e tonalidades escuras
atuam como distanciadores; luz frontal produz achatamento; luz vertical dá sombra
no rosto; luz balanceada produz naturalidade; enfim, a luz tem a capacidade de
mudar as aparências. Se sem ela não há espetáculo, podemos dizer que com ela,
o espetáculo muda muito, condicionando os olhos a enxergarem apenas aquilo
que está sendo iluminado e de maneira “como” está sendo iluminado.

52
3.3. A importância da sombra na iluminação

As sombras trazem profundidade aos objetos iluminados e textura, dependendo


da iluminação elas podem ter cor.

No momento em que os iluminadores fazem seu trabalho de iluminação, eles são


responsáveis por resultados opostos luzes e sombras. Ao escolher as áreas que
devem iluminar, devem preocupar-se também com as áreas que não querem que
sejam iluminadas. Então, escolhido o tipo de luz, deve-se escolher também o tipo
de sombra que será criada, pois ao se projetar à luz a um objeto, se produzirá um
outro efeito que deve ser bastante observado; a sombra (fig. 3.15).

Figura 3.15 – Foto de Espetáculo Musical


Fonte: www.luxious.com/portifolio

Quando a luz, encontra obstáculos na superfície, criam-se locais com queda de


luminância que são percebidos pela nossa retina; as sombras, sem elas não
perceberíamos o volume dos objetos. Existem tipos de sombras diferentes.

Leonardo da Vinci já no século XVI, havia diferenciado os três tipos de sombra,


que o americano Michael Baxandall 4 classificou como: sombra projetada, auto-
F F

4
Michael Baxandall - Professor de arte renascentista italiana, nasceu em 1933 na cidade de Cardiff,
Inglaterra.

53
sombra, e sombreamento. Todos os objetos ganham volume ao combinar em
graus diferentes essas formas de sombras.

A sombra projetada é causada por um obstáculo entre uma superfície e uma fonte
de luz. Por exemplo, quando se afina um foco em determinado ator, tem-se a
sombra dele no palco. Aqui, o ator seria o obstáculo que causaria a sombra no
piso do palco (fig. 3.16 a 3.19).

Figura 3.16 – Luz de Frente Figura 3.17 – Luz a Pino


Fonte: Arquivo pessoal da autora Fonte: Arquivo pessoal da autora

Figura 3.18 – Luz de chão Figura 3.19 – Luz Chapada


Fonte: Arquivo pessoal da autora Fonte: Arquivo pessoal da autora

54
A auto-sombra é aquela de uma superfície que fica fora do alcance do facho de
luz. Em um contra-luz (fig. 3.20), iluminação posicionada por detrás do objeto a ser
iluminado, o rosto do ator está em situação de auto-sombra. A sombra projetada é
mais escura que a auto-sombra, pois, a contraluz haverá sempre um pouco de
reflexo da luz rebatida do chão, no rosto do ator. Já o sombreamento se dá pelo
ângulo que a luz forma com a superfície a ser iluminada.

Figura 3.20 – Contra-luz


Fonte: Arquivo pessoal da autora

3.3.1. O teatro de sombras

Esta é uma técnica utilizada com as sombras projetadas por algum foco de luz
através de uma cortina. Nos palcos a "sombra chinesa" é a utilização desse efeito
como linguagem plástica e de cena.

Efeitos de sombras "chinesas" devem ser bem estudados para que o resultado
final seja satisfatório, tanto plasticamente quanto em termos de linguagem cênica.
Alguns conhecimentos básicos de comportamento da luz e de materiais são
necessários para a realização desse efeito.

55
Figura 3.21 - Visão interna da sombra projetada Figura 3.22 - Visão externa da sombra projetada
Fonte: www.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica17
H H Fonte:
H www.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica17

Alguns materiais permitem a passagem de determinadas partes da luz incidente


sobre eles, tais como tecidos, plásticos, vidros leitosos, filtros de difusão etc. São
esses materiais os mais utilizados nesse efeito exatamente porque seus graus de
opacidade e textura determinarão comportamentos diferentes da luz no anteparo.

Quando se emite um foco de luz frontalmente a esses materiais, seus versos


apresentarão as sombras dos objetos dispostos entre eles e a luz. Conhecendo e
testando materiais e luzes diferentes os lighting designers podem obter efeitos
satisfatórios no palco.

Figura 3.23 -Visão int. sombra proj. sobre projeção Figura 3.24-Visão ext. sombra proj. sobre projeção
Fonte: www.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica17
H H Fonte:

56
H www.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica17H

A quantidade, direção e ângulo de iluminação, determinarão as sombras criadas.


Pode-se observar que a dimensão da sombra criada é inversamente proporcional
à distância entre a fonte de luz e o anteparo material, assim como dos objetos
utilizados.

É importante saber que a quantidade de sombras de um objeto projetada no


anteparo dependerá exclusivamente da quantidade de fontes luminosas e as
distâncias e dimensões entre as sombras dependerão das distâncias entre essas
fontes.

Figura 3.25 -Visão int. sombra proj. 02 focos Figura 3.26 -Visão ext. sombra proj. 02 focos
Fonte: www.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica17
H H Fonte:
H www.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica17H

57
CAPÍTULO 4

ANÁLISES E OBSERVAÇÕES

58
4 . ANÁLISES E OBSERVAÇÕES

No conteúdo deste capítulo, entrevistas feitas com lighting designers atuantes em nosso
país, serão apresentadas com o objetivo de esclarecer; dúvidas e questões através da
técnica, opiniões próprias e experiência de décadas de trabalho, além de exemplos de
iluminações cênicas criadas e executadas em espetáculos. Após a análise destas
entrevistas, observações são feitas.

4.1. Entrevistas

A seguir, será apresentado um resumo do conteúdo das entrevistas feitas com os lighting
designers Jorginho de Carvalho e Aurélio di Simoni.

4.1.1. Entrevista com Jorginho de Carvalho

Esta primeira entrevista foi feita com Jorginho de Carvalho, lighting designer, um dos
conceituados em nosso país. Em quarenta e cinco anos trabalhando na área de iluminação
cênica, ele criou e iluminou centenas de espetáculos. Conhecido principalmente por seus
trabalhos na área teatral, recebeu vários prêmios por suas criações, entre eles o Prêmio
Moliére de Teatro.

O passo inicial em uma nova produção, no caso; criação de luz, é saber o tema do
espetáculo que será iluminado e, o local em que ele será realizado. Quando o espaço em
que se irá trabalhar é conhecido, torna-se mais fácil à produção, em relação ao material que
se tem disponível para a montagem de luz e, o que irá precisar.

Por mais equipado que seja um espaço para apresentação em nosso país, ele nunca está
completamente preparado para receber certas produções. Por isso antes de se começar um
novo projeto, é importante conhecer o local em que será apresentado o espetáculo.
Conhece-se o teatro, o tipo de mesa, as especificações; os suportes, as varas de luz, varas
elétricas, varas de frente, varas de fundo e contraluz, observa-se tudo para formar-se a
produção de luz. A partir do conhecimento local, verifica-se então a necessidade ou não de
mais equipamentos, inclusive a quantidade da mão-de-obra e sua especialização.

A experiência nesta área como; o conhecimento dos profissionais do mercado e, as


empresas especializadas em locação do equipamento de luz, facilitam agilizando no
59
momento da produção. O custo financeiro para um novo trabalho deve ser calculado
levando-se em consideração a quantidade e a necessidade de técnicos, montadores e
assistentes, acrescido do material que será utilizado.

O destaque que será feito pela iluminação cênica, depende de cada espetáculo, não existem
regras. O texto narrado e encenado pelos atores e, a atmosfera que deve ser criada para
cada cena, induz ao que deve ser destacado pela luz.

A Iluminação está para um espetáculo, na mesma proporção que a cenografia está para a
indumentária (figurinos); a direção está para o texto e a atuação do elenco, e se for o caso, a
música, quando houver. Ou seja, o "Fazer Teatral" é uma ação coletiva que quando resulta
em um espetáculo, este é proporcionado pela ação harmônica da individualidade de várias
áreas de criação, sob a égide de uma Direção (o diretor do espetáculo).

Então, a Iluminação deve valorizar a estética do espetáculo, sublinhando o fator psicológico


do texto, podendo também dinamizar ações de representação do elenco ou criar variações
na configuração cenográfica, sempre em cumplicidade irrestrita com a visão da direção e da
cenografia, sem esquecer da parceria que deve ter com os tons dos Figurinos. A partir desta
compreensão, deve se aproveitar da licença poética que a luz possibilita e sempre que
possível provocar sensações intrigantes que valorizem a encenação.

Com relação à cor costuma-se deixar que as matizes surjam de forma natural, pois
normalmente no início da criação de uma luz deve-se pensar sempre na luz branca para
liberar a percepção do que os olhos estão vendo e então as cores surgem naturalmente.

Por outro lado entende-se que luz é cor e que "Cor Luz" é totalmente distinta da "Cor
Pigmento". Este é um assunto complexo, pois é preciso levar em conta que a "Cor Luz" vai
iluminar variados tons de figurinos em espaços distintos de uma cenografia em diversas
cenas de um espetáculo, e a cor pigmento tem uma tela fixa que se iniciará uma forma a ser
desenhada.

Em oficinas de Iluminação ministradas pelo entrevistado, costuma-se deixar claro para os


participantes que as cores principais de uma iluminação teatral são azul e a amarela, pois a
cor azul remete ao céu (Infinito) e, que guarda grandes distâncias, proporcionando a
profundidade de objetos (cenários) em espaços cênicos e a cor amarela remete ao sol

60
(regiões ensolaradas) que propicia a maior descontração nas pessoas, proporcionando a
aproximação de objetos (cenários) iluminados em espaços cênicos.

A chegada do moving light foi uma novidade, parecida com a chegada da mesa digital, do
raio laser, da mesa computadorizada. O moving foi variante, ele surgiu com espelhos que se
moviam, depois com um sistema de palhetas de cor. Refletores que mexiam só a cabeça e,
posteriormente surgiram os que mexem o corpo todo. Hoje em dia as produções que
possuem os moving light espelhados já estão desatualizadas, é o mesmo que possuir uma
mesa de luz que não é digital.

Novos equipamentos como o moving ou catalyst, essa nova tecnologia, são utilizados
normalmente por novos operadores, mas, é importante não se deslumbrar sem saber o
conceito da iluminação. Ainda existem efeitos utilizados por refletores antigos. O teatro é
uma arte coletiva por isso deve ser criada uma luz em cima de todo o conjunto que será
apresentado e, muitas vezes a tecnologia não está ligada à coletividade. A iluminação
cênica utilizada em um show, é diferente da criada para um espetáculo de teatro. As
preocupações são diferentes, este não é um meio tão coletivo quanto o teatro, o artista deve
passar a emoção através de sua música e, o teatro vem por inteiro.

4.1.2. Entrevista com Aurélio di Simoni

Aurélio di Simoni em 28 anos de carreira, já realizou mais de 800 trabalhos nas áreas de
teatro, dança, shows entre outros projetos. Conceituado lighting designer recebeu prêmios
como; Prêmio Shell de Teatro, Mambembe.

A participação do light designer deve acontecer na primeira reunião da equipe de criação,


sua presença desde este primeiro momento facilita e otimiza o processo de criação.

Um dos requisitos para aceitar um novo projeto é uma remuneração profissional. Já que em
nosso país não existe tabela para essa atividade, o valor cobrado para a criação é o que se
acha justo, como em vários seguimentos artísticos. Ao espetáculo adulto, o custo pela
criação é diferente do cobrado para o infantil, já que o retorno de bilheteria normalmente é
maior. Quando a produção se propõe a custear o valor estabelecido, a proposta é quase
sempre aceita. Em algumas produções, em que os recursos financeiros são menores que o
custo de montagem do espetáculo, provavelmente o valor acertado pela criação de luz será
menor que o solicitado pelo light designer. Esta proposta então só passa a ser aceita quando
61
há interesse do iluminador. Para isso deve-se levar em consideração o texto, a qualidade da
ficha técnica e a proposta do trabalho. Não se deve qualificar um trabalho artístico por bom
ou ruim, e sim quando ele não atende os requisitos de como o teatro deve ser feito. Deve-se
considerar que o Teatro é uma arte coletiva por excelência e não um exercício de
individualidade.

O próximo passo é ler o texto para saber como se deve caminhar a iluminação, já que
muitos textos são montados de uma forma chamada de vanguarda e ao decorrer do
espetáculo adquirem uma forma clássica. Os próximos passos para uma criação harmoniosa
são; ver os ensaios, conversar com a equipe de criação, manter o diretor como maestro da
orquestra e contribuir com a sua sensibilidade, e criatividade para o espetáculo.

Iluminar nada mais é que mostrar o trabalho de outros profissionais. Não diminuindo o
trabalho do iluminador já que para iluminar ele tem que entender de figurino, cenografia,
música, direção, trabalho de ator, coreografia, pois se seu trabalho não tiver um alcance
deste entendimento, pode atrapalhar a leitura do espetáculo. Para mostrarmos o projeto de
um profissional, precisamos saber que trabalho é esse. Essa é a grande virtude do
iluminador de espetáculos, ele deve saber ler e com a técnica, a sensibilidade e a
criatividade, deve trazer a plasticidade da proposta, para a razão do teatro que é a platéia,
que esta vendo e ouvindo o espetáculo.

A iluminação cênica é tão importante quanto a cenografia, figurino, adereços, música,


coreografia, a luz não deve interferir na leitura do que é proposto, ela deve pulsar junto com
o que será apresentado. Quando a platéia percebe mais a luz criada do que o trabalho dos
outros profissionais e o texto apresentado, esta luz acaba destoando do espetáculo. Deve-se
criar uma iluminação para que tenha o clima da cena proposta.

A criação de luz não pressupõe regras. No entanto alguns iluminadores apresentam


características próprias de criação de luz. Este é o caso do lighting designer Aurélio di
Simoni, em que profissionais da área mesmo sem o conhecimento da ficha técnica,
reconhecem seu trabalho. Já que uma de suas características é marcação de detalhes; de
um quadro em uma parede, uma cenografia, de uma marca da direção em que o ator grifa
aquele momento com uma ação gestual.

62
Deve-se evitar o plano de luz equalizada, em que todo palco fica igual pois, a vida real não é
assim, o teatro retrata a vida. Em muitos momentos a luz que incide nas pessoas é diferente.
Trabalhar o plano geral um pouco mais fraco que a contraluz, deixa o objeto mais bem
delineado e melhor dimensionado na profundidade da cena.

Um dos principais objetivos na iluminação cênica, é traduzir plasticamente luz, às propostas


orientadas pelo diretor na cenografia ou figurino, levar mais uma vez em consideração o
coletivo.

Opinião própria do entrevistado é que não existem cores predominantes na iluminação


cênicas. Uma iluminação geral quente usada com uma contraluz fria e vice versa, mantêm a
dinâmica e dá volume a cena, o que é tão importante. A luz direcionada só de frente, ficará
chapada. Utilizando-se a luz frontal junto com a contra luz se apresentará então a
profundidade.

A importância da cor no espetáculo, é criar atmosferas, trabalhar a ludicidade da cena, e dar


o “movimento” de luz. A cor e sua mudança durante cenas no espetáculo “desperta” o
espectador da poltrona da platéia, porque recicla as formas de percepção daquele momento.

A cor transforma a temperatura da cena, sendo assim, a leitura dramática da cena. O


recurso da cor com intenção de criar ambiências. Só a modificação de angulação e a
dimerização da luz, já causam essa sensação de transformação, sem que haja a mudança
de cor.

A Iluminação cênica pode trazer a aparência de movimentos a objetos estáticos através da


mudança de angulação e de cor. A utilização de um recurso chamado chase, mudança de
luz de uma forma ritmada direcionada no objeto, traz esta sensação.

Diferentes objetivos são apresentados pela iluminação em alguns espetáculos. Como


exemplo; na peça infantil “O Passarinho e a Borboleta”, em que a luz criada era de
ambiência, normalmente utilizada em musicais e, com o objetivo de climatizar, em que o
muitas vezes o clima da cena acompanha a música do espetáculo.

Já em “Desesperados”, espetáculo adulto, as cenas são formadas por fotogramas, elas são
iluminadas de forma rápida e diferente como em histórias em quadrinho, a luz tem uma

63
particularização durante todo o tempo. Neste espetáculo são poucas as cenas em que
ocorre a iluminação em plano geral.

Para criar a luz três fatores são indispensáveis, criatividade, sensibilidade e técnica. Quanto
maior a técnica, maior o espaço para a criação e sensibilidade. Com o avanço da tecnologia,
e o surgimento de novos equipamentos, muitas foram às possibilidades de criação.

4.2. Análise das entrevistas

Baseada nas entrevistas apresentadas, é possível perceber o momento certo para aceitar
um novo projeto, de acordo com as condições oferecidas e, nele iniciar. A experiência
profissional nesta área otimiza o trabalho, visto que os passos iniciais já são conhecidos.

A iluminação cênica é um elemento de grande importância aos espetáculos, mas, a criação


da luz e sua utilização deve ser cuidadosa, levando em consideração as características dos
objetos a serem iluminados e, o objetivo do espetáculo que será apresentado.

Deve existir liberdade quanto ao destaque que será feito pela luz em cena, não existem
regras, cada espetáculo tem suas características próprias, como as cenas da vida real. A
arte imita a vida.

Assim como a natureza, no teatro as cores e luz também são importantes, elas criam
atmosferas, nos mostram quando é dia, tarde ou noite. Brilho e intensidade também mexem
com as sensações humanas.

A aparência de movimentos a objetos estáticos, pode ser feita através de técnicas da


iluminação cênica. O avanço da tecnologia trouxe auxilio a este artifício, assim como muitas
novidades, no entanto, ela deve ser utilizada em harmonia com a criatividade e a
sensibilidade.

64
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A iluminação transforma o palco. Retira o que não é necessário ver, limita ou amplia a área
de atuação, substitui a cortina, aproxima ou distancia os atores em relação ao público,
captando a cena sob diversos ângulos; além disso, funciona como elemento de pontuação
do espetáculo, estabelecendo as pausas entre uma cena e outra, as transições os cortes
rápidos, as evoluções no tempo, as transformações de clima.

Adolphe Appia (1862-1928), cenógrafo e teórico suíço, foi um dos principais representantes
da corrente simbólica, propondo um teatro de atmosfera e sugestão, onde a luz desempenha
um papel fundamental. “Appia é sem dúvida um dos primeiros a tomar consciência dos
extraordinários recursos que a iluminação elétrica põe à disposição do encenador”.

Para Appia, a unidade plástica e escultural do espetáculo subordina-se à luz, capaz de


aglutinar todos os elementos cênicos. Expressão perfeita da vida, a luz deveria representar
no espaço o que os sons representavam no tempo. Quanto à cor, considerava-se um
derivado da luz: é dependente dela e, sob o ponto de vista cênico, depende de duas
maneiras distintas: ou a luz se apodera dela para restituí-la, mais ou menos móvel no
espaço e, neste caso, a cor participa do modo de existência da luz; ou a luz se limita a
iluminar uma superfície colorida em que a cor continua ligada ao objeto e não recebe vida
senão desse objeto e por variações da luz que o torna visível.

Tecnicamente, a iluminação não pára de evoluir. Vela, querosene, gás, eletricidade,


tungstênio, halogênio, quartzo, mercúrio, fluorescência, luz negra, néon, estroboscópica,
laser, controle remoto, computadorizado...Não é por falta de recursos que o palco terá
problemas de visibilidade.

De acordo com o trabalho apresentado e a análise das entrevistas feitas no quarto capítulo,
é possível trazer recomendações a profissionais da área e ao público interessado assim
como maior conhecimento da área de estudo. Estas recomendações são apresentadas
abaixo.

Para a otimização do processo de montagem; o lighting designer deve iniciar sua


participação desde a primeira reunião de produção. Antes de iniciar o processo de
montagem além de participar da leitura de textos e ensaios, devem-se conhecer os
equipamentos utilizados, e também entender os conceitos da criação da luz. Saber utilizar

65
novos equipamentos aumenta a possibilidade de criação, no entanto a experiência
profissional é fundamental, assim como a criatividade e a sensibilidade adquirida através
anos trabalhando na área de iluminação.

É demonstrado através de ilustrações e entrevistas, como a iluminação cênica é capaz de


modificar e valorizar os espetáculos. A utilização de cores cria atmosferas a cenas
apresentadas e modificam os objetos, assim como o posicionamento da luz em que surgem
sombras destacando o volume dos objetos de cena apresentados e, “escondendo” outros
que não devem ser mostrados. É possível “criar” movimentos a objetos estáticos, através de
artifícios gerados pela própria luz e sua diferença na utilização de focos posicionados e pelo
ritmo no “acender” e “apagar” os pontos de luz.

O teatro é feito para ser apresentado ao público e por ele ser apreciado. A iluminação cênica
não foge a essa regra, ela deve trazer emoção aos espetáculos. Na iluminação cênica não
existem regras, como a vida. A arte imita a vida.

66
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares

ANEXO 1 – LÂMPADAS, REFLETORES E EQUIPAMENTOS AUXILIARES


1.Refletor PAR

Figura 1 – Refletores para lâmpada PAR


Fonte: www.altmanlighting.com

Esse refletor é assim chamado, por ser utilizado com lâmpadas com um espelho
parabólico (Parabolic Alumized Reflector). O feixe de luz gerado por este refletor depende
do tipo da lâmpada usada.

Já que a lâmpada utilizada pode ser substituída, com a mesma luminária poderemos ter
dispersões de feixe de luz que vão desde iluminar uma grande área, até criar o efeito da
luz do sol ou da lua em um pequeno espaço, efeito do “Dedo de Deus”.

O modelo das lâmpadas é determinado pelo diâmetro do bulbo (fig. 2). O modo de
dispersão é função do tipo da lâmpada que é definida pelo seu diâmetro externo.

Figura 2 – Lâmpadas PAR – diferentes tamanhos

Fonte: www.altmanlighting.com

67
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares

Refletor PAR can 1000w com lâmpada PAR 64


0B

Lamp Feixe Área iluminada a 6m


FFN VNSP:Very Narrow Spot 3 1/2' x 8 1/2'
FFP NSP: Narrow Spot 5' x 9'
FFR MFL: Medium Flood 7 1/2' x 16'
FFS WFL: Wide Flood 12' x 18'

De acordo com o quadro acima, a lâmpada Narrow Spot bulbo tem um feixe mais
pronunciado devido à alta concentração de energia e permite ver com riqueza de detalhes
as cores de fundo do cenário. Wide Flood Bulbs são usadas para iluminar uma área
grande ou onde houver poucas luminárias para cobrir uma grande área. Em pequenos
teatros recomenda-se o tipo MFL (medium flood) e a NSP (Narrow spot) que resolvem a
maior parte das situações.

Os tipos mais comuns de lâmpadas usadas em teatros são;


PAR38:150 watt
PAR56: 300 watt
PAR56(Q) e PAR64 lâmpadas halógenas: 500 watt
PAR64(Q): 1000 watt

68
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares

2. Elipsoidal

Figura 2 – Refletor Elipsoidal

Fonte: www.altmanlighting.com

O refletor Elipsoidal está entre os mais complexos não automáticos refletores encontrados
em iluminação teatral, são usados por sua forte e bem definida luz e sua versatilidade.

Equipamento cujo foco é bem definido proporcionando luz dura. Utilizado geralmente para
projeção e recortes de imagens no fundo de estúdios e para efeitos no teatro, é também
utilizado para gerais de frente. Para abertura focal o equipamento possui uma íris
mecânica; para os recortes, jogos de facas e, para projeções; porta-gobos. Projeções são
feitas através de gobos 1 de aço, duralumínio ou gobos de vidro coloridos.
F F

Alguns modelos podem suportar porta-gobos rotatórios com encaixes para duas lâminas.
Existem também máquinas de efeitos para acoplagem na parte frontal do canhão.

O Elipsoidal tem uma eficiência maior do que o Fresnel devido o bulbo ser rodeado por
um reflector elipsoidal diferente do esférico do fresnel. Isto resulta num maior controle do
feixe de luz. Outra grande vantagem é o baixo consumo de energia onde lâmpadas de
750-575W iluminam igual a de 1000W de outras luminárias.

1
Gobo- mascara com desenhos em metal ou outro material para projeção de imagens

69
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares

3. Projetor Plano-Convexo (PC)

Figura 3 – Projetor Plano-Convexo

Fonte: www.telem.com.br

O PC um refletor bastante utilizado em teatro, leva esse nome por que utiliza uma lente
plano-convexa para fazer com que os raios luminosos tenham uma incidência focalizada
em determinado campo e produza uma fonte luminosa bastante definida.

Ele possui um espelho esférico e um sistema de deslocação da lâmpada no interior de


sua carcaça. O espelho aumenta o desempenho da luminosidade; a deslocação da
lâmpada em relação à lente aumenta o grau do facho de luz. Afastando-se a lâmpada da
lente, o facho diminui. Dependendo do modelo, a variação do facho fica entre 5º a 50º.

Sua utilização é bastante variada, pois esse equipamento possui grande versatilidade.
Gerais, banhos, focos com definição (luz dura), focos indefinidos (luz soft), back lights
(contra-luzes), podem ser criados com esse "pincel".

Para criação de luz soft, adicionam-se filtros difusores ou silk, assim como, para desenhos
retangulares, utilizam-se bandoors. Outros efeitos podem ser conseguidos com prática e
experiência, tais como: sombras projetadas, vitrais projetados, máscaras, etc. Os plano-
convexos podem ter diferentes potências, os mais comuns são os de 500 W, 1000W,
2000W.

70
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares

4. Fresnel

Figura 4 – Refletores Fresnel

Fonte: www.altmanlighting.com
H

Como o plano-convexo, o fresnel é um equipamento cuja luz pode ser considerada "dura",
porém, devido às características difusoras de sua lente, o equipamento fornece um
detalhamento focal menos acentuado, diluindo a iluminação do centro à periferia.

Sendo sua luz mais suave, suas sombras são menos definidas. Encontramos esse tipo de
equipamento em utilização nos teatros, estúdios de vídeo, tv e no cinema. Suas potências
variam muito e no cinema criam uma iluminação muito apropriada para efeitos de luz do
dia com utilização de lâmpadas hmi 2 de alta potência. Muito útil na construção de gerais,
F F

contra-luzes, banhos e walls.

Figura 5 - Lâmpada HMIl

Fonte: www.altmanlighting.com

2
HMI - São lâmpadas de tipo descarga contendo mercúrio, metais raros e iodo.

71
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares

A lente Fresnel tem a espessura de lente reduzida devido ela ser dividida em diversos
círculos concêntricos, preservando a curvatura da face convexa de um teórico anel total.

Figura 6 – Lente Fresnel


Fonte: www.fazendovideo.com.br.com

A imagem projetada pela lente fica distorcida, devido aos cortes existentes em cada anel
concêntrico.

Geralmente estes refletores possuem ajustes internos, que permitem movimentar a


lâmpada através de um pequeno trilho e assim obter tanto um facho luminoso bem aberto
como um facho bem fechado e intenso.

5. Canhão Seguidor

Figura 7 – Canhão seguidor


Fonte: www.star.ind.br

72
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares

Refletor de grande potência utilizado para projeção de focos definidos em atores e


cenários. Pouco utilizado em estúdios, a não ser em programas de televisão e cinema
(efeitos específicos).

Geralmente manuseado manualmente sobre um tripé de apoio. Possui sistema de troca e


mistura de cores.

6.Scoop

Figura 8 – Refletores Scoop

Fonte: www.altmanlighting.com

O Scoop é um dos mais simples equipamentos usados no teatro. Consiste de uma


lâmpada (em geral incandescente para baixa potência ou halógena) colocada dentro de
um refletor parabólico.

O principal uso é prover uma inundação difusa de luz em uma grande área através de
uma única fonte.

73
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares

Na pratica é uma luz de preenchimento onde o foco não é o mais importante. As


luminárias PAR permitem um foco melhor.

Scoops de grande potência (1000w e 16”) são geralmente usados para iluminar o
ciclorama ou iluminar o cenário.

7. Ciclorama
1B

Figura 9 – Refletores ciclorama de chão


Fonte: http://www.strandlight.com

Figura 10 – Refletores ciclorama aéreo


Fonte: www.actlighting.com

O Ciclorama é constituído de luminárias retangulares cuja função é de “inundar” de luz


uma superfície vertical

Podemos fazer a iluminação por baixo ou por cima de acordo com o modelo.

74
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares

8. Border Lights

Figura 11 – Refletores borderlight


Fonte: www.altmanlighting.com

O borderlight é um conjunto de lâmpadas compartimentadas em luminárias para o uso de


banho de luz.

Em geral tem vários circuitos, em cada um podemos então colocar lâmpadas diferentes.
Assim cada conjunto do borderlight pode preencher uma área com uma cor e outro com
outra cor.

9. Moving Light

Figura 32 – Moving light


Fonte: www.star.ind.br

75
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares

Equipamento com controle digital que tanto pode transferir uma iluminação soft (wash)
como focos definidos, projeções de gobos (lâminas vazadas de duralumínio para projeção
de imagens) e luzes estroboscópicas.

Seu controle é feito através de mesas com protocolos de comunicação DMX (protocolo de
transferência de dados de mesas digitais para equipamentos). Utilizados geralmente em
shows e programas de televisão ao vivo para efeitos de banho no palco e em alguns
casos específicos também em estúdios.

Os Moving Lights são divididos em Moving Heads e Scanners.

Scanners são os Moving Lights com espelho que possuem um movimento de PAN e TILT
muito mais rápidos do que os Moving Heads. Através de slides metálicos ou dicróicos
(gobos) podemos projetar logotipos ou até fotos em qualquer superfície.

10. Mesas e Dimmers

Figura 13 - Dimmer com 12 canais


Fonte: www.telem.com.br

A diferença que a iluminação cênica proporciona, é bastante expressiva tanto para os


equipamentos quanto a forma de instalação, operação e utilização. O sistema de
iluminação cênica pode ser dividido em 2 grupos ou categorias: sistema digital onde todo
o processamento é feito com a utilização de softwares e linguagem de comunicação
própria entre dimmer 3 e mesa e, o sistema analógico que engloba sistemas de pequeno
F F

porte.

3
Recurso elétrico que controla a quantidade de eletricidade, podendo diminuir ou aumentar a intensidade da lâmpada
do refletor.

76
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares

Rack é a parte destinada ao controle da potência, podendo atuar sobre qualquer


equipamento resistivo ou indutivo, (pois atua sobre a tensão média do sinal elétrico.)
Geralmente este equipamento é passivo e seus únicos ajustes são as chaves disjuntoras
para proteção dos canais de entrada e saída. Os dimmers analógicos possuem ajustes de
intensidade mínimo e máximo e para os equipamentos digitais, a chave para
endereçamento, sendo os ajustes de mínimo e máximo realizados através da mesa mixer.

Mesa Mixer Local onde toda a programação é processada. Análoga ao sistema de


dimmer, a mesa também pode variar quanto ao sistema, podendo ser analógica ou digital.
Suas principais características são o número de canais e cenas que se pode programar
(fig.14 e 15).

Figura 14 - Mesa analógica


Fonte: www.telem.com.br

Hoje em dia a sofisticação de hardware e software nos permite ter como exemplo o
conjunto abaixo:

Figura 15 - Mesa Computadorizada


Fonte: www.regia2048.com
H

77
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares

As fotos abaixo apresentam exemplos de palcos iluminados por diferentes refletores e


projetores; refletor para lâmpada Par, plano-convexo, elipisoidal, moving light entre outros.
Alguns destes acrescidos de filtros de cores, outros apenas lâmpadas, sem filtros ou
gobos.

São muitas as possibilidades de criação de luz, utilizando equipamentos disponíveis hoje


no mercado.

Figura 16 - The Lakewood Church in Houston, Texas


Fonte: www.altmanlighting.com/
H

Figura 17 – Foto Palco – Iluminado


Fonte: www.blainekimball.com/images/theater_lighting.jpg
H

78
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares

Figura 18 – Foto Palco - Iluminado


Fonte: www.blainekimball.com/images/theater_lighting.jpg
H

Figura 19 – Foto Palco – Iluminado Figura 20 – Foto Palco - Iluminado


Fonte: www.blainekimball.com/images/theater_lighting.jpg
H H Fonte:
H www.blainekimball.com/images/theater_lighting.jpg

Figura 21 - Foto Palco – Iluminado Figura 22 - Foto Palco - Iluminado


Fonte: www.blainekimball.com/images/theater_lighting.jpg
H H Fonte: www.sgm.it
H

79
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares

80
ANEXO 2 - QUESTIONÁRIO

1. Apresentação profissional do entrevistado/ Currículo Vitae:

2. Qual é o melhor momento para um lighting designer iniciar na produção de um


espetáculo?

3. Quais os requisitos de produção para “abraçar” um novo projeto?

4. Depois de aceita esta proposta de trabalho, qual é o primeiro passo?

5. Como serão os seguintes?

6. Qual a importância da iluminação cênica em um espetáculo?

7. A princípio, o que deve ser destacado pela luz? Depende de cada espetáculo
ou existem regras?

8. Qual o principal objetivo da iluminação cênica? (Na arq., teatro, dança)

9. Qual a importância da cor na iluminação de espetáculos?

10. Existem cores predominantes na Iluminação Cênica? Quais?

11. Existem regras ou convenções como: para o céu usamos o azul.....?

12. A cor é capaz de criar atmosferas? De que maneira?

13. Descreva a iluminação cênica como elemento modificador de espetáculos: A


iluminação cênica pode trazer a aparência de movimentos a objetos estáticos?

80
14. Descreva a Iluminação Cênica e seus efeitos sobre os objetos de cena:

15. Selecione dois espetáculos que sirvam de exemplo em que a Iluminação


Cênica criada por você tenha objetivos diferentes em relação a objetos a
serem destacados: Qual a principal diferença entre a Iluminação Cênica destes
dois espetáculos, de acordo com o projeto de luz criado?

16. Você concorda que a tecnologia veio como elemento modificador?


Racionalizando o processo de montagem, contribuindo e dando um novo
conceito ao fazer artístico? Fale um pouco sobre isso:

81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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