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UFRJ
Orientador:
Prof .Dr Aldo Carlos de Moura Gonçalves
Co-Orientador:
Prof. Dr José da Silva Dias
Rio de Janeiro
2006
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ILUMINAÇÃO CÊNICA COMO ELEMENTO MODIFICADOR
DOS ESPETÁCULOS:
SEUS EFEITOS SOBRE OS OBJETOS DE CENA
Aprovada por:
_______________________________
Orientador, Prof. Aldo C. M. Gonçalves. (D.Sc.)
Prof. Adjunto – FAU-UFRJ
_______________________________
Co-orientador, Prof. Jose da Silva Dias (D.Sc.)
Prof. Adjunto – UNIRIO
_______________________________
Prof. Eunice Bomfim Rocha (D.Sc.)
Prof. Adjunto – FAU-UFRJ
_______________________________
Prof. Maria Maia Porto (D.Sc.)
Prof. Adjunto – FAU-UFRJ
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1
CÊNICOS ......................................................................................................... 12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………….….82
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar como a iluminação cênica é capaz de
modificar e valorizar os espetáculos, além de observar os efeitos da luz sobre os objetos de
cena, buscando a otimização da criação de luz, dos elementos e equipamentos utilizados.
ABSTRACT
The lighting is a powerfull resource of the spectacle, it makes possible cutting objects
in the space, isolate actors, decrease and increase areas in the stage, reveal hight, the
outline, the countour and the deepness. Is a resource that allows emphasize the essence
elements in scene and eliminate the further.
This work has as objective analyze how scenic illumination is capable of changing and
valorize the spectacles, besides observate the light effects above the objects of scene,
looking for the optimize of the creation of light, of the elements and used equipments.
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo principal analisar como a iluminação cênica é
capaz de modificar e valorizar os espetáculos, buscando a otimização da criação
de luz, dos elementos e equipamentos utilizados.
Este trabalho apresenta em seu primeiro capítulo a iluminação e sua relação com
os espaços. No primeiro item; a iluminação artificial e sua evolução, iniciando na
primeira chama desde a descoberta do fogo há milhares de anos atrás, até a
criação da lâmpada incandescente. É descrita também a iluminação natural e, sua
relação com os espaços cênicos, apresentando o Teatro Grego, Romano, Italiano
1
até o Teatro Elisabetano e a utilização da iluminação cênica natural nos dias de
hoje.
2
CAPÍTULO 1
3
1. A ILUMINAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM OS ESPAÇOS
visual. Ela faz parte de sua vida e de seu dia-a-dia, do seu modo de habitar.
Desde que nasce, o homem está sendo submetido ao ritmo da natureza, da
existência da noite e do dia, elementos que são condições necessárias para que
ele se sinta pertencente ao próprio tempo.
1
Walter Kholer, Lighting in Arquitecture
2
Nelson Solano Vianna, Iluminação e Arquitetura
4
1.1. A iluminação artificial e sua evolução
Com a necessidade de iluminar o que não podia ser visto desde o momento em
que o Sol se punha até o momento em que ele nascesse, percebeu-se que era
preciso criar soluções para que o homem pudesse exercer tarefas das mais
simples às mais específicas, sem depender da chegada do Sol, já que a luz
natural não tinha acesso a todos os ambientes. Com a invenção e a evolução das
fontes de luz artificiais, possibilitou-se a execução de atividades durante as vinte e
quatro horas do dia.
Fazer fogo e utilizá-lo de maneira produtiva foi fundamental para o homem iniciar
seu caminho rumo à civilização. Há evidências de que o fogo já era utilizado pelo
homem na Europa e na Ásia, no período paleolítico posterior.
5
A partir deste momento, o primeiro passo foi dado para que o homem levasse o
fogo até sua habitação. Por meio de uma tocha com uma haste de madeira e
alguns gravetos a chama incandescente era levada de seu lugar natural até a
caverna ou acampamento, onde o fogo poderia ser mantido indefinidamente,
como uma fonte constante de calor, luz e proteção (fig.1.2).
6
O fogo teve ainda uma outra utilidade, menos óbvia hoje em dia, mas talvez a
mais importante de todas, quando foi descoberto pela primeira vez. O fogo
oferecia proteção contra os animais selvagens que atacavam os homens
primitivos. Uma fogueira ardendo constantemente em um acampamento mantinha
os predadores afastados. Por isso que a descoberta do fogo permitiu uma maior
mobilidade. Contando com o fogo como meio de proteção, pequenos grupos de
homens que anteriormente tinham que viajar em grandes bandos para se
defenderem podiam se aventurar para lugares mais distantes em busca de
alimentos ou de moradia.
Somente muito tempo depois que o homem verificou as faíscas saindo de “dois
galhos que eram esfregados pela ação do vento” é que surgiu a idéia de tentar se
obter fogo através do atrito de dois pedaços de pau. Provavelmente a produção
do fogo pelo Homo erectus, o ancestral imediato do homem moderno, só
aconteceu no período neolítico, cerca de 7 mil anos AC. O Homo erectus
descobriu uma forma de produzir as primeiras faíscas, através do atrito de pedras
ou pedaços de madeira. Para reproduzir o fenômeno, tentou diferentes tipos de
pedras, até se decidir pelas melhores, como o sílex 3 e as piritas 4 .
F F F F
Utensílios foram criados, sendo que, um dos primeiros, foi uma pequena vareta de
madeira, que era girado rapidamente entre a palma das mãos, enquanto era
pressionado em uma lasca plana de madeira. Mais tarde, as puas de arco e corda
foram usadas para fazer girar mais rapidamente a vareta, fazendo com que o fogo
pegasse mais depressa. Somente tempos depois se descobriu que uma faísca
poderia ser criada esfregando-se piritas de ferro com uma pedra.
3
Sílex é uma rocha biogênica do grupo dos acaustobiólitos (rochas de origem biológica não combustíveis),
H H H H
4
O mineral pirita, ou pirita de ferro, é o nome comum do disulfeto de ferro
H H H H H
7
Nas cavernas, após a descoberta do fogo, tochas passaram a iluminar os homens
primitivos. Neste tempo pré-histórico, ao descobrir que também podia fazer fogo, o
homem logo compreendeu as vantagens de utilizar a luz, passando a valer-se de
fachos e archotes. Com o passar do tempo, uma mecha de fibras retorcidas no
interior de um bambu, e gordura animal em fusão, deu origem à primeira vela, que
haveria de guiar e iluminar o caminho do homem por milhares de anos.
Nos dias de hoje pode-se dizer, que a evolução da tecnologia moderna pode ser
caracterizada por um aumento e um controle cada vez maior sobre a energia. O
fogo foi a primeira fonte de energia descoberta e conscientemente controlada e
utilizada pelo homem.
8
1.1.2. Da vela à lâmpada incandescente
A mais antiga do que as velas, as tochas eram usadas desde a época pré-
histórica. Quanto à utilização das tochas, havia um domínio sobre o tempo de
durabilidade da chama e luminosidade das mesmas. Conheciam-se os tipos de
madeira que tinham grande quantidade de resina combustível, que não se
consumiam com rapidez. A luminosidade era muito pequena se comparada com
as lâmpadas a óleo que sucederam as tochas.
(fig. 1.3). Estes tipos de iluminação duraram até o século XVIII. As luminárias a
querosene, gás e eletricidade, são conquistas dos séculos XIX e XX, na busca da
luz para a vida do homem.
5
Estearina - Vela de gordura, retirando-se a glicerina dela diminui o odor e a fumaça.
9
Figura 1.3- Lâmpada à óleo para uso doméstico e público
Fonte: www.stage-lighting-museum.com
H
10
Somente há cerca de dois séculos, no final do século XVIII, o físico Amié Argand 6 F F
Nas ruas de Londres o gás começa a ser utilizado a partir de 1807 e, Paris em
1819. Na iluminação doméstica, o gás passa a ser utilizado em 1840.
Há pouco mais de um século, a idéia de chama como fonte de luz foi trocada pelo
conceito de um corpo incandescente sólido. As duas maiores invenções do
período foram à lâmpada a gás e a lâmpada elétrica incandescente em 1879.
6
Amie Argand, inventor suíço, empregou seus conhecimentos científicos e criou a luminária a gás.
11
Na segunda década do século XX, passou a ser possível produzir luz sem
desperdício de energia com seu subproduto final, o calor. Nessa época foram
criadas as lâmpadas de descarga elétrica em várias formas e em escala
comercial. Elas vêm sendo aperfeiçoadas até os dias de hoje.
A iluminação cênica natural, inicia-se na luz solar usada desde os gregos até os
elisabetanos, chegando às diferentes fontes de luz empregadas a partir de
meados do séc. XVI, quando o teatro recolheu-se pela primeira vez em salas
fechadas.
12
inicialmente com as canções dionisíacas (ditirambos 7 ). A tragédia, em seu estágio
F F
Todos os papéis eram representados por homens, pois não era permitida a
participação de mulheres. Os escritores participavam, muitas vezes, tanto das
atuações como dos ensaios e da idealização das coreografias. O espaço utilizado
para as encenações, em Atenas, era apenas um grande círculo. Com o passar do
tempo, grandes inovações foram sendo adicionadas ao teatro grego, como a
profissionalização, a estrutura dos espaços cênicos (surgimento do palco elevado)
etc. Os escritores dos textos dramáticos cuidavam de praticamente todos os
estágios das produções.
7
Diritambo era o nome dado ao ritual oferecido ao deus grego Dionísio. Era uma 'dança de saltos' ou dança
de abandono, acompanhada por movimentos dramáticos e dotada de hinos apropriados.
8
Poeta trágico grego. Segundo a tradição ateniense, foi o criador da tragédia a introduzir nos espetáculos
dionisíacos da primavera de 535 a.J.C. um poema que narra as aventuras de um herói.
9
Plauto-Titus Maccius Plautus, dramaturgo da República Romana , viveu por volta dos anos de 230 a.C. e
H H
180 a.C., pois suas 21 peças que se preservaram até os dias atuais datam entre os anos de 205 a.C. e 184
H H H H H
a.C. . H
10
Terêncio-produtor teatral da Roma antiga que em suas peças imitava o teatro grego, escreveu numerosas
comédias, algumas vezes valendo-se das mesmas fontes gregas a que Plauto recorrera, mas dando a essas
fontes um tratamento diverso, com fortes contribuições pessoais.
13
No século XVII, o teatro italiano experimentou grandes evoluções cênicas, muitas
das quais já o teatro como atualmente é estruturado. Muitos mecanismos foram
adicionados à infra-estrutura interna do palco, permitindo a mobilidade de cenários
e, portanto, uma maior versatilidade nas representações.
Nesta mesma época no Brasil, o teatro tem sua origem com as representações de
catequização dos índios. As peças eram escritas com intenções didáticas,
procurando sempre encontrar meios de traduzir a crença cristã para a cultura
indígena. Uma origem do teatro no Brasil deveu-se à Companhia de Jesus, ordem
que se encarregou da expansão da crença pelos países colonizados. Os autores
do teatro nesse período foram o Padre José de Anchieta 11 e o Padre Antônio F F
Durante séculos o teatro foi realizado à luz do sol, sem necessidade de iluminação
artificial. O espetáculo começava de manhã, e só terminava quando o sol ia
embora, era como se a luz natural dirigisse todo o espetáculo lá do alto. Quando
chegava o final da tarde, essa luz se recolhia e o espetáculo cessava. Em pouco
tempo a luz regressava às vezes pálida, nevoenta, translúcida, outras vezes clara
e absoluta, essa luz superior projetava raios em toda as direções e refletia, nas
superfícies, volumes e cores, assim o palco e a platéia podiam se reencontrar e, o
espetáculo poderia continuar. Na Grécia, as apresentações eram feitas em amplos
teatros, construídos de forma semicircular e planejados para que não
apresentassem problemas de acústica ou de visibilidade. As arquibancadas eram
11
Jesuíta, gramático e poeta lírico espanhol nascido em La Laguna de Tenerife, Ilhas Canárias, conhecido
como o Apóstolo do Brasil, de admirável trabalho de catequização dos indígenas brasileiros
12
Padre, orador sacro, missionário, diplomata e escritor português nascido na Freguesia da Sé, em Lisboa,
cuja extraordinária obra e religiosidade sempre estiveram ligadas a fatos econômicos e políticos. Filho de um
14
escavadas nas encostas das colinas e tanto o público quanto os atores, ficavam
expostos à luz do sol, aos ventos e a brisa do mar. Já de manhã milhares de
pessoas tomavam seus lugares nas arquibancadas e ali permaneciam o dia
inteiro. Por mais que fosse o mesmo espetáculo a ser apresentado, eles eram
únicos, já que a iluminação assim como brilho e sombra dependiam das condições
atmosféricas; movimento das nuvens e das diferenças de intensidade e
luminosidade da luz solar (fig.1.6).
servidor do governo colonial, de origem modesta e com ascendência africana, destacado como funcionário,
para trabalhar na Bahia, no Brasil.
15
Figura 1.7 - Teatro atual - Teatro Romano de Orange
Fonte: www.choragies.asso.fr/gb/historie
Figura 1.8 - Teatro Romano de Orange Figura 1.9 - Teatro Romano de Orange
Fonte: www.choragies.asso.fr/gb/historie Fonte: www.choragies.asso.fr/gb/historie
H
16
Figura 1.10 - Teatro Romano de Orange - Festival Corais de Orange
Fonte: www.choragies.asso.fr/gb/historie
H
A Inglaterra dos fins do século XVI era uma sociedade orgulhosa: acabava de se
converter na grande potência marítima da Europa, derrotando a Invencível
Armada espanhola; os marinheiros e os militares britânicos puseram-se a
conquistar e colonizar o mundo conhecido, e o comércio e a indústria começaram
a florescer. A rainha Elizabeth I (1558-1603) encarregou-se de promover esse
patriotismo entre seus súditos e o teatro foi um bom instrumento para consegui-lo.
13
Encenador inglês redistribui o conhecimento que extrai da prática teatral. O trabalho de Brook inclui o
compromisso de difundir idéias e métodos úteis a outros núcleos de produção teatral.
17
Os autores mais notáveis deste período são Christopher Marlowe 14 , Ben Jonson 15 F F F F
14
Christopher Marlowe (batizado a 26 de fevereiro de 1564 – morto em 30 de maio de 1593 ) foi um
H H H H H H H H
dramaturgo , poeta e tradutor inglês que viveu no Período Elisabetano . Foi o maior renovador formal do teatro
H H H H
do período com a introdução dos versos brancos, e uma influência forte sobre as primeiras obras de
Shakespeare .
H H
15
Benjamin Jonson, dramaturgo inglês mais conhecido como Ben Jonson ( Westminster , 11 de Junho de
H H H H
1572 - Londres , 6 de Agosto de 1637 ), Começou a afirmar sua reputação graças à versão inicial de Cada
H H H H H H H H
homem com seu humor, de 1589 e que foi representada no Globe Theatre pela Companhia de Shakespeare.
H H H H H H
16
Shakespeare Dramaturgo e poeta inglês (23 de Maio de 1564, 23 de Maio de 1616). Destaca-se entre os
mais importantes da história do teatro. Nasce em Stratford-upon-Avon, onde faz os primeiros estudos. Entre
1590 e 1594 redige a primeira peça, A Comédia dos Erros. Ainda nessa época escreve 154 sonetos,
considerados até hoje os mais belos e mais importantes da língua inglesa.
18
Figura 1.11 - Planta Baixa – Teatro Elisabetano
Fonte: Luz e Cena - Julho de 2005
19
Existem traços comuns entre o teatro elisabetano (ou isabelino, como é conhecido
na Espanha) e o teatro castelhano do Século de Ouro: a representação de
H H
Essa fase se encerra com o fechamento dos teatros por ordem do Parlamento em
1642.
20
1.2.3. Sua utilização nos dias de hoje
21
Figura 1.15 - Teatro Municipal de Ouro Preto - Vista da platéia
Fonte: Arquitetura do Brasil III
22
As colunas de apoio dos pisos inferiores foram substituídas pelas de ferro, de
seção menor, privilegiando a visibilidade dos camarotes.
Foi tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1995, porém usando o nome
Teatro Municipal de Ouro Preto. Contratador dos reais quintos 17 e das entradas, F F
17
O rei de Portugal era, por lei, o dono do subsolo, razão pela qual cobrava o "quinto" do metal extraído. Em
1716, depois de experimentar diversas formas de cobrança desse tributo, as Câmaras Municipais de Minas
Gerais propuseram substituí-lo por taxas fixas impostas sobre as mercadorias "entradas" na região de
mineração. Apesar da proposta não ter sido aceita pela Coroa, em 1º de outubro de 1718, os postos
23
Souza Lisboa, fascinado pela arte teatral, recebeu desde o início apoio do Conde
de Valadares, governador da Capitania, e de seu secretário, o poeta Cláudio
Manoel Costa.
Enquanto viveu, Souza Lisboa esteve à frente da Casa da Ópera de Vila Rica,
contratando atores em Sabará e no Tijuco, relacionando nomes de personalidades
influentes - intelectuais, militares, políticos - capazes de prestigiá-lo em momentos
decisivos, preocupando-se com a pintura e a decoração do prédio. Inevitável,
portanto, que a casa da Ópera de Vila Rica morresse um pouco com seu criador,
em 1778.
Ressurgiu oito anos depois, triunfalmente, nas festas dos desposórios 18 do infante F F
D. João, com três noites de ópera. A partir daí, sob diferentes administradores, a
Casa da Ópera viveu períodos de altos e baixos, sem, no entanto, deixar de
funcionar.
Nem o Teatro desabou, nem outro foi construído. E a reforma, concluída após sete
anos, foi executada com perfeição e economia.
arrecadadores denominados "registros" nas estradas que levavam à região mineira. A arrecadação do tributo
era, comumente, cedida a um "contratador", que pagava ao fisco, em parcelas, uma quantia fixa, em troca do
direito de cobrar o imposto em seu próprio proveito.
18
Desposórios - casamentos
24
1.3. Revisão histórica da iluminação artificial nos espaços cênicos
25
Em muitos destes novos espaços fechados que passaram a abrigar os
espetáculos, existiam janelas permitindo a captação de luz externa em parte do
dia; durante a noite eram utilizadas velas para garantir a visibilidade, sendo por
muito tempo a única fonte de luz do teatro, produzindo no entanto; uma luz
instável, oscilante e, difícil de ser controlada. Durante os séc. XVII e XVIII foram
utilizados candelabros nos teatros, espalhados pelo espaço cênico e platéia
(fig.1.20 a 1.24). Chegou-se a experimentar sebo na confecção de velas com o
objetivo de aumentar o seu tempo de vida, mas, devido ao mau cheiro estas velas
foram pouco utilizadas. Mais tarde vieram os lampiões a óleo criados por Argand,
sua luminosidade era maior que das velas. No entanto a queima de óleo trazia
alguns inconvenientes como a sujeira que produzia nos tetos, paredes, cortinas
além do risco de pingar em alguém (fig.1.25).
Figura 1.20 e Figura 1.21 - Candelabro com vários tipos de velas tornou-se comum no final do sec.XVI
Fonte: www.stage-lighting-museum.com
H
26
Figura 1.22 - Luminária utilizada para aplicação de vela - luz de ribalta
Fonte: www.stage-lighting-museum.com
H
Figura 1.23 - Modelo do século XVII Teatro Francês abrange candelabros e luz de ribalta
Fonte: www.stage-lighting-museum.com
27
Figura 1. 24 - Iluminação do Palácio Richelieu Cardeal Richelieu, rei Luis VIII e sua rainha no teatro privado
do Cardeal em 1641.Iluminação feita através de candelabros.
Fonte: www.stage-lighting-museum.com
28
Novos combustíveis foram utilizados, como óleo de baleia e querosene. Por mais
que os artesãos, técnicos de luz e os diretores teatrais tentassem resolver as
condições de visibilidade, as fontes de energia que se dispunha ainda eram muito
precárias. Sua luminosidade era instável, difícil de controlar, sem direcionamento,
bastante diferente e pouco eficiente comparando-se à iluminação hoje utilizada
nas casas de espetáculos.
19
Nicola Sabbatini nasceu em 1574, em Pesaro, na Italia. Morreu em 25 de dezembro de 1654. Arquiteto e
engenheiro, abriu caminho para novas técnicas de iluminação teatral.
29
Figura 1.27 - Lâmpada à óleo criada por Sabbatini
Fonte: Theatre Lighting Before Eletricity
A nova lâmpada trazia mais claridade do que as mais avançadas lâmpadas a óleo
da época. As lâmpadas de Argand foram primariamente introduzidas no teatro
francês em 1784. A partir de 1850 o gás é utilizado de forma genérica nos teatros.
30
Figura 1.28 - Luminária a gás criada por Argand
Fonte: www.stage-lighting-museum.com
H
RESUMO
31
CAPÍTULO 2
32
2. A iluminação cênica artificial
1
Relativo a signos; unidade principal constitutiva da linguagem humana, representada pela associação entre
um significado e um significante, ou seja, entre um conceito e uma imagem acústica.
33
Figura 2.2 - Foto do espetáculo Matulao – Trupe do Passo
Fonte: Mauro Kury
34
Figura 2.4 – Foto – Espetáculo Teatral Figura 2.5 – Foto – Espetáculo de Dança
Fonte: www.luxious.com/portifolio Fonte: www.blainekimball.com/images/theater_lighting.jpg
H
35
2.1. A inclusão da iluminação cênica nos primeiros espetáculos
Por dois mil anos, 500 A.C e 1500 D.C., o teatro não necessitou de outra luz que
não fosse o sol, apenas raras exceções como nas Igrejas na Idade Média, Europa
no século IX, onde se fazia teatro na própria Igreja.
À vela, invenção dos fenícios, foi durante muito tempo à única iluminação que os
teatros possuíam.
Não havia necessidade de iluminação artificial para o teatro, pois a arte cênica
acontecia durante o dia e era desenvolvida em locais abertos. Entretanto quando o
espetáculo se prolongava, era preciso recorrer ao fogo para iluminá-lo no meio
para o final, através de tochas ou fogueiras. Os espetáculos feitos nas Igrejas
eram iluminados com velas ou círios 2 . F F
2
Círios, velas compridas. Antigamente feitas de sebo de boi.
36
A produção do teatro renascentista ficava na mão do arquiteto do teatro,
responsável pelo cenário e iluminação e, algumas idéias importantes como: o
humor específico como uma tragédia, iluminação indireta com a utilização de
espelhos, escurecimento do auditório, passo muito importante.
A lâmpada a gás, que foi introduzida em 1784 pelo inventor suíço Argand, foi um
grande progresso comparado às tradicionais lâmpadas a óleo de chama aberta.
Argand empregou conhecimento científico no papel do recentemente descoberto
oxigênio em combustão. As lâmpadas de Argand foram primariamente
introduzidas no teatro francês.
3
Frederick Winsor, R.L. 1888, Fundador da Middlesex School , professor de teatro.
4
Bayreuth cidade situada na Alemanha
5
Wilhelm Richard Wagner (22 de maio de 1813 - Leipzig, 13 de fevereiro de 1833 - Veneza) compositor
clássico alemão.
37
Figura 2.8 - Lyceum Theatre de Londres – Vista Palco
Fonte: www.unlikelymoose.com
H
38
No século XIX as inovações cênicas e infra-estruturais do teatro tiveram
prosseguimento. O teatro de Booth de Nova York (fig. 2.10) já utilizava os recursos
do elevador hidráulico. Os recursos de iluminação também passaram por muitas
inovações e experimentações, com o advento da luz a gás.
39
Figura 2.11 - Savoy Teatre
Fonte: www.hotelsoftheworld.com
H
Somente nos últimos quatro ou cinco séculos que o teatro tem geralmente sido
realizado em ambiente fechado e, a luz tem sido usada para iluminar o palco e os
atores. Velas, tochas, lâmpadas a óleo e a gás, cada uma por sua vez, contribuiu
com meios de produzir esta luz e, permitiu algum grau de efeito. A eletricidade
chegou, e com ela novas idéias.
Sem a iluminação nada pode ser visto; é o primeiro dos estímulos da mente
humana e, o homem é sensível a todas as suas nuances.
Por séculos, são escritas nos espetáculos a luz que o homem tem conhecido em
suas vidas; agora esta luz pode ser “manipulada“ no palco. Seu efeito visual e
emocional pode ser usado para acompanhar e influenciar a atuação, como a
evolução da técnica mostra, é sem limite.
40
2.2. A iluminação cênica artificial nos dias de hoje
HISTÓRIA DA ILUMINAÇÃO -
A luz elétrica veio proporcionar melhores condições para visibilidade e abrir novos
caminhos não só para a iluminação como para o teatro em geral. Ela provocou
mudanças no conceito de cenografia, figurinos, alterando completamente o
aspecto visual do espetáculo.
2.2.1.Seus Elementos
Hoje em dia são utilizados vários equipamentos como o spotlight, que permitiu
isolar e precisar as zonas de ação, pôs o artista em evidência, detalhou cenários e
objetos e, iluminando as cenas de vários ângulos valorizou as três dimensões.
Hoje são muito utilizados os projetores plano-convexos para fachos difusos assim
como o Projetor Fresnel 6 . Em longas distâncias surgiram os canhões seguidores
F F
6
Refletor com um tipo de lente dotada de sulcos prismáticos concêntricos, dele se obtem uma luz muito
constante, seus fachos se misturam sem deixar marcas ou contornos acentuados.
41
Outros refletores bastante usados são as carcaças usadas com lâmpadas Par (fig.
2.12), a utilização de cores tornou-se cada vez mais presente nos espetáculos e,
estes refletores permitem a utilização de gelatinas coloridas de forma bastante
satisfatória.
42
CAPÍTULO 3
43
3. A Iluminação Cênica como Elemento Modificador
A luz tem a capacidade de mudar a aparência das coisas. Uma paisagem vista
num dia ensolarado pode parecer brilhante, cheia de contrastes fortes e
tonalidades diferentes, no entanto esta mesma paisagem vista em um dia nublado
apresenta características completamente diferentes. O mesmo acontece com a
iluminação artificial em ambientes internos, onde lâmpadas utilizadas apresentam
índice de reprodução de cor e temperaturas diferentes, assim como a posição de
luminárias e quantidade de luz aplicada no palco, podendo torná-lo quente, frio,
aconchegante ou impessoal.
Além de modificar a aparência física dos objetos e dos ambientes que ilumina, a
luz tem também o poder de agir sobre as pessoas, alterando seu estado de
espírito, seu humor, através das impressões psicológicas que causa.
44
Figura 3.2 – Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada
Fonte: http://www.altmanlighting.com/
H
45
Figura 3.5 - Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada
Fonte: http://www.altmanlighting.com/
H
46
A iluminação cênica é planejada com a finalidade de causar envolvimento e
provocar impressão psicológica aos espectadores. A começar pelo tipo de
lâmpada empregada. Um espetáculo a luz de velas causa uma impressão
completamente diferente de espetáculo iluminado com lâmpadas halógenas, em
conseqüência do tipo de luz emitida. A mesma cena é vista então sob claridades
diferentes despertando as mais diversas reações.
Quando se ilumina um objeto com uma luz incidente, mas que não ilumina por
igual todos os lados do seu corpo, estabelece-se diferenças entre os lados mais
iluminados e os que recebem menos quantidade de luz, essa diferença denomina-
se contraste de iluminação. Através deste contraste modificam-se os objetos
iluminados, dá-se a estes formas aparentemente diferentes e possibilitando
também a criação de cenas diferenciadas. Iluminando o mesmo objeto estático de
diferentes ângulos e de forma seqüenciada, pode-se dar a este a aparência de
estar em movimento. Lembrando ainda da utilização de cores, que auxiliam a
iluminação cênica e criam diversas atmosferas, cenas iluminadas com cores
diferentes, podem retratar aparentemente situações térmicas distintas (fig. 3.8 e
3.9).
47
Figura 3.9. - Cena do espetáculo Áse – Ana Vitória Companhia de Dança
Fonte: Mauro Kury
A luz reinventa o objeto, como ele estivesse sendo visto pela primeira vez. Revela
sua configuração, materialidade, textura; realça os contornos, as dobras, as,
curvas, as ondulações, o arredondamento, largura, espessura, profundidade, cor,
peso, brilho e transparência. O espectador, mesmo sem sair do lugar, pode ter
uma impressão visual completa dos objetos, como se os estivesse vendo sob
todos os ângulos. Uma simples mesa, sem a menor importância perceptiva, pode
transformar-se num objeto interessante e admirável.
48
A cenografia, os objetos, os atores, os figurinos, o palco, na sua tonalidade visual,
possuem uma claridade local inerente a ele próprio. Uma luz ambiente,
aparentemente uniforme, revela que alguns objetos são mais claros e outros mais
escuros, tornando evidente as características destes objetos (fig. 3.10 e 3.11).
A cor faz parte da simbologia e do imaginário do ser humano, mas, sem luz é
impossível compreendê-la, no escuro as cores não podem ser observadas. A
qualidade e a quantidade da luz utilizada, responsável por projetar uma
determinada luz colorida, influi diretamente no reconhecimento e resultado da cor
sobre os objetos.
49
às mesmas cenas apresentadas, aos olhos de seus espectadores, é capaz de
trazer sensações de diferentes temperaturas (fig. 3.12).
Figura 3.12- Esfera branca exposta a cores quentes e frias; Lavander 57, Fire 19 e Médium Âmbar 20
Fonte:http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/misturabranca
Para obter o resultado da “luz colorida” como na figura acima, podem ser
utilizadas lâmpadas que apresentam seu bulbo já colorido, filtros de vidro, cristal e
material plástico de diferentes cores, mas, na iluminação cênica principalmente em
ambientes fechados, são utilizadas folhas de gelatinas 1 , que apresentam uma
F F
1
Folha de material transparente, geralmente de poliester ou policarbonato, posicionada em frente aos
refletores para colorir ou filtrar luzes. Encontram-se disponíveis no mercado gelatinas de inúmeras cores, em
diversos tons. Fundamental quando se deseja utilizar cor para desenhar a cenografia.
50
Hamilton Saraiva 2 , em sua obra cita:
F F
2
Hamilton Figueredo Saraiva, Interações Físicas e Psíquicas geradas pelas cores na iluminação teatral . Tese de
Doutorado, Escola de Com. e Artes, 1999 São Paulo.
3
Teatro e Comunicação: Aspectos de cena”, 1995, UFRJ
51
Em muitos casos selecionamos ambientes que iremos freqüentar de acordo com a
iluminação deste, às vezes sem percebermos. Uma iluminação aconchegante
torna um ambiente mais agradável. Os estudos de iluminação ambiental mostram
a importância e o poder da luz na divisão dos espaços, na criação de
compartimentos, na sugestão de profundidade, altura, extensão, no destaque dos
objetos, no contraste de tons, na valorização dos detalhes, texturas, volume,
transparência e brilho (fig. 3.14).
52
3.3. A importância da sombra na iluminação
4
Michael Baxandall - Professor de arte renascentista italiana, nasceu em 1933 na cidade de Cardiff,
Inglaterra.
53
sombra, e sombreamento. Todos os objetos ganham volume ao combinar em
graus diferentes essas formas de sombras.
A sombra projetada é causada por um obstáculo entre uma superfície e uma fonte
de luz. Por exemplo, quando se afina um foco em determinado ator, tem-se a
sombra dele no palco. Aqui, o ator seria o obstáculo que causaria a sombra no
piso do palco (fig. 3.16 a 3.19).
54
A auto-sombra é aquela de uma superfície que fica fora do alcance do facho de
luz. Em um contra-luz (fig. 3.20), iluminação posicionada por detrás do objeto a ser
iluminado, o rosto do ator está em situação de auto-sombra. A sombra projetada é
mais escura que a auto-sombra, pois, a contraluz haverá sempre um pouco de
reflexo da luz rebatida do chão, no rosto do ator. Já o sombreamento se dá pelo
ângulo que a luz forma com a superfície a ser iluminada.
Esta é uma técnica utilizada com as sombras projetadas por algum foco de luz
através de uma cortina. Nos palcos a "sombra chinesa" é a utilização desse efeito
como linguagem plástica e de cena.
Efeitos de sombras "chinesas" devem ser bem estudados para que o resultado
final seja satisfatório, tanto plasticamente quanto em termos de linguagem cênica.
Alguns conhecimentos básicos de comportamento da luz e de materiais são
necessários para a realização desse efeito.
55
Figura 3.21 - Visão interna da sombra projetada Figura 3.22 - Visão externa da sombra projetada
Fonte: www.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica17
H H Fonte:
H www.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica17
Figura 3.23 -Visão int. sombra proj. sobre projeção Figura 3.24-Visão ext. sombra proj. sobre projeção
Fonte: www.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica17
H H Fonte:
56
H www.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica17H
Figura 3.25 -Visão int. sombra proj. 02 focos Figura 3.26 -Visão ext. sombra proj. 02 focos
Fonte: www.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica17
H H Fonte:
H www.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica17H
57
CAPÍTULO 4
ANÁLISES E OBSERVAÇÕES
58
4 . ANÁLISES E OBSERVAÇÕES
No conteúdo deste capítulo, entrevistas feitas com lighting designers atuantes em nosso
país, serão apresentadas com o objetivo de esclarecer; dúvidas e questões através da
técnica, opiniões próprias e experiência de décadas de trabalho, além de exemplos de
iluminações cênicas criadas e executadas em espetáculos. Após a análise destas
entrevistas, observações são feitas.
4.1. Entrevistas
A seguir, será apresentado um resumo do conteúdo das entrevistas feitas com os lighting
designers Jorginho de Carvalho e Aurélio di Simoni.
Esta primeira entrevista foi feita com Jorginho de Carvalho, lighting designer, um dos
conceituados em nosso país. Em quarenta e cinco anos trabalhando na área de iluminação
cênica, ele criou e iluminou centenas de espetáculos. Conhecido principalmente por seus
trabalhos na área teatral, recebeu vários prêmios por suas criações, entre eles o Prêmio
Moliére de Teatro.
O passo inicial em uma nova produção, no caso; criação de luz, é saber o tema do
espetáculo que será iluminado e, o local em que ele será realizado. Quando o espaço em
que se irá trabalhar é conhecido, torna-se mais fácil à produção, em relação ao material que
se tem disponível para a montagem de luz e, o que irá precisar.
Por mais equipado que seja um espaço para apresentação em nosso país, ele nunca está
completamente preparado para receber certas produções. Por isso antes de se começar um
novo projeto, é importante conhecer o local em que será apresentado o espetáculo.
Conhece-se o teatro, o tipo de mesa, as especificações; os suportes, as varas de luz, varas
elétricas, varas de frente, varas de fundo e contraluz, observa-se tudo para formar-se a
produção de luz. A partir do conhecimento local, verifica-se então a necessidade ou não de
mais equipamentos, inclusive a quantidade da mão-de-obra e sua especialização.
O destaque que será feito pela iluminação cênica, depende de cada espetáculo, não existem
regras. O texto narrado e encenado pelos atores e, a atmosfera que deve ser criada para
cada cena, induz ao que deve ser destacado pela luz.
A Iluminação está para um espetáculo, na mesma proporção que a cenografia está para a
indumentária (figurinos); a direção está para o texto e a atuação do elenco, e se for o caso, a
música, quando houver. Ou seja, o "Fazer Teatral" é uma ação coletiva que quando resulta
em um espetáculo, este é proporcionado pela ação harmônica da individualidade de várias
áreas de criação, sob a égide de uma Direção (o diretor do espetáculo).
Com relação à cor costuma-se deixar que as matizes surjam de forma natural, pois
normalmente no início da criação de uma luz deve-se pensar sempre na luz branca para
liberar a percepção do que os olhos estão vendo e então as cores surgem naturalmente.
Por outro lado entende-se que luz é cor e que "Cor Luz" é totalmente distinta da "Cor
Pigmento". Este é um assunto complexo, pois é preciso levar em conta que a "Cor Luz" vai
iluminar variados tons de figurinos em espaços distintos de uma cenografia em diversas
cenas de um espetáculo, e a cor pigmento tem uma tela fixa que se iniciará uma forma a ser
desenhada.
60
(regiões ensolaradas) que propicia a maior descontração nas pessoas, proporcionando a
aproximação de objetos (cenários) iluminados em espaços cênicos.
A chegada do moving light foi uma novidade, parecida com a chegada da mesa digital, do
raio laser, da mesa computadorizada. O moving foi variante, ele surgiu com espelhos que se
moviam, depois com um sistema de palhetas de cor. Refletores que mexiam só a cabeça e,
posteriormente surgiram os que mexem o corpo todo. Hoje em dia as produções que
possuem os moving light espelhados já estão desatualizadas, é o mesmo que possuir uma
mesa de luz que não é digital.
Novos equipamentos como o moving ou catalyst, essa nova tecnologia, são utilizados
normalmente por novos operadores, mas, é importante não se deslumbrar sem saber o
conceito da iluminação. Ainda existem efeitos utilizados por refletores antigos. O teatro é
uma arte coletiva por isso deve ser criada uma luz em cima de todo o conjunto que será
apresentado e, muitas vezes a tecnologia não está ligada à coletividade. A iluminação
cênica utilizada em um show, é diferente da criada para um espetáculo de teatro. As
preocupações são diferentes, este não é um meio tão coletivo quanto o teatro, o artista deve
passar a emoção através de sua música e, o teatro vem por inteiro.
Aurélio di Simoni em 28 anos de carreira, já realizou mais de 800 trabalhos nas áreas de
teatro, dança, shows entre outros projetos. Conceituado lighting designer recebeu prêmios
como; Prêmio Shell de Teatro, Mambembe.
Um dos requisitos para aceitar um novo projeto é uma remuneração profissional. Já que em
nosso país não existe tabela para essa atividade, o valor cobrado para a criação é o que se
acha justo, como em vários seguimentos artísticos. Ao espetáculo adulto, o custo pela
criação é diferente do cobrado para o infantil, já que o retorno de bilheteria normalmente é
maior. Quando a produção se propõe a custear o valor estabelecido, a proposta é quase
sempre aceita. Em algumas produções, em que os recursos financeiros são menores que o
custo de montagem do espetáculo, provavelmente o valor acertado pela criação de luz será
menor que o solicitado pelo light designer. Esta proposta então só passa a ser aceita quando
61
há interesse do iluminador. Para isso deve-se levar em consideração o texto, a qualidade da
ficha técnica e a proposta do trabalho. Não se deve qualificar um trabalho artístico por bom
ou ruim, e sim quando ele não atende os requisitos de como o teatro deve ser feito. Deve-se
considerar que o Teatro é uma arte coletiva por excelência e não um exercício de
individualidade.
O próximo passo é ler o texto para saber como se deve caminhar a iluminação, já que
muitos textos são montados de uma forma chamada de vanguarda e ao decorrer do
espetáculo adquirem uma forma clássica. Os próximos passos para uma criação harmoniosa
são; ver os ensaios, conversar com a equipe de criação, manter o diretor como maestro da
orquestra e contribuir com a sua sensibilidade, e criatividade para o espetáculo.
Iluminar nada mais é que mostrar o trabalho de outros profissionais. Não diminuindo o
trabalho do iluminador já que para iluminar ele tem que entender de figurino, cenografia,
música, direção, trabalho de ator, coreografia, pois se seu trabalho não tiver um alcance
deste entendimento, pode atrapalhar a leitura do espetáculo. Para mostrarmos o projeto de
um profissional, precisamos saber que trabalho é esse. Essa é a grande virtude do
iluminador de espetáculos, ele deve saber ler e com a técnica, a sensibilidade e a
criatividade, deve trazer a plasticidade da proposta, para a razão do teatro que é a platéia,
que esta vendo e ouvindo o espetáculo.
62
Deve-se evitar o plano de luz equalizada, em que todo palco fica igual pois, a vida real não é
assim, o teatro retrata a vida. Em muitos momentos a luz que incide nas pessoas é diferente.
Trabalhar o plano geral um pouco mais fraco que a contraluz, deixa o objeto mais bem
delineado e melhor dimensionado na profundidade da cena.
Já em “Desesperados”, espetáculo adulto, as cenas são formadas por fotogramas, elas são
iluminadas de forma rápida e diferente como em histórias em quadrinho, a luz tem uma
63
particularização durante todo o tempo. Neste espetáculo são poucas as cenas em que
ocorre a iluminação em plano geral.
Para criar a luz três fatores são indispensáveis, criatividade, sensibilidade e técnica. Quanto
maior a técnica, maior o espaço para a criação e sensibilidade. Com o avanço da tecnologia,
e o surgimento de novos equipamentos, muitas foram às possibilidades de criação.
Baseada nas entrevistas apresentadas, é possível perceber o momento certo para aceitar
um novo projeto, de acordo com as condições oferecidas e, nele iniciar. A experiência
profissional nesta área otimiza o trabalho, visto que os passos iniciais já são conhecidos.
Deve existir liberdade quanto ao destaque que será feito pela luz em cena, não existem
regras, cada espetáculo tem suas características próprias, como as cenas da vida real. A
arte imita a vida.
Assim como a natureza, no teatro as cores e luz também são importantes, elas criam
atmosferas, nos mostram quando é dia, tarde ou noite. Brilho e intensidade também mexem
com as sensações humanas.
64
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A iluminação transforma o palco. Retira o que não é necessário ver, limita ou amplia a área
de atuação, substitui a cortina, aproxima ou distancia os atores em relação ao público,
captando a cena sob diversos ângulos; além disso, funciona como elemento de pontuação
do espetáculo, estabelecendo as pausas entre uma cena e outra, as transições os cortes
rápidos, as evoluções no tempo, as transformações de clima.
Adolphe Appia (1862-1928), cenógrafo e teórico suíço, foi um dos principais representantes
da corrente simbólica, propondo um teatro de atmosfera e sugestão, onde a luz desempenha
um papel fundamental. “Appia é sem dúvida um dos primeiros a tomar consciência dos
extraordinários recursos que a iluminação elétrica põe à disposição do encenador”.
De acordo com o trabalho apresentado e a análise das entrevistas feitas no quarto capítulo,
é possível trazer recomendações a profissionais da área e ao público interessado assim
como maior conhecimento da área de estudo. Estas recomendações são apresentadas
abaixo.
65
novos equipamentos aumenta a possibilidade de criação, no entanto a experiência
profissional é fundamental, assim como a criatividade e a sensibilidade adquirida através
anos trabalhando na área de iluminação.
O teatro é feito para ser apresentado ao público e por ele ser apreciado. A iluminação cênica
não foge a essa regra, ela deve trazer emoção aos espetáculos. Na iluminação cênica não
existem regras, como a vida. A arte imita a vida.
66
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares
Esse refletor é assim chamado, por ser utilizado com lâmpadas com um espelho
parabólico (Parabolic Alumized Reflector). O feixe de luz gerado por este refletor depende
do tipo da lâmpada usada.
Já que a lâmpada utilizada pode ser substituída, com a mesma luminária poderemos ter
dispersões de feixe de luz que vão desde iluminar uma grande área, até criar o efeito da
luz do sol ou da lua em um pequeno espaço, efeito do “Dedo de Deus”.
O modelo das lâmpadas é determinado pelo diâmetro do bulbo (fig. 2). O modo de
dispersão é função do tipo da lâmpada que é definida pelo seu diâmetro externo.
Fonte: www.altmanlighting.com
67
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares
De acordo com o quadro acima, a lâmpada Narrow Spot bulbo tem um feixe mais
pronunciado devido à alta concentração de energia e permite ver com riqueza de detalhes
as cores de fundo do cenário. Wide Flood Bulbs são usadas para iluminar uma área
grande ou onde houver poucas luminárias para cobrir uma grande área. Em pequenos
teatros recomenda-se o tipo MFL (medium flood) e a NSP (Narrow spot) que resolvem a
maior parte das situações.
68
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares
2. Elipsoidal
Fonte: www.altmanlighting.com
O refletor Elipsoidal está entre os mais complexos não automáticos refletores encontrados
em iluminação teatral, são usados por sua forte e bem definida luz e sua versatilidade.
Equipamento cujo foco é bem definido proporcionando luz dura. Utilizado geralmente para
projeção e recortes de imagens no fundo de estúdios e para efeitos no teatro, é também
utilizado para gerais de frente. Para abertura focal o equipamento possui uma íris
mecânica; para os recortes, jogos de facas e, para projeções; porta-gobos. Projeções são
feitas através de gobos 1 de aço, duralumínio ou gobos de vidro coloridos.
F F
Alguns modelos podem suportar porta-gobos rotatórios com encaixes para duas lâminas.
Existem também máquinas de efeitos para acoplagem na parte frontal do canhão.
O Elipsoidal tem uma eficiência maior do que o Fresnel devido o bulbo ser rodeado por
um reflector elipsoidal diferente do esférico do fresnel. Isto resulta num maior controle do
feixe de luz. Outra grande vantagem é o baixo consumo de energia onde lâmpadas de
750-575W iluminam igual a de 1000W de outras luminárias.
1
Gobo- mascara com desenhos em metal ou outro material para projeção de imagens
69
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares
Fonte: www.telem.com.br
O PC um refletor bastante utilizado em teatro, leva esse nome por que utiliza uma lente
plano-convexa para fazer com que os raios luminosos tenham uma incidência focalizada
em determinado campo e produza uma fonte luminosa bastante definida.
Sua utilização é bastante variada, pois esse equipamento possui grande versatilidade.
Gerais, banhos, focos com definição (luz dura), focos indefinidos (luz soft), back lights
(contra-luzes), podem ser criados com esse "pincel".
Para criação de luz soft, adicionam-se filtros difusores ou silk, assim como, para desenhos
retangulares, utilizam-se bandoors. Outros efeitos podem ser conseguidos com prática e
experiência, tais como: sombras projetadas, vitrais projetados, máscaras, etc. Os plano-
convexos podem ter diferentes potências, os mais comuns são os de 500 W, 1000W,
2000W.
70
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares
4. Fresnel
Fonte: www.altmanlighting.com
H
Como o plano-convexo, o fresnel é um equipamento cuja luz pode ser considerada "dura",
porém, devido às características difusoras de sua lente, o equipamento fornece um
detalhamento focal menos acentuado, diluindo a iluminação do centro à periferia.
Sendo sua luz mais suave, suas sombras são menos definidas. Encontramos esse tipo de
equipamento em utilização nos teatros, estúdios de vídeo, tv e no cinema. Suas potências
variam muito e no cinema criam uma iluminação muito apropriada para efeitos de luz do
dia com utilização de lâmpadas hmi 2 de alta potência. Muito útil na construção de gerais,
F F
Fonte: www.altmanlighting.com
2
HMI - São lâmpadas de tipo descarga contendo mercúrio, metais raros e iodo.
71
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares
A lente Fresnel tem a espessura de lente reduzida devido ela ser dividida em diversos
círculos concêntricos, preservando a curvatura da face convexa de um teórico anel total.
A imagem projetada pela lente fica distorcida, devido aos cortes existentes em cada anel
concêntrico.
5. Canhão Seguidor
72
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares
6.Scoop
Fonte: www.altmanlighting.com
O principal uso é prover uma inundação difusa de luz em uma grande área através de
uma única fonte.
73
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares
Scoops de grande potência (1000w e 16”) são geralmente usados para iluminar o
ciclorama ou iluminar o cenário.
7. Ciclorama
1B
Podemos fazer a iluminação por baixo ou por cima de acordo com o modelo.
74
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares
8. Border Lights
Em geral tem vários circuitos, em cada um podemos então colocar lâmpadas diferentes.
Assim cada conjunto do borderlight pode preencher uma área com uma cor e outro com
outra cor.
9. Moving Light
75
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares
Equipamento com controle digital que tanto pode transferir uma iluminação soft (wash)
como focos definidos, projeções de gobos (lâminas vazadas de duralumínio para projeção
de imagens) e luzes estroboscópicas.
Seu controle é feito através de mesas com protocolos de comunicação DMX (protocolo de
transferência de dados de mesas digitais para equipamentos). Utilizados geralmente em
shows e programas de televisão ao vivo para efeitos de banho no palco e em alguns
casos específicos também em estúdios.
Scanners são os Moving Lights com espelho que possuem um movimento de PAN e TILT
muito mais rápidos do que os Moving Heads. Através de slides metálicos ou dicróicos
(gobos) podemos projetar logotipos ou até fotos em qualquer superfície.
porte.
3
Recurso elétrico que controla a quantidade de eletricidade, podendo diminuir ou aumentar a intensidade da lâmpada
do refletor.
76
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares
Hoje em dia a sofisticação de hardware e software nos permite ter como exemplo o
conjunto abaixo:
77
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares
78
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares
79
Anexo 1 - Lâmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares
80
ANEXO 2 - QUESTIONÁRIO
7. A princípio, o que deve ser destacado pela luz? Depende de cada espetáculo
ou existem regras?
80
14. Descreva a Iluminação Cênica e seus efeitos sobre os objetos de cena:
81
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Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )