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Consetho Regional
de Psicologia SP

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lulecli«lalizacão
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cre

Griancasi
,
e Aclr»lescentes
Conflitos silenciados pela redução de
questões sociais a doenÇas de indivíduos

Casa do Psicólogo'

I
2
A BIOLOGTZAÇÃO DA VIDA E ALGUMAS
IMPLICAÇÕES DO DISCURSO MEDICO
SOBRE A EDUCAÇÃO
Renata Guarido

IJm hornern com uma dor

um homem com uma dor


é muito mais eiegante
caminha assim de lado
como se chegando atrasado
andasse mais adiante

carrega o peso da dor


como se portasse medalhas
uma coroa, um milhão de dólares
ou coisas que os valha
ópios, édens, analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer vai ser minha última obra

Paulo Leminski

1. DO DISCURSO CONTEN4PORANEO, EN4 ESPECIAL,


DA BIOLOGTZAÇÀO DA VIDA
Vemos constantemente na mídia a divulgação dos resultados dos estudos genéticos e das
pesquisas em neurologia, especialmente sobre o funcionamento cerebral, as funções dos neu-
rotransmissores e as novas conquistas em termos do mapeamento do código genético hum ano. ,/
As novas descobertas científicas aparecem, de maneira geral, como explicativas dos com-
portamentos, sensações e sofrimentos humanos. Tempos contemporâneos onde o discurso
social está povoado dos enunciados da ciência, de um cientificismo que informa sobre as
novas descobertas científicas, as novas técnicas desenvolvidas e seus possíveis efeitos nas
condições da vida humana.
t

28 ]VíEDICÀLiZAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

No caso da medicina, tomada aqui como representante do discurso científico, da medicina


apoiada na Biologia, seu esforço tem sido o de elucidar o que é próprio do humano, consi-
derando suas bases neurofisiológicas e seus determinismos genéticos.-
As pesquisas sobre a ação dos neurotransmissores e sua participação no funcionamento
cerebral, permitiram a construção de hipóteses causais da açào destes neurotransmissores nas
rariações de conduta, humor e pensamento dos seres humanos. O mapeamento do código
senetico humano também tem como um de seus pressupostos a possibilidade de encontrar,
na sequênciação e identificação genética, os determinantes de tendências de comportamento
'
e formação de nossa personalidade. '
O desenvolvimento de novos conhecimentos fundamentalmente no campo das neuro-
ciências e a produção da biotecnologia, têm conduzido a uma ampliaçào notável dos limites
do que parece ser possível de explicar pela própria biologia. gerando a convicçào de que
poderia reduzir-se a.ela a compreensão de tudo o que seja humano. "Neste sentido o campo
dàs perturbações psíquicas é um dos mais eloquentes: o sofrimento transfotmado em trans-
tomo, o medo em excitação da amídala, a angústia em nrovintentos moleculares no interior
d9 sináptico." (Terzagghi, texto inédito)
9sna9o
Tomando a difusão social dos enunciados da biociência. \ emos proliferar na mídia sim-
plificações e mitificações não sem efeitos. Vejamos alguns eremplos:

Revista Nova Escola, junho 2003. Conhecendo como o cérebro guarda informações
você vai ajudor os alunos afixar os conteúdos estududos em classe.. . . Nos últimos 20
anos, a neurociência avançou muito nas descobertas sobre o funcionamento do cérebro. Hoje
sabe-se o que acontece quando ele está captando, analisando e transformando estímulos em
conhecimento e o que ocorre nas células nervosas quando elas sào requisitadas a se lembrar
do que foi aprendido. "Com isso o professor pode aprimorar suas estratégias de ensino", diz
o neuropsiquiatra Everton Sougey, . . . "Se o estudante não aprende um conteúdo é porque
não encontrou nenhuma referência nos arquivos já formados para abrigar a nova informação
e, com isso, a aprendizagem não ocorrel.
Revista Nova Escola, setembro de 2004: Adolescentes: entender a cabeça deles como
chave paru obter um bom aprendizado.: Ate bem pouco tempo a indisciplina e o comporta-
mento emocionalmente instável dos adolescentes eram atribuídos à explosão hormonal típica
da idade. Pesquisas recentes mostram, no entanto, que essa nào e a única explic ação para a
agressividade, a rebeldia e a falta de interesse pelas aulas. que tanto preocupam pais e pro-
fessores. Nessa fase, o cérebro também passa por um processo delicado, antes desconhecido:
as conexões entre os neurônios se desfazem para que surjam novas. . . . Atividades feitas
com base em um rap que a moçada adora, por exemplo, permitem que as informações sejam
firadas na memória com mais facilidade. "A música estimuia o lobo temporal do cérebro e
Íàz com que os circuitos estabelecidos com o córtex pre-frontal - região que analisa infor-
mação - sejam mais consistentes". [fala atribuída a um neurologista consultado pela revista]
. . . A neurologia explica: Tudo que pode parecer estranho no comportamento dos adoles-
centes tem explicação neurológi ca. -----

r A Revista Nova Escola Editora Abril, está há mais de 20 anos no mercado e é hoje a segunda maior revista de tirageÍn
-
mensal no país. Em 2007, obteve, em média, 600 mil assinantes, sendo que a metade deste número é de assinaturas
institucionais ligadas diretamente a estabelecimentos de ensino (em 2007, 168 mil exemplares foram vendidos para o
MEC). [dados fornecidos pelo editor da Revista]
A Bi0l0gizaÇá0 da vida e algumas implicaçÔes do discurso 29
médico sobre a educação

Folha de São Paulo,02 dejunho de 2009: "Professor é educado para identificar esqui-
zofrenia. . . . A Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) criou um programa em que
médicos e outros profissionais da saúde vão até as escolas ensinar os professores a identificar
alunos com suspeita de doenças psiquiátricas graves, como a esquizofrenia. O foco são estu-
dantes entre 11 e 18 anos de 40 escolas públicas de São Paulo. . . . Depois de identificados,
os alunos seguem para o Proesq (projeto de esquizofrenia da Unifesp) para confirmar o diag-
nóstico-que envolve entrevistas com osjovens e seus familiares e exames de neuroimagem.
No momento, 300 estudantes da zona sul de São Paulo passam por avaliaçõas." ,r"-*"'

tem se produzido,

O que como
que um çadavez maior de criancas e em idade cada vez mais precoce é
medicado de forma a sem
não levando
considerar um um

Os enunciados científ,cos adquiriram em nosso tempo um valor de verdade. Valem pela


coerôncia interna de seus tetmos, valem como saber erclusivo na elucidação dos problemas
impostos por seu objeto, ainda que este seja o homem e sua vida. como a

SCUS ainda a
a serem
uma e entre os numa
o a
de é, que o debate ético em torno das últimas
toma-se cada vez mais complexo - como vemos, por exemplo, aquilo que
envolve as pesquisas e manipulações genéticas de embriões humanos. (Lebrun,2004)
Uma ressalva: não se trata aqLri de um reducionismo de crítica quanto aos avanços da
pesquisa biológica e das condições de tratamento das doenças próprias aos seres humanos,
muito menos ao desenvolvimento dos certos psicofármacos, o que detetminou impofiantes
transformações no campo da saúde mental, AS

do esta
no
Trata-se, diante do introduzido acinta, de considerar

mídia, no
lt1CO

As questões em torno da condição da experiência humana contemporânea indicam


rludanças, mutações ainda não consolidadas, e que parecem conferir às nossas possíveis
conclusões certo grau provisório. Assim, não se trata aqui de um julgamento moral ou de
r.rrri saudosismo em relação ao passado, mas do enÍientamento das novas condições para o
hLrmano vividas no contemporâneo.
30 \,ÍEDICÀLIZÂÇÀO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

2. A BrolocrzAÇÃo rNsnRrDÂ No coNTExro


DA N4EDTCALTZAÇÃo
O conceito medicalização foi utilizado em diversos estudos, especialmente a partir d3
década de 70 do século XX, para tratar de uma maneira a partir da qual as vicissitudes do
processo de aprendizado das crianças foram frequentemente traduzidas. O conceito medica-
lização foi também muitas vezes tomado para refletir sobre acontecimentos no interior das
instituições escolares ocorridos quando da higienização das práticas escolares--/-
De maneira geral, a crítica dirigidapor dir.ersos autores à medicalizaçáo diz respeito à
redução de questões amplas - que envolveriam em sua análíse diversas di-sciplinas (socio-
logia, antropologia, psicologia, economia. ciências políticas. história, medicina, etc.) - a
rrmúnico domínio metodológico disciplinari a medíciriâ -\ medicalização foi então tomada
como expressão da difusào do saber rlédico no tecido sociai, como difusão de um conjunto
de conhecimentos científicos no discurso comum. como uma operação de práticas médicas
num contexto não terapêutico. mas politico-social.
Medicalizar um fenômeno te\ e. tradicionalmente. o sentido geral de reduzir as proble-
máticas sócio-políticas a questões indir iduais. .\lem disso. se o objeto da medicina foi, ate
certo momento histórico, quase que exclusir antente a inr estieação sobre as doenças, suas
causas e suas terapêuticas, medicalizar um t'enômeno ou acontecimento, teve por consequ-
ência patologizá-lo.
Os estudos em história da educação e sociologia da educaçào procuraram enfatizar a
maneira com que o saber médico sob5ç as doenças foi utilizado para explicar as experiên-
cias de fracasso escolar, assim como buscaram analisar como tal saber atravessou a prátiça
escolar de forma a produzir um "projeto" de eduóàçào para a saúde. Também foram objetos
dêstes estudos as propostas pedagógicas que, influenciadas pelo saber médico, estiveram
dirigidas a moralizar e ordenar o encontro entre adultos e crianças,,Ô período mais larga-
mente analisado a partir do conceito de medicalizaçào. diz respeito aos primeiros 30/40 anos
do século XX, quando há um forte acolhimento nas práticas e organizações escolares, dos
ideais medico-higienistas e da psicometria. E quando uma visào profilática começa a ser diri-
gida para a infância e para a educação das crianças (Patto. 1993; O,2003; Godiúo-Lima, ra!ü
E--
20041 entre outros).
Mas vale aqui ressaltar que medicalização é antes um conceito que pode ser aplicado às
diversas esferas da vida, associado a uma prática discursiva que revela a forte presença do
saber médico no conjunto dos discursos sobre o homem, sua natureza e suas vicissitudes, a
partir do século XIX.
Gori e Del Volgo (2005), por exemplo, pensam a medicalização da existência como decor-
rendo não somente do estatuto do saber médico na modemidade; situam a medicalizaçào
como pertencente à condição humana na modemidade e consideram qlle esta se constitui
numa organizaçào de lormulações epistemológicas próprias de uma ciência experimental. que
conf,gura uma técnica de apreensão dos fenômenos humanos, e, ainda, a compreendem como
inserida no interior das práticas mercantilizadas de troca humana no mundo moderno.
Os autores no da e na formação do
moderno no que
sua
A Biologizaçáo da vida e algumas implicaçóes d0 discurs0 31
médico sobre a educaçáo

. . . nós falamos aqui da «medicalização da existência» como de uma construçdo social e inter-
subjetiva que pertence da cabeça aos pés, em sua gênese como em sua função, a uma estrutura
ãâ--eUtiiia modêrna e ao mal-estar por excelência desta civilização. fgrifos dos autores] (op.
-[tradüção
ãí t : p:21 ) I ivrel

Em História da Sexualidade, Foucault analisa a passagem do poder soberano sobre a


morte ao poder político de "gerir a vida", da era clássica à modernidade. Enfatiza a pre-
de o desenvolvimento das
AS articulação destes dois meca-
nlsmos na ao do XIX, configurarâ, para Foucault,
uma nova forma de poder:

em de
estar dos esta ordem se como uma estratégia, sem
a dirigi-la, e todos vez mals emaranhados nela, que tem como única finalidade o
aumento da ooder. (Dreitus, 1995 p. XXII)

uma
sua
e e nao
está em jogo somente para ser disciplinarizada nos domínios de uma medicina social e sani-
tária. As formas de viver, o cultivo da saúde, os domínios sobre a sexualidade, bem como os
sofrimentos existenciais serão objeto do biopoder de que fala Focault.41pçãq de biopoder

de humana na nao como so de um


da vida, de que fala

SC com da vida e o nascimento e a


com a ea mental e com os
a se preocupa com
a família, administração da casa, as condições de vida e de trabalho, com o que chamamos de
a
estilo de vida, com questões de saúde pública, padrões de migração, níveis de crescimento eco-
nômico e padrões de vida. (Dean, M. apud Líma,2004, p. 99)

do em jogo nos estudos sobre o Biopoder é a ideia da vida como um


valor e controle saúde como A garantia de um compofiamento
saúde pois o engaja na manutençãg da
espaço
o a

sl mesmo.

E esta preocupação geral que, de fàto, anima a investigação foucaultiana dos últimos tempos:
analisar a formação do homem moderno através dos mecanismos por intermédio dos quais cada
32 MEDICÂLIZAÇÂO DE CRIANÇA§ E ÀDOLESCENTES

um deve passar a relacionar-se consigo mesmo e a desenvolver uma autêntica arte de existência
destinada a reçonhecer-se a si mesmo como um determinado tipo de sujeito. E um sujeito cuja
verdade pode e deve ser conhecida. [grifos do autor] (O, 2003, p. 5)

Na medida em que a medicina hoje se apoia, para seu desenvolvimento, em pesquisas e


novos pressupostos colocados em circulação pela biociência, podemos dizer que a biologização
da vida pode ser tomada como uma das expressões da medicalizaçáo nos tempos atuais...r'
Estamos dizendo com isso que a dos fenômenos humanos em seu funcionamento
bioquímico sua redução a -se
que a
SE ao é, no entanto, no âmbito médico, sem dúvida,

Ih:EÍ-
que a tecnobiologia vem sendo utilizada e difundida de forma importante e determinante
daquilo que consideramos como condição humana no contemporâneo..
A amplitude da presença da tecnobiologia na área médica revela o alcance de suas
determinações para a apreensão que o homem pode fazer do que the acontece. Falamos das
tecnologias de neuroimagem, de detecção precoce de doenças, de drogas desenvolvidas de
forma a atuarem de forma cadavez mais especificas e com cadavezmenos efeitos colaterais frr
- como o desenvolvimento de novas gerações de psicofármacos - até as formas de reprodução h
assistida, de mapeamento e manipulação geneticas. Ou seja, técnicas quê podem atuar desde
a possibilidade de manutenção da vida diante de doenças e agentes agressores, até a criação
de novos seres e a interferência em seu psiquismo por via química..... '
Assim, não é pequeno o espectro de atuação da pesquisa biológica em termos de eluci-
dação, cura e reprodução dos seres humanos. Como, então, não é pouco complexa a discussão
ética em tomo destes procedimentos e de seus efeitos, como já afirmamos acima.T
Em seu trabalho sobre as questões éticas envolvidas no campo da pesquisa em técnico-
biologia, ou biologia sintética, Dupuy (2008) aponta:

No meu trabalho sobre a ética das nanotecnologias defendi a tese de que essa ética não podia
simplesmente consequencialista, no sentido de que ela só considerasse as consequências
de técnicas járealizadas. Os sonhos que estas técnicas Írazem e que seus desenvolvimentos
mesmo tempo enearnam e reforçam devem também ser objeto de avaliação normativa. . . . A
tória das ciências e das tecnologias demonstra que muitas vezes estes sonhos, que podem
a forma da ficção científica, têm um efeito causal sobre o mundo: podem transformar a
humana mesmo se eles não se encarnam em tecnicas. . . . o não-serio não é menos
que o sério quando se trata de alimentar o irnaginário da ciência. (op. cit.,3ll32)

I Domont De Serpa (1998) dá especial ênfase à influência da genética e da neurologia n


( campo psiquiátrico contemporâneo. Ainda que o autor ressalte que a discussão que envoh
-
I as implicações deste tipo de fundamentação para aprâtica psiquiátrica não deva ser redu
zida a um partidarismo, ora do fisiologismo ora do subjetivismo, afirma a importância qu Ld---
o fundamento biológico tem atualmente na abordagem dos fenômenos humanos. A visão o
t um detenninismo biológico tomou-se hegemônica atualmente, snstentando cada vez mai
: uma racionalidade médica que tende à pesquisa das evidências, à objetivação dõs sinaisplr
tomáticos e ao uso de medicamentos psicotrópicos como eixo fundamental de tratamenÍ
dos sofrimentos humanos '"---'
A Bi0l0gizaçá0 da vida e algumas implicaçôes d0 discurs0 33
médico sobre a educaçáo

É, portanto, neste panorama onde um conjunto recente de práticas tenta redefinir as concepções
do corpo humano e dos seus limites, . . . que a psiquiatria biológica pode ganhar sentido como
fenômeno cultural mais amplo, ou, dito de outra forma, menos restrito aos interesses imediatos
da corporação de especialistas. (op. cit.,274)rz/

ia
b A direção assumida pelas práticas psiquiátricas contemporâneas também depende da
a atuação médica, do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtomos
D
Desenvolvido nos EUA, o N[4_aualrem por criterio, desde 1980, objetivar
lr OSS sticos dos evitando os problemas causados pêla hetero-
E fundamentando a prática diagnóstica em psiquiatria
t então 2004),
h O DSM - IV é hoje referência mundial para diagnósticos psiquiátricos; entretanto,
embora se tratando de um texto voltado aos profissionais da área médica. pode-se encontrar
qj$ialeiga a difusão dos conjuntos de sinais sintomáticos presentes en1 seu texto. E o que
-na
encontramos nos diversos sites sobre autismo,TDAH, sobre Transtomos Globais do Desen--,
volvimento e nos aftigos, por exemplo, da Revista Nova Escola, citada anteriotment e..o''
Apartir dos anos 50 do seculo XX, as práticas em saúde e saúde mental torraran'I-se cres-
centemente dependentes dos produtos fannacológicos. Desde então, os lucros da indústria
farmacêutica têm crescido enormementel.
As pesquisas sobre o funcionamento neuroquímico humano impulsionatn e sào irnpul-
sionadas pela indústria farmacêutica. O sistema de licença para produçào e comerciahzaçào
de remédios regula as drogas que podem ser disponibilizadas ao consumo. mas a lógica do
mercado tambem interfere neste conjunto. A produção dos remédios (não somente os psi-
quiátricos) e seu uso não podem ser vistos somente no campo científico e da prática medica;
os remédios atualmente produzidos apresentam-se como novos bens a consumir. atrelados a
condição de produção de bem-estar, felicidade, auto-realização. Vejamos:

Vamos direto ao ponto: nos últimos 43 anos, o trabalho da EMS tem sido fabricar remédios. E,
se rir é o melhor remédio, então podemos dizer que o trabalho da EMS tem sido fabricar sor-
risos. Sorrisos de bem-estar, risos de alegria, gargalhadas de satisfação. . . . a EMS foi eleita
uma das marcas mais confiáveis entre os médicos. Por isso, sempre que você precisar de uma

I O DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) é uma série organizada e publicada originahnente pela
Associação PsiquiátricaArnericana. No ano de 1952, a Associação publicou a primeira ediçâo do Manual (DSM-I) e
as edições seguintes foram publicadas em 1968 (DSM-II), 1980 (DSM-IID, 1987 (DSM-III-R) e 1994 (DSM-IV) e
2000 (DSM IV TR)..A versão DSM-III é considerada como fundamental na reorientação da prática diagnóstica da
p-siquiatria contcmporànca. O DSM i urn sisterra classificalório dos transtomos mentais: apresenla a descriçào de cada
transtorno e os critérios de diagnóstico e diagnósiico diferencial que dcvem ser observadôs pelo médico. Os critérios
diagnósticos coincidcm com uma lista de sintomas a screm vcrificados, seguindo certas orientações oferecidas pelo
manual. As classes diagnósticas presentes no manual recebem códigos numéricos específicos. O DSM é hoje utilizado
como relerencia em todo o munclo para o diagnóstico dos transtomos mentais-,.-'---'
' O crescimento exponencial do uso de medicamentos psicotrópicos em diversos países tem sido alvo constante de aná-
lise de diversos autores.-?ara uma análise precisa da história de desenvolvirnento dos psicofármacos e suas implicaçôes
na prática psiquiátrica, bem como do contexto aponta<lo acima, vcr ROSE, N. Becoming Neurochemical Selves- Dis-
ponível on-linc. Também publicado in Stehr, N. (2004). Biotechnology: Between comerce and civil .society. The State
University. New Jersey: Transaction Publishers. *-."---
-
34 MEDICÂLIZAÇÃO DE CRIANÇÂS E ADOI-ESCENTES

força e vir o logotipo azul da EMS, pode confiar. E depois, quando estiver tudo azul de novo,
nem precisa dizer nada. Apenas responda cotrl um sorrisoa.

'r'-- Os remédios, quando tomados como objeto de consunto, deixam, de cefia forma, o campo !-
restrito da terapêutica médica, passando a funcionar tan,bém na lógica do mercado. Solução
pronta entrega,não sendo demais lembrar o apelo do n-rarketing da indústria fandacêutica a
certa dose de automedicação, que a própria advertência da propaganda anuncia: "ao persis-
tirem os sintomas o medico deverá ser consultado".
É
A direção da medicalização no mundo contelrporâneo aponta, então, para uma biolo-
gízaçào das experiências humanas, para urla retraduçào de suas vicissitudes em termos
sintomáticos, para uma intensificação do uso de rledicarnentos na regulação e controle das I E ,: ll:,-': !r ) . ':

vicissitudes da vida humana.


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j'J.-.! )!r',- -

. .r* 3. EDUCAÇAO E CONDrÇÃO HL\ÍÀNA NO , . ',,:.


.:. CONTE\4PORANEO./-
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-, : .l.r iJ.:
,..1.:lr':'-.'
t-
- .-i )-.- ç.
Mutações são as passagens de um estado de coisas a outro - passagens muitas vezes indefinidas _-:
-::-.,--:.1..
do ponto de vista conceitual -, que nos deixam à derir a. quando as trilhas são pouco visíveis ou ,- : , .. .'
q? pouco confiáveis, ern particular se elas foram abertas. como acontece hoje, não propriamente
pelo trabalho do pensamento, mas pela técnica. o que marca. pelo menos ate agora, certa resig-
nação do saber diante do poder da ciência. Isso nào quer dizer que antes tínhamos muita certeza
3|<a de onde estávamos e para onde íamos. É preciso construir pois, novo itinerário, uma vez que
§"rt-; não temos mais garantia de retomo aos velhos roteiros e uma lez que o positivismo da tecnica
só nos pode indicar caminhos falsos. (Novaes. 2008. p. 12) --"-
§{\\ê.:
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\t so da humanidade (Matos. 2006 ). especialmente se levarmos em conta


Y a disparidade entre a velocidade das conquistas tecnológicas atuais e as situações de vio-
lência, de intolerância à diferença, de ausência de direitos lpara citaS apenas algumas) a que
ainda estão submetidas diversas parcelas da populaçào mundial./
Arapidez e a demanda de continua adequação à inovaçào tecnológica têm transformado a
experiência do homem em relação ao tempo em sua ditnensão do passado e do futuro, o que
daria densidade à experiência humana e ao pensamento reflexivo. Ou seja, uma referência
ao passado e uma flcção em relação ao fi.rturo, formavam parle daquilo que poderia recortar

a Propagandaencontradaemumarevistamensaldegrandecirculaçào,tambémdisponívelnositedaEMS.AEMS-sigma
é um laboratório de sintetizaçào de genéricos. "Sem realizar uma grande aquisição ou fusão com outras indústrias, o
EMS rnais quc dobrou seu faturamento nos últimos anos, passando de 390 milhões de reais em 2001 para cerca de 1
-'
bilhão de reais em 2005. . . . a companhiajá é o segundo maior laboratório farmacêutico do país em volume de medi- ' -_r!iLr!

camentos". (fonte: Comunidade Virlual de Vigilância Sanitária / BVS: Biblioteca Vitr:al em Saúde)
§l
i A Biologizaçá0 da vida e algumas implicaEóes do discurso
médico sobÍe a educaçáo
35

§d,

q
§J
para cada sujeito sua inserção na cultura, identificando-se a partir de certas marcas históricas
e constituindo para si ideais a serem alcançados no percurso da vida.

A mudança em relação ao passado, a seu valor como tradição, tem imprimido, ao longo
' da modemidade, uma certa desqualificação de referências simbólicas da experiência humana
€*- ..acumulada como capaz de darem sustentação às vivências presentes do homemécXpeÍiência
u) acumulada parece ânão dar conta de
;)
de o saber explicar o mundo. A

a ulTl presente sempre renovado, um presente que já é o futuro, num movimento incessante
que toma obsoletas as produções do passadg--
O ideal da vida remete tambem
a OS
envla o a
§ sua a

Estamos aqui apontando para algumas das questões que edu-


cacao. considerando a educação em seu sentido ampio, em sua

expressa-se, nos nossos


e num entre
ensino

C A alienação pode ser mais sutil, menos visível, mais astlciosa, quando passa por discursos pseu-
doemancipadores, que levam a crer que abertura para o rnundo exterior, o ensino vivo - segundo
f@U!u da moda -, o,aprendizado natural, a boa cornunicação são os verdadeiros meios de edu-
â^--'
ao passo que solnente quando existern pontos de referência sirnbólicos, diferença não
-!-a_Ção,
dissirnulada dos lugares, possibilidade de identificaçào colr o mestre" coll o pai, mas tambérn
corn a instituição - e, no rneslno rnolirnento, possibilidade de oposição e de crítica, é que a edu-
91Çi9 pode alcançar pleno sentido. (LeÍbrt. 1999.p.223)

"1
No que diz respeito particularmente às experiências es t

tem uma

a infância é reconhecida não somente como um tempo


I

36 MEDICALIZAÇÀO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES


'ifl1!

)Ç,1

,.,
tà particular da constituição humana, mas também entendida corno ternpo.de preparo e pre.- É
es vençào para a produçào de indivíduos cap?zes para o trabalho e saudáveis. do ponto de vista
"1,
psíquico, para participarerr do social., "

rL Para gerir convenientemente esta época da vida; a infância, na modemidade, toma-se um

t
-F-)
problerna a ser abordado, ou seja, uma época a ser cuidada, assistida, tutelada. No lugar de
uma autoridade familiar, um conjunto de especialidades se consolidou como capaz de orientar
a educação das crianças, aconselhando tanto as troças afetivas familiares quanto a moralidade,.
e organizaçào que deveriam ser obserradas no procêsso da escolarizaçào. As intervenÇíes
destinadas ao cuidado deste tempo de preparo paLltaram-se por uma definição de prevençào
e moralização das crianças e das práticas educativas. (Patto. 1993: Costa.2004: Moys6l
2b01; Legani e Almeida, 2004)
Algumas referências tornaram-se fundamentais no que diz respeito ao cuidado da infância
corno ternpo de vulnerabilidade, bem como de preparo.e as intervenções dirigidas às escolaq
e famílias tiveram raízes, em geral, nas teorias irigienistas bem corno nas ideias preventivas
da higiene mental-, nas teorias rnedicas sobre a degeneração. nas concepções da puericultura
e no desenvolvimento das técnicas e conceitos da psicometria e da psicologia do desenvolvi-
mento. Na atualidade, as pesquisas da bioquírnica cerebral têm animado uma certa esperança
por uma metodologia de ensino condizente colrr os novos "achados" sobre o funcionamento
cerebral, bem como tem sustentado explicaçôes sobre os conlportamentos das crianças e as
causas de seu suposto fracasso escolar.
Assim, as vicissitrdes da escolarização das crianças estào. sem duvida, incluídas no con-
texto antes apresentado, qr.rando renomeadas sob o prisrla. por exemplo, do Transtorno do
Déficit de Atenção e Hiperatividade, dos Transtomos de Conduta. dos Transtomos Globais
do Desenvolr,irnento. etc.
Diante do desenvolvimento da ciência e das práticas das especialidades no domínio da
criação e educação das crianças. r imos s.- consolidar. ao iongo do último século, uma auto-
ridade cspecializada em rnatéria de educaçào.
Aparti+de certa infonlaçào do teneno da psicologia. os professores foram também cha-
mados a serem extensào do oihar especialista na prática cotidiana, levados a observare#iá§
üariações de comportarnento das crianças e a orientarem seus f4niliares na busca cle trata-
mentos adequadoi aos problernas apresentados pelos alunosy,/-
.Podemos reconhecer no contato cotidiano com os professores e outros agentes das equipes
átgo qüe há muito vem sendo trabalhado pàr autores críticos da ãpropriaçao à pl!-
"r.àüt"S;
sença do discurso especialista no cotidiano escolar. Patto (1993). por exemplo, ag?]iq1 c-LLmo
as explicações psicológicas sustentaram a culpabilizaçào das crianças e das famílias pelo
fràôasso escolar, beú como serviram à manutenção das divisões de classe e da ideologia
bü-iguesa. Também reconhecemos a demanda pela intervenção especializada como efeito do
que Lajonquiêre (1999) denominou o discurso psicopedagógico hegemônico. E, remeten--
do-nos a Foucault (1987), poderíamos tomar a mesma demanda como resultado das prática's
disciplinares que gaúaram na rnodernidade a eficácia de caracteúzar os indivíduos, classi-
ficando-os, localizando-os e registrando-os nos parâmetros da Norma.
Desta forma, a permeabilidade da escola ao discurso médico, bem como ao discurso psi-
coTógico, e histórica.
Ahegerynia 49.4ls_curso sobre o organismo, sobre seus aspectos funcionais, reduz aconsi-
deração da diméú-são §inibóIiõa dá subjeiividade, como efeito disso, poderíamos ressaltar uma
retirâóa da posdúitiOàAe de atuação dos sujeitos sobre o que lhes acontece, já que os problemas
A Biologizaçáo da vida e algumas implicaçoes do discurs0 37
médico sobre a educação

+ c' condições do aprendizado das crianças estariam dados pelo funcionamento cerebral e não
pelas interferências de um outro em sua condição de estruturação e desenvolvimento42
e adultos, confrontados com certa sobre o que lhes acon-
I -!-!_!.1r. SO SEUS a
é então um -se, aparentemente potente
especialista que saberia o que fazer diante do diagnostico que profere.
\i rr
I Sendo o da estimulação
que "nos govema",
\ -P
vada- que ocoÍTe ou seJa, o
o caráter
, onde história. aparece ser possível crer
( na il usao que algurn possa se 110 privado, fruto do bom
I :irncionamento do
f\ a uma transmissão,

assim, o encontro entre adultos corre o risco de


numa estímulos dos em aos
Há a eda

Finalmente, do lado do sujeito, diferente dos mmos que a ruptura que o discurso de Freud
-
ler,ou à medicina da epoca dando lugar ao sentido dos sintomas, à sexualidade infantil,
ao mal-estar estrutural, à singularidade da história de cada um na constituição de sua sub-
tetividade -, na contramão deste processo, o biologismo no qual se apoiam a psiquiatria
contemporânea e os discursos científicos sobre o homem, tende cada vez mais a uma natu-
ralizaçào dos fenômenos humanos.
l
Uma das marcas do discurso freudiano foi fazer incidir ,bre
na construção dos fiü(i*
como inerente SC
faz ver no fato de que a p com que cada sujeito §
manifesta sua busca por uma satisfação no laço com os outros
{àJ
Os sintomas assim, rnodalidades de humana. Neste .1
a 1na, pors, sinais }}
de desvio ou doença, ma§,i construídas forma à
q1
a!.g}§tia-e aQJs§eh.
--L
Do ponto_& vista da-psic.qnâljse. o se constitui em sua com os outros, deles ql"
dependendo, de início, IaU[g&;Ua. {
podendp sieniflcar srasÉxpcriênciaüç r,jrjLyjvçr.a"çalqsg9.q.e*s.gl :E
etividade sua na
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o eito só

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A em como toma os da falar de si ao
r.tiro
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partir de-".-.f&84&*"^q
! sua posição Ug.l*gg3ffi"(ou seja, como se situa que o sujeito faz
a-
Iaco com os outos- seus Dares.
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38 L,,,,"^ lrzacÃo DE cR I\\(l AS E ADOLESCENTES

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Do de vlsta do ser
Desta
que seu organismo funcione, lhe é, no entanto. i{ra--
somente no campo da medicação não escuta queqL
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.,. .\t seu sofrirnento em um reducionismo da terapêutica.
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--\ §*l h
{=l nesta medida da exclusão do sujeito
para aquilo que aqui interessa. o
tratamento
h
desej o. na dimensão do
§ toe Outro como constitutivo da sr-rbjetir idade. ;----
Para tenninar, seria, no entanto, uma ilusào crer que o medicamento e a promessa que ele
caffega, não tocam em desejos humanos. E o fato de que o sujeito deseje ver-se livre de sua
dor e de seus conflitos que também anima, de certa forma. a busca por uma solução tal como
a apresentada pelos remédios. Por isso lembramos Freud. em o Mal-Estar da Civilização:
-
H
La vida, como nos es impuesta, resulta gravosa: nos trae hartos dolores, desengafios, tareas
insolubles. Para soportala, no podernos prescindir de caLmantes ("Eso no anda sin construc-
ciones auxiliares", nos ha dicho Theodor Fontane.) Los hay, qtizá, de tres clases: poderosas -ill'r
distracciones, que nos hagan valuar en poco nuestra miseria; satisfacciones sustitutivas, que la
reduzcan, y sustancias embriagadoras que nos vuelvan insensibles a ellas. Algo de este tipo es
indispensable. A las distracciones apunta Volteire cuando, en su Candido, deja resonado el con- :

sejo de cultivar cada cual su jardín; una tal distracción es también la actividad científica. Las
satisfacciones sustitutivas, como las que ofrece el arte, son ilusiones respecto de la realidad, :

mas no por e1lo menos efectivas psíquicamente, merced al papel que la fantasía se ha conquis-
tado en la vida anímica. Las sustancias embriagadoras influyen sobre nuestro cuelpo, alteran su
quimismo. No es sencillo indicar el puesto de la religión dentro de esta serie. Tendremos que
-- l

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proseguir nuestra busca. (Freud, AE, vol. XXI, p. 75)

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E
A Biologizaçáo da vida e algumas implicaçóes do discurso 39
médico sobre a educacão

:114-
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