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701
AE-701
Estruturas Aeronáuticas
Introdução..................................................................................................................... I
1. Conceitos Fundamentais.........................................................................................1.1
1.1. Idealização estrutural.......................................................................................1.1
1.2. Peças Estruturais..............................................................................................1.1
1.3. Movimento de Corpo Rígido ...........................................................................1.3
1.4. Apoios e Graus de Liberdade ...........................................................................1.4
1.5. Classificação das Estruturas.............................................................................1.6
1.6. Esforços Solicitantes........................................................................................1.7
1.7 Exercícios....................................................................................................... 1.10
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4. Estruturas de Barras................................................................................................4.1
4.1. Diagrama de Esforços Solicitantes...................................................................4.1
4.2. Flexão de Vigas ...............................................................................................4.8
4.2.1. Linha Elástica ...........................................................................................4.8
4.2.2. Equações de Equilíbrio ........................................................................... 4.12
4.3. Tensões na Flexão ......................................................................................... 4.13
4.3.1. Tensão normal ........................................................................................ 4.13
4.3.2. Tensão de Cisalhamento ......................................................................... 4.16
4.4. Estruturas Hiperestáticas................................................................................ 4.17
4.5. Estruturas Geometricamente Simétricas......................................................... 4.21
4.6. Exercícios Propostos...................................................................................... 4.22
7. Bibliografia ............................................................................................................7.1
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Introdução
Uma aeronave é basicamente uma estrutura. As estruturas são definidas para que as
partes externas tenham determinadas características aerodinâmicas. A fuselagem, as
asas, a empenagem vertical e horizontal são estruturas. Internamente, os assentos, as
janelas, as tubulações e até o piso são estruturas.
Projetar estruturas aeronáuticas não seria tão desafiador se não fossem dois objetivos
antagônicos: a minimização do peso e o aumento da segurança. Quanto menor o peso
próprio da aeronave, maior a carga útil (paga ou não), ou maior a velocidade.
Entretanto, estruturas leves requerem análise cuidadosa para manterem-se dentro dos
altos padrões de segurança requeridos pela atividade aeronáutica.
A análise estrutural é uma fase essencial no projeto de uma estrutura. A Mecânica dos
Sólidos é a ciência que estuda as formas de um objeto sólido resistir ou transmitir
cargas. Os sólidos são compostos de partículas, que se aproximam ou se afastam em
função de esforços aplicados.
Vários exercícios resolvidos são apresentados ao longo do curso, e outros são propostos
ao final dos capítulos. Recomenda-se fortemente que o aluno consulte a bibliografia e
que resolva o maior número de exercícios, recorrendo ao professor sempre que tiver
dúvidas.
_________________________________________________________________________________ I
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Objetivo do Curso
O curso de AE-701 tem como objetivo apresentar os fundamentos da análise de
estruturas e introduzir conceitos básicos sobre cargas em aeronaves. Ao final do curso, o
aluno terá desenvolvido a habilidade de analisar estruturas simples e compreendido as
origens das cargas atuantes em uma aeronave.
_________________________________________________________________________________ II
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1. Conceitos Fundamentais
_________________________________________________________________________________ 1.1
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tirante
Viga engastada
(Cantilever)
viga bi-apoiada
Peças bidimensionais (figura a seguir) são chamadas de placas quando são planas e
possuem cargas normais ao seu plano. Casca é o nome dado a peças bidimensionais não
planas, que possuem cargas normais à sua superfície média. Chapas são superfícies
planas com cargas no seu plano. E membrana é a peça não plana que resiste somente a
esforços tangentes à superfície média.
casca
placa
Chapa
membrana
O caso mais geral de peça estrutural é o bloco, onde não há qualquer dimensão que
predomine sobre as outras. Um exemplo de bloco é dado na figura a seguir.
_________________________________________________________________________________ 1.2
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1.3. Movimento de Corpo Rígido
Um movimento qualquer de um corpo rígido no espaço tridimensional pode ser
decomposto em seis movimentos independentes: três translações e três rotações,
conforme figura a seguir. Cada um destes possíveis movimentos é chamado de grau de
liberdade. No total, um sólido locomovendo-se livremente no espaço possui 6 graus de
liberdade.
translações
uy rotações
ux θy
uz
y
z θx
θz
Quando o sólido está restrito a mover em um plano, a análise dos graus de liberdade
pode ser simplificada, conforme figura a seguir. Nota-se que agora há três possíveis
movimentos independentes: 1 rotação e 2 translações. Qualquer movimento do corpo no
plano pode ser obtido com uma combinação lineaar destes 3 movimentos.
y
Translações no plano
x
z
uy
Rotação no plano
ux
θz
_________________________________________________________________________________ 1.3
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Para impedir movimentos de corpo rígido das estruturas, é necessário restringir os graus
de liberdade. Isso é feito com apoios. Os apoios são vínculos da estrutura com alguma
superfície (rígida ou flexível), de forma a impedir pelo menos um grau de liberdade. Os
apoios geralmente são idealizados em formas simplificadas.
a) Simples b) Duplo
θz
y
θz
ux
x
z
5 kN/m
y
L=0,8m
2 kN 2 kN
x
z
deformada
_________________________________________________________________________________ 1.4
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Outro exemplo de vínculo pode ser visto na estrutura abaixo. Trata-se de um
engastamento perfeito. Este vínculo impede a estrutura de girar e de se locomover em x
e em y. A estrutura abaixo possui seus 3 graus de liberdade restritos.
x
z
Quando a estrutura for considerada espacial, devemos usar vínculos espaciais, que são
análogos aos planos, conforme figuras a seguir.
a) Apoio simples
espacial b) Rótula espacial
y
z
Graus de liberdade:
Graus de liberdade: θx , θy , θz
ux , uz , θx , θy , θz
Graus impedidos:
Grau impedido: uy ux , uy , uz
c) Engastamento espacial
y
Graus de liberdade:
não há
x Graus impedidos:
z
ux , uy , uz , θx , θy , θz
_________________________________________________________________________________ 1.5
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1.5. Classificação das Estruturas
Um vínculo tem como objetivo suprimir graus de liberdade de uma estrutura. Caso não
haja vínculos suficientes em uma estrutura, esta simplesmente se locomoverá com a
aplicação da carga, adquirindo aceleração. Neste caso, diz-se que a estrutura é
hipoestática.
Caso haja a quantidade mínima suficiente para que a estrutura (ou partes dela) não se
mova como um corpo rígido, a estrutura é dita isostática, conforme exemplificado na
figura abaixo.
Treliça
Qualquer vínculo que for retirado das estruturas acima deixará a estrutura hipoestática.
Por outro lado, ao acrescentarmos vínculos às estruturas isostáticas, tornar-se-ão
hiperestáticas, conforme figura a seguir.
_________________________________________________________________________________ 1.6
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As estruturas hiperestáticas apresentam deslocamentos menores que as respectivas
estruturas hipoestáticas. Do ponto de vista da segurança estrutural, apresenta a
vantagem de não ocorrer ruína quando se rompe um vínculo (obviamente, se
devidamente projetada para isso). Em compensação, irá transmitir esforços adicionais
aos apoios, que deverão ser dimensionados para receber esta carga.
arco
Pórtico
Pórtico
plano
espacial
Quando uma estrutura este em equilíbrio, então qualquer parte dela também está em
equilíbrio. Através da estrutura, as cargas externas ativas são transmitidas até os apoios.
Estas solicitações que “atravessam” as estruturas são chamadas de esforços internos. O
esquema a seguir ilustra os possíveis esforços internos. Ao longo deste curso,
estudaremos detalhadamente os efeitos de cada um destes esforços nas estruturas.
_________________________________________________________________________________ 1.7
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Normal (N)
Solicitantes: Cortante (S ou V)
A figura a seguir ilustra o esforço normal, e a convenção adotada para o sinal positivo.
A figura intermediária mostra uma parte da estrutura toda. Esta parte isolada também
deve estar em equilíbrio. A influência da parte da direita (que foi retirada) foi então
substituída pela força N. Para que a parte remanescente fique em equilíbrio, então
devemos ter P=N. N é chamado de esforço normal na seção considerada.
P>0 P>0
P>0 N>0
P<0 P<0
S>0 S>0
S<0 S<0
_________________________________________________________________________________ 1.8
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O momento fletor nos é mostrado na figura a seguir. Há duas representações adotadas
para o momento: flecha curva e a flecha dupla. Neste segundo caso, o sentido de
rotação é dado pela regra da mão direita.
Momento fletor
Mz>0
Regra da mão direita!
Mz<0
x
z
Por fim, o momento torçor pode ser visto a seguir. Notar que o sinal, quando usado
flecha dupla, é análogo ao adotado pelo esforço normal.
d) Momento torçor
Tx>0
R d
Tx<0
x
z
_________________________________________________________________________________ 1.9
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1.7 Exercícios
1.7.1. Calcular as reações das estruturas a seguir: usando as seguintes equações da
estática:
∑F x =0 ∑F y =0 ∑M z =0
∑F = 0
x ∑F = 0 ∑F = 0
y z
∑M = 0 x ∑M = 0 ∑M = 0 y z
q=9500 N/m
L=3,2 m
Solução:
A carga distribuída é estaticamente equivalente à sua resultante, aplicada no centro de
gravidade da distribuição de carga:
Mz Ry P=9500*3,2=30,4kN
y
x Rx
L=1,6 m
∑ F = −R = 0 ⇒ R = 0
x x x
∑ F = R − P = 0 ⇒ R = P = 30,4 kN
y y y
19kNm 30,4 kN
_________________________________________________________________________________1.10
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1.7.2. Avaliar a seguinte estrutura quanto ao equilíbrio:
A B
Solução:
Temos: 3 equações de equilíbrio (2D):
Temos: 3 reações (incógnitas): RAx ; RAy ; RBy
A Treliça é ISOSTÁTICA.
A C B
Solução:
Temos: 3 equações de equilíbrio (2D):
Temos: 4 reações (incógnitas): RAx ; RAy ; RBy ; RCy
A Treliça é Hiperestática (1 grau de hiperestaticidade)
C
A B
Solução:
Temos: 3 equações de equilíbrio (2D):
Temos: 4 reações (incógnitas): RAx ; RAy ; RBy ; RCy ; RCx
A Treliça é Hiperestática (2 graus de hiperestaticidade)
_________________________________________________________________________________1.11
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1.7.5. Avaliar a seguinte estrutura quanto ao equilíbrio:
A B
Solução:
Temos: 3 equações de equilíbrio (2D):
Temos: 2 reações (incógnitas): RAy ; RBy
A Treliça é Hipoestática (pode se movimentar como um corpo rígido em x)
A
x
Solução:
6 equações de equilíbrio (3D)
6 reações (incógnitas): RAx RAy Raz MAx MAy Mas
1 força normal (incógnita) na barra BC: RBC
Pórtico Internamente Hiperestático
(1 grau de hiperestaticidade interna)
_________________________________________________________________________________1.12
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