Penhane BOLETIM OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO DE APOIO E ASSISTÊNCIA JURÍDICA AS COMUNIDADES
Director Executivo: Rui de Vasconcelos* Sede: AAAJC* Telefone: 20030252*Cidade de Tete *Chingodzi* Editado em Português e Inglês
Devastação florestal em Moçambique: Será que faltam estudos?
Um estudo valioso publicado em 2003 sobre “Fiscalização de Flo-
restas e Fauna Bravia em Moçambique: passado, presente e acções
para melhoramento” da autoria de Adolfo Dinis Bila e Jyrki Salmi
aponta propostas para melhorar o sistema de financiamento do
sector de florestas e da fiscalização. Volvidos estes anos, prevalece a
situação dramática no sector e nada feito para desencorajar as acti-
vidades ilegais, reduzir rendimentos de actividades ilegais, aumen-
tar o risco de ser apanhado e punido caso se envolva em activida-
des ilegais, até criar incentivos e outros estímulos ao pessoal envol-
vido na fiscalização bem como a contratação de terceiros para reali-
zar algumas actividades do sistema, especialmente naquelas áreas
que envolvem a colecta de taxas, multas, entre outras.
Algumas práticas ilegais no sector florestal vão desde a ocupação
ilegal de áreas florestais, invasão de áreas florestais por campone-
ses, comunidades ou empresas privadas e a sua transformação em
terras agrícolas ou em áreas de pastagens, prática de agricultura
itinerante em áreas florestais, promoção da ocupação de áreas flo-
restais por camponeses sem terra e forçar ao Governo a atribuir
título de propriedade, a exploração ilegal da madeira, abate de
espécies protegidas, duplicação de licenças de corte, matar árvores,
por anelamento ou queimada, para depois explorá-las legalmente,
comprar madeira explorada ilegalmente de áreas protegidas, explo-
ração florestal em áreas protegidas, explorar fora dos limites das
concessões e exploração em áreas proibidas como encostas, galerias
florestais, fontes de água.
O estudo de Adolfo Dinis Bila e Jyrki Salmi aborda ainda o abate de
árvores jovens, sem a observância dos DAP estabelecidos por lei, a
Haverá alguma experiência internacional?
Dum modo geral, a experiência internacional no domí-
nio da fiscalização florestal pode ser resumida, como
descreve o estudo de que fazemos referência, em fiscali-
zação que deve combinar actividades preventivas, con-
trolo e policiamento, sendo que as actividades preventi-
vas mais importantes são aquelas que reduzem a vanta-
gem comparativa das actividades ilegais, mas atenden-
do que operadores florestais, comunidades locais de-
vem ser envolvidos na fiscalização. Como é natural, o
estudo daqueles “experts” em matérias de florestas,
determina que as comunidades locais devem ser incen-
tivadas, estimuladas para participarem na fiscalização e
deve haver a promoção da transparência em todos os
actos administrativos relacionados com o licenciamen-
to, concessões, exportação de madeira, entre outros.
Quem somos? Associação de Apoio e Assistência Jurídica as Comunidades (AAAJC), é uma organização da Sociedade Civil
Moçambicana, não-governamental, sem fins lucrativos, de âmbito nacional, fundada em 2008 e com os seus estatutos legal-
mente publicados em 2010 no Boletim da República nº. 2, III serie, 4º suplemento de 19 de Janeiro. A sede é na cidade de Tete.
exploração de volumes maiores do que os autorizados e estabeleci-
dos na licença, a declaração de maiores volumes extraídos na conces-
são para esconder madeira explorada fora dos limites da concessão,
a exploração florestal sem autorização, obtenção de concessões flo-
restais através de “cunhas” ou corrompendo as entidades responsá-
veis pela tramitação do processo, mas mais do que isso, a destruição
de áreas florestais, queimadas em áreas florestais para a sua conver-
são em outros usos comerciais, transporte, comercialização e contra-
bando de madeira incluindo o transporte de madeira sem autoriza-
ção e até seu transporte ilegal. Identificou ainda o contrabando de
madeira, a exportação e importação de madeira de espécies banidas
por leis ou convenções internacionais, a subfacturação e outras práti-
cas contabilísticas ilegais, problemas que embora despoletados em
2003, prevalecem até aos dias de hoje.
O estudo em si, mostra desde logo, haver falta de vontade na resolu-
ção do problema que assola a floresta no país, porque já nessa altura
identificou todas as possíveis situações a combater para a reversão
desse dilema. Mas nada fora feito. Há casos de declaração de baixos
valores e volumes na exportação, subfacturação na aquisição de bens
e serviços, manipulação do cash-flow para evitar pagamento de ta-
xas e impostos ao Estado, subclassificação, submedição e subvalori-
zação de madeira destinada à exportação ou a venda no mercado
interno, entretanto, nada tido em conta, até contra o processamento
da madeira sem a devida autorização, incumprimento da legislação
ambiental, social e as leis de trabalho do país.
A outra abordagem é de encorajar as comunidades locais,
ONG's e outros grupos para se envolverem na monitoria e
controlo em colaboração com os fiscais e agentes da lei e or-
dem, mas também contratar terceiros para algumas activida-
des de fiscalização, incluindo empresa privada, instituições
independentes, acção que pode reduzir a pressão sobre os ser-
viços públicos e aumentar a eficiência na realização das activi-
dades.
Parceiros:
 Penhane OFICIAL REPORT CARD OF THE ASSOCIATION FOR SUPPORT AND LEGAL ASSISTANCE TO COMMUNITIES

The Executive Director Rui de Vasconcelos* Sede: AAAJC* Telefone: 20030252*City of Tete*Chingodzi* Edited in Portuguese & English
o
Edition n 170

Forest devastation in Mozambique: Are studies missing?

A valuable study published in 2003 on “Forest and Wildlife Surveil-
lance in Mozambique: Past, Present and Actions for Improvement”
by Adolfo Dinis Bila and Jyrki Salmi points out proposals to im-
prove the forest sector financing system and surveillance. Over the
years, the dramatic situation prevails in the sector and nothing is
done to discourage illegal activities, reduce income from illegal ac-
tivities, increase the risk of being caught and punished if engaging in
illegal activities, even creating incentives and other incentives for
staff involved in crime, as well as the hiring of third parties to per-
form some activities of the system, especially in those areas that
involve the collection of fees, fines, among others.
Some illegal practices in the forestry sector range from illegal occu-
pation of forested areas, invasion of forested areas by peasants, com-
munities or private companies and their transformation into agricul-
tural land or pasture areas, shifting cultivation in forested areas,
promotion of occupation landless peasants and forcing the Govern-
ment to grant title deeds, illegal logging, felling of protected species,
duplication of felling permits, killing trees, girdling or burning, and
then legally exploiting them, buying illegally logged timber from
protected areas, logging in protected areas, logging outside the
boundaries of concessions, and logging in forbidden areas such as
slopes, forest galleries, water sources.
The study by Adolfo Dinis Bila and Jyrki Salmi also deals with the
felling of young trees, without observing the established PWD, the
exploitation of larger volumes than authorized and established in
the license, the declaration of larger volumes extracted in the conces-
sion to hide timber harvested outside the concession boundary,
unauthorized logging, obtaining forest concessions through
“wedges” or corrupting the entities responsible for processing the
process, but more than that, the destruction of forested areas,
burned in forested areas to conversion to other commercial uses,
transportation, marketing and smuggling of timber including unau-
thorized timber transportation and even illegal transportation.. It
also identified timber smuggling, timber export and import of spe-
cies banned by international laws or conventions, under-invoicing,
and other illegal accounting practices, problems which, although
triggered in 2003, still prevail today.
The study itself shows from the outset that there is a lack of willing-
ness to solve the problem that plagues the forest in the country,
because by then it identified all the possible situations to combat to
reverse this dilemma. But nothing had been done. There are cases of
declaration of low values and volumes in exportation, under-
invoicing in the purchase of goods and services, manipulation of
cash flow to avoid payment of taxes and taxes to the state, under-
classification, under-measurement and undervaluation of wood
intended for export or sale in the market. however, nothing taken
into account, even against timber processing without proper author-
ization, non-compliance with environmental, social and labor laws
of the country.

Will there be any international experience?

In general, international experience in forest surveil- control in collaboration with prosecutors and law
lance can be summarized, as described in the study we enforcement, but also to engage third parties for
refer to, in surveillance that should combine preven- some oversight activities, including private enter-
tive, control and policing activities, and the most im- prise, independent institutions, action that can re-
portant preventive activities are those that reduce the duce pressure on public services and increase effi-
comparative advantage of illegal activities, but given ciency in carrying out activities.
that forest operators, local communities should be in-
volved in enforcement. Naturally, the study of those
forest experts determines that local communities
should be encouraged, encouraged to participate in Partners:
enforcement, and transparency in all administrative
acts related to licensing, concessions, export of wood,
among others.

The other approach is to encourage local communities,

NGOs and other groups to engage in monitoring and

Who Are We? The Association for Support and Legal Assistance to Communities (AAAJC) is an mozambican Civil Society Organization (CSO) based in Tete province, non-governmental and non proffit, created in 2008 by
a group of Paralegals in natural resources and development law, formed by the Center for Legal and Judicial Training (CFJJ), now Ministry of Justice, who decided to organize themselves based on their knowledge to promote
social and economic development and respect for human rights based on observance of the principles of social justice, equity and sustainability. Its scope of action was limited to the areas of economic development and poverty
reduction in a participatory manner, legal support to communities and citizens, environmental education, conflict resolution, advocacy of public policies and human rights. In 2010, following the implementation of some initiatives
and completing the process of its constitution, the organization was formally legalized with statutes published in the Bulletin of the Republic no. 2, III series, 4th supplement of January 19, 2010.