Analise histórica busca identificar os condicionamentos da política externa brasileira à
época da Independência e definir o perfil do jovem Estado, como novo componente;
A soberania brasileira não foi imediatamente concebida no exterior; Quatro variáveis que condicionaram a elaboração e execução da política externa brasileira nesse período inicial: 1. O jogo das forças que compunham o sistema internacional no início do século XIX e os objetivos dos Estados dominantes; 2. A inserção do continente americano nesse sistema; 3. A herança colonial brasileira tanto socioeconômica quanto jurídico-política; 4. O precoce enquadramento luso-brasileiro no sistema internacional vigente, por meio da “aliança inglesa”; No mundo: retorno do absolutismo; Grã-Bretanha como centro dinâmico da nova economia; economias capitalistas dependentes do comercio de exportação; o A sociedade internacional europeia atingia a maturidade de um sistema de hegemonia coletiva; o Sistema internacional vinha de encontro dos ideais americanistas; As independências da América Latina foram vitorias próprias, sem apoio externo; França, Inglaterra e Estados Unidos se moviam por interesses econômicos, promovendo os novos mercados; Fracasso do congresso do Panamá: o pan-americanismo não despertava tanto interesses, o que favorecia os Ingleses, que temiam uma liga americana sob o comando dos EUA; o A América Latina abria-se às rivalidades interamericanas, à penetração europeia e à competição internacional; Brasil cedeu às pressões externas e criou condições que os mantiveram como dominados; Brasil fortemente condicionado pela hegemonia inglesa sobre Portugal, estabelecida por meio de uma aliança histórica, cujos efeitos foram transferidos ao Brasil; Mesmo com a independência, o autor defende que o Brasil pouco tinha de brasileiro, na medida que representava o transplante direto do Estado português;
Pressões externas e metas nacionais
No início do período independente, a política externa brasileira definiu-se em função da
herança colonial com suas estruturas sociais; José Bonifácio de Andrada fez a primeira gestão dos Negócios Estrangeiros – sucessor: Marquês de Paranaguá; o Criou-se assim, em definitivo, um ministério próprio e autônomo, com uma secretaria exclusiva para negócios exteriores; Entre 1822 e 1828 confrontam-se os objetivos estabelecidos pelos governos estrangeiros em suas relações com o Brasil e os que este país pretende alcançar no exterior; A cadência do movimento assim caracterizado é marcada por quatro fases: a. Rompimento político, jurídico e econômico com Portugal; b. Guerra de independência; c. Iniciativa para obtenção do reconhecimento da nacionalidade; d. Concessões feitas aos interesses externos. A independência da América Latina era útil para a Grã-Bretanha como válvula de escape do bloqueio continental imposto por Napoleão; Estados Unidos visavam objetivos políticos, econômicos e estratégicos com o Brasil: se opunham à monarquia, buscando uma expansão do “sistema americano”; Outras potencias alinhavam-se aos ideias e interesses ingleses; A independência do Brasil interessava à Grã-Bretanha, aos Estados Unidos e aos novos Estados hispânicos. Porém, não houve o apoio para o uso de armas, o rompimento foi uma decisão da política brasileira, que não ocorreu com apoio externo; Os Estados Unidos visaram objetivos políticos, econômicos e estratégicos: desistindo de se opor à forma monárquica de governo, buscavam a expansão do “sistema americano”; Bolivar e seus seguidores arquitetaram um plano visando a integração política e econômica do continente – Congresso do Panamá; Conclusões: a. A independência brasileira não esteve em perigo sério desde sua proclamação; b. A luta do governo brasileiro para obter seu reconhecimento formal se explica mais pelo infundado temor em perdê-la do que pela necessidade política; c. Os mais poderosos interesses econômicos e políticos inclinavam-se para a sua sustentação, propiciando ao governo brasileiro um poder de barganha; d. O reconhecimento a ser obtido a qualquer preço foi um trágico erro de cálculo político. Principal meta eleita como diretriz externa pelo governo brasileiro: reconhecimento da nacionalidade;
O enquadramento brasileiro no sistema internacional do capitalismo industrial sob a condição
dependente
Brasil como dependente da economia inglesa, sendo uma unidade de produção
primaria; Enquadramento brasileiro no sistema capitalista realizado à época da Independência; Houve três fases, para chegar-se à referida integração: a portuguesa, a inglesa e a ocidental; o Na primeira, criaram-se as precondições, com o rompimento da Independência, a conquista interna da soberania política, o fracasso das tentativas portuguesas em promover o retorno à situação colonial e a escolha bilateral da Grã-Bretanha como potência mediadora. A segunda é marcada pela natureza das relações de dependência resultantes das negociações entre o Brasil e a Grã-Bretanha. A terceira, pela extensão desse sistema de relações às outras nações capitalistas emergentes e ao universo.
As precondições
O rompimento da independência apresentou três dimensões, como expressão original
da política externa brasileira: um político- jurídica, outra militar e uma terceira diplomática. Operou-se em duas fases: a primeira, nacionalista, sob o comando de José Bonifácio, que converteu à causa o próprio príncipe; a segunda, contra- revolucionária, a partir da queda de José Bonifácio, em 1823, com a dissolução da Assembleia Nacional Constituinte e Legislativa e contra o autoritarismo do imperador.