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Faculdade de Direito de Lisboa

Contencioso Administrativo e Tributário

Preparação das aulas práticas

A justiça administrativa // José Vieira de Andrade O âmbito orgânico da justiça


administrativa: a jurisdição administrativa

A justiça administrativa resolve apenas questões de direito administrativo que sejam


atribuídas à ordem judicial de tribunais administrativos.

Quer isto dizer que o critério não é material. Não é por ser um caso que envolva direito
substancial administrativo que se tratará do mesmo no âmbito de tribunais administrativos.
Nem todas as questões de direito administrativo cabem na jurisdição administrativa.

Portanto, a jurisdição administrativa deve ser delimitada através das regras de


competência dos tribunais administrativos.

Uma coisa é no entanto a competência orgânica, outra é a dimensão orgânico-


processual. A sua análise dá-se inclusive em momentos diferentes. Só depois de atribuirmos
uma situação à jurisdição dos tribunais administrativos é que prosseguimos para a análise da
questão processual (ver a forma de processo a adotar) – questão regulada no Código de
Processo nos Tribunais Administrativos. Até porque o CPTA pode ser aplicado a situações
sujeitas a outra jurisdição – 192º CPTA. Quer isto dizer que há situações que se inserem no
âmbito de outras jurisdições mas que seguem formas de processo administrativas.

A jurisdição administrativa é então apurada pela conjunto de competências do conjunto


orgânico da justiça administrativa. A dimensão processual tende a acompanhar a dimensão
material que por sua vez, já vimos, pode ser tratada no âmbito de outras jurisdições.

A reserva constitucional da jurisdição administrativa

Artigo 212º/3 estabelece uma reserva material absoluta de jurisdição? Ou seja, só os


tribunais administrativos podem dirimir relações administrativas // os tribunais administrativos
só podem dirimir questões de direito administrativo (?)
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A segunda parte leva uma resposta negativa. Os tribunais poderão resolver litígios
relativos à atividade administrativa, aindaque estes incluam aspetos de direito privado – por
exemplo: contratos privados da administração e ações de responsabilidade civil extracontratual
da administração.

Esta aceitação conforma-se cada vez mais com a crescente utilização de instrumentos
privados, por parte da administração, para exercício da função administrativa. Portanto, existe
competência dos tribunais administrativos para dirimir litígios fora do âmbito da 212º/3 da CRP.

Os outros tribunais podem julgar casos que envolvam direito administrativo?

1) Existe uma reserva constitucional que proíbe o legislador de atribuir a outros


tribunais ojulgamento de litígios materialmente administrativos (só seria permitido quando
fosse constitucionalmente previsto)

2) Admitir a remissão para a jurisdição comum de algumas situações emergentes


de relaçõesadministrativas, quando se pretenda garantir uma proteção processual mais intensa
– exemplo: proteção de direitos fundamentais.

3) Ac. STA de 14/06/2000, P.45633 sobre a Lei nº 31/87 // Ac. do TC nº 746/96, de


29/5 //Interpretar o artigo constitucional como uma regra definidora de um modelo típico ou
delimitadora de um núcleo essencial modelador.

A intenção do legislador foi a de consagrar uma jurisdição própria. A ideia foi a de deixar
de encarar os tribunais administrativos como tribunais facultativos, o que acontecia por força
do nosso atual 209º (na versão pré-revisão de 1989).

Portanto, delimitou-se imperativamente a “nova” ordem jurisdicional administrativa.


Adotouse uma cláusula geral sem que a mesma queira significar a existência de uma reserva
absoluta. Deve esta delimitação ser entendida como uma garantia institucional que resulta na
obrigação para o legislador ordinário de respeita um núcleo essencial da organização material
das jurisdições (ou seja, indiretamente, delimita-se também as restantes)

Fica portanto proibida a desfiguração da jurisdição administrativa mas não se proíbe a


atribuição pontual a outros tribunais de questões com conteúdo administrativo. Fica a

concretização dentro do âmbito de liberdade do poder legislativo.


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O artigo assume ainda outras funções. Nomeadamente a de definir o carácter residual


da competência dos tribunais judiciais (também no sentido do 66º CPC). Só quando não se
integrar na ordem jurisdicional administrativa é que poderá então ser entregue a outra
jurisdição.

Além disto, são várias as normas da CRP que atribuem questões administrativas a outras
ordens jurisdicionais. Veja-se:

- 223º/2 – impugnar atos da comissão nacional de eleições é na jurisdição


constitucional

- declarar a força obrigatória geral da inconstitucionalidade de normas


administrativastambém é na ordem constitucional – 281º/1 al. a), c) e d)

- legalidade financeira da ação administrativa é no Tribunal de Contas – 214º da


CRP

- Direito comunitário está indiretamente atribuído a tribunais estrangeiros pelo


8º/3

A delimitação legal do âmbito da jurisdição administrativa

O âmbito da justiça administrativa deve ser então, também, delimitado com base no
recorte que seja dado à justiça administrativa

É no plano legal que se estabelecem as concretizações e as subtrações à cláusula geral


da CRP. Existem artigos que têm como efeito a subtração de matérias ao âmbito de jurisdição
da administração pública e existem outros que têm como efeito a ampliação desse mesmo
âmbito.

O âmbito de jurisdição administrativa segundo o ETAF

Artigo 1º - reafirmação da cláusula geral do 212º da CRP. Define-se a competência dos


tribunais administrativos de um ponto de vista substancial. São competentes para conhecer das
relações jurídicas administrativas.
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O artigo 4º encarrega-se de concretizar essa cláusula, enumerando as matérias que


expandem ou que comprimem o âmbito jurisdicional da justiça administrativa.

Existe portanto uma numeração positiva e outra negativa dos litígios que cuja resolução
compete ou não aos tribunais administrativos.

Os problemas persistem, todavia, porque a enumeração tem carácter exemplificativo


(não é possível fazer uma lista exaustiva de todos os litígios) // São utilizados conceitos abertos

O conteúdo das cláusulas deve ser compreendido em torno do âmbito já estabelecido


no patamar constitucional e frisado no nº1 do artigo. Assim, por exemplo, só entram na al. a) a
tutela de direitos fundamentais é aquela que seja exigida no âmbito de relações jurídicas de
direito administrativo.

As alíneas cumprem então o propósito de enuncia os litígios mais importantes


decorrentes de relações jurídicas administrativas e afirmar da jurisdição dos tribunais
administrativos sobre casos que outras leis poderiam fazer recair noutras jurisdições. 118

Aroso de Almeida // Manual de Processo Administrativo Pressupostos processuais


relativos ao tribunal – 151

São os requisitos cujo preenchimento é necessário para que um tribunal se considere


competente para dirimir um determinado litígio e conhecer do mérito da causa.

A competência de um tribunal fixa-se no momento da propositura da ação – artigo 5º


ETAF. São irrelevantes as alterações de direito e de facto que se verifiquem da propositura em
diante.

A competência de um tribunal analisa-se em quatro planos, que devem ser respeitados


cumulativamente.

1. O plano da competência em razão da jurisdição – Trata-se da relação entre a


competênciados tribunais administrativos e fiscais e a dos tribunais judiciais.

2. O plano da competência em razão da matéria – cabendo à jurisdição


administrativa e fiscal,resta saber se, dentro desta jurisdição, o caso deve ser decidido perante
os tribunais administrativos ou perante os tribunais fiscais.
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3. Plano da competência em razão da hierarquia – se for um caso que, em razão


da matéria,cabe a tribunais administrativos, resta saber em qual nível hierárquico se insere o
tribunal em que a ação deve ser proposta (1ª instância, Tribunais centrais administrativos,
Supremo Tribunal Administrativo).4. Competência em razão do território – se for uma questão
que caiba a um tribunal de 1ª instância ou a um tribunal central, restará saber qual dos vários
tribunais deste nível hierárquico é que é territorialmente competente. Há vários de primeira
instância e há dois centrais administrativos.

A incompetência de um tribunal administrativo poderá resultar da não observação


destes requisitos de competência ou então da violação de uma cláusula de arbitragem. A
competência dos tribunais administrativos também depende, assim, da (não) existência de
convenção arbitral, sob pena de ilegitimidade do tribunal arbitral.

A competência em razão da jurisdição: o âmbito da jurisdição administrativa

Quando é que uma ação deve ser proposta perante a jurisdição administrativa e não
perante um tribunal judicial?

A competência em razão da jurisdição prende-se também com questões de matéria.


Trata-se de um critério de especialização técnica em função da natureza do litígio a dirimir. A
diferença é que aqui, quando falamos de matéria, é já dentro do âmbito dos tribunais
administrativos e fiscais.

Há então conflitos de competência quando estamos perante tribunais da mesma


espécie mas que tratem de assuntos diferentes // Conflitos de jurisdição quando se fale em
tribunais de diferente espécie. A jurisdição administrativa e fiscal são apenas uma, nos termos
da lei e da CRP. Logo, entre estes dois tipos de tribunais não há conflitos de jurisdição.

A delimitação do âmbito de jurisdição dos tribunais administrativos e fiscais é feita no


artigo 4º/1 do ETAF, sem prejuízo de derrogações provenientes de legislação especial.
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Antes da revisão de 2015

O artigo 1º/1 do ETAF necessitava de ser articulado com o 212º/3 da CRP pois remetia
para este artigo. Diz este artigo que os tribunais administrativos e fiscais são competentes para
dirimir litígios emergentes de relações jurídicas administrativas e fiscais.

Hoje o problema já não se coloca porque o artigo já não remete para a CRP, remetendo
diretamente para o artigo 4º/1 do ETAF.

O artigo 212º/3 da CRP vem agora incluído no preceito legal do ETAF. Caberão à
jurisdição administrativa os litígios respeitantes a situações jurídico-administrativas e fiscais.
Ressalva-se ainda que a competência dos tribunais administrativos dependerá da não atribuição
do litígio à competência dos tribunais judiciais, por via de norma especial. Atente-se que caberão
igualmente a estes tribunais todos os casos, ainda que não versem sobre matéria administrativa,
que não sejam atribuídos por lei especial aos tribunais judiciais (atenção às remissões indiretas
feitas pelo ETAF através de normas restritivas).

Os critérios do artigo 4º que atribuam competência a TAF (Tribunais Administrativos e


Fiscais) além do critério constitucional ou que visem restringir esse mesmo critério mais não são
do que derrogações desse mesmo critério, contribuindo para a delimitação em especial do
âmbito de jurisdição daqueles tribunais. Portanto, o critério constitucional não deve ser utilizado
para definir o âmbito dos preceitos do artigo 4º (não podemos dizer que o legislador ignorou o
preceito). Já vimos em Vieira de Andrade o intuito desse preceito.

O preceito constitucional não estabelece uma reserva material absoluta, sendo passível
de derrogação. É apenas uma delimitação genérica que visa estabelecer, de grosso modo, uma
dualidade de jurisdições. O núcleo essencial da jurisdição administrativa não prejudica a
capacidade da sua conformação por parte do legislador ordinário. Metodologicamente, haverá
competência jurisdicional dos TAF se:

1. Não existir disposição legal especial em contrário – a questão da jurisdição pode


serresolvida em legislação avulsa ou no próprio ETAF, portanto fora do critério constitucional.
Portanto, o critério da al. o) é um critério residual, dentro de um âmbito jurisdição
principialmente genérico.

2. Ver se não há uma norma de exclusão no nº 2

3. Integrar no âmbito, por via do critério geral.


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As vertentes específicas da jurisdição administrativa (excluindo a fiscal)

Havendo jurisdição, o caso será entregue aos tribunais fiscais ou aos tribunais
administrativos. Já estaremos portanto a ver a competência em razão da matéria.

Alínea a)

Quando estiver em causa a proteção dos direitos fundamentais ou de outros direitos


legalmente protegidos, sempre que estes estejam envolvidos no Âmbito de relações
jurídicoadministrativas.

Portanto, a tutela destes direitos dar-se-á em sede de tribunais administrativos quando


esses direitos se vejam envolvidos no âmbito de relações jurídico-administrativos. A ressalva
final faz com que esta al. nada acrescente em relação ao critérios geral.

Alínea b)

Fiscalização da legalidade de atos jurídicos emanados pela administração no exercício


da função administrativa. Além destes, também os atos materialmente administrativos que não
sejam praticados por órgãos pertencentes à administração pública (alínea c)) mas que exerçam
poderes públicos

Trata-se portanto da fiscalização de atos administrativos e regulamentos – praticados


por todos aqueles que exerçam poderes públicos; Ex. os elencados no artigo 148º do CPA e
51º/1 do CPTA;

Alínea c)

Será tomado contrato administrativo aquele que se insira no âmbito do artigo 1º/6 do
CCP. Porém, na al. c) do artigo 4º/1 do ETAF não é só aos contratos administrativos que se faz
referência, para efeitos de apuramento da jurisdição dos tribunais administrativos.

Entram no âmbito de jurisdição dos tribunais administrativos, por via do artigo 4º/1 al.
c) do ETAF, os contratos que sejam administrativos nos termos do artigo 1º/6, 3º e 8º do CCP.
Também entram por esta via quaisquer outros contratos celebrados por entidades coletivas de
direitos público ou por outras entidades adjudicantes, desde que essa celebração se tenha dado
nos termos do direito público.
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Portanto, há contratos que, embora não sejam administrativos nos termos do CCP,
entram no âmbito de jurisdição dos TAF. Para efeitos de delimitação do âmbito jurisdicional,
releva não só o critério do ccp como também o da submissão do contrato a regras de
contratação pública.

O critério do contrato administrativo

Logo à partida, ficarão submetidos à jurisdição dos TAF os contratos que se tenham
como contratos administrativo por preencherem um dos quesitos do artigo 1º/6 do CCP. Ou
seja, entram aqui três grandes grupos:

Contratos administrativos por natureza // têm um fim ou objeto de natureza pública –


als. B), c) e d) do 1º/6 do CCP.

Contratos administrativos por determinação legal // ainda que não tenham natureza
administrativa, a lei opta por qualifica-los como contratos administrativos – a) // São os
contratos administrativos típicos do CCP e os demais contratos administrativos nominados
previstos em legislação avulsa.

Contratos administrativos por qualificação das partes // contratos atípicos que


poderiam ser contratos de direito privado. Tornam-se contratos administrativos por mera
vontade das partes e se a lei autorizar. Não têm natureza administrativa, não são legalmente
qualificados como contratos administrativos mas a lei permite que as partes os sujeitem ao
regime de direito público – 1º/6 al. a), 3º/1 al. b) e 8º do CCP.

O critério da submissão do contrato a regras de contratação pública

4º/1 al. e) do ETAF// contratos que a lei submeta a regras de contratação pública.
Portanto podem ser quaisquer contratos, ainda que não sejam administrativos. E podem ser
contratos que não tenham sido celebrados por pessoas coletivas de direito público – como
sejam entidades privadas que fiquem sujeitas a regras procedimentais em matéria pré
contratual.

Trata-se do tipo de contratos a que é feita referência no 6º/1 al. d) do CCP. O que os
tornaria naturalmente contratos sujeitos à jurisdição administrativa. O critério do ETAF é todavia
mais amplo do que o do CCP. Isto porque basta que a formação do contrato esteja submetida a
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regras de contratação pública – ou seja, mesmo que ele não entre no critério do CCP, todas as
questões que dele resultem serão dirimidas em tribunais administrativos.

Isto acaba por ser quase o mesmo que dizer (como já diz o CCP) que todos os contratos
de aquisição e locação de bens móveis bem como os contratos de aquisição de serviços por
contraentes públicos são contratos públicos e, portanto, ficariam sujeitos ao âmbito de
jurisdição dos tribunais administrativos.

Alíneas f) e g)

Competirá aos tribunais administrativos julgar toda e qualquer questão de


responsabilidade civil extracontratual emergente da conduta de pessoas de direito público – al.
f). Trata-se portanto de uma competência genérica.

Haverá competência para danos resultantes do exercício tanto da função legislativa,


como da política e da jurisdicional. Ficará apenas excluída a apreciação por tribunais
administrativos de ações de erro judiciário cometido por tribunais de outra jurisdição – 4º/3 al.
f) do ETAF. Mais precisamente, as ações em que a causa de pedir seja um facto imputado a um
juiz de um tribunal judicial, no exercício da função de julgar, somente essas.

No tocante a danos emergentes da atuação da Administração, competirá aos tribunais


administrativos analisar todos os casos de responsabilidade civil extracontratual emergentes da
conduta de órgãos, agentes dos órgãos de pessoas coletivas, funcionários e demais que
integrem a administração pública. Independentemente de saber se essas pessoas agiam em
gestão pública ou gestão privada. Ou seja, a distinção gestão pública e gestão privada não releva
para efeitos de delimitação do âmbito de jurisdição –

Está também abrangida a apreciação das questões de responsabilidade emergentes da


atuação materialmente administrativa de órgãos que não pertençam à administração pública –
4º/1 al. f) // Ressalvas: 4º/3 al. d) e c) – cabe aos tribunais judiciais

4º/3 al. a) – fica de fora o controlo da legalidade por atos praticados na função política
e legislativa. Mas atenção, os danos causados pelos titulares desses órgãos, pessoalmente, e no
âmbito do exercício das suas funções enquanto tal ainda entram – pela al g) do 4º/1.

4º/1 al. h) – Quer isto dizer que a distinção entre gestão pública e gestão privada
continua a ter relevância no plano processual (não para as pessoas de direito público) mas sim
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para as pessoas de direito privado, quando a lei lhes confira a titularidade de prerrogativas de
poder público ou cuja atividade é regulada (parcialmente) pelo direito administrativo.

Ver 168 à 188 Competência em razão da matéria

Não existem tribunais administrativos de competência especializada. Portanto, a


competência dos tribunais administrativos tem feições unitárias. Todavia, existe a questão
prévia de saber se, dentro da jurisdição dos tribunais administrativos e fiscais, estamos perante
um, caso que caiba aos tribunais administrativos ou aos tribunais fiscais – distribuição da
competência em razão da matéria, dentro dos tribunais administrativos e fiscais.

Muito basicamente – os tribunais administrativos são competentes para resolver


questões que envolvam a aplicação de direito administrativo // Os tribunais fiscais são
competentes para resolver questões que envolvam a aplicação de direito fiscal. Sem prejuízo de
demais matérias que lhes possam ser direta ou indiretamente atribuídas.

A competência em matéria tributária compreende a fiscalização da legalidade de atos


tributários e demais atos de natureza administrativa mas praticados ao abrigo de normas de
direito fiscal. Mas, ao abrigo do 212º/3 da CRP, caberão aos tribunais fiscais todas as situações
emergentes de uma relação jurídico-fiscal – independente da forma que revista a fonte dessa
relação (normalmente uma lei fiscal mas pode não ser). Portanto, poderão entrar no escopo da
sua competência os contratos fiscais, as situações relativas a responsabilidade civil por danos
emergentes das relações jurídicas fiscais etc.

A competência em razão da matéria estende-se a todo o tipo de ações – declarativas,


apreciativas e condenatórias. Deverá ser este o sentido do artigo 44º do ETAF – caso contrário,
o reconhecimento de uma situação jurídica fiscal acabaria por ser uma questão administrativa.

A competência em razão da hierarquia

Os tribunais administrativos e fiscais têm uma organização vertical // primeira instância,


segunda instância (Tribunais Centrais Administrativos) e Supremo Tribunal Administrativo.

Existe portanto uma distribuição da competência em função do critério hierárquico.

Competências do STA // 24º a 25º do ETAF


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Competências dos Tribunais Centrais // 37º do ETAF

Competências dos tribunais de 1ª Instância // 44º do ETAF

MA –a distribuição da competência em razão da hierarquia (distribuição de


competências entre tribunais escalados verticalmente, dentro da mesma espécie) é diferente
da distribuição feita em razão da matéria – aí vigora o princípio da especialização.

Um manifestação da hierarquia é logo a da competência dos tribunais superiores para


apreciarem os recursos das decisões proferidas pelos tribunais inferiores e de, se for caso disso,
revogar as suas decisões. Outra manifestação é da competência dos tribunais superiores para
dirimirem conflitos de competência entre tribunais inferiores. Outro plano é o de que o
legislador entendeu que há casos que devem ser exclusivamente decididos pelos tribunais
superiores – em virtude de uma maior experiência e de um maior distanciamento.

Os problemas de competência levantam-se apenas neste terceiro plano. Resta ver então
em que termos é que o ETAF distribui a competência em razão da hierarquia.

O ETAF confia a generalidade das competências em primeiro grau de apreciação aos


tribunais de primeira instância – artigo 44º. Cabe aos tribunais de 1ª instância conhecer de todos
os litígios que não se insiram no âmbito de competências reservadas dos tribunais superiores
(tribunais superiores = STA e Tribunais Centrais Administrativo (norte ou sul));

O ETAF reserva para os tribunais superiores a competência para conhecer – em primeiro


grau – os casos referidos no artigo 24º/1 als. A), b) e c).

Segundo este artigo, ficam reservadas à competência do STA, a competência para


conhecer em primeiro grau, os processos relativos a ações ou omissões do PR, da AR, do
presidente da AR, do Conselho de Ministros, do Primeiro-Ministro, dos Presidentes do TC, do
STA, do Tribunal de Contas e do Supremo Tribunal Militar, do Conselho Superior do Ministério
Público // *Bem como os pedidos de providências cautelares relativos as estes processos.

24º/1 al. b) e f) // competência para conhecer em primeiro grau dos processos eleitorais
e das ações de regresso fundadas em responsabilidade por danos, que sejam intentadas contra
juízes do STA e dos TCA, bem como dos magistrados do MP

Os TCA são competentes para conhecer em primeiro grau das ações de regresso
fundadas em responsabilidade por danos resultantes do exercício das suas funções, que sejam
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intentadas contra juízes dos tribunais de círculo bem como da ação dos magistrados do MP que
exerçam funções junto desses tribunais – 37º al. c) e d) do ETAF.

O princípio da livre cumulabilidade de pedidos sobrepõe-se às regras de distribuição da


competência em razão da hierarquia. Nas situações em que o tribunal superior seja competente
para apreciar de um dos pedidos – então também será competente para conhecer dos outros –
21º/1 do CPTA, com reflexo na previsão do 24º/1 al. e) do ETAF.

A competência em razão do território

Há os tribunais de circulo (1ª instância), os TCA (2ª instância) e o STA.

Em matéria de território, os tribunais de primeira instância têm as suas competências e


os de segunda instância também, partilham a competência segundo um critério territorial. Eles
são titulares das competências que lhes são atribuídas pela hierarquia e estas são distribuídas
entre eles segundo um critério territorial.

Critérios de competência territorial // critério do ponto de refrência – residência do


autor ou a sua sede, da sede do demandado ou o lugar da situação do imóvel – critérios
enunciados no 16º a 22º.

Identificado o ponto de referência, temos que ver qual é o tribunal que abrange aquele
local em concreto. Aqui, ter em conta a lista do D.L. 182/2007 de onde também resulta a área
de jurisdição de cada um desses tribunais.

O critério de distribuição territorial que vigora como regra geral é o do artigo 16º -
residência habitual ou sede do autor ou da maioria dos autores (não havendo a maioria, pode
ser qualquer um deles).

Depois há o critério do artigo 20º/1 – área da sede da entidade demandada – aqui


apenas as entidadas relacionadas com as administrações locais e autárquicas – não entidades
que prossigam fins de âmbito nacional.
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Artigo 17º // bens imóveis, urbanismo, edificação e utilização de prédios (não abrange
apenas direitos reais sobre imóveis mais também direitos pessoais de gozo). Também envolve
ações que tenham o direito sobre imóvel apenas como objeto mediato – exemplo: impugnação
de atos sobre bens imóveis como atos de embargo ou expropriação.

Artigo 19º// matéria de contratos – apenas interpretação, execução e validade de


contratos /a que se refere o 37º/1 al. l). Não abrange impugmnação de procedimentos pré-
contratuais – porque aqui não se impugnam contratos mas sim atos. Atenção ao 19º/3 – se for
emprego público pode ser na residência do autor.

21º/2 – quando forem cumulados pedidos* para cuja apreciação forem competentes
tribunais diversos – o autor pode escolher qualquer um. Quando haja dependência ou
prjudicialidade de pedidos – a ação deve ser proposta no tribunal do pedido principal **

18º/2 // matéria de responsabilidade civil extracontratual – reitera o 21º/2. Assim,


quando o dano venha da prática do ato, o pedido principal é a impugnação do ato – logo, temos
que ver qual é o tribunal competente para isto. Atenção ao 20º/3. 199

Pressupostos processuais relativos às partes

A legitimidade processual

Artigo 9º e 10º // A legitimidade processual enquanto questão estritamente do âmbito


processual, relativa à situação das partes no processo. Recaímos portanto no quadro montado
pelo processo civil.

A legitimidade ativa é primeiramente tratada no artigo 9º. Todavia a matéria não se


esgota nesse artigo. O critério do artigo 9º/1 tem então natureza residual em relação às diversas
normas especiais, estabelecidas em função dos diversos tipos de pretensões. Exemplos de
normas especiais relativas à legitimidade: 55º, 57º, 68º, 73º e 77º-A

O quadro legal prende-se com uma construção do pressuposto não num sentido
subjetivo (em função da pessoa do demandado ou do réu) mas sim em função do tipo concreto
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de ação. Portanto, um sujeito poderá ou não figurar como parte de uma ação consoante o objeto
da mesma. Portanto, temos diferentes requisitos de legitimidade nos diferentes tipos de ação.

Nestes casos especiais, temos muitas vezes legitimidade de quem não é sujeito na
relação material controvertida (portanto, legitimidade além do 9º/1). Ex. legitimidade para um
sujeito impugnar uma to administrativo que o afeta. Ele é interessado mas, antes do ato, não há
qualquer relação jurídica.

Conjuga-se assim uma dimensão subjetiva com uma dimensão objetiva // eu posso ir
aos tribunais administrativos defender os meus próprios direitos mas também posso defender
o interesse público. Tal como o Ministério Público.

Exemplo de dimensão objetiva do contencioso administrativo: 77º-A – legitimidade de


impugnação de contratos // questões pré-contratuais e sobre execução de contratos podem ser
sindicáveis – legitimidade do MP advém do interesse público subjacente à implementação
dessas normas - respeito pela legalidade

O regime geral do artigo 9º

Salvo disposição em contrário, tem legitimidade quem alegue ser parte na relação
jurídica de onde advém a situação material controvertida.

Legitimidade para defesa de interesse difusos (art. 9º/2)

MP, autarquias locais, associações e fundações defensoras de interesses comuns +


qualquer pessoa singular – têm legitimidade para instaurar procedimentos cautelares ou ações
para defesa de valores difusos. São portanto casos de extensão do conceito de legitimidade.

Trata-se do direito de ação popular para a defesa de valores e bens constitucionalmente


protegidos – 2º/1 Lei nº 83/95. Direito inclusive constitucionalmente consagrado – 52º/3.

O direito de ação popular processa-se nos termos previstos na lei – 9º/2. O conceito de
legitimidade para estas ações vem então referido nos artigos 2º e 3º da Lei 83/95.
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Regimes especiais de legitimidade Impugnação de atos administrativos – 55º

A impugnação tem em vista sempre a anulação ou declaração de nulidade (50º/1). A


inexistência é um processo declarativo mas, no que toca a pressupostos processuais, coincide
com o processo de impugnação no que toca a requisitos de legitimidade.

Alegação de interesse direto e pessoal – 55º/1 al. a)

Pode impugnar um ato que tem interesse direto e pessoal – tem interesse direto e
pessoal, nomeadamente quem tenha sido lesado nos seus interesses e direitos legalmente
protegidos. 220

O objeto do processo administrativo (67.) Pretensões respeitantes a atos


administrativos e normas regulamentares

As pretensões respeitantes a atos administrativos (75.)

Por referência a atos administrativos, podemos ter quatro tipos de pretensões. Dois
desses tipos de ações reconduzem-se à impugnação de atos administrativos no sentido do artigo
50º/ 1 – a anulação e a declaração de nulidade de atos administrativos.

(Temos ações declarativas – nulidade // constitutivas – anulação // condenação –


emissão ou não emissão de atos administrativos)

A anulação e declaração de nulidade de atos administrativos tem por referência os atos


administrativos de conteúdo positivo – 51º/4.

Portanto, dentro de uma pretensão de impugnação pode surgir uma sentença


constitutiva – anulação // ou uma sentença declarativa ou de mera apreciação – declaração de
nulidade

As declarações de inexistência de atos administrativos não são ações de impugnação


(segundo o 50º/4) porque quando o ato não existe, então não há nada para impugnar.
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No âmbito das ações de impugnação, podemos condenar uma entidade administrativa


a praticar ou a não praticar um ato (cuja prática ainda não ocorreu mas é provável que venha a
ocorrer).

As impugnações dirigem-se a atos de sentido positivo e as condenações dirigem-se a


pretensões em que a administração na pratica o que devia praticar por mera omissão ou
simplesmente se recusa a fazê-lo.

Relativamente a atos administrativos, nós temos duas formas de processo: ação


administrativa – 37º a 96º // ações administrativas urgentes – 97º a 103º - B

Modalidades de impugnação de atos administrativos

Os requisitos de validade dos atos administrativos são impostos por lei. Se um ato é
inválido, então ele poderá ser contestado e a administração terá que fazer o necessário para
repor a situação que existiria caso esse mesmo ato não tivesse sido praticado (em alguns casos,
isto pode descambar numa ação condenatória(?))

Os atos podem ser então nulos ou anuláveis // Os atos só são nulos quando a lei o diga
– ou seja, a regra é a da anulabilidade. Portanto a impugnação em sentido estrito pode
reconduzirse à declaração de nulidade e anulação de atos administrativos – 50º/1.

Nulidade de atos administrativos

O regime da nulidade vem determinado no 161º CPA // sendo nulo, o ato é ineficaz
desde o início, pelo que não pode ser objeto de atos de segundo grau. A nulidade pode, em
regra ser invocada a todo o tempo, a título principal ou incidental e por qualquer interessado

A declaração de nulidade é uma sentença meramente declarativa ou de simples


apreciação // Portanto não há um ónus de promover a declaração de nulidade – os efeitos são
os mesmos, ou seja, nenhuns. Vale apenas para clarificar perante a administração e perante
terceiros – o interessado não fica é numa situação juridicamente mais favorável.
lOMoARcPSD| 3311727

Anulação de atos administrativos

O regime da anulabilidade vem definido no 163º CPA // A anulabilidade corresponde ao


risco de um ato ser anulado.

Portanto, até lá, há efeitos. Até à anulação o ato produz efeitos e gera dever de
obediência e de execução. Esses efeitos são produzidos é a título precário – podem ser
destruídos desde o seu início, caso o ato seja de facto anulado.

O ato pode ser anulado mediante sentença ou mediante anulação administrativa por
órgão superior.

Recai sobre os interessados o ónus de promover a anulação de um ato anulável. O prazo


para o MP é de um ano e para os interessados é de três meses – 58º

A sentença de anulação é constitutiva do dever da administração promover os atos


necessários a restabelecimento da situação anterior à prática do ato – 173º

Objeto dos processos de impugnação de atos administrativos

Quando se fala de objeto não é o objeto em sentido técnico processual. É o quid sobre
o qual se vão projetar os efeitos da sentença.

Processualmente, o objeto do processo impugnatório é a pretensão impugnatória em


si. E como objeto do ataque temos então o ato administrativo, que é o que vai ser declarado
nulo ou é o que vai ser anulado.

O caso julgado material do processo impugnatório estende-se, todavia, à modelação do


exercício daquele poder público. Cria-se portanto uma proibição de reincidência nas ilegalidades
que fundaram a invalidação.

Portanto o objeto da processo impugnatório tem uma dupla dimensão: a concreta


anulação ou declaração de nulidade do ato // o acertamento negativo do poder manifestado
através do ato impugnado

É por isso que o tribunal tem o dever de se pronunciar sobre todos os vícios alegados –
95º/3 // evita-se que o tribunal, anulando um ato com base num vício e que a administração
venha a renovar o ato com um segundo vício que já tinha sido alegado.
lOMoARcPSD| 3311727

Pelo mesmo motivo, eu posso recorrer de uma sentença que, embora tenha invalidado
um ato, tenha dito que um determinado vício não existia – 141º/2 e 3

Portanto, todas as possíveis causas de invalidação do ato integram a mesma causa de


pedir – que englobam o pedido de anulação na sua globalidade. Invoca motivos de anulação não
é, portanto, ampliação do objeto.

Portanto o autor tem o ónus de alegar todos os possíveis vícios que possam recair sobre
aquele ato e de que tenha conhecimento superveniente – podendo para isso interpor
articulados supervenientes – 86º // quer isto dizer que não poderá depois voltar a pedir a
anulação do ato com base em motivos que não invocou no primeiro pedido de anulação. O não
invocado ou não procedido – preclude!

95º/3 – dever de o tribunal conhecer de causas de invalidade não alegadas // conjugado


com o 90º/3 // se causas de invalidade não é ampliação do objeto, então o juiz também não
está a ampliar o seu âmbito de conhecimento, logo, não ultrapassa os limites do processo.

O enquadramento das ações de inexistência de ato administrativo

Distinguimos a impugnação da inexistência. Impugnação, para efeitos do 50º/1, tem


apenas em vista a obtenção de declaração de nulidade ou de inexistência

Só nas situações de invalidade é que temos um ato administrativo, nos outros casos,
não havendo ato, não temos o que anular.

A impugnação tem em vista a aferição da validade de um ato que colocou em causa uma
situação jurídica detida pelo impugnante // a declaração de inexistência destina-se a fazer o

tribunal reconhecer que existe apenas a aparência de um ato administrativo, ou seja,


que, em verdade não existe um ato administrativo suscetível de produzir efeitos jurídicos.

A existência e validade dos atos têm requisitos. Ou seja, não preenchendo os requisitos
de existência, o ato não existe. Preenchendo os de existência mas não os de validade, o ato
existe mas é inválido – tem um vício.

Requisitos de existência do ato administrativo – são os elementos constitutivos do


conceito (art. 148º do CPA) // se não preencher o preceito – inexistência de ato administrativo
(não dizer ato administrativo inexistente)
lOMoARcPSD| 3311727

Portanto, o que está subjacente à declaração de inexistência é a proteção da segurança


jurídica dos interessados. Um particular dirige-se ao tribunal para que este declare que uma
determinada pronúncia de um órgão da administração não é um ato administrativo - e c–mo tal
não pode assumir os seus efeitos. É uma sentença declarativa – 39º/1.

A condenação à prática de atos administrativos

268º/4 CRP // os tribunais podem condenar a administração a praticar um ato


administrativo que seja legalmente devido.

66º/1 CPTA – Os tribunais condenam a administração a praticar um ato e dentro de um


prazo. Pode estabelecer-se inclusive uma sanção pecuniária compulsória – 3º/2 e 95º/4 (pagar
mais um x por cada dia depois do prazo) – 169º/1.

A forma de processo é a forma comum – 37º. Mas há dois tipos de ação: as que querem
condenar a administração à prática de um ato administrativo e aquelas que visam apenas obter
a realização de uma prestação (por exemplo a entrega de uma coisa), que por si não envolva a
prática de um ato administrativo.

Os pressupostos são diferentes: ver 41º e 69º) // Uma coisa é eu querer estabelecer
uma relação de autoridade entre poder público e particular / outra coisa é eu querer ver
satisfeito, por exemplo, um crédito que tenho resultante de uma relação paritária com a
administração.

Por conseguinte, quando o particular parte para a ação já com um direito, que por si não
dependa de um ato unilateral a praticar pela entidade obrigada, então aquilo que se está a pedir
não é a prática de um ato (que é o que constitui o direito, que por si já existe) – nem de
concessão nem de indeferimento – eu estou apenas a pedir a condenação da administração à
prática de um ato que já me é devido.

A condenação à prática de atos administrativos é diferente da impugnação de atos


administrativos, em termos de objeto. No primeiro caso, o objeto não é delimitado com base
em concretos fundamentos nos quais se tenha baseado o indeferimento do ato que é
devido(pretensamente).
lOMoARcPSD| 3311727

66º/2 – ainda que a prática do ato devido tenha sido anteriormente recusada, o objeto
do processo é a pretensão de prática do ato e não o ato de indeferimento. A pronuncia
condenatória por si encarrega-se de eliminar o ato de indeferimento. Ele não discute um ato
negativo, discute uma situação positiva subjetiva.

A condenação não incide apenas pelo aspeto formal de prática do ato mas sim sobre o
conteúdo material da situação que o ato envolve.

Quando há ato de indeferimento, acabamos por ter um pedido de condenação ou um


pedido impugnatório? Ou os dois?

Mário Aroso – é processo impugnatório // há uma reação contra um ato administrativo


que pode eternizar-se no tempo (13º/2 CPA e 69º/2 CPTA) + existe sempre um momento lógico,
ainda que implícito, de eliminação doa to de indeferimento – 66º/2. A eliminação do
indeferimento é pressuposto para que surja novamente o dever legal de decidir e (agora) de
praticar o ato.

Trata-se de uma impugnação de plena jurisdição – a eliminação do ato negativo tem


lugar no âmbito de uma ação de condenação à prática de ato devido – logo, o seu objeto não se
centra no ato negativo mas sim na pretensão subjacente ao ato que se quer ver praticado no
momento em que o tribunal se vê incumbido de decidir (não se tem em conta o momento em
que foi praticado o ato negativo mas sim o momento e as circunstâncias presentes no momento
da decisão relativa a esta ação).

O tribunal vai ver se, no momento da decisão, estão preenchidos os elementos


constitutivos e não se encontram verificados nenhuns facto impeditivos ou extintivos.

Assim, se um requerimento tiver sido indeferido pela administração com base na falta
de um requerimento prévio, o tribunal pode ultrapassar isso e conhecer logo da questão de
fundo. Portanto, o autor tem op ónus da alegação dos factos constitutivos da situação que quer
ver concretizada através da prática do ato pedido. O objeto do processo não se cristaliza no
tempo.

Atenção ao 45º-A impede os efeitos de alterações normativas que impeçam a satisfação


da pretensão do particular. Nestes casos, se o ato era devido, o objeto da nova ação com base
no novo normativo – a ação deve passar a incidir sobre o equivalente indemnizatório. 45º/3
especifica o que é a alteração normativa impeditiva. Só é quando, mesmo que ela tivesse sido
lOMoARcPSD| 3311727

concedida à luz do quadro normativo + o novo quadro não teria o alcance de colocar em causa
a situação jurídica pretensa.

A extensão dos poderes de pronúncia do tribunal (94-104)

Pressupostos processuais específicos em função do objeto

Impugnação de atos administrativos

Artigos 50º e ss. // Só tem por objeto a anulação ou declaração de nulidade. Na ação
de declaração de inexistência, o objeto é precisamente a negação da existência de qualquer ato
suscetível de ser sequer impugnado, pelo que fica de fora do âmbito da ação impugnatória.

No entanto, a ação declarativa de inexistência é submetida ao mesmo regime de


pressupostos processuais que é aplicável à ação impugnatória.

“Ato administrativo impugnável” (+ atos equiparados para efeitos de impugnabilidade).


A existência de um ato administrativo impugnável tem, por sua vez, pressupostos. Ou seja,
dentro do pressuposto há pressupostos.

A impugnabilidade de atos administrativos

51º/1 – as pretensões impugnatória têm por objeto um ato administrativo. Logo, temos
de considerar o conceito de ato administrativo. Havendo um ato administrativo ele é, em regra,
impugnável.

O conceito de ato administrativo resulta do artigo 148º. É um ato administrativo a


decisão proferida no âmbito de poderes jurídico-administrativos, vise produzir efeitos
jurídicoadministrativos, num âmbito externo e relativos a uma situação individual e concreta.

E portanto o conceito é um conceito material, sem elementos subjetivos e


independente de forma.
lOMoARcPSD| 3311727

Por isso, pode haver um ato administrativo praticado por uma entidade que não se
integra na administração pública em sentido formal. Podendo assim ser essa uma entidade
privada que atua no âmbito de disposições de direito administrativo.

Quanto aos sujeitos privados, é importante realçar que é decisiva a relevância do critério
da atuação no âmbito da normas de direito administrativo. Ou seja, normas que imponham
deveres ou sujeições especiais por razões de interesse público. É por isso que entram no âmbito
do 51º os atos inseridos no âmbito de procedimentos pré-contratuais (nesse sentido – 100º/2);
bem como os de estabelecimentos de ensino privados no exercício de prerrogativas conferidas
pelo direito administrativo.

Essencial também para a qualificação de uma atuação como sendo um ato


administrativo é o seu conteúdo decisório – tem que ser um ato com o poder de mudar o rumo
das coisas ou o

sentido das condutas a adotar. Não pode ser um ato que emita uma opinião ou uma
declaração de ciência – exemplo: pareceres não vinculativos. Mas isto desperta uma atenção
necessária.

É que não são só os atos finais dos procedimentos administrativos que têm conteúdo
decisório. Há atos dentro do decorrer do procedimento que também têm conteúdo decisório
(definem, ainda que parcialmente, a vida dos interessados) e que, sendo atos, podem ser
impugnados. Chamam-se decisões interlocutórias e fazem caso decidido formal, no âmbito do
procedimento.

O ato deve ter eficácia externa. Ficam de fora os atos que tenham eficácia interna. São
atos com eficácia interna aqueles que sejam praticados no âmbito da própria relação
interorgânica da administração.

Mas há atos internos com eficácia externa. Há atos internos com eficácia externa
praticados fora dos procedimentos administrativo (ex. ordens de serviço) // atos internos
praticados no âmbito de procedimentos administrativos – neste caso, só são internos os atos
entre órgãos da mesma entidade – apenas vinculando os próprios. Se definirem a situação dos
interessados (ainda que parcialmente) – deixam de ser atos internos – ex. a ordem que um órgão
superior dá a outro para instaurarem um processo disciplinar a um funcionário // ato que ordene
a demissão.
lOMoARcPSD| 3311727

Atos administrativos não dependem de forma – decorre desde logo do 268º/4 da CRP –
garante-se a impugnação de atos administrativos, independentemente da sua forma. E portanto
pode haver um ato administrativo inserido num ato legislativo ou regulamentar – com
fundamento em qualquer tipo de vício.

Mas pode haver atos legislativos com disposições administrativas que devem ainda
assim ser qualificados como atos legislativos. São aqueles que exprimam opções primárias, com
conteúdo inovador. Ou seja, a expressão de uma opção primária da comunidade política – que
é a característica essencial da função legislativa.

Nos outros casos, podem estar, por exemplo, uma opção administrativa, num ato
legislativo, mas tomada com base em ato legislativo anterior. Ou seja, os pressupostos da opção
já existiam – estão apenas a ser concretizados. A opção aqui recai sobre aspetos secundários e
já circunscritos. Ou seja, é um papel condicionado e subordinado – como sendo a concretização
prática de um interesse já definido.

Quanto ao conteúdo decisório – não são impugnáveis os atos confirmativos – aqueles


que que visem apenas confirmar definições (de situações) em sentido jurídico praticadas por
atos anteriores. Exemplo: atos que apenas reconhecem que, quanto àquela situação, já foi
tomada uma decisão - isto no fundo não é uma decisão, é um mero ato enunciativo.

O ato confirmativo não pode ser usado para reabrir um litígio. Logo, não pode ser
impugnado. E assim, quem tinha o ónus de impugnar o ato anterior e não o fez dentro do prazo
também não pode impugnar o ato confirmativo. É por isso que o artigo 53º/2 remete para o
59º.

Mas isto quer dizer que o ato confirmativo, quando o ato principal não tenha sido
publicado ou o interessado não tenha sido notificado quanto ao mesmo, pode ser impugnado –
59º/2.

Também não são impugnáveis os atos administrativos que sejam praticados em


execução ou aplicação de outros atos administrativos – para não se poderem reabrir litígios ou
instaurar tardiamente litígios em relação ao ato principal. Portanto, se os atos de execução não
envolverem qualquer novo conteúdo decisório mas forem a mera reiteração do ato anterior –
53º/3

Mas os atos de execução de atos anteriores vêm sempre acrescentar alguma medida de
poder de definição jurídica e contribuem sempre para a definição jurídica da situação do
lOMoARcPSD| 3311727

particular – ex. acto que vem determinar um prazo para cumprimento de uma obrigação fixada
por ato anterior sob pena de execução.

Este ato tem sempre algum ato inovador – logo, é um ato administrativo de conteúdo
decisório que pode assim ser impugnado.

Portanto, os atos de execução, tendencialmente têm um conteúdo misto.

Portanto, na parte em que reitera a decisão proferida no Âmbito de ato anterior, este
ato não é impugnável – a menos que o ónus de impugnação não tenha surgido por falta de
publicação ou de notificação o ato exequendo – 59º/2 e 3 // Na parte em que o ato de execução
acrescenta novos efeitos jurídicos, ele tem conteúdo decisório e inovador, logo, pode ser
impugnado – podendo até ser alegado o facto de este extravasar o conteúdo do ato exequendo
– 53º/3.

Ónus de impugnação e suas exceções

Quem é destinatário de um ato ou por este seja afetado tem o ónus de o impugnar para
proteger os seus interesses e direitos legalmente previstos. E pelo menos a impugnação fundada
em anulabilidade está sujeita a prazo. Depois do prazo não pode impugnar o ato nem as
atuações subsequentes da administração.

A constituição do ónus depende dos requisitos de impugnabilidade previstos no artigo


59º/1, 2 e 3.

Há no entanto três exceções:

- 51º/3 os atos que não põem fim ao procedimento // ou seja, atos dentro de
umprocedimento mas dele autonomizáveis // mas eu posso sempre reagir contra estes
indiretamente, impugnado o ato de decisão final do procedimento. Portanto é uma faculdade
mas não um verdadeiro ónus. Isto assim não é, ou seja, eu não posso atacar um ato
indiretamente, quando: ato de exclusão do interessado do procedimento; quando a lei diga que
o ato tenha que ser tempestivamente impugnado o ato procedimental sob pena de preclusão;

- 52º/2 quando o ato administrativo venha inserido num diploma legislativo, os


eventuaisinteressados podem não se aperceber da sua ocorrência. Logo, podem impugnar os
atos de execução e de aplicação – e portanto aqui já não vai haver aquela limitação do artigo
53º
lOMoARcPSD| 3311727

- 52º/3 o não exercício do direito de impugnar um ato que não especifique os


seusdestinatários confere a possibilidade de serem impugnados os atos de execução e aplicação
– logo, mais um desvio ao 53º // logo, os atos unilaterais gerais não devem ser considerados
normas

Tutela-se a confiança dos destinatários através da abertura excecional da possibilidade,


a quem devesse ter impugnado o ato principal, proceder à impugnação de todo o ato de
execução (independentemente do seu conteúdo misto).

Só os atos de conteúdo positivo podem ser impugnados. Os de indeferimento (conteúdo


negativo) devem ser alvo de reação através de um pedido de condenação à prática de ato
administrativo devido – 51º/4 + 67º/1.

O 51º/4 determina que o juiz deve convidar o autor a substituir a PI. Se não o fizer – ARI.
O intuito aqui é o de aproveitar a propositura tempestiva da ação. É um afloramento da regra
do 87º/7 – que diz que a não sanação das exceções dilatórias leva à ARI.

Requisito da eficácia do ato - Artigo 54º //

Não havendo condições de eficácia, a questão resume-se a saber se, ainda assim, eu
posso reagir contra o ato administrativo. O requisito da eficácia não é absoluto e é por isso que
existe o artigo 54º - há situações em que pode haver interesse em agir mesmo não havendo
eficácia do ato administrativo.

54º/2 – execução ilegítima de um ato ineficaz

54º/2 al. b) – ameaça de lesão causada pelo ato (ainda) ineficaz – ameaça de efeitos que
resultarão do próprio ato ou da sua futura execução.

Requisito eventual da utilização de impugnação necessária

A impugnação jurisdicional pode depender de uma prévia impugnação administrativa


(184º e ss. ). Ou seja, são impugnações administrativas necessárias a uma eventual impugnação
jurisdicional. A impugnação administrativa como um ónus para o particular lançar mão da
impugnação contenciosa.

Regra geral, a impugnação administrativa não é necessária à impugnação contenciosa –


é isto que decorre do 51º e do 59º/4 e 5. O interesse em agir não depende daquilo.
lOMoARcPSD| 3311727

Mas o cpta, só por si não afasta as leis que impõem a impugnação como sendo
necessária. Portanto, a regra geral é a de que, salvo norma em sentido contrário, deve entender-
se que os atos administrativos são diretamente impugnáveis.

Sempre que o legislador o preveja, o particular tem que recorrer a este mecanismo e no
prazo previsto para o mesmo, sob pena de preclusão do acesso aos tribunais. É um requisito
adicional, além daquele que decorre da lei geral. É o que acontece nos casos previstos no 185º/2
do CPA. O artigo prevê a possibilidade de a lei e só a lei determinarem a necessidade de
utilização da impugnação necessária.

A questão, enquanto pressuposto de impugnação contenciosa, não se coloca por


relação ao conteúdo do ato. Só quando entendermos que o ato é impugnável é que vamos ver
se ele devia ter sido primeiro impugnado administrativamente. Se a resposta for afirmativa,
então temos um pressuposto processual autónomo – questão extrínseca e conjuntural. Porém,
o pressuposto, nãos estando verificada a sua observação – a consequência é a falta de
legitimidade.

O intuito é precisamente o de esvaziar o acesso aos tribunais. E é também tornar não


necessário o acesso aos tribunais para que uma pessoa possa garantir os seus direitos – a ideia
de desnecessidade de tutela judicial.

*VER inconstitucionalidade das impugnações necessárias

Tempestividade da impugnação

Artigo 58º/1 – a nulidade não está sujeita a prazo.

Anulabilidade – MP tem um ano (58º/1 al. a)) contado pelo 58º/6 // Nos restantes casos,
o prazo é de 3 meses – 58º/1 al. b).

58º/4 – as partes legítimas podem impugnar, mesmo depois do prazo (situações em que
a impugnação dentro do prazo não era exigível mesmo a um cidadão diligente).

Justo impedimento // erro do particular, por culpa da administração, quanto à


revogação do ato ou notificação que não contém referência quanto à impugnação necessária //
quando não seja possível identificar o ato impugnável ou quando não seja possível distinguir o
lOMoARcPSD| 3311727

ato de uma norma (sentido do 52º/3). O juiz deve interpretar isto num sentido de abrangência
– artigo 7º.

Contagem de prazos // 59º e 60º

Condenação à prática de ato administrativo

1) Prévia apresentação de um requerimento que constitua o órgão no dever legal de


decidir.

Mas isto é apenas uma das situações em que pode ser deduzido um pedido de
condenação à prática de ato – 67º/1. É a situação do interessado que fez um requerimento à
administração.

Isto é um pressuposto independentemente do fundamento subjacente à pretensão do


interessado. Isto porque o dever de praticar o ato depende de um requerimento prévio – pelo
menos para efeitos de habilitar o interessado À propositura de uma ação.

Porque do requerimento depende a existência de necessidade de tutela judicial e a


constituição do interesse em agir. Na falta da requerimento falta o interesse em agir – um
pressuposto processual.

Mas este não é um único caso em que se pode deduzir ações de condenação à prática
de atos. Esta pode igualmente acontecer nos casos em que há um ato de conteúdo positivo mas
que vai em sentido contrário ao da pretensão material do interessado. O interessado age em
reação a um ato de sentido positivo. E portanto a conformação do interesse em agir substancia-
se com a mera existência de um ato que infere na esfera do interessado – não é preciso um novo
requerimento.

E portanto esta ação engloba os casos de pura inércia, os casos de reação a ato de
conteúdo positivo e os casos em que há reação a atos de sentido negativo.

No caso do ato de sentido positivo o interesse em agir não depende de requerimento –


resulta do facto de o interessado ter sido afetado pelo ato. Portanto, quando haja um ato
qualquer da administração que me afete – eu posso exigir um ato de substituição.
lOMoARcPSD| 3311727

O MP pode, nos termos do 68º/1 al. b), lançar mão desta ação quando o dever de
praticar o ato resulte da lei. Portanto, há um dever de agir objetivo resultante de lei, e a
administração viola esse dever legal. Quando assim é, o MP pode intervir no âmbito da defesa
de direitos fundamentais, interesses públicos e de qualquer um dos valores referidos no 9º/2
do CPTA. Nestes casos, também não se exige requerimento prévio. Ou seja, o MP não tem que
previamente fazer um requerimento dirigido à prática do ato nem esperar pela resposta ao
mesmo para pedir a condenação da administração. Tem 1 ano sobre a passagem do momento
de agir – 69º/1.

2) Silêncio ou decisão negativa sobre o requerimento

É o caso do 67º/1 – interessado faz pedido à administração através de requerimento. O


poder de exigir a prática do ato depende da existência de requerimento de prévio.

2.1) silêncio perante requerimento apresentado (67º/1 al. a))

Há dever de decidir porque há requerimento. A entidade requerida não responde e


deixa passar o prazo. E a falta de resposta será imputada ao competente no caso de delegação
de poderes, ainda que não tenha havido remissão do requerimento e o mesmo se aplica ao caso
do órgão incompetente que não remete para o órgão competente – 34º CPA + 67º/3 do CPTA.

Trata-se do caso de incumprimento do dever legal de decidir – 13º CPA. Embora não
haja dever de resposta por parte da administração quando já tenha havido decisão quanto a um
pedido igual em menos de dois anos. Mas, ainda assim, isso não impede o interessado de ir
reagir a esta recusa em tribunal, com base na não observação dos requisitos do 13º/2 do CPA –
defendendo que havia dever de decidir.

Isto seria um indeferimento tácito (109º) nos termos do CPA, que tomaria o silêncio
como ua to de sentido negativo. Agora passa a ser uma omissão pura e simples – é por isso que
não se fala em indeferimentos. Portanto, derrogou-se tacitamente o 109º do cpa (?). Agora a
situação do indeferimento tácito vem regulada no 128º e 129º do cpa de maneira diferente.

128º - regra geral, os órgãos da administração dispõem de 90 dias para responder a


requerimentos. E portanto, expirado este prazo, o interessado pode reagir, no sentido do 67º/
lOMoARcPSD| 3311727

1.

129º - é onde se diz que a falta decisão possibilita a reação através dos meios de tutela
jurisdicionais.

Portanto a conclusão é a de que o incumprimento do dever legal de decidir é uma


omissão pura e simples, sendo um mero facto do interesse em agir por parte do requerente.
Excecionalmente, há casos em que essa violação a conforma um ato administrativo positivo de
sentido favorável ao da pretensão do requerente (deferimento tácito) – são os casos do 130º
do CPA. É um ato que resulta de uma presunção legal – porque são casos em que predomina o
deferimento. E portanto os casos de deferimento tácito também saem do âmbito do 67º/1. A
produção do ato já resulta da lei, não é preciso ir a tribunal.

A ação administrativa de condenação à prática de ato administrativo devido não é


conjugável com os casos de impugnação administrativa necessária contra um ato de conteúdo
positivo. Nestes casos não se quer reagir a um silêncio nem se quer um ato novo, quer-se sim
remover um ato positivo tal como ele foi praticado. Portanto, o decurso do prazo para que a
impugnação seja decidida tem apenas o alcence de permitir o acesso à via contenciosa –
impugnação jurisdicional e não administrativa.,

2.1) Indeferimento do requerimento (67º/1 al. b))

A administração indefere uma pretensão que tenha sido deduzida perante ela através
de um requerimento. O interessado não tem que fazer um pedido de declaração de nulidade ou
anulatório – o objeto é a pretensão material – 66º/2.

O ato de indeferimento é declarativo – não muda nada na ordem jurídica. É um ato que
se recusa a introduzir uma mesma alteração. É um ato porque tem conteúdo decisório. Mas a
eliminação deste ato tem um papel secundário – o que verdadeiramente se discute é a
pretensão sobre a qual ele se pronunciou. O ato pode perfeitamente ser posto em causa por um
processo de objeto mais alargado do que os processos de natureza cassatória – que vai ter como
consequência, eventualmente, a remoção do ato de indeferimento, constituindo a
administração no dever de emitir uma nova pronuncia.
lOMoARcPSD| 3311727

2.3 Recusa na apreciação de requerimento

Artigo 67º/1 al. b) // isto quer dizer que pode haver lugar a este tipo de ação como forma
de reação a dois tipos de situações – a adm emitiu um ato negativo quanto ao mérito da
pretensão ou contra o próprio requerimento que tinha em vista a pretensão. Pode ser uma
recusa com motivos de ordem formal ou uma recusa com motivos relativos à conveniência da
oportunidade de decidir.

Mesmo quando não houve a apreciação material da pretensão, o que vai a juízo é essa
mesma pretensão.

2.4 Ato administrativo de conteúdo positivo parcialmente desfavorável

67º/1 al. c) – ex. atribuir um subsídio mas em montante inferior ao que foi pedido // na
parte desfavorável, o ato é encarado como um ato de indeferimento.

Prazos de propositura da ação

Nos casos de inércia // um ano a partir do momento em que expirou o prazo de resposta
ao requerimento. *Não é um prazo de impugnação. É uma norma de caducidade do direito de
ação – 69º/1

Expirado o prazo do 69º/1, o interessado pode sempre apresentar novo requerimento


com o mesmo pedido, sustentado nos mesmos fundamentos. E como não houve decisão, não
pode haver oposição à resposta nos termos do artigo 13º/2 do CPA.

No caso das omissões puras – o prazo para o MP também é de um ano – para que ele
possa agir nos termos do 68º/1 al. b). São atos que em face da lei a administração devia praticar
independentemente de requerimento.

Havendo ato de indeferimento // 69º/2 prazo de três meses – 58º/1 – é o mesmo prazo
que se estabelece para a impugnação., E o mesmo se aplica às recusas de apreciação.
lOMoARcPSD| 3311727

69º/3 – quando esteja em causa um ato nulo, o prazo é de dois anos contados da data
de notificação do indeferimento, do ato de recusa de apreciação ou do ato que o particular quer
ver substituído.

Se for um ato positivo – sendo nulo – posso impugnar normalmente sem prazo* 321

Contencioso das normas regulamentares

CPTA agrega, nos termos do artigo 72º e ss – disposições relativas a processos que
tenham por objeto a declaração de ilegalidade de normas emanadas ao abrigo de disposições
de direito administrativo – 72º/1.

Quanto à legitimidade (pág 233) // artigo 73º - determina que pessoas é que têm
legitimidade para pedir a declaração de ilegalidade de normas regulamentares.

Tem legitimidade para pedir a declaração com força obrigatória e geral quem alegue ser
prejudicado ou quem alegue poder vir a sê-lo pela aplicação da norma.

Tem também legitimidade o ministério público e as pessoas do 9º/2 para defender os


valores aí referidos

Têm também legitimidade os presidentes de órgãos colegiais, em relação a normas


emitidas pelos referidos órgãos.

73º/2 // pode pedir declaração de ilegalidade com efeitos circunscritos ao caso


concreto quem seja diretamente lesado ou possa vir a sê-lo pela aplicação de uma norma cujo
os efeitos se produzam de forma imediata – isto é, sem a necessidade de atos concretos de
aplicação. Mas aí terá que alegar um fundamento relacionado com o 281º da CRP.
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O ministério público tem o dever de pedir a declaração de ilegalidade com força


obrigatória geral – quando tenha conhecimento de três casos de “fiscalização concreta” em que
houve recusa de aplicação de uma norma com base na sua ilegalidade.

O prazo para se impugnar, em regra, não existe – 74º/1. Mas o 144º/2 do CPA diz-nos
que, quando um regulamento enferme de ilegalidade de natureza formal e procedimental +
quando essas ilegalidade não acarretem a inconstitucionalidade do regulamento, os mesmos
regulamentos só podem ser impugnados ou declarados inválidos no prazo de 6 meses. É o caso
do 74º/2.

Para se condenar a administração a emitir uma norma (artigo 77º) – não há prazo. A
ação pode ser proposta a todo o tempo, a partir do momento em que se verifique a existência
de uma situação de omissão ilegal. 322

Pretensões relativas a normas regulamentares (107)

Seja qual for o ramo do direito onde os efeitos das normas se projetem, serão normas
regulamentares caso as normas que regulam a sua produção (competência, forma, etc…) seja
normas de direito administrativo.

A desaplicação incidental de normas regulamentares

Quando um particular é objeto de uma decisão concreta que lhe aplica uma norma
regulamente que aquele considera ser ilegal, ele poderá reagir contra a aplicação dessa norma
– ou seja, contra a decisão concreta.

Se o tribunal julgar o incidente de ilegalidade da norma aplicada suscitado pelo


particular, então poderá recusar a aplicação da norma que considera ilegal, anulando a decisão
impugnada.

É o caso do artigo 73º/3. Apesar de isto ser uma norma que regula parcialmente a
questão da legitimidade para impugnar a decisão, não devemos tomar isto como uma regulação
parcial, dizendo que o regime geral para impugnar está no 55º (relativo à impugnação do ato
administrativo).
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Declaração de ilegalidade sem força obrigatória geral

Pode haver lesão de destinatários sem que haja uma decisão concreta que aplique a
norma regulamentar em questão.

É o caso das normas que impõem uma proibição absoluta, que fixam determinados
horários, que que tabelam preços etc… Nestes casos, pode haver uma impugnação direta da
norma, ainda que não tenha havido um ato que a aplique – 73º.

Artigo 73º/2 – é possível a declaração de ilegalidade sem forçam obrigatória geral


apenas para os casos previstos no 73º/2 (caso da norma imediatamente operativa). O autor
invoca a inconstitucionalidade da norma impugnada + está vedada aos tribunais administrativos
a declaração de ilegalidade com força obrigatória geral (porque isso teria que ser o TC)

Mas a restrição do 72º/2 só se aplica à declaração com força obrigatória geral. Quer isto
dizer que, se for sem força obrigatória geral, o tribunal pode dizer que aquela norma viola a
constituição.

Tal como a desaplicação incidental também se poderá basear na inconstitucionalidade


da norma – ou seja, naqueles casos em que a norma não é diretamente aplicável.

Declaração de ilegalidade com força obrigatória geral

Artigo 73º/1 – consiste na eliminação da norma da ordem jurídica com efeitos


retroativos e repristinatórios – nos termos do artigo 76º.

Ela pode ser pedida a todo o tempo – pelo MP + por quem seja prejudicado pela sua
vigência ou possa vir a sê-lo + pessoas do 9º/2 + pessoas por presidentes de órgãos colegiais em
relação a normas emitidas pelos mesmos. É uma legitimidade mais extensa do que a prevista no
artigo 55º/2.

73º/4 – o MP tem o dever de pedir isso quando tenha conhecimento da ocorrência de


três decisões de desaplicação incidental. E tem também o dever de recorrer das decisões de 1ª
instância que tentem declarar uma norma ilegal com força obrigatória geral.

Artigo 74º (+ 144º do CPA) – regime das situações que não se traduzam na
inconstitucionalidade, na preterição absoluta de forma legal ou na preterição de consulta
pública exigida por lei. Nestes casos, o prazo não é ilimitado mas é sim de 6 meses.
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Artigo 76º - em princípio, a decisão tem eficácia retroativa. Ficam ressalvadas pelo 76º/4
as situações consolidadas que correspondem aos casos julgados e aos atos administrativos que
já não sejam suscetíveis de impugnação. Todavia, estas duas exceções cedem sempre perante o
princípio da aplicação retroativa da norma sancionatória mais favorável – 76º/4 parte final.

Atenção ao 76º/2, que pode ter efeitos modeladores sobre a retroatividade, em colisão
com o interesse do autor em que haja retroatividade para ver os efeitos lesivos da norma serem
eliminados pelo efeito retroativo.

MAA – se o interessado pede a declaração de inconstitucionalidade com força


obrigatória geral e o juiz limite os efeitos retroativos pela via do 76º/2 – responsabilidade da
administração pelos danos causados ao lesado.

MAA – deve ser uma responsabilidade por facto ilícito – pois a limitação da
retroatividade não torna lícito aquilo que era ilícito mas que não foi apagado porque o juiz quis
limitar a retroatividade. Logo, não vai impedir os interessados de impugnarem aqueles atos que
ficaram de for do chapéu da retroatividade. A desaplicação nada tem a ver com a declaração de
ilegalidade. É este o sentido do 76º/3.112

Intimações e contencioso pré-contratual urgente Contencioso pré-contratual urgente


- 327

Respeitante a atos relativos à formação de contratos – atos identificados no artigo 100º


artigo 97º diz que se aplicam os pressupostos do regime da impugnação de atos administrativos.

101º afasta os prazos do 58º // as ações devem ser intentadas no prazo de um mês a
contar da data da notificação dos interessados. Não havendo notificação, o prazo conta a partir
da data do conhecimento do ato

O artigo 101º não distingue o prazo em relação ao sujeito ativo. Portanto, o ministério
público não beneficia de um prazo maior – o prazo é de um mês.

O prazo parece valer tanto para as ações de anulação como para as ações de declaração
de nulidade do ato impugnado.

A utilização de um qualquer meio de impugnação administrativa tem o efeito de


suspender o prazo para a impugnação contenciosa – aplicação analógica do 59º/4 e 5.
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Mas o código dos contratos públicos prevê prazos mais curtos para a impugnação
administrativa (273º e 274º do ccp) // ou seja, o prazo contencioso vai sempre perdurar além
do prazo de impugnação administrativa.

E atenção aos casos de impugnação necessária – o prazo nem sequer começa a contar
enquanto não for utilizada a impugnação administrativa.

A remissão do 101º quer dizer que se podem aplicar os prazos do 55º/3 – em que
portanto é três meses para interessados e 1 mês para MP?

O contencioso de impugnação do caderno de encargos e demais documentos


conformadores do procedimento pré-contratual consta do artigo 103º A estes documentos não
se aplica o prazo do 101º/1. Estes documentos têm como prazo a duração de todo o
procedimento précontratual. Sem prejuízo de eu poder impugnar autonomamente os atos de
aplicação – que pode ser feita em cumulação com a impugnação do documento conformador.

Não há ónus de impugnação dos documentos. E a impugnação dos documentos não


prejudica a impugnação dos atos de aplicação das disposições nele contidas – termos gerais dos
artigo 51º e ss. Ou seja, uma questão não faz precludir a outra (a dúvida estaria na ausência de
fundamento de ilegalidade por eu não ter impugnado o documento em si). E depois poderia
impugnar o ato final do procedimento com base em todas as ilegalidades cometidas ao longo
do procedimento.

A solução da preclusão violava 268º/4. A possibilidade de impugnação do documento


deve representar um acréscimo de tutela.

Intimação para prestação de informações, consulta de documentos e passagem de


certidões (104º e 105º)

268º/1 e 2 da CRP // regulados no 104º a 108º da CRP

O pedido de intimação deve ser precedido de requerimento dirigido à administração no


sentido da obtenção de determinada informação. É um requisito de necessidade de tutela
judicial – ou seja, faz parte do requisito do interesse em agir – pedido de intimação sem
requerimento prévio deve resultar na rejeição do pedido.

Existência de requerimento + 105º: decurso do prazo de resposta; indeferimento do


pedido;

O prazo é de 10 dias – 82º, 84º e 86º do CPA


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Passado o prazo de resposta (10 dias), o interessado tem 20 dias para interpor o pedido
de intimação.

Mas eu posso não querer fazer logo a intimação e continuar à espera de resposta.
Havendo resposta de indeferimento ou de satisfação apenas parcial – posso fazer o pedido com
base nisso, num prazo de 20 dias após a resposta.

Intimação para proteção de direitos, liberdades e garantias

109º/1 // só é possível quando não seja possível pedir uma providência cautelar. Ou
seja, é subsidiário.

Ambas fazem uma apreciação material. Quando é que é possível pedir a título provisório
e não a título de intimação?

É uma opção processual e não material – ou seja, não se prende com a eventual
apreciação do mérito da causa. Se o juiz olhar para um pedido e achar que, caso tenha que haver
decisão concordante com aquela pretenção, ela deve ser proferida a título provisório, então
falha um pressuposto da ação de intimação.

E portanto pode haver conversão de um processo de intimação em processo cautelar.


110º-A/ 2

Pressupostos de aplicabilidade geral a todas as formas de processo

Propriedade da forma de processo e do tipo de ação é um pressuposto inominado.

Cada tipo de ação tem uma forma de processo // e há vários tipos de ação.

Erro na forma de processo – pode ser sanado pelo juiz – aplicação analógica do 193º do
CPC

Erro quanto ao tipo de ação – uma determinada pretensão tem um determinado tipo
de ação. Caso do 51º/4. O juiz pode convidar o autor a substituir a ação. S e a petição for
substituída, há lugar à repetição do praticado.

.Se não houver substituição da petição – ARI – 87º/7


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Quando não estejam preenchidos os requisitos da cumulação de pedidos – exceção


dilatória – ARI. Os critérios são os do artigo 4º - são critérios alternativos

Pode haver cumulação de pedidos aos quais não corresponda uma mesma forma de
processo – artigo 5º e 21º e mesmo que a ação seja da competência de tribunais distintos.

Eu cumulo pedidos que não podem ser cumulados – juiz dá-me a escolher qual é que eu
quero ver apreciado // 4º/3. Quanto aos demais – ARI

Se eu não escolher, ARI em relação a todos sem hipótese de renovar a instância – 87º/7.

Se o motivo da ilegalidade da cumulação é o da violação administrativa – então o


processo só vai seguir em relação aos demais – é obvio que não me vai ser dada a escolher a
hipótese de prosseguir com um processo que não cabe na jurisdição administrativa – 5º/3.

339 (formas de processo)

Estudos sobre os regulamentos administrativos // Ana Raquel Gonçalves Moniz

O procedimento de aprovação de regulamento pode englobar a prática de atos


administrativos autonomizáveis.

Assim, os vícios dos atos praticados no procedimento acarretam a invalidade do


regulamento? Isto pode mudar o sentido do 72º/1. A norma não engloba apenas os vícios
procedimentais do regulamento. Existe aqui a possibilidade de haver um ato administrativo
praticado durante o procedimento que, sendo inválidos podem também invalidar o
regulamento. Portanto, quando é que há invalidade reflexa ou consequente?

Tem que haver uma relação de prejudicialidade. O ato inválido terá de ser um ato
necessário ao ato sequencial para que possa invalidar este último.

133º/2 al. i) do CPA – a invalidade de um ato determina a nulidade do ato subsequente,


desde que não haja contrainteressados com interesse legítimo na manutenção do ato
subsequente.

Mas atenção, só haverá nulidade se houver a tal relação de prejudicialidade. Caso disto
é quando o ato pré-ordenado tenha o poder de influenciar o conteúdo do segundo.
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Havendo isto, devemos ter em conta que os atos só se devem manter na estrita medida
do interesse dos contra-interessados. Portanto, a reconstituição da vida jurídica determinada
pela anulação do ato incluído no procedimento deve atender a interesses – o dos contra
interessados e o dos terceiros de boa fé.

Se o ato for anulado por vício de forma, nada impede a administração de vir a praticar
um ato com o mesmo conteúdo, em sede de execução de sentença – o que afasta a anulação
dos atos subsequentes. Conjugar o CPA com o 173º/3 e 4 do CPTA.

Exige-se uma conexão jurídica entre o ato ou a sua omissão entre o ato e o regulamento,
que constitui o ato final desse procedimento. – o primeiro deve ser um ato suscetível de
prédeterminar a existência, o sentido ou o conteúdo do segundo

Atenção que tem que haver anulação do ato. A mera anulabilidade não tem um efeito
transmissivo. Logo, a sanação no tempo, determina a sanação do regulamento.

Nota para a proteção da boa fé dos destinatários – sobretudo quando as normas visem
conformar o exercício de direitos fundamentais ou de interesses e outros direitos legalmente
protegidos.

A aprovação não é um ato, é apenas um trâmite de consolidação do procedimento. A


anulabilidade de atos do procedimento pode ser impugnada autonomamente. Atenção aos
pressupostos da operatividade da invalidade derivada – questão dos interessados e da prática
do ato em execução de sentença.

Ver – pág 261; 313; 376; 382; 402; 238

Os Princípios são padrão dos regulamentos?

A competência dos tribunais administrativos para o controlo da violação por


regulamentos de princípios constitucionais.

Princípios do 266º/2 da CRP + 5º/2 do CPA. Se considerarmos os princípios como causa


direta de ilegalidade, o regulamento que ofendia esses princípios padecia simultaneamente de
ilegalidade e de inconstitucionalidade. Isso abria alas à substituição dos tribunais
administrativos aos tribunais constitucionais no controlo daqueles princípios, em violação do
281º/1 al. a) da CRP.
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Havendo um princípio simultaneamente na lei e na constituição – prevalece a


inconstitucionalidade. Mas a determinação dos parâmetros de vinculação do regulamente é
uma questão distinta da questão da competência judicial. Ou seja, o princípio não deixa de ser
parâmetro dos regulamentos só por não poder ser sindicado em sede de tribunal administrativo.

Além disto, os tribunais administrativos podem sindicar da constitucionalide de


regulamentos – não podem é declarar a inconstitucionalidade com força obrigatória geral – 281º
CRP, 204º da CRP e 2º/1 ETAF. Por isso, pode haver declaração de ilegalidade com efeitos
circunscritos ao caso concreto com fundamento em violação de princípio constitucional.

Validade e invalidade do regulamento

Primeira regra – o 141º/1 – violar a constituição e a lei é causa de invalidade.

A invalidade do regulamento é invocável a todo o tempo (142º). Se for ilegalidade formal


ou procedimental – o prazo é de 6 meses. É ilegalidade. Se for inconstitucionalidade, o rpazo já
não é de 6 meses.

O 144º/2 exclui do âmbito da limitação do rpazo do 144º/2 os vícios de carência absoluta


de forma legal e de preterição da consulta pública exigida por lei - logo, podem ser invocados a
todo o tempo.

A referência à preterição da consulta pública dos interessados é uma referência apenas


aos casos em que exista norma especial que obrigue a essa formalidade? Quer isto também
dizer que não se abrange o dever de audiência pública?

Atenção – que um dos casos de audiência é precisamente a excessiva onerosidade da


consulta pública – 100º e 101º. Não estender o 144º/2 à audiência é contrariar o princípio da
participação.

Efeitos – retroativos e de repristinação. A repristinação de normas é uma questão


importante no âmbito dos atos legislativos carentes de regulamentação. Nestes casos, a
declaração de invalidade desacompanhada da emanação de um novo regulamento poderia
conduzir à emergência de uma situação de omissão ilegal. Mas pode haver um fundamento
atendível para a não repristinação – exemplo – a ilegalidade das normas revogadas.
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Notas das aulas práticas

Al. c) do artigo 4º é contrato administrativo nos termos do artigo 1º/6 do CCP.

Relação jurídica administrativa – se há deveres, então uma relação – exemplo do dever


de sigilo – isto para efeitos da al. a)

Princípio da irrelevância da forma do ato administrativo – 268º crp + 148º do CPA +


52º/1 CPTA

Não esquecer de referir o artigo 8º depois da jurisdição e da matéria

Exemplo do ato ato de expropriação e do ato de declaração de utilidade pública – ato


autonomizável

A legitimidade // é legítimo que invoca um direito ou um interesse direto e pessoal – o


conceito de direito engloba qualquer tipo de situação

Os interesses difusos – é um direito que é comum // não suscetível de apropriação


individual. É mais pequeno que o interesse coletivo (ou seja, que o interesse público)

A defesa de interesses difusos é o que cabe no artigo 9º/2 // a defesa do interesse


público cabe ao MP.

Segundo o 9º/2 – cabe ao MP a defesa de interesse público // é a defesa de legalidade


objetiva

Também há a defesa da legalidade objetiva no caso dos conflitos interorgânicos (55º/1)


– als.
D) e e) (?)

Quem é o legítimo passivo? É a pessoa coletiva na qual se insere o órgão – 10º/2 //


dúvidas porque quem pratica o ato é o órgão – e para mim é sempre mais fácil identificar o
órgão – apesar de haver a cláusula de salvaguarda do artigo 10º/4 e 5

O conceito de contrainteressado corresponde ao conceito de terceiros no CPC


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Num caso em que eu fique em 4º num concurso em que entravam os 3 primeiros – o 3º


e o 2º têm um interesse igual em subirem uma posição. Portanto, se o interesse é igual, são
terceiros e não necessariamente contrainteressados – 311º do CPC.

Poder público sancionatório entra na al. d) do artigo 4º.

Associações entram na coligação de autores – artigo


12º 10º/2 os contrainteressados não têm que ser parte.

O poder de cognição dos tribunais é delimitado pelo conceito de legalidade. Os tribunais


movem-se dentro da legalidade – o bloco legal.

55º/2 é objetivismo

Caderno de encargos não pode servir apenas para afetar a concorrência – caderno de
encargos é uma norma

Pode haver legitimidade sem haver interesse em agir – o MP não atua propriamente
num âmbito de um interesse.

Agora há um forma comum de processo e é a única. Não há forma comum vs forma


especial.

Mas a forma comum atual segue diferentes especificidades consoante cada um dos
objetos. Ou seja, há várias formas especiais dentro de uma forma comum.

O que distingue um ato administrativo de um ato normativo é que, no ato


administrativo, no momento da sua emissão, os seus destinatários são determináveis. E
portanto este é insuscetível de afetar sujeitos futuros.

Artigo 55º/1 al. c) – legitimidade do sindicato – lá está, porque é um interesse coletivo


e não um interesse público.

Para atos do Conselho de ministros, quem responde é o Primeiro Ministro, e a primeira


instância é o STA e também é ele quem aprecia os recursos. Prazo 58º - al. c)
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83º/4 – situação em que a não apresentação de contestação confissão – porque a dieia


é a de que aqui a confissão implicaria consequências para terceiros

As impugnações necessárias são inconstitucionais porque violam o 268º da CRP. Estão


previstas como requisito no artigo 59º/4 do CPTA.

Intervenção de alguém como auxiliar – artigo 85º

Patrocínio judiciário – 89º/4

64º/4 – economia processual~

Artigo 4º -princípio da livre cumulação de pedidos

Valor da causa – 34º/2

O MP instaurar uma ação que já foi proposta é falta de interesse em agir.

A condenação à prática de ato devido é diferente de uma sentença substitutiva. A regra


é a de que os tribunais não devem substituir-se à administração porque não têm legitimidade
democrática.

A discricionariedade tem zonas de certeza positiva e zonas de certeza negativa

Impugnação de normas // com FOG, desaplicação geral, desaplicação circunscrita

Caderno de encargos é uma norma

Atenção ao princípio do dispositivo // apensação de processos

Ver o 77º - A
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Ver o 99º/4 e o 89º/4

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