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INTEGRAÇÃO DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS

AO AMBIENTE DE TRABALHO

1
Anna Calorina de Lemos; 1 Camila Seron; 1Josy Carla Ossucci; 1Lorena
Munhoz ; 1Maria Carolina Socreppa; 1Soraya Sanches
2
Geni Col Gomes; 2Regiane Cristina de Souza

RESUMO: Este é um projeto de extensão que aconteceu na disciplina de estágio


supervisionado em psicologia II. Teve como objetivo a integração de pessoas
portadoras de necessidades especiais (PNEs) ao ambiente de trabalho. Inicialmente
foram realizadas entrevistas com chefias imediatas, colaboradores não PNEs e
colaboradores PNEs, para o levantamento de necessidades. Com base nos dados
coletados, elaboraram-se workshops. Foram realizados seis workshops, três deles
com a chefia e colaboradores não PNE’s e três com colaboradores PNE’s. Estão
ainda em fase de planejamento outros dois com todos os colaboradores que
participaram dos anteriores. Cada workshop teve a duração de aproximadamente
uma hora e trinta minutos. Nos promovidos para a chefia e colaboradores não PNE’s
foi explanado o tema relações humanas no contexto do trabalho, incluindo
preconceito, discriminação, respeito e autoridade. Com os PNE’s foi trabalhado a
temática auto-estima, auto-confiança e interações no ambiente de trabalho

PALAVRAS-CHAVE: Trabalho, Portadores de Necessidades Especiais; Integração

INTRODUÇÃO

A inclusão é um processo conjunto, no qual a sociedade se adapta para poder


incluir, em seus sistemas sociais (educação, lazer, esporte, etc), pessoas com
necessidades especiais e estas se preparam para assumir sés papéis sociais.
O processo de inclusão social fundamenta-se em princípios como a
valorização de cada ser humano, a aceitação das diferenças individuais, a
convivência com a diversidade humana e a aprendizagem através da cooperação
(ARANHA, 2001).
O acesso da pessoa com necessidades especiais (PNE) ao mercado de
trabalho é uma das formas de inclusão social, amparada, inclusive, pela Lei
8.2131/91 que beneficia pessoas que possuem deficiência física, mental, visual ou
de comunicação. Em seu Art. 93 determina que empresas com mais de 100

1
Discentes do Curso de Psicologia. Departamento de Psicologia do Centro Universitário de Maringá
– Cesumar, Maringá – Paraná. annakk.Ir@hotmail.com; seron_camila; josycarla_so@yahoo.com.br;
lo_munhoz@hotmail.; mcarol_socreppa@hotmail.com; sorayaruiz17@hotmail.com

2
Docente do Curso de Psicologia. Departamento de Psicologia do Centro Universitário de Maringá –
Cesumar, Maringá – Paraná; genicol@cesumar.br
funcionários devam preencher de 2% a 5% dos seus cargos com benefícios
reabilitados ou pessoas com deficiência.
Organizações têm buscado cumprir a legislação preenchendo cotas
estipuladas de acordo com o número de funcionários. Se por um lado, o número de
funcionários, num primeiro momento, pareça apenas um cumprimento da legislação,
por outro não podemos nos esquecer que até início dos anos 60 empregar
deficientes, mesmo com deficiências leves, era considerado uma forma de
exploração.
Essa crença era proveniente, tanto da ideologia protecionista para com os
deficientes quanto do fato de que a medicina, a tecnologia e as ciências sociais
ainda não haviam descoberto as possibilidades laborativas das pessoas com
deficiência (SASSARI, 1997). No panorama atual do mercado de trabalho, surge a
figura da empresa inclusiva, aquela que acredita no valor da diversidade humana,
contempla as diferenças individuais, efetua mudanças fundamentais nas práticas de
gestão, realiza adaptações no ambiente físico de trabalho, treina todo os
colaboradores no entendimento e necessidade da inclusão (SASSARI, 1997).
O processo de inclusão exige que empregadores, instituições formadoras de
PNE’s e PNE’s enfrentem juntos os desafios da qualificação, da produtividade, da
competitividade. No Brasil, a profissionalização do PNE tem sido uma preocupação,
principalmente, de instituições especializadas, por centros de reabilitação e por
associações de pessoas deficientes (ARAUJO e SCHIMID T, 2006). Mesmo estando
o PNE qualificado ou semi-qualificado tecnicamente, ao ingressar em uma
organização de trabalho há a exigência do (re)encontro com pessoas que compõem
a organização (outros colaboradores, colegas de trabalho, público externo, chefia,
etc). Esta situação social exige dele o desenvolvimento de habilidades e
competências atitudinais no que se refere à integração com outras pessoas (postura,
comunicação, assertividade, etc), condutas indispensáveis para gerar relações
humanas no trabalho mais saudáveis.
Neste contexto, este estudo tem como objetivo promover a integração
profissional de PNE’s no ambiente de trabalho, visando melhorar a qualidade das
relações com o público-cliente com os colegas de trabalho e chefia imediata.

MATERIAL E MÉTODOS

Para a efetivação do projeto de extensão foi realizado o levantamento de


necessidades com os PNE’s, colaboradores não PNE’s e chefia imediata. O projeto
de extensão, tanto na fase de levantamento de necessidades quanto de
implementação se destinou a três públicos: os PNE’s, os colaboradores não PNE’s e
a chefia imediata, todos eles compõem o quadro funcional de uma instituição de
ensino superior na norte do Paraná.
Para o levantamento de necessidades, utilizou-se como instrumento a
entrevista semi-estruturada (com dez chefias, doze colaboradores não PNE’s e oito
PNE’s). A fase de execução de projeto foi realizada através de workshops, no quais
foram usados os recursos de técnicas de dinâmicas de grupo, apresentação de
vídeos, explanação do assunto (temática) e discussões em grupo. Para o estudo dos
temas explanados foram os autores Fela, Miniccuci, Rodrigues, entre outros.
Foram realizados seis workshops, três deles com a chefia e colaboradores
não PNE’s e três com colaboradores PNE’s. Está ainda em fase de planejamento
outros dois com todos os colaboradores que participaram dos anteriores. Cada
workshop teve a duração e aproximadamente uma hora e trinta minutos. Nos
promovidos para a chefia e colaboradores não PNE’s foi explanado o tema relações
humanas no contexto do trabalho, incluindo preconceito, discriminação, respeito e
autoridade, etc. Com os PNE’s foi trabalhado a temática auto -estima, auto -confiança
e interações no ambiente de trabalho. Estas propostas de temáticas surgiram do
levantamento de necessidades.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As entrevistas realizadas na fase de levantamento apontaram que a minoria


das chefias apresentou receio, medo ou preocupação em receber em seu setor um
colaborador com necessidades especiais. A maioria acredita que as pessoas, de
modo geral, apresentam preconceitos em relação aos PNE’s, quer por falta de
contato mais direto com essas pessoas, quer por receio de aceitações do público
cliente ou ainda, por medo de que algum funcionário discrimine os PNE’s.
De modo geral, as opiniões das chefias quanto a inserção e adaptação do
PNE no local de trabalho, são distintas, há as que consideram que “existem PNE’s
tão bons que poderiam ser contratados por oito horas” e as que agem de modo
paternalista com os PNE’s “para não ter que lidar com conflitos, muitas vezes, é
preferível fazer o trabalho do PNE.”
A maioria dos entrevistados percebe a experiência de se trabalhar junto com
PNE’s como interessante, gratificante e importante. Como um processo de
aprendizagem no sentido de “romper barreiras e preconceitos”. A minoria da chefia
entrevistada pensa que a relação de trabalho com os PNE’s;.é algo realmente difícil,
pois o PNE’s mostram falta de comprometimento com o trabalho, desmotivação,
medo...”
Todos os entrevistados colaboradores não PNE’s percebem os PNE’s como
colaboradores úteis, ativos, que possuem muita força de vontade e que “são
capazes de desenvolver suas atividades como qualquer outra pessoa “normal”. Para
este grupo de entrevistados, a relação interpessoal com os PNE’s, a maioria, se
sentiu bem recebida pela equipe de trabalho. Poucos deles relataram terem sofrido
preconceito no ambiente de trabalho. As dificuldades mais salientadas, por este
grupo de entrevistado, foram: isolamento, dificuldades de comunicação assertiva,
sensação de depressão, baixo auto-conceito. Das entrevistas resultaram os
workshops, para a chefia e colaboradores não PNE’s foi trabalho a temática
preconceito; para os colaboradores PNE’s foi trabalhado auto -estima e para ambos
relações humanas no trabalho.
Nos workshops com chefias e colaboradores não PNE`s foi o momento de
trabalhar as temáticas: preconceito, discriminação, respeito, autoridade e relações
humanas do trabalho.
Em cada workshop os participantes se manifestavam com necessidades
diferentes em relação ao trabalho com PNEs, cada setor parecia apresentar uma
demanda distinta.. A maioria manifestou interesse pelo tema, pelas discussões e
pela oportunidade de trocar experiências com os demais setores e também de
debater as dificuldades que ainda presentes no contexto de trabalho, como falta de
interesse de alguns PNE`s pelo desenvolvimento das atividades, adequação do
perfil do PNE ao cargo e algumas dificuldades no processo de comunicação.
Uma das dificuldades levantada e discutida pelos participantes foi a pressão
que determinados setores sofrem para o alcance dos resultados e ao ingressar uma
pessoas portadora de necessidades especiais, esta exige um adaptação, que muitas
vezes, ocorre de modo mais lento. Por outro lado, de modo geral, os participantes
demonstraram a satisfação de ter em seu setor um PNE e terem a oportunidade de
aprender nesta nova experiência.
Já os workshops realizados com os colaboradores PNE`s a temática sobre a
auto-estima levantou muitas discussões e participações do grupo, o que enriqueceu
o encontro. A maioria manifestou satisfação pela oportunidade de poder discutir em
grupo com os outros PNE`s suas dificuldades e limitações.
As dificuldades mais discutidas foram as falhas na comunicação, as
complicações de lidarem com suas próprias limitações, e as pressões ocorridas,
muitas vezes, pela falta de agilidade no desenvolvimento das atividades..Estes
workshops possibilitou também, trocas de experiências entre os participantes,
inclusive uns motivando e incentivando os outros, consequentemente, aumentando
as chances de integração entre eles.

CONCLUSÃO

Espera-se que as reflexões proporcionadas pelos workshops possam


promover uma melhora nas relações humanas no trabalho entre colaboradores
portadores de necessidades especiais e colaboradores que não apresentam tal
necessidade. Acreditamos que este trabalho não deva ter uma finalidade em si
mesmo, mas que seja o primeiro passo para o desenvolvimento de um treinamento
continuado.

REFERÊNCIAS

ARANHA, M. L. A. História da educação. São Paulo: Moderna< 2001.

AROLDO, Rodrigues; JABLONSKI, Bernardo; ASSMAR, Eveline Maria Leal.


Psicologia Social. São Paulo: Vozes, 2000.

Del PRETTE, Almir; DEL PRETTE, Zilda. Psicologia das relações interpessoais:
vivencias para o trabalho em grupo. Petrópolis: Vozes, 20001.

DEL PRETTE, Almir; DEL PRETTE, Zilda. Psicologia das habilidades sociais: terapia
e educação. Petrópolis: Vozes, 1999.

MINICUCCI, Agostinho. Relações humanas: psicologia das relações interpessoais.


3ª edição. São Paulo: Atlas, 1987.

MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo. São


Paulo: José Olympio, 2002.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de
Janeiro: WVA, 1997.

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