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Stalin, o monstro
de aço
Ele derrotou Hitler e transformou um país
agrário em superpotência. Ao mesmo tempo,
construiu campos de trabalho forçado e matou
milhões de pessoas
Por Ricardo Lacerda
DE PADRE A ASSALTANTE
Nascido em Gori, na Geórgia, em 1878, Iosif Vissarionovich Djugashvili só adotaria o
famoso pseudônimo em 1913. Stalin, em russo, remete a “feito de aço”. E era assim que
o jovem bigodudo se via: como um homem de aço, a despeito de seus mirrados 1,62 de
altura. Filho de um sapateiro beberrão e de uma faxineira, o futuro revolucionário teve
uma infância sofrida. Vítima de varíola, carregou marcas no pescoço e no rosto pelo
resto da vida, além de ter nascido com duas deficiências físicas: o braço esquerdo 5 cm
mais curto e dois dedos do pé colados. Foram esses fatores, aliados ao espírito de
agitador, que motivaram sua dispensa do Exército quando ele se alistou para combater na
1ª Guerra.
Adolescente, Stalin frequentou um seminário da Igreja Ortodoxa Russa em Tbilisi,
capital da Geórgia. Foi lá que aprendeu o idioma russo e a pensar de maneira
sistemática, lendo panfletos marxistas clandestinos e adquirindo consciência política.
Tudo por conta do clima repressivo que o lugar impunha. Aos 20 anos, Koba, como era
chamado pelos amigos, abandonou os estudos sacerdotais para abraçar a fé comunista –
mais tarde, sua mãe confessou que preferia tê-lo visto padre. Seu plano, agora, era se
empenhar pela revolução. Hierarquia, disciplina e luta de classes viraram expressões
corriqueiras em seu dia a dia. Assim como incitar manifestações, espancar adversários e
roubar bancos. Stalin chegou a ser preso e enviado para a Sibéria sete vezes. E foi no
isolamento que desenvolveu algumas de suas características mais marcantes: a frieza e a
autossuficiência.
O primeiro contato com Lenin aconteceu em 1905, e em pouco tempo cairia nas graças
do líder bolchevique. Lenin se referia a ele como “o georgiano que nos consegue
dinheiro”. Cabia a Stalin fazer o trabalho sujo em toda e qualquer ação revolucionária.
Na posição de capataz de Lenin – e ainda que não fosse um intelectual como Trotsky -,
Stalin ganhou respeito dentro do Partido Comunista.
TERROR VELADO
Após a morte de Lenin, a propaganda oficial e os órgãos de repressão atuaram
duramente contra qualquer movimento de contrarrevolução. Agora comandada por
Stalin, a URSS queria se consolidar como Estado unificado, combatendo o nacionalismo
de todas as formas. Pouco afeito a longos discursos e fraco de oratória, Stalin costumava
dizer que qualquer problema poderia ser resolvido com o uso da força. Era o que
acontecia, por exemplo, com os camponeses, vistos como capitalistas rurais que freavam
a revolução. A solução era expulsá-los de suas terras e enviá-los a fazendas coletivas,
cidades industriais ou mesmo a campos de trabalho forçado, os Gulags.
Ao fim dos anos 1920, a prosperidade ucraniana, a autonomia cultural do país e a
resistência de seus agricultores levaram Stalin a condenar pelo menos 5 milhões de
pessoas à morte pela fome. Isso porque, entre 1932 e 1933, ele ordenou a proibição da
compra, troca ou venda de alimentos, num evento que ficou conhecido como holocausto
ucraniano.
Para industrializar a URSS, Stalin deu início, em 1928, a uma série de planos
quinquenais. Com projetos grandiosos, como a construção de canais, represas, ferrovias
e formação de grandes indústrias, a URSS logo entraria na era moderna. Enquanto o
resto do mundo sofria com a recessão histórica da quebra da bolsa de Nova York, em
1929, a economia soviética cresceu 2.425% entre 1928 e 1937. Tamanha expansão só
seria obtida pagando um alto preço: o trabalho escravo. Os Gulags abrigavam centenas
de milhares de pessoas. Considerados criminosos e “inimigos do Estado”, os
trabalhadores desses locais se resumiam a qualquer um que não agradava ao regime –
camponeses, presos políticos, intelectuais e pessoas de outras etnias. A brutalidade
stalinista também ganharia destaque com os expurgos, iniciados em 1934 com a
finalidade de identificar membros do partido que não se mostravam suficientemente
militantes ou leais.
Quem, em algum momento, tivesse discordado de Stalin poderia agora ser preso, julgado
e fuzilado – mesmo que por uma trivialidade. O próprio ditador costumava deleitar-se
assistindo aos chamados “julgamentos de fachada”, usados para convencer o povo de
que havia inimigos por toda parte. Em muitos casos, antigos camaradas eram torturados
e obrigados a confessar conspirações das quais nunca participaram. “Stalin exigia apoio
incondicional e sem discussão, e muitas mudanças em suas posições políticas nunca
seriam explicadas”, escreve o historiador Zhores Medvedev, autor de Um Stalin
Desconhecido.
Estima-se que Stalin tenha assinado de próprio punho a execução de 41 mil pessoas.
Além disso, autorizou o envio de pelo menos 8 milhões aos Gulags. Qualquer indivíduo
era um suspeito em potencial: oficiais das forças armadas, membros do comitê central,
dirigentes empresariais, cientistas, escritores e até mesmo amigos próximos. Entre suas
vítimas estiveram Grigori Zinoviev e Lev Kamenev, com quem Stalin compartilhou a
Troika – o triunvirato que sucedeu Lenin. Não raro, o “Vojd” – líder, equivalente russo
ao alemão “Führer” – era visto nos enterros daqueles que ele mesmo mandara executar.
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Comentários
Não é mais possível comentar nessa página.
1º
2º
3º Luiz Carlos Porto 08 nov 2017 - 10h24
4º Brasil precisava de um líder assim. Eliminaria os inimigos da nação, os hipócritas que a enganam, os pérfidos que a
defraudam, os ambiciosos que a usurpam e os corruptos e sem princípios que abusam da confiança do povo.
5º
6º
7º
8º André de Souza 09 nov 2017 - 15h42
9º Ou, simplesmente, eliminaria também aqueles que apenas discordassem dele! Somente em um país onde a maioria
da sociedade é absolutamente despolitizada, analfabeta politicamente mesmo, onde as instituições políticas não são
consolidadas a ponto de garantir os direitos democráticos básicos, acredita-se que a solução para os grandes
problemas sociais e políticos sairão das mentes de caudilhos e ditadores, à esquerda ou à direita! O que precisamos
(e, o que devemos fazer enquanto sociedade civil organizada) é lutar pela consolidação da democracia em nosso
país, e não esperar que algum “Messias” venha nos salvar. Todo regime totalitário, baseado no autoritarismo, mais
cedo ou mais tarde, mostra a sua verdadeira face: uma farsa visando o controle absoluto e irrestrito do Estado e da
sociedade.
10º
11º
12º
13º Luiz Osório 09 nov 2017 - 16h35
14º Se o símbolo da suástica utilizado pelo regime nazista de Adolf Hitler é abominado em todo o mundo, o mesmo
deveria ocorrer com o símbolo da foice e do martelo, que representa o comunismo, a ideologia que mais assassinatos
cometeu na História da humanidade. Ao contrário disso, em nome da democracia, até partidos políticos utilizam esse
símbolo em muitos países, incluindo o Brasil. Os comunistas não desejam o poder para o bem da humanidade, mas
apenas para o domínio de um grupo e o próprio enriquecimento.
15º
16º
17º
18º André de Souza 10 nov 2017 - 01h56
19º O que há em comum entre países como Cuba, a ex-URSS, a República Popular da China e a República Popular da
Coreia da Norte? É que todos eles, entre outros, se autoproclamaram ou se autoproclamam países comunistas. E,
quem conhece o Manifesto Comunista, escrito por Marx e Engels e lançado em 1848, sabe que os regimes
estabelecidos nestes países sequer se aproximam daquilo que foi proposto no referido manifesto. Estes regimes, sem
exceção, são fruto de uma suposta “REVOLUÇÃO” que, tal como os golpes de extrema-direita (que, aliás, também
se autoproclamam revolucionários, caso do golpe de 64 no Brasil e dos demais perpetrados América Latina afora)
instalaram regimes totalitários, corruptos, violentos e ineficientes. A ideologia comunista, surgida como uma
alternativa ao capitalismo, foi elaborada dentro de um contexto sui generis, no bojo da revolução industrial. As
condições de trabalho da época (jornada excruciante, de até 16 horas diárias, a insalubridade dos locais de trabalho
somada aos salários de fome) proporcionaram o desenvolvimento crítico-ideológico que representou o surgimento
da ideologia comunista. Portanto, o problema não está necessariamente na ideologia comunista. Não é a ideologia
em si que deve ser demonizada. O que deve ser criticado e combatido veementemente são os regimes que, para se
consolidarem, utilizam-se do rótulo de comunistas para se legitimarem e se perpetuarem no poder. Estes regimes,
que a princípio propuseram a chamada “Ditadura do Proletariado”, acabaram se tornando ditaduras na verdade
controladas por estamentos ou facínoras totalitários. Igualzinho a todas as ditaduras, sem exceção.
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