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Livro Norte Pioneiro Paranaense e Inteligência Artificial Possibilidades de Transformação Social Dayane Felix Colucci Luiz Henrique Michelato
Livro Norte Pioneiro Paranaense e Inteligência Artificial Possibilidades de Transformação Social Dayane Felix Colucci Luiz Henrique Michelato
CORNÉLIO PROCÓPIO\PR
2020
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DESIGUALDADE E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL, A LUTA DE CLASSES NO
NORTE PIONEIRO
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numa aristocracia agrária”. (FERNANDES, p. 19). Permanecendo em tempos
atuais, propiciando a elevação das expressões da questão social.
A Inglaterra se torna importante parceiro comercial do Brasil, culminando
na expansão do imperialismo econômico, representando um intenso processo
histórico-social, ocasionando o desenvolvimento do capitalismo no país,
sofrendo profundas alterações e estruturações, onde as elites senhoriais nativas
dominam a economia, política e a estrutura social vigente, de acordo com as
necessidades do mercado mundial, fatos estes ocorridos em meados do século
XIX, período considerado de grandes turbulências e modificações em vários
territórios do mundo, em uma perspectiva colonial e neocolonial, onde
predominou uma abordagem heteronômica em território tropical, mantendo-se
as relações de exploração e destruição de vidas e da natureza.
Instaura-se no Brasil a chamada Idade Moderna, segundo Fernandes
(1983), onde o capitalismo comercial engloba as instituições econômicas,
preponderando certa intensidade, considerado algo moderno e novo, sobretudo,
prevalecendo os interesses externos. Neste ínterim, o país deveria ter se
desenvolvido de acordo com seus próprios interesses de forma autônoma,
havendo uma constante predominância do pensamento europeu. “A história dos
homens passara a ser feita e contada em função de sua capacidade de lidar com
o capitalismo como uma realidade interna”. (FERNANDES, 1983).
Predomina o funcionamento de países economicamente dependentes e
politicamente livres, que surgiram da expansão do mundo ocidental moderno de
acordo com Fernandes (1983) nos quais os proprietários de imensas porções de
terra concentravam poder político, econômico e social, havendo a
universalização do trabalho livre, prevalecendo o poderio dos senhores do
sistema agrário, constituindo a base política, econômica e social da sociedade,
promovendo a sistematização do capitalismo, organizada sob a importação e
exportação, garantindo sua plena expansão.
A indústria vem crescendo de forma rápida e contínua, com isso
podemos mencionar as oportunidades de empregos para milhares de jovens e
famílias que estão necessitando para sobreviver. “Primeiro, os salários do
trabalho variam com a facilidade ou dificuldade, a limpeza ou imundície, a
honradez ou desonorabilidade do emprego”, segundo Smith (2010). Os lucros
do capital parecem ser pouquíssimos afetados pela facilidade ou dificuldade do
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aprendizado do ofício em que é empregado. O emprego é muito mais constante
em alguns ofícios do que em outros. Na maior parte dos manufatureiros, um
jornaleiro pode estar bem seguro de emprego quase todo dia do ano em que
estiver apto a trabalhar. Um pedreiro ou canteiro, pelo contrário, não pode
trabalhar com frio intenso ou mau tempo, e seu emprego em todas as outras
épocas depende das chamadas ocasionais de seus fregueses. Ele está apto, por
conseguinte, a ficar sem trabalho. (SMITH, 2010).
A probabilidade de que qualquer pessoa em particular esteja qualificada
para o emprego, para o qual é educada, é muito diferente nas várias ocupações.
Na maioria dos ofícios mecânicos, o sucesso é quase certo, mas muito incerto
nas profissões liberais. Ponha seu filho como aprendiz de sapateiro, e haverá
pouca dúvida de que aprenderá a fazer um par de sapatos; mas mande-o estudar
as leis, e haverá vinte chances contra uma de que ele terá tal proficiência de
modo a poder viver desse negócio. (SMITH, 2010).
Destaca-se, na política liberal, um amplo favorecimento do capital em
vista da força de trabalho, naturalizando a pobreza, e causando a exploração de
vários territórios diferentes, bem como várias novas conquistas ocorrem,
ampliando os poderes de uma parcela mínima de países.
Relacionando os séculos pertinentes, verifica-se uma evidente
concentração de poder político e econômico, favorecendo poucas pessoas e
famílias, em detrimento de parcela imensurável de outros indivíduos, sendo
extremamente relevante socializar meios de produção e distribuir a riqueza
socialmente produzida, proporcionando justiça social e democracia.
Nesta correlação entre perspectiva crítica e posicionamento liberal,
verifica-se qual caminho pode-se permitir aos seres humanos se desenvolverem
de acordo com suas capacidades e habilidades, com todas as oportunidades
possíveis, podendo prevalecer o reino da felicidade, onde o trabalho seja
garantido em toda hipótese, pois a terra deve ser de todos, predominando a paz
social. (MARX, 2010).
Focalizando na região da comarca de Cornélio Procópio\PR, verifica-se
demasiadas necessidades, como a geração de trabalho e renda, redução de
déficit habitacional, e valorização dos seres humanos, proporcionando justiça
social. É imprescindível abolirmos os sentimentos de arrogância e
individualismo, através de uma profunda mudança cultural, causando impactos
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benéficos ao desenvolvimento da sociedade. Desta forma é necessário
desconcentrar renda e promover a inclusão de indivíduos em situação de
vulnerabilidade social, bem como lidar de forma democrática com as expressões
da questão social. (CF88).
Em pleno século XXI torna-se inadmissível permitir-se tamanha
desigualdade social, com profundas crises e inúmeros problemas e mazelas
sociais, sendo importante considerarmos o pleno desenvolvimento social, da
classe trabalhadora, garantindo uma sociedade emancipada, livre de
preconceitos e sentimentos individualistas, que causam imenso mal-estar social,
como desemprego, aumento do índice de criminalidade e intensa desigualdade
social, portanto, a classe trabalhadora deve se unir em prol de sua plena
expansão, e constante alteração sociocultural, permitindo a melhoria da
sociedade.
A transformação social ocorre-se através do despertar para uma nova
forma de realidade, sem exploração, com horizontes prospectivos ao
desenvolvimento humano, oportunizando autonomia e união entre os povos. O
desejo subjacente deve construir um posicionamento coletivo, no sentido de
autogestão, organização e ética social. (MARX, 2010).
Constata-se, acerca de formas de se gerar emprego, renda e
distribuição, algo perceptível e estrutural ao sistema capitalista, sob o ideário
neoliberal, e o extremo favorecimento a acumulação de capital, causando
defeitos como o desemprego, desocupação, baixa escolaridade, meritocracia
burguesa, bem como péssima distribuição de riqueza. Segundo Keynes (1982),
na Inglaterra desde fins do século XIX, conseguiu-se reduzir sua desigualdade
social, tributando impostos sobre renda e herança, medidas essas, essenciais
ao progresso e transformação social.
Neste ponto de vista, observa-se com relação ao aumento do capital, “de
que uma grande proporção desse crescimento depende das poupanças dos
ricos a partir do que lhes é supérfluo”. (KEYNES, 1982, p.284). Ou seja, medidas
urgentes devem ser tomadas no sentido da redistribuição da renda e da riqueza,
promovendo o pleno emprego e condições dignas de sobrevivência,
preservando natureza e sociedade saudáveis.
A propensão a consumir pode aumentar consideravelmente neste tipo
de contexto socioeconômico, proporcionando incentivo ao investimento, sendo
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imprescindível a intervenção do Estado Democrático de Direito nesta forma de
trabalho. “A abstinência dos ricos mais provavelmente tolhe do que favorece o
crescimento da riqueza”, (KEYNES, p. 285). Possibilitando moderação no trato
com a classe trabalhadora no processo de reprodução social.
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UMA NOVA PROPOSTA DE SOCIEDADE É POSSÍVEL
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desenvolvimento das capacidades da humanidade, refletindo acerca da
necessária sobrevivência, bem como do respeito a natureza e a saúde de todos,
o homem controlará a forma econômica, política e sociocultural, a partir do
respeito e da paz social, considerando sua total capacidade em agregar valores
e conceitos voltados ao bem estar social, conforme seres humanos dotados de
capacidade crítica, frente ao sistema atual degradante, tornando os seres
humanos dotados de organização social, sendo “senhores reais e conscientes
da natureza”. (ENGELS, 2011).
Todavia, deve-se, em caráter de extrema necessidade humana, aplicar
leis que propiciem o pleno conhecimento de causa, realizando seu próprio
governo, democrático e participativo, considerando todas as necessidades dos
indivíduos, organizando natureza e sociedade, sendo possível haver harmonia e
participação social, concentrando esforços frente às demandas apresentadas
através da elevação dos índices das diversas mazelas sociais, causando imenso
mal-estar social, e destruição da natureza e das formas pacíficas de existência
em sociedade.
Deve-se, sobretudo, fomentar a discussão entre a parcela mais
vulnerável da sociedade, concentrando esforços em seu desenvolvimento
socioeconômico, cultural e político, visando autonomia e emancipação social,
melhorando as condições de existência da sociedade em preservação com a
natureza. (ENGELS, 2011).
No tocante a questão agrária, é essencial desconcentrar a terra,
proporcionando dignidade a toda população, promovendo o Estado Democrático
de Direito e o bem estar social, considerando a necessidade pela transformação
social e apropriação dos meios de produção pelo proletariado organizado,
visando à coletividade e uma gestão participativa, entrelaçando natureza e
história, instaurando sua livre iniciativa, em prol do bem comum.
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Enseja-se, portanto, a real necessidade pela alteração da estrutura
social presente, em benefício da continuidade da existência humana, focalizando
a preservação saudável de vida, e a correlação entre fatores imprescindíveis ao
pleno desenvolvimento social, neste sentido, transformações profundas devem
ser implantadas em todas as esferas existentes, causando a resolução pacífica
de conflitos.
A solução dos antagonismos perpassa sob a questão do
empoderamento político, transformando os meios de produção em condições
socializadas, sendo tomados da burguesia parasitária e mesquinha. Dando-lhe
caráter social a produção da realidade histórica, proporcionando plena liberdade.
“Torna possível à organização da produção social segundo um plano
predeterminado”. Sendo evidente o anacronismo atual, onde persevera um total
desenvolvimento das foças produtivas e do capital, sendo necessária a alteração
do sistema, em vista de uma existência digna em sociedade. (ENGELS, 2011).
O que predomina em contexto atual, é a anarquia social da produção,
devendo os homens, sobretudo, tornarem-se senhores de seus próprios meios
de associação, ou seja, controladores da natureza, e donos de si mesmos, livres
e em respeito pleno pelo próximo. O proletariado moderno deve
inexoravelmente, caminhar neste sentido histórico, em vista da libertação do
mundo do capital privado dos meios de produção, preponderando pelo diálogo e
pelo conhecimento científico, aprofundando as condições históricas, visando à
ação em classe, atual classe oprimida. Eis a condicionalidade evidente do
socialismo científico, em propiciar o desenvolvimento e organização da classe
proletária e sua plena consciência de classe, modificando a realidade atual e
suas bases e estruturas de exploração, condicionando o pleno desenvolvimento
de capacidades e oportunidades. (ENGELS, 2011).
O movimento revolucionário deve se fortalecer em vista da construção
de uma sociedade emancipada e reconhecedora de sua importância social,
proporcionando condições de existência dignas e satisfatórias ao pleno
desenvolvimento humano, com predominância da cooperação entre os povos e
da eliminação das fronteiras predeterminadas, eliminando o capital privado dos
meios de produção e promovendo sua socialização.
O povo deve reconhecer sua própria condição de explorado pelo
capitalista, podendo rebelar-se frente a tal existência indigna, onde seu trabalho
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é expropriado pelo proprietário dos meios de produção, que geralmente
sobrevive de forma fútil e decadente, através do suor do trabalhador explorado
e oprimido, que sofre com alta tributação de impostos, em privilégio da classe
burguesa inescrupulosa, que destrói o planeta e prejudica a existência humana
em tranquilidade e paz social. (ENGELS, 2011)
A atividade intelectual, neste sentido, torna-se argumento
imprescindível, no combate a este sistema desprezível, do ponto de vista social
e econômico, proporcionando reflexão ao proletariado, em vista da alteração
desta atual forma de sociedade, causadora de imensos prejuízos sociais,
elevando as taxas das expressões da questão social, potencializando índices
alarmantes da degradação humana.
Extrair as múltiplas determinações do capital se faz necessário,
descobrindo-se em uma ampla perspectiva histórico-social da estrutura social
capitalista, sistematizando o objeto que causa perplexidade, no sentido de
aguçar a curiosidade acerca das várias determinações socioculturais e
econômicas, no intento de alterar a ordem social burguesa, de acordo com
Engels (2011). Através das preposições concretas, há um evidente campo
teórico e prático de atuação e ação das forças produtivas, podendo verificar uma
real necessidade do despertar para uma consciência de classe revolucionária,
no sentido da transformação social estrutural. No plano do pensamento deve-se
potencializar a capacidade criativa do ser humano, em um amplo processo de
múltiplas determinações que promovem a construção do concreto real em
sociedade.
Neste ínterim de imensa complexidade e contradição, enquanto classe
social explorada. Considera-se um desprendimento da realidade por parte de
imensa parcela da sociedade atual, no sentido da transformação social e pujante
alienação, sobretudo em tempos modernos, o capital atua, no sentido de causar
pânico social, elevando índice de criminalidade e concentração de riqueza,
favorecendo o crescimento de determinados segmentos econômicos e
comerciais, como, a elevação em proporções perversas, da indústria bélica e
farmacêutica, bem como da instalação de sistemas de segurança, em vista da
imensa desigualdade social, criminalização da pobreza, e concentração de
renda há uma parcela mínima da sociedade capitalista neoliberal vigente em
pleno século XXI, devendo inexoravelmente ser abolida de acordo com enorme
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evidência científica, conforme trabalho apresentado no presente texto, conforma
expõe Engels (2011).
Uma nova moral, calcada no materialismo histórico é necessária em
tempos atuais, em vista da resolução dos conflitos de classe e da exploração
vigente, sendo imprescindível fundamentar-se em uma nova perspectiva moral,
no tocante a valorização do ser humano, considerando o poder do homem sobre
a natureza, em proporcionar seu pleno desenvolvimento de capacidades
imanentes, onde os desejos individuais não devem se sobrepor aos interesses
coletivos, proporcionando condições de existência propulsoras de oportunidades
a todos, sem a necessidade de existência de classes sociais.
Centralizando esforços na região do norte pioneiro do Paraná, conforme
indicações.
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poderia atingir um número muito maior de matriculados neste ano de 2018 e
posteriores, promovendo o desenvolvimento regional necessário a autonomia e
emancipação da sociedade.
A taxa de mortalidade geral é de 8,32 para cada mil habitantes, segundo
dados do IPARDES (2019), na região do norte pioneiro do Paraná, havendo
assim, uma porção considerável de mortes que merecem autêntica reflexão
sobre suas mais variadas formas, havendo 1.128 estabelecimentos de saúde na
referida região, demandando a abertura de instituições, neste sentido, em vista
do desenvolvimento regional necessário. A região registra 12,58 de taxa bruta
de natalidade a cada mil habitantes.
O IPARDES (2019), apresenta na região do norte pioneiro do Paraná,
de 205.060 domicílios pesquisados, apenas 98.171 possui atendimento de
esgoto, registrando índice alarmante de estruturação nesta área, essencial a
existência saudável humana em preservação com a natureza. Com relação ao
trabalho, existem 14.462 estabelecimentos, 5.201 pertencem ao comércio
varejista e 3.049 a agropecuária, e 107.789 empregos registrados no ano de
2018. A população em idade ativa (PIA) é de 471.693, a população
economicamente ativa (PEA) é de 274.084, e 257.050 representa o número da
população ocupada (PO), ou seja, representando dados alarmantes quanto a
geração de trabalho e renda e população do norte pioneiro, em vista da garantia
da legislação nacional vigente, favorecendo a redução da perversidade atual,
quanto a índices urgentes e degradantes de elevação da criminalidade, déficit
habitacional, e demais expressões da questão social intensificada pelo sistema
capitalista neoliberal depredador de vidas e da natureza.
No tocante a agropecuária, segundo dados do IPARDES (2018), a região
do norte pioneiro paranaense registra R$ 6.879.580.710,81 com relação ao Valor
Bruto Nominal da Produção Agropecuária, concentrando imensa renda e riqueza
socialmente produzida com poucas pessoas na sociedade desumana
contemporânea, onde 7.056.970 corresponde a Produção Agrícola - Cana-de-
açúcar (toneladas), 1.721.871 de Soja (em grão) toneladas, 1.258.661 em Milho
(em grão) (toneladas), 1.029.504 Galinhas (cabeças), 1.010.985 Bovinos
(cabeças). Verifica-se uma enorme concentração e poucos produtos, gerando
desemprego em massa e constante exploração e destruição, sendo necessário
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uma ampla alteração nesta forma de sistema, utilizando-se, sobretudo, da
inteligência artificial em remodelar a sociedade.
De acordo com o IPARDES (2019), as receitas municipais da região do
norte pioneiro do Paraná registram R$ 1.566.694.583,94, as despesas
Municipais contabilizam R$ 1.525.811.027,35, referente ao ICMS Ecológico o
valor é de R$ 15.195.939,36, e no Fundo de Participação dos Municípios o valor
corresponde a R$ 530.552.894,58, havendo uma necessidade extrema por uma
eficaz avaliação institucional no sentido de alocação correta das políticas
públicas, promovendo bem estar e transformação social estrutural.
No campo sobre produto e renda, segundo dados do IPARDES entre os
anos de 2017 e 2018, a região do norte pioneiro paranaense, registrou PIB Per
Capita de R$ 25.287, Produto Interno Bruto (PIB) a Preços Correntes R$
14.287.708. Em Produção Primária contabilizou R$ 4.130.114.298, em
Comércio e em Serviços R$ 3.203.507.587, e na Indústria R$ 2.612.283.839.
Portanto, sendo extremamente necessário, reavaliar-se as atuais formas de
obtenção de renda em vista de sua democratização e autogestão,
proporcionando distribuição de renda e geração de trabalho, consequentemente
melhorando as condições de vida da população da referida região estudada e
analisada.
No município de Cornélio Procópio que possui 46.659 habitantes, um
dos principais da região do norte pioneiro paranaense, possui algo em torno de
(16,5%) 7.731 pessoas vivendo com menos de 1\4 de salário mínimo mensal,
representando um dado alarmante, no sentido de justiça social, segundo dados
do IPARDES (2010). Em Sertaneja de 5.816 habitantes, 1.516 (26,1%) de
pessoas sobrevivem com a mesma quantidade citada no município anterior,
representando em números, a desigualdade social gritante em nossa região,
onde prevalece uma intensa concentração de renda, terras e riqueza
socialmente produzida, neste sentido, sendo imprescindível, uma ampla
transformação social. São registradas (33,2%) 1.373 pessoas em situação de
extrema pobreza no município de Leópolis que possui um total de 4.145
habitantes, configurando a comarca de Cornélio Procópio que comporta a
mesorregião do norte pioneiro paranaense.
Analisando o perfil da região geográfica imediata de Cornélio Procópio –
Bandeirantes, segundo dados do IPARDES (2018), a região possui 7 zonas
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eleitorais, e 138.606 eleitores, População Estimada (habitantes) em 182.066,
Área Territorial (km2) 6.019,546. Matrículas na Educação Superior Presencial
(alunos) 7.605, Matrículas na Educação Superior a Distância (alunos) 2.479.
Estabelecimentos de Saúde 377, Taxa de Mortalidade Geral (mil habitantes)
7,78%, Taxa Bruta de Natalidade (mil habitantes) 11,52%. Número de Domicílios
Recenseados 69.275, Abastecimento de Água (unidades atendidas 41.424,
Atendimento de Esgoto (unidades atendidas 25.928. Destarte, os dados
apresentam uma enorme necessidade por uma ampla reforma urbana no sentido
de desenvolvimento socioeconômico e cultural, e na garantia do bem estar
social.
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região, em vista da variação dos preços e de uma melhor distribuição da terra,
valorizando a agricultura familiar e a qualidade de vida da população. As receitas
municipais, segundo dados do IPARDES (2020), são de R$ 505.236.232,97, as
despesas municipais de R$ 495.387.199,59, o ICMS Ecológico – Repasse é no
valor de R$ 8.513.235,84, o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) R$
188.701.803,10, PIB Per Capita R$ 25.654, Produto Interno Bruto (PIB) a Preços
Correntes R$ 4.808.908, PIB - VAB a Preços Básicos no Comércio e Serviços
R$ 2.011.376, PIB - VAB a Preços Básicos na Agropecuária R$ 1.075.446, PIB
– Impostos R$ 341.080, VAF - Produção Primária R$ 1.705.492.258.
Conforme os dados apresentados, deve-se inexoravelmente, alterar as
bases da sociedade no intento de garantir o desenvolvimento regional,
promovendo geração de trabalho e renda a população, bem como a redução do
índice de criminalidade, baixa escolaridade, e promover o desenvolvimento da
sociedade através de políticas públicas eficazes e coletivas.
Contudo, apresenta-se as contradições históricas do sistema capitalista,
do qual eleva-se exponencialmente as desigualdades sociais, de acordo com
Silva (1983), gerando um clima de insatisfação social em várias partes do mundo
entre os trabalhadores sociais.
Algo alavancado primordialmente a partir da década de 1970, onde
esboçam-se abordagens vinculadas a transformação social estrutural da
sociedade capitalista antidemocrática, em torno do serviço social radical,
fundamentada no materialismo histórico dialético, partindo de uma crítica
fundamentada ao capitalismo, visando a construção de uma nova sociedade,
livre da opressão capitalista neoliberal em evidência.
No âmbito de uma perspectiva radical, no intento de construção de uma
nova sociedade, onde todos os trabalhadores possam se beneficiar e
desenvolver de fato suas capacidades, na construção de um mundo melhor e
mais consciente acerca de sua natureza, trabalho e recursos naturais, sem
exploração de classe e repressão burguesa. (SILVA, 1983).
Entretanto, tal prática vinculada ao serviço social radical deve perfazer-
se no sentido de alteração da ordem social e do modo de produção vigentes,
todavia, analisando-se as contradições inerentes a reprodução do capital, em
vista de sua superação, em busca de uma sociedade democrática e garantidora
de direitos sociais.
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O serviço social radical, estrutura-se através do socialismo, partindo de
uma crítica consistente ao capital, de acordo com Silva (1983), bem como,
desenvolvendo estratégias possíveis de serem implementadas em sociedade,
superando o sistema político e econômico atual, entretanto, é necessário
analisar as bases atuais da sociedade capitalista, em busca de um processo de
mudança social ampla.
Contudo, a construção de uma nova sociedade é necessária, em vista
da degradação propiciada pelo capital, onde os recursos naturais são escassos
e finitos no planeta terra, sendo imprescindível sua transformação em vista do
bem estar social e da preservação das vidas.
Entretanto, superar o capitalismo selvagem, segundo Silva (1983), torna-
se objetivo claro, bem como o desenvolvimento de práticas alternativas em
superar abordagens conservadoras e reacionárias, no âmbito do serviço social
radical, devido as inúmeras mazelas e expressões da questão social, impostas
pelo capital.
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em pleno século XXI, facilitando e humanizando a vida em sociedade, em busca
da reorganização da sociedade atual.
Todavia, a ótica atual sob o capital neoliberal, reduz recursos
necessários ao pleno desenvolvimento de políticas e ações voltadas ao combate
à pobreza e desigualdade social, concentrando renda e riqueza a uma minoria
parasitária, que prejudica o ordenamento da sociedade em vista da justiça social
e da democracia, segundo Silva (1983).
Havendo preponderante exigência burocrática e rotineira, devendo-se
fortalecer o processo de sindicalização dos trabalhadores, sendo inexorável
alianças entre diversos movimentos como os negros, LGBT, índios, mulheres,
entre outros, indispensáveis ao processo de transformação social estrutural do
sistema opressor atual.
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como arena de um trabalho político, situando, assim, o trabalho político
como parte da prática profissional. (SILVA, 1983, p. 112).
19
Em vista do processo de transformação social, o socialismo se faz
presente como estratégia de superação das bases do modo de produção atual,
entretanto, recebe-se desde criança um certo pessimismo, bem como no âmbito
da família e da escola, criando seres competitivos sob a ótica do capital,
prejudicando a sociedade sob o viés individualista, geradas pela exploração do
sistema. “A geração de riquezas por uns e seu controle por outros são apontados
como a principal contradição interna do capitalismo”. (SILVA, 1983, p. 114).
Contudo, destaca-se a expansão dos mercados militar e gastos com
bem estar social, servindo como alternativas pelo sistema capitalista para
solucionar os problemas de superprodução. Bem como o papel decisivo da
classe trabalhadora frente a está opressão capitalista, com viés revolucionário,
adotando estratégias específicas para determinados momentos.
Nesse sentido, o estado democrático de direito é importante, com
caminho para o socialismo\comunismo, em vista da transformação da sociedade
capitalista, como bem maior, “a qual vai requerer a mobilização e
desenvolvimento político de grande número da população”. (SILVA, 1983, p.
114). Com trabalho de base preciso e envolvimento com a periferia e pobreza,
num movimento de baixo para cima, em busca da justiça social e trabalho a
todos.
Compreende-se, o estado de bem estar social como permanência do
capitalismo, no entanto, podendo-se ser construídas bases e organizações
viáveis neste processo, fortalecendo o proletariado, com uma prática social mais
efetiva, permitindo perceber a dimensão dialética que envolve este processo e
dinâmica social, bem como o reconhecimento da luta dos trabalhadores, na
construção de uma sociedade mais humana, reconhecendo a opressão
capitalista, porém, seu potencial de libertação depende de ampla organização.
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pelo isolamento, rotulação, controle da vida diária do usuário,
socialização individual e estigma. (SILVA, 1983, p. 115).
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possibilidade de filiação, em vista de uma organização sindical, em determinadas
instituições. Todavia, o sindicalismo pode organizar os trabalhadores,
reivindicando e lutando por direitos sociais perante o sistema e o Estado burguês
neoliberal, em um amplo processo econômico e cultural da sociedade
contemporânea, segundo Silva (1983).
Comprova-se os papéis contraditórios assumidos pelas instituições no
âmago do sistema capitalista, enquanto mecanismo de controle,
simultaneamente oferecendo mínimos serviços a parcela empobrecida da
sociedade, necessitando-se de um amplo trabalho educativo e organizativo, com
relação aos problemas da sociedade, visando o poder coletivo dos
trabalhadores.
Deve-se inexoravelmente, potencializar a pesquisa e a publicação dos
estudos pertinentes, enquanto suporte de construção e transformação social, ou
seja, “tem como objetivo colocar-se a serviço da mudança social, estando
condicionada pela participação da classe trabalhadora, servindo aos seus
interesses e sem a pretensão, portanto, de ser neutra”. (SILVA, 1983, p. 118).
Desta forma, a pesquisa e a publicação, permitem ampliação do
aprendizado, comunicando experiências e descobertas, envolvendo análise da
sociedade, e promovendo uma construção teórica contundente. Destarte, as
escolas de serviço social devem embasar-se pelo viés crítico dialético diante da
exploração do capital, e do público a ser atendido.
Envolvendo um processo de transmissão de conhecimento e avaliação
crítica do modo de produção atual, permitindo análises progressistas com
compromisso com a democracia e participação social dos atores reprimidos.
Destaca-se a questão pedagógica voltada para o ensino tradicional conservador,
todavia, sendo necessário alternativas com viés crítico que proporcione o
repensar da sociedade, num processo de ensino-aprendizagem, de acordo com
Silva (1983).
Contudo, é essencial a participação do estudante na formulação e
administração das políticas de ensino. Entretanto, é imprescindível o manter-se
crítico, abrindo mão de possíveis cooptações, sendo honesto a uma causa maior
de transformação social, avaliando os impactos no trabalho, e os riscos da
prática, “apontando a importância de manter o equilíbrio entre as necessidades
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imediatas e pessoais, e a necessidade de que seja prosseguido o compromisso
socialista”. (SILVA, 1983, p. 119).
Desta maneira, é imperativo potencializar os esforços, conjuntamente a
classe trabalhadora, em vista da necessária transformação social, adquirindo
poder através do uso da inteligência artificial, facilitando e mobilizando os
diversos atores sociais, verificando-se a importância da atuação no processo
histórico e se afastando de fatos isolados.
Ressalta-se a questão dos riscos e avanços pertinentes a este processo,
“inclusive o risco do isolamento potencial e o sentimento de desviança”, (SILVA,
p. 119). Tratando-se de uma temática ampla, e de relevância social, em vista de
análises profundas das sociedades capitalistas, seja em países centrais ou
periféricos.
Contudo, o papel do Estado burguês é preponderante neste processo,
em relação as sociedades capitalistas, em desmistificar o caráter neutro
enviesado, sobretudo, pela teoria liberal. Todavia, o estado de bem estar social
serve para manter as bases capitalistas de opressão, bem como sua ideologia
competitiva e degradante, predominando a notável luta de classes.
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Neste sentido, é necessário uma proposta metodológica, que embasa o
campo teoria e prática de ação social, com vistas a transformação da sociedade
capitalista, em promover justiça social, trazendo vida decente para todos.
Cuidando-se para o bem estar e saúde mental dos envolvidos, evitando o
isolamento social. “Acredita-se que as contradições internas do próprio
capitalismo criarão essa condições” conforme apresenta Silva (1983).
Onde a preocupação secular deve ser a organização da classe
trabalhadora, em busca da construção de uma consciência coletiva, fator
essencial para a mobilização da mudança social, avaliando ganhos e perdas
neste ínterim, não se confundindo com um prática demagógica ou ditatorial.
Neste sentido, a união em prol da construção de um mundo de todos
faz-se necessária, com uso da inteligência artificial em prover bem estar a
população e preservação do planeta terra finito, sem exploração de classe e com
dignidade humana, predominando-se a justiça social.
Importante dizer sobre a relação da social democracia ou da democracia
operária, visto que já é antiga mas ao mesmo tempo recente. De certa forma,
cada passo do desenvolvimento de uma país capitalista, oferece uma
combinação particular e original, dos diferentes matizes da democracia burguesa
e das distintas tendências do movimento socialista, de acordo com (LÊNIN,
2019).
24
por instituições que beneficiavam a burguesia, e como a burguesia sempre era
e continua sendo até nos dias atuais, beneficiada de alguma forma.
Por um lado os proletariados lutando contra a democracia burguesa, sem
esperar nenhuma bondade da burguesia, visto que segundo Lênin (2019), a ala
dos proletariados apoia qualquer burguesia, ainda que seja a pior, desde que ela
combata o czarismo.
25
significado e valor que ela apresenta, que não condiz origem alguma com a
burguesia. Embora, o proletariado ofereça apoio a democracia burguesa, tendo
em vista na prática sobre a luta contra a autocracia, visto que seria um apoio
justo e indispensável, para concluir a demanda dos interesses sociais
revolucionários da sociedade, basicamente dos proletariados.
26
demais problemas sociais distintos, representando a base de uma organização
social.
Predominando a prática de monopólio nesta relação, numa constante
contradição entre terra e solo, determinando abundância de mercadorias
produzidas, sendo algo mais lucrativo para os proprietários agrários, ganhando
fortuna, crédito e prestígio, necessitando do aumento da população e sua
prosperidade, elevando a renda.
“A renda nem sempre se pode pagar com todas as mercadorias. Por
exemplo, em muitas regiões, nenhuma renda se paga com pedras de
construção”. (MARX, 2001, p.99). Há uma relação entre renda e mercadoria
intrínseca, determinante na questão do alimento, necessário a sobrevivência
humana.
27
escravidão, destacando os juros sobre o solo em benefício do proprietário da
terra.
“O interesse do proprietário encontra-se assim em absoluta oposição ao
interesse dos trabalhadores rurais, tal como o interesse do industrial se opõe ao
dos seus trabalhadores. Reduz os salários a um mínimo”. (MARX, p. 103). Em
vista do processo de acumulação real de capital, sendo necessário
desconcentrar renda e socializar os meios de produção.
Predomina, diante do interesse do proprietário, a redução dos salários
dos trabalhadores industriais, a concorrência entre os capitalistas, a proporção
da superprodução e na miséria industrial. Verificando-se uma exploração
ferrenha ao trabalhador, consumido por este sistema alienante e fetichista, capaz
de destruir inúmeras vidas humanas.
Prevalece um constante antagonismo entre segmentos em uma dada
sociedade de determinada condição histórica, com enorme concentração de
poder e riqueza, que destrói toda uma cadeia produtiva, considerando uma
parcela comunal de trabalhadores a mercê da própria sorte, sofrendo com
inúmeras violações de um Estado que garante e viola direitos
concomitantemente.
A propriedade de terras significa, frequentes modificações no tocante ao
desenvolvimento técnico científico informacional, acelerando determinados
processos e vasos comunicantes, no sentido de propagação do capital e
exploração de classe. O número de trabalhadores é permanentemente reduzido,
no sentido de substituição do homem pela máquina (robótica), proporcionando
uma parcela enorme do conhecido exército industrial de reserva.
A busca pela melhoria da terra e do solo, significam ampliação de lucros
aos proprietários, e consequentemente, exploração da força de trabalho alheia,
causando concentração de terras de forma preponderante, havendo uma real
diferença entre a grande e pequena propriedade, no sentido irremediável de
obtenção de lucro. “Ao mesmo tempo em que toda a melhora social favorece a
grande propriedade, danifica a pequena propriedade, uma vez que torna
necessária maior quantidade de recursos”. (MARX, 2001, p. 103). Reverberando
em imensa desvantagem ao pequeno proprietário, que geralmente alimenta a
massa populacional cotidianamente.
28
Além disso, já sabemos que em idêntica produtividade e em igual
exploração racional das terras, das minas e pescarias, o produto é proporcional
ao volume dos capitais empregados. Deste modo, triunfo do grande proprietário.
Da mesma forma, onde se emprega igual quantidade de capital, o produto é
proporcional à fertilidade. Por consequência, onde os capitais são iguais, vence
o proprietário do solo mais fértil. (MARX, 2001, p. 104). A exploração das terras,
baseado no capitalismo e na visão dos lucros sempre ser do proprietário a
sugarem os seus funcionários.
Deve-se observar que o preço usual de mercado das terras está sujeito
sempre à taxa corrente de juros, se a renda de terra ficasse abaixo dos juros
com uma grande diferença, ninguém compraria terras, o que rapidamente
diminuiria o seu preço normal. Ao contrário, se as vantagens da renda de terra
compensassem demasiadamente a diferença, todas as pessoas comprariam
terra, o que depressa elevaria o seu preço usual. Desta relação da renda com
juros, conclui-se que deve continuar até que, finalmente, só as pessoas mais
ricas consigam viver da renda. Consequentemente, a concorrência entre os
proprietários que não arrendam a terra intensifica-se. Parte delas arruína-se, e
dá-se nova acumulação da grande propriedade. (MARX, 2001, p. 105). A forma
que segue com os juros como taxa corrente, e sem distribuição de rendas e de
terra. Sendo assim, a minoria consegue adquirir terras, onde a agricultura familiar
é extremamente necessária para uma melhor distribuição de renda.
A propriedade feudal dá o nome ao seu senhor, assim como o reino ao
seu rei. A história da família, a história da sua casa, etc., tudo isto lhe particulariza
a propriedade e a leva convencionalmente a pertencer à sua casa, a sua pessoa.
Semelhante, os trabalhadores da propriedade agrária não se encontram na
condição de servos, mas são em parte a propriedade do senhor, como no caso
dos escravos, e em parte estão diante dele numa relação de respeito, de
subordinação e obrigação. Por conseguinte, a sua relação a eles é diretamente
política e possui até um lado agradável. Os costumes, o caráter, etc., diferem de
propriedade para propriedade e parecem estar em harmonia com o tipo de
território, ao passo que mais tarde só os recursos do homem, e não o seu caráter
ou individualidade, se relaciona com a propriedade agrária. (MARX, 2001 p, 106).
O sistema capitalista não compreende a necessidade da divisão de
terras e da reforma agrária. Para ele o que tem mais relevância é o giro do seu
29
próprio capital e consequentemente quem vem sofrendo há séculos com essa
teoria é a classe trabalhadora, que necessita urgentemente de terem os seus
direitos revistos como garantia ao seu bem estar social. Se a classe burguesa
pode possuir várias terras e bens, e ainda assim sonegar impostos e omitir vários
outros sistemas, por qual motivo a classe trabalhadora que necessita do seu
suor, dia após dia para chegar no final do mês e receber um mísero salário para
sustentar sua casa e sua família, não conseguem ter acesso para adquirir um
pedaço de terra, é algo a se pensar.
A divisão da propriedade agrária nega o grande monopólio da
propriedade, elimina-o, mas só na medida em que torna genérico semelhante
monopólio. Não extingue a base do monopólio, a propriedade privada. (MARX,
2001, p. 107).
Como se observa na Inglaterra, a grande propriedade agrária libertou-se
do modo feudal e assumiu um caráter industrial, a ponto de almejar conseguir o
máximo de dinheiro possível. Dá ao proprietário a oportunidade de obter a mais
elevada renda possível, ao arrendatário o máximo lucro possível do seu capital.
Em consequência disso, os trabalhadores rurais cedo, se veem reduzidos ao
mínimo nível de subsistência, e a classe dos arrendatários determina o poder da
indústria e do capital no seio da propriedade agrária. A renda de terra deixa
geralmente de ser uma fonte independente de receita, em razão da concorrência
com os países estrangeiros. (MARX, 2001, p.109).
A propriedade agrária deveria se desenvolver nos dois sentidos, de
modo a conhecer neles o seu declínio inevitável. Também a indústria deveria
arruinar-se a si mesma na forma do monopólio e na forma da concorrência, para
assim aprender a ter fé no homem. (MARX, 2001, p.110). De fato que a
concorrência é algo que sempre será levado em conta, não podemos deixar de
destacar o homem e suas inúmeras ideias para atingir seus objetivos com
intensos e diversificados avanços e estudos para ganhar destaque, sem
necessariamente precisar tirar dos que pouco tem, ou escravizar trabalhadores.
Ademais, constata-se uma estrutura agrária e uma dominação no
campo, no sentido da monocultura, favelização, urbanização, e uma necessária
reforma no tocante ao cumprimento da função social da propriedade,
promovendo bem estar social. (GONÇALVES, 1988). Embora a legislação
nacional e internacional determine medidas que reduzam a desigualdade social,
30
bem como garantem a divisão eloquente de terras, promovendo melhorias a toda
sociedade, todavia, a construção de uma sociedade que valorize o
desenvolvimento social consta em inúmeros tratados e declarações.
A perspectiva positivista, pressupõe a adequação do indivíduo a
sociedade capitalista neoliberal vigente, entretanto, garante direitos sociais que
propõe a dignidade da pessoa humana e a democracia, resultando em
contradição entre a questão da naturalização da pobreza, e o desenvolvimento
socioeconômico promulgado em nossa carta magna, cabendo incansáveis
reflexões acerca deste cenário destrutivo e mesquinho.
Problematizando, a generalização e a abstração são imprescindíveis ao
conhecimento, a concepção de ciência e da “terra-terra”, segundo
(GONÇALVES, p. 144), acerca das determinações da natureza, entender os
significados, analisando nossa paisagem local, verifica-se notável concentração
em poucos produtos, causando acumulação e elevação da questão social, bem
como um constante acirramento de classes, permeando a exploração capitalista
e a barbárie instalada.
Considerando a relação homem-natureza, visando apreender razões e
o real, valorizando a ciência e suas aplicações e aprofundamento teórico
necessário, todavia, persiste uma concepção de bom senso neste ínterim. “É
certo que o homem escreve na natureza a sua história, construindo, desenhando
o seu espaço”, (GONÇALVES, p. 144). Ressaltando o significado histórico e
suas nuances, pode-se imaginar variadas formas de se construir o espaço,
preservando a essencial natureza e a vida de seres humanos, analisando o todo
estruturado e seu entendimento com o real.
Possibilitando uma crítica consistente, no sentido de avaliar a ideologia
dominante, perpassando em cada período existente, encarando como meias-
verdades, conforme aponta Gonçalves (1988). Destacando acerca do
desenvolvimento desigual e a questão agrária, apreendendo o movimento da
sociedade brasileira e seu processo social, pois, um modo de produção e seu
movimento são intrínsecos, e encontra-se engendrado no movimento histórico,
considerando sua dialética inerente.
Havendo concepções de penetração do capitalismo no campo,
propagando destruição e desagregação, envolvendo uma relação do capitalismo
na questão agrária. Sobretudo, diante de um cenário atual de extrema
31
concentração em vasto território nacional. Contrastando com um
desenvolvimento desigual, propiciando análise profunda acerca das
determinações preestabelecidas.
32
constrangimento coercitivo externo, vinculadas ao desenvolvimento do capital e
de sua capacidade de explorar territórios e povos. (GONÇALVES, 1988, p. 146).
A subordinação a troca, favorece o desenvolvimento do capital,
sobretudo, numa perspectiva de desenvolvimento desigual, suprime-se a
produção de valores de uso imediatos relacionados a troca, substituindo modos
de produção primitivos, havendo momentos de produção que interessam a todo
o conjunto de formas existenciais possíveis em sociedade. A reprodução
ampliada do capital e seu predomínio, fortalece uma parcela mínima da
sociedade, bem como escamoteia a classe trabalhadora, acirrando seus
antagonismos e contradições, todavia, é necessário considerar-se a questão da
exploração e incorporação de áreas e populações a suas leis comerciais, de
acordo com sua expansão.
A agricultura subordina-se a racionalidade vinculada ao setor industrial,
propiciando certo grau de irracionalidade relativa da produção agrícola, segundo
Gonçalves (1988). Destarte, deve-se sobretudo, promover uma ampla reforma
agrária em território nacional, bem como sua partilha, e que cumpra sua função
social garantindo bem estar social a toda a população, natureza e preservação
de vários animais.
A teoria da renda da terra se fundamenta através da expansão
capitalista, havendo uma relação entre trabalho socialmente necessário e o valor
da uma determinada mercadoria, conforme aponta Gonçalves (1988), sobretudo,
implicando nas contradições e antagonismos atuais, consagrados em inúmeras
expressões da questão social. A terra podendo ser considerada como fator
natural, sendo assim, não há valor, todavia, não existindo trabalho humano,
teoricamente não deveria ter preço, ou seja, os frutos são de todos e a terra não
é de ninguém, conforme indica Gonçalves (1988), em sua análise crítica,
entretanto, considerando fatores históricos, a terra sempre sofreu com tributos
impostos por homens inescrupulosos, cujo objetivo, fundamental, era a
exploração de classes, e uma sobrevivência mesquinha. Predominando o
monopólio da terra, prevalecendo tamanha irracionalidade, no sentido do
individualismo. “Ao contrário; a propriedade fundiária, ainda que sob diferentes
códigos, foi incorporada pelo capitalismo, contradição essa expressa na renda
capitalista da terra”, p. 148. Reforçando a classe social possuidora do monopólio
da terra.
33
Perseverando a renda capitalista da terra, promovendo um cerne de
irracionalidade no âmbito da renda territorial, neste sentido, cabendo imensa
reflexão acerca da concentração da área rural brasileira, apresentando a
dimensão de um problema secular e atual, no sentido de um Estado burguês que
garante e viola direitos, principalmente no tocante a reforma agrária e ao
fortalecimento da democracia.
Significando capital constante e produtivo na ótica do sistema em
funcionamento, num processo de produção, resultando em mercadorias, ou seja,
o capital constante não cria valor, embora, a terra não possa transferir valor, pois,
não é fruto do trabalho humano, ficando imobilizado na terra, sendo alienada,
sofrendo metamorfose vinculada a possível renda, considerando o proprietário
fundiário que se apropria da mais valia global da sociedade.
Reproduzindo uma irracionalidade, “Deste modo, parte do capital, ao
adquirir a terra, deixa de entrar no processo produtivo, indo para as mãos desses
parasitas, posto que limitam o desenvolvimento das forças produtivas”, p. 149.
Sendo, portanto, transferido ao trabalhador o ônus da situação de exploração,
sendo uma constante contradição, havendo constante concentração da
propriedade fundiária, representando o processo de acumulação de capital, bem
como a notável luta de classes.
34
Entretanto, sendo necessária a avaliação sobre a mais valia e sua
capacidade de produção, proporcionando extrema exploração de classe, e a
circulação subordinada a produção, havendo articulação de processos,
predominando disseminação em espaços diferentes. “A acumulação primitiva
assume assim um caráter permanente, estrutural”, p. 150. Em países em
situação de atraso do capitalismo, denominado como capitalismo tardio ou
retardatário, predomina-se uma certa constituição púbere e acertada,
transformando e dominando territórios, provocando a barbárie, predominando o
domínio de uma determinada classe.
O desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo no Brasil e a
questão agrária, proporciona o processo de desenvolvimento de exploração
capitalista que revela uma grande concentração da população nos centros
urbanos e uma grande perda nos campos, originando seu despovoamento. Vale
ressaltar que, os países capitalistas mais desenvolvidos industrialmente, mais
de 85% da sua população está situada em campos urbanos, sendo que na
Inglaterra isso atinge a cifra de 97,5%.
O êxodo rural, que é a manifestação desse processo de despovoamento
do campo, significa, antes de mais nada, a expropriação do trabalhador, sua
completa desvinculação da terra e de seus meios de produção, em suma, a sua
proletarização. (GONÇALVES, 1988, p. 150). Elevando-se índices de
favelização, condições precárias de residência, aumento da criminalidade, déficit
habitacional, população em situação de rua, entre outras expressões da questão
social latentes.
Com o passar dos anos o trabalho da população rural só aumentou, e a
sua força de trabalho nos campos rurais também, diante disso, é evidente que o
desenvolvimento é desigual na questão agrária. Por mais que esta classe
trabalhe diariamente, o resultado final acaba permanecendo com o capitalista.
Não se pode admitir que isto possa seguir ocorrendo, como visto anteriormente,
existe uma necessidade muito grande pelos direitos humanos.
Em conformidade com o estatuto da terra, Lei nº 4.504, de 30 de
novembro de 1964, que estabelece direitos e obrigações referentes aos bens
imóveis rurais, no sentido de execução da reforma agrária, bem como da política
agrícola. Desta forma, conforme, § 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto
de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante
35
modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de
justiça social e ao aumento de produtividade. (Estatuto da Terra, Lei nº 4.504\64).
Verifica-se uma imensa concentração de terras e prevalência da
monocultura no Brasil, produzindo uma constante injustiça social, e
desigualdades regionais imensuráveis, prejudicando o pleno desenvolvimento
social e a dignidade humana, em vista de uma existência pacífica em sociedade.
Todavia, deve-se inexoravelmente, haver participação popular e perspectiva
democrática, objetivando desenvolvimento social.
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Entre suaves planícies implanta
Sertaneja de belo esplendor
Tens o manto qual verde das plantas
Terra linda de raro fulgor
O Panema, correndo ao Norte
Lá deságua o Rio Tibagi
És fruto do trabalho forte
Dos imigrantes que vieram a ti
Lavrando a terra
Teu povo desbravador
O ouro verde
A todo canto se espalhou
Sertaneja
Cidade hospitaleira
Berço augusto
De gente pioneira
No trabalho da terra querida
Fez progressos com muito labor
Garantindo o futuro da vida
Com tuas raças unidas no amor
Nessas águas que ao longo te banhas
Na planície a cidade nasceu
Às margens do Rio Congonhas
Teu filho forte, no trabalho cresceu
Lavrando a terra
Teu povo desbravador
O ouro verde
A todo canto se espalhou
Sertaneja
Cidade hospitaleira
Berço augusto
De gente pioneira.
37
Portanto, havendo uma notável expansão do capital mercantil, uma
renda era estruturada no sentido de compra de escravos, circulando um
comércio de seres humanos sugados pelo sistema escravista, considerando a
qualidade do solo das mais diversas regiões do Brasil.
Predomina-se uma relação entre capital mercantil, industrial e financeiro,
bem como com o capital bancário, num processo amplo, persistindo uma
preponderante influência do liberalismo, sistema concentrador de renda e
acumulador de pobres e miseráveis, predomina-se uma relação engendrada
com a Inglaterra, permitindo uma luta abolicionista e a perpetuação de
intelectuais liberais.
Em pleno século XIX no Brasil, se implantava uma lei de terras, em 1850,
relacionada a uma política de migração, determinando a compra de terras por
parte de novos colonos, sendo algo praticamente impossível, apresentando um
trabalhador livre sem dinheiro para comprar terras, tendo que vender sua força
de trabalho ao proprietário da terra, “o monopólio da terra é, deste modo,
consolidado e se estabelece a articulação do capital financeiro com o fazendeiro,
via casas comerciais e bancárias, que vão fazer do Brasil um país com vocação
agrícola” (GONÇALVES, 1988, p. 153).
Neste sentido, torna-se imprescindível uma cobrança junto ao Estado
Burguês Neoliberal aliado a uma burguesia capitalista oligárquica fundiária, bem
como a organização do trabalhador frente a esta demanda urgente na sociedade
com a desconcentração de terras e sua democrática divisão, permitindo redução
de desigualdades e transformação social.
A lavoura cafeicultura se expande de forma ofensiva, apoiada pelo
imperialismo vinculado a construção de estradas de ferro, melhorias dos portos,
extremamente importantes no tocante ao escoamento da produção
agroexportadora, nota-se todavia, um significativo desenvolvimento da técnica
moderna, relacionado ao colonato, agregado, foreiro, morador de sujeição, entre
outros pertinentes, segundo Gonçalves (1988), desta forma, surge o trabalhador
moderno brasileiro, explorado pelo capital fundiário e industrial.
38
binômio latifúndio-minifúndio através de relações de produção
apoiadas no trabalho livre mas não-assalariado, basicamente.
(GONÇALVES, 1988, p. 153).
39
Nesta imagem constata-se que praticamente 1\3 dos estabelecimentos
agropecuários do Estado do Paraná concentra-se com o agronegócio, portanto,
27,8% encontra-se com a agricultura familiar, trocando em miúdos, poucas
famílias e pessoas comandam um Estado com mais de 11 milhões de pessoas,
cabendo uma reflexão intensa frente a tamanha desigualdade e concentração.
40
Nesta imagem fica evidente como é concentrada a estrutura fundiária do
Estado do Paraná, sendo alarmante uma inexorável reforma agrária. Conforme
determina o estatuto da terra e demais legislações pertinentes.
Nesta seara, apresenta-se o Decreto nº 7.794\12 que institui a política
nacional de agroecologia e produção orgânica, logo em seu
Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica
- PNAPO, com o objetivo de integrar, articular e adequar políticas, programas e
ações indutoras da transição agroecológica e da produção orgânica e de base
agroecológica, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e a qualidade
de vida da população, por meio do uso sustentável dos recursos naturais e da
oferta e consumo de alimentos saudáveis.
Desta forma verifica-se medidas importantes no sentido de viabilização
da produção orgânica, reforma agrária e qualidade de vida da população,
promovendo-se justiça social e desconcentração de terras e renda. Ressalta-se,
a necessidade de potencializar tais arranjos no tocante a melhoria das condições
de vida da parcela de trabalhadores destituídos da terra em situação de
vulnerabilidade social.
Destacando-se na própria legislação, a questão da sociobiodiversidade,
visando uma importante cadeia produtiva que gere trabalho e renda a sociedade,
respeitando cada peculiaridade existente. Considera-se o desenvolvimento de
um sistema orgânico de produção, conservando a biodiversidade e a vida de
animais e seres humanos em perfeita harmonia.
Nos anos de 1930, há uma crise no Brasil referente a sociedade
agroexportadora, conforme indica Gonçalves (1988), representando a crise do
imperialismo a nível mundial, abrangendo a oligarquia fundiária exportadora.
Entretanto, o capitalismo redefine seu modo e acumulação. Predominando a luta
de classes proposta pelo capital.
41
O processo de industrialização se expande, apresentado como salvação
do país, contudo, não havendo uma burguesia capaz de articular este processo
de forma autônoma, segundo Gonçalves (1988), uma forma de Estado
bonapartista prevalece no Brasil, comandado por Getúlio Vargas. Ou seja, um
Estado que favorece as classes dominantes.
O Estado cria as condições necessárias a infraestrutura no Brasil,
permitindo a acumulação industrial, de acordo com Gonçalves (1988), inicia-se
o processo de integração nacional com a construção da estrada Rio-Bahia em
1934. O Estado controla a política de exportação, importando bens de capital. O
crescimento urbano propicia uma massa de assalariados, promovendo um
mercado entre agricultura e comércio, atuando na produção de alimentos e sobre
os salários, bem como na produção de matérias-primas, havendo equivalência
entre capital constante e capital industrial.
O salário adquiri seu significado especial, promovendo a reprodução do
capital em seu sistema propriamente capitalista, regulando custos de reprodução
da força de trabalho. “A lei do salário mínimo é o modo pelo qual se dá o
nivelamento por baixo do preço do trabalho”, (GONÇALVES, 1988, p. 155).
Contudo, a agricultura se submete a lógica de acumulação industrial.
Todavia, a estrutura fundiária permanece amplamente concentrada, a
expansão pujante de terras cultivadas, inserida ao latifúndio, e em caracteres
pioneiros, representa a forma como a agricultura imbrica-se com a expansão do
capital, propiciando a força de trabalho através das migrações.
Acorre um processo de complexificação da área industrial brasileira,
produzindo bens de capital, havendo a construção de empresas como a
companhia siderúrgica nacional de Volta Redonda, da Petrobrás, entre outras,
controladas pelo Estado. Em meados da década de 1950, durante o pós-guerra,
onde o capital financeiro operou o chamada milagre, criando o mercado comum
europeu. Nesta seara, o mercado brasileiro redefine suas regras de participação
com o capital internacional, conferindo-se uma nova configuração da divisão
internacional do trabalho, logrando êxito ao mercado nacional. O capital
financeiro expande-se de forma abissal no Brasil.
42
A “Revolução de 64” não passou de uma purificação do Estado das
suas veleidades populistas que punham em xeque o processo de
acumulação através das palavras de origem de Reforma Agrária,
Reforma Urbana e da nova Lei de Remessa de Lucros para o exterior.
O sonho nacional desenvolvimentista acabou. A burguesia não podia
levar às últimas consequências as palavras de ordem democráticas
levantadas, nem, tampouco, a classe operária submetida no jogo
populista foi capaz de garanti-las. (GONÇALVES, 1988, p. 155).
43
acumulação de riquezas e seu capital, deixando de lado o trabalhador,
desvalorizando assim sua força de trabalho.
Segundo a nomenclatura do INCRA, é possível observar que são uma
porcentagem mínima dos minifúndios que utilizam assalariado permanente
(3,4%). Segundo Gonçalves (1988), nesses imóveis a ocupação principal é a
pecuária, onde a qualidade do processo de trabalho não é vista, sem contar a
exploração e a extração florestal que são sustentadas pelos incentivos ficais do
governo.
44
com relação a divisão de terras, desrespeitando quem ali já estava há tempos
construindo suas vidas de forma digna com suas famílias e vivendo em paz.
Ocorre um processo de acumulação de terras, bem como sua
especulação e depreciação da moeda, descaracterizando seu recurso produtivo,
havendo uma irracionalidade da política agrícola, de acordo com Gonçalves
(1988). Através dos subsídios liberados pelo Estado que garante a propriedade
burguesa acima da democracia e justiça social.
Neste sentido, “o registro de propriedade rural transformou-se em
verdadeiro brevê de vôo a ganhos de transferência e valorização imobiliária”.
(GONÇALVES, 1988, p. 159). Existem indivíduos que não estão vínculos ao
setor agrícola utilizando-se de tais créditos em benefício de reaplicações
financeiras, permitindo desvios dessas aplicações que não percorrem sua vital
execução, predominando a má fé e o autoritarismo em benefício da burguesia
parasitária.
Observa-se a fase imperialista do capitalismo, permitindo o parasitismo,
e o monopólio, no processo de produção de mercadorias, concorrência, e de
contradições assombrosas de tais condições, promovendo estancamento e
decomposição deste sistema corrupto em sua estrutura. “Daí o extraordinário
incremento da classe, ou melhor, do setor que vive de rendas, isto é, de
indivíduos que vivem do ‘corte do cupom’, completamente alheios à participação
nas empresas e cuja profissão é a ociosidade”. (GONÇALVES, 1988, p. 159).
O parasitismo capitalista se constrói bom bases na exportação do
capital, acentuando o distanciamento dos que vivem do lucro com a produção,
promovendo a desenfreada exploração capitalista, principalmente nas colônias
escravizadas e degradadas pelo capital parasitário.
45
É evidente dizer que a agricultura brasileira é extremamente capitalista.
A contradição fundamental dessa agricultura é entre exploradores e explorados,
onde os exploradores são uma parte da burguesia. Importante ressaltar que os
explorados da agricultura tem um caminho para se libertar dessa tamanha
exploração; é o caminho de uma sociedade além da sociedade capitalista. O
caminho da socialização dos meios de produção.
Segundo Gonçalves (1988), é possível observarmos os dados referentes
ao Estado de São Paulo, sendo que 40% do total das terras cadastradas em
1972 estavam sem qualquer tipo de exploração de atividade. Podemos
relacionar que tem mais casa sem gente, do que gente sem casa.
46
principais produtos, que são: Cana, Arroz, Algodão, Trigo, Café, Milho e Feijão.
Classificados assim, a partir do valor estimado da produção, que se refere a
quantidade colhida multiplicada pelo preço médio de comercialização.
Destaca-se que mais de 1.000 ha estão em 51,4% das terras, reforçando
uma desigualdade estrutural fundiária e concentrada permanente no Brasil há
décadas, isto já na década de 1970. Onde a cana de açúcar representa um dos
principais produtos do capital parasitário, contudo, os produtos essenciais a
existência humana com relação a alimentação dos indivíduos vem sendo
devastadoramente decrescidos no referido período. As facilidades promovidas
pelo Estado Burguês sempre foram imprescindíveis ao desenvolvimento do
capital, em detrimento do pequeno e médio produtor, principalmente do
trabalhador.
Constata-se que a base alimentar da população são produzidas nas
menores porções de terras, ou seja, propriedade de produção familiar,
demonstrando uma gritante desigualdade de produção e terras neste processo
de acumulação do capital.
As produções de cana de açúcar e soja, são amplamente financiadas
pelo Estado, através de financiamentos, enquanto outros produtos necessários
a existência humana, estão vinculados a agricultura familiar, “distinguem-se
claramente as “culturas dos ricos” das “culturas dos pobres”. (GONÇALVES,
1988, p.163). A burguesia relacionada ao capital industrial e a exportação, a dos
pobres ao feijão, milho e mandioca, suprindo as necessidades de sobrevivência
familiar, onde o excedente minúsculo é colocado ao mercado para alimentar os
pobres trabalhadores explorados e aos favelados da periferia, imposta pelo
capital repressor e excludente.
De acordo com Gonçalves (1988), os míseros excedentes dos pequenos
produtores familiares os submetem ao capital mercantil, como comerciante-
usuário. Reproduzindo, desta forma, o capital parasitário degradante. Os
pequenos produtores vendem sua ínfima produção a preço de custo, de acordo
com a reposição necessária a sua própria sobrevivência, adquirindo as
necessárias mercadorias pelo preço de produção, envolvendo o custo e o lucro,
intrínseco ao preço do monopólio de atravessadores.
Articula-se a produção capitalista de mercadorias, através de uma troca
desigual, promovendo uma insegurança aos trabalhadores que são obrigados a
47
venderem sua força de trabalho de forma temporária, representando boa parte
dos “bóias-frias”, desenvolvendo o capitalismo no campo.
Desenvolve-se as relações capitalistas de produção e perpetuação de
seu sistema, envolvendo intrinsicamente o campo brasileiro, e a produção
familiar, bem como do trabalho em domicilio, controlado por grandes monopólios,
envolvendo pequenos produtores e seus meios de produção, os subordinando
através do mercado em comprar matéria-prima, chamado de oligopsônio,
colocando ao produtor todos os riscos da produção.
48
terra, implicando em análises profundas sobre suas contradições, pode-se
supera-lo, e colocar em prática um sistema que proporcione bem estar social e
abolição da exploração do homem sobre o homem, preservando vidas e o
planeta terra finito.
Pois, o desenvolvimento do capitalismo é desigual em todas as suas
formas e manifestações, construindo uma divisão do trabalho mundial.
Constituindo uma contradição entre classes, configurando um imperialismo
mundial, permitindo-se avaliar o processo de universalidade.
A questão agrária merece destaque no sentido da divisão desigual de
terras em nosso território, no sentido de reprodução do capital em suas variadas
formas. Estando interligadas entre países centrais e periféricos, abrangendo
inexoravelmente a propriedade fundiária.
No Brasil essa configuração se delimita a partir da segunda metade do
século XIX, sendo modificada nos de 1930 e reforçada no golpe militar de 1964,
causando imensos prejuízos a sociedade e inúmeras expressões da questão
social. O grande capital funde-se com o grande proprietário de terras,
promovendo uma revolução burguesa nos países atrasados e pouco
desenvolvidos como o Brasil.
Desenvolve-se uma intensa luta de classes no Brasil, envolvendo
indígenas, posseiros, bóias-frias e operários do ABC paulista. Todavia, o Estado
centraliza o poder em torno do grande capital em benefício da imensa
propriedade fundiária, dificultando significativamente a construção de uma ampla
reforma agrária, justa e digna a toda a sociedade. Assim sendo, um Estado
burguês privilegia sua classe em detrimento da maioria explorada pelo sistema
capitalista, evidenciando uma total injustiça social.
Neste sentido, avalia-se na região do norte pioneiro um total
descompromisso com o processo de desconcentração de terras, comprovando
que o Estado atende aos interesses da classe burguesa parasitária, que
prejudica a vivência em harmonia e paz social, destruindo e degradando
sociedade e natureza em benefício do lucro, elevando índices de problemas
sociais e as constantes mazelas e expressões desta questão exploratória
capitalista.
49
(NEO) LIBERALISMO, INDIVIDUALISMO E COLETIVISMO
50
texto. Em que submente o socialismo a opressão e tirania, características
imperativas do capital liberal.
De acordo com Hayek (2010), há uma intrínseca relação entre
coletivismo e economia planificada, sendo necessário um planejamento que
prevê um ideal distributivo.
51
Predomina na visão de Hayek (2010), que, com a concorrência efetiva
ela deve orientar os esforços individuais, havendo uma concorrência funcional
de forma benéfica, sendo necessário a criação de uma estrutura legal
sistematicamente elaborada, sendo possível a existência de falhas,
concernentes a imensa desigualdade social, desemprego, e pujante índices de
criminalidade.
O liberalismo é um sistema que defende inexoravelmente a
concorrência, coordenando esforços individuais, apresentando-se de forma
superior a chamada concorrência, ajustando-se as atividades humanas sem a
intervenção coercitiva e arbitrária de autoridades.
52
desfavor dos indivíduos capazes de consumir e orientar suas ações no sistema
liberal capitalista.
Assim sendo, o sistema de serviços sociais podem tornar ineficaz a
concorrência prevista pela ótica liberal em vastos setores da economia,
requerendo a instituição de moedas, mercados e canais de informação,
necessitando de um sistema legal apropriado, mantendo a concorrência
permitindo benéficos a sociedade.
Sendo necessário o reconhecimento legítimo da propriedade privada,
havendo problemas quanto as sociedades anônimas e patentes, causando
ineficácia ao sistema liberal, e destruição em vários setores. Dificultando a
eficiência da concorrência e da propriedade privada. Devendo-se basear em
mecanismos de controle conscientes, de acordo com Hayek (2010).
A concorrência deve ser eficiente da melhor forma possível, onde a
atividade estatal deve intervir em determinadas circunstâncias evitadas pelo
capital liberal, garantindo a funcionalidade do Estado. “Um sistema eficaz de
concorrência necessita, como qualquer outro, de uma estrutura legal elaborada
com inteligência e sempre aperfeiçoada”. (HAYEK, 2010, p. 60).
Deve-se prevenir a fraude e o estelionato, bem como a exploração da
ignorância, permeando a atividade legislativa, defende-se que a planificação é
contrária a concorrência, critica-se o sindicalismo e o corporativismo, em vista
da supressão da concorrência. E o planejamento fica em mãos monopolistas,
controlados por determinados setores da economia.
Os monopólios devem ser controlados pelo estado, sendo completo e
minucioso, promovendo o desenvolvimento nacional através de monopólios
tutelados, todavia, é possível acreditar no meio-termo, segundo apresenta
alguns autores, conforme discorre Hayek, entre uma concorrência atomística e
o dirigismo central.
Contudo, a concorrência depende da ação governamental, sendo eficaz
em sua produção, “tampouco é o planejamento um remédio que, tomado em
pequenas doses, possa produzir os efeitos esperados de sua plena aplicação”.
(HAYEK, 2010, p. 62). Apresenta-se que, a incompletude pode prejudicar o
funcionamento dos sistemas tanto de concorrência como o de dirigismo central,
e se combinados, não funcionarão de forma efetiva, e resultará em total fracasso.
53
Ou seja, planificação e concorrência somente pode ser combinadas em
vista da defesa intransigente da concorrência, e nunca contra ela. Contudo,
Hayek (2010), elabora sua crítica ao pensamento contrário a concorrência, ou a
algo que prevê sua substituição, permitindo livres poderes ao mercado e ao
capital liberal parasitário, acumulador de riquezas a uma mínima parcela da
sociedade, gerando pobreza e desemprego a maioria.
Agora iremos analisar uma ideia segundo o autor Hayek (2010), em que
de um lado serve de consolo para muitos que consideram inevitável o advento
do totalitarismo, de outro enfraquece sobremodo a resistência dos que a ele se
oporiam com todas as forças se lhe compreendessem a natureza.
54
Defronta-se com o dilema de assumir poderes ditatoriais ou abandonar
seu plano, também o ditador totalitário logo teria de escolher entre o fracasso e
o desprezo a moral comum, segundo Hayek (2010). Desta forma, a sociedade
composta pelo totalitarismo, do homem como servo do Estado, com essa razão,
homens desonestos e que não fazem uso da ética, do respeito e da honestidade,
possuem mais probabilidade de êxito em uma sociedade em que prevalece o
totalitarismo.
55
próprias opiniões e a partir disso, tendem a ter o seu próprio conhecimento, e
diante disto, a possiblidade é menor de concordarem, ou apoiarem determinadas
hierarquias de valores.
56
não se prestam a resolver os problemas da sociedade, postos pelo próprio
capital liberal.
Considera-se uma visão deturpada do referido autor, em transpor suas
ideias baseadas no sistema stalinista, centralizador e autoritário, que se
distancia totalmente do que determina as bases reais do socialismo científico.
Um individualista liberal pensa a sociedade baseada na concorrência capitalista
e na mínima intervenção do estado neste processo, algo que favorece quem
possui uma vida abastada através da herança e seus congêneres e prejudica
quem pertence ao proletariado explorado pelo capital liberal.
De acordo com Hayek (2010), o nacional-socialismo alemão compara-
se ao socialismo científico apresentado por Marx e Engels, constituindo enorme
deturpação e talvez até má fé em suas palavras, provavelmente com
pagamentos recheados pela burguesia liberal, partindo de uma percepção
clarificada.
A descentralização reduz o poder exercido do homem pelo homem,
conforme indica Hayek (2010), defendendo sobretudo o pensamento liberal
burguês, através da concorrência capitalista, havendo a separação entre
objetivos políticos e econômicos, garantindo liberdade individual. Persistindo
coincidências e contradições entre socialismo e liberalismo, no sentido da moral
em que ambos pressupõem.
Entretanto, verifica-se o fracasso do sistema liberal apresentado,
proposto em bases individualistas, convertido em uma colossal desigualdade
social e de renda, onde a burguesia financeirizada controla todos os meios de
produção, especulando valores e preços, naturalizando a pobreza e os
trabalhadores pelo seu fracasso individual, desconsiderando questões
essenciais como as condições preexistentes de existência em sociedade, que
condiciona os indivíduos a pobreza ou riqueza propagada pelo capital liberal.
57
do trabalho, relativos as áreas de crescimento e esvaziamento, segue a imagem
a seguir.
58
FONTE: IPARDES, 2010. Acesso em 06\09\2020.
59
FONTE: IPARDES, 2007. Acesso em 06\09\2020.
60
Verifica-se, que apenas três municípios concentram importância no
quesito dependência, dos demais da região do norte pioneiro, sendo necessário
uma ampla reforma na referida região no sentido de desenvolvimento regional
com geração de serviços, trabalho e demais necessidades inerentes a qualquer
sociedade que preze pelo progresso e desenvolvimento, utilizando-se,
sobretudo, da inteligência artificial.
A proporção de idosos é uma preocupação crescente na sociedade, e
conforme dados do IPARDES (2010), tal segmento merece atenção, no sentido
da qualidade de vida, abertura e implantação de instituições que trabalhem com
esta temática, bem como no tocante a prevenção de doenças. A imagem a seguir
apresenta os referidos dados desta população.
61
FONTE: IPARDES, 2010. Acesso em 06\09\2020.
62
Sua população estimada em 2020, conforme apresenta o IBGE, é de
11.516.840 pessoas, no entanto, uma parcela considerável encontra-se em
condições de pobreza, desempregada e desalentada, sobrevivendo a mercê da
caridade burguesa maçônica, e de políticos e empresários inescrupulosos, que
se utilizam desta miséria para fazerem seus acordos mesquinhos e se
perpetuarem no poder. (MARX, 2010).
De acordo com os dados do IBGE (2010), a densidade demográfica do
Estado do Paraná é de 52,40 hab/km², estando concentrada em poucos
município e regiões do Estado, necessitando de um amplo projeto de
desenvolvimento regional que redistribua esta população em vista do porte do
Estado, e em promover justiça social em todas as regiões do Estado. Conforme
segue a imagem.
63
FONTE: IBGE, 2018. Acesso em 07\09\2020.
64
FONTE: IBGE, 2017. Acesso em 07\09\2020.
65
FONTE: IBGE, 2020. Acesso em 07\09\2020.
66
Caracterizando a região do norte pioneiro paranaense, conforme dados
do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (1998), referente ao nível
de hierarquia entre os municípios, verifica-se que poucos possuem tal potencial,
dificultando o funcionamento de inúmeros serviços e favorecendo longos
deslocamentos da população em situação de vulnerabilidade social, de acordo
com a imagem a seguir.
67
absorvendo boa parte da população rural. “Seu grau de urbanização (69,73%)
não reproduz a intensidade do processo urbanizador das demais regiões do
norte do estado. Em 1970, com 29,78%, era superada por apenas três
mesorregiões - atualmente é a quinta em grau de urbanização no Paraná”.
(IPEA, 2000, p. 103).
Contudo, todos os municípios da referida região, são considerados
pequenos, onde 52,17% estão em transição para a área urbana, e uma parte
considerável dos municípios é rural e de pequena dimensão. Os principais
centros urbanos da mesorregião do norte pioneiro, são, Cornélio Procópio,
Jacarezinho e Santo Antônio da Platina, com nível de centralidade médio. Não
estando entre os mais importantes do Paraná.
O município de Londrina é muito influente para a região, principalmente
para Cornélio Procópio devido à proximidade, bem como a região do norte
central, favorecendo Cornélio Procópio quanto as relações comerciais e
econômicas, havendo destaque para o município de Bandeirantes com potencial
médio para fraco. “Santo António da Platina, que concorre com Jacarezinho,
subpolariza Ibaiti e Wenceslau Brás, apresentando melhor estruturação
funcional e servindo como centro de referência regional; Jacarezinho sustenta
sua centralidade na função de educação de nível superior”. (IPEA, 2000, p. 103).
Todavia, com o relativo crescimento da região, apresentado em 1,09%
a.a da população urbana, no período de 1991 a 1996, representando a segunda
menor taxa do Paraná, a dinâmica apresentada é de esvaziamento populacional
na referida mesorregião do norte pioneiro, demonstrando perdas de -3,85% a.a
na área rural, e -0,56% na população total, representando, desta forma, enorme
evasão populacional, até maior que na década de 1980, conforme indica o IPEA
(2000). “De seus municípios, 60,71% vêm perdendo população desde os anos
1970, e 35% estão perdendo população urbana, incluindo nesse caso Cornélio
Procópio”. (IPEA, 2000, p. 103).
Neste sentido, este esvaziamento ocorreu devido ao fato de ser a
primeira região afetada pela crise cafeeira, apresentando desvantagem quanto
as condições edafogeomórficas com potencial para culturas mais competitivas.
Com estrutura fundiária predominante em grande propriedade e utilização na
pecuária, com baixo rendimento e pouca expressão no estado. Com participação
de 6,71% da região no valor bruto da produção pecuária. “Na atividade agrícola,
68
sua participação também não é muito expressiva - a sexta entre as dez
mesorregiões do Paraná”. (IPEA, 2000, p. 103).
Todavia, a cana é um dos principais produtos da região, no entanto,
apresentando um processo de mecanização, reforçando a expulsão
populacional da região, bem como do café, colocando a região entre os principais
produtores, com técnicas de plantio adensado, representando uma possibilidade
restrita a poucos produtores.
69
O reforço económico de Cornélio Procópio está em sua participação
(0,92%) no total do gênero mecânica, em parte devido à sua integração
na aglomeração urbana do norte do estado, atuando
complementarmente na linha de supridor de empresas do ramo. Existe,
ainda, a possibilidade de reforço no género, dada a expansão de
algumas empresas, como sinaliza a presença da Tormec. Além disso,
há expectativa de ampliação da atuação do Centro Federal de
Educação Tecnológica (Cefet) na região, modernizando a formação de
mão-de-obra especializada. A metal-mecânica apenas tangencia a
região, mesmo assim a atividade metalúrgica ocorre em Assai e
Bandeirantes. (IPEA, 2000, p. 105).
70
Embora alguns municípios pequenos consigam permanecer com sua
população devido a atividade agropecuária e, “ter alguns municípios com
crescimento elevado da população rural, vinculado à presença de
assentamentos”. (IPEA, 2000, p. 105). Contudo, de acordo com as bases
produtivas desta região e a ínfima proporção de investimentos, que
inevitavelmente proporcionam o esvaziamento da referida mesorregião do norte
pioneiro, com tendência a perdurar em áreas rurais e urbanas.
Nesta seara de conhecimento apresentada, evidencia-se uma ampla
concentração fundiária e de renda, propiciando a evasão populacional e formas
antidemocráticas de sobrevivência, violando várias legislações, concernindo aos
conchavos entre poderes executivo, legislativo e judiciário, bem como ao
senhorio do agronegócio e a burguesia parasitária, prejudicando relações
harmônicas de sobrevivência e a paz social necessária aos povos. (MARX,
2010).
Ressalta-se a importância de definir a concentração de renda como a
distribuição desigual por indivíduos e famílias entre os diferentes participantes
de uma economia, embora normalmente a concentração de renda é apresentada
como uma proporção entre renda e população.
O Norte Pioneiro do Estado do Paraná é caracterizado,
economicamente, como uma região em que a produção agrícola esteve
associada a um grande crescimento da produção de gêneros alimentícios e da
cafeicultura, nas décadas de 1920 e 1940. Importante destacar que a saga do
café e a reunião de diferentes povos, como paulistas, mineiros, italianos e
japoneses, originou-se assim um grande patrimônio cultural.
Segundo Braguetto (1996), o comportamento regional do Norte do
Paraná, como frente de expansão, teve maior importância em meados do século
XIX, com o deslocamento dos mineiros, os quais, no início da década de 1840,
além de grandes proprietários de terras eram também tropeiros.
Com isso, só partir do século XVIII com a mineração e o início das
plantações de café, que a partir do século XIX seriam o principal produto
brasileiro, e assim o cultivo de outros vegetais começou a ganhar espaço.
Embora, durante o século XIX, a agricultura não conseguia se desenvolver,
devido aos problemas que ocorriam na comercialização, resultando na falta de
vias de comunicação rodoviária, que ligava a região com o restante do território.
71
O café foi de importância indiscutível para o crescimento e o
desenvolvimento, tanto econômico como agrícola no Brasil. Neste contexto, a
população cresceu e começou a surgir vários municípios na região Norte do
Paraná. Desta maneira, marcando o avanço das lavouras de café em direção as
novas áreas com solos e climas favoráveis. Prevalecendo-se as desigualdades
inerentes a esta forma de sistema.
Ressalta-se que o ciclo do café (cafeeiro), foi introduzido no estado como
consequência natural da marcha do grão para o oeste de São Paulo.
Evidenciando-se que esteve voltada para a economia paulista, da qual parecia
ser um “prolongamento”, como foi observado por Magalhães Filho (1996).
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o café ganhou espaço por
todas as terras disponíveis no Norte do Paraná, permitindo assim, o despontar
de dezenas de cidades na região. Com a grande expansão do cultivo do café e
de outras lavouras, a grande consequência foi do crescimento populacional, e
também a implantação de um setor comercial voltado para as atividades de
transporte, beneficiamento e comercialização, que a própria produção agrícola
demandava. Pode-se dizer que com este grande crescimento e expansão no
território do Norte do Paraná, fez com que a população de outras regiões se
mudassem para o Paraná.
Braguetto (1996), destaca que no Estado do Paraná, a cafeicultura foi
seguidamente atingida por geadas, causando desta forma, muitos prejuízos,
principalmente para os produtores rurais que dependiam do café como renda
mensal, e consequentemente, devido aos prejuízos, fizeram com que os
produtores rurais abandonassem as suas atividades.
Com isto, cerca de 470 milhões de cafeeiros, passou a liberar 627 mil
hectares, com a maior parte sendo reconvertidos em pastagens, e em menor
escala, no cultivo de lavouras temporárias, como por exemplo: milho, arroz,
algodão, feijão e a cana de açúcar. Baseado nessas terras que foram
reconvertidas, pode-se dizer que favoreceu a expansão e o cultivo de outros
alimentos, dando destaque para a soja, milho e o trigo, e a indubitável
monocultura latifundiária.
Falando-se sobre a expansão da região Norte do Paraná, é importante
mencionar sobre o crescimento da pecuária bovina e suína, desta forma,
trazendo resultados para o incentivo da implantação de frigoríficos em alguns
72
municípios como, Bandeirantes, Jacarezinho, Cornélio Procópio e Santo Antônio
da Platina.
Para Braguetto (1996), no período posterior a Segunda Guerra Mundial,
compreendido entre 1945 e 1962, a cafeicultura passou por uma intensificação
na região norte paranaense devido a recuperação do preço do produto no
mercado internacional.
73
terra. De fato, é preciso não reduzir a terra a mero fator de produção, trazendo
de volta vínculos orgânicos e existenciais com a natureza, que possa produzir
uma nova ressignificação do sentido cultural de todos os elementos da vida.
De acordo com Gonçalves Neto (1997), com a capitalização do campo,
o bóia-fria torna-se um agente comum no cenário rural, porque sua utilização é
mais viável economicamente ao proprietário que a manutenção de parceiros em
razão de dispensar os investimentos em instalações e a legislação trabalhista.
Destacando-se sobre os trabalhadores (bóias-frias), que passaram a
prestar serviços sazonais na agricultura, especialmente no corte da cana de
açúcar. De maneira que, este processo não ocorreu apenas pelo crescimento
dos demais setores econômicos, mas também pelo desenvolvimento de práticas
agrícolas mecanizáveis, como por exemplo a produção de soja, trigo, açúcar e
álcool. E também a pecuária extensiva, os quais fez parte de liberar parte
importante da mão de obra agrícola que migrou para as cidades. Evidenciando
que, com o passar dos anos, a população rural diminuiu, fazendo-se com que a
população urbana aumentasse gradativamente, gerando um amplo processo de
favelização e precarização das condições de existência dignas em sociedade.
Segundo Schneider (2003), nas unidades de produção, a família
constitui-se a unidade social de trabalho e de exploração do estabelecimento
rural, tendo o propósito imediato da produção para a satisfação das
necessidades essenciais da vida.
Ressaltando-se que, agricultura familiar é a principal responsável pela
produção dos alimentos que são disponibilizados para o consumo de toda a
população. A gestão da propriedade é compartilhada pela família e a atividade
produtiva agropecuária é a principal fonte geradora de renda.
Necessita-se de diversificação as famílias de produtores orgânicos, bem
como sua permanente reprodução social, predominando-se subordinação a
agroindústria e ao capital industrial, bem como direcionando sua matéria prima.
Havendo-se o aprofundamento das relações capitalistas no campo,
proporcionando inúmeras mudanças e alterações de cenários, onde os
pequenos produtores tiveram que diversificar sua produção.
A produção familiar, segundo Silva (2008), sempre foi segregada, de
forma precária e de subsistência, principalmente com relação ao latifúndio,
dependendo de políticas agrícolas para sua produção e permanência,
74
alimentando a maior parte da população com alimentos saudáveis. “A ação do
Estado, em particular no período pós 1964, privilegiou a grande propriedade,
geradora de divisas, por meio da exportação de produtos agrícolas. O avanço no
consumo de produtos industrializados, destinados à agricultura, consolidou os
complexos agroindustriais”. (SILVA, 2008, p. 19).
Em vista do lucro das indústrias, várias medidas foram tomadas,
favorecendo os grandes agricultores, com especial atenção do Estado em
garantir créditos, juros especiais e subsídios imprescindíveis aos senhores do
agronegócio, permitindo a expansão da fronteira agrícola. “Desta maneira, o
pequeno produtor rural ocupou um lugar não privilegiado na sociedade brasileira,
constituindo-se num setor impossibilitado de desenvolver suas potencialidades,
enquanto forma social de produção”. (SILVA, 2008, p. 19).
A partir da década de 1960, houve intensas modificações no espaço rural
brasileiro, simultaneamente na estrutura econômica brasileira, com o rápido
processo de urbanização, fortalecimento do comercio exterior, alteração nas
técnicas de produção rural com influência do capital, e a construção de um
sistema nacional de crédito rural, beneficiando inexoravelmente o grande
produtor.
Em favor da modernização conservadora da agricultura brasileira, o
Estado do Paraná promoveu um pujante movimento do capital urbano-industrial
no campo. De acordo com Silva (2008) houve entre os finais dos de 1980 e início
da década de 1990, foi marcadamente discutido as políticas neoliberais e seus
inúmeros problemas a sociedade brasileira, inerentes a tal sistema degradante,
elevando os índices das expressões da questão social através do sistema fiscal
em vigência.
Os anos de 1980, foram marcados por diversas lutas pela reforma
agrária brasileira, resistindo ao latifúndio, em vista de políticas que beneficiem
os pequenos produtores e suas famílias, que proveem alimentos saudáveis a
população brasileira.
75
estabilização. Paralelamente, o setor privado reestruturou-se, com a
mesma intensidade e rapidez. (SILVA, 2008. p. 20).
76
FONTE: SEAB, 1987.
77
produtores familiares, com relação a expropriação capitalista, permitindo no
início do século XX o desenvolvimento da atividade cafeicultora.
78
necessidade de uma ampla reforma agrária que beneficie famílias e gere
trabalho e renda a população em vista do bem estar social e da paz universal.
Contudo, avalia-se as contradições do sistema capitalista neoliberal e a
expropriação dos pequenos agricultores familiares, que recorrem ao processo
de urbanização desorganizado e a favelização nas áreas urbanas, ocasionando
diversas mazelas sociais e expressões da questão social emergente,
promovendo aumento de índices de criminalidade, elevação da população
prisional, disseminação de doenças devido as péssimas condições de existência
da população e desemprego em massa, entre outros problemas inerentes ao
sistema capitalista destruidor do planeta terra finito. Sendo necessário,
alterações em benefício da humanidade e da paz social entre os povos.
No processo histórico da mesorregião do norte pioneiro paranaense,
evidencia-se as condições de ascensão, progresso, decadência da cafeicultura,
e o procedimento de modernização da agricultura, e seus efeitos
socioeconômicos.
Todavia, o processo de ocupação do Paraná ocorreu em determinados
ciclos, repletos de crises, rupturas e transformações, de acordo com Silva (2008),
sendo possível compreender os fatores econômicos de progresso e regresso de
cada atividade agropecuária.
Destaca-se, o processo de ocupação do Estado do Paraná entre 1720 a
1960, através de atividades extrativistas. Entretanto, com a crise do ciclo da erva-
mate e madeira, surgiu a oportunidade e expansão da atividade cafeeira entre
1920 e 1960.
Contudo, a expansão agrícola, o processo de modernização e a
construção dos complexos agroindustriais, promoveram graves consequências
socioeconômicas, conforme aponta Silva (2008), entre o período de 1960 a 1989.
Sendo imprescindível a implantação de políticas públicas que beneficiem os
pequenos agricultores e suas famílias, revertendo o padrão atual de exclusão
destes trabalhadores, desenvolvendo projetos vinculados a este público, como
o Paraná-Rural e o Paraná 12 meses no decorrer da década de 1990.
79
Paraná (1920-1960); da Suinocultura (a partir de 1953); e, do binômio
Trigo e Soja (a partir de 1960). (SILVA, 2008, p. 35).
80
Para Hansen (1995), estrutura social é o relacionamento entre os
empreendedores e os membros de sua rede de relacionamentos. Essa estrutura
existente no ambiente empreendedor pode trazer recursos sociais para os
negócios, especialmente para novos negócios que estão se estabelecendo. A
estrutura social diz respeito à forma como uma sociedade se organiza,
principalmente através de relações complexas e constantes, que se interligam
com as relações estabelecidas entre os indivíduos, por meio dos papéis sociais
que estes assumem. Vários aspectos fazem parte da estrutura social, dentre eles
as relações de parentesco, uma vez que dizem respeito as relações sociais
propriamente ditas. De certo modo, as relações de parentesco são marcadas por
um modelo de relação familiar, modelo esse que marca um padrão de
funcionamento da família, importante instituição social que exerce sua função na
vida social.
Assim, explorar os tipos de redes sociais que são mobilizadas pelos
empreendedores das empresas no decorrer da criação e do desenvolvimento de
novos negócios e identificar os recursos acessados por meio dos
relacionamentos, são elementos considerados importantes para os
empreendedores (BORGES, 2007).
A tecnologia e seus avanços vem crescendo continuamente, vale
destacar o uso da inteligência artificial como um possível complemento para
várias questões relacionadas ao Norte Pioneiro do Paraná, e seu uso para vários
setores e negócios, e como essa tecnologia pode ser muito eficaz e pode facilitar
ainda vários processos, enfatizando o bem estar da sociedade em geral. Tendo
em vista que, a inteligência artificial e o homem podem e devem trabalhar juntos,
de forma que a inteligência artificial possibilite que máquinas aprendam com
experiências, se ajustem a novas entradas de dados e realizem tarefas como os
seres humanos, permitindo automatizar afazeres rotineiros, tornando os seres
humanos mais eficientes.
Os donos de negócios e empreendedores devem manter-se atualizados
com as novidades nas redes sociais e como a inteligência artificial altera suas
formas de trabalho. Visto que, as redes sociais com o uso da inteligência artificial
poderá trazer muitos benefícios e facilidades no dia a dia. Os benefícios da
inteligência artificial já são percebidos na produtividade dos negócios e nas
soluções para ganhar vantagens competitivas. Sendo possível processar dados,
81
otimizar processos, raciocinar, desenvolver precisão, corrigir erros e solucionar
problemas.
A vida em sociedade provoca naturalmente a aproximação entre os
indivíduos, que estabelecem ligações (também chamadas de nós ou laços) mais
ou menos densas, mais ou menos consistentes quanto a sua duração, ao
número de pessoas envolvidas e a atividade que desenvolvem. (PROULX, 1995,
apud RIBEIRO e SANTOS, 2003). Hoje se considera que o mundo é uma
“sociedade em rede”. (CASTELLS, 1999).
Pode-se dizer que a tecnologia não determina a sociedade, é a
sociedade que determina os parâmetros comportamentais. A sociedade é que
dá forma a tecnologia de acordo com as necessidades, valores e interesses das
pessoas que as utilizam. Como mencionado acima, que com as redes sociais,
as empresas aumentam sua visibilidade no mercado de trabalho, aumentam o
potencial de publicidade e por ser um investimento de baixo custo, é bastante
acessível. Pode-se dizer também, que as redes sociais permitem uma maior
interatividade entre povos distintos, e encurtam a distância entre as pessoas.
A teoria de rede social é um ramo da ciência social que se aplica a uma
ampla variedade de organizações humanas, desde grupos pequenos de
pessoas, até nações inteiras. Ela sugere que a ação econômica envolvida nas
redes sociais e a configuração destas, podem ter um impacto nos resultados
econômicos, de acordo com (LI, 2004).
Com base nas indicações geográficas relativas ao norte pioneiro do
Paraná, no sentido de enfatizar seus produtos e serviços específicos e
tradicionais, bem como possíveis estratégias de desenvolvimento regional, a
chamada indicação geográfica (IG), coordena esforços nos atores sociais de um
determinado território, fundamentalmente no tocante a participação da
agricultura familiar, valorizando o território bem como a atividade cafeeira,
tradicional e histórica na região do norte pioneiro, em benefício de ações
coletivas e progressos da região, visando distribuição de terras e renda ao povo.
As indicações geográficas correspondem a registros concedidos a
produtos ou serviços específicos e tradicionais de uma determinada região
geográfica. “Seja pelas condições edafoclimáticas de uma determinada região,
seja pelas tradições e saber-fazer típico, não permitindo que estes sejam
reproduzidos em outro local”. (PEREIRA, 2018, p. 515).
82
Surgindo a partir dos interesses de que determinado produto pertencia
exclusivamente a um certo local, se distinguindo dos demais, referentes a sua
condição climática, cultural e o saber-fazer local. Havendo a valorização de
certos produtos devido sua qualidade e autenticidade, foram necessárias as
devidas regulamentações através das IGs, tanto em âmbito nacional como
internacional. “De acordo com a World Intellectual Property Organization (WIPO),
as IGs atestam que um produto tem um local específico de origem e apresenta
qualidade ou reputação ligada a esse local”. (PEREIRA, 2018, p. 516).
Contudo, quem possui uma determina IG tem seu uso restrito e exclusivo
de um determinado produto, não podendo ser produzido em outro local, estando
protegido por determinadas legislações. A regulação das IGs vem sendo
discutida desde o século XIX, tornando-se cada vez mais importantes a medida
que o mundo globalizado desenvolve-se.
Para regulamentar o uso das IGs no Brasil, foi criada, em 1996, a Lei
n. 9.279, que regula os direitos e as obrigações relativos à propriedade
industrial. Segundo essa Lei, o registro de IG é concedido no país pelo
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) às entidades
representativas da coletividade do território em questão (BRASIL,
1996). As IGs brasileiras são divididas em duas categorias: a)
Indicação de procedência (IP): que indica o nome de determinada
região geográfica reconhecida pela produção ou fabricação de
determinado produto ou prestação de determinado serviço; b)
Denominação de origem (DO): que indica o nome de determinada
região geográfica cujo produto ou serviço se deva essencialmente ao
meio geográfico, incluindo os fatores humanos e naturais. (PEREIRA,
2018, p. 516).
83
democrática e participativa, visando preservação do meio ambiente e qualidade
de vida da população, embelezando as propriedades rurais, conforme aponta
Pereira (2018).
No entanto, existem grandes produtores rurais inclusos neste processo,
absorvendo boa parte do mercado de determinados produtos, promovendo
acumulação de capital e desigualdade social. Entretanto, a região do norte
pioneiro encontra-se incluída entre as cinco regiões que possui IG com relação
a produção de café. “No Brasil, há cinco regiões protegidas com este registro:
Cerrado Mineiro; Serra da Mantiqueira de Minas Gerais; Norte Pioneiro do
Paraná; Alta Mogiana em São Paulo; e Região de Pinhal, em São Paulo”.
(PEREIRA, 2018, p. 517).
A região do norte pioneiro do Paraná possui 7.500 produtores de café no
âmbito da variedade Coffea arábica, entretanto, a variedade de tipos de solo da
região propicia uma qualidade superior ao café produzido, sendo os mais férteis
os de terra roxa, com grande fertilidade natural.
85
Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (FICAFÉ). A “Rota do Café” abrange a
Região Norte do Paraná e, dos nove municípios que a compõem, três fazem
parte do território Norte Pioneiro do Paraná: Santa Mariana, Uraí e Ribeirão
Claro. Criada em 2009, a rota é composta por 32 estabelecimentos, como
cafeterias, museus com a temática do café, fazendas e sítios produtores,
fazendas históricas que mantem construções e acervo histórico da época áurea,
pousadas, agroindústrias e restaurantes.
Segundo Cazella (2011), o Estado contribui para o desenvolvimento
territorial na medida em que busca minimizar as falhas de mercado por meio de
regulação e fornece apoio por meio de extensão. Acredita-se que o
desenvolvimento territorial não aconteça por sorte, acaso ou por decreto, mas,
sobretudo, depende das pessoas, de atitudes, ideias inovadoras e projetos
consistentes. Desta forma, o território pode ser construído por líderes
comprometidos que visem mudanças transformadoras e possam, perpetuar seus
feitos deixando seus legados para as futuras gerações.
Abramovay (2003) e Medina (2015) consideram que a integração entre
o produtor e o mercado pode contribuir para o desenvolvimento do território. É
importante ressaltar que os cafés de origem única e aqueles com registro de IG
são classificados como cafés especiais e acessam esse nicho de mercado.
Segundo a abordagem SIAL, para alcançar o desenvolvimento de um
território, é necessário que haja a interação entre os diversos atores sociais que
o compõem, buscando identificar quais recursos poderiam ser ativados e
estrategicamente utilizados para alavancá-lo. Desta forma, é possível observar
que, entre os atores sociais que compõem o território, há o compartilhamento de
informações e de valores, das inovações das tecnologias, a valorização das
potencialidades do território, do saber fazer, da cultura, da história e do meio
ambiente. Ressalta-se que essas características fortalecem as ações coletivas
e a identidade territorial, na medida em que os atores sociais, visam buscar e
alcançar os interesses e objetivos comuns a eles, e com isso, o resultado desta
ação impacta no desenvolvimento territorial.
A ocupação e a (re)ocupação de terras do Norte do Paraná, tratando-se
do modo que a ocupação foi marcada pelos povos que ocupavam a região,
desde milhares de anos que utilizavam-se dessas terras como meio de espaço
para o desenvolvimento da sociedade. E a (re)ocupação de terras, com a
86
preocupação de integrar, que eram consideradas vazias, diante do processo de
valorização do capital e do desenvolvimento capitalista no Brasil.
É possível dizer que o discurso “Norte do Paraná” mostra a ideia de que
há uma comunidade imaginária entre interesses políticos e econômicos. E desta
forma, procura-se construir uma solidariedade que tenha vínculos com a própria
terra roxa, que é tida como a base física para o sustento de uma visão triunfalista
da (re)ocupação.
Analisando este tipo de discurso, é possível afirmar que ele cria tradições
no sentido do passado e do futuro, projetando-se tanto para trás como para
frente, mostrando no sentido que as coisas aconteceram de certo modo, e só o
que vale é a versão que ficou, e não como ela poderia ser de forma exata e
reflexiva.
De certo modo, ao se pensar no discurso “Norte do Paraná” é possível
trazer um conjunto de ideias e imagens, onde a sua simples anunciação faz com
que se faça uma identificação de algumas ideias brasileiras: progresso,
civilização, modernidade, colonização racial, ocupação planejada e pacífica,
riqueza cafeicultura, pequena propriedade, pioneirismo, terra roxa, enfim,
criando todo um conjunto de ideias e imagens que foram construídas através de
vários anos, destacando principalmente, entre os anos 30 e 50 do século XX,
buscando criar assim, uma versão de quem domina, para o processo de
(re)ocupação.
87
mundo, portanto o mundo; poder quase mágico que permite obter o
equivalente daquilo que é obtido pela força (física ou econômica),
graças ao efeito específico de mobilização só se exerce se for
reconhecido, quer dizer ignorado como arbitrário. (BOURDIEU, 1989,
p. 14).
88
Tal período é visto por muitos como farsa, diante das várias omissões e
acontecimentos que permearam este período, referente as diversas tragédias
ocorridas, visivelmente com a máquina opressora do Estado Novo, reforçados
com a ditadura militar de 1964-1985. Compreende-se a política de colonização
e o trabalho no campo, como elementos primordiais de análise, simultaneamente
com a dominação dos trabalhadores urbanos pelo sistema capitalista opressor.
“Procurando esvaziar os conflitos sociais através da orientação de fluxos
migratórios para novas terras e também regularizar o abastecimento de
alimentos dos grandes centros”. (TOMAZI, 1997, p. 16).
A chamada marcha para o oeste, possui um determinado
conservadorismo romântico, aburguesado em seus sentidos, influenciada por
raízes nazifascistas europeias, visando integração e acabamento, num
movimento de conquista e expansão, como se realmente houvesse a
participação de todos, o que, embora, fosse vedado a participação coletiva,
demonstrado como se houvesse a participação dos trabalhadores como co-
proprietarios.
Numa perspectiva de disciplinamento do trabalhador rural, predomina-
se a ganância dos grandes proprietários em expulsar os pequenos proprietários
de suas terras, movimentando fluxos migratórios, conforme indica Tomazi
(1997), dificultando o livre desenvolvimento dos sem-terra, ordenando o
trabalhador rural para o lucro do capital, perdendo assim, suas raízes
humanitárias e tradicionais de valorização da terra e da natureza.
Desta forma, o discurso em torno da construção do norte do Paraná,
baseia-se num processo de reocupação, se traduzindo no processo de
predomínio do capital, destruindo natureza e povos ali existentes há séculos,
nitidamente vinculado a classe dominante mesquinha e degradante.
Predominando-se o orgulho de determinados pioneiros, em vista dos
fazendeiros e comerciantes, prevalecendo os interesses comuns da classe
dominante, em detrimento dos indígenas e pequenos produtores rurais. Nesse
sentido, geograficamente, a região norte do Paraná, significa, uma parte do
estado compreendida pelos rios Paranapanema, Itararé, Paraná, Cinza,
Laranjinha, Tibagi, Ivaí e Piquiri.
De acordo com Tomazi (1997), historicamente a região do norte do
Paraná, vincula-se a uma vasta região reconhecida pelos jesuítas, espanhóis e
89
bandeirantes, pelo nome de Guaíra, nos tempos dos indígenas Guairaçá e
Taiobá. No sentido geológico, relaciona-se a continuação das férteis terras
roxas, como prolongamento do estado de São Paulo, sul do Mato Grosso,
perpassando pela Foz do Iguassu, em Santa Rosa e Rio Grande do Sul.
Pelo viés etnológico, corresponde a uma correlação entre poder nacional
e estrangeiro pela dizimação de povos e degradação da natureza de forma
devastadora, causando enormes prejuízos e desrespeito a inúmeras populações
e famílias, em benefícios e vantagens capitalistas. E socialmente prevalece a
visão retrograda e conservadora de fazendeiros e capitalistas, em detrimento da
destruição de povos, onde se espera fazer fortuna rápida, na perspectiva da nova
canaan, da nova terra prometida, assim vista por muitos, onde se pisa sobre o
dinheiro, representando um presente do céu aos bons homens, de corações
abertos a prosperidade vil. “É uma chama do Inferno para aqueles que só visam
a exploração indébita, anti-humana, anti-nacional, tomando a vida impossível lá
onde ela deveria ser a mais fácil em todo o território nacional”. (TOMAZI, 1997,
p. 18).
Neste sentido, ocorreu a reocupação da região norte do Paraná, com
intensos e sangrentos conflitos, entre quem ali habitava e quem chegava com
poder de dominação em nome de Deus e da ordem civilizatória, embora, deve-
se ressaltar todo o contexto nacional e internacional em evidência, estando
vinculada a um plano nacional, principalmente a São Paulo em um processo de
comércio pujante e dizimador de vidas, bem como a Curitiba devido a critérios
políticos e administrativos, visando a reocupação do território norte paranaense,
estendendo caminhos ao Mato Grosso através de interesses internacionais, com
influência da guerra do Paraguai, e posteriormente com a construção de
ferrovias, em vista do processo de colonização, onde inseriu-se ao mercado
mundial.
90
Assim sendo, após a abolição da escravatura, surge o modo de
produção de mercadorias, envolvendo vários caminhos, fundando um
campesinato, produzindo o capital variável, e o modo de produção de
mercadorias interno, propiciando a acumulação primitiva, aprimorando a
exploração agrícola e da estrutura agrária, vigente atualmente, envolver as
culturas de subsistência, que alimenta o povo, permitindo um excedente que
fortalece o capital variável, promovendo o complexo latifúndio, comercialização
e minifúndio, potencializando o colonato e o coronelismo, surgindo a renda da
terra, e o processo de acumulação aos grandes proprietários, na medida da
acumulação primitiva, e da ampla relação social e econômica necessária ao seu
pleno funcionamento, de acordo com Tomazi (1997).
Destarte, desenvolve-se o processo de reocupação intrinsicamente
vinculado ao capitalismo brasileiro, promovendo o discurso de “Norte do
Paraná”. Envolvendo expulsão, violência e exclusão de vários povos destas
terras, que fazem parte deste processo de reocupação do norte do Paraná.
91
uma reocupação pacífica, permeando uma violência urbana e rural, havendo
inúmeros relatos e depoimentos comprovando tal veracidade, os conhecidos
jagunços e pistoleiros eram contratados pelos senhores das grandes porções de
terras e capitalistas, bem como do poderio militar estatal, representando uma
falácia a forma posta como algo pacifista. “A utilização de armas de fogo como
algo corriqueiro no cotidiano das cidades, deixam muito claro que a região em
estudo não era uma terra pacífica, conforme se quer fazer acreditar”. (TOMAZI,
1997, p. 20).
92
não são proprietários, estando fora da normalidade. Procurando se afastar da
abordagem ocorrida com o contestado.
Verifica-se, uma abordagem de controle dos homens através de
legislações estatais, ordenando o espaço a ser ocupado, através da propriedade
da força policial, tanto na cidade como no campo, procurando disciplinar a
população. Contudo, não ter propriedade era considerado sinônimo de
eliminação pelo estado burguês que se desenhava, realmente matando vários
povos, segundo Tomazi (1997).
93
seguindo um determinado ideário espúrio. Permite-se a construção de uma
burguesia mesquinha e individualista.
Nesse sentido, a burguesia se constrói como representante geral da
sociedade e da espécie humana, como se fosse algo natural, apagando diversas
histórias preexistentes, contudo, denomina-se como nação puramente,
formando suas justificações ideológicas e de poder, como algo natural e inerente
as suas capacidades, eliminando quem atravessa e discorde de seu poder.
Desta forma, foi-se constituindo a região do norte do Paraná, todavia, foi
se produzindo a história dos homens que compunham tal região, seus modos de
construção e relações sociais, o processo de exploração, ocupação e
reocupação evidenciam essa região do norte do Paraná, que se construiu
através de inúmeros conflitos, mortes e extrema violência, onde o poder da
burguesia e dos grandes proprietários prevaleceu, com aval preponderante do
Estado legitimador de tais atrocidades cometidas, de acordo com Tomazi (1997).
Contudo, os povos indígenas que aqui estavam há mais de 7000 mil
anos, e foram devorados, expulsos e extintos por este sistema capitalista
degradante e desrespeitoso, atuando numa perspectiva de vazio demográfico,
selvagens e bugres, como eram chamados pelos desbravadores assassinos,
dominados pelo ideário burguês avarento e abominável. Onde as tribos Xetás e
Kaingángs viviam de forma harmônica com a natureza e em paz com sua cultura.
A seguir, apresenta-se imagens da formação do norte do Paraná, e seu
processo de construção.
94
FONTE: TOMAZI, 1997. p. 44.
95
FONTE: TOMAZI, 1997, p. 51.
96
FONTE: TOMAZI, 1997, p. 52.
97
acumulando riquezas e renda, em detrimento da miséria e exclusão social, com
má remuneração aos trabalhadores, doenças ocupacionais, desemprego e
imensas expressões da questão social, conforme indica Tomazi (1997).
Ocorreu a desagregação da frente pioneira do Paraná velho, por volta
do século XIX, onde era estruturada em cima de grande propriedade e tinha
como suporte um sistema econômico, alimentado basicamente pelo tropeirismo
e a pecuária extensiva, e logo em seguida, pela extração e beneficiamento de
madeira e erva-mate.
Importante ressaltar que, a ocupação do Norte Pioneiro do Paraná,
propiciou a criação das cidades e de uma atividade econômica que permitiu
construir boa parte da infraestrutura do Paraná. Em destaque a cafeicultura, que
possibilitou a redenção econômica do Estado, numa fase em que seus principais
produtos estavam em declínio. E possibilitou ao Estado a constituição de uma
boa rede de infra estrutura propulsora do desenvolvimento econômico em toda
a região.
Embora, a ocupação mais efetiva da região Norte começaria poucos
anos depois, primeiramente com a chegada dos mineiros e em seguida com a
chegada dos paulistas, a procura de terras apropriadas a cultura do café. Com
isso, as duas correntes migratórias partem das zonas cafeeiras de São Paulo e
Minas Gerais, particularmente das zonas onde estavam localizadas as lavouras
mais antigas e em fase decadente de produção, e se instalam no vale do
Paranapanema através dos cursos médio e superior do rio Itararé, por volta da
década de 60 do século passado (XIX).
Com a chegada do ciclo da madeira, as florestas começaram a ser
derrubadas para a venda dos troncos. Esse novo ciclo atraiu os ingleses, que
organizaram o povoamento das novas áreas desmatadas. Vieram milhares de
agricultores de vários lugares como a Itália, Alemanha, Suíça, Rússia e Japão.
Após esse ciclo, veio o do café, no século passado, em toda a região
Norte do Paraná. Este ciclo, provocou uma grande onda de migração interna,
que foi onde atraiu os paulistas, mineiros, nordestinos e ainda mais estrangeiros.
Com isto, foi o que levou o Norte do Paraná a ser povoado e progredir ainda
mais. Nos anos 1960 o café dominava a economia, atingindo 60% do valor de
produção rural paranaense. E só perdeu importância a partir das grandes
geadas, como mencionado anteriormente, que ocorreu nos anos 1970.
98
A primeira cidade que surgiu a partir do processo de ocupação foi
Colônia Mineira, onde foi fundada em 1862, por um migrante mineiro. Em
meados da década de sessenta do século XIX, a cafeicultura paulista já estava
nos limites do Estado.” Exatamente neste período Thomas Pereira da Silva,
mineiro atraído pela fama da exuberância das terras vizinhas ao Rio Itararé, vem
para a região e adquire em território paranaense, a margem esquerda do Itararé,
vasta área de terras, ás quais faz convergir grande número de conterrâneos
seus, dando origem, em 1862, a um núcleo urbano, inicialmente chamado
Colônia Mineira”. (PADIS, 1981: 86).
Depois da Colônia Mineira, outras cidades vão surgindo, de forma com
que as matas foram sendo derrubadas, e assim foram abrindo espaços e dando
lugares para as lavouras de café. Destacando-se pela ordem de fundação:
Tomasina, em homenagem ao pioneiro Thomás Pereira da Silva, em 1865;
Santo Antonio da Platina, em 1866; Venceslau Braz e São José da Boa Vista,
em 1867. Logo após, foi surgindo mais paulistas do que mineiros, e com isto foi
onde deu origem a Jacarezinho em 1900, Cambará em 1904, Bandeirantes em
1921 e Cornélio Procópio em 1924.
A partir da década de 1930 em diante, quando novos plantios nas zonas
produtoras tradicionais, além de economicamente inviáveis, acabam sendo
proibidos oficialmente como medida destinada a equilibrar o mercado, o polo
cafeeiro se fixa de vez no Norte do Paraná, onde, ao contrário do que acontecia
em São Paulo, não havia qualquer restrição a formação de lavouras. A esta
altura, fazendeiros paulistas que relutavam em abandonar a atividade, se
deslocam quase que em massa para o Norte do Paraná, transferindo para a nova
zona produtora toda a experiência armazenada durante seguidos anos no trato
de lavouras. Com os fazendeiros também se deslocam seus empregados que
ao se incorporarem a nova frente pioneira vão garantir mercado fácil para a
colocação dos pequenos lotes, vendidos em profusão pelas companhias
loteadoras.
Ressalta-se que o Norte Pioneiro do Paraná foi o portal de entrada para
a colonização de toda a região Norte paranaense. Onde os colonizadores
abriram caminhos para o progresso e o desenvolvimento econômico da região.
É importante estudar e discutir sobre o local de moradia e sobre o
trabalho dos habitantes, desses pequenos municípios paranaenses. Onde é
99
possível identificarmos que, com o passar dos anos, o número de habitantes em
áreas urbanas aumentou, e em áreas rurais diminuíram. Ao longo dos anos, a
sociedade tem sofrido diversas modificações, sabemos que há muitos anos atrás
a população mundial era praticamente rural, apenas pouquíssimas pessoas
viviam em áreas urbanas. Contudo, um fato marcou toda uma transformação
social, modificando por completo a estrutura populacional.
Pode-se dizer que, com o aumento das indústrias, vinculado a um
expressivo desenvolvimento tecnológico, fez com que as pessoas migrassem
para as cidades a procura de trabalho. Desta forma, as oportunidades de
emprego nesse período são consideradas fatores atrativos, ao passo que a
intensa mecanização do campo era considerada um fator repulsivo.
Importante dizer que o processo de urbanização, além de ocorrer de
forma desigual, não só no Norte Pioneiro do Paraná, mas em todo o Estado, dá-
se de forma desordenada, apontando então a falta de planejamento. Isso
acarreta diversos problemas urbanos de ordem social e ambiental. Como por
exemplo: poluição, violência, excesso de lixo fazendo com que o meio ambiente
venha sofrendo continuamente, entre outros fatores negativos. O aumento da
população nas grandes cidades está associado ao êxodo rural, ao fato de a
população deixar a zona rural para dirigir-se aos centros urbanos.
Ressalta-se compreender algumas particularidades das ocupações
agrícolas, bem como a posição na ocupação agrícola da população ocupada nos
pequenos municípios rurais paranaenses. Segundo dados do IBGE sobre
pessoas ocupadas em municípios rurais segundo grupos de ocupação e
mesorregiões geográficas do paraná no ano de 2000, é possível afirmar que,
mais de 50% da população total ocupadas estão em ocupações não agrícolas.
Também podemos verificar a participação dos domiciliados na área rural e
urbana no cômputo total da população ocupada na área agrícola.
No Norte Pioneiro, há uma participação em torno de 40% de domiciliados
nos centros urbanos em ocupações agrícolas. A participação dos domiciliados
nas áreas urbanas e rurais apresentam diferenças entre as mesorregiões do
Norte e as do Sul do Paraná. É possível dizer que de acordo com os dados do
IBGE (2000), na mesorregião do Norte, além da participação de mais de 50%
dos moradores do rural nas ocupações agrícolas, há também uma parcela muito
100
significativa dos que residem na cidade nestas ocupações, enquanto que na
parte Sul, há um predomínio de residentes do rural nas ocupações agrícolas.
Wanderley (2002), afirma que, apesar dos fatores de crise que tem
assolado a agricultura nas últimas décadas, como as secas sucessivas e
modificações na base produtiva no Nordeste, como em outras regiões do país,
a agricultura será, por muito tempo, a atividade principal, a fonte principal de
ocupação e renda, a base para a criação de novas alternativas econômicas e
para o desenvolvimento de atividades de transformação e comercialização.
É possível dizer que, a agricultura continua sendo a atividade principal
para os pequenos municípios rurais paranaenses. Porém, isto não significa dizer
que para promover o desenvolvimento de regiões rurais como estas, seja
necessário investir somente na produção agrícola.
Como defende Abramovay (1999), para se investir nas mudanças das
formas organizacionais da população ocupada em atividades agropecuárias
abrange-se a construção de novos mercados, tanto para os produtos até aqui
predominantes, como, sobretudo, para as atividades que apenas começam a se
desenvolver, que se concentra o mais importante desafio do desenvolvimento
rural, e ainda, o desenvolvimento rural passa pela construção de novos
territórios, isto é, pela capacidade que terão os atores econômicos locais de
manejar e valorizar ativos específicos as regiões em que habitam.
É preciso aprofundar, analisar e compreender as particularidades das
diversas regiões do Paraná, visto que sua economia baseia-se em sua
agricultura e também nas indústrias, com muitos produtos no setor da agricultura
e de lavouras, fazendo com que faça girar a sua economia e visando o aumento
de produtos e serviços, para possíveis oportunidades de mais empregos para os
habitantes paranaenses.
Existe uma certa heterogeneidade no processo de produção dos
agricultores familiares, bem como uma diversidade das atividades exercidas,
havendo determinadas peculiaridades regionais, coexistindo uma ocupação
agrícola de acordo com cada região paranaense. Com relação ao norte pioneiro,
26,7% atuam por conta-própria, 54,4% estão empregados em certas localidades
rurais, 13,4% não é remunerado e ajuda algum membro do domicílio que
convive, 3,9% são trabalhadores que produzem para o consumo próprio, 1,5% é
101
empregador, e 0,2% é aprendiz ou estagiário sem remuneração. (CINTRA, 2008,
p. 7).
Havendo um considerável contingente de empregados, embora, a
agricultura familiar predomine na região sul do Paraná. Fatores influenciados
devido as condições de clima, relevo e solo, bem como aos processos de
ocupação e colonização ocorridos nestes territórios, entretanto, ressalta-se a
questão dos impactos da modernização agrícola em detrimento dos pequenos
agricultores, em muitos casos, expulsos de suas terras pelo poder dominante.
Existindo-se posturas diferenciadas as chamadas regiões do grande
norte do Paraná, bem como a sua atividade produtiva, predominando uma
cultura empresarial, visando rentabilidade de capital, diferente das demais
regiões do estado do Paraná, ressaltando a época e as formas de exploração
implementadas, que possibilitou violência, mortes e acumulação fundiária e de
renda.
103
direito, que garanta e promova a todos, vidas com dignidade, autonomia e
emancipação, livre da exploração desenfreada do capital e com democracia e
participação social.
No tocante a questão territorial, o desenvolvimento de políticas públicas
é essencial, em promover o progresso local e regional de um determinado
território, em vista da construção de uma política de desenvolva o âmbito rural
do norte pioneiro do Paraná. (LOPES, 2009, p. 79).
Ressalta-se, que o Paraná passou um intenso processo de
industrialização nas últimas décadas, numa dinâmica agressiva de incentivos
fiscais a determinados produtores, concentrando-se na região metropolitana de
Curitiba, todavia, as atividades vinculadas a matéria prima estão dispersas e
preponderam no interior do estado do Paraná.
105
determinações do capital neoliberal. “O estímulo ao empreendedorismo e a
formação de arranjos produtivos locais, além do incentivo à participação da
sociedade em novos arranjos institucionais em âmbito intermunicipal”. (LOPES,
2009, p. 83).
Confere-se, a importância da multissetorialidade e da relação entre rural
e urbano em promover desenvolvimento regional e participação de todas as
esferas em benefício da sociedade, e não somente de uma minoria burguesa e
reacionária, em vistas da redução e possível abolição da pobreza e
fortalecimento das áreas territoriais existentes.
Nesse sentido, o “programa territórios da cidadania”, obtiveram atenção
reforçada por determinadas instituições, promovendo o associativismo e o
cooperativismo, entretanto, configura-se pretensões capitalistas em detrimento
dos pequenos produtores, bem como a intenção de um Estado burguês
neoliberal que privilegia a classe dominante.
106
plural e democrática, onde a justiça social seja valor essencial, eliminando as
barreiras entre as classes sociais e permitindo maior participação social,
implantando de fato o estado democrático de direito, caminhando para o
socialismo\comunismo, utilizando-se significativamente da inteligência artificial
em proporcionar qualidade de vida e preservação da natureza e do planeta terra
finito.
De acordo com informações da EMATER do Paraná, o estado é formado
por 399 municípios, sendo que 367 possuem menos de 50 mil habitantes, com
374 mil propriedade rurais, e 317 mil agricultores familiares com mínimas
porções de terras, e imensos latifúndios com poucas famílias e indivíduos, que
degradam natureza e vidas cotidianamente.
107
FONTE: EMATER, 2013. Acesso em 10\09\2020.
108
sentido de promover cidadania e geração de renda a população, bem como
alimentos de qualidade e saudáveis ao povo.
109
aos produtos, segundo Santos e Monteiro (2004), fazendo com que torne o
processo complexo e distante do produtor rural, em especial o de base familiar.
Em 2009 foi criado o Programa Paranaense de Certificação de Produtos
Orgânicos (PPCPO) para melhorar o acesso do produtor familiar a um sistema
de certificação de produção orgânica, por meio de uma parceria entre a
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino superior (SETI), o Instituto de
Tecnologia do Paraná (TECPAR) e das Universidades Estaduais. De fato, a
produção orgânica apresenta um alto crescimento, por isto passou a ser
necessária, ferramentas para a fiscalização e controle, porém onerando os
sistemas orgânicos de produção.
Desta forma, foi implantado um núcleo de extensão em cada
Universidade para a disponibilização de assistência técnica especializada em
sua região de abrangência, e a realização de auditorias para a certificação. A
primeira fase do programa (PPCPO) teve seu início em setembro de 2009, e foi
encerrada em julho de 2011. Porém, em julho de 2012 esse programa foi
renovado para dar continuidade aos trabalhos, e assim, aumentar o número de
produtores orgânicos certificados na região do Paraná.
A assistência técnica consiste na visita da equipe a propriedade e
posterior análise pelos profissionais do núcleo, para ser feito a verificação sobre
a possiblidade de enquadramento da mesma nos parâmetros do programa,
sendo que primeiramente, é necessário ser uma propriedade agrícola familiar,
conforme estabelece a LEI N.11.326, de 24 de julho de 2006.
Após isso, é realizado um levantamento quanto ao manejo que vem
sendo empregado na propriedade durante o procedimento, este documento
descreve as questões ambientais, sociais e econômicas adotas pelo produtor.
Através deste levantamento é possível caracterizar a situação atual do sistema
de produção e verificar as ações de assistência técnica e a extensão rural
necessárias para que fique apta a ser certificada, de acordo com conformidades
exigidas.
Ressalta-se, como é de forma importante mencionar e esclarecer sobre
a produção orgânica de alimentos, visto que tem por finalidade, oferecer
produtos saudáveis e priorizar a qualidade dos alimentos, a saúde e alimentação
da população, proporcionando mantimentos mais pulcros, saborosos e
110
saudáveis. Desta forma, a agricultura orgânica diversifica os produtos cultivados
com o intuito de garantir o equilíbrio ambiental, sobretudo do solo.
Importante mencionar, que a produção orgânica viabiliza a conservação
e fertilidade do solo, minimiza impactos sobre o meio ambiente, agrega valores
aos alimentos orgânicos e também elimina o uso de agrotóxicos, sem contar que,
desta forma, é muito mais saudável para a alimentação de todos, contribuindo
com a biodiversidade, com a ausência de pesticidas e contribui com a
preservação de pássaros, insetos e de outros animais.
Destacando-se a agricultura familiar, que é a base da economia de
muitas regiões do Norte Pioneiro do Paraná. Com a produção de alimentos
orgânicos, podemos destacar a melhoria da vida no campo, visto que, a
agricultura orgânica contribui na melhoria das condições de vida socioeconômica
das comunidades rurais. Cultivos orgânicos necessitam de mais mão de obra,
gerando mais oportunidades de emprego e renda.
Sabe-se que a agricultura convencional permite uma produção maior,
mas é de extrema importância ressaltar que o uso de agrotóxicos influencia muito
na qualidade dos alimentos e na saúde, tanto de quem consome, quanto de
quem trabalha nas lavouras e fica exposto, sem contar que a exposição
prolongada de agrotóxicos pode causar várias doenças e infecções, e aumentar
o risco para vários tipos de câncer.
Desta forma, a agricultura orgânica se mostra como uma alternativa
promissora para a agricultura familiar, pois, as técnicas deste processo de
produção respeita o meio ambiente, a saúde do trabalhador agrícola, a do
consumidor, e tem como objetivo manter a qualidade do alimento, formoso e
muito mais saudável.
Discute-se, a questão da permanência dos jovens em áreas rurais do
norte pioneiro, e a problemática que envolve tal temática, principalmente com os
filhos de agricultores familiares, contatando-se perdas de população nesta
dinâmica, havendo redução entre pessoas de 0 a 24 anos, que recorrem ao meio
urbano como condição de vida, bem como havendo o aumento da população
com mais de 40 anos de idade no meio rural, e que as mulheres jovens são as
que mais deixam o campo, predominando pessoas do sexo masculino, havendo
preponderante relação sexista neste ínterim, apresentando indicativos de
111
masculinização e envelhecimento desta camada populacional, conforme indica
Morais (2015).
112
e ampliar sua capacidade produtiva em suas próprias áreas de abrangência, de
acordo com Morais (2015).
A juventude no Brasil, é considerada dos 15 aos 29 anos de idade, no
tocante a implantação de políticas públicas, tal demarcação é essencial,
havendo uma heterogeneidade deste público, diferenciando-se em questões de
oportunidades, poder e facilidades, correspondendo a juventudes no sentido
plural do termo.
Desta forma, representa anseios, sonhos de vida, e oportunidades de
acesso, classe social, poder aquisitivo, e processo cultural, variando em suas
mais dinâmicas formas e características, conforme aponta Morais (2015). “A
categoria juventude, ainda que tenha uma dimensão simbólica, também possui
determinantes materiais, históricas, culturais e políticas, o que os levam a afirmar
em intertextualidade”. (MORAIS, 2015, p. 4).
Entretanto, considera-se faixa etária e construção social como algo
intrínsecos e interligados na sociedade, não sendo excludentes, comparando a
homogeneidade de um determinado grupo perante outros, num contexto
histórico e social, bem como intimamente ligadas a questões heterogêneas,
analisando a dinâmica do norte pioneiro do Paraná.
113
grupo, estando estreitamente vinculados as contradições sociais e dinâmicas
preexistentes, o que apresenta também alguma heterogeneidade, segundo
Morais (2015).
Contudo, ressalta-se a questão das diferenças e das desigualdades, no
sentido da juventude rural, que em determinados momentos sofre preconceito
devido ao local onde residem e constroem suas vidas. “E diferenças em termos
de cor, etnia, gênero, deficiências, orientação sexual, disparidade regional, local
de moradia. A juventude de hoje é marcada pela heterogeneidade”. (MORAIS,
2015, p. 6).
Coexistindo jovens casados e com filhos, representando uma realidade
no campo, sendo extremamente necessário repensar a juventude do campo, não
confundindo somente com jovens solteiros e sem filhos, demarcando uma
realidade especifica. Embora, boa parte das políticas públicas vinculam-se aos
jovens das áreas urbanas, e das grandes cidades, em detrimento dos jovens da
área rural que recebem menor atenção nas ações governamentais.
Prevalecendo-se, uma certa invisibilidade deste público perante a
atenção do estado burguês neoliberal, contudo, fortalecendo os processos
migratórios. “De 1991 a 2000 teria havido uma redução de 26% do número de
jovens residindo no meio rural, sendo os jovens do sexo feminino que mais
migram, resultando na chamada “masculinização” do meio rural”. (MORAIS,
2015, p. 6).
Neste sentido, estes jovens merecem atenção especial do estado, no
tocante a educação, influencia familiar, pobreza e relacionamento pessoal,
permitindo sua permanência no campo, local onde conhecem e podem
potencializar suas expectativas, comprovando que, “o baixo nível de
escolaridade daqueles possíveis candidatos à sucessão nas propriedades
interferia negativamente no acesso aos seus direitos e exercício da cidadania”.
(MORAIS, 2015, p. 7).
Destarte, é necessário que estas pessoas possuam níveis maiores de
escolaridade, no sentido de geração de trabalho e renda, com intervenção estatal
imprescindível, onde as migrações ocorrem a partir dos agricultores familiares,
e a maioria são mulheres, desta forma, masculinizando o campo.
Neste sentido, os jovens homens, possuem um desejo maior de
continuarem no campo, como agricultores, predominando, uma cultura machista
114
e preconceituosa, e necessária de ser desconstruída, em benefício do
fortalecimento da agricultura familiar e qualidade de alimentos a população.
115
pela sociedade burguesa neoliberal, prevalecendo a precariedade a uma enorme
parcela da sociedade, “que torna sua reprodução como agricultor largamente
dependente da própria existência de um patrimônio familiar viável para as
gerações futuras”. (MORAIS, 2015, p. 8).
Entretanto, até a década de 1960, prevalecia um valor moral de
permanência no campo, todavia, atualmente este cenário varia de acordo com a
renda, onde os mais pobres inevitavelmente se desvinculam da terra,
representando o fracasso de uma política de reforma agrária com viés neoliberal
capitalista.
Contudo, outro fator preponderante, refere-se a possibilidade de tomada
de decisão relacionada a propriedade, havendo ausência de autonomia dos
jovens, “o que reproduz as relações de subordinação dos jovens à figura do pai,
chefe de família”. (MORAIS, 2015, p. 9). Reforçando-se os valores patriarcais
neste ínterim. Prejudicando a participação dos jovens quanto as decisões no
âmbito da agricultura familiar, prevalecendo um critério de gênero nas relações
existentes, fundamentalmente com relação as mulheres.
Todavia, fatores como baixa escolarização, bem como a dificuldade de
acesso à educação e ao trabalho, e devido a uma forte atração pelo estilo de
vida urbano, que alienam e atraem os jovens a sua saída do meio rural.
Relacionando-as com as condições de vida no campo, acesso a vários serviços
essenciais a sobrevivência humana, bem como ao processo de produção e
reprodução social em sociedade.
Desta forma, representando a realidade do campo, bem como a ilusão
em determinados casos de uma vida melhor na cidade, comprovando as
intensas contradições do sistema político e econômico atual que privilegia a
classe burguesa.
116
Sobretudo, permanece uma visão preconceituosa de que os jovens não
gostam do meio rural, e são desinteressados e descompromissados, havendo
estudos aprofundados sobre esta temática no tocante ao desenvolvimento de
políticas públicas, em fazer permanecer estes jovens no campo, bem como
reverter o processo de esvaziamento populacional da área rural.
Neste sentido, o jovem deve ser responsável e herói da transformação
social estrutural, com posicionamento crítico perante a realidade que vive, no
tocante a ações coletivas que contribuam com a construção de políticas públicas,
gerando modificações profundas na sociedade brasileira, se afastando de
perspectivas conservadoras e reacionárias, em vista de uma sociedade
democrática e pluralista.
De acordo com Freire e Castro (2007), ao pesquisar a identidade e
cotidiano dos jovens assentados da reforma agrária, constataram que, por um
lado, os jovens pesquisados sentem-se orgulhosos de serem do campo, ao
passo que outros expressam certa infelicidade com sua condição, devido aos
preconceitos e discriminações que vivenciaram ao longo de sua vida.
Importante ressaltar que, os jovens desempenham papel fundamental
no desenvolvimento da agricultura familiar. Ao mesmo tempo que os jovens são
considerados os que continuarão as práticas utilizadas pela família, com isso
reproduzindo o setor em termos geracionais, os jovens agricultores também são
vistos como um grupo que tem anseios e sonhos próprios voltados para a
satisfação econômica, social e organizativa. Esse conjunto de expectativa é visto
como conducente a sua independência e autonomia. Muitas vezes, em busca de
renda própria, é preciso muitas vezes, deixarem o seio de suas respectivas
famílias.
117
Muitos jovens acabam encontrando uma certa necessidade de ir para a
área urbana e deixar o campo. Visto que, muitas vezes, vão à procura de
oportunidades de emprego, formação profissional e educacional, e em busca de
melhores condições financeiras. Entretanto, não deixam de lado suas raízes e
vínculos no campo e com a família agrícola.
De acordo com o IBGE, entre o período de 2000 e 2010, ocorreu um
crescimento da população em idade jovem no meio urbano e redução no meio
rural, tanto na região do Paraná quanto no Brasil. Desta forma, temos que os
jovens do território integração continuam a deixar o campo e mudar-se para a
cidade, ao mesmo tempo em que migram também para outras regiões do
Estado, ou mesmo para fora do Estado.
O território integração Norte Pioneiro continua a perder população em
idade jovem de 15 a 29 anos, segundo dados do IBGE (2000 e 2010). Neste
contexto, cabe observar que são as mulheres as que mais migram, ocasionando
a chamada “masculinização” do campo, enquanto na população total do
território, a maioria é de mulheres, na faixa etária jovem, continuam a ser em
menor número que os homens.
Além da questão de oportunidades de empregos e estudos para os
jovens na cidade, podemos dizer que a cidade possui diversas infraestruturas
que muitas vezes não são encontradas no campo, como por exemplo: ruas e
avenidas asfaltadas, indústrias, hospitais, escolas, comércios, abastecimento de
água, sistemas de esgoto, iluminação pública, dentre outros. Embora, um fator
importante a ser ressaltado é que uma depende da outra, ou seja, as zonas
urbanas adquirem produtos da zona rural. Por sua vez, a zona rural adquire
produtos e serviços oferecidos pelas zonas urbanas.
O Estado do Paraná detém uma boa posição em relação aos demais
estados brasileiros, nos seus aspectos sociais e econômicos. Embora, mesmo
com um parque produtivo industrial moderno, universidades reconhecidas
nacionalmente e uma agricultura pujante, é relevante dizer que as desigualdades
socioeconômicas preexistentes foram reforçadas em decorrência de seu
processo de modernização. As atividades econômicas do Estado, bastante
variadas, devido a esses fatores, consegue se enquadrar entre os Estados de
melhores economias.
118
Contudo, a distância entre ricos e pobres ainda é grande no Paraná.
Onde o nível de concentração de riquezas, proporcionando a desigualdade
social é gritante. É importante dizer que o Estado necessita conseguir conciliar
o desenvolvimento econômico com ações efetivas para a população mais pobre,
sempre na direção da autonomia familiar.
Sabemos que a desigualdade social é um problema muito presente na
sociedade. Algumas pessoas e grupos sociais tem maior poder aquisitivo, e com
isso, tem uma maior possiblidade de adquirir bens e de contratar serviços.
Entretanto, outras, não tem a mesma oportunidade. Importante ressaltar que a
concentração de renda, agrava a qualidade de vida da população, visto que
aqueles que recebem menos são obrigados a acumular grandes jornadas de
trabalho para manter uma renda que possa permitir a sobrevivência, embora,
essa renda não permita a acesso a eventos culturais e práticas de lazer, viagens,
mas apenas para o básico de sua sobrevivência.
Podemos dizer que, esse cenário também tem reflexos na qualificação
profissional, pois, acaba dificultando a realização de uma educação básica e de
qualidade, como o ingresso em cursos superiores de graduação. Com isso, a
educação é sem dúvida, um dos caminhos para diminuir as desigualdades
sociais, já que as pessoas com maior nível de escolaridade tem maior renda, e
no caso de desemprego, uma recolocação mais rápida no mercado, e sobretudo,
conseguem pensar de forma crítica a situação de desigualdade social alarmante.
Outro aspecto do acesso à educação de qualidade, é a promoção do
conhecimento e do acesso a informação. Sendo fatores essenciais para que as
pessoas possam conhecer seus direitos e lutar por uma vida melhor, com ética
e respeito.
Embora, os órgãos de planejamento do estado tem elaborado políticas
que visam a minimização das discrepâncias inter e intrarregionais, adotando um
enfoque territorial para as políticas de desenvolvimento local-regional. A
delimitação de uma área que compreende a região central e seu entorno,
permitiu ao governo do estado defini-la como alvo prioritário para suas ações,
visando estimular projetos de geração de emprego e renda e outras ações que
possibilitem a melhoria dos seus indicadores socioeconômicos.
Quando trata-se dos conceitos de geração de emprego e renda,
encontram-se intimamente ligados ao desenvolvimento do pensamento
119
econômico, visto que é necessariamente essencial para o melhor
desenvolvimento socioeconômico.
De acordo com o IPARDES (2006), a estrutura fundiária sofreu um
processo de concentração nas últimas décadas, contribuindo para acentuar as
desigualdades socioeconômicas. Com isso, o agronegócio, e apenas um
segmento restrito da agricultura familiar incorporaram os novos padrões
tecnológicos e produtivos, e uma grande massa empobrecida migrou em direção
aos centros urbanos em busca da sobrevivência, quando não, permaneceu em
seu lugar de origem em condições precárias.
O Estado do Paraná, tendo por referência o ano de 2008, segundo o
IPARDES e o IBGE, contribuiu com 5,8% do total da renda nacional,
posicionando-se em quinto lugar, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro,
Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Analisando-se, os dados disponibilizados pelo IPEA sobre a proporção
dos domicílios pobres para o ano de 2008, o Paraná encontrava-se bem
posicionado em terceiro lugar, empatado com Goiás, Minas Gerais e Mato
Grosso, estando atrás apenas do Espírito Santo, São Paulo e Mato Grosso do
Sul, na segunda posição, e Santa Catarina na primeira.
Pode-se dizer que, no início do século XXI, a despeito da sua expansão
econômica e da diversificação de sua estrutura produtiva, o estado do Paraná
apresenta profundas desigualdades inter e intrarregionais, decorrentes tanto do
seu processo de colonização diferenciado, como de políticas induzidas pelo
próprio estado, ocorrendo uma forte concentração industrial na região
metropolitana de Curitiba.
120
Ressalta-se, que a liderança do agronegócio na economia paraense
deve-se principalmente aos solos férteis e ao relevo, onde pode-se encontrar a
terra roxa, solo altamente fértil e que impulsiona as safras paranaenses. A
indústria também contribui significativamente para o PIB paranaense, apesar de
bem diversificada nos produtos, ocorre, no território paranaense, desigualdades
na distribuição das indústrias, onde temos uma aglomeração de indústrias de
alta tecnologia na região metropolitana de Curitiba. De certa forma, isso se deve
principalmente à ação do Estado, além dos empecilhos sociais e de relevo.
A agricultura apresenta muita força, principalmente com culturas
temporárias, que precisam ser replantadas a cada safra, como o milho, soja e
trigo. Destacando-se ainda, a produção de cada de açúcar, mandioca e batata.
A pecuária paranaense possui o maior rebanho suíno e avícola do Brasil, tendo
uma grande importância na sua economia. Pode-se dizer que, o Paraná se
beneficiou desde a década de 1960 da nova regionalização industrial que
ocorreu com mais preponderância a partir da década de 1980.
Importante ressaltar que, conforme o agronegócio se expande, os
pequenos agricultores como os familiares tem enfrentado muitas dificuldades.
Como por exemplo, a substituição de trabalhadores por equipamentos
mecânicos levou várias famílias ao êxodo rural, a migração do campo para
outras regiões, e assim, diminuindo de forma considerável as taxas de emprego
no meio rural. Isso ocorre pois, como o agronegócio tem o foco mais direto no
lucro, a prática da monocultura e a utilização de agrotóxicos se tornam um
problema para os residentes rurais, como mencionados anteriormente.
Defende-se o patrimônio cultural paranaense, sobretudo sobre a região
do norte pioneiro, como forma de manter os traços históricos e culturais da
região, de acordo com Tanno (2015), pertencente a região nordeste do Paraná,
definida como “Norte Pioneiro”, entre 1890 a 1975.
Desta forma, havendo um certo descaso para com a conservação e
armazenamento da história da região do norte pioneiro, “e também das cidades
que a compõem e a consequente perda, irreparável, desse material,
indispensável, para a história”. (TANNO, 2015, p. 1).
Nesse sentido, a preservação do patrimônio nacional é extremamente
necessária, contudo, a região do norte pioneiro paranaense, ocorreu através dos
interesses dos grandes latifundiários, implantando fazendas de café, “e não
121
pelas ações de empresas como a Companhia de Terras Norte do Paraná/Cia de
Terras Melhoramentos que atuaram em outras áreas da região norte”, como
indica Tanno (2015).
Todavia, a conservação do patrimônio histórico, significa analisar todo o
processo histórico, e avaliar quais decisões são melhores para a sociedade, no
caminho da democracia e liberdade de expressão, revigorando a ciência e o
conhecimento em prol do bem estar social.
Assim sendo, há no Brasil, uma legislação, o decreto-lei 3.551, de 4 de
agosto de 2000, que defende o patrimônio cultural e histórico do pais, o que pra
muitos é algo irrelevante, demonstrando desconhecimento perante os vários
avanços tecnológicos e científicos propiciados pela historiografia. “Que
resguarda os bens denominados imateriais ou intangíveis que alcançaram ainda
a preocupação com os chamados biopatrimônio e o patrimônio genético”.
(TANNO, 2015, p. 2).
Todavia, é notável o processo histórico de exclusão relativo ao norte
pioneiro paranaense, demonstrando total irresponsabilidade estatal e de demais
instituições pertinentes, sendo necessário organizar e resguardar a história desta
importante região.
122
velho” e como algo a ser esquecido, merecendo respeito como todos os locais e
regiões do Paraná.
123
iniciando a formação de núcleos urbanos, povoando a região e assim
articulando as relações de amizade e de compadrio na construção de
redes de relações econômicas e políticas. (TANNO, 2015, p. 8).
125
Confere-se a questão do diagnóstico dos sistemas de produção, quanto
a estrutura dinâmica e organizacional, de acordo com Junior (2012), avaliando
as características dos agroecossistemas, realizando diagnósticos e pesquisas
sobre o território em questão. Contudo, é elaborado um plano de melhoria do
sistema de produção, avaliando objetivos e recursos dos agricultores, visando
ajustar o sistema de produção de acordo com os interesses do agricultor.
Passa a ser realizado o acompanhamento das propriedades, através de
intervenções e registros. “São oferecidas as orientações para a implementação
dos projetos e realização dos registros dos resultados obtidos nas propriedades,
os quais servirão para a elaboração das referências”. (JUNIOR, 2012, p. 45).
Elabora-se as referências, descrevendo os sistemas de produção.
Todavia, há o compartilhamento de determinadas referências, observados o
conjunto dos agricultores integrantes das redes preestabelecidas, adequando-
se aos métodos relativos a agricultura familiar.
126
ANÁLISE DA FORMAÇÃO BRASILEIRA, SOCIEDADE AGRÁRIA E
ESCRAVISTA
127
Em contraste com a escravidão e semiescravidão dos povos derrotados,
sendo construído, sob bases exploratórias, o Brasil, desrespeitando e matando
povos de forma vil, com inúmeros conflitos e contradições, inerentes ao sistema
feudal escravocrata.
Assim sendo, se constrói as culturas europeizantes. “O que encontrou
foram hábitos, aspirações, interesses, índoles, vícios, virtudes variadíssimas e
com origens diversas – étnicas, dizia ele; culturais, talvez dissesse mais
cientificamente”. (FREYRE, 1997, p. 6).
Encontra-se no português, uma certa genesia violenta, e o apreço por
piadas de cunho erótico, o brio e a franqueza, e a lealdade, prevalecendo pouca
iniciativa individual, e um patriotismo efervescente, bem como imprevidência,
inteligência, fatalismo e uma habilidade incomparável para imitar, são
características intrínsecas dos povos portugueses, segundo Freyre (1997).
Neste sentido, em alguns aspectos e diferenciações, o português é visto
em certos casos, como um Deus celta, e colonizador hábil, mentindo quando se
considera necessário, e atento a realidade útil, repleto de vaidade e honra,
persistindo características extremistas de introversão e extroversão.
128
madeira, âmbar, marfim, promovendo sua riqueza, através do trabalho escravo,
sob um viés econômico.
130
favelas. Que desde então, vem crescendo cada vez mais, como uma solução
que o pobre acaba encontrando para morar e conviver. Embora, ainda sofram
de muitas ameaças e de serem expulsos, conforme afirma Ribeiro (1995).
131
não significa que cada indivíduo tenha que possuir as mesmas características,
mas mostrar que todos tem o mesmo valor, segundo Ribeiro (1995).
Contudo, toda a estrutura da sociedade colonial brasileira foi instaurada
fora dos meios urbanos, de acordo com Holanda (1995), predominando-se após
a independência brasileira, refletindo-se até os momentos atuais da sociedade
brasileira. Portanto, uma civilização de raízes rurais, onde as cidades são
dependências das formas coloniais prevalecentes.
Com pouco exagero pode dizer-se que tal situação não se modificou
essencialmente até a Abolição. 1888 representa o marco divisório entre
duas épocas; em nossa evolução nacional, essa data assume
significado singular e incomparável. (HOLANDA, 1995, p. 73).
132
Expande-se o crédito bancário, o estímulo a iniciativa particular, e o
fortalecimento dos negócios, devido à elevação da circulação das notícias, dos
meios de transporte, entre os centros de grande produção agrária e o progresso
das grandes praças comerciais, favorecendo o sucesso da época. Ampliando-se
a margem da sociedade tais meios comerciais e de obtenção de riqueza,
sobretudo, através das tradicionais atividades agrícolas. Caminhando-se para a
eliminação da velha herança rural e colonial, “ou seja, da riqueza que se funda
no emprego do braço escravo e na exploração extensiva e perdulária das terras
de lavoura”. (HOLANDA, 1995, p. 74).
133
propósito de certo projeto de criação de uma banco rural e hipotecário”.
(HOLANDA, 1995, p. 77). Entretanto, tais perspectivas eram vistas como
inimigas dos capitais das propriedades imóveis, contradizendo a abordagem
liberal.
Neste sentido, a liberdade de crédito, favorecia o enriquecimento e a
acumulação de riquezas a uma minoria da sociedade, onde conservadores e
liberais se conflitavam, sobretudo, diante das novas especulações. Promove-se
escassez e alta de preços, como costumeiramente se verifica no sistema
capitalista liberal, conforme apresenta Holanda (1995).
Todavia, essa herança colonial escravocrata, continuada pela
abordagem capitalista liberal, deu-se com prosseguimento da miséria e das
inúmeras formas de desigualdades, agravadas e reforçadas por um estado
burguês, em detrimento dos mais pobres e injustiçados socialmente.
Entretanto, havendo um excedente de mão-de-obra, estimulada pelo
intenso fluxo migratório, favoreceu que a economia cafeeira se expandisse por
um longo período, no entanto, sem elevação dos salários do trabalhador
explorado pelo capital, de acordo com Furtado (2000). A economia exportadora
eram retidas pelo empresário, ou seja, não havia pressão para que o sistema
obrigasse tal renda a ser dividida com os trabalhadores.
Entretanto, era necessário ampliação da produção através de avanços
tecnológicos e científicos, todavia, “aplicasse maior quantidade de capital por
unidade de terra ou de mão-de-obra. (FURTADO, 2000, p. 165). Contudo,
inexistindo pressão por parte dos trabalhadores na luta por melhorias no âmbito
do trabalho.
134
plantações, embora, não se importasse de forma significativa com a melhora dos
métodos produtivos.
Contudo, a terra e a mão-de-obra existia em abundância, desocupada
ou subocupada na dinâmica da economia de subsistência, “o empresário tratava
de utiliza-la aplicando o mínimo de capital por unidade de superfície”.
(FURTADO, 2000, p. 166). Entretanto, com o desgaste da terra, o empresário a
abanava, transferindo seu capital para terras novas e mais produtivas.
Todavia, faz parte da política capitalista a destruição do solo, no intento
de obter a maior lucratividade possível, sendo algo concebível em sua ânsia pelo
lucro desenfreado, as custas da exploração do proletariado, “a preservação do
solo só preocupa o empresário quando tem fundamento econômico”.
(FURTADO, 2000, p. 166).
Prevalece-se os incentivos econômicos e a expansão de suas
plantações, visando aumento de produtividade e quantidade de terra, bem como
mão-de-obra por unidade de capital. Entretanto, a destruição dos solos teriam
efeitos negativos a longo prazo, caracterizando a degradação propagada pelo
capital. Prejudicando presentes e futuras gerações de povos. Sendo necessárias
a transformação em capital reprodutível, havendo beneficiamento.
135
poder financeiro na etapa superior de desenvolvimento da economia capitalista,
apresentando e reformando demasiadas injustiças, desigualdades sociais e de
renda, como de costume, inerente a esta forma de sistema, em naturalizar a
pobreza e elevar as expressões da questão social, subordinadas ao capital
parasitário.
De acordo com Furtado (2000), na economia exportadora de produtos
primários, a crise se apresentou como um problema que se passou de fora para
dentro. Havendo uma certa pressão esmagadora que veio do exterior, e não
tinham nenhuma semelhança com as ações e reações que se processou na
economia industrializada, logo nos períodos de repressão e recuperação que
levaram a crise.
É evidente que se teve uma expectativa em relação aos preços baixarem
de exportação e assim se transformassem, e dentro da lógica havendo a redução
de lucros dos empresários, e desta forma, muitos deles teriam que interromper
a produção de café ou até mesmo, as compras desse produto aos pequenos
produtores locais, segundo Furtado (2000).
136
Pode-se mencionar sobre o Japão que era o país de fato mais bem
sucedido entre os estados capitalistas. Destacando que o país constituía uma
população muito maior de qualquer outro Estado, e podendo assim dizer que
muitos dos seres humanos, se destacavam entre os chineses que viviam na
China continental.
Segundo Hobsbawm (1995), a China não era só muito mais
nacionalmente homogênea que a maioria dos outros países, onde cerca de 94%
da população era de chineses han, embora formariam uma unidade política
única, e pode-se dizer que durante a maior parte dos dois milênios, o império
chinês, e a maioria de seus habitantes que tinham conceitos sobre essas
questões, onde havia considerado a China o centro e modelo da civilização
mundial.
Diante disto, a grande maioria dos outros países que se apresentavam
sobre o regime comunista, enxergavam e todos os outros e os viam como
culturalmente atrasados e marginais, e com relação a algum centro avançado e
paradigmático de civilização, de acordo com Hobsbawm (1995).
O mesmo não se dava com a China, que, muito corretamente, via sua
civilização, arte, escrita e sistema de valores sociais clássicos como a
reconhecida inspiração e modelo para outros – não menos o próprio
Japão. Certamente não tinha nenhum senso de qualquer inferioridade
cultural e intelectual, coletivo ou individual, em comparação com
qualquer outro povo. O fato mesmo de a China não ter Estados
vizinhos que pudessem mesmo levemente ameaça-la, e, graças a
adoção de armas de fogo, não ter qualquer dificuldade de repelir os
bárbaros em sua fronteira, confirmava o senso de superioridade,
embora deixasse o Império despreparado para a expansão imperial do
Ocidente. (HOBSBAWM, 1995, p. 448).
137
massas trabalhadoras nas grandes cidades costeiras do centro e do sul da
China.
138
Os últimos anos da União Soviética foram uma catástrofe em câmera
lenta. A queda dos satélites europeus em 1989 e a relutante aceitação
por Moscou da reunificação alemã demonstraram o colapso da União
Soviética como potência internacional, mas ainda como superpotência.
Sua absoluta incapacidade para desempenhar qualquer papel na crise
do golfo Pérsico de 1990-1 simplesmente acentuou isso. Em termos
internacionais, a URSS era como um país abrangentemente derrotado,
como após uma grande guerra – só que sem guerra. Apesar disso,
manteve as Forças Armadas e o complexo industrial militar da ex-
superpotência, uma situação que impunha severos limites a sua
política. (HOBSBAWM, 1995, p. 476).
Contudo, quando chegou a crise final, que não foi econômica mas sim
política, e não se pode dizer se esse acontecimento era desejado, ou até mesmo
concebido por qualquer grande corpo de cidadãos soviéticos fora dos Estados
bálticos, de acordo com Hobsbawm (1995), é possível dizer que sem dúvida o
colapso não fazia oficialmente parte da política de nenhum político importante da
União.
139
DIREITOS HUMANOS, LEGISLAÇÃO E VIOLAÇÃO
140
ao indivíduo humano, atribuindo-se direitos naturais, bem como da pessoa,
diferentes do indivíduo, referindo-se a família, minorias étnicas e religiosas, bem
como toda a humanidade em seu conjunto, determinando importâncias também
aos animais, em movimentos ecológicos, no sentido do direito da natureza e sua
necessária preservação, trata-se do respeito e preservação da vida em relação
com a natureza, justificando os direitos sociais da humanidade em harmonia com
a natureza, conforme aponta Bobbio (1992).
Desta maneira, o homem genérico passa a ser homem enquanto
homem, em suas várias diversidades e formas de status social, com
diferenciação de idade, sexo, condições físicas, entre outras determinações,
embora, hajam diferenças específicas, distinguindo certas proteções de acordo
com as necessidades de cada sujeito, cada qual com suas peculiaridades e
distinções inerentes a cada ser humano, de acordo com Bobbio (1992).
Contudo, cada característica abrange uma determinada legislação, de
certo modo, fragmentando todo este processo de direitos humanos,
configurando-se medidas de multiplicação, no âmbito dos direitos sociais,
encontra-se com a liberdade de opinião, amplamente contestada atualmente,
evoluindo e regredindo de acordo com os interesses vigentes de determinadas
épocas, no sentido de que os homens são iguais, no gozo da liberdade, “no
sentido de que nenhum indivíduo pode ter mais liberdade do que o outro”,
(BOBBIO, p. 70).
Embora, determine algum tipo de igualdade, em que os homens nascem
iguais em liberdade de direitos, com igual direito à liberdade, contudo, sendo
imprescindível preconizar a questão das classes sociais, poder financeiro e
condições de vida no âmbito do sistema capitalista neoliberal. Necessitando-se
de dignidade social, preponderando o caráter plural e democrático.
Considera-se o quesito universalização, e não discriminação, no pleno
gozo dos direitos de liberdade, o que não equivale para os direitos sociais, e nem
para os direitos políticos, “diante dos quais os indivíduos são iguais só
genericamente, mas não especificamente”, de acordo Bobbio (1992).
Prevalece-se as diferenças de indivíduos para indivíduos, algo
engendrado e de muita relevância, entretanto, durante séculos prevaleceu os
direitos somente dos homens do sexo masculino, onde nem todos tiveram os
mesmo direitos, predomina-se, entretanto, determinadas diferenças de acordo
141
com certas especificidades, ocorrendo-se no âmbito dos direitos sociais,
fundados com relação ao trabalho, instrução e saúde.
Destaca-se, que todos são iguais no gozo das liberdades negativas,
segundo Bobbio (1992), variando as diferenças de acordo com cada indivíduo e
suas peculiaridades existentes, problematizando a questão entre direitos de
liberdade e direitos sociais.
Surge-se personagens antes invisíveis, neste sentido, o reconhecimento
de direitos é imprescindível, destaca-se as questões de gênero, de idade,
limitações e doenças preexistentes, variando de acordo com cada indivíduo, sua
classe social, performance e credibilidade social, conforme aponta Bobbio
(1993), sendo imprescindível a ampliação dos direitos humanos e sociais, bem
como o seu devido respeito por instituições e pelas pessoas e grupos sociais de
cunho preconceituoso e integralista.
Citando a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 –
CF88, que determina valores como a cidadania, dignidade da pessoa humana,
valores sociais do trabalho, bem como o pluralismo político, contudo, sendo
extremamente violada desde sua implantação.
Todavia, merece destaque, que todo poder emana do povo, devendo
haver harmonia entre os poderes executivo, legislativo e judiciário, em vista da
construção de uma sociedade justa e igualitária, promover o desenvolvimento
nacional, todavia, erradicar a pobreza e a marginalização, bem como reduzir as
desigualdades regionais e sociais, permitindo o bem de todos, respeitando
classe, raça, etnia, orientação sexual, idade, e livre da discriminação.
142
sobretudo, a união e harmonia na América Latina, considerando que todos são
iguais perante a lei, garantindo a vida, a liberdade e a igualdade.
Havendo-se igualdade entre homens e mulheres, onde ninguém deve
ser submetido a tortura ou situação degradante, sendo livre a manifestação de
pensamento e vedado o anonimato, contudo, é livre a atividade intelectual e
científica, bem como de comunicação.
Neste sentido, conforme determinações constitucionais brasileiras,
torna-se extremamente necessário a real implantação da carta magna brasileira,
promovendo bem estar social e estado democrático de direito, entretanto, revela-
se as contradições do capital neoliberal, que prejudica um fiel funcionamento da
citada legislação, causando imensos problemas e expressões da questão social,
em vista da justiça social e garantia de trabalho a todos.
Citando a carta magna internacional que garante e preconiza os direitos
humanos, datada de 1948, Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH),
logo após a segunda guerra mundial, determina-se que todos os seres humanos
nascem livres e iguais em direitos e dignidade, e agir conjuntamente em
sentimento de fraternidade e respeito.
Contudo, destaca-se que todo ser humano tem direito a vida, liberdade
e segurança pessoal, e ninguém deve ser mantido em regime de escravidão ou
servidão, bem como ao tráfico de escravos, sendo necessário abolir tais práticas
espúrias, conforme determina a declaração universal dos direitos humanos.
Considera-se que ninguém deve ser mantido sob forma de tortura, a
castigo cruel ou degradante, bem como o devido reconhecimento como pessoa
143
em qualquer lugar do mundo, evitando-se situações vexatórias, onde todos tem
direito da proteção da lei.
Evitando-se qualquer forma de discriminação, e ninguém será de forma
arbitrária preso ou exilado, reconhecendo o direito da inviolabilidade de cada
indivíduo, sem interferência em sua vida privada, nem ataque a sua honra ou
reputação.
Ressalta-se o direito de locomoção, o direito de sair e regressar a seu
país, e quem for vítima de perseguição tem direito de solicitar asilo em outro
país, direito a uma nacionalidade, sendo a família fundamental na sociedade e
sua proteção garantida. Neste sentido, o respeito é base primordial de uma
sociedade democrática e pluralista, com predominância da justiça social e do
trabalho, com respeito as diversas formas de pensamento, desde que condizem
com a ética e valores humanos, preservando planeta terra finito e a humanidade.
144
direitos humanos, bem como a constituição da república federativa brasileira de
1988, e demais legislações pertinentes. Segue a imagem com relação aos dados
mundiais.
145
FONTE: Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná – SEJU.
2014.
147
FONTE: Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná – SEJU.
2014.
148
Desta forma, torna-se imperiosa a ampliação de políticas públicas, com
viés social democrata, porém, o cenário que se apresenta é de intensa
contradição entre políticas neoliberais que não condizem com políticas de cunho
social democrata, sendo necessário a alteração em caráter de urgência em
nosso estado, país e mundo, segundo indica a SEJU (2014).
149
FONTE: Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná – SEJU.
2014.
150
FONTE: Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná – SEJU.
2014.
151
Ou seja, vive-se numa sociedade baseada na violência, onde a
criminalidade expande-se exponencialmente, abragendo renda a várias
camadas da população, gerando emprego e trabalho a quem sofre com as
violações de um estado burgues neoliberal nazifascista em tempos atuais,
conforme indica os dados da SEJU (2014).
152
FONTE: Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná – SEJU.
2014.
153
humanos garantidos na constituição federal de 1988, bem como, na declaração
universal dos direitos humanos, confirmando um estado penal burguês neoliberal
conservador e reacionário, que criminaliza os pobres em benefício dos ricos,
confirmado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (2020).
154
A irmandade como pode ser chamada, o PCC, tem relações mercantis
com empresários criminais, oferecendo a eles confiança e segurança. De acordo
com Feltran (2018), uma cadeira do PCC é uma prisão na qual as políticas da
facção são respeitadas pela ampla maioria da população e, desta forma, regulam
a ordem local.
De certo modo, a dimensão do segredo nesse caso é fundamental, para
que as coisas aconteçam de modo mais simples e com menos repressão. É
evidente, que todos os dias acontecem no mundo inteiro, mercadorias legais e
mercadorias ilegais, principalmente, em favelas é muito comum ver esses tipos
de trabalhos, com mais frequência os ilegais, onde até mesmo muitas famílias
trabalham juntas, como uma forma de renda para sua sobrevivência.
155
1974. E deste modo, nos últimos anos, não restaram muitas alternativas aos
menores infratores, que acabaram sendo submetidos a torturas.
156
nacional, proclamarmos a virtual falência desta estrutura legal e do
modelo institucional dela decorrente. (LUPPI, 1987, p. 127).
157
democráticos e o desenvolvimento da sociedade, e refletir sobre o papel do
jovem.
É evidente que, quando o adolescente luta, valendo-se dos mais
diversos meios, para escapar deste ciclo perverso, ele o faz, acima de tudo, pelo
que ainda lhe resta de saúde mental e de senso de dignidade humana. (LUPPI,
1987, p. 129).
158
água, energia elétrica e demais serviços disponíveis a população, de acordo com
Teixeira (2019). E a internet estará em toda e em nenhuma parte, envolvendo o
esforço colaborativo, de certa forma involuntário, de todos que utilizam a internet.
Neste sentido, seremos parte de uma inteligência criada coletivamente, onde
cada ser humano contribuirá frequentemente com novas informações,
contribuindo com sua expansão e novas informações, mantendo-se sempre
atualizada, de acordo com os interesses humanos, visando bem estar social e
justiça a todos os povos.
Contudo, devemos repensar nossa forma de viver no universo, onde o
mundo pode ser de todos, com facilidades proporcionadas pela inteligência
artificial, garantindo o fim de guerras e conflitos entre os povos, bem como a
necessária preservação do planeta terra finito em seus recursos.
Entretanto, é possível a criação de máquinas pensantes, proporcionando
qualidade de vida a população mundial, bem como o necessário bem estar
social, através da utilização e expansão da inteligência artificial, conforme aponta
Teixeira (2019). Utilizando-se de sofisticados e aprimorados programas de
computador.
Para vários pesquisadores a IA funciona como a mente humana, com
relação intrínseca ao computador, envolvendo estudos de programas
computacionais compreendendo nossas atividades cerebrais e mentais,
referindo-se a nossa capacidade de raciocinar, pensar e perceber o mundo, bem
como identificar objetos em nosso entorno, falando e entendendo nossa
linguagem.
A concepção de IA se diferencia da cibernética e da computação em si,
envolvendo algo mais ambicioso, como a produção de comportamento
inteligente, como algumas tarefas que a IA podem fazer e facilitar a vida do ser
humano, bem como aliviar o trabalho humano, desvendando a natureza da
mente humana, envolvendo inúmeras formas de inteligência, aproximando-se
das reações humanas.
Entretanto, é preciso que nossa atividade mental seja emitida através da
inteligência artificial, de acordo com Teixeira (2019), todavia, é possível que
nossas atividades mentais sejam imitadas pela IA, como modelos de nossa
capacidade de raciocinar, enxergar, falar, entre outras características humanas.
159
A IA como projeto efetivo surgiu com os computadores modernos e após
a segunda guerra mundial (1945), em diante, superando determinadas
atividades técnicas, expandindo a ciência e a tecnologia disponíveis. Nesse
sentido, foi constatado uma grande revolução, envolvendo psicológica,
linguística e filosofia, onde a ciência da computação deixava de ser somente
técnica, expandindo-se para outros campos. “A ideia de estudar a mente humana
a semelhança de um programa de computador parecia despontar como uma
nova etapa para as ciências humanas” (TEIXEIRA, 2019, p. 11).
Sobretudo, as questões conflituosas que envolve a IA no tocante a
reação humana diante dos avanços desta tecnológica, bem como as variadas
formas de superação apresentadas, bem como pelo viés do pensamento
humano. Contudo, trata-se de avanços imprescindíveis a permanência da vida
humana no planeta terra, facilitando e melhorando a existência de forma pacífica
e duradoura.
Entretanto, há as relações entre a mente e o corpo, apresentada a
milênios, representando reações de nossa atividade cerebral, numa dinâmica
materialista, ou através de algo imaterial numa problemática dualista, onde a IA
oferta a possiblidade de superação, solucionando os problemas existentes em
sociedade, proporcionando bem estar social e democracia, segundo Teixeira
(2019).
Podem-se, criar modelos e propostas de nossa maneira de pensar e agir
em sociedade, bem como sobre a percepção humana e seus pensamentos que
estão em nossa volta, de acordo com Teixeira (2019). Entretanto, alguns
pensadores acreditam que haverá uma redução do pensamento humano.
Contudo, a inteligência artificial veio pra ficar e facilitar a vida dos seres humanos
para que vivam de forma pacífica em sociedade, garantindo bem estar presente,
e para as futuras gerações, preservando natureza e planeta terra.
De acordo com Teixeira (2019), fazer uma história do desenvolvimento
da inteligência artificial não é tão simples e fácil. Embora seu aparecimento como
disciplina científica ocorreu a partir da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), ter
a ideia de se fazer uma máquina que pudesse copiar as habilidades humanas é
bastante antiga. Contudo, os primeiros registros sobre a inteligência artificial com
habilidades humanas, tem uma ideia lendária, desta forma, tornando-se difícil a
separação entre imaginação e realidade.
160
Um dos episódios mais interessantes do passado mítico da IA é a lenda
do Golêm Joseph. Golêm era um homem artificial que teria sido criado
no fim do século XVI por um rabino de Praga, na Tchecoslováquia (hoje
República Tcheca), que resolvera construir uma criatura inteligente,
capaz de espionar os inimigos dos judeus – então confinados no gueto
de Praga. O Gôlem era de fato um ser inteligente, mas que um dia se
revoltou contra seu criador, o qual então lhe tirou a inteligência artificial
e o devolveu ao mundo do inanimado. (TEIXEIRA, 2019, p. 14).
161
de reuni-las e compor algo parecido com uma ciência geral do
funcionamento da mente humana. Esse encontro ficou conhecido
como o Simpósio de Hixon, e aconteceu em 1948. (TEIXEIRA, 2019,
p. 17).
162
que escandalizava a sociedade britânica, de acordo com Teixeira (2019).
Cometendo suicídio devido ao provável preconceito que sofria devido a uma
sociedade burguesa moralista.
Todavia, Turing deixou uma enorme obra com produções científicas e
invenções matemáticas, onde em 1930 com o desenvolvimento de um problema
matemático muito complexo, ele criou a conhecida máquina de Turing, sendo
representada da seguinte forma.
163
FONTE: TEIXEIRA, 2019, p. 21.
164
Desta forma, foram permitidos reduzir-se os tamanhos das máquinas,
representando que as atividades mentais dos homens podem ser referenciadas
as máquinas, podendo ser algo mecanizado, entretanto, os computadores
modernos tem realizado de forma exponencial as atividades humanas, “que
nada mais são do que complexas máquinas de Turing que operam apenas com
os símbolos 0 e 1” (TEIXEIRA, 2019, p. 26).
Entretanto, para a utilização da IA são necessárias o uso da linguagem
humana, referenciando-se ao alfabeto humano, representando em termos de 0
e 1, com tais caracteres podem ser apresentados através de várias formas de
pensamento, utilizadas de diversas maneiras possíveis por meio da inteligência
artificial, segundo Teixeira (2019).
Todavia, o computar define as sequências necessárias conforme a
utilização adequada, criando formas específicas de definições e compreensões,
facilitando a vida humana em sociedade, através do uso da inteligência artificial.
Ou seja, a representação de uma sentença no computador pode construir uma
sequência extraordinariamente longa de 0 e 1”, (Teixeira, 2019, p. 27).
Assim sendo, uma sequência de sentenças, significa uma determinada
representação elétrica de pensamentos, envolto a circuitos interruptores
fechados ou abertos, tornando-se possível a facilitação da vida humana em
sociedade, em vista da promoção do bem estar social, utilizando-se da
inteligência artificial em tempos contemporâneos, de acordo com Teixeira
(2019).
Contudo, quando o ser humano raciocina, ocorre-se várias proposições
diversas, ou seja, um pensamento expresso nessa sentença, em que uma
proposição tem sempre uma característica especifica, sendo verdadeira ou falsa,
entretanto, raciocinar significa formular proposições e encadeá-las, de acordo
com Teixeira (2019).
Sendo desta forma, objeto de estudo desde a antiguidade, através de
uma disciplina chamada lógica, contudo, a poucos séculos, a lógica foi
intensamente avançada, passando a estabelecer representações simbólicas
para as proposições, usando-se de letras A, B, C, etc. designando proposições,
encadeando-os.
165
Estudos preliminares apontaram para a existência de quatro maneiras
básicas de combinar proposições: a conjunção, a disjunção, a
implicação e a bi-implicação. Podemos também negar uma proposição
qualquer, o que neste sistema de representação será feito colocando-
se o sinal ~ na sua frente. A negação de A será representada por ~A.
A conjunção de proposições significa liga-las pela partícula e. a
conjunção é simbolizada em lógica pelo sinal ^. Se tivermos duas
proposições, A for “O sol está brilhando” e a proposição B for “A tarde
está bela”. A disjunção significa ligar proposições pela partícula ou.
Assim, “O carro está andando ou o carro está parado” é um exemplo
de disjunção. A implicação é uma ligação do tipo: “Se está chovendo,
então a terra está molhada”. (TEIXEIRA, 2019, p. 29).
166
Sem dúvida, a inteligência artificial pode processar o pensamento
humano, tendo sentido suas formas de pensamento através das aspirações
humanas, ou seja os seres humanos possuem neurônios ligados por correntes
elétricas, se aproximando da formatação do computador, vinculado a IA, de
acordo com Teixeira (2019).
Entretanto, qual o significado de pensar atualmente, bem como formular
indagações a respeito da utilização das máquinas e da inteligência artificial, e
quais as relações com as necessidades humanas, havendo mecanização dos
processos mentais humanos, ou seja, uma máquina bem programada pode
pensar, bem como Deus pode dar alma a quem ele quiser, segundo Teixeira
(2019).
Afinal, a ciência e a tecnologia avançam a passos enormes e rápidos,
podendo efetivar benefícios imensuráveis a humanidade se utilizada de forma
consciente, portanto, “o pensamento não é um privilégio dado a nós pelo
Criador”, de acordo com Teixeira (2019), reconhece-se os avanços da
inteligência artificial e suas importantes contribuições ao mundo e humanidade,
contudo, o surgimento dos computadores abrem novas perspectivas e
abordagens, trazendo formas de compreensão a vida humana, com relação as
atividades mentais, de tal forma que pode-se reavaliar problemas e questões
sociais alarmantes, no intento de instaurar justiça social e democracia aos povos,
bem como preservação do planeta terra finito.
Todavia, a questão entre mente e cérebro pode causar muitos
paradoxos, concluindo em diversas ocasiões que se sabe muito pouco do
pensamento humano, bem como do cérebro, atormentando várias pessoas até
hoje, predomina-se contradições entre alma e espírito, material e imaterial, tais
questões levantadas, que devem ser problematizadas no âmbito da ciência,
conforme aponta Teixeira, ao discorrer sobre inteligência artificial.
Entretanto, a inteligência artificial contribui com os processos dispostos
entre as analogias possíveis, entre mentes e máquinas, esclarecendo aspectos
relevantes entre mente e o corpo, permitindo através dos avanços científicos e
tecnológicos.
Portanto, apresentando medidas para os problemas apresentados a
humanidade, facilitando e melhorando a convivência social, bem como no
quesito de oposição entre mente e corpo, envolvendo regras e realização física,
167
através dos diferentes estados da máquina programada. Desta forma, propõe-
se inovação, referindo-se ao software e ao hardware, obedecendo a
determinadas instruções, de acordo com Teixeira (2019).
168
Simulações funcionam como modelos, e é pela construção de modelos
de nós mesmos algum dia poderemos vir a conhecer os processos
mentais que nos permitem falar, perceber o mundo e efetuar
raciocínios. Os próprios mecanismos com os quais produzimos
conhecimento são as ferramentas que permitem desvendar sua
natureza. A mente pode conhecer a si mesma sem que haja risco de
cairmos em algum tipo de circularidade: eis o que propõem alguns
filósofos da ciência contemporâneos e, justamente com eles, os
teóricos da IA. (TEIXEIRA, 2019, p. 42).
169
Mas o que faz com que nós, seres humanos – a diferença das
máquinas – possamos compreender, enxergar e gerar significado para
nossa linguagem, nossos pensamentos e nossas ações. Os filósofos
chamaram a esta faculdade de intencionalidade – uma propriedade
que caracteriza nossos estados mentais. A intencionalidade se
manifesta na medida em que sabemos a que se referem nossos
estados mentais. Quando falamos, não estamos apenas emitindo
sons: sabemos do que estamos falando e que nossas palavras se
referem a coisas que estão no mundo. Todos os nossos pensamentos
– sejam eles expressos em palavras ou não – tem conteúdos que
apontam para coisas ou situação do mundo. (TEIXEIRA, 2019, p. 47).
170
a inteligência poderia ser uma característica apenas dos seres vivos, e não das
máquinas.
Importante dizer que a vida, a história e a evolução, essas sim, não
poderiam ser recriadas em algum laboratório. É importante dizer que, mesmo
com todas as críticas que a inteligência artificial sofreu, isto não significa dizer
que o projeto de construção de máquinas esteja fracassado, mas pelo contrário,
com os avanços das tecnologias, é bem provável que esses projetos serão
executados com sucesso. Muitas coisas se falam a respeito da IA, mas o que
sabemos é como ela poderá ser muito importante para os seres humanos, e será
um conjunto, onde seres humanos e máquinas poderão trabalhar juntos,
preservando acima de tudo, o bem estar e paz em sociedade.
Destarte, o trabalho deve ser socializado de forma justa, sem exploração
e acumulação de capital, e liberto do lucro, prevalecendo a ótica coletivista,
conforme expõe Marx (2010), onde a forma socialista de sociedade pretende
suprimir a propriedade privada dos meios de produção, bem como sua
socialização a toda a população, predominando-se, sobretudo, o mundo de
todos, com a utilização da inteligência artificial em pleno século XXI.
Abolindo-se as formas atuais de exploração do homem pelo homem,
garantindo bem estar social e o desenvolvimento pleno das capacidades
humanas, numa nova dinâmica econômica e política, com a supressão da classe
burguesa parasitária e exploradora da mão de obra alheia, de acordo com Marx
(2010).
Contudo, a sociedade atual, fundada pela violência e pela fraude, deve
ser abolida, onde uma minoria não trabalha, em detrimento do trabalho da
maioria, que produz toda a riqueza através do fruto de seu trabalho explorado,
sendo uma forma injusta de sociedade, portanto, o trabalhador considerado livre,
necessita pra sobreviver, vender sua força de trabalho a essa minoria burguesa
parasitária, e aceitar essa exploração para suprir suas necessidades básicas,
faltando-lhe muito em diversas ocasiões.
Sobretudo, a justiça e a fraternidade falham, segundo Marx (2010), ao
aceitar tais formas de exploração modernas, em substituição a escravidão e a
servidão de tempos passados, portanto, como haver moral nesta forma de
sociedade, bem como progresso ou outras formas de desenvolvimento humano,
em situação de total exploração e escravidão assalariada atuais.
171
Nesse sentido, evoluções sociais são imprescindíveis, em busca da
transformação social estrutural da sociedade burguesa neoliberal
contemporânea, principalmente utilizando-se da inteligência artificial em
proporcionar novas bases estruturais da sociedade socialista\comunista, bem
como com o desenvolvimento das bases capitalistas, já impossíveis de serem
mantidas devido ao nível de degradação propagado pela dinâmica do capital, de
acordo com Marx (2010).
Entretanto, as formas estruturais atuais do capital, permitem acumulação
de riquezas a uma mínima parcela da sociedade burguesa, intrínsecas a sua
estrutura econômica, e em seu modo de produção, formando-se classes e
hierarquias. “ Quando essas evoluções se efetuam, não é porque obedeçam a
um ideal elevado de justiça, mas sim porque se ajustam a ordem econômica do
momento” (MARX, 2010, p. 20).
Entretanto, tais movimentos sociais devem potencializar-se, permitindo
uma constante evolução, portanto, o trabalho livre é essencial a permanência do
capital, como forma da burguesia monopolizar toda a fonte de riqueza, fundando-
se na posse da terra e da propriedade.
Portanto, o trabalhador somente possui sua força de trabalho para
vender e se sustentar, dentro a ótica capitalista de produção, garantindo a
riqueza da burguesa minoritária, desta forma, o trabalhador fica condenado ao
trabalho assalariado nesta forma injusta de sociedade, destruindo sua
capacidade de pensar e criar novas possiblidades de emancipação humana.
Assim sendo, forma-se a burguesia capitalista e o proletariado
explorado, ocorrendo, “a satisfação das necessidades de uma parte da
coletividade mediante o trabalho da outra parte”. (MARX, 2010, p. 20). Enquanto
uns consomem de forma supérflua a produção dos outros, recebendo somente
o estritamente necessário a sua sobrevivência, confirmando uma sociedade
injusta socialmente e antidemocrática.
Ou seja, uma nova forma de sociedade de ser fundada no trabalho,
essencial a existência humana, substituindo as diversas formas de trabalhos
forçados, forma que alivia o capitalista de manutenção de seus produtores, onde
o assalariado necessita da renda de seu trabalho para comprar seu alimento, e
caso não tenha trabalho, fica a mercê da caridade burguesa, de cometer crimes,
e sobreviver na miséria propagada pelo capital neoliberal.
172
Desta maneira, cumpre ao poder público alimentar os que estão sem
trabalho e renda, ou seja, o conhecido exército industrial de reserva, conforme
defende Marx (2010), desempregados ou não, sob os interesses espúrios de
políticos e burgueses injustos, o que em muitos casos se veem impossibilitados
de cumprir tal missão. Contudo, o socialismo luta pela justiça social, com
interesse pelos seres humanos em sua totalidade, satisfazendo suas
necessidades fundadas no trabalho digno, onde a posição coletiva possa
prevalecer numa forma de sociedade, baseada na inteligência artificial capaz de
facilitar a vida humana em sociedade e preservação da natureza.
Segundo Cozman (2018), a inteligência artificial vem se expandindo e se
tornando cada vez mais realidade, bem como o uso de grandes bases de dados,
que proporcionam o reconhecimento de imagens, atenção da linguagem natural
e de tomadas de decisão, chegando a superar a atividade humana, gerando
reações de otimismo e pessimismo, com imensas riquezas no futuro, e vida com
facilidade e melhorias, e em outras visões vê-se o fim da espécie humana,
predominando extremos de visões e perspectivas, prevalece-se um conjunto de
distopias e utopias, que se utilizadas de forma consciente e racional, podem
trazer inúmeros benefícios a humanidade, a natureza e planeta terra finito,
necessitando-se de uma ampla organização social da sociedade
contemporânea. Todavia, a inteligência artificial seduz a sociedade, refletindo
em formas culturais, literatura, cinema, bem como em fatores econômicos e
científicos.
173
Porém, atualmente, os prognósticos são positivos, onde grandes
empresas como o Google e o Facebook, a utilizam de forma a facilitar o seu
trabalho, proporcionando entendimento de textos e reconhecimento facial, desta
maneira, várias empresas utilizam as bases de dados da inteligência artificial de
forma estratégica. “A sociedade é bombardeada com notícias sobre avanços da
tecnologia e de seus impactos”. (COZMAN, p. 33).
Contudo, a capacidade de armazenamento dos computadores eleva-se
radicalmente, o que de certa forma reduz os preços de vários produtos neste
sentido, bem como com relação a melhoria das redes de comunicação. Matura-
se técnicas computacionais, bem como em algoritmos de aprendizado,
envolvendo uma gama de bases de dados, referentes a otimização e
planejamento, melhorando a questão lógica e de probabilidades, expandindo a
geração automática de diagnósticos e planos, compreendendo imagens e
linguagem natural. “A área conseguiu finalmente concretizar algumas das
promessas feitas no seu início, logrando realizar computacionalmente atividades
que de fato parecem inteligentes”. (COZMAN, p. 34).
Desta maneira, são geradas reações tanto positivas como negativas,
otimistas e pessimistas, onde o aumento da produtividade pode ser
extraordinário, em outros casos, preveem-se a destruição da humanidade,
referenciando-se em abordagens amplamente contraditórias e distintas,
envolvendo perda de privacidade e de controle, prevalecendo o aumento da
desigualdade entre a humanidade, revelando-se em complexas determinações.
Todavia, decorre-se de variados modelos de futuro, onde o mundo é de
todos, e a inteligência artificial veio pra ficar, e garantir bem estar social a
humanidade, natureza e planeta terra, preservando vidas e um estado
democrático de direito, caminhando para o socialismo\comunismo, eliminando
as bases estruturais de exploração capitalista, onde a vida será plena e
confortável a todos os seres humanos, envolvendo uma organização racional e
consciente da sociedade, sobre o caos que se vive atualmente, e a necessária
preservação da natureza em vista da qualidade de vida, essencial ao planeta
com seus recursos finitos, de acordo com Cozman (2018).
174
A Inteligência Artificial hoje em desenvolvimento não tem condições de
planejamento em escala global nem de negociação sofisticada;
tampouco tem condições de assumir aparatos físicos que possam
realmente oferecer dano a populações de grande porte. (COZMAN,
2018, p. 35).
175
Neste sentido, opera-se de forma ética e democrática, de acordo com os
interesses humanos com justiça social, facilitando os diagnósticos médicos,
oferendo melhoras a sociedade de forma imensurável, promovendo melhor e
mais viável planejamento urbano e agrário. “Acoplado a um melhor planejamento
individual sobre opções de transporte, pode reduzir níveis de poluição e evitar
escassez de recursos; similares ganhos podem ser obtidos em todos os
aspectos da vida humana”. (COZMAN, p. 380).
Contudo, as máquinas podem operar atividades penosas, e os seres
humanos podem realizar atividades de seu interesse, facilitando a vida humana
em harmonia com a inteligência artificial, distribuindo riquezas e empregos,
havendo-se regras entre os seres humanos e as máquinas, sendo possível
predominar a democracia e a participação social, com distribuição de renda.
“Oferecendo programas de renda mínima para garantir que toda a população
tenha benefícios relativamente equânimes”. (COZMAN, p. 39).
Portanto, o uso das máquinas podem aumentar a produtividade,
elevando a riqueza geral da sociedade, melhorando a vida da humanidade em
geral, beneficiando as facilidades e melhorias em sociedade, ofertando mais
recursos de forma consciente, podendo-se reduzir a poluição, contudo, os
recursos públicos serão utilizados de forma mais consciente com o uso da
inteligência artificial, havendo maior controle social por parte da sociedade.
Sobretudo, deve-se haver uma legislação que proteja dados e o sigilo,
no entanto sem impedir a inovação. “Proibições genéricas baseadas em medos
abstratos só aumentarão a burocracia e reduzirão a produtividade. Uma boa
legislação deve incentivar o progresso e evitar as ameaças”. (COZMAN, p. 39).
Penetrando-se em diretrizes éticas, usufruídas através da inteligência artificial,
em favor da sociedade, com viés claro e ético, fundado na democracia e justiça
social necessárias ao bem estar social, socializando os meios de produção, onde
os casos mais complexos ficam a cargos dos seres humanos.
Desta maneira, reduzirá as falhas não humanas, dentro das mais
variadas atividades, representando uma sociedade onipresente, portanto,
transparente e justa, suprindo todas as formas de necessidades humanas
básicas, como moradia digna, trabalho com horas reduzidas e sem exploração
de classe, e bem estar social e preservação da natureza em um planeta finito.
176
Em uma sociedade com essas características, com menor pressão do
trabalho e melhor distribuição de riquezas, relacionamentos humanos
de qualidade poderão ocorrer naturalmente. Mesmo o uso de “amigos
artificiais” poderá ser útil para lidar com ocasionais episódios de solidão
ou de doença. Seres humanos poderão dedicar mais tempo a esportes,
artes, lazer. (COZMAN, 2018, p. 40).
177
Contudo, a produtividade eleva-se com o uso da inteligência artificial,
destacando-se a taxação redistributiva. “É preciso dar suporte à tecnologia e
regrá-la adequadamente, além de conduzir um debate sério sobre a forma mais
efetiva de distribuir riquezas geradas por inteligências artificiais”. Portanto, é
extremamente necessário focar-se nas formas de benefícios a sociedade,
através da inteligência artificial, promovendo bem estar social, prevenção de
doenças e justiça social, facilitando a existência humana em sociedade, sem
poluição e com harmonia social e socialização dos meios de produção, ou seja,
uma sociedade sem exploração de classes, desenvolvida e aprimorada.
O grande filósofo alemão Karl Marx, iniciou efetivamente sua trajetória
teórica em 1841, e com 23 anos recebeu o título de doutor em Filosofia pela
Universidade de Jena. As teorias de Marx sobre a sociedade, a economia e a
política. Dando ênfase ao Marxismo, onde é um método de análise
socioeconômico sobre as relações de classe e conflito social, adquirindo também
uma visão dialética de transformação social.
178
Cabe insistir na perspectiva crítica de Marx em face da herança cultural
de que era legatário. Não se trata, como pode parecer a uma visão
vulgar de “crítica”, de se posicionar frente ao conhecimento existente
para recusá-lo ou, na melhor das hipóteses, distinguir nele o “bom” do
“mal”. Em Marx, a crítica do conhecimento acumulado consiste em
trazer ao exame racional, tornando-os conscientes, os seus
fundamentos, os seus condicionamentos e os seus limites – ao mesmo
tempo em que se faz a verificação dos conteúdos desse conhecimento
a partir dos processos históricos reais. (NETTO, 2011, p.18).
179
Com o crescimento da burguesia, ela representou uma máxima
expressão das desigualdades socioeconômicas. Tendo como objetivo do
capitalista, a obtenção de lucros cada vez maiores e acumulação de riquezas, e
esses lucros são decorrentes do trabalho dos proletários através dos meios de
produção. Ocorrendo desta forma, o enriquecimento de uma pequena parcela
da população, e o empobrecimento das camadas mais baixas.
De acordo com Lefebvre (2009), há algumas consequências da
necessidade que assume para o capitalista individual a forma ilusória de sua livre
iniciativa. De modo com que ele modernize os seus equipamentos, adquirindo
máquinas para produzir a mesma coisa, porém, obter uma produção ainda maior
com a mesma mão de obra. Diante disto, ele vai arruinar seus concorrentes, ou
então eles também serão obrigados a modernizar suas fábricas. Pode-se dizer
que, obtém um “progresso” econômico, um desenvolvimento de forças
produtivas, mas as falências e a grande miséria para com os operários.
180
deles, mesmo que execute uma função essencial no processo do trabalho social,
e assim, não tem outro recurso senão o de vender ao capitalista a sua força de
trabalho, de acordo com Lefebvre (2009).
181
obscurantismo e, talvez por isso, do mesmo modo que a generalização
da alfabetização no passado, seja tão combatida. (DWIER, 2001, p.
59).
182
Portanto, armazenam-se dados e informações de forma qualitativa e
quantitativa, melhorando as pesquisas e as formas de análise, permitindo a
melhor avaliação possível, sabendo-se, inexoravelmente interpretar o objeto de
pesquisa, tendo desta forma, significado para a ciência, de acordo com Dwier
(2001).
Contudo, pensa-se em como pessoas sem uma adequada formação
teórica podem utilizar a inteligência artificial, sendo necessário ampliar esforços
na socialização do conhecimento e da programação adequada da inteligência
artificial, “a crescente informatização de registros e outros dados sobre múltiplos
aspectos da vida social transforma a estrutura básica do sistema de
aprendizagem em ciências sociais”. Sendo o professor um orientador de seu
aluno em busca de conhecimento e da pesquisa.
183
existissem. Uma vez classificados os dados, o pesquisador tem a
responsabilidade de aceitar, modificar ou rejeitar as classificações
antes de proceder à análise dos resultados. (DWIER, 2001, p. 68).
184
Guevara compreendera perfeitamente que um 1789 latino-americano
seria impossível: na era da revolução socialista e do declínio mundial
do imperialismo, as burguesias que chegaram atrasadas ao palco da
história não podem constituir senão uma força fundamentalmente
conservadora. Isso se tornou particularmente evidente na América
Latina após a Revolução Cubana, que polarizou o campo da luta de
classes: “A Revolução Cubana deu o sinal de alarme (...). As
burguesias nacionais se uniram ao imperialismo na sua grande maioria
e deverão ter a mesma sorte que ele em todos os países. A polarização
das forças antagonistas de adversários de classe é agora mais feroz
que o desenvolvimento das contradições entre exploradores para a
repartição dos despojos. Existem dois campos: a alternativa é cada vez
mais clara para cada indivíduo e para cada camada da população.
(LOWY, 2003, p. 109).
Defendendo assim, que deve haver uma revolução pela qual a classe
operária toma para si os meios de produção e o governo, suprimindo a burguesia
e os seus meios de hegemonia e manutenção do poder. Deveria ser criado um
Estado forte, com um governo chamado de socialista, que acabaria com a
propriedade privada e controlaria toda a propriedade em nome da população
formando Estado do proletariado. De certa forma, a tendência, defende o sistema
marxista, é que aos poucos, a diferença de classes sociais deixaria de acontecer,
pois, as classes seriam suprimidas, formando uma população economicamente
homogênea por meio da igualdade social. O fim desse processo, de igualdade
plena, seria o comunismo, que pode ser considerado uma utopia, pelo fato de
que até hoje, não foi concretizado.
De acordo com Mota (1994), a conjuntura política e econômica brasileira
deve ser objeto de estudo frequente, levada a setores antagônicos da sociedade,
necessitando-se ganhar as ruas na luta por direitos e melhorias das condições
de vida, contudo, os movimentos progressistas, voltados para o fortalecimento
da classe trabalhadora, devem inexoravelmente unirem-se e organizarem-se,
visando um projeto social alternativo ao que se define atualmente, com a rica
utilização da inteligência artificial.
Portanto, constata-se imensos retrocessos ao Brasil devido ao período
militar implantado a partir de 1964, a mando do EUA, fortalecido pela crise global
do capitalismo, onde as alianças para sair da crise, revelaram a implementação
do ideário neoliberal, vigente em tempos atuais, devendo-se ser
imperativamente superado, de acordo com Mota (1994).
185
Portanto, o projeto socialista deve reestruturar-se em tempos
contemporâneos, utilizando-se, sobretudo, da inteligência artificial em
proporcionar justiça social e preservação da natureza, em volto da
sustentabilidade ambiental e qualidade de vida a toda a população.
Desta maneira, evidencia-se questões relativas as expressões da
questão social, envolvendo desemprego e corrupção, segundo Mota (1994),
todavia, expressões como o fim da história assombra a sociedade, necessitando-
se de uma real problematização.
186
Um dos fatores mais constantes e efetivos das terríveis tensões sociais
reinantes é o desequilíbrio económico do mundo, com as resultantes
desigualdades sociais. Constitui um dos maiores perigos para a paz,
para a tranquilidade da ordem, o profundo desnível econômico que
existe entre os países economicamente bem desenvolvidos de um
lado, e, de outro lado, os países insuficientemente desenvolvidos.
Desnível que se vem acentuando cada vez mais, intensificando as
dissensões sociais e gerando a inquietação, a intranquilidade e os
conflitos políticos e ideológicos. (CASTRO, 1960, p. 19).
188
Um bom critério para ordenar debates entre marxistas é reconhecer
que existem discussões que a história resolveu, e outras que
permanecem inconclusas. O tempo demonstrou, por exemplo, que a
ex-União Soviética não estava em transição ao socialismo. Fosse qual
a natureza das relações sociais daquele modo de produção pós-
capitalista, uma controvérsia histórica e teórica que foi, em seu tempo,
decisiva – Estado socialista ou operário ainda, mas burocraticamente
degenerado; Estado burocrático; uma variante de capitalismo de
Estado; ou outras – não restam dúvidas que a União Soviética não
estava construindo uma sociedade mais igualitária. (ARCARY, 2011,
p. 146).
189
mundo, conforme pontuado no presente texto, sendo extremamente necessário
o repensar para uma nova forma de sociedade, através da inteligência artificial
e justiça social.
Todavia, as taxas de analfabetismo reduzirão entre pessoas de 15 anos
ou mais, entretanto serão 17 vezes maiores nos países pobres e em
desenvolvimento, em comparação com os países centrais desenvolvidos,
comprovando a alienação propagada pela classe burguesa em manter a pobreza
em seus patamares desescolarizados e como analfabetos políticos, de acordo
com o relatório da CIA (2006), para os anos de 2020.
Sobretudo, as mulheres serão ainda mais analfabetas conforme expõe
o relatório, sendo duas vezes maiores que os homens. “No entanto, de acordo
com as projeções do censo norte-americano, mais de 40 países – inclusive
muitas nações africanas, da Ásia central e a Rússia – devem ter uma expectativa
de vida menor em 2010 do que tinham em 1990”. (CIA, 2006).
Contudo, o prognóstico é de que a mulher conseguiu conquistar mais
direitos, abrangendo educação, participação política e igualdade profissional, em
boa parte do mundo, entretanto, os preconceitos permanecerão, em todas as
partes do mundo. “Embora a participação da mulher na força de trabalho mundial
tenda a continuar crescendo, as diferenças salarias e disparidades regionais
devem persistir”. (CIA, 2006).
Desta maneira, reforça-se os padrões patriarcais de existência cultural,
subordinando a mulher ao homem, de forma amplamente preconceituosa,
perpetuando-se o poderio do homem burguês e do modelo de família nuclear
dominante, desvalorizando as inúmeras formas de configuração familiar atual.
De acordo com a CIA (2006), é imprescindível amplas reformas que
abarque um bom governo e baixos índices de desemprego, em volto a um
sistema democrático participativo, permitindo inclusão social, onde a inteligência
artificial torna-se perfeitamente cabível e utilizável, ao melhorar a vida dos seres
humanos em possível harmonia social, com justiça e democracia.
A exploração pela criminalização das camadas mais pobres e negras em
nossa sociedade ainda é muito marcada no Brasil. De acordo com Sampaio
(2016), mais de dois terços da nossa história foram dominados pelo sistema
escravagista e a abolição da escravidão, onde muitos homens e mulheres foram
vítimas, sendo explorados e excluídos durante muitos anos.
190
Ressalta-se que a nossa cultura colonial não mudou suas forças e
relações de poder não se transforam, visto que, isto pode ser observado nos dois
pontos atuais, onde nossa sociedade é estruturalmente racista, preconceituosos,
com relação de cor e gêneros sexuais, onde a sociedade é classista, separando
os pobres dos ricos, e os negros dos brancos.
191
educação seja uma forma de independência para a sociedade, e sendo uma das
principais prioridades, em relação as políticas públicas.
192
científico, em vista da redução de índices alarmantes de criminalidade, e
expressões da questão social gritante.
193
quarta revolução industrial ou tecnologias disruptivas, como é o caso do Brasil,
em constante atraso e retrocesso.
Porém, encontram-se limites éticos e padrões internacionais que
definem o uso da IA em benefício da humanidade, envolvendo princípios e
valores na área ética, orientando o desenvolvimento, implantação e organização
da IA, de acordo com Cóbe (2020).
Ressalta-se, a importância da IA para o desenvolvimento mundial,
abrangendo estratégia e a adoção de políticas públicas eficazes para sua
implantação, bem como, que o Brasil elabore uma política de Estado consistente,
para não perder as oportunidades latentes com relação ao mundo globalizado,
podendo desta forma potencializar as demandas do país, em vista do bem estar
social e da democracia.
Sobretudo, é urgente a implantação de políticas públicas relativas a IA,
podendo elevar as desigualdades a nível mundial. “Segundo estimativas da
consultoria PwC, a inteligência artificial pode adicionar até US$ 15,7 trilhões à
economia mundial até 2030, aumentando em 14% o PIB”. (CÓBE, 2020, p. 41).
Portanto, avalia-se que até 2030, um terço da mão de obra mundial será
substituída por robôs, sendo extremamente necessário repensar a sociedade
atual, em vistas do progresso, e do mundo para todos, desta maneira, o Brasil
deve avançar progressivamente neste sentido, em vista da melhoria das
condições de vida de seu povo.
194
Destarte, o interesse por inteligência artificial vem crescendo de forma
exorbitante, e alguns países adotaram estratégias para acelerar este processo,
visando impulsionar o desenvolvimento, abarcando políticas governamentais
coordenadas, maximizando os benefícios e minimizando os custos econômicos
e sociais em seu processo de desenvolvimento, conforme expõe Cóbe (2020),
podendo-se potencializar o desenvolvimento e progresso de um determinado
país com as inovações proporcionadas pela IA em sua era contemporânea.
Portanto, além dos inúmeros benefícios da IA, cabe ressaltar seus
efeitos nocivos, no processo de automatização da força de trabalho, sobre os
ecossistemas de dados mais seguros, e os princípios éticos necessários,
norteando pesquisas e o desenvolvimento de sistemas autônomos,
predominando o conceito de justiça social, essencial nesta gama de
conhecimento científico e tecnológico.
Sendo, desta forma, urgente políticas públicas no campo da IA, ou seja,
é necessário desenvolver-se neste sentido, em vista de uma ampla
desvantagem já percebida a nível mundial, podendo não ser recuperado no
futuro, causando regresso quanto ao desenvolvimento econômico envolvendo a
segurança do brasil, bem como sua soberania, conforme indica Cóbe (2020).
Contudo, nos últimos três anos mais de 40 países organizaram grupos
de trabalho envolvendo estudos na área da IA, abrangendo estratégias nacionais
de progresso e desenvolvimento, no intendo de implantar políticas públicas em
torno da inteligência artificial, elaborando-se estratégias nacionais, engendrando
uma estratégia digital mais ampla em determinados países.
195
Entretanto, em muitos locais, visa-se o processo de industrialização,
enquanto prioridade estratégica. Contudo, atualmente existem o conceito de
indústria digital ou indústria 4.0. Relaciona-se a chamada quarta revolução
industrial, com expansão da internet e da inteligência artificial em constante
progresso e intensificação.
196
Portanto, a construção de políticas púbicas incentivando tais pesquisas,
é essencial para o desenvolvimento dos países, bem como grupos de trabalho e
relatórios com propostas aos governos, abrangendo fatores éticos, normativos,
socioeconômicos e do crescente uso da inteligência artificial, segundo Cóbe
(2020).
De acordo com Cóbe (2020), os EUA é o país que possui maior número
de documentos publicados sobre sua estratégia nacional de desenvolvimento de
IA. Além de direcionar agências federais a adotarem múltiplas abordagens para
o avanço da inteligência artificial, como promoção de investimentos em pesquisa
e desenvolvimento, acesso qualificado a infraestruturas cibernéticas e dados e
remoção de barreiras regulatórias.
Em relação aos países, em questão desta tecnologia, a China também
faz parte desta relação. Na visão do presidente da China e seus líderes, estar
frente a inteligência artificial é muito importante para o poder global, quando
trata-se de termos econômicos e militares. Compreende-se que através desta
visão, a China vem se expandindo aos projetos de grande escala, e tendo
objetivo de se tornar a maior nação envolvida no campo da inteligência artificial.
Segundo Cóbe (2020), os países europeus, tem buscado influenciar o
desenvolvimento da inteligência artificial tanto na esfera doméstica, com
destaque para França, Alemanha e Reino Unido, quanto na esfera
supranacional, no âmbito da Comissão Europeia.
197
FONTE: CÓBE, 2020, p. 46.
198
big data, e analytics, redes de alto desempenho, criptografia, rede 5G
e computação em nuvem. (CÓBE, 2020, p.46).
199
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