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DAYANE FELIX COLUCCI

LUIZ HENRIQUE MICHELATO

NORTE PIONEIRO PARANAENSE E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL:


POSSIBILIDADES DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

CORNÉLIO PROCÓPIO\PR
2020

Administradora e Pesquisadora Independente. E-mail: dayfelixcolucci@hotmail.com


Professor, Pesquisador Independente e Assistente Social – CRESS\PR 10830 – Prefeitura
de Sertaneja\PR – CRAS\CREAS. E-mail: luizhenriquemichelato@gmail.com
APRESENTAÇÃO

A presente obra tem como objetivo, analisar e compreender a realidade


do norte pioneiro do Paraná em seu processo histórico de formação, avaliando
dados e referencial bibliográfico, bem como, apresentar a abordagem referente
a inteligência artificial em propor qualidade de vida a população.
Apresenta-se possiblidades de transformação social, analisando e
compreendendo os rebatimentos do sistema escravagista vigente até o fim do
século XIX, que iniciou o processo de exploração no norte do Paraná, bem como,
o atual sistema capitalista neoliberal que eleva consideravelmente as
expressões da questão social.
Contudo, a presente obra, parte da premissa da real implantação do
Estado Democrático de Direito, garantido pela Constituição Federal de 1988, e
que jamais ocorreu no Brasil, seja por interesses nacionais e internacionais,
conforme apontado no presente texto.
Avalia-se, sobretudo, a exploração e a matança ocorrida no processo de
formação do norte pioneiro paranaense, e que predomina em tempos atuais,
onde índios, caboclos, sertanejos, pequenos agricultores, entre outros povos,
foram dizimados no processo de formação da região do norte do Paraná, em
benefício do lucro e do chamado ‘progresso’.
Analisa-se, indicadores alarmantes de concentração fundiária,
imobiliária e de renda, bem como, elevados índices de criminalidade,
desemprego, déficit habitacional, entre outras mazelas e expressões da questão
social em evidência histórica no estado do Paraná, Brasil e mundo.
Entretanto, alternativas são apresentadas, no sentido da transformação
social em pleno século XXI, em prol da construção de um mundo para todos,
com o usufruto da inteligência artificial, sobretudo, em promover trabalho e
justiça social a todos os povos, facilitando a existência humana em sociedade,
preservando natureza, vidas, animais e planeta terra finito.
Enfim, o desejo por mudança fortalece os autores, a juntamente com
toda a sociedade, repensar as formas atuais de sobrevivência, com poluição,
medo e insegurança, em vista da construção de um mundo melhor, com justiça
social, democracia e participação de todos, permitindo o pleno desenvolvimento
de capacidades, com o uso da inteligência artificial em facilitar a vida humana.

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DESIGUALDADE E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL, A LUTA DE CLASSES NO
NORTE PIONEIRO

A região norte do Paraná comporta a mesorregião do Norte Pioneiro,


com potencial agrário pujante, havendo considerável concentração de bens e
meios de produção, com necessidade preponderante por uma ampla reforma
agrária, urbana, sociocultural, política e econômica, em vista da necessidade da
população, em promover a geração de trabalho, renda, redução da
criminalidade, bem como a dignidade da pessoa humana, conforme vasta
evidência científica. (IPARDES, 2020).
Permeando a discussão sociocultural, a luta por direitos e a
transformação social, no sentido de ultrapassagem da atual forma de sociedade,
proporcionando justiça social e pleno desenvolvimento de capacidades. Nesta
seara, faz-se necessária reflexão acerca da imensa desigualdade social, bem
como a exploração de classe, causando degradação e inúmeros problemas
sociais.
O sistema atual não é apenas uma realidade econômica, visto que a
economia do Paraná é bastante diversificada e seu alicerce se concentra em
grande parte na agricultura, pecuária, mineração, extrativismo vegetal e
indústria, a região do norte pioneiro possui o solo bastante fértil, destacando
assim a produção de trigo, milho, soja, algodão, café e cana de açúcar. (IBGE,
2020).
Existe uma realidade extremamente complexa no aspecto sociocultural,
abrangendo a questão do direito, Estado, filosofia, ciência e tecnologia, entre
outras perspectivas relevantes, portanto, a análise aplica-se ao funcionamento
estrutural da ordem global, principalmente sobre a expansão capitalista no Brasil,
“uma sociedade nacional do mundo subdesenvolvido”. (FERNANDES, 1983).
O desenvolvimento do mundo ocidental proporciona profunda reflexão
sobre sua relação com a sociedade brasileira, onde o movimento de colonização
visa sua remodelação em terras brasileiras, consagrando uma mistura entre
trabalho escravo, plantações e expropriação. Acrescenta-se neste período, a
crescente formação de um Estado nacional, bem como a organização da
sociedade e da economia. O que predomina é um regime de castas, “pois ele
constitui a base econômica e social da transformação dos “senhores rurais”

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numa aristocracia agrária”. (FERNANDES, p. 19). Permanecendo em tempos
atuais, propiciando a elevação das expressões da questão social.
A Inglaterra se torna importante parceiro comercial do Brasil, culminando
na expansão do imperialismo econômico, representando um intenso processo
histórico-social, ocasionando o desenvolvimento do capitalismo no país,
sofrendo profundas alterações e estruturações, onde as elites senhoriais nativas
dominam a economia, política e a estrutura social vigente, de acordo com as
necessidades do mercado mundial, fatos estes ocorridos em meados do século
XIX, período considerado de grandes turbulências e modificações em vários
territórios do mundo, em uma perspectiva colonial e neocolonial, onde
predominou uma abordagem heteronômica em território tropical, mantendo-se
as relações de exploração e destruição de vidas e da natureza.
Instaura-se no Brasil a chamada Idade Moderna, segundo Fernandes
(1983), onde o capitalismo comercial engloba as instituições econômicas,
preponderando certa intensidade, considerado algo moderno e novo, sobretudo,
prevalecendo os interesses externos. Neste ínterim, o país deveria ter se
desenvolvido de acordo com seus próprios interesses de forma autônoma,
havendo uma constante predominância do pensamento europeu. “A história dos
homens passara a ser feita e contada em função de sua capacidade de lidar com
o capitalismo como uma realidade interna”. (FERNANDES, 1983).
Predomina o funcionamento de países economicamente dependentes e
politicamente livres, que surgiram da expansão do mundo ocidental moderno de
acordo com Fernandes (1983) nos quais os proprietários de imensas porções de
terra concentravam poder político, econômico e social, havendo a
universalização do trabalho livre, prevalecendo o poderio dos senhores do
sistema agrário, constituindo a base política, econômica e social da sociedade,
promovendo a sistematização do capitalismo, organizada sob a importação e
exportação, garantindo sua plena expansão.
A indústria vem crescendo de forma rápida e contínua, com isso
podemos mencionar as oportunidades de empregos para milhares de jovens e
famílias que estão necessitando para sobreviver. “Primeiro, os salários do
trabalho variam com a facilidade ou dificuldade, a limpeza ou imundície, a
honradez ou desonorabilidade do emprego”, segundo Smith (2010). Os lucros
do capital parecem ser pouquíssimos afetados pela facilidade ou dificuldade do

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aprendizado do ofício em que é empregado. O emprego é muito mais constante
em alguns ofícios do que em outros. Na maior parte dos manufatureiros, um
jornaleiro pode estar bem seguro de emprego quase todo dia do ano em que
estiver apto a trabalhar. Um pedreiro ou canteiro, pelo contrário, não pode
trabalhar com frio intenso ou mau tempo, e seu emprego em todas as outras
épocas depende das chamadas ocasionais de seus fregueses. Ele está apto, por
conseguinte, a ficar sem trabalho. (SMITH, 2010).
A probabilidade de que qualquer pessoa em particular esteja qualificada
para o emprego, para o qual é educada, é muito diferente nas várias ocupações.
Na maioria dos ofícios mecânicos, o sucesso é quase certo, mas muito incerto
nas profissões liberais. Ponha seu filho como aprendiz de sapateiro, e haverá
pouca dúvida de que aprenderá a fazer um par de sapatos; mas mande-o estudar
as leis, e haverá vinte chances contra uma de que ele terá tal proficiência de
modo a poder viver desse negócio. (SMITH, 2010).
Destaca-se, na política liberal, um amplo favorecimento do capital em
vista da força de trabalho, naturalizando a pobreza, e causando a exploração de
vários territórios diferentes, bem como várias novas conquistas ocorrem,
ampliando os poderes de uma parcela mínima de países.
Relacionando os séculos pertinentes, verifica-se uma evidente
concentração de poder político e econômico, favorecendo poucas pessoas e
famílias, em detrimento de parcela imensurável de outros indivíduos, sendo
extremamente relevante socializar meios de produção e distribuir a riqueza
socialmente produzida, proporcionando justiça social e democracia.
Nesta correlação entre perspectiva crítica e posicionamento liberal,
verifica-se qual caminho pode-se permitir aos seres humanos se desenvolverem
de acordo com suas capacidades e habilidades, com todas as oportunidades
possíveis, podendo prevalecer o reino da felicidade, onde o trabalho seja
garantido em toda hipótese, pois a terra deve ser de todos, predominando a paz
social. (MARX, 2010).
Focalizando na região da comarca de Cornélio Procópio\PR, verifica-se
demasiadas necessidades, como a geração de trabalho e renda, redução de
déficit habitacional, e valorização dos seres humanos, proporcionando justiça
social. É imprescindível abolirmos os sentimentos de arrogância e
individualismo, através de uma profunda mudança cultural, causando impactos

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benéficos ao desenvolvimento da sociedade. Desta forma é necessário
desconcentrar renda e promover a inclusão de indivíduos em situação de
vulnerabilidade social, bem como lidar de forma democrática com as expressões
da questão social. (CF88).
Em pleno século XXI torna-se inadmissível permitir-se tamanha
desigualdade social, com profundas crises e inúmeros problemas e mazelas
sociais, sendo importante considerarmos o pleno desenvolvimento social, da
classe trabalhadora, garantindo uma sociedade emancipada, livre de
preconceitos e sentimentos individualistas, que causam imenso mal-estar social,
como desemprego, aumento do índice de criminalidade e intensa desigualdade
social, portanto, a classe trabalhadora deve se unir em prol de sua plena
expansão, e constante alteração sociocultural, permitindo a melhoria da
sociedade.
A transformação social ocorre-se através do despertar para uma nova
forma de realidade, sem exploração, com horizontes prospectivos ao
desenvolvimento humano, oportunizando autonomia e união entre os povos. O
desejo subjacente deve construir um posicionamento coletivo, no sentido de
autogestão, organização e ética social. (MARX, 2010).
Constata-se, acerca de formas de se gerar emprego, renda e
distribuição, algo perceptível e estrutural ao sistema capitalista, sob o ideário
neoliberal, e o extremo favorecimento a acumulação de capital, causando
defeitos como o desemprego, desocupação, baixa escolaridade, meritocracia
burguesa, bem como péssima distribuição de riqueza. Segundo Keynes (1982),
na Inglaterra desde fins do século XIX, conseguiu-se reduzir sua desigualdade
social, tributando impostos sobre renda e herança, medidas essas, essenciais
ao progresso e transformação social.
Neste ponto de vista, observa-se com relação ao aumento do capital, “de
que uma grande proporção desse crescimento depende das poupanças dos
ricos a partir do que lhes é supérfluo”. (KEYNES, 1982, p.284). Ou seja, medidas
urgentes devem ser tomadas no sentido da redistribuição da renda e da riqueza,
promovendo o pleno emprego e condições dignas de sobrevivência,
preservando natureza e sociedade saudáveis.
A propensão a consumir pode aumentar consideravelmente neste tipo
de contexto socioeconômico, proporcionando incentivo ao investimento, sendo

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imprescindível a intervenção do Estado Democrático de Direito nesta forma de
trabalho. “A abstinência dos ricos mais provavelmente tolhe do que favorece o
crescimento da riqueza”, (KEYNES, p. 285). Possibilitando moderação no trato
com a classe trabalhadora no processo de reprodução social.

Além disso, a possibilidade de ganhar dinheiro e fazer fortuna pode


orientar certas inclinações perigosas da natureza humana para
caminhos onde elas se tornem relativamente inofensivas e, não sendo
satisfeitas desse modo, possam elas buscar uma saída na crueldade,
na desenfreada ambição de poder e de autoridade e ainda em outras
formas de engrandecimento pessoal. (KEYNES, p.285, 1982).

Neste sentido, torna-se relevantíssimo, promover a distribuição de


renda, bem como priorizar uma cultura apoiada por um senso coletivo e
organizado, abolindo a perspectiva da meritocracia, bem como do pensamento
liberal burguês, capaz de propiciar prejuízos e destruição em massa, degradação
da natureza e sentimento mesquinho e individualista, conforme apresenta
Keynes (1982), sendo necessário que se implante o Estado de Bem Estar Social,
vinculado a uma perspectiva democrática e pluralista, sem descartar a
possiblidade de instauração do socialismo, caminhando inexoravelmente a uma
sociedade comunista, livre das amarras do capital.
Todavia, uma sociedade ideal se constrói a partir de uma alteração
profunda em suas bases socioculturais, políticas e econômicas, proporcionando
emancipação humana, democracia e oportunidades de desenvolvimento, desta
forma, é urgente o sentido por mudança e reflexão, sobretudo, sobre a forma
estrutural da sociedade de classes e de exploração vigentes, visando uma
constante transformação social e abolição do sistema capitalista, ou seja, a
paixão pelo lucro deve exaurir-se progressivamente para o bem da humanidade.
(MARX, 2010).
Destarte, percebe-se o quão inexorável é uma profunda e reflexiva
alteração das bases sociais, políticas, econômicas e culturais, visando
redistribuição e democracia plena, proporcionando melhoria das condições de
vida, e redução da perversidade atual destruidora de vidas humanas, e da
natureza essencial à existência do planeta e da paz entre os homens.

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UMA NOVA PROPOSTA DE SOCIEDADE É POSSÍVEL

Adentrando a uma perspectiva especial de mudança, necessita-se de


uma real organização de classe, portanto, a classe explorada pelo capital, no
sentido de transformação da estrutura social vigente, constituindo o reino da
oportunidade e do desenvolvimento do ser humano. As condições históricas são
fatores determinantes neste processo, bem como o desenvolvimento técnico
científico, permite que a humanidade sobreviva em condições dignas de
existência, livre da exploração de classe, em benefício da qualidade de vida
necessária a tranquilidade social. (ENGELS, 2011).
Uma organização consciente e sistemática deve prevalecer em uma
nova forma de sociedade, onde sejam tomados os meios de produção, e a
escravidão capitalista do século XXI seja extirpada. Segundo Engels (2011),
passaremos da “era da fatalidade à era da liberdade”, neste sentido, torna-se
ideal a organização da classe trabalhadora em prol do bem da humanidade em
vista da construção da paz no mundo.
O produto não mais dominará o produtor, sendo abolida a atual anarquia
no processo de produção social, onde o individualismo desaparecerá, desta
forma, poderemos afirmar com plena certeza, que sairemos do reino animal
perverso e degradante e organizaremos a sociedade de uma forma democrática
e participativa, onde o trabalho será considerado valor fundamental de
desenvolvimento e condições de existência, conforme expõe Engels (2011).
Os meios de produção devem ser socializados, predominando uma
concepção coletivista, onde a organização e a consciência no trato com a
natureza e a produção necessária dos bens a sobrevivência humana, sejam
usados de forma plena e consciente, sendo trabalhada desde as fases iniciais
da vida, até o total desenvolvimento do ser humano, respeitando todos seus
estágios de existência em sociedade. “Terá, enfim, mudado condições de
existência animais por condições de existência realmente humanas”. (ENGELS,
2011, p. 94).
O ser humano passará a controlar seu próprio domínio, portanto, o
sistema será organizado a partir da ética e democracia necessárias ao pleno

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desenvolvimento das capacidades da humanidade, refletindo acerca da
necessária sobrevivência, bem como do respeito a natureza e a saúde de todos,
o homem controlará a forma econômica, política e sociocultural, a partir do
respeito e da paz social, considerando sua total capacidade em agregar valores
e conceitos voltados ao bem estar social, conforme seres humanos dotados de
capacidade crítica, frente ao sistema atual degradante, tornando os seres
humanos dotados de organização social, sendo “senhores reais e conscientes
da natureza”. (ENGELS, 2011).
Todavia, deve-se, em caráter de extrema necessidade humana, aplicar
leis que propiciem o pleno conhecimento de causa, realizando seu próprio
governo, democrático e participativo, considerando todas as necessidades dos
indivíduos, organizando natureza e sociedade, sendo possível haver harmonia e
participação social, concentrando esforços frente às demandas apresentadas
através da elevação dos índices das diversas mazelas sociais, causando imenso
mal-estar social, e destruição da natureza e das formas pacíficas de existência
em sociedade.
Deve-se, sobretudo, fomentar a discussão entre a parcela mais
vulnerável da sociedade, concentrando esforços em seu desenvolvimento
socioeconômico, cultural e político, visando autonomia e emancipação social,
melhorando as condições de existência da sociedade em preservação com a
natureza. (ENGELS, 2011).
No tocante a questão agrária, é essencial desconcentrar a terra,
proporcionando dignidade a toda população, promovendo o Estado Democrático
de Direito e o bem estar social, considerando a necessidade pela transformação
social e apropriação dos meios de produção pelo proletariado organizado,
visando à coletividade e uma gestão participativa, entrelaçando natureza e
história, instaurando sua livre iniciativa, em prol do bem comum.

As forças sociais – criadas pelos próprios homens, como seres


plenamente conscientes do que vão fazer, sabendo as causas sociais
que porão em movimento – produzirão, em medida sempre crescente,
os desejados efeitos. A humanidade sairá, por fim, do reino da
fatalidade para entrar no da liberdade. (ENGELS, 2011).

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Enseja-se, portanto, a real necessidade pela alteração da estrutura
social presente, em benefício da continuidade da existência humana, focalizando
a preservação saudável de vida, e a correlação entre fatores imprescindíveis ao
pleno desenvolvimento social, neste sentido, transformações profundas devem
ser implantadas em todas as esferas existentes, causando a resolução pacífica
de conflitos.
A solução dos antagonismos perpassa sob a questão do
empoderamento político, transformando os meios de produção em condições
socializadas, sendo tomados da burguesia parasitária e mesquinha. Dando-lhe
caráter social a produção da realidade histórica, proporcionando plena liberdade.
“Torna possível à organização da produção social segundo um plano
predeterminado”. Sendo evidente o anacronismo atual, onde persevera um total
desenvolvimento das foças produtivas e do capital, sendo necessária a alteração
do sistema, em vista de uma existência digna em sociedade. (ENGELS, 2011).
O que predomina em contexto atual, é a anarquia social da produção,
devendo os homens, sobretudo, tornarem-se senhores de seus próprios meios
de associação, ou seja, controladores da natureza, e donos de si mesmos, livres
e em respeito pleno pelo próximo. O proletariado moderno deve
inexoravelmente, caminhar neste sentido histórico, em vista da libertação do
mundo do capital privado dos meios de produção, preponderando pelo diálogo e
pelo conhecimento científico, aprofundando as condições históricas, visando à
ação em classe, atual classe oprimida. Eis a condicionalidade evidente do
socialismo científico, em propiciar o desenvolvimento e organização da classe
proletária e sua plena consciência de classe, modificando a realidade atual e
suas bases e estruturas de exploração, condicionando o pleno desenvolvimento
de capacidades e oportunidades. (ENGELS, 2011).
O movimento revolucionário deve se fortalecer em vista da construção
de uma sociedade emancipada e reconhecedora de sua importância social,
proporcionando condições de existência dignas e satisfatórias ao pleno
desenvolvimento humano, com predominância da cooperação entre os povos e
da eliminação das fronteiras predeterminadas, eliminando o capital privado dos
meios de produção e promovendo sua socialização.
O povo deve reconhecer sua própria condição de explorado pelo
capitalista, podendo rebelar-se frente a tal existência indigna, onde seu trabalho

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é expropriado pelo proprietário dos meios de produção, que geralmente
sobrevive de forma fútil e decadente, através do suor do trabalhador explorado
e oprimido, que sofre com alta tributação de impostos, em privilégio da classe
burguesa inescrupulosa, que destrói o planeta e prejudica a existência humana
em tranquilidade e paz social. (ENGELS, 2011)
A atividade intelectual, neste sentido, torna-se argumento
imprescindível, no combate a este sistema desprezível, do ponto de vista social
e econômico, proporcionando reflexão ao proletariado, em vista da alteração
desta atual forma de sociedade, causadora de imensos prejuízos sociais,
elevando as taxas das expressões da questão social, potencializando índices
alarmantes da degradação humana.
Extrair as múltiplas determinações do capital se faz necessário,
descobrindo-se em uma ampla perspectiva histórico-social da estrutura social
capitalista, sistematizando o objeto que causa perplexidade, no sentido de
aguçar a curiosidade acerca das várias determinações socioculturais e
econômicas, no intento de alterar a ordem social burguesa, de acordo com
Engels (2011). Através das preposições concretas, há um evidente campo
teórico e prático de atuação e ação das forças produtivas, podendo verificar uma
real necessidade do despertar para uma consciência de classe revolucionária,
no sentido da transformação social estrutural. No plano do pensamento deve-se
potencializar a capacidade criativa do ser humano, em um amplo processo de
múltiplas determinações que promovem a construção do concreto real em
sociedade.
Neste ínterim de imensa complexidade e contradição, enquanto classe
social explorada. Considera-se um desprendimento da realidade por parte de
imensa parcela da sociedade atual, no sentido da transformação social e pujante
alienação, sobretudo em tempos modernos, o capital atua, no sentido de causar
pânico social, elevando índice de criminalidade e concentração de riqueza,
favorecendo o crescimento de determinados segmentos econômicos e
comerciais, como, a elevação em proporções perversas, da indústria bélica e
farmacêutica, bem como da instalação de sistemas de segurança, em vista da
imensa desigualdade social, criminalização da pobreza, e concentração de
renda há uma parcela mínima da sociedade capitalista neoliberal vigente em
pleno século XXI, devendo inexoravelmente ser abolida de acordo com enorme

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evidência científica, conforme trabalho apresentado no presente texto, conforma
expõe Engels (2011).
Uma nova moral, calcada no materialismo histórico é necessária em
tempos atuais, em vista da resolução dos conflitos de classe e da exploração
vigente, sendo imprescindível fundamentar-se em uma nova perspectiva moral,
no tocante a valorização do ser humano, considerando o poder do homem sobre
a natureza, em proporcionar seu pleno desenvolvimento de capacidades
imanentes, onde os desejos individuais não devem se sobrepor aos interesses
coletivos, proporcionando condições de existência propulsoras de oportunidades
a todos, sem a necessidade de existência de classes sociais.
Centralizando esforços na região do norte pioneiro do Paraná, conforme
indicações.

Região do norte pioneiro do Paraná. IPARDES, acesso em 26\07\2020.

Segundo dados do IPARDES (2018), a região do Norte Pioneiro


Paranaense possui 415.057 eleitores, e 21 zonas eleitorais. A região possui área
territorial de 15.733,485 km². O grau de urbanização registrado em 2010 é de
80,00%, a população estimada em 2019 é de 554.411 habitantes, totalizando
436.958 habitantes na área urbana e 109.266 na área rural, possuindo taxa
negativa de crescimento geométrico populacional de -0,04%, e uma taxa de
envelhecimento de 42,77%, apresentando-se dados passíveis de análise
visando o bem estar social e a dignidade da população.
Segundo o IPARDES (2018), na área da Educação, registra-se no
quesito matrículas na educação básica 122.319, e matrículas na Educação
Superior Presencial é de 11.361, e Matrículas na Educação Superior a Distância
é de 8.387, pode-se notar, assim, poucas matrículas no ensino superior, que,

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poderia atingir um número muito maior de matriculados neste ano de 2018 e
posteriores, promovendo o desenvolvimento regional necessário a autonomia e
emancipação da sociedade.
A taxa de mortalidade geral é de 8,32 para cada mil habitantes, segundo
dados do IPARDES (2019), na região do norte pioneiro do Paraná, havendo
assim, uma porção considerável de mortes que merecem autêntica reflexão
sobre suas mais variadas formas, havendo 1.128 estabelecimentos de saúde na
referida região, demandando a abertura de instituições, neste sentido, em vista
do desenvolvimento regional necessário. A região registra 12,58 de taxa bruta
de natalidade a cada mil habitantes.
O IPARDES (2019), apresenta na região do norte pioneiro do Paraná,
de 205.060 domicílios pesquisados, apenas 98.171 possui atendimento de
esgoto, registrando índice alarmante de estruturação nesta área, essencial a
existência saudável humana em preservação com a natureza. Com relação ao
trabalho, existem 14.462 estabelecimentos, 5.201 pertencem ao comércio
varejista e 3.049 a agropecuária, e 107.789 empregos registrados no ano de
2018. A população em idade ativa (PIA) é de 471.693, a população
economicamente ativa (PEA) é de 274.084, e 257.050 representa o número da
população ocupada (PO), ou seja, representando dados alarmantes quanto a
geração de trabalho e renda e população do norte pioneiro, em vista da garantia
da legislação nacional vigente, favorecendo a redução da perversidade atual,
quanto a índices urgentes e degradantes de elevação da criminalidade, déficit
habitacional, e demais expressões da questão social intensificada pelo sistema
capitalista neoliberal depredador de vidas e da natureza.
No tocante a agropecuária, segundo dados do IPARDES (2018), a região
do norte pioneiro paranaense registra R$ 6.879.580.710,81 com relação ao Valor
Bruto Nominal da Produção Agropecuária, concentrando imensa renda e riqueza
socialmente produzida com poucas pessoas na sociedade desumana
contemporânea, onde 7.056.970 corresponde a Produção Agrícola - Cana-de-
açúcar (toneladas), 1.721.871 de Soja (em grão) toneladas, 1.258.661 em Milho
(em grão) (toneladas), 1.029.504 Galinhas (cabeças), 1.010.985 Bovinos
(cabeças). Verifica-se uma enorme concentração e poucos produtos, gerando
desemprego em massa e constante exploração e destruição, sendo necessário

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uma ampla alteração nesta forma de sistema, utilizando-se, sobretudo, da
inteligência artificial em remodelar a sociedade.
De acordo com o IPARDES (2019), as receitas municipais da região do
norte pioneiro do Paraná registram R$ 1.566.694.583,94, as despesas
Municipais contabilizam R$ 1.525.811.027,35, referente ao ICMS Ecológico o
valor é de R$ 15.195.939,36, e no Fundo de Participação dos Municípios o valor
corresponde a R$ 530.552.894,58, havendo uma necessidade extrema por uma
eficaz avaliação institucional no sentido de alocação correta das políticas
públicas, promovendo bem estar e transformação social estrutural.
No campo sobre produto e renda, segundo dados do IPARDES entre os
anos de 2017 e 2018, a região do norte pioneiro paranaense, registrou PIB Per
Capita de R$ 25.287, Produto Interno Bruto (PIB) a Preços Correntes R$
14.287.708. Em Produção Primária contabilizou R$ 4.130.114.298, em
Comércio e em Serviços R$ 3.203.507.587, e na Indústria R$ 2.612.283.839.
Portanto, sendo extremamente necessário, reavaliar-se as atuais formas de
obtenção de renda em vista de sua democratização e autogestão,
proporcionando distribuição de renda e geração de trabalho, consequentemente
melhorando as condições de vida da população da referida região estudada e
analisada.
No município de Cornélio Procópio que possui 46.659 habitantes, um
dos principais da região do norte pioneiro paranaense, possui algo em torno de
(16,5%) 7.731 pessoas vivendo com menos de 1\4 de salário mínimo mensal,
representando um dado alarmante, no sentido de justiça social, segundo dados
do IPARDES (2010). Em Sertaneja de 5.816 habitantes, 1.516 (26,1%) de
pessoas sobrevivem com a mesma quantidade citada no município anterior,
representando em números, a desigualdade social gritante em nossa região,
onde prevalece uma intensa concentração de renda, terras e riqueza
socialmente produzida, neste sentido, sendo imprescindível, uma ampla
transformação social. São registradas (33,2%) 1.373 pessoas em situação de
extrema pobreza no município de Leópolis que possui um total de 4.145
habitantes, configurando a comarca de Cornélio Procópio que comporta a
mesorregião do norte pioneiro paranaense.
Analisando o perfil da região geográfica imediata de Cornélio Procópio –
Bandeirantes, segundo dados do IPARDES (2018), a região possui 7 zonas

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eleitorais, e 138.606 eleitores, População Estimada (habitantes) em 182.066,
Área Territorial (km2) 6.019,546. Matrículas na Educação Superior Presencial
(alunos) 7.605, Matrículas na Educação Superior a Distância (alunos) 2.479.
Estabelecimentos de Saúde 377, Taxa de Mortalidade Geral (mil habitantes)
7,78%, Taxa Bruta de Natalidade (mil habitantes) 11,52%. Número de Domicílios
Recenseados 69.275, Abastecimento de Água (unidades atendidas 41.424,
Atendimento de Esgoto (unidades atendidas 25.928. Destarte, os dados
apresentam uma enorme necessidade por uma ampla reforma urbana no sentido
de desenvolvimento socioeconômico e cultural, e na garantia do bem estar
social.

Região geográfica imediata de Cornélio Procópio – Bandeirantes. IPARDES, acesso


em 26\jul\2020.

A região registra um número em estabelecimentos referentes a trabalho


de 4.688, totalizando em empregos 35.258, a População em Idade Ativa (PIA)
(pessoas) contabiliza 160.039, e a População Economicamente Ativa (PEA)
(pessoas) 92.208, a População Ocupada (PO) (pessoas) 86.198. Havendo uma
evidente quantidade de pessoas à mercê da caridade burguesa, sofrendo
inúmera humilhações e em constante violação de direitos. De acordo com os
dados apresentados pelo IPARDES (2020).
O Valor Bruto Nominal da Produção Agropecuária é de R$
2.124.348.719,49. A Produção Agrícola - Soja (em grão) (toneladas) 899.949,
Produção Agrícola - Milho (em grão) (toneladas) 817.448, comprovando a
necessidade pela variação e democratização dos produtos plantados em nossa

15
região, em vista da variação dos preços e de uma melhor distribuição da terra,
valorizando a agricultura familiar e a qualidade de vida da população. As receitas
municipais, segundo dados do IPARDES (2020), são de R$ 505.236.232,97, as
despesas municipais de R$ 495.387.199,59, o ICMS Ecológico – Repasse é no
valor de R$ 8.513.235,84, o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) R$
188.701.803,10, PIB Per Capita R$ 25.654, Produto Interno Bruto (PIB) a Preços
Correntes R$ 4.808.908, PIB - VAB a Preços Básicos no Comércio e Serviços
R$ 2.011.376, PIB - VAB a Preços Básicos na Agropecuária R$ 1.075.446, PIB
– Impostos R$ 341.080, VAF - Produção Primária R$ 1.705.492.258.
Conforme os dados apresentados, deve-se inexoravelmente, alterar as
bases da sociedade no intento de garantir o desenvolvimento regional,
promovendo geração de trabalho e renda a população, bem como a redução do
índice de criminalidade, baixa escolaridade, e promover o desenvolvimento da
sociedade através de políticas públicas eficazes e coletivas.
Contudo, apresenta-se as contradições históricas do sistema capitalista,
do qual eleva-se exponencialmente as desigualdades sociais, de acordo com
Silva (1983), gerando um clima de insatisfação social em várias partes do mundo
entre os trabalhadores sociais.
Algo alavancado primordialmente a partir da década de 1970, onde
esboçam-se abordagens vinculadas a transformação social estrutural da
sociedade capitalista antidemocrática, em torno do serviço social radical,
fundamentada no materialismo histórico dialético, partindo de uma crítica
fundamentada ao capitalismo, visando a construção de uma nova sociedade,
livre da opressão capitalista neoliberal em evidência.
No âmbito de uma perspectiva radical, no intento de construção de uma
nova sociedade, onde todos os trabalhadores possam se beneficiar e
desenvolver de fato suas capacidades, na construção de um mundo melhor e
mais consciente acerca de sua natureza, trabalho e recursos naturais, sem
exploração de classe e repressão burguesa. (SILVA, 1983).
Entretanto, tal prática vinculada ao serviço social radical deve perfazer-
se no sentido de alteração da ordem social e do modo de produção vigentes,
todavia, analisando-se as contradições inerentes a reprodução do capital, em
vista de sua superação, em busca de uma sociedade democrática e garantidora
de direitos sociais.

16
O serviço social radical, estrutura-se através do socialismo, partindo de
uma crítica consistente ao capital, de acordo com Silva (1983), bem como,
desenvolvendo estratégias possíveis de serem implementadas em sociedade,
superando o sistema político e econômico atual, entretanto, é necessário
analisar as bases atuais da sociedade capitalista, em busca de um processo de
mudança social ampla.
Contudo, a construção de uma nova sociedade é necessária, em vista
da degradação propiciada pelo capital, onde os recursos naturais são escassos
e finitos no planeta terra, sendo imprescindível sua transformação em vista do
bem estar social e da preservação das vidas.
Entretanto, superar o capitalismo selvagem, segundo Silva (1983), torna-
se objetivo claro, bem como o desenvolvimento de práticas alternativas em
superar abordagens conservadoras e reacionárias, no âmbito do serviço social
radical, devido as inúmeras mazelas e expressões da questão social, impostas
pelo capital.

Vem-se acreditando, cada vez menos, que os processos


convencionais de reforma das sociedades capitalistas, enquanto
estratégias de auto-sustentação, podem criar condições de acesso da
maioria dos povos no sentido de atender suas necessidades materiais
de vida, bem como se mostram incapazes de oportunizar o
desenvolvimento e satisfação sociais. (SILVA, 1983, p. 109).

Todavia, o radicalismo burguês conservador intensifica-se, causando


dificuldades com relação ao nível de vida dos trabalhadores explorados e
excluídos, proporcionando, “aumento das dificuldades em o Estado financiar os
programas sociais e crescente descrença no desempenho do governo em servir
a todos os segmentos da sociedade”. (SILVA, 1983, p. 110).
Ou seja, o capital neoliberal evidencia-se, elevando níveis de pobreza e
desemprego, concentrando terras e renda, em detrimento da justiça social e bem
estar social a sociedade, principalmente a partir da década de 1970, elevando-
se as desigualdade sociais intrínsecas a esta forma de sistema neoliberal.
Contudo, uma base de construção socialista em moldes moderno e
contemporâneo faz-se necessária, sobretudo, sob o viés da inteligência artificial

17
em pleno século XXI, facilitando e humanizando a vida em sociedade, em busca
da reorganização da sociedade atual.
Todavia, a ótica atual sob o capital neoliberal, reduz recursos
necessários ao pleno desenvolvimento de políticas e ações voltadas ao combate
à pobreza e desigualdade social, concentrando renda e riqueza a uma minoria
parasitária, que prejudica o ordenamento da sociedade em vista da justiça social
e da democracia, segundo Silva (1983).
Havendo preponderante exigência burocrática e rotineira, devendo-se
fortalecer o processo de sindicalização dos trabalhadores, sendo inexorável
alianças entre diversos movimentos como os negros, LGBT, índios, mulheres,
entre outros, indispensáveis ao processo de transformação social estrutural do
sistema opressor atual.

Tem apoiado outras organizações na luta contra a redução de recursos


para o setor público, principalmente para os programas sociais, e
tentam influenciar na formulação e na operacionalização das políticas
sociais. (SILVA, 1983, p. 111).

Entretanto, existe uma persistente perseguição a quem pensa de forma


crítica na sociedade capitalista neoliberal, sob a ótica conservadora e
reacionária, sofrendo com inúmeras dificuldades, numa sociedade fechada e
controladora, sendo vítimas de medidas repressivas por um Estado penal e
autocrático, de acordo com Silva (1983).
Desta forma, constitui-se as bases de construção do Serviço Social
Radical, na intenção da transformação social estrutural do capital, em busca da
justiça social necessária a todos os povos, enquanto proposta alternativa, a
posicionamentos conservadores e mantenedores do modo de produção vigente,
propondo-se a construção de uma metodologia.

Uma prática que tenta oferecer o máximo a serviço das populações


que experimentam problemas na sua vida diária, ao mesmo tempo em
que se compromete com uma mudança social radical; uma prática
dentro da própria comunidade de trabalhadores sociais, tomando o
aparato institucional onde o Serviço Social desenvolve a sua prática,

18
como arena de um trabalho político, situando, assim, o trabalho político
como parte da prática profissional. (SILVA, 1983, p. 112).

Todavia, apresenta-se com um viés socialista, na busca da


transformação social, no âmbito do quadro institucional, mobilizando os
trabalhadores no processo de desalienação e participação social, alertando
sobre a sociedade desigual e exploradora vigente.
Constrói-se uma perspectiva marxista, analisando a sociedade
capitalista neoliberal, buscando cientificidade, pesquisa e publicações, na
intenção de problematizar a questão social em evidência, numa análise crítica
do capitalismo, em seu modo de produção, destacando o movimento histórico
engendrado nesta temática.

O socialismo é apresentado como modelo e método, o qual procura


desenvolver a ideia de que o funcionamento da sociedade se faz
sempre por um esforço coletivo. Sendo que, para uma análise
socialista, o fator mais crítico é a forma como a sociedade está
organizada para produzir os bens e serviços necessários ao seu
desenvolvimento, sendo as relações sociais percebidas como
resultantes das relações de produção e a base material da sociedade
o principal fator que define os valores, a cultura e as instituições sociais
de uma dada sociedade. (SILVA, 1983, p. 113).

A sociedade capitalista produz seus pontos fracos, através da


irracionalidade da produção do lucro, gerando desigualdade e exploração,
engendrando em sua própria lógica de produção e reprodução, distorcendo os
valores humanos, propondo posse e competição, bem como antidemocracia,
enquanto a riqueza torna-se valor central.
Desta forma, a alternativa socialista é a opção mais plausível,
corroborando para a justiça social e a democracia, utilizando-se, sobretudo, da
inteligência artificial. Em vista da socialização dos meios de produção,
organização política e qualidade de vida a população, descartando o caráter
competitivo predatório da natureza que ceifa vidas cotidianamente, elevando as
expressões da questão social, conforme indica Silva (1983).

19
Em vista do processo de transformação social, o socialismo se faz
presente como estratégia de superação das bases do modo de produção atual,
entretanto, recebe-se desde criança um certo pessimismo, bem como no âmbito
da família e da escola, criando seres competitivos sob a ótica do capital,
prejudicando a sociedade sob o viés individualista, geradas pela exploração do
sistema. “A geração de riquezas por uns e seu controle por outros são apontados
como a principal contradição interna do capitalismo”. (SILVA, 1983, p. 114).
Contudo, destaca-se a expansão dos mercados militar e gastos com
bem estar social, servindo como alternativas pelo sistema capitalista para
solucionar os problemas de superprodução. Bem como o papel decisivo da
classe trabalhadora frente a está opressão capitalista, com viés revolucionário,
adotando estratégias específicas para determinados momentos.
Nesse sentido, o estado democrático de direito é importante, com
caminho para o socialismo\comunismo, em vista da transformação da sociedade
capitalista, como bem maior, “a qual vai requerer a mobilização e
desenvolvimento político de grande número da população”. (SILVA, 1983, p.
114). Com trabalho de base preciso e envolvimento com a periferia e pobreza,
num movimento de baixo para cima, em busca da justiça social e trabalho a
todos.
Compreende-se, o estado de bem estar social como permanência do
capitalismo, no entanto, podendo-se ser construídas bases e organizações
viáveis neste processo, fortalecendo o proletariado, com uma prática social mais
efetiva, permitindo perceber a dimensão dialética que envolve este processo e
dinâmica social, bem como o reconhecimento da luta dos trabalhadores, na
construção de uma sociedade mais humana, reconhecendo a opressão
capitalista, porém, seu potencial de libertação depende de ampla organização.

A socialização dos custos de produção, através do setor de bem estar


e o controle social são apresentados como os principais papeis do
Estado numa sociedade capitalista. A socialização dos custos de
produção se faz diretamente preparando e mantendo a força de
trabalho; subsidiando salários; estimulando o poder de consumo por
um influxo de benefícios de caixa, durante períodos de alto índice de
desemprego e repressão. O controle social, através dos programas de
bem estar social, se faz transformando-os em válvulas de regulação,
conforme o clima social; pelo seu uso para assegurar interesses de
grupos políticos; pelo estímulo a competição entre grupos de interesse;

20
pelo isolamento, rotulação, controle da vida diária do usuário,
socialização individual e estigma. (SILVA, 1983, p. 115).

Entretanto, o devido entendimento e compreensão sobre o contexto


político é imprescindível, onde o capitalismo passa a atender cada vez menos
quem mais necessita, além do Estado estar se tornando cada vez menor,
reduzindo sua atuação perante a pobreza, considerada natural sob o ideário
neoliberal.
Surge-se associações e sindicatos, com o aumento da classe
trabalhadora, representada por profissionais, não profissionais, técnicos e
gerentes, em grande maioria servidores públicos, onde predomina-se uma
enorme proletarização, identificando-os como proletários tradicionais, sendo
necessário compreender as contradições existentes.
Impregna-se perspectivas ambivalentes, por parte de seus atores
sociais, de acordo com Silva (1983), como reflexos da ideologia dominante
capitalista. No entanto, o compromisso deve ser com a transformação da
sociedade burguesa neoliberal, como questão fundamental da atividade diária,
na construção de um momento revolucionário. Sempre havendo uma
necessidade de auto avaliação, como análise da realidade política, “devendo
considerar a mistura de impulsos radicais e conservadores a que sempre se está
sujeito, uma vez que, na sociedade, se está sempre sendo punido pelos
primeiros e premiado pelos segundos”. (SILVA, 1983, p. 116). Permitindo a
construção de um processo permanente.
Compreende-se a criação de canais com a população vulnerável, em
vista da organização, unindo os usuários dos serviços públicos, apoiando-os em
organizações mais amplas e em potencial transformador. Construindo
perspectivas socialistas, embasadas pelo viés crítico, com ênfase a população,
conectados as demandas dos usuários, numa abordagem de ampla
transformação social. Alarmando-se para as questões de cooptação desta
camada populacional pelo poder ideológico repressor, sendo necessário o
repensar diário.
Considera-se a organização do trabalhador, e o processo necessário de
estruturação, fundamentando uma mudança social concisa, havendo

21
possibilidade de filiação, em vista de uma organização sindical, em determinadas
instituições. Todavia, o sindicalismo pode organizar os trabalhadores,
reivindicando e lutando por direitos sociais perante o sistema e o Estado burguês
neoliberal, em um amplo processo econômico e cultural da sociedade
contemporânea, segundo Silva (1983).
Comprova-se os papéis contraditórios assumidos pelas instituições no
âmago do sistema capitalista, enquanto mecanismo de controle,
simultaneamente oferecendo mínimos serviços a parcela empobrecida da
sociedade, necessitando-se de um amplo trabalho educativo e organizativo, com
relação aos problemas da sociedade, visando o poder coletivo dos
trabalhadores.
Deve-se inexoravelmente, potencializar a pesquisa e a publicação dos
estudos pertinentes, enquanto suporte de construção e transformação social, ou
seja, “tem como objetivo colocar-se a serviço da mudança social, estando
condicionada pela participação da classe trabalhadora, servindo aos seus
interesses e sem a pretensão, portanto, de ser neutra”. (SILVA, 1983, p. 118).
Desta forma, a pesquisa e a publicação, permitem ampliação do
aprendizado, comunicando experiências e descobertas, envolvendo análise da
sociedade, e promovendo uma construção teórica contundente. Destarte, as
escolas de serviço social devem embasar-se pelo viés crítico dialético diante da
exploração do capital, e do público a ser atendido.
Envolvendo um processo de transmissão de conhecimento e avaliação
crítica do modo de produção atual, permitindo análises progressistas com
compromisso com a democracia e participação social dos atores reprimidos.
Destaca-se a questão pedagógica voltada para o ensino tradicional conservador,
todavia, sendo necessário alternativas com viés crítico que proporcione o
repensar da sociedade, num processo de ensino-aprendizagem, de acordo com
Silva (1983).
Contudo, é essencial a participação do estudante na formulação e
administração das políticas de ensino. Entretanto, é imprescindível o manter-se
crítico, abrindo mão de possíveis cooptações, sendo honesto a uma causa maior
de transformação social, avaliando os impactos no trabalho, e os riscos da
prática, “apontando a importância de manter o equilíbrio entre as necessidades

22
imediatas e pessoais, e a necessidade de que seja prosseguido o compromisso
socialista”. (SILVA, 1983, p. 119).
Desta maneira, é imperativo potencializar os esforços, conjuntamente a
classe trabalhadora, em vista da necessária transformação social, adquirindo
poder através do uso da inteligência artificial, facilitando e mobilizando os
diversos atores sociais, verificando-se a importância da atuação no processo
histórico e se afastando de fatos isolados.
Ressalta-se a questão dos riscos e avanços pertinentes a este processo,
“inclusive o risco do isolamento potencial e o sentimento de desviança”, (SILVA,
p. 119). Tratando-se de uma temática ampla, e de relevância social, em vista de
análises profundas das sociedades capitalistas, seja em países centrais ou
periféricos.
Contudo, o papel do Estado burguês é preponderante neste processo,
em relação as sociedades capitalistas, em desmistificar o caráter neutro
enviesado, sobretudo, pela teoria liberal. Todavia, o estado de bem estar social
serve para manter as bases capitalistas de opressão, bem como sua ideologia
competitiva e degradante, predominando a notável luta de classes.

Por outro lado, a habilidade da classe trabalhadora tem forçado


concessões que não podem ser ignoradas, pelo que as políticas sociais
tem representado o esforço da classe capitalista para desenvolver
reformas que atendam as necessidades do capitalismo, mas
representam também o esforço da classe trabalhadora em forçar
concessões da classe capitalista. (SILVA, 1983, p. 120).

Todavia, o estado opera suas políticas de forma institucional, em vista


de se manter o controle social sobre os usuários dos serviços públicos,
desenvolvendo suas políticas sociais, avaliando a realidade social na qual
inserem-se, em suas particularidades e potencialidades, buscando o imperativo
engajamento político numa perspectiva crítica dialética.
Havendo-se uma percepção do trabalho político que envolve toda esta
seara, tendo aspecto fundamental a organização, visando a transformação social
estrutural da sociedade capitalista, como uma tarefa coletiva. Onde as reformas
são importantes no sentido de organização e práticas educativas e politizadas.

23
Neste sentido, é necessário uma proposta metodológica, que embasa o
campo teoria e prática de ação social, com vistas a transformação da sociedade
capitalista, em promover justiça social, trazendo vida decente para todos.
Cuidando-se para o bem estar e saúde mental dos envolvidos, evitando o
isolamento social. “Acredita-se que as contradições internas do próprio
capitalismo criarão essa condições” conforme apresenta Silva (1983).
Onde a preocupação secular deve ser a organização da classe
trabalhadora, em busca da construção de uma consciência coletiva, fator
essencial para a mobilização da mudança social, avaliando ganhos e perdas
neste ínterim, não se confundindo com um prática demagógica ou ditatorial.
Neste sentido, a união em prol da construção de um mundo de todos
faz-se necessária, com uso da inteligência artificial em prover bem estar a
população e preservação do planeta terra finito, sem exploração de classe e com
dignidade humana, predominando-se a justiça social.
Importante dizer sobre a relação da social democracia ou da democracia
operária, visto que já é antiga mas ao mesmo tempo recente. De certa forma,
cada passo do desenvolvimento de uma país capitalista, oferece uma
combinação particular e original, dos diferentes matizes da democracia burguesa
e das distintas tendências do movimento socialista, de acordo com (LÊNIN,
2019).

O marxismo legal logo se tornou, na prática, “reflexo do marxismo na


literatura burguesa” e, por meio do oportunismo bernsteiniano, foi dar
direto no liberalismo. Os “economistas” da social democracia, de um
lado, encantados pela concepção semianarquista de um movimento
operário puro, consideraram que o apoio dos socialistas a oposição
burguesa na Rússia era um fantasma. Do outro lado, os “economistas”
de matriz distinto também se encantaram pelo movimento operário
puro – e acusaram os sociais democratas revolucionários de ignorar a
luta social contra a autocracia que estavam travando nossos liberais,
os membros do zemstvo, os culturalistas. (LÊNIN, 2019, p.194).

De acordo com Lênin (2019), mostrou-se os elementos da democracia


burguesa na Rússia quando muitos ainda não os viam, de forma que a
democracia não era necessariamente para todos, e sim para os burgueses de
alto poder. De modo que, a luta pela liberdade política foi negada como uma luta

24
por instituições que beneficiavam a burguesia, e como a burguesia sempre era
e continua sendo até nos dias atuais, beneficiada de alguma forma.
Por um lado os proletariados lutando contra a democracia burguesa, sem
esperar nenhuma bondade da burguesia, visto que segundo Lênin (2019), a ala
dos proletariados apoia qualquer burguesia, ainda que seja a pior, desde que ela
combata o czarismo.

Do ponto de vista proletário, a hegemonia na guerra pertence aquele


que luta com mais energia, que se vale de qualquer ocasião para
desferir golpes no inimigo, alguém cujas palavras não diferem da
prática, que é, por isso, o líder ideológico da democracia, que critica
cada indecisão. O novo Iskra se engana profundamente ao pensar que
a indecisão é uma qualidade mora, e não político econômico, da
burguesia, ao pensar, que se pode e se deve precisar essa medida da
indecisão até a qual o liberalismo merece somente escorpiões e após
a qual merece acordos. Isso quer dizer precisamente “determinar de
antemão a medida de canalhice válida”. (LÊNIN, 2019, p. 200).

Levou-se em conta, sobre fazer um acordo com os grupos de oposição,


para aceitarem ao direito de voto universal, igualitário, direto e secreto. Dando-
se início assim a uma democracia universal. Ressaltando-se que toda a história
do liberalismo europeu e russo mostra por meio de centenas de exemplos a
discrepância entre as palavras e a prática, segundo Lênin (2019).

Não, o proletariado não vai cair nesse jogo de palavras de ordem,


declarações e acordos. O proletariado nunca vai esquecer que a
verdadeira democracia não pode ser a burguesa. O proletariado apoia
a democracia burguesa não com base em negociações com ela sobre
não disseminar o terror, não com base na fé em sua confiabilidade,
mas a apoiará quando e na medida em que ela, na prática, lute contra
a autocracia. Esse apoio é indispensável para o êxito dos interesses
sociais revolucionários de todo o proletariado. (LÊNIN, 2019, p. 202).

Embora o proletariado venha sofrendo a muitos anos e até mesmo


décadas, vale ressaltar que os mesmos não se devem esquecer sobre a
verdadeira democracia, o que ela realmente é, e qual o seu verdadeiro

25
significado e valor que ela apresenta, que não condiz origem alguma com a
burguesia. Embora, o proletariado ofereça apoio a democracia burguesa, tendo
em vista na prática sobre a luta contra a autocracia, visto que seria um apoio
justo e indispensável, para concluir a demanda dos interesses sociais
revolucionários da sociedade, basicamente dos proletariados.

TERRA, TRABALHO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Considerando a renda da terra, pode-se citar Marx, (2001) que


apresenta, “o direito do proprietário agrário tem a sua origem no roubo”, p. 96.
Escancarando uma ordem social preestabelecida de acúmulo e concentração de
capital, na perspectiva da futilidade burguesa, são senhores que colhem onde
não plantaram, exigindo renda desta situação, numa busca incessante por lucro,
se beneficiando do solo, em concomitante destruição.
Em termos a este segmento, que condiciona a renda da terra não
aproveitada, exigindo lucro e interesse, em benefício individual, em certas
ocasiões não utilizam seu próprio capital, havendo possíveis arrendatários neste
processo, onde não utilizam seus próprios recursos, exigindo renda do que já
não se obtém lucro, o seja, encontra-se em condições degradantes.
Chega-se à conclusão de uma necessidade urgente por reforma agrária,
favorecendo a desconcentração da terra, promovendo democracia e
participação, gerando oportunidades e qualidade de vida. Utilizar-se da própria
força da natureza é imprescindível, relativizando no sentido de preservação da
mesma em interação com o homem. “A renda da terra considerada como o preço
que se paga pelo uso da terra é naturalmente um preço de monopólio”. (MARX,
2001, p. 97).
Importante considerar o grau de fertilidade da terra, sendo
extremamente fértil no norte pioneiro, variando de acordo com a qualidade do
solo, e a respectiva produtividade, havendo relação entre cultivo, exploração e
capital, analisando acerca da temática atual na região geográfica de Cornélio
Procópio e sua comarca, o predomínio de poucos produtos em terras férteis,
estando largamente concentradas, existindo uma luta entre arrendatário e
proprietário agrário, havendo antagonismos hostis, conflito de interesses, e

26
demais problemas sociais distintos, representando a base de uma organização
social.
Predominando a prática de monopólio nesta relação, numa constante
contradição entre terra e solo, determinando abundância de mercadorias
produzidas, sendo algo mais lucrativo para os proprietários agrários, ganhando
fortuna, crédito e prestígio, necessitando do aumento da população e sua
prosperidade, elevando a renda.
“A renda nem sempre se pode pagar com todas as mercadorias. Por
exemplo, em muitas regiões, nenhuma renda se paga com pedras de
construção”. (MARX, 2001, p.99). Há uma relação entre renda e mercadoria
intrínseca, determinante na questão do alimento, necessário a sobrevivência
humana.

Na maior parte das situações, a terra produz maior quantidade de


alimento do que a que é necessária para manter todo o trabalho que o
leva ao mercado. O excedente é sempre mais que suficiente para repor
com lucro o capital que empregou este trabalho. Consequentemente,
sempre falta algo pra proporcionar uma renda ao proprietário agrário.
(MARX, 2001, p. 100).

Existindo uma interação entre força de trabalho, entre proporcionar


renda e o produto da terra, cultivo e o melhoramento da terra, onde o alimento
do homem proporciona renda ao proprietário da terra, considerando o vestuário
e a habitação que são igualmente necessidades humanas, e o proprietário
agrário explora todas as vantagens da sociedade. Com a renda da terra
aumentando com a população, havendo melhora na sociedade, a elevação da
renda, da fortuna, e seu poder de comprar força de trabalho alheia.
Há multiplicação da população e das suas necessidades, as melhorias
das forças produtivas do trabalho, podem elevar a renda da terra, “e o
proprietário torna-se capaz de obter uma maior quantidade de conforto, adereços
e luxos”. (MARX, p. 102). No sistema atual onde predomina a propriedade
privada, havendo uma constante obsessão pelo monopólio, o predomínio da
escravidão moderna, destacando a situação de penúria de uma parcela
considerável da população do campo, o que proporciona o aumento da riqueza
de uma parcela mínima da sociedade, havendo aumento da miséria e da

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escravidão, destacando os juros sobre o solo em benefício do proprietário da
terra.
“O interesse do proprietário encontra-se assim em absoluta oposição ao
interesse dos trabalhadores rurais, tal como o interesse do industrial se opõe ao
dos seus trabalhadores. Reduz os salários a um mínimo”. (MARX, p. 103). Em
vista do processo de acumulação real de capital, sendo necessário
desconcentrar renda e socializar os meios de produção.
Predomina, diante do interesse do proprietário, a redução dos salários
dos trabalhadores industriais, a concorrência entre os capitalistas, a proporção
da superprodução e na miséria industrial. Verificando-se uma exploração
ferrenha ao trabalhador, consumido por este sistema alienante e fetichista, capaz
de destruir inúmeras vidas humanas.
Prevalece um constante antagonismo entre segmentos em uma dada
sociedade de determinada condição histórica, com enorme concentração de
poder e riqueza, que destrói toda uma cadeia produtiva, considerando uma
parcela comunal de trabalhadores a mercê da própria sorte, sofrendo com
inúmeras violações de um Estado que garante e viola direitos
concomitantemente.
A propriedade de terras significa, frequentes modificações no tocante ao
desenvolvimento técnico científico informacional, acelerando determinados
processos e vasos comunicantes, no sentido de propagação do capital e
exploração de classe. O número de trabalhadores é permanentemente reduzido,
no sentido de substituição do homem pela máquina (robótica), proporcionando
uma parcela enorme do conhecido exército industrial de reserva.
A busca pela melhoria da terra e do solo, significam ampliação de lucros
aos proprietários, e consequentemente, exploração da força de trabalho alheia,
causando concentração de terras de forma preponderante, havendo uma real
diferença entre a grande e pequena propriedade, no sentido irremediável de
obtenção de lucro. “Ao mesmo tempo em que toda a melhora social favorece a
grande propriedade, danifica a pequena propriedade, uma vez que torna
necessária maior quantidade de recursos”. (MARX, 2001, p. 103). Reverberando
em imensa desvantagem ao pequeno proprietário, que geralmente alimenta a
massa populacional cotidianamente.

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Além disso, já sabemos que em idêntica produtividade e em igual
exploração racional das terras, das minas e pescarias, o produto é proporcional
ao volume dos capitais empregados. Deste modo, triunfo do grande proprietário.
Da mesma forma, onde se emprega igual quantidade de capital, o produto é
proporcional à fertilidade. Por consequência, onde os capitais são iguais, vence
o proprietário do solo mais fértil. (MARX, 2001, p. 104). A exploração das terras,
baseado no capitalismo e na visão dos lucros sempre ser do proprietário a
sugarem os seus funcionários.
Deve-se observar que o preço usual de mercado das terras está sujeito
sempre à taxa corrente de juros, se a renda de terra ficasse abaixo dos juros
com uma grande diferença, ninguém compraria terras, o que rapidamente
diminuiria o seu preço normal. Ao contrário, se as vantagens da renda de terra
compensassem demasiadamente a diferença, todas as pessoas comprariam
terra, o que depressa elevaria o seu preço usual. Desta relação da renda com
juros, conclui-se que deve continuar até que, finalmente, só as pessoas mais
ricas consigam viver da renda. Consequentemente, a concorrência entre os
proprietários que não arrendam a terra intensifica-se. Parte delas arruína-se, e
dá-se nova acumulação da grande propriedade. (MARX, 2001, p. 105). A forma
que segue com os juros como taxa corrente, e sem distribuição de rendas e de
terra. Sendo assim, a minoria consegue adquirir terras, onde a agricultura familiar
é extremamente necessária para uma melhor distribuição de renda.
A propriedade feudal dá o nome ao seu senhor, assim como o reino ao
seu rei. A história da família, a história da sua casa, etc., tudo isto lhe particulariza
a propriedade e a leva convencionalmente a pertencer à sua casa, a sua pessoa.
Semelhante, os trabalhadores da propriedade agrária não se encontram na
condição de servos, mas são em parte a propriedade do senhor, como no caso
dos escravos, e em parte estão diante dele numa relação de respeito, de
subordinação e obrigação. Por conseguinte, a sua relação a eles é diretamente
política e possui até um lado agradável. Os costumes, o caráter, etc., diferem de
propriedade para propriedade e parecem estar em harmonia com o tipo de
território, ao passo que mais tarde só os recursos do homem, e não o seu caráter
ou individualidade, se relaciona com a propriedade agrária. (MARX, 2001 p, 106).
O sistema capitalista não compreende a necessidade da divisão de
terras e da reforma agrária. Para ele o que tem mais relevância é o giro do seu

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próprio capital e consequentemente quem vem sofrendo há séculos com essa
teoria é a classe trabalhadora, que necessita urgentemente de terem os seus
direitos revistos como garantia ao seu bem estar social. Se a classe burguesa
pode possuir várias terras e bens, e ainda assim sonegar impostos e omitir vários
outros sistemas, por qual motivo a classe trabalhadora que necessita do seu
suor, dia após dia para chegar no final do mês e receber um mísero salário para
sustentar sua casa e sua família, não conseguem ter acesso para adquirir um
pedaço de terra, é algo a se pensar.
A divisão da propriedade agrária nega o grande monopólio da
propriedade, elimina-o, mas só na medida em que torna genérico semelhante
monopólio. Não extingue a base do monopólio, a propriedade privada. (MARX,
2001, p. 107).
Como se observa na Inglaterra, a grande propriedade agrária libertou-se
do modo feudal e assumiu um caráter industrial, a ponto de almejar conseguir o
máximo de dinheiro possível. Dá ao proprietário a oportunidade de obter a mais
elevada renda possível, ao arrendatário o máximo lucro possível do seu capital.
Em consequência disso, os trabalhadores rurais cedo, se veem reduzidos ao
mínimo nível de subsistência, e a classe dos arrendatários determina o poder da
indústria e do capital no seio da propriedade agrária. A renda de terra deixa
geralmente de ser uma fonte independente de receita, em razão da concorrência
com os países estrangeiros. (MARX, 2001, p.109).
A propriedade agrária deveria se desenvolver nos dois sentidos, de
modo a conhecer neles o seu declínio inevitável. Também a indústria deveria
arruinar-se a si mesma na forma do monopólio e na forma da concorrência, para
assim aprender a ter fé no homem. (MARX, 2001, p.110). De fato que a
concorrência é algo que sempre será levado em conta, não podemos deixar de
destacar o homem e suas inúmeras ideias para atingir seus objetivos com
intensos e diversificados avanços e estudos para ganhar destaque, sem
necessariamente precisar tirar dos que pouco tem, ou escravizar trabalhadores.
Ademais, constata-se uma estrutura agrária e uma dominação no
campo, no sentido da monocultura, favelização, urbanização, e uma necessária
reforma no tocante ao cumprimento da função social da propriedade,
promovendo bem estar social. (GONÇALVES, 1988). Embora a legislação
nacional e internacional determine medidas que reduzam a desigualdade social,

30
bem como garantem a divisão eloquente de terras, promovendo melhorias a toda
sociedade, todavia, a construção de uma sociedade que valorize o
desenvolvimento social consta em inúmeros tratados e declarações.
A perspectiva positivista, pressupõe a adequação do indivíduo a
sociedade capitalista neoliberal vigente, entretanto, garante direitos sociais que
propõe a dignidade da pessoa humana e a democracia, resultando em
contradição entre a questão da naturalização da pobreza, e o desenvolvimento
socioeconômico promulgado em nossa carta magna, cabendo incansáveis
reflexões acerca deste cenário destrutivo e mesquinho.
Problematizando, a generalização e a abstração são imprescindíveis ao
conhecimento, a concepção de ciência e da “terra-terra”, segundo
(GONÇALVES, p. 144), acerca das determinações da natureza, entender os
significados, analisando nossa paisagem local, verifica-se notável concentração
em poucos produtos, causando acumulação e elevação da questão social, bem
como um constante acirramento de classes, permeando a exploração capitalista
e a barbárie instalada.
Considerando a relação homem-natureza, visando apreender razões e
o real, valorizando a ciência e suas aplicações e aprofundamento teórico
necessário, todavia, persiste uma concepção de bom senso neste ínterim. “É
certo que o homem escreve na natureza a sua história, construindo, desenhando
o seu espaço”, (GONÇALVES, p. 144). Ressaltando o significado histórico e
suas nuances, pode-se imaginar variadas formas de se construir o espaço,
preservando a essencial natureza e a vida de seres humanos, analisando o todo
estruturado e seu entendimento com o real.
Possibilitando uma crítica consistente, no sentido de avaliar a ideologia
dominante, perpassando em cada período existente, encarando como meias-
verdades, conforme aponta Gonçalves (1988). Destacando acerca do
desenvolvimento desigual e a questão agrária, apreendendo o movimento da
sociedade brasileira e seu processo social, pois, um modo de produção e seu
movimento são intrínsecos, e encontra-se engendrado no movimento histórico,
considerando sua dialética inerente.
Havendo concepções de penetração do capitalismo no campo,
propagando destruição e desagregação, envolvendo uma relação do capitalismo
na questão agrária. Sobretudo, diante de um cenário atual de extrema

31
concentração em vasto território nacional. Contrastando com um
desenvolvimento desigual, propiciando análise profunda acerca das
determinações preestabelecidas.

O modo de produção capitalista é um modo de produção de mercadoria


e para que tal processo de produção e reprodução possa se
generalizar é necessário que exista uma divisão do trabalho
previamente desenvolvida, uma espécie de herança “natural” da qual
o capital se irá apropriar, submetendo-a através de variados
processos”. (GONÇALVES, 1988, p. 145).

Há uma necessidade por uma relação extra econômica para se


estabelecer de certa forma, rompendo com a autossubsistência, com o
artesanato e agricultura de forma fechada, preponderando a insuficiência dos
mecanismos econômicos, embora, condiciona-se a um processo de colonização.
Estabelece-se uma relação mercantil entre os ramos da divisão do trabalho,
sobretudo, aprofundando a produção da mais-valia relativa, causando imensos
prejuízos ao trabalhador.
Predomina-se um prolongamento dos ramos do capital e suas relações
de produção, segundo Gonçalves (1988), o comércio externo potencializa-se,
representando uma causa de ordem histórica, havendo uma relação dialética
entre mercado capitalista e meio não capitalista, ou seja, o mercado procura
implantar-se em todos os territórios possíveis, em vista da inexorável obtenção
de lucro, riquezas e exploração.
Os fatores determinantes do capitalismo absorvem terras e forças
produtivas, “o modo de produção capitalista comanda esse processo,
conformando, destruindo, criando e recriando relações não-capitalistas de
produção”. p. 146. Neste sentido, conforme indica Gonçalves, o sistema
econômico e político atual não mede esforços em causar danos irreversíveis a
sociedade através de sua exploração desenfreada as custas da miséria alheia,
representando uma total irracionalidade.
O domínio capitalista é essencial ao seu desenvolvimento, perpetuando-
se através da colonização, carregando um turbilhão perante a economia
mundial, estabelecido pela luta de classes, e pela concorrência, relativo a um

32
constrangimento coercitivo externo, vinculadas ao desenvolvimento do capital e
de sua capacidade de explorar territórios e povos. (GONÇALVES, 1988, p. 146).
A subordinação a troca, favorece o desenvolvimento do capital,
sobretudo, numa perspectiva de desenvolvimento desigual, suprime-se a
produção de valores de uso imediatos relacionados a troca, substituindo modos
de produção primitivos, havendo momentos de produção que interessam a todo
o conjunto de formas existenciais possíveis em sociedade. A reprodução
ampliada do capital e seu predomínio, fortalece uma parcela mínima da
sociedade, bem como escamoteia a classe trabalhadora, acirrando seus
antagonismos e contradições, todavia, é necessário considerar-se a questão da
exploração e incorporação de áreas e populações a suas leis comerciais, de
acordo com sua expansão.
A agricultura subordina-se a racionalidade vinculada ao setor industrial,
propiciando certo grau de irracionalidade relativa da produção agrícola, segundo
Gonçalves (1988). Destarte, deve-se sobretudo, promover uma ampla reforma
agrária em território nacional, bem como sua partilha, e que cumpra sua função
social garantindo bem estar social a toda a população, natureza e preservação
de vários animais.
A teoria da renda da terra se fundamenta através da expansão
capitalista, havendo uma relação entre trabalho socialmente necessário e o valor
da uma determinada mercadoria, conforme aponta Gonçalves (1988), sobretudo,
implicando nas contradições e antagonismos atuais, consagrados em inúmeras
expressões da questão social. A terra podendo ser considerada como fator
natural, sendo assim, não há valor, todavia, não existindo trabalho humano,
teoricamente não deveria ter preço, ou seja, os frutos são de todos e a terra não
é de ninguém, conforme indica Gonçalves (1988), em sua análise crítica,
entretanto, considerando fatores históricos, a terra sempre sofreu com tributos
impostos por homens inescrupulosos, cujo objetivo, fundamental, era a
exploração de classes, e uma sobrevivência mesquinha. Predominando o
monopólio da terra, prevalecendo tamanha irracionalidade, no sentido do
individualismo. “Ao contrário; a propriedade fundiária, ainda que sob diferentes
códigos, foi incorporada pelo capitalismo, contradição essa expressa na renda
capitalista da terra”, p. 148. Reforçando a classe social possuidora do monopólio
da terra.

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Perseverando a renda capitalista da terra, promovendo um cerne de
irracionalidade no âmbito da renda territorial, neste sentido, cabendo imensa
reflexão acerca da concentração da área rural brasileira, apresentando a
dimensão de um problema secular e atual, no sentido de um Estado burguês que
garante e viola direitos, principalmente no tocante a reforma agrária e ao
fortalecimento da democracia.
Significando capital constante e produtivo na ótica do sistema em
funcionamento, num processo de produção, resultando em mercadorias, ou seja,
o capital constante não cria valor, embora, a terra não possa transferir valor, pois,
não é fruto do trabalho humano, ficando imobilizado na terra, sendo alienada,
sofrendo metamorfose vinculada a possível renda, considerando o proprietário
fundiário que se apropria da mais valia global da sociedade.
Reproduzindo uma irracionalidade, “Deste modo, parte do capital, ao
adquirir a terra, deixa de entrar no processo produtivo, indo para as mãos desses
parasitas, posto que limitam o desenvolvimento das forças produtivas”, p. 149.
Sendo, portanto, transferido ao trabalhador o ônus da situação de exploração,
sendo uma constante contradição, havendo constante concentração da
propriedade fundiária, representando o processo de acumulação de capital, bem
como a notável luta de classes.

O modo como o capitalismo se expande, articulando-se com as


diversas formas de propriedade “que não lhe corresponde” configurará
blocos regionais de classes – Estados nacionais, por exemplo – com
uma dinâmica particular de “resolução” das suas contradições e de
suas relações com o capitalismo mundial”. (GONÇALVES, 1988).

Desta forma, considera-se essencial a análise do movimento histórico


da sociedade, bem como de suas constantes contradições, no sentido de
superação de formas perversas e nocivas de subsistência, sendo necessário
participação social, representando a natureza do desenvolvimento desigual.
Estabelecendo relações comerciais em larga escala, expandindo e concentrando
terras, assim se reafirma o sistema capitalista de produção, criando e recriando
mercadorias, consumidas pela sociedade e determinados estratos sociais.

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Entretanto, sendo necessária a avaliação sobre a mais valia e sua
capacidade de produção, proporcionando extrema exploração de classe, e a
circulação subordinada a produção, havendo articulação de processos,
predominando disseminação em espaços diferentes. “A acumulação primitiva
assume assim um caráter permanente, estrutural”, p. 150. Em países em
situação de atraso do capitalismo, denominado como capitalismo tardio ou
retardatário, predomina-se uma certa constituição púbere e acertada,
transformando e dominando territórios, provocando a barbárie, predominando o
domínio de uma determinada classe.
O desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo no Brasil e a
questão agrária, proporciona o processo de desenvolvimento de exploração
capitalista que revela uma grande concentração da população nos centros
urbanos e uma grande perda nos campos, originando seu despovoamento. Vale
ressaltar que, os países capitalistas mais desenvolvidos industrialmente, mais
de 85% da sua população está situada em campos urbanos, sendo que na
Inglaterra isso atinge a cifra de 97,5%.
O êxodo rural, que é a manifestação desse processo de despovoamento
do campo, significa, antes de mais nada, a expropriação do trabalhador, sua
completa desvinculação da terra e de seus meios de produção, em suma, a sua
proletarização. (GONÇALVES, 1988, p. 150). Elevando-se índices de
favelização, condições precárias de residência, aumento da criminalidade, déficit
habitacional, população em situação de rua, entre outras expressões da questão
social latentes.
Com o passar dos anos o trabalho da população rural só aumentou, e a
sua força de trabalho nos campos rurais também, diante disso, é evidente que o
desenvolvimento é desigual na questão agrária. Por mais que esta classe
trabalhe diariamente, o resultado final acaba permanecendo com o capitalista.
Não se pode admitir que isto possa seguir ocorrendo, como visto anteriormente,
existe uma necessidade muito grande pelos direitos humanos.
Em conformidade com o estatuto da terra, Lei nº 4.504, de 30 de
novembro de 1964, que estabelece direitos e obrigações referentes aos bens
imóveis rurais, no sentido de execução da reforma agrária, bem como da política
agrícola. Desta forma, conforme, § 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto
de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante

35
modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de
justiça social e ao aumento de produtividade. (Estatuto da Terra, Lei nº 4.504\64).
Verifica-se uma imensa concentração de terras e prevalência da
monocultura no Brasil, produzindo uma constante injustiça social, e
desigualdades regionais imensuráveis, prejudicando o pleno desenvolvimento
social e a dignidade humana, em vista de uma existência pacífica em sociedade.
Todavia, deve-se inexoravelmente, haver participação popular e perspectiva
democrática, objetivando desenvolvimento social.

FONTE: IPARDES, 2010. Acesso em 26\jul\2020.

Verifica-se através da imagem do Estado do Paraná, de acordo com o


IPARDES (2010), que localiza-se uma considerável densidade demográfica na
região do norte pioneiro, externando necessária implantação de políticas
públicas, garantindo direitos sociais e desenvolvimento social. Desta forma,
devemos considerar a pluralidade existente em nossa região, Estado e nação,
respeitando as mais diversas formas de existência de forma pacífica e
democrática.
Citando o município de Sertaneja\PR, e seu Hino Municipal que foi criado
por meio da Lei nº 970/01, de 8 de dezembro de 2001. A música é de Maurício
Orasmo e a letra de Renato Tavares e Maurício Orasmo:

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Entre suaves planícies implanta
Sertaneja de belo esplendor
Tens o manto qual verde das plantas
Terra linda de raro fulgor
O Panema, correndo ao Norte
Lá deságua o Rio Tibagi
És fruto do trabalho forte
Dos imigrantes que vieram a ti
Lavrando a terra
Teu povo desbravador
O ouro verde
A todo canto se espalhou
Sertaneja
Cidade hospitaleira
Berço augusto
De gente pioneira
No trabalho da terra querida
Fez progressos com muito labor
Garantindo o futuro da vida
Com tuas raças unidas no amor
Nessas águas que ao longo te banhas
Na planície a cidade nasceu
Às margens do Rio Congonhas
Teu filho forte, no trabalho cresceu
Lavrando a terra
Teu povo desbravador
O ouro verde
A todo canto se espalhou
Sertaneja
Cidade hospitaleira
Berço augusto
De gente pioneira.

Considera-se o trabalho árduo nestas terras roxas férteis, concentrando


uma história de lutas e impasses, explorações e decisões, neste sentido, deve-
se buscar refletir sobre os fundamentos deste processo, e como vigorou a
repartição destas imensas porções de terras.
Há séculos (XVI), que se desenvolve uma política de divisão do trabalho
em escala mundial, vinculada ao capital mercantil, conforme destaca Gonçalves
(1988), “a escravidão mercantil é o modo como se implanta no Brasil as garras
da acumulação primitiva do capital”, p. 151. Fundamentalmente no que diz
respeito a relação intrínseca entre terra e trabalho, num regime de escravidão
destruidor de seres humanos.

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Portanto, havendo uma notável expansão do capital mercantil, uma
renda era estruturada no sentido de compra de escravos, circulando um
comércio de seres humanos sugados pelo sistema escravista, considerando a
qualidade do solo das mais diversas regiões do Brasil.
Predomina-se uma relação entre capital mercantil, industrial e financeiro,
bem como com o capital bancário, num processo amplo, persistindo uma
preponderante influência do liberalismo, sistema concentrador de renda e
acumulador de pobres e miseráveis, predomina-se uma relação engendrada
com a Inglaterra, permitindo uma luta abolicionista e a perpetuação de
intelectuais liberais.
Em pleno século XIX no Brasil, se implantava uma lei de terras, em 1850,
relacionada a uma política de migração, determinando a compra de terras por
parte de novos colonos, sendo algo praticamente impossível, apresentando um
trabalhador livre sem dinheiro para comprar terras, tendo que vender sua força
de trabalho ao proprietário da terra, “o monopólio da terra é, deste modo,
consolidado e se estabelece a articulação do capital financeiro com o fazendeiro,
via casas comerciais e bancárias, que vão fazer do Brasil um país com vocação
agrícola” (GONÇALVES, 1988, p. 153).
Neste sentido, torna-se imprescindível uma cobrança junto ao Estado
Burguês Neoliberal aliado a uma burguesia capitalista oligárquica fundiária, bem
como a organização do trabalhador frente a esta demanda urgente na sociedade
com a desconcentração de terras e sua democrática divisão, permitindo redução
de desigualdades e transformação social.
A lavoura cafeicultura se expande de forma ofensiva, apoiada pelo
imperialismo vinculado a construção de estradas de ferro, melhorias dos portos,
extremamente importantes no tocante ao escoamento da produção
agroexportadora, nota-se todavia, um significativo desenvolvimento da técnica
moderna, relacionado ao colonato, agregado, foreiro, morador de sujeição, entre
outros pertinentes, segundo Gonçalves (1988), desta forma, surge o trabalhador
moderno brasileiro, explorado pelo capital fundiário e industrial.

Enquanto o eixo de acumulação estava com o setor agroexportador,


assim como o aparelho de Estado sob a hegemonia dos grandes
proprietários de terras, a situação básica do campo ficou apoiada no

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binômio latifúndio-minifúndio através de relações de produção
apoiadas no trabalho livre mas não-assalariado, basicamente.
(GONÇALVES, 1988, p. 153).

Neste ínterim, sobretudo, indica-se a permanência das mesmas formas


de exploração há um tempo considerável, de forma hereditária, entre poucas
famílias e pessoas, representando uma exorbitante concentração fundiária.
Portanto, imprescindível haver uma ampla reforma agrária conforme a legislação
nacional apresenta, garantindo justiça social e equidade.

FONTE: IPARDES, 2010. Acesso em 26\jul\2020.

Correlaciona-se com o período atual, constatando-se na região do norte


pioneiro, o predomínio de municípios de pequeno porte, ou seja, com menos de
50 mil habitantes, portanto, necessário o estudo aprofundado de políticas
públicas no sentido do desenvolvimento regional.

FONTE: IPARDES, 2006. Acesso em 27\jul\2020.

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Nesta imagem constata-se que praticamente 1\3 dos estabelecimentos
agropecuários do Estado do Paraná concentra-se com o agronegócio, portanto,
27,8% encontra-se com a agricultura familiar, trocando em miúdos, poucas
famílias e pessoas comandam um Estado com mais de 11 milhões de pessoas,
cabendo uma reflexão intensa frente a tamanha desigualdade e concentração.

FONTE: IPARDES, 2006. Acesso em 26\jul\2020.

Já nesta imagem verifica-se uma surpreendente concentração de terras


no Paraná, sendo urgente uma total redistribuição, promovendo bem estar social
e dignidade humana.

FONTE: IPARDES, 2006. Acesso em 26\jul\2020.

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Nesta imagem fica evidente como é concentrada a estrutura fundiária do
Estado do Paraná, sendo alarmante uma inexorável reforma agrária. Conforme
determina o estatuto da terra e demais legislações pertinentes.
Nesta seara, apresenta-se o Decreto nº 7.794\12 que institui a política
nacional de agroecologia e produção orgânica, logo em seu
Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica
- PNAPO, com o objetivo de integrar, articular e adequar políticas, programas e
ações indutoras da transição agroecológica e da produção orgânica e de base
agroecológica, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e a qualidade
de vida da população, por meio do uso sustentável dos recursos naturais e da
oferta e consumo de alimentos saudáveis.
Desta forma verifica-se medidas importantes no sentido de viabilização
da produção orgânica, reforma agrária e qualidade de vida da população,
promovendo-se justiça social e desconcentração de terras e renda. Ressalta-se,
a necessidade de potencializar tais arranjos no tocante a melhoria das condições
de vida da parcela de trabalhadores destituídos da terra em situação de
vulnerabilidade social.
Destacando-se na própria legislação, a questão da sociobiodiversidade,
visando uma importante cadeia produtiva que gere trabalho e renda a sociedade,
respeitando cada peculiaridade existente. Considera-se o desenvolvimento de
um sistema orgânico de produção, conservando a biodiversidade e a vida de
animais e seres humanos em perfeita harmonia.
Nos anos de 1930, há uma crise no Brasil referente a sociedade
agroexportadora, conforme indica Gonçalves (1988), representando a crise do
imperialismo a nível mundial, abrangendo a oligarquia fundiária exportadora.
Entretanto, o capitalismo redefine seu modo e acumulação. Predominando a luta
de classes proposta pelo capital.

No Brasil a hegemonia absoluta da oligarquia exportadora começa a


ser minada e a relativa desarticulação da divisão internacional do
trabalho abre espaço para que setores não-hegemônicos das classes
dominantes redefinam suas posições no bloco de poder.
(GONÇALVES, 1988, p. 154).

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O processo de industrialização se expande, apresentado como salvação
do país, contudo, não havendo uma burguesia capaz de articular este processo
de forma autônoma, segundo Gonçalves (1988), uma forma de Estado
bonapartista prevalece no Brasil, comandado por Getúlio Vargas. Ou seja, um
Estado que favorece as classes dominantes.
O Estado cria as condições necessárias a infraestrutura no Brasil,
permitindo a acumulação industrial, de acordo com Gonçalves (1988), inicia-se
o processo de integração nacional com a construção da estrada Rio-Bahia em
1934. O Estado controla a política de exportação, importando bens de capital. O
crescimento urbano propicia uma massa de assalariados, promovendo um
mercado entre agricultura e comércio, atuando na produção de alimentos e sobre
os salários, bem como na produção de matérias-primas, havendo equivalência
entre capital constante e capital industrial.
O salário adquiri seu significado especial, promovendo a reprodução do
capital em seu sistema propriamente capitalista, regulando custos de reprodução
da força de trabalho. “A lei do salário mínimo é o modo pelo qual se dá o
nivelamento por baixo do preço do trabalho”, (GONÇALVES, 1988, p. 155).
Contudo, a agricultura se submete a lógica de acumulação industrial.
Todavia, a estrutura fundiária permanece amplamente concentrada, a
expansão pujante de terras cultivadas, inserida ao latifúndio, e em caracteres
pioneiros, representa a forma como a agricultura imbrica-se com a expansão do
capital, propiciando a força de trabalho através das migrações.
Acorre um processo de complexificação da área industrial brasileira,
produzindo bens de capital, havendo a construção de empresas como a
companhia siderúrgica nacional de Volta Redonda, da Petrobrás, entre outras,
controladas pelo Estado. Em meados da década de 1950, durante o pós-guerra,
onde o capital financeiro operou o chamada milagre, criando o mercado comum
europeu. Nesta seara, o mercado brasileiro redefine suas regras de participação
com o capital internacional, conferindo-se uma nova configuração da divisão
internacional do trabalho, logrando êxito ao mercado nacional. O capital
financeiro expande-se de forma abissal no Brasil.

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A “Revolução de 64” não passou de uma purificação do Estado das
suas veleidades populistas que punham em xeque o processo de
acumulação através das palavras de origem de Reforma Agrária,
Reforma Urbana e da nova Lei de Remessa de Lucros para o exterior.
O sonho nacional desenvolvimentista acabou. A burguesia não podia
levar às últimas consequências as palavras de ordem democráticas
levantadas, nem, tampouco, a classe operária submetida no jogo
populista foi capaz de garanti-las. (GONÇALVES, 1988, p. 155).

Destarte, a concentração fundiária é algo permanente na história do


Brasil, ou seja, são enormes porções de terras concentradas com poucas
famílias, representando algo extremamente desigual na estrutura social vigente.
Demonstrando a imensa desigualdade social e fundiária brasileira.

Se tomarmos como referência do desenvolvimento capitalista a


presença de assalariados permanentes, temos uma ideia do que
representa o domínio real do capital no campo: Somente 7,6% da
força-de-trabalho total do país está nesta categoria, segundo o
recadastramento do INCRA-1972. Destes, 43,7% estão na Região
Sudeste, 26,0% no Nordeste, 20,1% no Sul e 7,7% no Centro-Oeste e
2,5% na Região Norte. (GONÇALVES,1988, p.156).

O capitalismo se desenvolve de modo desigual, um sistema econômico


que visa o lucro e a acumulação de riquezas, que está baseado na propriedade
privada dos meios de produção. Como exemplo, a referência de Gonçalves
(1988), sobre o domínio real do capital no campo.
Neste sistema capitalista, os proletários trabalham para os burgueses e
recebem um salário em troca de sua força de trabalho, vale ressaltar que são
salários muito baixos e com as demandas de trabalho e força de trabalho muito
altas.
Segundo Gonçalves (1988), somente 10% dos imóveis do país utilizam
assalariados permanentes que, ocupam 40% da área total cadastrada.
Evidenciando-se assim, que 90% dos imóveis rurais não utilizam trabalho
assalariado permanentemente.
Desta forma, é possível perceber a desigualdade do capitalismo no
campo brasileiro, onde o capitalista apenas se importa com o seu lucro, sua

43
acumulação de riquezas e seu capital, deixando de lado o trabalhador,
desvalorizando assim sua força de trabalho.
Segundo a nomenclatura do INCRA, é possível observar que são uma
porcentagem mínima dos minifúndios que utilizam assalariado permanente
(3,4%). Segundo Gonçalves (1988), nesses imóveis a ocupação principal é a
pecuária, onde a qualidade do processo de trabalho não é vista, sem contar a
exploração e a extração florestal que são sustentadas pelos incentivos ficais do
governo.

Em outras palavras, a estrutura agrária exprime no campo o caráter


altamente desigual do desenvolvimento do capitalismo no Brasil, em
termos de concentração da riqueza. Em síntese, o perfil altamente
concentrado da riqueza que se observa nos polos dinâmicos do
capitalismo no Brasil tem como suporte uma estrutura agrária
altamente concentrada da propriedade da terra. (GONÇALVES, 1988,
p. 157).

Dando ênfase na importância sobre a agricultura familiar como forma de


distribuição de terras, como alternativa de uma mudança na estrutura desigual e
de concentração de rendas. Como o meio capitalista que possui demasiada
concentrações de riquezas, que na maioria das vezes, utilizando-se do suor do
trabalhador e sua força de trabalho.
Destaca-se uma grande e variada porções de terras obtidas por paulistas
em extenso território nacional, favorecendo uma parte populacional em colossais
terras brasileiras nos mais diversos estados e regiões, conforme aponta
Gonçalves (1988). Havendo incentivos ficais do Estado para tal feito como a
SUDAM.
Bancos como o da Amazônia, financiam projetos burgueses com
inúmeros privilégios fiscais, onde persiste uma frequente luta por terras e muito
sangue derramado pelos senhores proprietários de latifúndios e seus podres
poderes. Garantindo a matança e a injustiça social em diversas áreas do Brasil.
Todavia, o que ocorre com o trabalhador dessas terras, são migrações
para a Bolívia, devido ao medo e receio de conflitos com os chamados paulistas
novos donos de terras, que proporcionam as injustiças cometidas há séculos

44
com relação a divisão de terras, desrespeitando quem ali já estava há tempos
construindo suas vidas de forma digna com suas famílias e vivendo em paz.
Ocorre um processo de acumulação de terras, bem como sua
especulação e depreciação da moeda, descaracterizando seu recurso produtivo,
havendo uma irracionalidade da política agrícola, de acordo com Gonçalves
(1988). Através dos subsídios liberados pelo Estado que garante a propriedade
burguesa acima da democracia e justiça social.
Neste sentido, “o registro de propriedade rural transformou-se em
verdadeiro brevê de vôo a ganhos de transferência e valorização imobiliária”.
(GONÇALVES, 1988, p. 159). Existem indivíduos que não estão vínculos ao
setor agrícola utilizando-se de tais créditos em benefício de reaplicações
financeiras, permitindo desvios dessas aplicações que não percorrem sua vital
execução, predominando a má fé e o autoritarismo em benefício da burguesia
parasitária.
Observa-se a fase imperialista do capitalismo, permitindo o parasitismo,
e o monopólio, no processo de produção de mercadorias, concorrência, e de
contradições assombrosas de tais condições, promovendo estancamento e
decomposição deste sistema corrupto em sua estrutura. “Daí o extraordinário
incremento da classe, ou melhor, do setor que vive de rendas, isto é, de
indivíduos que vivem do ‘corte do cupom’, completamente alheios à participação
nas empresas e cuja profissão é a ociosidade”. (GONÇALVES, 1988, p. 159).
O parasitismo capitalista se constrói bom bases na exportação do
capital, acentuando o distanciamento dos que vivem do lucro com a produção,
promovendo a desenfreada exploração capitalista, principalmente nas colônias
escravizadas e degradadas pelo capital parasitário.

Se vemos o imperialismo na sua acepção mais profunda – leninista –


e não simplesmente como dominação do capital estrangeiro, como
querem o na “nacional-socialistas”, podemos entender mais
claramente alguns aspectos do caráter parasitário da expansão do
grande capital na agricultura, transformando-se ele mesmo em
proprietário fundiário, dando as mãos aquilo que precisa ser uma
“irracionalidade”, isto é, a propriedade fundiária, aumentando “o peso
dos proprietários rurais no seio da classe capitalista como um todo”.
(GONÇALVES, 1988, p. 160).

45
É evidente dizer que a agricultura brasileira é extremamente capitalista.
A contradição fundamental dessa agricultura é entre exploradores e explorados,
onde os exploradores são uma parte da burguesia. Importante ressaltar que os
explorados da agricultura tem um caminho para se libertar dessa tamanha
exploração; é o caminho de uma sociedade além da sociedade capitalista. O
caminho da socialização dos meios de produção.
Segundo Gonçalves (1988), é possível observarmos os dados referentes
ao Estado de São Paulo, sendo que 40% do total das terras cadastradas em
1972 estavam sem qualquer tipo de exploração de atividade. Podemos
relacionar que tem mais casa sem gente, do que gente sem casa.

Grande parte dos posseiros com os quais hoje se defronta o grande


capital nas chamadas “frentes pioneiras” é constituída por nordestinos.
Neste processo, o que vemos é o estabelecimento da hegemonia do
grande capital subsidiado pelo Estado, nas condições observadas
anteriormente, e, como seu corolário, uma política em relação aos
posseiros de total desrespeito. Os planos de colonização efetuados
pelo INCRA foram inócuos, a ponto dos moradores da região indicarem
ironicamente que a sigla INCRA quer dizer Infelizmente Nada
Conseguimos Realizar na Amazônia. (GONÇALVES, 1988, p.161).

Sem contar que, a região da Amazônia se constitui em uma área em que


ocorre muitos conflitos, devido ao lema de tomar posses das terras no Brasil.
Mais uma vez, é evidente de como o capitalista e a burguesia se apossa de terras
no território brasileiro e como esse ato é extremamente desigual.
Como vimos anteriormente é importante ressaltar sobre a subordinação
real do trabalho ao capital no campo brasileiro, que é de grande forma desigual
e capitalista. Com isso, segundo GONÇALVES (1988), pode ser demonstrado
pela reduzida presença de assalariados permanentes, como também pela
importância do trabalho familiar. De tal maneira, que essa situação não acontece
do acaso, mas sim do caráter desigual e exploratório do desenvolvimento.
Para Gonçalves (1988), esse desigual processo de exploração da terra
e do trabalho no campo brasileiro, ocorre como referência a contribuição dos
diversos estratos de tamanhos de propriedade na quantidade colhida dos setes

46
principais produtos, que são: Cana, Arroz, Algodão, Trigo, Café, Milho e Feijão.
Classificados assim, a partir do valor estimado da produção, que se refere a
quantidade colhida multiplicada pelo preço médio de comercialização.
Destaca-se que mais de 1.000 ha estão em 51,4% das terras, reforçando
uma desigualdade estrutural fundiária e concentrada permanente no Brasil há
décadas, isto já na década de 1970. Onde a cana de açúcar representa um dos
principais produtos do capital parasitário, contudo, os produtos essenciais a
existência humana com relação a alimentação dos indivíduos vem sendo
devastadoramente decrescidos no referido período. As facilidades promovidas
pelo Estado Burguês sempre foram imprescindíveis ao desenvolvimento do
capital, em detrimento do pequeno e médio produtor, principalmente do
trabalhador.
Constata-se que a base alimentar da população são produzidas nas
menores porções de terras, ou seja, propriedade de produção familiar,
demonstrando uma gritante desigualdade de produção e terras neste processo
de acumulação do capital.
As produções de cana de açúcar e soja, são amplamente financiadas
pelo Estado, através de financiamentos, enquanto outros produtos necessários
a existência humana, estão vinculados a agricultura familiar, “distinguem-se
claramente as “culturas dos ricos” das “culturas dos pobres”. (GONÇALVES,
1988, p.163). A burguesia relacionada ao capital industrial e a exportação, a dos
pobres ao feijão, milho e mandioca, suprindo as necessidades de sobrevivência
familiar, onde o excedente minúsculo é colocado ao mercado para alimentar os
pobres trabalhadores explorados e aos favelados da periferia, imposta pelo
capital repressor e excludente.
De acordo com Gonçalves (1988), os míseros excedentes dos pequenos
produtores familiares os submetem ao capital mercantil, como comerciante-
usuário. Reproduzindo, desta forma, o capital parasitário degradante. Os
pequenos produtores vendem sua ínfima produção a preço de custo, de acordo
com a reposição necessária a sua própria sobrevivência, adquirindo as
necessárias mercadorias pelo preço de produção, envolvendo o custo e o lucro,
intrínseco ao preço do monopólio de atravessadores.
Articula-se a produção capitalista de mercadorias, através de uma troca
desigual, promovendo uma insegurança aos trabalhadores que são obrigados a

47
venderem sua força de trabalho de forma temporária, representando boa parte
dos “bóias-frias”, desenvolvendo o capitalismo no campo.
Desenvolve-se as relações capitalistas de produção e perpetuação de
seu sistema, envolvendo intrinsicamente o campo brasileiro, e a produção
familiar, bem como do trabalho em domicilio, controlado por grandes monopólios,
envolvendo pequenos produtores e seus meios de produção, os subordinando
através do mercado em comprar matéria-prima, chamado de oligopsônio,
colocando ao produtor todos os riscos da produção.

O capitalismo ao surgir encontra formas de propriedade que não lhe


corresponde. Todavia, o capitalismo subordina essas formas de
propriedade o que acaba por engendrar combinações particulares de
classe entre o capital e a propriedade fundiária, no seio de cada Estado
nacional. (GONÇALVES, 1988, p. 164).

Em casos de países de capitalismo tardio e atrasado, onde a indústria


surge com elevado grau de concentração e centralização de capital, como no
Brasil, vinculado a uma estrutura fundiária extremamente concentrada, o grande
capital funde-se com os grandes proprietários, formando uma massa de
assalariados urbanos, bem como uma enorme parcela de pessoas vegetando na
periferia das grandes cidades, havendo uma parcela exorbitante de
trabalhadores rurais sobrevivendo praticamente na indigência, imposta pelo
capital destruidor de vidas e da natureza e planeta finito.
O miserável trabalhador do campo produz o alimento da massa de
trabalhadores urbanos, num processo de reprodução da pobreza e pauperismo,
inerentes ao capital. Neste sentido, o capital se aproveita da reprodução dos
trabalhadores através da mais-valia, superlucrando de forma colossal, sob o viés
de um Estado autoritário e repressor, permitido pelo imperialismo desumano,
promovendo riqueza e miséria concomitantemente, onde as democracias
burguesas dos Estados Unidos e norte-ocidental da Europa se sustentam,
através da miséria alheia dos países periféricos.
Destarte, deve-se imperativamente superar-se as formas de exploração
capitalista em seu processo degradante de construção e permanência no planeta

48
terra, implicando em análises profundas sobre suas contradições, pode-se
supera-lo, e colocar em prática um sistema que proporcione bem estar social e
abolição da exploração do homem sobre o homem, preservando vidas e o
planeta terra finito.
Pois, o desenvolvimento do capitalismo é desigual em todas as suas
formas e manifestações, construindo uma divisão do trabalho mundial.
Constituindo uma contradição entre classes, configurando um imperialismo
mundial, permitindo-se avaliar o processo de universalidade.
A questão agrária merece destaque no sentido da divisão desigual de
terras em nosso território, no sentido de reprodução do capital em suas variadas
formas. Estando interligadas entre países centrais e periféricos, abrangendo
inexoravelmente a propriedade fundiária.
No Brasil essa configuração se delimita a partir da segunda metade do
século XIX, sendo modificada nos de 1930 e reforçada no golpe militar de 1964,
causando imensos prejuízos a sociedade e inúmeras expressões da questão
social. O grande capital funde-se com o grande proprietário de terras,
promovendo uma revolução burguesa nos países atrasados e pouco
desenvolvidos como o Brasil.
Desenvolve-se uma intensa luta de classes no Brasil, envolvendo
indígenas, posseiros, bóias-frias e operários do ABC paulista. Todavia, o Estado
centraliza o poder em torno do grande capital em benefício da imensa
propriedade fundiária, dificultando significativamente a construção de uma ampla
reforma agrária, justa e digna a toda a sociedade. Assim sendo, um Estado
burguês privilegia sua classe em detrimento da maioria explorada pelo sistema
capitalista, evidenciando uma total injustiça social.
Neste sentido, avalia-se na região do norte pioneiro um total
descompromisso com o processo de desconcentração de terras, comprovando
que o Estado atende aos interesses da classe burguesa parasitária, que
prejudica a vivência em harmonia e paz social, destruindo e degradando
sociedade e natureza em benefício do lucro, elevando índices de problemas
sociais e as constantes mazelas e expressões desta questão exploratória
capitalista.

49
(NEO) LIBERALISMO, INDIVIDUALISMO E COLETIVISMO

Na pretensão de apresentar uma outra perspectiva, que vigora em


tempos atuais, e defende, sobretudo, a concorrência como seu princípio
fundamental, e critica formas de sociedade com economia planificada com viés
socialista ou social democrata. Segundo Hayek (2010) existe um equívoco sobre
o conceito de socialismo, relacionando-o a justiça social, igualdade e segurança.
Conforme o autor apresenta, em sua visão, socialismo prevê a abolição
da propriedade privada dos meios de produção, promovendo uma economia
planificada, na qual o lucro é substituído por denominado órgão central. Todavia,
não deve-se reduzir um sistema que determina a felicidade social de forma
reducionista.
O socialismo é entendido conforme Hayek (2010), como um objeto de
política prática e não somente de esperanças a sociedade, e em como saber
guiar tal forma de sistema que prevê justiça social e harmonia em sociedade.
Defendendo que a planificação econômica pode ser utilizada para vários outros
fins, ou seja, diversas maneiras de uso podem ser definidas e reelaboradas de
acordo com os interesses dos indivíduos, sem que haja exploração entre
classes.
A centralização da atividade econômica conforme defende Hayek
(2010), representa a forma como se define o pensamento socialista, podendo
ser amplamente modificada em perfis contemporâneos, onde a produção para o
consumo seja substituída pela produção com vistas ao lucro, que representa
intensa irracionalidade e degradação ambiental desenfreada.
De acordo com Hayek (2010), o termo que pode ser utilizado como
referência, é o coletivismo, referenciando-se ao socialismo, “quase todos os
pontos de divergência entre socialistas e liberais referem-se aos métodos
comuns a todas as formas de coletivismo e não aos fins específicos para os
quais os socialistas desejam emprega-los” (HAEYK, 2010, p. 56).
O referido autor apresenta sua crítica aos métodos coletivistas de
sociedade, crendo que tal método persuadiu vários liberais com relação a
planificação econômica, determinando-se como um rígido controle da vida
econômica, com certeza com vistas ao sistema stalinista totalitário em vários
sentidos e descaracterizado da visão marxista puramente apreciada no presente

50
texto. Em que submente o socialismo a opressão e tirania, características
imperativas do capital liberal.
De acordo com Hayek (2010), há uma intrínseca relação entre
coletivismo e economia planificada, sendo necessário um planejamento que
prevê um ideal distributivo.

O conceito de “planejamento” deve sua popularidade em grande parte


ao fato de todos desejarmos, obviamente, tratar os problemas
ordinários da forma mais racional e de para tanto precisarmos utilizar
toda a capacidade de previsão possível. Neste sentido, se não for um
completo fatalista, todo indivíduo será um planejador; todo ato político
será (ou deveria ser) um ato de planejamento, de sorte que só haverá
distinção entre o bom e o mau planejamento, entre um planejamento
sábio e previdente e o míope e insensato. (HAYEK, 2010, p. 57).

Os estudos devem basear-se nas atividades humanas inerentes a


necessária sobrevivência e bem estar social, afastando-se de concepções que
naturalizam a pobreza e criminaliza os pobres e excluídos da sociedade
capitalista neoliberal.
Empregando-se a distribuição da renda e da riqueza socialmente
produzida, Hayek (2010) define o planejamento individual de cada indivíduo, sem
problematizar questões como as oportunidades geradas pelo sistema capitalista
neoliberal. Apresenta-se, de acordo com o referido autor, uma determinada
centralização de poder no sentido coletivista, no sentido de um plano único,
dirigindo de forma consciente os recursos da sociedade, definindo a finalidades
determinadas.
Planejamento e organização são empregadas pelos socialistas,
predominando-se uma discordância entre planejadores e liberais, não
confundindo com uma posição de laissez-faire, apresentando que a doutrina
liberal é favorável ao emprego em a um processo de concorrência coordenando
os esforços humanos, contrariando a perspectiva de indivíduos que pertencem
às classes mais abastadas em disputa, com pessoas em condição de pobreza,
sendo desleal tal configuração liberal, bem como injusta para quem sobrevive
com os mínimos sociais e a mercê do desemprego e do sucateamento do Estado
liberal capitalista que defende a concentração de renda e a injustiça social.

51
Predomina na visão de Hayek (2010), que, com a concorrência efetiva
ela deve orientar os esforços individuais, havendo uma concorrência funcional
de forma benéfica, sendo necessário a criação de uma estrutura legal
sistematicamente elaborada, sendo possível a existência de falhas,
concernentes a imensa desigualdade social, desemprego, e pujante índices de
criminalidade.
O liberalismo é um sistema que defende inexoravelmente a
concorrência, coordenando esforços individuais, apresentando-se de forma
superior a chamada concorrência, ajustando-se as atividades humanas sem a
intervenção coercitiva e arbitrária de autoridades.

Com efeito, uma das principais justificativas da concorrência é que ela


dispensa a necessidade de um “controle social consciente” e oferece
aos indivíduos a oportunidade de decidir se as perspectivas de
determinada ocupação são suficientes para compensar as
desvantagens e riscos que a acompanham. (HAEYK, 2010, p. 58).

Contudo, não discorre quem são esses indivíduos, talvez os


beneficiados pelo sistema capitalista liberal parasitário, que beneficia quem
possui várias oportunidades proporcionadas pela exploração e pelo lucro
capitalista. Determinando a acumulação de capital a uma minoria da sociedade,
representando formas injustas de convivência social, favorecendo, sobretudo,
quem já possui poder político e econômico.
Defende-se a ideia de excluir certos tipos de intervenção coercitiva na
vida econômica, permitindo outras formas que auxiliem seu funcionamento,
exigindo formas de ação governamental. Enfatizando que o mercado tenha
liberdade para vender e comprar a qualquer preço, havendo interessados na
transação, e que todos sejam livres para produzir, vender e comprar o que pode
ser produzido ou vendido.
Defendendo que o controle dos preços impeça uma concorrência que
promova a coordenação dos esforços individuais, conforme indica Hayek (2010),
predominando uma correlação entre preços e condições do mercado, em

52
desfavor dos indivíduos capazes de consumir e orientar suas ações no sistema
liberal capitalista.
Assim sendo, o sistema de serviços sociais podem tornar ineficaz a
concorrência prevista pela ótica liberal em vastos setores da economia,
requerendo a instituição de moedas, mercados e canais de informação,
necessitando de um sistema legal apropriado, mantendo a concorrência
permitindo benéficos a sociedade.
Sendo necessário o reconhecimento legítimo da propriedade privada,
havendo problemas quanto as sociedades anônimas e patentes, causando
ineficácia ao sistema liberal, e destruição em vários setores. Dificultando a
eficiência da concorrência e da propriedade privada. Devendo-se basear em
mecanismos de controle conscientes, de acordo com Hayek (2010).
A concorrência deve ser eficiente da melhor forma possível, onde a
atividade estatal deve intervir em determinadas circunstâncias evitadas pelo
capital liberal, garantindo a funcionalidade do Estado. “Um sistema eficaz de
concorrência necessita, como qualquer outro, de uma estrutura legal elaborada
com inteligência e sempre aperfeiçoada”. (HAYEK, 2010, p. 60).
Deve-se prevenir a fraude e o estelionato, bem como a exploração da
ignorância, permeando a atividade legislativa, defende-se que a planificação é
contrária a concorrência, critica-se o sindicalismo e o corporativismo, em vista
da supressão da concorrência. E o planejamento fica em mãos monopolistas,
controlados por determinados setores da economia.
Os monopólios devem ser controlados pelo estado, sendo completo e
minucioso, promovendo o desenvolvimento nacional através de monopólios
tutelados, todavia, é possível acreditar no meio-termo, segundo apresenta
alguns autores, conforme discorre Hayek, entre uma concorrência atomística e
o dirigismo central.
Contudo, a concorrência depende da ação governamental, sendo eficaz
em sua produção, “tampouco é o planejamento um remédio que, tomado em
pequenas doses, possa produzir os efeitos esperados de sua plena aplicação”.
(HAYEK, 2010, p. 62). Apresenta-se que, a incompletude pode prejudicar o
funcionamento dos sistemas tanto de concorrência como o de dirigismo central,
e se combinados, não funcionarão de forma efetiva, e resultará em total fracasso.

53
Ou seja, planificação e concorrência somente pode ser combinadas em
vista da defesa intransigente da concorrência, e nunca contra ela. Contudo,
Hayek (2010), elabora sua crítica ao pensamento contrário a concorrência, ou a
algo que prevê sua substituição, permitindo livres poderes ao mercado e ao
capital liberal parasitário, acumulador de riquezas a uma mínima parcela da
sociedade, gerando pobreza e desemprego a maioria.
Agora iremos analisar uma ideia segundo o autor Hayek (2010), em que
de um lado serve de consolo para muitos que consideram inevitável o advento
do totalitarismo, de outro enfraquece sobremodo a resistência dos que a ele se
oporiam com todas as forças se lhe compreendessem a natureza.

Não devemos iludir-nos supondo que todas as pessoas de bom


coração são forçosamente democratas ou desejam fazer parte do
governo. Muitos prefeririam confiá-lo a alguém que reputam mais
competente. Embora isso possa ser importante, não há erro ou
desonra em aprovar uma ditadura dos bons. O totalitarismo, ouve-se
dizer, é um sistema poderoso tanto para o bem como para o mal, e o
fim para o qual é usado depende inteiramente dos ditadores. Aqueles
que julgam não ser o sistema que cumpre recear, e sim o perigo de
que ele venha a ser dirigido por maus indivíduos, poderiam até ser
tentados a prevenir esse perigo fazendo com que ele fosse
estabelecido antes por homens de bem. (HAYEK, 2010, p. 139).

É possível compreender que segundo Hayek (2010), não é identificado


apenas problemas econômicos, mas uma possível discussão sobre a própria
natureza do poder. Não basta assegurar que pessoas boas sejam eleitas. Mas,
garantir que o totalitarismo seja rejeitado em todas as suas formas: política,
social e econômica.
Hayek (2010), também ressalta que um sistema fascista, que foi o
sistema político nacionalista, antiliberal e antissocialista, inglês ou americano,
deferiria muito dos modelos italiano ou alemão, destacando-se que se a
transição fosse efetuada sem violência, poderia haver esperanças de que
surgisse um líder melhor. Desta forma, prevalecendo a paz e harmonia em
sociedade, sem violências e brigas, pois, desta maneira, nada se resolve de
forma eficaz, e sim só piorando ainda mais as situações das quais se encontra.

54
Defronta-se com o dilema de assumir poderes ditatoriais ou abandonar
seu plano, também o ditador totalitário logo teria de escolher entre o fracasso e
o desprezo a moral comum, segundo Hayek (2010). Desta forma, a sociedade
composta pelo totalitarismo, do homem como servo do Estado, com essa razão,
homens desonestos e que não fazem uso da ética, do respeito e da honestidade,
possuem mais probabilidade de êxito em uma sociedade em que prevalece o
totalitarismo.

Que atitudes morais serão geradas por uma organização coletivista da


sociedade, e por que ideias morais tal sociedade tenderá a ser dirigida.
A interação da moral e das instituições poderá fazer com que a ética
resultante do coletivismo seja totalmente diversa dos ideais morais que
levam a exigir a implantação desse mesmo coletivismo. Embora nos
inclinemos a pensar que, como o desejo de um sistema coletivista
nasce de elevados motivos morais, em que tal sistema se
desenvolverão as mais altas virtudes, não existe, na realidade,
nenhuma razão para que qualquer sistema estimule necessariamente
aquelas atitudes que concorrem para o fim a que ele se destina.
(HAYEK, 2010, p. 140).

É de extrema importância ressaltar sobre as ideias morais na sociedade,


visto que, de acordo com Hayek (2010), as ideias morais dominantes
dependerão em parte das qualidades que conduzem os indivíduos ao sucesso,
dentro de um sistema coletivista ou até mesmo totalitário, ou seja, ressalta-se
sobre cada indivíduo saber e agir com ética, respeito e honestidade para si e
com o próximo, onde faça prevalecer a paz em sociedade. Desta maneira, cada
indivíduo fazendo o seu papel, poderemos alcançar uma parte das ideias morais
na sociedade e alcançar o sucesso.
Segundo Hayek (2010), iremos destacar as três razões principais para
que um grupo numeroso, forte e de ideias bastante homogêneas não tende a ser
constituído pelos melhores e sim pelos piores elementos de qualquer sociedade.
Em primeiro lugar, Hayek (2010), considera que quanto mais elevada a
educação e a inteligência dos indivíduos, tanto mais se diferenciam os seus
gostos e opiniões e menos é a possiblidade de concordarem sobre determinada
hierarquia de valores. Ou seja, com isso é possível observar que de acordo com
o autor, pessoas mais elevadas a educação e a inteligência possuem suas

55
próprias opiniões e a partir disso, tendem a ter o seu próprio conhecimento, e
diante disto, a possiblidade é menor de concordarem, ou apoiarem determinadas
hierarquias de valores.

A esta altura entra em jogo o segundo princípio negativo da seleção:


tal indivíduo conseguirá o apoio dos dóceis e dos simplórios, que não
tem fortes convicções próprias mas estão prontos a aceitar um sistema
de valores previamente elaborado, contando que estes lhes seja
apregoado com bastante estrépito e insistência. (HAYEK, 2010, p.
142).

Com isso, é possível dizer sobre a segunda razão principal, em que


estão relacionados aos indivíduos que possuem ideias vagas e imperfeitas, e
com isso se deixam influenciar mais fácil, por qualquer razão ou circunstâncias
se deixam ganhar a confiança, tendo em vista que suas emoções não é difícil
despertar, e passam a fazer parte das fileiras do partido totalitário.
De acordo com Hayek (2010), o terceiro e talvez mais importante das
razões principais citadas, está relacionada com o esforço do demagogo hábil por
criar um grupo coeso e homogêneo de prosélitos. Sobre o ódio a um inimigo ou
a inveja aos que estão em melhor situação, tendo em vista que por essa razão,
é sempre utilizada por aqueles que procuram não só o apoio a um programa
político mas também a finalidade irrestrita de grandes massas.
As plutocracias, são problemas emergentes em várias regiões do
planeta, representando governos cujos padrões éticos são praticamente
inexistentes, que segundo Hayek (2010), é devido ao sentimento anticapitalista
e antissemita, havendo uma correlação entre coletivismo e nacionalismo em
padrões nazifascistas defendidos pelo autor. Algo extremamente equivocado e
distorcido conforme a ciência marxista pondera.
Segundo Hayek (2010), em sua visão liberal naturalizante da pobreza,
expõe que o coletivismo é inconcebível a níveis mundiais, a não ser para atender
aos interesses de uma minoria dirigente, equivocando-se quanto aos termos
marxistas de auto-organização dos trabalhadores. Demonstra-se intensa
persuasão em seu pensamento ao condicionar os socialistas a indivíduos que

56
não se prestam a resolver os problemas da sociedade, postos pelo próprio
capital liberal.
Considera-se uma visão deturpada do referido autor, em transpor suas
ideias baseadas no sistema stalinista, centralizador e autoritário, que se
distancia totalmente do que determina as bases reais do socialismo científico.
Um individualista liberal pensa a sociedade baseada na concorrência capitalista
e na mínima intervenção do estado neste processo, algo que favorece quem
possui uma vida abastada através da herança e seus congêneres e prejudica
quem pertence ao proletariado explorado pelo capital liberal.
De acordo com Hayek (2010), o nacional-socialismo alemão compara-
se ao socialismo científico apresentado por Marx e Engels, constituindo enorme
deturpação e talvez até má fé em suas palavras, provavelmente com
pagamentos recheados pela burguesia liberal, partindo de uma percepção
clarificada.
A descentralização reduz o poder exercido do homem pelo homem,
conforme indica Hayek (2010), defendendo sobretudo o pensamento liberal
burguês, através da concorrência capitalista, havendo a separação entre
objetivos políticos e econômicos, garantindo liberdade individual. Persistindo
coincidências e contradições entre socialismo e liberalismo, no sentido da moral
em que ambos pressupõem.
Entretanto, verifica-se o fracasso do sistema liberal apresentado,
proposto em bases individualistas, convertido em uma colossal desigualdade
social e de renda, onde a burguesia financeirizada controla todos os meios de
produção, especulando valores e preços, naturalizando a pobreza e os
trabalhadores pelo seu fracasso individual, desconsiderando questões
essenciais como as condições preexistentes de existência em sociedade, que
condiciona os indivíduos a pobreza ou riqueza propagada pelo capital liberal.

ESTADO DO PARANÁ, DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE DA REGIÃO DO


NORTE PIONEIRO

Analisando dados do IPARDES (2010), com relação ao desenvolvimento


do Estado do Paraná, referindo-se a região do norte pioneiro, objeto de estudo

57
do trabalho, relativos as áreas de crescimento e esvaziamento, segue a imagem
a seguir.

FONTE: IPARDES, 2010. Acesso em 06\09\2020.

Com base na imagem, verifica-se um esvaziamento considerável na


região do norte pioneiro paranaense, configurando uma real necessidade de
geração de empregos, renda e trabalho na região, em benefício da qualidade de
vida da população e maior pluralidade e diversidade de culturas possíveis de
serem alocadas.
Ou seja, o sentimento e a percepção é que a referida região estacionou
no tempo em promover desenvolvimento econômico e social, garantindo
harmonia e paz social a população, sendo necessário desconcentração de renda
e fundiária em benefício da sociedade, e construção da democracia e bem estar
social.
Com relação a taxa de crescimento da população total do Estado do
Paraná, de acordo com dados do IPARDES (2010), entre os anos de 2000\2010,
verifica-se um pífio crescimento na região do norte pioneiro, caracterizando um
retrocesso para a região no tocante a geração de trabalho, reforma urbana e
agrária, e ao bem estar social do povo, conforme segue a imagem.

58
FONTE: IPARDES, 2010. Acesso em 06\09\2020.

Verifica-se decréscimo populacional na região do norte pioneiro,


representando algo que deve ser inovado com base em estudos coerentes com
a realidade local e regional, visando desenvolvimento e distribuição de terras e
casas a quem realmente necessita, bem como projetos de economia solidária e
uma ampla reforma agrária e fortalecimento da agricultura familiar.
O IPARDES (2007), apresenta de acordo com a imagem a seguir, a
hierarquia dos centros urbanos, concentrado em poucos municípios da região do
norte pioneiro, e de forma significativa na região do norte central, caracterizando
dependência e imensas dificuldades de logística e locomoção da população,
principalmente a classe trabalhadora a mercê de um sistema público sucateado
e corrupto estruturalmente, baseado no sistema capitalista neoliberal em
funcionamento.

59
FONTE: IPARDES, 2007. Acesso em 06\09\2020.

Neste sentido, considera-se que poucos municípios concentram


determinados serviços essenciais a população, dificultando o acesso
principalmente no tocante a logística e usufruto de determinados serviços
efetivos a população da região do norte pioneiro.
Seguindo com os dados apresentados pelo IPARDES (2010), com
relação a razão de dependência dos municípios no âmbito da região do norte
pioneiro, constata-se uma problemática progressiva de dependência com
ínfimos municípios, segundo a imagem a seguir.

FONTE: IPARDES, 2010. Acesso em 06\09\2020.

60
Verifica-se, que apenas três municípios concentram importância no
quesito dependência, dos demais da região do norte pioneiro, sendo necessário
uma ampla reforma na referida região no sentido de desenvolvimento regional
com geração de serviços, trabalho e demais necessidades inerentes a qualquer
sociedade que preze pelo progresso e desenvolvimento, utilizando-se,
sobretudo, da inteligência artificial.
A proporção de idosos é uma preocupação crescente na sociedade, e
conforme dados do IPARDES (2010), tal segmento merece atenção, no sentido
da qualidade de vida, abertura e implantação de instituições que trabalhem com
esta temática, bem como no tocante a prevenção de doenças. A imagem a seguir
apresenta os referidos dados desta população.

FONTE: IPARDES, 2010. Acesso em 06\09\2020.

Contudo, deve-se avaliar que em dez anos houve aumento deste


segmento populacional, em vista das condições atuais em 2020, e que
programas e projetos relativos a esta parcela da população devem ser
inexoravelmente implementados, como a casa-lar, instituições de longa
permanência, entre outras necessárias a esta camada da população que merece
viver com qualidade de vida e respeito.
Todavia, analisa-se o índice de desenvolvimento humano municipal no
Estado do Paraná em (2010), de acordo com o IPARDES, segue a imagem com
os referidos dados.

61
FONTE: IPARDES, 2010. Acesso em 06\09\2020.

Assim sendo, comprova-se um índice médio e alto predominante,


concentrando com poucas pessoas e famílias na região do norte pioneiro do
Paraná, persistindo um política conservadora e reacionária de acumulação e
concentração de renda, em detrimento do que determina as várias legislações
expostas ao longo do texto, bem como da crítica ao sistema capitalista neoliberal.
O Estado do Paraná, conforme dados do IBGE – Instituto Brasileiro de
Geografia Estatística (2019), possui área territorial de 199.298,979 km², ou seja,
um estado de proporções consideráveis, com imensa concentração de terras
com poucas famílias, necessitando gerar desconcentração e melhoria de
condições de vida de sua população.

FONTE: IGBE, 2020. Estado do Paraná. Acesso em 07\09\2020.

62
Sua população estimada em 2020, conforme apresenta o IBGE, é de
11.516.840 pessoas, no entanto, uma parcela considerável encontra-se em
condições de pobreza, desempregada e desalentada, sobrevivendo a mercê da
caridade burguesa maçônica, e de políticos e empresários inescrupulosos, que
se utilizam desta miséria para fazerem seus acordos mesquinhos e se
perpetuarem no poder. (MARX, 2010).
De acordo com os dados do IBGE (2010), a densidade demográfica do
Estado do Paraná é de 52,40 hab/km², estando concentrada em poucos
município e regiões do Estado, necessitando de um amplo projeto de
desenvolvimento regional que redistribua esta população em vista do porte do
Estado, e em promover justiça social em todas as regiões do Estado. Conforme
segue a imagem.

FONTE: IBGE, 2010. Acesso em 07\09\2020.

Segundo dados do IBGE (2018), no Estado do Paraná, as matrículas no


ensino fundamental vem ocorrendo de forma decrescente, com
1.427.218 matrículas, portanto, verifica-se a redução da natalidade e a elevação
da população idosa, necessitando-se de políticas públicas voltadas para este
novo cenário em configuração, conforme a imagem na sequência demonstra.

63
FONTE: IBGE, 2018. Acesso em 07\09\2020.

Com relação ao índice de desenvolvimento humano, de acordo com os


dados do IBGE (2010), o Estado do Paraná apresenta uma crescente de 0,749,
entretanto, havendo o predomínio e concentração de renda com poucas pessoas
e famílias, como determina o sistema capitalista neoliberal. Segue a imagem
apresentando os referidos dados.

FONTE: IBGE, 2010. Acesso em 07\09\2020.

Constata-se, conforme dados do IBGE (2017), no Estado do Paraná,


referente as despesas realizadas, um total de 60.163.576,122,46 R$ (×1000),
representando valores exorbitantes em vista das inúmeras necessidades da
população do Estado, verificando-se certa irresponsabilidade quanto aos gastos
públicos e seu devido investimento em políticas públicas. Como apresenta a
imagem na sequência.

64
FONTE: IBGE, 2017. Acesso em 07\09\2020.

No tocante as despesas empenhadas, segundo dados do IBGE (2017),


houve um declínio no valor de 55.534.402,974,83 R$ (×1000), conforme a
imagem a seguir apresenta, demonstrando necessidade de eficácia quanto aos
gastos públicos necessários a sociedade paranaense e melhoria das condições
de vida da população.

FONTE: IBGE, 2017. Acesso em 07\09\2020.

Todavia, com relação ao rendimento mensal domiciliar per capita no


Estado do Paraná, conforme dados do IBGE (2019), um valor irrisório que
comprova-se em 1.621 R$, atualmente praticamente um salário mínimo e meio,
contatando-se a péssima distribuição de renda no Estado e prejudicando
condições dignas de sobrevivência a população paranaense. Como pode-se
verificar na imagem abaixo.

65
FONTE: IBGE, 2020. Acesso em 07\09\2020.

No tocante ao número de veículos no Estado do Paraná, segundo dados


do IGBE (2018), apresenta-se um total de 7.571.122 veículos, demonstrando
que medidas de sustentabilidade ambiental não irrisórias, e a indústria
automobilística e de combustíveis, pedágios, e estradas, predominam no Estado
do Paraná, sendo necessário profundas alterações neste cenário caótico que se
define.

FONTE: IBGE, 2020. Acesso em 07\09\2020.

Com relação aos dados e informações apresentadas referentes ao


Estado do Paraná, identifica-se uma notável ineficácia quanto as propostas de
desenvolvimento regional, qualidade de vida, democracia e participação social,
persistindo o sistema capitalista neoliberal que privilegia a minoria das pessoas
em sociedade, revelando inúmeros problemas e elevação das expressões da
questão social, sendo necessário e evidente, a construção de políticas públicas
eficazes que realmente melhore a vida da população paranaense.

66
Caracterizando a região do norte pioneiro paranaense, conforme dados
do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (1998), referente ao nível
de hierarquia entre os municípios, verifica-se que poucos possuem tal potencial,
dificultando o funcionamento de inúmeros serviços e favorecendo longos
deslocamentos da população em situação de vulnerabilidade social, de acordo
com a imagem a seguir.

FONTE: IPEA, 1998. Acesso em 07\09\2020.

A mesorregião do norte pioneiro, em 1996 possuía 46 municípios, de


acordo com o IPEA, com população de 540.178 habitantes, correspondendo a
6% da população paranaense. Ocupando uma área de 15.700 KM², com
densidade populacional de 34,19 habitantes por KM². Em sentido geral, a
mesorregião do norte pioneiro vem perdendo população desde a década de
1970, principalmente devido a evasão rural.
Sofrendo uma perda de 333.616 habitantes entre 1970 e 1996,
entretanto, nesse período, a área urbana vem crescendo de forma considerável,

67
absorvendo boa parte da população rural. “Seu grau de urbanização (69,73%)
não reproduz a intensidade do processo urbanizador das demais regiões do
norte do estado. Em 1970, com 29,78%, era superada por apenas três
mesorregiões - atualmente é a quinta em grau de urbanização no Paraná”.
(IPEA, 2000, p. 103).
Contudo, todos os municípios da referida região, são considerados
pequenos, onde 52,17% estão em transição para a área urbana, e uma parte
considerável dos municípios é rural e de pequena dimensão. Os principais
centros urbanos da mesorregião do norte pioneiro, são, Cornélio Procópio,
Jacarezinho e Santo Antônio da Platina, com nível de centralidade médio. Não
estando entre os mais importantes do Paraná.
O município de Londrina é muito influente para a região, principalmente
para Cornélio Procópio devido à proximidade, bem como a região do norte
central, favorecendo Cornélio Procópio quanto as relações comerciais e
econômicas, havendo destaque para o município de Bandeirantes com potencial
médio para fraco. “Santo António da Platina, que concorre com Jacarezinho,
subpolariza Ibaiti e Wenceslau Brás, apresentando melhor estruturação
funcional e servindo como centro de referência regional; Jacarezinho sustenta
sua centralidade na função de educação de nível superior”. (IPEA, 2000, p. 103).
Todavia, com o relativo crescimento da região, apresentado em 1,09%
a.a da população urbana, no período de 1991 a 1996, representando a segunda
menor taxa do Paraná, a dinâmica apresentada é de esvaziamento populacional
na referida mesorregião do norte pioneiro, demonstrando perdas de -3,85% a.a
na área rural, e -0,56% na população total, representando, desta forma, enorme
evasão populacional, até maior que na década de 1980, conforme indica o IPEA
(2000). “De seus municípios, 60,71% vêm perdendo população desde os anos
1970, e 35% estão perdendo população urbana, incluindo nesse caso Cornélio
Procópio”. (IPEA, 2000, p. 103).
Neste sentido, este esvaziamento ocorreu devido ao fato de ser a
primeira região afetada pela crise cafeeira, apresentando desvantagem quanto
as condições edafogeomórficas com potencial para culturas mais competitivas.
Com estrutura fundiária predominante em grande propriedade e utilização na
pecuária, com baixo rendimento e pouca expressão no estado. Com participação
de 6,71% da região no valor bruto da produção pecuária. “Na atividade agrícola,

68
sua participação também não é muito expressiva - a sexta entre as dez
mesorregiões do Paraná”. (IPEA, 2000, p. 103).
Todavia, a cana é um dos principais produtos da região, no entanto,
apresentando um processo de mecanização, reforçando a expulsão
populacional da região, bem como do café, colocando a região entre os principais
produtores, com técnicas de plantio adensado, representando uma possibilidade
restrita a poucos produtores.

A fruticultura começa a desenvolver-se na região, especialmente com


o plantio de laranja. Essa atividade pode ser uma alternativa para o
setor agropecuário, porém ainda ocorre de forma incipiente. Embora
em sua estrutura interna de produção as commodities representem
mais que 50% do valor de produção regional, seu peso é pequeno no
âmbito do estado e não há sinais de avanços na produtividade,
tornando esgotadas as possibilidades de expansão de área. Ao lado
de uma estrutura de grandes propriedades, existe um número elevado
de pequenos produtores voltados à cultura de alimentos, sem perder,
entretanto, posição tanto na estrutura interna da região quanto no
estado. (IPEA, 2000, p. 103).

Sobretudo, a região apresenta participação descrente, com relação ao


valor adicional total do estado de 3,47%, e nenhum dos município se destacam,
apresentando números abaixo de 1%. O setor primário apresenta 8%, sendo sua
principal contribuição para a renda própria no estado no ano de 1996. Na região
não há presença importante de cooperativas, e a agroindústria encontra-se
alocada ao processamento de algodão, dando-lhe participação relevante no
tocante a indústria têxtil de 15,57%, estando entre as principais do setor no
estado. Onde em Cornélio Procópio funciona a empresa Kanebo Silk.
Destaca-se o processamento do café em Cornélio Procópio, com a
empresa Café Solúvel Iguaçu. “Verifica-se o desdobramento dessa atividade
com a instalação da Macsol, também de café solúvel liofilizado”. (IPEA, 2000, p.
105). Havendo reforço da atividade de indústria da cana, com relação a área
alimentar e química em Jacarezinho, Bandeirantes, Ibaiti, Cambará e Andirá,
com potência na indústria imobiliária.

69
O reforço económico de Cornélio Procópio está em sua participação
(0,92%) no total do gênero mecânica, em parte devido à sua integração
na aglomeração urbana do norte do estado, atuando
complementarmente na linha de supridor de empresas do ramo. Existe,
ainda, a possibilidade de reforço no género, dada a expansão de
algumas empresas, como sinaliza a presença da Tormec. Além disso,
há expectativa de ampliação da atuação do Centro Federal de
Educação Tecnológica (Cefet) na região, modernizando a formação de
mão-de-obra especializada. A metal-mecânica apenas tangencia a
região, mesmo assim a atividade metalúrgica ocorre em Assai e
Bandeirantes. (IPEA, 2000, p. 105).

Entretanto, a região do norte pioneiro apresenta um dos menores índices


do estado no tocante a indústria de transformação, e sua mão de obra concentra-
se no gênero de alimentos, em seguida na área têxtil e da madeira, apresentando
sinais de crescimento entre 1986 a 1996. Com relação a estrutura ocupacional,
apenas cinco municípios apresentam índices consideráveis ao setor terciário,
prevalecendo os empregos em atividades agropecuárias. Havendo grande
influência das administrações municipais.
A proporção de chefes de domicílio com rendimentos de até dois salários
mínimos é de 58,79%, apresentando grande variação entre os municípios da
mesorregião do norte pioneiro. Com relação a escolaridade, a população tem em
média 4,1 anos de estudos, algo gritante no sentido da alienação, e exploração
do trabalhador analfabeto e semianalfabeto, servindo como massa de manobra
ao senhorio local burguês parasitário, prevalecendo as características rurais. “De
sua população adulta, 76,9% é alfabetizada - o menor indicador entre as
mesorregiões paranaenses”. (IPEA, 2000, p. 105). Os indicadores de
saneamento básico também colocam a região em uma posição próxima à das
demais mesorregiões menos dinâmicas do estado: possui 85,63% dos domicílios
ligados à rede de água, 42,89% com esgotamento sanitário, e 86,58% com
coleta de lixo, de acordo com o IPEA (2000).
Assim sendo, com relação a síntese de morfologia da rede urbana da
região do norte pioneiro, verifica-se considerável esvaziamento populacional,
apresentando pequena expressividade da rede urbana do estado, em não
apresentar um processo de reconfiguração populacional, concentrando-se em
Cornélio Procópio e Jataizinho, devido a influência de Ibiporã e Londrina.

70
Embora alguns municípios pequenos consigam permanecer com sua
população devido a atividade agropecuária e, “ter alguns municípios com
crescimento elevado da população rural, vinculado à presença de
assentamentos”. (IPEA, 2000, p. 105). Contudo, de acordo com as bases
produtivas desta região e a ínfima proporção de investimentos, que
inevitavelmente proporcionam o esvaziamento da referida mesorregião do norte
pioneiro, com tendência a perdurar em áreas rurais e urbanas.
Nesta seara de conhecimento apresentada, evidencia-se uma ampla
concentração fundiária e de renda, propiciando a evasão populacional e formas
antidemocráticas de sobrevivência, violando várias legislações, concernindo aos
conchavos entre poderes executivo, legislativo e judiciário, bem como ao
senhorio do agronegócio e a burguesia parasitária, prejudicando relações
harmônicas de sobrevivência e a paz social necessária aos povos. (MARX,
2010).
Ressalta-se a importância de definir a concentração de renda como a
distribuição desigual por indivíduos e famílias entre os diferentes participantes
de uma economia, embora normalmente a concentração de renda é apresentada
como uma proporção entre renda e população.
O Norte Pioneiro do Estado do Paraná é caracterizado,
economicamente, como uma região em que a produção agrícola esteve
associada a um grande crescimento da produção de gêneros alimentícios e da
cafeicultura, nas décadas de 1920 e 1940. Importante destacar que a saga do
café e a reunião de diferentes povos, como paulistas, mineiros, italianos e
japoneses, originou-se assim um grande patrimônio cultural.
Segundo Braguetto (1996), o comportamento regional do Norte do
Paraná, como frente de expansão, teve maior importância em meados do século
XIX, com o deslocamento dos mineiros, os quais, no início da década de 1840,
além de grandes proprietários de terras eram também tropeiros.
Com isso, só partir do século XVIII com a mineração e o início das
plantações de café, que a partir do século XIX seriam o principal produto
brasileiro, e assim o cultivo de outros vegetais começou a ganhar espaço.
Embora, durante o século XIX, a agricultura não conseguia se desenvolver,
devido aos problemas que ocorriam na comercialização, resultando na falta de
vias de comunicação rodoviária, que ligava a região com o restante do território.

71
O café foi de importância indiscutível para o crescimento e o
desenvolvimento, tanto econômico como agrícola no Brasil. Neste contexto, a
população cresceu e começou a surgir vários municípios na região Norte do
Paraná. Desta maneira, marcando o avanço das lavouras de café em direção as
novas áreas com solos e climas favoráveis. Prevalecendo-se as desigualdades
inerentes a esta forma de sistema.
Ressalta-se que o ciclo do café (cafeeiro), foi introduzido no estado como
consequência natural da marcha do grão para o oeste de São Paulo.
Evidenciando-se que esteve voltada para a economia paulista, da qual parecia
ser um “prolongamento”, como foi observado por Magalhães Filho (1996).
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o café ganhou espaço por
todas as terras disponíveis no Norte do Paraná, permitindo assim, o despontar
de dezenas de cidades na região. Com a grande expansão do cultivo do café e
de outras lavouras, a grande consequência foi do crescimento populacional, e
também a implantação de um setor comercial voltado para as atividades de
transporte, beneficiamento e comercialização, que a própria produção agrícola
demandava. Pode-se dizer que com este grande crescimento e expansão no
território do Norte do Paraná, fez com que a população de outras regiões se
mudassem para o Paraná.
Braguetto (1996), destaca que no Estado do Paraná, a cafeicultura foi
seguidamente atingida por geadas, causando desta forma, muitos prejuízos,
principalmente para os produtores rurais que dependiam do café como renda
mensal, e consequentemente, devido aos prejuízos, fizeram com que os
produtores rurais abandonassem as suas atividades.
Com isto, cerca de 470 milhões de cafeeiros, passou a liberar 627 mil
hectares, com a maior parte sendo reconvertidos em pastagens, e em menor
escala, no cultivo de lavouras temporárias, como por exemplo: milho, arroz,
algodão, feijão e a cana de açúcar. Baseado nessas terras que foram
reconvertidas, pode-se dizer que favoreceu a expansão e o cultivo de outros
alimentos, dando destaque para a soja, milho e o trigo, e a indubitável
monocultura latifundiária.
Falando-se sobre a expansão da região Norte do Paraná, é importante
mencionar sobre o crescimento da pecuária bovina e suína, desta forma,
trazendo resultados para o incentivo da implantação de frigoríficos em alguns

72
municípios como, Bandeirantes, Jacarezinho, Cornélio Procópio e Santo Antônio
da Platina.
Para Braguetto (1996), no período posterior a Segunda Guerra Mundial,
compreendido entre 1945 e 1962, a cafeicultura passou por uma intensificação
na região norte paranaense devido a recuperação do preço do produto no
mercado internacional.

A evolução recente da estrutura agrária do Paraná é ilustrativa de dois


grandes movimentos sucessivos e contrários: a multiplicação de
pequenos produtores com formas precárias de acesso à terra
(parceiros, arrendatários e posseiros) na década de 1960 e sua rápida
redução na primeira metade da década de 1970. O resultado final,
permeado por um crescente número de violentos conflitos, se traduziu
na crescente concentração da terra e, consequentemente, da renda
gerada no setor agrícola paranaense. (GRAZIANO, 1982, p. 112).

Portanto, as transformações, na base técnica de produção da agricultura


paranaense, modificaram, profundamente, a organização rural e implicaram em
consequências sociais importantes.
Segundo Graziano (1982), onde identifica-se como o resultado final
permeado por um grande número de violentos conflitos, pode-se destacar na
crescente concentração de terras, visto que é um problema muito grave no
espaço rural, sendo a maior parte das terras, nas mãos de poucas pessoas.
Trata-se de um processo histórico que vem se perpetuando nos dias atuais.
Vale lembrar que, a reforma agrária não representa uma simples
distribuição de terras, mas a viabilização para que os produtores possam nela
produzir, com incentivos fiscais, nos quais alguns grandes produtores hoje
recebem e fornecimento de tecnologias, métodos e condições de cultivo.
De certa forma, é preciso enfrentar esta desigualdade que, ano a ano,
vem prejudicando o desenvolvimento sustentável e o combate à pobreza e
desigualdades, não apenas na região Norte do Paraná, mas em todo o Brasil.
Todavia, a discussão da questão agrária, faz-se necessária com enfoque
na constituição do processo de modernização pelo qual passou a agricultura
brasileira. Deve-se reafirmar que a luta da reforma agrária garante a
sustentabilidade socioambiental através da função social da propriedade da

73
terra. De fato, é preciso não reduzir a terra a mero fator de produção, trazendo
de volta vínculos orgânicos e existenciais com a natureza, que possa produzir
uma nova ressignificação do sentido cultural de todos os elementos da vida.
De acordo com Gonçalves Neto (1997), com a capitalização do campo,
o bóia-fria torna-se um agente comum no cenário rural, porque sua utilização é
mais viável economicamente ao proprietário que a manutenção de parceiros em
razão de dispensar os investimentos em instalações e a legislação trabalhista.
Destacando-se sobre os trabalhadores (bóias-frias), que passaram a
prestar serviços sazonais na agricultura, especialmente no corte da cana de
açúcar. De maneira que, este processo não ocorreu apenas pelo crescimento
dos demais setores econômicos, mas também pelo desenvolvimento de práticas
agrícolas mecanizáveis, como por exemplo a produção de soja, trigo, açúcar e
álcool. E também a pecuária extensiva, os quais fez parte de liberar parte
importante da mão de obra agrícola que migrou para as cidades. Evidenciando
que, com o passar dos anos, a população rural diminuiu, fazendo-se com que a
população urbana aumentasse gradativamente, gerando um amplo processo de
favelização e precarização das condições de existência dignas em sociedade.
Segundo Schneider (2003), nas unidades de produção, a família
constitui-se a unidade social de trabalho e de exploração do estabelecimento
rural, tendo o propósito imediato da produção para a satisfação das
necessidades essenciais da vida.
Ressaltando-se que, agricultura familiar é a principal responsável pela
produção dos alimentos que são disponibilizados para o consumo de toda a
população. A gestão da propriedade é compartilhada pela família e a atividade
produtiva agropecuária é a principal fonte geradora de renda.
Necessita-se de diversificação as famílias de produtores orgânicos, bem
como sua permanente reprodução social, predominando-se subordinação a
agroindústria e ao capital industrial, bem como direcionando sua matéria prima.
Havendo-se o aprofundamento das relações capitalistas no campo,
proporcionando inúmeras mudanças e alterações de cenários, onde os
pequenos produtores tiveram que diversificar sua produção.
A produção familiar, segundo Silva (2008), sempre foi segregada, de
forma precária e de subsistência, principalmente com relação ao latifúndio,
dependendo de políticas agrícolas para sua produção e permanência,

74
alimentando a maior parte da população com alimentos saudáveis. “A ação do
Estado, em particular no período pós 1964, privilegiou a grande propriedade,
geradora de divisas, por meio da exportação de produtos agrícolas. O avanço no
consumo de produtos industrializados, destinados à agricultura, consolidou os
complexos agroindustriais”. (SILVA, 2008, p. 19).
Em vista do lucro das indústrias, várias medidas foram tomadas,
favorecendo os grandes agricultores, com especial atenção do Estado em
garantir créditos, juros especiais e subsídios imprescindíveis aos senhores do
agronegócio, permitindo a expansão da fronteira agrícola. “Desta maneira, o
pequeno produtor rural ocupou um lugar não privilegiado na sociedade brasileira,
constituindo-se num setor impossibilitado de desenvolver suas potencialidades,
enquanto forma social de produção”. (SILVA, 2008, p. 19).
A partir da década de 1960, houve intensas modificações no espaço rural
brasileiro, simultaneamente na estrutura econômica brasileira, com o rápido
processo de urbanização, fortalecimento do comercio exterior, alteração nas
técnicas de produção rural com influência do capital, e a construção de um
sistema nacional de crédito rural, beneficiando inexoravelmente o grande
produtor.
Em favor da modernização conservadora da agricultura brasileira, o
Estado do Paraná promoveu um pujante movimento do capital urbano-industrial
no campo. De acordo com Silva (2008) houve entre os finais dos de 1980 e início
da década de 1990, foi marcadamente discutido as políticas neoliberais e seus
inúmeros problemas a sociedade brasileira, inerentes a tal sistema degradante,
elevando os índices das expressões da questão social através do sistema fiscal
em vigência.
Os anos de 1980, foram marcados por diversas lutas pela reforma
agrária brasileira, resistindo ao latifúndio, em vista de políticas que beneficiem
os pequenos produtores e suas famílias, que proveem alimentos saudáveis a
população brasileira.

Já nos anos de 1990, o ambiente econômico brasileiro sofreu grandes


mudanças nas ações governamentais, destacando-se a política de
abertura comercial intensa e rápida, em que a prioridade era a
integração competitiva, e a implantação de um programa de

75
estabilização. Paralelamente, o setor privado reestruturou-se, com a
mesma intensidade e rapidez. (SILVA, 2008. p. 20).

Nesse sentido, a agricultura familiar, a partir da década de 1990, ganhou


maior visibilidade no país, em vista da importância de sua produção ao
desenvolvimento do Brasil e sua forma de produção saudável, servindo como
base alimentar a sociedade brasileira. Algo que permite inserção social e
economia de vários segmentos da sociedade numa cadeia de produção, visando
pluriatividade da produção. O desenvolvimento de políticas públicas como o
PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o
favorecimento do progresso local, o implemento de associações e cooperativas,
bem como o processo de reprodução social desses produtores rurais.
Neste ínterim, analisa-se na região do norte pioneiro, a relação entre as
grandes propriedades rurais latifundiárias, sobrevivendo com as pequenas
propriedades rurais, avaliando as contradições inerentes a esta temática que
predomina no Brasil há tempos e necessita de visão crítica de abordagem em
vista da democracia e de uma necessária divisão de terras de forma equitativa
no território brasileiro.

O documento elaborado pelo Instituto Paranaense de


Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES, 2004), diferencia as
atividades produtivas da Mesorregião Geográfica Norte Pioneiro
Paranaense da seguinte maneira: no noroeste penetrou a soja e o trigo,
empregando moderna tecnologia (Microrregiões Geográficas de Assaí
e Cornélio Procópio); no sul ainda há a influência mineira, presente na
pecuária e no cultivo de feijão e milho, este associado à criação de
suínos (Microrregiões Geográficas de Ibaiti e Wenceslau Braz); e, na
porção norte da Mesorregião, há expansão da cultura canavieira, a
implantação de destilarias e usinas de açúcar (porção leste da
Microrregião Geográfica de Cornélio Procópio e de Jacarezinho).
(SILVA, 2008, p. 21).

Conforme a imagem a seguir, visualiza-se as microrregiões do norte


pioneiro, favorecendo uma análise e compreensão mais aprofundada sobre a
referida mesorregião, no tocante ao desenvolvimento e exploração de
determinadas áreas.

76
FONTE: SEAB, 1987.

Através de evidências históricas, os paulistas e mineiros, povoaram


grandemente o norte pioneiro paranaense, a partir de 1880, referindo-se a
construção de um núcleo urbano com a influência de fazendeiros e de uma
capela. O município de Jacarezinho foi um dos primeiros implantados na
construção do norte pioneiro por volta de 1884.

Além da presença de grandes propriedades neste processo de


ocupação, que tinham a comercialização do café direcionada para o
Estado de São Paulo e auferia a renda fundiária gerada localmente,
também estiveram presentes os pequenos produtores rurais que
iniciaram seus cultivos com produtos alimentícios para subsistência e
a criação de porcos (no sistema de safras). (SILVA, 2008, p. 23).

Contudo, o estado de são Paulo atendia pelo comércio dos produtos na


região, bem como dos produtos industrializados, investindo em grandes
proprietários da região do norte pioneiro. Havendo resistência dos pequenos

77
produtores familiares, com relação a expropriação capitalista, permitindo no
início do século XX o desenvolvimento da atividade cafeicultora.

A localização na divisa dos Estados de São Paulo e Paraná, onde


encontra-se o entroncamento rodoviário: Raposo Tavares (SP-270)
que liga São Paulo (capital) com a divisa do Mato Grosso do Sul;
Transbrasiliana (BR-153) que liga desde o Estado do Pará, passando
por Brasília, com o extremo sul do Brasil; e, Rodovia Melo Peixoto (BR-
369), que liga desde o interior de Minas Gerais, passa pelo interior de
São Paulo, corta todo o norte e oeste do Paraná até quase a divisa
com o Paraguai. Esta última rodovia é ponto estratégico para a
instalação de empresas de logística, além de facilitar o acesso da
agroindústria empresarial a inúmeros mercados consumidores.
(SILVA, 2008, p. 24).

Havendo-se o implemento da agroindústria sucrooalcoleira, ocupando


os melhores solos, bem como a agroindústria avícola Seara de Alimentos,
visando atender ao mercado internacional. Os pequenos produtores rurais
baseiam-se sua produção de forma diversificada, com produção de gêneros
alimentícios, matérias-primas e a pecuária, atendendo as agroindústrias
regionais, como de laticínio, alimentos, cerâmica e o comércio local.
O produtor familiar trabalha com a produção leiteira, a sericicultura, e a
avicultura de corte, e por não necessitarem de extensas áreas, e com retorno
rápido dos investimentos usados, diferente do cultivo de lavouras. Todavia,
verifica-se que a crise cafeeira produziu imenso prejuízo a atividade econômica,
propiciando profundas mudanças no cenário rural e urbano, provocando imenso
êxodo rural em determinadas localidades.
A agroindústria permite que os produtores rurais permaneçam na terra,
e possam se reproduzir socialmente, pois, determinadas atividades não
necessitam de grandes proporções de terras. Nesse sentido, a diversificação é
essencial com relação a possível subordinação ao grande capital, buscando
estratégia de produção.
Ocorre-se que as futuras gerações estão se afastando do campo,
principalmente devido a inúmeras dificuldades propostas pelo estado burguês
neoliberal, no tocante ao desenvolvimento da infraestrutura necessária,
permitindo a não permanência da agricultura familiar. Neste sentido, há uma real

78
necessidade de uma ampla reforma agrária que beneficie famílias e gere
trabalho e renda a população em vista do bem estar social e da paz universal.
Contudo, avalia-se as contradições do sistema capitalista neoliberal e a
expropriação dos pequenos agricultores familiares, que recorrem ao processo
de urbanização desorganizado e a favelização nas áreas urbanas, ocasionando
diversas mazelas sociais e expressões da questão social emergente,
promovendo aumento de índices de criminalidade, elevação da população
prisional, disseminação de doenças devido as péssimas condições de existência
da população e desemprego em massa, entre outros problemas inerentes ao
sistema capitalista destruidor do planeta terra finito. Sendo necessário,
alterações em benefício da humanidade e da paz social entre os povos.
No processo histórico da mesorregião do norte pioneiro paranaense,
evidencia-se as condições de ascensão, progresso, decadência da cafeicultura,
e o procedimento de modernização da agricultura, e seus efeitos
socioeconômicos.
Todavia, o processo de ocupação do Paraná ocorreu em determinados
ciclos, repletos de crises, rupturas e transformações, de acordo com Silva (2008),
sendo possível compreender os fatores econômicos de progresso e regresso de
cada atividade agropecuária.
Destaca-se, o processo de ocupação do Estado do Paraná entre 1720 a
1960, através de atividades extrativistas. Entretanto, com a crise do ciclo da erva-
mate e madeira, surgiu a oportunidade e expansão da atividade cafeeira entre
1920 e 1960.
Contudo, a expansão agrícola, o processo de modernização e a
construção dos complexos agroindustriais, promoveram graves consequências
socioeconômicas, conforme aponta Silva (2008), entre o período de 1960 a 1989.
Sendo imprescindível a implantação de políticas públicas que beneficiem os
pequenos agricultores e suas famílias, revertendo o padrão atual de exclusão
destes trabalhadores, desenvolvendo projetos vinculados a este público, como
o Paraná-Rural e o Paraná 12 meses no decorrer da década de 1990.

A evolução econômica, a partir do século XIX, do Estado do Paraná


apresentou os seguintes ciclos: da Erva-Mate (1820-1930); da Madeira
– no chamado Paraná Antigo (1947-1970); do Café – no Norte do

79
Paraná (1920-1960); da Suinocultura (a partir de 1953); e, do binômio
Trigo e Soja (a partir de 1960). (SILVA, 2008, p. 35).

O Estado de Paraná se subdividiu historicamente em três grandes


partes, conforme indica a imagem abaixo.

FONTE: SILVA, 2008, p. 36.

A terceira região paranaense é a do Norte, também denominada de


Grande Região Norte, que teve como principal atividade econômica a expansão
cafeeira paulista na década de 1910. E sua ocupação foi marcada pelo
empreendimento da colonização dirigida através de companhias estrangeiras.
Segundo Aldrich e Elam (1997), novos negócios são criados como
resultado da motivação que os empreendedores ganham, quando tiveram
acesso a recursos, e descobriram novas oportunidades de negócios. Desta
forma, desde o início de um negócio, a rede social destaca-se como fator muito
importante para os donos de negócios. Ressaltando que ter visibilidade é uma
necessidade básica em qualquer negócio, independente do setor ou do
tamanho, as redes sociais possuem grande impacto no público geral, sendo um
dos melhores canais de divulgação para os negócios.

80
Para Hansen (1995), estrutura social é o relacionamento entre os
empreendedores e os membros de sua rede de relacionamentos. Essa estrutura
existente no ambiente empreendedor pode trazer recursos sociais para os
negócios, especialmente para novos negócios que estão se estabelecendo. A
estrutura social diz respeito à forma como uma sociedade se organiza,
principalmente através de relações complexas e constantes, que se interligam
com as relações estabelecidas entre os indivíduos, por meio dos papéis sociais
que estes assumem. Vários aspectos fazem parte da estrutura social, dentre eles
as relações de parentesco, uma vez que dizem respeito as relações sociais
propriamente ditas. De certo modo, as relações de parentesco são marcadas por
um modelo de relação familiar, modelo esse que marca um padrão de
funcionamento da família, importante instituição social que exerce sua função na
vida social.
Assim, explorar os tipos de redes sociais que são mobilizadas pelos
empreendedores das empresas no decorrer da criação e do desenvolvimento de
novos negócios e identificar os recursos acessados por meio dos
relacionamentos, são elementos considerados importantes para os
empreendedores (BORGES, 2007).
A tecnologia e seus avanços vem crescendo continuamente, vale
destacar o uso da inteligência artificial como um possível complemento para
várias questões relacionadas ao Norte Pioneiro do Paraná, e seu uso para vários
setores e negócios, e como essa tecnologia pode ser muito eficaz e pode facilitar
ainda vários processos, enfatizando o bem estar da sociedade em geral. Tendo
em vista que, a inteligência artificial e o homem podem e devem trabalhar juntos,
de forma que a inteligência artificial possibilite que máquinas aprendam com
experiências, se ajustem a novas entradas de dados e realizem tarefas como os
seres humanos, permitindo automatizar afazeres rotineiros, tornando os seres
humanos mais eficientes.
Os donos de negócios e empreendedores devem manter-se atualizados
com as novidades nas redes sociais e como a inteligência artificial altera suas
formas de trabalho. Visto que, as redes sociais com o uso da inteligência artificial
poderá trazer muitos benefícios e facilidades no dia a dia. Os benefícios da
inteligência artificial já são percebidos na produtividade dos negócios e nas
soluções para ganhar vantagens competitivas. Sendo possível processar dados,

81
otimizar processos, raciocinar, desenvolver precisão, corrigir erros e solucionar
problemas.
A vida em sociedade provoca naturalmente a aproximação entre os
indivíduos, que estabelecem ligações (também chamadas de nós ou laços) mais
ou menos densas, mais ou menos consistentes quanto a sua duração, ao
número de pessoas envolvidas e a atividade que desenvolvem. (PROULX, 1995,
apud RIBEIRO e SANTOS, 2003). Hoje se considera que o mundo é uma
“sociedade em rede”. (CASTELLS, 1999).
Pode-se dizer que a tecnologia não determina a sociedade, é a
sociedade que determina os parâmetros comportamentais. A sociedade é que
dá forma a tecnologia de acordo com as necessidades, valores e interesses das
pessoas que as utilizam. Como mencionado acima, que com as redes sociais,
as empresas aumentam sua visibilidade no mercado de trabalho, aumentam o
potencial de publicidade e por ser um investimento de baixo custo, é bastante
acessível. Pode-se dizer também, que as redes sociais permitem uma maior
interatividade entre povos distintos, e encurtam a distância entre as pessoas.
A teoria de rede social é um ramo da ciência social que se aplica a uma
ampla variedade de organizações humanas, desde grupos pequenos de
pessoas, até nações inteiras. Ela sugere que a ação econômica envolvida nas
redes sociais e a configuração destas, podem ter um impacto nos resultados
econômicos, de acordo com (LI, 2004).
Com base nas indicações geográficas relativas ao norte pioneiro do
Paraná, no sentido de enfatizar seus produtos e serviços específicos e
tradicionais, bem como possíveis estratégias de desenvolvimento regional, a
chamada indicação geográfica (IG), coordena esforços nos atores sociais de um
determinado território, fundamentalmente no tocante a participação da
agricultura familiar, valorizando o território bem como a atividade cafeeira,
tradicional e histórica na região do norte pioneiro, em benefício de ações
coletivas e progressos da região, visando distribuição de terras e renda ao povo.
As indicações geográficas correspondem a registros concedidos a
produtos ou serviços específicos e tradicionais de uma determinada região
geográfica. “Seja pelas condições edafoclimáticas de uma determinada região,
seja pelas tradições e saber-fazer típico, não permitindo que estes sejam
reproduzidos em outro local”. (PEREIRA, 2018, p. 515).

82
Surgindo a partir dos interesses de que determinado produto pertencia
exclusivamente a um certo local, se distinguindo dos demais, referentes a sua
condição climática, cultural e o saber-fazer local. Havendo a valorização de
certos produtos devido sua qualidade e autenticidade, foram necessárias as
devidas regulamentações através das IGs, tanto em âmbito nacional como
internacional. “De acordo com a World Intellectual Property Organization (WIPO),
as IGs atestam que um produto tem um local específico de origem e apresenta
qualidade ou reputação ligada a esse local”. (PEREIRA, 2018, p. 516).
Contudo, quem possui uma determina IG tem seu uso restrito e exclusivo
de um determinado produto, não podendo ser produzido em outro local, estando
protegido por determinadas legislações. A regulação das IGs vem sendo
discutida desde o século XIX, tornando-se cada vez mais importantes a medida
que o mundo globalizado desenvolve-se.

Para regulamentar o uso das IGs no Brasil, foi criada, em 1996, a Lei
n. 9.279, que regula os direitos e as obrigações relativos à propriedade
industrial. Segundo essa Lei, o registro de IG é concedido no país pelo
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) às entidades
representativas da coletividade do território em questão (BRASIL,
1996). As IGs brasileiras são divididas em duas categorias: a)
Indicação de procedência (IP): que indica o nome de determinada
região geográfica reconhecida pela produção ou fabricação de
determinado produto ou prestação de determinado serviço; b)
Denominação de origem (DO): que indica o nome de determinada
região geográfica cujo produto ou serviço se deva essencialmente ao
meio geográfico, incluindo os fatores humanos e naturais. (PEREIRA,
2018, p. 516).

Neste sentido, trata-se de valorizar a agricultura familiar e seus


determinados produtos de qualidade e saudáveis a saúde humana e do plantio
da terra, podendo reduzir custos de sua produção e maior qualidade,
fortalecendo a geração de renda a esses pequenos proprietários, que colocam
alimentos saudáveis na mesa da população. No sentido de valorização de seus
produtos e desenvolvimento local e regional.
Todavia, as IGs podem potencializar uma determinada região,
proporcionando valorização de seus produtos e fortalecimento do turismo,
promovendo geração de trabalho e renda a população, quanto utilizada de forma

83
democrática e participativa, visando preservação do meio ambiente e qualidade
de vida da população, embelezando as propriedades rurais, conforme aponta
Pereira (2018).
No entanto, existem grandes produtores rurais inclusos neste processo,
absorvendo boa parte do mercado de determinados produtos, promovendo
acumulação de capital e desigualdade social. Entretanto, a região do norte
pioneiro encontra-se incluída entre as cinco regiões que possui IG com relação
a produção de café. “No Brasil, há cinco regiões protegidas com este registro:
Cerrado Mineiro; Serra da Mantiqueira de Minas Gerais; Norte Pioneiro do
Paraná; Alta Mogiana em São Paulo; e Região de Pinhal, em São Paulo”.
(PEREIRA, 2018, p. 517).
A região do norte pioneiro do Paraná possui 7.500 produtores de café no
âmbito da variedade Coffea arábica, entretanto, a variedade de tipos de solo da
região propicia uma qualidade superior ao café produzido, sendo os mais férteis
os de terra roxa, com grande fertilidade natural.

A região também apresenta dois tipos de clima: o Subtropical Úmido


Mesotérmico, com verões quentes, geadas pouco frequentes e chuvas
com tendência de concentração nos meses de verão, apresentando
temperatura média anual de 21°C; e o Subtropical Úmido Mesotérmico,
com verões frescos e geadas severas e frequentes, sem estação seca
e temperatura média anual de 19°C (INSTITUTO PARANAENSE DE
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL [IPARDES], 2004).
Assim, há condições edafoclimáticas que permitem o desenvolvimento
de diversos tipos e de diferentes patamares de qualidade para o café.
(PEREIRA, 2018, p. 520).

O processo de ocupação da região ocorreu em meados do séculos XIX,


com grandes propriedade que cultivavam café, havendo o surgimento de novas
cidades, no entanto com a crise econômica de 1929, e a erradicação dos pés de
café, houve espaço para outros produtos, como milho, arroz, algodão, feijão,
cana de açúcar, entre outros. “Outro fator que colaborou para a substituição da
cultura foi a intensa geada no estado em 1975, que dizimou os pés de café
existentes”. (PEREIRA, 2018, p. 520).
A crise do café promoveu o êxodo rural, permitindo um processo de
ampla concentração de terras, onde a agricultura familiar passou a perder seu
84
espaço na produção, com perda de 24,16% entre 1985 e 1995, embora a região
persistia como grande produtora de café no estado do Paraná, com o predomínio
do café commodity, entretanto há a produção do café especial, conforme
apresenta Pereira (2018).

Em 2006, com o apoio do SEBRAE, do Sistema Federação da


Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) e do Instituto Paranaense de
Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), foi lançado o
Programa Cafés Especiais do Norte do Paraná. Seu objetivo era
estimular a produção de cafés especiais, divulgar a região como
tradicional produtora de café e organizar os produtores em ações coleti
vas, a fim de obter certificações, inovações tecnológicas, melhoria de
gestão e desenvolvimento territorial (LOURENZANI; BANKUTI;
PETERSON, 2013). Considerando a abordagem SIAL, verifica-se que
esse Programa busca ativar o território na medida em que identificou
um recurso cuja qualidade está vinculada às características do
território, sobretudo relacionadas à tradição, e abrangendo aos atores
sociais pertencentes a ele (MUCHNIK, 2006; 2009). (PEREIRA, 2018,
p. 525).

A ACENPP está dividida em 12 núcleos, visando favorecer o alcance


dos seus objetivos, pois é possível identificar e atender as necessidades
particulares de cada núcleo. Cada núcleo que compõe a ACENPP pode formar
a sua própria associação. Foi observado que há núcleos mais ativos, como o de
Lavrinha\Pinhalão, Tomazina\Matão e São Jerônimo da Serra, que, por meio da
coletividade, buscam reduzir custos na aquisição de máquinas e insumos, e
assim, aumentar a qualidade e produtividade da lavoura. (INOVAÇÃO, 2015).
Segundo Roca e Mourão (2003), a identidade territorial é o conjunto de
elementos característicos e específicos de um determinado local, os quais,
quando identificados, distinguem um determinado grupo social dos demais
territórios. De certa forma, é possível dizer que a identidade territorial é um
conceito inovador, complexo e controverso, centrado na originalidade e
singularidade de realidades geográficas físicas e humanas de localidades e
regiões, e que tem sido crescentemente reconhecido como um fator de
competitividade, perante as forças da globalização econômica e cultural.
No tocante ás ações de turismo, há diversas atividades: um plano
turístico, a “Rota do Café”; uma festa municipal no município de Ribeirão Claro,
a Festa do Café de Ribeirão Claro (FESCAFÉ); e a Feira Internacional de Cafés

85
Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (FICAFÉ). A “Rota do Café” abrange a
Região Norte do Paraná e, dos nove municípios que a compõem, três fazem
parte do território Norte Pioneiro do Paraná: Santa Mariana, Uraí e Ribeirão
Claro. Criada em 2009, a rota é composta por 32 estabelecimentos, como
cafeterias, museus com a temática do café, fazendas e sítios produtores,
fazendas históricas que mantem construções e acervo histórico da época áurea,
pousadas, agroindústrias e restaurantes.
Segundo Cazella (2011), o Estado contribui para o desenvolvimento
territorial na medida em que busca minimizar as falhas de mercado por meio de
regulação e fornece apoio por meio de extensão. Acredita-se que o
desenvolvimento territorial não aconteça por sorte, acaso ou por decreto, mas,
sobretudo, depende das pessoas, de atitudes, ideias inovadoras e projetos
consistentes. Desta forma, o território pode ser construído por líderes
comprometidos que visem mudanças transformadoras e possam, perpetuar seus
feitos deixando seus legados para as futuras gerações.
Abramovay (2003) e Medina (2015) consideram que a integração entre
o produtor e o mercado pode contribuir para o desenvolvimento do território. É
importante ressaltar que os cafés de origem única e aqueles com registro de IG
são classificados como cafés especiais e acessam esse nicho de mercado.
Segundo a abordagem SIAL, para alcançar o desenvolvimento de um
território, é necessário que haja a interação entre os diversos atores sociais que
o compõem, buscando identificar quais recursos poderiam ser ativados e
estrategicamente utilizados para alavancá-lo. Desta forma, é possível observar
que, entre os atores sociais que compõem o território, há o compartilhamento de
informações e de valores, das inovações das tecnologias, a valorização das
potencialidades do território, do saber fazer, da cultura, da história e do meio
ambiente. Ressalta-se que essas características fortalecem as ações coletivas
e a identidade territorial, na medida em que os atores sociais, visam buscar e
alcançar os interesses e objetivos comuns a eles, e com isso, o resultado desta
ação impacta no desenvolvimento territorial.
A ocupação e a (re)ocupação de terras do Norte do Paraná, tratando-se
do modo que a ocupação foi marcada pelos povos que ocupavam a região,
desde milhares de anos que utilizavam-se dessas terras como meio de espaço
para o desenvolvimento da sociedade. E a (re)ocupação de terras, com a

86
preocupação de integrar, que eram consideradas vazias, diante do processo de
valorização do capital e do desenvolvimento capitalista no Brasil.
É possível dizer que o discurso “Norte do Paraná” mostra a ideia de que
há uma comunidade imaginária entre interesses políticos e econômicos. E desta
forma, procura-se construir uma solidariedade que tenha vínculos com a própria
terra roxa, que é tida como a base física para o sustento de uma visão triunfalista
da (re)ocupação.

Aqueles que vão nos inventando um passado equívoco e empurrando


um futuro pela frente e que nos dão a sensação de estarmos dentro de
uma história de um mundo conhecido. São anunciados que ecoam e
reverberam efeitos de nossa história em nosso dia-a-dia, em nossa
reconstrução cotidiana de nossos laços sociais... Ainda que nem sejam
exatamente os que repetimos em nosso discurso social, diferentes já
do que encontramos nos documentos históricos. Não são os
enunciados empíricos, são suas imagens enunciativas que funcionam.
O que vale é a versão que “ficou”. (ORLANDI, 1993, p.12).

Analisando este tipo de discurso, é possível afirmar que ele cria tradições
no sentido do passado e do futuro, projetando-se tanto para trás como para
frente, mostrando no sentido que as coisas aconteceram de certo modo, e só o
que vale é a versão que ficou, e não como ela poderia ser de forma exata e
reflexiva.
De certo modo, ao se pensar no discurso “Norte do Paraná” é possível
trazer um conjunto de ideias e imagens, onde a sua simples anunciação faz com
que se faça uma identificação de algumas ideias brasileiras: progresso,
civilização, modernidade, colonização racial, ocupação planejada e pacífica,
riqueza cafeicultura, pequena propriedade, pioneirismo, terra roxa, enfim,
criando todo um conjunto de ideias e imagens que foram construídas através de
vários anos, destacando principalmente, entre os anos 30 e 50 do século XX,
buscando criar assim, uma versão de quem domina, para o processo de
(re)ocupação.

O poder simbólico como poder de construir o dado pela anunciação,


de fazer ver e fazer crer, de confirmar ou de transformar a visão do

87
mundo, portanto o mundo; poder quase mágico que permite obter o
equivalente daquilo que é obtido pela força (física ou econômica),
graças ao efeito específico de mobilização só se exerce se for
reconhecido, quer dizer ignorado como arbitrário. (BOURDIEU, 1989,
p. 14).

De fato, segundo Bourdieu (1989), é possível analisarmos que nem toda


história foi construída como de fato aconteceu. Faz parecer como se a realidade
tivesse sido constituída desta forma, e faz parecer como se a própria história
tivesse ocorrido naquela forma, naquele ordenamento cronológico.
Iraci Galvão SALLES (1986), ao analisar a atuação do Partido
Republicano Paulista, principalmente no tocante a questão de mão de obra,
deixa claro que a República era vista como a melhor garantia para a manutenção
da paz e da ordem, e para o desenvolvimento da riqueza e do trabalho, assim
como de todos os bens morais e materiais, que em conjunto eram os elementos
constituintes de uma nação.

É por meio do imaginário que se podem atingir não só a cabeça mas,


de modo especial, o coração, isto é, as aspirações, os medos e as
esperanças de um povo. É nele que as sociedades criam suas
identidades e objetivos, definem seus inimigos, organizam seu
passado, presente e futuro. O imaginário social é constituído e se
expressa por ideologias e utopias, sem dúvida, mas também – e é o
que aqui me interessa - por símbolos, alegorias, rituais, mitos.
Símbolos e mitos podem, por seu caráter difuso, por sua leitura menos
codificada, tornar-se elementos poderosos de projeção de interesses,
aspirações e medos coletivos. Na medida em que tenham êxito em
atingir o imaginário, podem também plasmar visões de mundo e
modelar condutas. (CARVALHO, 1990, p.10).

Segundo Carvalho (1990), acredita-se que a melhor forma de legitimar


um regime político é a elaboração de um novo regime imaginário. Permitindo
assim, visualizar os pontos fundamentais do pensamento que estava presente
no processo de (re)ocupação de novas terras para o capital da região, bem como
podemos destacar: progresso, modernidade e igualdade de oportunidades para
todos, visando o bem estar da sociedade.

88
Tal período é visto por muitos como farsa, diante das várias omissões e
acontecimentos que permearam este período, referente as diversas tragédias
ocorridas, visivelmente com a máquina opressora do Estado Novo, reforçados
com a ditadura militar de 1964-1985. Compreende-se a política de colonização
e o trabalho no campo, como elementos primordiais de análise, simultaneamente
com a dominação dos trabalhadores urbanos pelo sistema capitalista opressor.
“Procurando esvaziar os conflitos sociais através da orientação de fluxos
migratórios para novas terras e também regularizar o abastecimento de
alimentos dos grandes centros”. (TOMAZI, 1997, p. 16).
A chamada marcha para o oeste, possui um determinado
conservadorismo romântico, aburguesado em seus sentidos, influenciada por
raízes nazifascistas europeias, visando integração e acabamento, num
movimento de conquista e expansão, como se realmente houvesse a
participação de todos, o que, embora, fosse vedado a participação coletiva,
demonstrado como se houvesse a participação dos trabalhadores como co-
proprietarios.
Numa perspectiva de disciplinamento do trabalhador rural, predomina-
se a ganância dos grandes proprietários em expulsar os pequenos proprietários
de suas terras, movimentando fluxos migratórios, conforme indica Tomazi
(1997), dificultando o livre desenvolvimento dos sem-terra, ordenando o
trabalhador rural para o lucro do capital, perdendo assim, suas raízes
humanitárias e tradicionais de valorização da terra e da natureza.
Desta forma, o discurso em torno da construção do norte do Paraná,
baseia-se num processo de reocupação, se traduzindo no processo de
predomínio do capital, destruindo natureza e povos ali existentes há séculos,
nitidamente vinculado a classe dominante mesquinha e degradante.
Predominando-se o orgulho de determinados pioneiros, em vista dos
fazendeiros e comerciantes, prevalecendo os interesses comuns da classe
dominante, em detrimento dos indígenas e pequenos produtores rurais. Nesse
sentido, geograficamente, a região norte do Paraná, significa, uma parte do
estado compreendida pelos rios Paranapanema, Itararé, Paraná, Cinza,
Laranjinha, Tibagi, Ivaí e Piquiri.
De acordo com Tomazi (1997), historicamente a região do norte do
Paraná, vincula-se a uma vasta região reconhecida pelos jesuítas, espanhóis e

89
bandeirantes, pelo nome de Guaíra, nos tempos dos indígenas Guairaçá e
Taiobá. No sentido geológico, relaciona-se a continuação das férteis terras
roxas, como prolongamento do estado de São Paulo, sul do Mato Grosso,
perpassando pela Foz do Iguassu, em Santa Rosa e Rio Grande do Sul.
Pelo viés etnológico, corresponde a uma correlação entre poder nacional
e estrangeiro pela dizimação de povos e degradação da natureza de forma
devastadora, causando enormes prejuízos e desrespeito a inúmeras populações
e famílias, em benefícios e vantagens capitalistas. E socialmente prevalece a
visão retrograda e conservadora de fazendeiros e capitalistas, em detrimento da
destruição de povos, onde se espera fazer fortuna rápida, na perspectiva da nova
canaan, da nova terra prometida, assim vista por muitos, onde se pisa sobre o
dinheiro, representando um presente do céu aos bons homens, de corações
abertos a prosperidade vil. “É uma chama do Inferno para aqueles que só visam
a exploração indébita, anti-humana, anti-nacional, tomando a vida impossível lá
onde ela deveria ser a mais fácil em todo o território nacional”. (TOMAZI, 1997,
p. 18).
Neste sentido, ocorreu a reocupação da região norte do Paraná, com
intensos e sangrentos conflitos, entre quem ali habitava e quem chegava com
poder de dominação em nome de Deus e da ordem civilizatória, embora, deve-
se ressaltar todo o contexto nacional e internacional em evidência, estando
vinculada a um plano nacional, principalmente a São Paulo em um processo de
comércio pujante e dizimador de vidas, bem como a Curitiba devido a critérios
políticos e administrativos, visando a reocupação do território norte paranaense,
estendendo caminhos ao Mato Grosso através de interesses internacionais, com
influência da guerra do Paraguai, e posteriormente com a construção de
ferrovias, em vista do processo de colonização, onde inseriu-se ao mercado
mundial.

A (re)ocupação se dá, portanto, no contexto de uma integração ao


capitalismo consolidado no exterior e ao lançamento dos seus
fundamentos no Brasil. A lógica da acumulação do capital, em seu
sentido mais amplo, explica o porquê da (re)ocupação. O acesso à
terra, não se dá somente por questões políticas (como a campanha da
"Marcha para o Oeste" no período do Estado Novo), mas também por
econômicas, que definem as novas relações sociais que estão em
andamento. (TOMAZI, 1997, p. 18).

90
Assim sendo, após a abolição da escravatura, surge o modo de
produção de mercadorias, envolvendo vários caminhos, fundando um
campesinato, produzindo o capital variável, e o modo de produção de
mercadorias interno, propiciando a acumulação primitiva, aprimorando a
exploração agrícola e da estrutura agrária, vigente atualmente, envolver as
culturas de subsistência, que alimenta o povo, permitindo um excedente que
fortalece o capital variável, promovendo o complexo latifúndio, comercialização
e minifúndio, potencializando o colonato e o coronelismo, surgindo a renda da
terra, e o processo de acumulação aos grandes proprietários, na medida da
acumulação primitiva, e da ampla relação social e econômica necessária ao seu
pleno funcionamento, de acordo com Tomazi (1997).
Destarte, desenvolve-se o processo de reocupação intrinsicamente
vinculado ao capitalismo brasileiro, promovendo o discurso de “Norte do
Paraná”. Envolvendo expulsão, violência e exclusão de vários povos destas
terras, que fazem parte deste processo de reocupação do norte do Paraná.

Analisar a violência e a exclusão como processo constitutivo da


ocupação de novas terras não é nada original e seria, neste caso,
"chover no molhado". Entretanto, isso não é realidade, na medida que
poucos são os trabalhos acadêmicos que desenvolvem esta questão
no contexto da região norte-paranaense. Muito pelo contrário, a maioria
deles, desenvolve um discurso que se refere à (re)ocupação como
pacífica, ordenada e sem violência. (TOMAZI, 1997, p. 19).

A violência de fato ocorreu, sendo comprada cientificamente através de


pesquisas, perante o processo de reocupação da região do norte do Paraná,
nesse sentido, ressalta-se a violência praticada pelo Estado burguês em
negligenciar esses povos que ali já existiam, representando uma violência
cotidiana e permanente.
Contudo, a violência abrangia inicialmente indígenas e caboclos,
posteriormente posseiros e trabalhadores rurais, estando presente em todos os
momentos de reocupação, desconstruindo a visão distorcida e deturpada de

91
uma reocupação pacífica, permeando uma violência urbana e rural, havendo
inúmeros relatos e depoimentos comprovando tal veracidade, os conhecidos
jagunços e pistoleiros eram contratados pelos senhores das grandes porções de
terras e capitalistas, bem como do poderio militar estatal, representando uma
falácia a forma posta como algo pacifista. “A utilização de armas de fogo como
algo corriqueiro no cotidiano das cidades, deixam muito claro que a região em
estudo não era uma terra pacífica, conforme se quer fazer acreditar”. (TOMAZI,
1997, p. 20).

A violência, entretanto, não atingia a todos indistintamente de forma


generalizada. Ela atingia grupos mais ou menos definidos, ou como se
fossem pré-selecionados, principalmente em função da
posse/propriedade da terra. A se leção/classificação será o primeiro
passo para a exclusão posterior. É necessário que os grupos ou
pessoas que serão excluídos do processo, sejam antes assinalados
como diferenciados. Esta seleção se fará através de princípios tidos
como estabelecidos e naturais, que compõem um ideário, que têm
como pressupostos a ideologia do progresso, do moderno, imperante
até então. (TOMAZI, 1997, p. 20).

Trata-se, portanto, de eliminar seus contrários, numa ótica capitalista


exterminadora de quem se recusa a aceitar seus ditames do chamado
“progresso pacifista”, ou seja, a representação de um sistema degradante e
excludente, que mata por motivos fúteis e vis.
A visão vem de encontro com um denominado “selvagem indígena”, e
do outro, o conhecido “civilizado”, engendrando-se ao caboclo, posseiro e ao
sertanejo, em relação ao “bom colono”, compreendendo o proprietário e o não
proprietário. “Nunca é demais lembrar que este ideário, que procura eliminar o
diverso, foi desenvolvido, no Brasil, com muita ênfase desde o início da
República, e encontrou sua forma mais medonha, no período do Estado Novo”.
(TOMAZI, p. 20).
O processo de exclusão inicia-se com o indígena, algo que já acontecia
há muito tempo, predominando a barbárie e a selvageria, pelo viés capitalista
dominador e opressor como de costume, com posterior eliminação do sertanejo
e do caboclo, pois eram incontroláveis pelos viés do capital, da forma em que

92
não são proprietários, estando fora da normalidade. Procurando se afastar da
abordagem ocorrida com o contestado.
Verifica-se, uma abordagem de controle dos homens através de
legislações estatais, ordenando o espaço a ser ocupado, através da propriedade
da força policial, tanto na cidade como no campo, procurando disciplinar a
população. Contudo, não ter propriedade era considerado sinônimo de
eliminação pelo estado burguês que se desenhava, realmente matando vários
povos, segundo Tomazi (1997).

A partir das transformações na agricultura e que atingem a região em


estudo, iniciando-se em meados dos anos 60, ocorrerá um processo
de expulsão gradativa e significativa da população não proprietária e
mesmo de pequenos proprietários, onde muitos continuarão em busca
do "ouro verde", em direção aos estados de Mato Grosso e Rondônia,
e outros voltarão para os centros urbanos da região ou, principalmente,
para o estado de São Paulo. (TOMAZI, 1997, p. 21).

Neste sentido, inúmeras populações foram mortas e expulsas de seus


próprios territórios, com o aval do estado burguês autocrático e do capital
parasitário degradante, destruindo vidas e famílias que ali viviam de forma
harmônica e em paz de acordo com suas peculiaridades.
Contudo, a região do norte do Paraná já estava ocupada por indígenas
e povos caboclos, que vivia de forma diferente como determina o capitalismo
destruidor. “Assim, pode-se afirmar que, à medida em que o elemento "civilizado"
ia penetrando no território, a situação dos indígenas ia complicando-se.
Enquanto ele ia entrando na região e conquistando as terras, o índio ia saindo,
morrendo e perdendo a sua terra”. (TOMAZI, p. 21)
Desta forma, de acordo com interesses europeus, com fundamento na
Inglaterra, algo que traduzia-se numa racionalidade burguesa, era vista como
uma missão civilizadora, espalhada por diversos territórios com dizimação de
povos já existentes em determinadas terras.
Assim sendo, evita-se que os povos tradicionais destes territórios
desenvolvam-se de acordo com seus próprios interesses, e sejam forçados a
atender os interesses capitalistas dominantes, de exploração e destruição,

93
seguindo um determinado ideário espúrio. Permite-se a construção de uma
burguesia mesquinha e individualista.
Nesse sentido, a burguesia se constrói como representante geral da
sociedade e da espécie humana, como se fosse algo natural, apagando diversas
histórias preexistentes, contudo, denomina-se como nação puramente,
formando suas justificações ideológicas e de poder, como algo natural e inerente
as suas capacidades, eliminando quem atravessa e discorde de seu poder.
Desta forma, foi-se constituindo a região do norte do Paraná, todavia, foi
se produzindo a história dos homens que compunham tal região, seus modos de
construção e relações sociais, o processo de exploração, ocupação e
reocupação evidenciam essa região do norte do Paraná, que se construiu
através de inúmeros conflitos, mortes e extrema violência, onde o poder da
burguesia e dos grandes proprietários prevaleceu, com aval preponderante do
Estado legitimador de tais atrocidades cometidas, de acordo com Tomazi (1997).
Contudo, os povos indígenas que aqui estavam há mais de 7000 mil
anos, e foram devorados, expulsos e extintos por este sistema capitalista
degradante e desrespeitoso, atuando numa perspectiva de vazio demográfico,
selvagens e bugres, como eram chamados pelos desbravadores assassinos,
dominados pelo ideário burguês avarento e abominável. Onde as tribos Xetás e
Kaingángs viviam de forma harmônica com a natureza e em paz com sua cultura.
A seguir, apresenta-se imagens da formação do norte do Paraná, e seu
processo de construção.

94
FONTE: TOMAZI, 1997. p. 44.

FONTE: TOMAZI, 1997, p. 45.

95
FONTE: TOMAZI, 1997, p. 51.

96
FONTE: TOMAZI, 1997, p. 52.

Neste sentido, apresenta-se o processo de construção do norte do


Paraná, sob a ótica capitalista, promovendo o comércio, bem como a construção
de diversos espaços sob a exploração do capital, concentrando terras e

97
acumulando riquezas e renda, em detrimento da miséria e exclusão social, com
má remuneração aos trabalhadores, doenças ocupacionais, desemprego e
imensas expressões da questão social, conforme indica Tomazi (1997).
Ocorreu a desagregação da frente pioneira do Paraná velho, por volta
do século XIX, onde era estruturada em cima de grande propriedade e tinha
como suporte um sistema econômico, alimentado basicamente pelo tropeirismo
e a pecuária extensiva, e logo em seguida, pela extração e beneficiamento de
madeira e erva-mate.
Importante ressaltar que, a ocupação do Norte Pioneiro do Paraná,
propiciou a criação das cidades e de uma atividade econômica que permitiu
construir boa parte da infraestrutura do Paraná. Em destaque a cafeicultura, que
possibilitou a redenção econômica do Estado, numa fase em que seus principais
produtos estavam em declínio. E possibilitou ao Estado a constituição de uma
boa rede de infra estrutura propulsora do desenvolvimento econômico em toda
a região.
Embora, a ocupação mais efetiva da região Norte começaria poucos
anos depois, primeiramente com a chegada dos mineiros e em seguida com a
chegada dos paulistas, a procura de terras apropriadas a cultura do café. Com
isso, as duas correntes migratórias partem das zonas cafeeiras de São Paulo e
Minas Gerais, particularmente das zonas onde estavam localizadas as lavouras
mais antigas e em fase decadente de produção, e se instalam no vale do
Paranapanema através dos cursos médio e superior do rio Itararé, por volta da
década de 60 do século passado (XIX).
Com a chegada do ciclo da madeira, as florestas começaram a ser
derrubadas para a venda dos troncos. Esse novo ciclo atraiu os ingleses, que
organizaram o povoamento das novas áreas desmatadas. Vieram milhares de
agricultores de vários lugares como a Itália, Alemanha, Suíça, Rússia e Japão.
Após esse ciclo, veio o do café, no século passado, em toda a região
Norte do Paraná. Este ciclo, provocou uma grande onda de migração interna,
que foi onde atraiu os paulistas, mineiros, nordestinos e ainda mais estrangeiros.
Com isto, foi o que levou o Norte do Paraná a ser povoado e progredir ainda
mais. Nos anos 1960 o café dominava a economia, atingindo 60% do valor de
produção rural paranaense. E só perdeu importância a partir das grandes
geadas, como mencionado anteriormente, que ocorreu nos anos 1970.

98
A primeira cidade que surgiu a partir do processo de ocupação foi
Colônia Mineira, onde foi fundada em 1862, por um migrante mineiro. Em
meados da década de sessenta do século XIX, a cafeicultura paulista já estava
nos limites do Estado.” Exatamente neste período Thomas Pereira da Silva,
mineiro atraído pela fama da exuberância das terras vizinhas ao Rio Itararé, vem
para a região e adquire em território paranaense, a margem esquerda do Itararé,
vasta área de terras, ás quais faz convergir grande número de conterrâneos
seus, dando origem, em 1862, a um núcleo urbano, inicialmente chamado
Colônia Mineira”. (PADIS, 1981: 86).
Depois da Colônia Mineira, outras cidades vão surgindo, de forma com
que as matas foram sendo derrubadas, e assim foram abrindo espaços e dando
lugares para as lavouras de café. Destacando-se pela ordem de fundação:
Tomasina, em homenagem ao pioneiro Thomás Pereira da Silva, em 1865;
Santo Antonio da Platina, em 1866; Venceslau Braz e São José da Boa Vista,
em 1867. Logo após, foi surgindo mais paulistas do que mineiros, e com isto foi
onde deu origem a Jacarezinho em 1900, Cambará em 1904, Bandeirantes em
1921 e Cornélio Procópio em 1924.
A partir da década de 1930 em diante, quando novos plantios nas zonas
produtoras tradicionais, além de economicamente inviáveis, acabam sendo
proibidos oficialmente como medida destinada a equilibrar o mercado, o polo
cafeeiro se fixa de vez no Norte do Paraná, onde, ao contrário do que acontecia
em São Paulo, não havia qualquer restrição a formação de lavouras. A esta
altura, fazendeiros paulistas que relutavam em abandonar a atividade, se
deslocam quase que em massa para o Norte do Paraná, transferindo para a nova
zona produtora toda a experiência armazenada durante seguidos anos no trato
de lavouras. Com os fazendeiros também se deslocam seus empregados que
ao se incorporarem a nova frente pioneira vão garantir mercado fácil para a
colocação dos pequenos lotes, vendidos em profusão pelas companhias
loteadoras.
Ressalta-se que o Norte Pioneiro do Paraná foi o portal de entrada para
a colonização de toda a região Norte paranaense. Onde os colonizadores
abriram caminhos para o progresso e o desenvolvimento econômico da região.
É importante estudar e discutir sobre o local de moradia e sobre o
trabalho dos habitantes, desses pequenos municípios paranaenses. Onde é

99
possível identificarmos que, com o passar dos anos, o número de habitantes em
áreas urbanas aumentou, e em áreas rurais diminuíram. Ao longo dos anos, a
sociedade tem sofrido diversas modificações, sabemos que há muitos anos atrás
a população mundial era praticamente rural, apenas pouquíssimas pessoas
viviam em áreas urbanas. Contudo, um fato marcou toda uma transformação
social, modificando por completo a estrutura populacional.
Pode-se dizer que, com o aumento das indústrias, vinculado a um
expressivo desenvolvimento tecnológico, fez com que as pessoas migrassem
para as cidades a procura de trabalho. Desta forma, as oportunidades de
emprego nesse período são consideradas fatores atrativos, ao passo que a
intensa mecanização do campo era considerada um fator repulsivo.
Importante dizer que o processo de urbanização, além de ocorrer de
forma desigual, não só no Norte Pioneiro do Paraná, mas em todo o Estado, dá-
se de forma desordenada, apontando então a falta de planejamento. Isso
acarreta diversos problemas urbanos de ordem social e ambiental. Como por
exemplo: poluição, violência, excesso de lixo fazendo com que o meio ambiente
venha sofrendo continuamente, entre outros fatores negativos. O aumento da
população nas grandes cidades está associado ao êxodo rural, ao fato de a
população deixar a zona rural para dirigir-se aos centros urbanos.
Ressalta-se compreender algumas particularidades das ocupações
agrícolas, bem como a posição na ocupação agrícola da população ocupada nos
pequenos municípios rurais paranaenses. Segundo dados do IBGE sobre
pessoas ocupadas em municípios rurais segundo grupos de ocupação e
mesorregiões geográficas do paraná no ano de 2000, é possível afirmar que,
mais de 50% da população total ocupadas estão em ocupações não agrícolas.
Também podemos verificar a participação dos domiciliados na área rural e
urbana no cômputo total da população ocupada na área agrícola.
No Norte Pioneiro, há uma participação em torno de 40% de domiciliados
nos centros urbanos em ocupações agrícolas. A participação dos domiciliados
nas áreas urbanas e rurais apresentam diferenças entre as mesorregiões do
Norte e as do Sul do Paraná. É possível dizer que de acordo com os dados do
IBGE (2000), na mesorregião do Norte, além da participação de mais de 50%
dos moradores do rural nas ocupações agrícolas, há também uma parcela muito

100
significativa dos que residem na cidade nestas ocupações, enquanto que na
parte Sul, há um predomínio de residentes do rural nas ocupações agrícolas.
Wanderley (2002), afirma que, apesar dos fatores de crise que tem
assolado a agricultura nas últimas décadas, como as secas sucessivas e
modificações na base produtiva no Nordeste, como em outras regiões do país,
a agricultura será, por muito tempo, a atividade principal, a fonte principal de
ocupação e renda, a base para a criação de novas alternativas econômicas e
para o desenvolvimento de atividades de transformação e comercialização.
É possível dizer que, a agricultura continua sendo a atividade principal
para os pequenos municípios rurais paranaenses. Porém, isto não significa dizer
que para promover o desenvolvimento de regiões rurais como estas, seja
necessário investir somente na produção agrícola.
Como defende Abramovay (1999), para se investir nas mudanças das
formas organizacionais da população ocupada em atividades agropecuárias
abrange-se a construção de novos mercados, tanto para os produtos até aqui
predominantes, como, sobretudo, para as atividades que apenas começam a se
desenvolver, que se concentra o mais importante desafio do desenvolvimento
rural, e ainda, o desenvolvimento rural passa pela construção de novos
territórios, isto é, pela capacidade que terão os atores econômicos locais de
manejar e valorizar ativos específicos as regiões em que habitam.
É preciso aprofundar, analisar e compreender as particularidades das
diversas regiões do Paraná, visto que sua economia baseia-se em sua
agricultura e também nas indústrias, com muitos produtos no setor da agricultura
e de lavouras, fazendo com que faça girar a sua economia e visando o aumento
de produtos e serviços, para possíveis oportunidades de mais empregos para os
habitantes paranaenses.
Existe uma certa heterogeneidade no processo de produção dos
agricultores familiares, bem como uma diversidade das atividades exercidas,
havendo determinadas peculiaridades regionais, coexistindo uma ocupação
agrícola de acordo com cada região paranaense. Com relação ao norte pioneiro,
26,7% atuam por conta-própria, 54,4% estão empregados em certas localidades
rurais, 13,4% não é remunerado e ajuda algum membro do domicílio que
convive, 3,9% são trabalhadores que produzem para o consumo próprio, 1,5% é

101
empregador, e 0,2% é aprendiz ou estagiário sem remuneração. (CINTRA, 2008,
p. 7).
Havendo um considerável contingente de empregados, embora, a
agricultura familiar predomine na região sul do Paraná. Fatores influenciados
devido as condições de clima, relevo e solo, bem como aos processos de
ocupação e colonização ocorridos nestes territórios, entretanto, ressalta-se a
questão dos impactos da modernização agrícola em detrimento dos pequenos
agricultores, em muitos casos, expulsos de suas terras pelo poder dominante.
Existindo-se posturas diferenciadas as chamadas regiões do grande
norte do Paraná, bem como a sua atividade produtiva, predominando uma
cultura empresarial, visando rentabilidade de capital, diferente das demais
regiões do estado do Paraná, ressaltando a época e as formas de exploração
implementadas, que possibilitou violência, mortes e acumulação fundiária e de
renda.

Os produtores do norte, além do caráter mercantil de sua produção,


tiveram contato estreito com São Paulo – centro do desenvolvimento
capitalista do país – tanto durante a época de ocupação como
posteriormente, que foi de expansão da cafeicultura e efervescência
política e econômica, pela manutenção do protecionismo à atividade
cafeeira. Esse grau de envolvimento com a economia paulista é um
fator inegável para a explicação da evolução diversa da região do
“Grande Norte” do Paraná. (CINTRA, 2008, p. 9).

Nesse sentido, o expansionismo capitalista evidenciou progresso e


desenvolvimento a uma determinada camada populacional privilegiada, ou seja,
a classe burguesa, e os grandes produtores e latifundiários, em detrimento dos
indígenas, caboclos, pequenos produtores e demais povos que viviam em paz
na região do norte do Paraná, sobretudo, com o aval do Estado autocrático da
época.
Diferenciando-se, contudo, na região sul do Paraná, onde predomina-se
a dinâmica comunitária, de pequenas propriedades familiares, prevalecendo
uma forma de vida camponesa, com uma sociabilidade mais amigável e
conciliadora, provendo alimentos de qualidade a população, todavia, “é sabido
que os meios de comunicação tem influência direta na formação de identidades
102
e na definição de estilos de vida, conforme indica Cintra (2008). Contudo, vários
significados podem ser identificados com relação ao valor dado a terra e a
natureza, no sentido de preservação e qualidade de vida.
Sendo possível observar uma taxa de urbanização superior a 80%,
comprovando a expulsão de povos e um amplo processo migratório,
favorecendo a monocultura e o latifúndio, não havendo homogeneidade entre o
processo de urbanização paranaense, concentrado em algumas poucas regiões
do estado.

Interessante observar que nas mesorregiões do Norte do Estado, a


população mora predominantemente nas cidades, enquanto que nas
mesorregiões Sudoeste, Centro-Sul, Sudeste e em alguns municípios
da Metropolitana de Curitiba a situação é outra. E que, não só quanto
a este aspecto, tais configurações sejam também resultantes dos
processos de ocupação e colonização que moldaram diferentes tipos
de sociedade em diferentes ciclos econômicos no Paraná. Justificando
aí também o recorte, das metades Norte e Sul do Paraná que pode
observar, em vários momentos. (CINTRA, 2008, p. 10).

Constata-se, entretanto, que 47% da população total encontra-se


inserida com ocupação agrícola. “Verifica-se que a ocupação da população
situada em domicílios rurais, em ocupações agrícolas era de 79,2%, sendo que
no período (2000) as ocupações não-agrícolas correspondiam a 20,8% da
ocupação desses domicílios”. (CINTRA, 2008, p. 11).
Necessita-se, evidentemente, de um aprofundamento consistente na
relação rural e agrícola, no sentido da qualidade de vida da população e geração
de trabalho e renda, desconcentrando das poucas famílias e pessoas, sendo
necessário repensar tal política de acumulação e concentração fundiária e de
renda, promovendo bem estar social.
Destaca-se o sentido de espaço social, onde se constrói vidas, através
do trabalho e da renda, onde se edifica moradias e a população possa a conviver
com dignidade, havendo diversas formas de convivência de acordo com cada
região do Paraná, contudo, o sentido fundamental deve imperar-se ao bem estar
social da população como um todo, com geração de trabalho e renda, alimentos
saudáveis e qualidade de vida, ajustando, de fato, o estado democrático de

103
direito, que garanta e promova a todos, vidas com dignidade, autonomia e
emancipação, livre da exploração desenfreada do capital e com democracia e
participação social.
No tocante a questão territorial, o desenvolvimento de políticas públicas
é essencial, em promover o progresso local e regional de um determinado
território, em vista da construção de uma política de desenvolva o âmbito rural
do norte pioneiro do Paraná. (LOPES, 2009, p. 79).
Ressalta-se, que o Paraná passou um intenso processo de
industrialização nas últimas décadas, numa dinâmica agressiva de incentivos
fiscais a determinados produtores, concentrando-se na região metropolitana de
Curitiba, todavia, as atividades vinculadas a matéria prima estão dispersas e
preponderam no interior do estado do Paraná.

O norte pioneiro é uma das 10 mesorregiões que constituem o estado.


Sua ocupação decorreu de uma economia predominantemente
cafeeira. O aumento da produção de commodities, substituindo os
cafezais, aliado à ampliação das áreas de pastagens, principalmente a
partir da década de 1970, ampliou as dificuldades na absorção da mão
de obra. A região, que tinha no início da década uma das maiores
populações do estado, apresentou uma das mais elevadas perdas na
esfera estadual ao final dos anos 1970 e nas décadas seguintes. Sua
população foi reduzida praticamente pela metade entre 1970 e 2000.
(LOPES, 2009, p. 81).

Todavia, é possível que sejam estabelecidas políticas públicas que


favoreçam o desenvolvimento regional no sentido de desconcentração da terra,
e geração de trabalho e renda, em vista de uma colossal população prisional que
necessita de terra e trabalho, bem como de inúmeras pessoas que vivem em
situação de rua, promovendo democracia e participação social.
Sobretudo, a maior parte dos municípios do norte pioneiro paranaense
são de pequeno porte, e em estado de transição para áreas urbanas, e migração
para outros municípios e regiões, conforme aponta Lopes (2009), com uma
população rural extremamente reduzida, devido a vários fatores inerentes ao
sistema capitalista.
A região do norte pioneiro paranaense é considerada de mínima
relevância sem expressão econômica e institucional. “Sendo que as atividades
104
econômicas atuais não parecem suficientes para provocar melhorias nas
condições sociais da população, o que tende a reforçar o esvaziamento tanto de
áreas urbanas como rurais”. (LOPES, 2009, p. 81).
Desta forma, reforçando o caráter concentrador de renda e terras, e a
dinâmica antidemocrática e de injustiça social, promovendo o retrocesso da
região do norte pioneiro paranaense. Contudo, algumas instituições como a
EMATER - Empresa Técnica de Extensão Rural do Paraná e a FETAEP –
Federação de Trabalhadores da Agricultura do Paraná, vem desenvolvendo
projetos que promovam o progresso da região, entretanto, sabe-se que o Estado
neoliberal defende inexoravelmente os interesses burgueses, o que dificulta tal
desenvolvimento pelo viés democrático e participativo.

As propostas de intervenção direcionaram-se à integração das


atividades agropecuárias presentes em municípios contíguos visando
ao fortalecimento e à dinamização das cadeias produtivas. Inicialmente
denominadas Áreas de Programação Integrada (API), as ações
focadas no processo produtivo e nas articulações intermunicipais
gradativamente incorporaram outros aspectos ao buscar modificações
nas condições das áreas de saúde, educação etc. A configuração
inicial do conjunto de municípios abrangidos não se alterou até bem
recentemente, mas a ampliação das ações empreendidas depois de
2000 possibilitou a transformação das API em Áreas de
Desenvolvimento Integrado (ADI). (LOPES, 2009, p. 82).

Nesta seara, partiu-se da concepção de território, onde relações de


poder são intrínsecas, visando uma determinada construção social, bem como a
uma abordagem de desenvolvimento, com fundamento na área rural, permitindo
uma orientação democrática e plural de transformação social, onde interesses
mercadológicos predominam.
O conhecido projeto chamado de “território integração norte pioneiro”,
abarcando 27 municípios, implementado no território vale do rio das cinzas,
também no território divisa norte, o território G5, e o território nordeste, em busca
de progresso e desenvolvimento para as referidas microrregiões, visando
desenvolvimento sustentável dos territórios rurais, no sentido de redução da
pobreza, considerada estrutural ao sistema capitalista, bem como a geração de
emprego e renda, e preservação do meio ambiente, em contradição com as

105
determinações do capital neoliberal. “O estímulo ao empreendedorismo e a
formação de arranjos produtivos locais, além do incentivo à participação da
sociedade em novos arranjos institucionais em âmbito intermunicipal”. (LOPES,
2009, p. 83).
Confere-se, a importância da multissetorialidade e da relação entre rural
e urbano em promover desenvolvimento regional e participação de todas as
esferas em benefício da sociedade, e não somente de uma minoria burguesa e
reacionária, em vistas da redução e possível abolição da pobreza e
fortalecimento das áreas territoriais existentes.
Nesse sentido, o “programa territórios da cidadania”, obtiveram atenção
reforçada por determinadas instituições, promovendo o associativismo e o
cooperativismo, entretanto, configura-se pretensões capitalistas em detrimento
dos pequenos produtores, bem como a intenção de um Estado burguês
neoliberal que privilegia a classe dominante.

Os processos de descentralização política dependem de uma série de


condições prévias (históricas, sociais, econômicas) que são
específicas do lugar e que podem se concretizar como participação
mais ou menos ativa da sociedade e, juntamente com a qualidade das
formas associativas, são fundamentais para a efetividade da gestão
social, um dos pilares das propostas de desenvolvimento territorial. A
descentralização nesses casos possibilita o compartilhamento das
decisões entre a sociedade e o estado, impedindo que a sociedade
assuma um papel coadjuvante. Os governos estaduais, nesse
contexto, são considerados intermediadores necessários no reforço do
pacto federativo, mas assumem ações de cunho mais complementar
que propositivo. (LOPES, 2009, p. 86).

Convém, todavia, explicitar e problematizar a questão proposta, no


sentido da esfera estatal estar explicitamente vinculada a defesa inexorável dos
interesses da burguesia, onde a participação da sociedade civil em conselhos de
direitos é praticamente nula e frequentemente vista como algo maçante e até
chato de se envolver.
Sobretudo, uma profunda mudança cultural é extremamente necessária,
proporcionando um sentimento coletivista, e eliminando o pensamento
individualista, para, desta forma, conseguir-se almejar uma sociedade melhor,

106
plural e democrática, onde a justiça social seja valor essencial, eliminando as
barreiras entre as classes sociais e permitindo maior participação social,
implantando de fato o estado democrático de direito, caminhando para o
socialismo\comunismo, utilizando-se significativamente da inteligência artificial
em proporcionar qualidade de vida e preservação da natureza e do planeta terra
finito.
De acordo com informações da EMATER do Paraná, o estado é formado
por 399 municípios, sendo que 367 possuem menos de 50 mil habitantes, com
374 mil propriedade rurais, e 317 mil agricultores familiares com mínimas
porções de terras, e imensos latifúndios com poucas famílias e indivíduos, que
degradam natureza e vidas cotidianamente.

O Paraná ocupa posição de liderança na produção agrícola, maior


produtor e exportador de grãos do país, contribuindo de forma
importante na geração de divisas, de empregos e de renda e figura na
quinta posição no índice de desenvolvimento humano (IDH) do país.
Esse processo de desenvolvimento, somado às diferenças de recursos
naturais e culturais, ao tempo em que trouxe progresso, não foi
homogêneo para todas as regiões e grupos sociais. (EMATER, 2013).

Havendo-se vários espaços diferenciados no estado do Paraná,


variando de acordo com cada regionalidade e processo de reocupação,
conforme a imagem a seguir, verifica-se uma dinâmica territorial surpreendente,
com diferentes contextos e histórias.

107
FONTE: EMATER, 2013. Acesso em 10\09\2020.

Neste sentido, segundo a EMATER (2013), várias ações estão sendo


implantadas visando o desenvolvimento do Estado do Paraná, bem como
potencializar as economias locais, promovendo inclusão social, cidadania,
preservação e recuperação ambiental, bem como sanidade e qualidade da
produção agrícola. Com atuação em projetos de desenvolvimento territorial, em
identificar locais com potencial econômico. “Promovendo estudos de viabilidade
técnica e econômica, elaborando e executando projetos para captação de
recursos, assessorando e capacitando gestores e membros de conselhos,
associações e cooperativas”. (EMATER, 2013).
Todavia, o sucateamento da esfera estatal, bem como a defesa dos
interesses do capital, prejudicam o desenvolvimento e progresso de tais
políticas, proporcionando concentração de terras e renda, elevando índices de
criminalidade e o aumento das expressões da questão social, reforçando o
caráter perverso do sistema político e econômico atual.
Citando, determinações do INCRA – Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária, que prevê, um conjunto de medidas que visem a
democratização da terra, bem como sua desconcentração, mediante o regime
de posse e uso, atendendo aos princípios de justiça social e produtividade, no

108
sentido de promover cidadania e geração de renda a população, bem como
alimentos de qualidade e saudáveis ao povo.

O Incra é responsável por colocar em prática as ações que asseguram


a oportunidade de acesso à propriedade de terra, condicionada à
função social. Faz-se presente em todo o país por meio de 29
superintendências regionais e 49 unidades avançadas. Conta,
também, com o envolvimento dos governos estaduais e prefeituras,
aos quais oferece instrumentos para fazer chegar aos beneficiários da
reforma agrária e produtores rurais serviços capazes de auxiliá-los a
produzir e a permanecer no campo - a exemplo das Unidades
Municipais de Cadastramento, instaladas a partir de convênios com
prefeituras. Além dos assentamentos implantados pela autarquia, o
Incra reconheceu projetos estaduais e áreas criadas por outras
instituições, como as de reassentamento de barragens, unidades de
conservação de uso sustentável e territórios quilombolas, para
assegurar o acesso de quem vive nesses locais às políticas de reforma
agrária. (INCRA, 2020).

Constata-se, pelo viés crítico dialético, que os problemas estruturais não


são devidamente resolvidos e solucionados conforme estabelece as várias
legislações e os projetos das instituições em promover justiça social e
democracia, contudo, verifica-se uma necessidade viável de implantação do
estado democrático de direito e abolição do sistema capitalista, que inviabiliza a
construção de uma sociedade justa e democrática, onde há o evidente
predomínio dos latifúndios e da monocultura, em prejuízo a imensa classe
trabalhadora.
De acordo com Sachuk e Augusto (2008), o sistema de produção
orgânica de alimentos vem ganhando destaque, pois se fundamenta em
princípios que buscam a sustentabilidade. Fazendo com que esse sistema faça
uso de produtos alternativos, frente aos insumos químicos amplamente adotados
nos sistemas de produção convencional, beneficiando a saúde do produtor rural
e dos consumidores.
Desta forma, foram criados mecanismos de certificação, fiscalização e
controle da produção orgânica no país em 2003 através das legislações
pertinentes e suas instruções normativas. Entretanto, o processo de certificação
fiscalização e a necessária assistência técnica, representam custos adicionais

109
aos produtos, segundo Santos e Monteiro (2004), fazendo com que torne o
processo complexo e distante do produtor rural, em especial o de base familiar.
Em 2009 foi criado o Programa Paranaense de Certificação de Produtos
Orgânicos (PPCPO) para melhorar o acesso do produtor familiar a um sistema
de certificação de produção orgânica, por meio de uma parceria entre a
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino superior (SETI), o Instituto de
Tecnologia do Paraná (TECPAR) e das Universidades Estaduais. De fato, a
produção orgânica apresenta um alto crescimento, por isto passou a ser
necessária, ferramentas para a fiscalização e controle, porém onerando os
sistemas orgânicos de produção.
Desta forma, foi implantado um núcleo de extensão em cada
Universidade para a disponibilização de assistência técnica especializada em
sua região de abrangência, e a realização de auditorias para a certificação. A
primeira fase do programa (PPCPO) teve seu início em setembro de 2009, e foi
encerrada em julho de 2011. Porém, em julho de 2012 esse programa foi
renovado para dar continuidade aos trabalhos, e assim, aumentar o número de
produtores orgânicos certificados na região do Paraná.
A assistência técnica consiste na visita da equipe a propriedade e
posterior análise pelos profissionais do núcleo, para ser feito a verificação sobre
a possiblidade de enquadramento da mesma nos parâmetros do programa,
sendo que primeiramente, é necessário ser uma propriedade agrícola familiar,
conforme estabelece a LEI N.11.326, de 24 de julho de 2006.
Após isso, é realizado um levantamento quanto ao manejo que vem
sendo empregado na propriedade durante o procedimento, este documento
descreve as questões ambientais, sociais e econômicas adotas pelo produtor.
Através deste levantamento é possível caracterizar a situação atual do sistema
de produção e verificar as ações de assistência técnica e a extensão rural
necessárias para que fique apta a ser certificada, de acordo com conformidades
exigidas.
Ressalta-se, como é de forma importante mencionar e esclarecer sobre
a produção orgânica de alimentos, visto que tem por finalidade, oferecer
produtos saudáveis e priorizar a qualidade dos alimentos, a saúde e alimentação
da população, proporcionando mantimentos mais pulcros, saborosos e

110
saudáveis. Desta forma, a agricultura orgânica diversifica os produtos cultivados
com o intuito de garantir o equilíbrio ambiental, sobretudo do solo.
Importante mencionar, que a produção orgânica viabiliza a conservação
e fertilidade do solo, minimiza impactos sobre o meio ambiente, agrega valores
aos alimentos orgânicos e também elimina o uso de agrotóxicos, sem contar que,
desta forma, é muito mais saudável para a alimentação de todos, contribuindo
com a biodiversidade, com a ausência de pesticidas e contribui com a
preservação de pássaros, insetos e de outros animais.
Destacando-se a agricultura familiar, que é a base da economia de
muitas regiões do Norte Pioneiro do Paraná. Com a produção de alimentos
orgânicos, podemos destacar a melhoria da vida no campo, visto que, a
agricultura orgânica contribui na melhoria das condições de vida socioeconômica
das comunidades rurais. Cultivos orgânicos necessitam de mais mão de obra,
gerando mais oportunidades de emprego e renda.
Sabe-se que a agricultura convencional permite uma produção maior,
mas é de extrema importância ressaltar que o uso de agrotóxicos influencia muito
na qualidade dos alimentos e na saúde, tanto de quem consome, quanto de
quem trabalha nas lavouras e fica exposto, sem contar que a exposição
prolongada de agrotóxicos pode causar várias doenças e infecções, e aumentar
o risco para vários tipos de câncer.
Desta forma, a agricultura orgânica se mostra como uma alternativa
promissora para a agricultura familiar, pois, as técnicas deste processo de
produção respeita o meio ambiente, a saúde do trabalhador agrícola, a do
consumidor, e tem como objetivo manter a qualidade do alimento, formoso e
muito mais saudável.
Discute-se, a questão da permanência dos jovens em áreas rurais do
norte pioneiro, e a problemática que envolve tal temática, principalmente com os
filhos de agricultores familiares, contatando-se perdas de população nesta
dinâmica, havendo redução entre pessoas de 0 a 24 anos, que recorrem ao meio
urbano como condição de vida, bem como havendo o aumento da população
com mais de 40 anos de idade no meio rural, e que as mulheres jovens são as
que mais deixam o campo, predominando pessoas do sexo masculino, havendo
preponderante relação sexista neste ínterim, apresentando indicativos de

111
masculinização e envelhecimento desta camada populacional, conforme indica
Morais (2015).

No entanto, percebemos que, à medida que os/as jovens conseguem


ter acesso à ocupação e renda na propriedade, relações mais flexíveis
na família, acesso às políticas públicas para estruturação da
propriedade, facilidade de acesso ao meio urbano e educação
conectada à sua realidade, crescem as possibilidades de
permanecerem no meio rural. (MORAIS, 2015, p. 2).

A discussão transcorre o contexto do “território integração norte pioneiro


do Paraná”, no sentido da percepção dos jovens que saem do meio rural e seus
anseios perante a sociedade capitalista atual, o estabelecimento agropecuário
familiar representa 59,2%, em seguida pelo tipo empregador que corresponde a
26,6% dos estabelecimentos, num total de 85,8% dos estabelecimentos,
enquanto os não familiares representam 14,2%, de acordo com Morais (2015).
Contudo, a relevância da agricultura familiar é imprescindível nesta
cadeia produtiva de relações sociais, principalmente no tocante a geração de
trabalho e renda a população que necessita de terras para produzir alimentos de
qualidade.
Todavia, a agricultura familiar torna-se algo mais importante a sociedade
do que a agricultura patronal, em vista da questão da sustentabilidade,
preservação ambiental e geração de emprego e renda ao povo. Entretanto, a
elaboração de políticas públicas que potencializem tal demanda é essencial para
a permanência desta população no campo.
Sendo importante que a juventude rural permaneça em seu local em
vista do próprio desenvolvimento possível, visando projetos de mudança de vida.
Todavia, sendo imprescindível a discussão acerca de políticas públicas que
privilegiem esta dinâmica da produção rural e permanência dos jovens nela,
valorizando seus aspectos culturais com o lidar com a terra e a produção,
libertando-se de concepções machistas e patriarcais.
Contudo, boa parte dos municípios do norte do Paraná podem ser
considerados municípios rurais, cabe-se avaliar as perspectivas desta população

112
e ampliar sua capacidade produtiva em suas próprias áreas de abrangência, de
acordo com Morais (2015).
A juventude no Brasil, é considerada dos 15 aos 29 anos de idade, no
tocante a implantação de políticas públicas, tal demarcação é essencial,
havendo uma heterogeneidade deste público, diferenciando-se em questões de
oportunidades, poder e facilidades, correspondendo a juventudes no sentido
plural do termo.
Desta forma, representa anseios, sonhos de vida, e oportunidades de
acesso, classe social, poder aquisitivo, e processo cultural, variando em suas
mais dinâmicas formas e características, conforme aponta Morais (2015). “A
categoria juventude, ainda que tenha uma dimensão simbólica, também possui
determinantes materiais, históricas, culturais e políticas, o que os levam a afirmar
em intertextualidade”. (MORAIS, 2015, p. 4).
Entretanto, considera-se faixa etária e construção social como algo
intrínsecos e interligados na sociedade, não sendo excludentes, comparando a
homogeneidade de um determinado grupo perante outros, num contexto
histórico e social, bem como intimamente ligadas a questões heterogêneas,
analisando a dinâmica do norte pioneiro do Paraná.

Os jovens rurais configuram-se como uma parcela específica das


juventudes brasileiras, que vivenciam situações diversas,
diferenciando-se dos grupos urbanos especialmente por pertencerem
ao ambiente social rural, estando geralmente conectados a uma
propriedade agrícola familiar. (MORAIS, 2015, p. 5).

Esta parcela da juventude relaciona-se com suas casas, família e


vizinhança de forma diferente de quem convive na área urbana, bem como
mantém relações com a população das cidades, numa dinâmica de mundo
urbano industrial, representando espaços de vida com suas experiências no
campo e com a sociedade, predominando o relacionamento entre a família e a
comunidade local.
Destaca-se nesta seara, as preferências destes referidos jovens, como
seus gostos e peculiaridades, havendo certa homogeneidade perante este

113
grupo, estando estreitamente vinculados as contradições sociais e dinâmicas
preexistentes, o que apresenta também alguma heterogeneidade, segundo
Morais (2015).
Contudo, ressalta-se a questão das diferenças e das desigualdades, no
sentido da juventude rural, que em determinados momentos sofre preconceito
devido ao local onde residem e constroem suas vidas. “E diferenças em termos
de cor, etnia, gênero, deficiências, orientação sexual, disparidade regional, local
de moradia. A juventude de hoje é marcada pela heterogeneidade”. (MORAIS,
2015, p. 6).
Coexistindo jovens casados e com filhos, representando uma realidade
no campo, sendo extremamente necessário repensar a juventude do campo, não
confundindo somente com jovens solteiros e sem filhos, demarcando uma
realidade especifica. Embora, boa parte das políticas públicas vinculam-se aos
jovens das áreas urbanas, e das grandes cidades, em detrimento dos jovens da
área rural que recebem menor atenção nas ações governamentais.
Prevalecendo-se, uma certa invisibilidade deste público perante a
atenção do estado burguês neoliberal, contudo, fortalecendo os processos
migratórios. “De 1991 a 2000 teria havido uma redução de 26% do número de
jovens residindo no meio rural, sendo os jovens do sexo feminino que mais
migram, resultando na chamada “masculinização” do meio rural”. (MORAIS,
2015, p. 6).
Neste sentido, estes jovens merecem atenção especial do estado, no
tocante a educação, influencia familiar, pobreza e relacionamento pessoal,
permitindo sua permanência no campo, local onde conhecem e podem
potencializar suas expectativas, comprovando que, “o baixo nível de
escolaridade daqueles possíveis candidatos à sucessão nas propriedades
interferia negativamente no acesso aos seus direitos e exercício da cidadania”.
(MORAIS, 2015, p. 7).
Destarte, é necessário que estas pessoas possuam níveis maiores de
escolaridade, no sentido de geração de trabalho e renda, com intervenção estatal
imprescindível, onde as migrações ocorrem a partir dos agricultores familiares,
e a maioria são mulheres, desta forma, masculinizando o campo.
Neste sentido, os jovens homens, possuem um desejo maior de
continuarem no campo, como agricultores, predominando, uma cultura machista

114
e preconceituosa, e necessária de ser desconstruída, em benefício do
fortalecimento da agricultura familiar e qualidade de alimentos a população.

Quanto às moças, porém, tinham uma visão negativa à respeito desta


possibilidade: em torno de 32% apenas desejam permanecer no
estabelecimento agropecuário, porém 37% acreditam que este seja
seu futuro, ou seja, uma parcela destas moças vêem esta permanência
como uma fatalidade, sendo que a maior parte destas são provenientes
das famílias mais empobrecidas. (MORAIS, 2015, p. 8).

Embora, haja, uma diferença significativa de escolarização entre os


jovens homens e mulheres, onde os jovens homens tem consciência de que
devido ao baixo nível de escolarização não conseguirão sobreviver em áreas
urbanas da mesma forma como no campo, já as jovens mulheres, devido ao grau
maior de estudo, almejam maiores chances de sucesso fora do campo.
Com relação as jovens mulheres, enquanto fenômeno maior de êxodo
rural, constata-se que elas foram mais bem preparadas para a vida urbana do
que os jovens homens, permitindo a elas maior potencial de questionamento,
vigorando relações desiguais e excludentes que propiciam a saída das mulheres
do campo, de acordo com Morais (2015).
Neste sentido, é gritante a questão da falta de alfabetização a esta
população, prevalecendo o analfabetismo, semianalfabetismo e baixa
escolaridade enquanto mazelas sociais propagadas pelo capital neoliberal, em
demarcar o sucesso e o insucesso das pessoas em sociedade como algo
natural. Representando uma forma antidemocrática de convivência social e
propulsora do caos e da injustiça.
Contudo, outra dificuldade se apresenta com relação a expansão da
terra e sua posse por meio de uma ampla reforma agrária, conforme indica
Morais (2015) “Além disso, na opinião dos rapazes, outros fatores dificultam,
como: falta de capital pra investimento (81%) e falta de novas oportunidades de
renda (40%)”. Sendo gritante a necessidade por políticas públicas eficazes a esta
demanda relevantíssima da sociedade.
Predominando, poucas terras, recursos parcos, e necessário trabalho
familiar, o que, prejudica qualquer pretensão de futuro a esses povos, reprimidos

115
pela sociedade burguesa neoliberal, prevalecendo a precariedade a uma enorme
parcela da sociedade, “que torna sua reprodução como agricultor largamente
dependente da própria existência de um patrimônio familiar viável para as
gerações futuras”. (MORAIS, 2015, p. 8).
Entretanto, até a década de 1960, prevalecia um valor moral de
permanência no campo, todavia, atualmente este cenário varia de acordo com a
renda, onde os mais pobres inevitavelmente se desvinculam da terra,
representando o fracasso de uma política de reforma agrária com viés neoliberal
capitalista.
Contudo, outro fator preponderante, refere-se a possibilidade de tomada
de decisão relacionada a propriedade, havendo ausência de autonomia dos
jovens, “o que reproduz as relações de subordinação dos jovens à figura do pai,
chefe de família”. (MORAIS, 2015, p. 9). Reforçando-se os valores patriarcais
neste ínterim. Prejudicando a participação dos jovens quanto as decisões no
âmbito da agricultura familiar, prevalecendo um critério de gênero nas relações
existentes, fundamentalmente com relação as mulheres.
Todavia, fatores como baixa escolarização, bem como a dificuldade de
acesso à educação e ao trabalho, e devido a uma forte atração pelo estilo de
vida urbano, que alienam e atraem os jovens a sua saída do meio rural.
Relacionando-as com as condições de vida no campo, acesso a vários serviços
essenciais a sobrevivência humana, bem como ao processo de produção e
reprodução social em sociedade.
Desta forma, representando a realidade do campo, bem como a ilusão
em determinados casos de uma vida melhor na cidade, comprovando as
intensas contradições do sistema político e econômico atual que privilegia a
classe burguesa.

Os jovens rurais, além de conviver rotineiramente com as questões que


afligem os agricultores familiares, ainda estão submetidos a outros
antigos problemas, como é o caso da autoridade paterna e hierarquia
na família, comunidade e outros grupos sociais, onde a opinião e
autonomia do jovem nem sempre é considerada (especialmente no que
se refere às mulheres). (MORAIS, 2015, p. 9).

116
Sobretudo, permanece uma visão preconceituosa de que os jovens não
gostam do meio rural, e são desinteressados e descompromissados, havendo
estudos aprofundados sobre esta temática no tocante ao desenvolvimento de
políticas públicas, em fazer permanecer estes jovens no campo, bem como
reverter o processo de esvaziamento populacional da área rural.
Neste sentido, o jovem deve ser responsável e herói da transformação
social estrutural, com posicionamento crítico perante a realidade que vive, no
tocante a ações coletivas que contribuam com a construção de políticas públicas,
gerando modificações profundas na sociedade brasileira, se afastando de
perspectivas conservadoras e reacionárias, em vista de uma sociedade
democrática e pluralista.
De acordo com Freire e Castro (2007), ao pesquisar a identidade e
cotidiano dos jovens assentados da reforma agrária, constataram que, por um
lado, os jovens pesquisados sentem-se orgulhosos de serem do campo, ao
passo que outros expressam certa infelicidade com sua condição, devido aos
preconceitos e discriminações que vivenciaram ao longo de sua vida.
Importante ressaltar que, os jovens desempenham papel fundamental
no desenvolvimento da agricultura familiar. Ao mesmo tempo que os jovens são
considerados os que continuarão as práticas utilizadas pela família, com isso
reproduzindo o setor em termos geracionais, os jovens agricultores também são
vistos como um grupo que tem anseios e sonhos próprios voltados para a
satisfação econômica, social e organizativa. Esse conjunto de expectativa é visto
como conducente a sua independência e autonomia. Muitas vezes, em busca de
renda própria, é preciso muitas vezes, deixarem o seio de suas respectivas
famílias.

É na relação de identidade e diferença que jovens do campo


constituem e afirmam sua (s) identidade (s) mediada na “tensão” e as
vezes contraditória relação campo e cidade. A cidade é vislumbrada
como espaço social, sobretudo de oportunidades de formação e
qualificação profissional, de acesso a informática e internet,
reconhecidas como elementos formativos indispensáveis na
atualidade. As raízes no campo e na sua dinâmica sociocultural, no
entanto, estimulam os jovens a conceber projetos de vida vinculados
ao campo, mas em condições e patamares mais elevados, dignos.
(FREIRE e CASTRO, 2007, p.231).

117
Muitos jovens acabam encontrando uma certa necessidade de ir para a
área urbana e deixar o campo. Visto que, muitas vezes, vão à procura de
oportunidades de emprego, formação profissional e educacional, e em busca de
melhores condições financeiras. Entretanto, não deixam de lado suas raízes e
vínculos no campo e com a família agrícola.
De acordo com o IBGE, entre o período de 2000 e 2010, ocorreu um
crescimento da população em idade jovem no meio urbano e redução no meio
rural, tanto na região do Paraná quanto no Brasil. Desta forma, temos que os
jovens do território integração continuam a deixar o campo e mudar-se para a
cidade, ao mesmo tempo em que migram também para outras regiões do
Estado, ou mesmo para fora do Estado.
O território integração Norte Pioneiro continua a perder população em
idade jovem de 15 a 29 anos, segundo dados do IBGE (2000 e 2010). Neste
contexto, cabe observar que são as mulheres as que mais migram, ocasionando
a chamada “masculinização” do campo, enquanto na população total do
território, a maioria é de mulheres, na faixa etária jovem, continuam a ser em
menor número que os homens.
Além da questão de oportunidades de empregos e estudos para os
jovens na cidade, podemos dizer que a cidade possui diversas infraestruturas
que muitas vezes não são encontradas no campo, como por exemplo: ruas e
avenidas asfaltadas, indústrias, hospitais, escolas, comércios, abastecimento de
água, sistemas de esgoto, iluminação pública, dentre outros. Embora, um fator
importante a ser ressaltado é que uma depende da outra, ou seja, as zonas
urbanas adquirem produtos da zona rural. Por sua vez, a zona rural adquire
produtos e serviços oferecidos pelas zonas urbanas.
O Estado do Paraná detém uma boa posição em relação aos demais
estados brasileiros, nos seus aspectos sociais e econômicos. Embora, mesmo
com um parque produtivo industrial moderno, universidades reconhecidas
nacionalmente e uma agricultura pujante, é relevante dizer que as desigualdades
socioeconômicas preexistentes foram reforçadas em decorrência de seu
processo de modernização. As atividades econômicas do Estado, bastante
variadas, devido a esses fatores, consegue se enquadrar entre os Estados de
melhores economias.

118
Contudo, a distância entre ricos e pobres ainda é grande no Paraná.
Onde o nível de concentração de riquezas, proporcionando a desigualdade
social é gritante. É importante dizer que o Estado necessita conseguir conciliar
o desenvolvimento econômico com ações efetivas para a população mais pobre,
sempre na direção da autonomia familiar.
Sabemos que a desigualdade social é um problema muito presente na
sociedade. Algumas pessoas e grupos sociais tem maior poder aquisitivo, e com
isso, tem uma maior possiblidade de adquirir bens e de contratar serviços.
Entretanto, outras, não tem a mesma oportunidade. Importante ressaltar que a
concentração de renda, agrava a qualidade de vida da população, visto que
aqueles que recebem menos são obrigados a acumular grandes jornadas de
trabalho para manter uma renda que possa permitir a sobrevivência, embora,
essa renda não permita a acesso a eventos culturais e práticas de lazer, viagens,
mas apenas para o básico de sua sobrevivência.
Podemos dizer que, esse cenário também tem reflexos na qualificação
profissional, pois, acaba dificultando a realização de uma educação básica e de
qualidade, como o ingresso em cursos superiores de graduação. Com isso, a
educação é sem dúvida, um dos caminhos para diminuir as desigualdades
sociais, já que as pessoas com maior nível de escolaridade tem maior renda, e
no caso de desemprego, uma recolocação mais rápida no mercado, e sobretudo,
conseguem pensar de forma crítica a situação de desigualdade social alarmante.
Outro aspecto do acesso à educação de qualidade, é a promoção do
conhecimento e do acesso a informação. Sendo fatores essenciais para que as
pessoas possam conhecer seus direitos e lutar por uma vida melhor, com ética
e respeito.
Embora, os órgãos de planejamento do estado tem elaborado políticas
que visam a minimização das discrepâncias inter e intrarregionais, adotando um
enfoque territorial para as políticas de desenvolvimento local-regional. A
delimitação de uma área que compreende a região central e seu entorno,
permitiu ao governo do estado defini-la como alvo prioritário para suas ações,
visando estimular projetos de geração de emprego e renda e outras ações que
possibilitem a melhoria dos seus indicadores socioeconômicos.
Quando trata-se dos conceitos de geração de emprego e renda,
encontram-se intimamente ligados ao desenvolvimento do pensamento

119
econômico, visto que é necessariamente essencial para o melhor
desenvolvimento socioeconômico.
De acordo com o IPARDES (2006), a estrutura fundiária sofreu um
processo de concentração nas últimas décadas, contribuindo para acentuar as
desigualdades socioeconômicas. Com isso, o agronegócio, e apenas um
segmento restrito da agricultura familiar incorporaram os novos padrões
tecnológicos e produtivos, e uma grande massa empobrecida migrou em direção
aos centros urbanos em busca da sobrevivência, quando não, permaneceu em
seu lugar de origem em condições precárias.
O Estado do Paraná, tendo por referência o ano de 2008, segundo o
IPARDES e o IBGE, contribuiu com 5,8% do total da renda nacional,
posicionando-se em quinto lugar, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro,
Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Analisando-se, os dados disponibilizados pelo IPEA sobre a proporção
dos domicílios pobres para o ano de 2008, o Paraná encontrava-se bem
posicionado em terceiro lugar, empatado com Goiás, Minas Gerais e Mato
Grosso, estando atrás apenas do Espírito Santo, São Paulo e Mato Grosso do
Sul, na segunda posição, e Santa Catarina na primeira.
Pode-se dizer que, no início do século XXI, a despeito da sua expansão
econômica e da diversificação de sua estrutura produtiva, o estado do Paraná
apresenta profundas desigualdades inter e intrarregionais, decorrentes tanto do
seu processo de colonização diferenciado, como de políticas induzidas pelo
próprio estado, ocorrendo uma forte concentração industrial na região
metropolitana de Curitiba.

Assim, enquanto algumas porções do estado lograram uma


dinamização econômico produtiva, outras se caracterizam como áreas
deprimidas, isto é, com baixo dinamismo econômico e indicadores
sociais críticos. Esses espaços apresentam, geralmente, forte relação
entre altas proporções de ocupação na agropecuária e no setor
público, sendo constituídos por municípios de perfil rural e com
crescimento demográfico negativo. (IPARDES, 2006, p.29).

120
Ressalta-se, que a liderança do agronegócio na economia paraense
deve-se principalmente aos solos férteis e ao relevo, onde pode-se encontrar a
terra roxa, solo altamente fértil e que impulsiona as safras paranaenses. A
indústria também contribui significativamente para o PIB paranaense, apesar de
bem diversificada nos produtos, ocorre, no território paranaense, desigualdades
na distribuição das indústrias, onde temos uma aglomeração de indústrias de
alta tecnologia na região metropolitana de Curitiba. De certa forma, isso se deve
principalmente à ação do Estado, além dos empecilhos sociais e de relevo.
A agricultura apresenta muita força, principalmente com culturas
temporárias, que precisam ser replantadas a cada safra, como o milho, soja e
trigo. Destacando-se ainda, a produção de cada de açúcar, mandioca e batata.
A pecuária paranaense possui o maior rebanho suíno e avícola do Brasil, tendo
uma grande importância na sua economia. Pode-se dizer que, o Paraná se
beneficiou desde a década de 1960 da nova regionalização industrial que
ocorreu com mais preponderância a partir da década de 1980.
Importante ressaltar que, conforme o agronegócio se expande, os
pequenos agricultores como os familiares tem enfrentado muitas dificuldades.
Como por exemplo, a substituição de trabalhadores por equipamentos
mecânicos levou várias famílias ao êxodo rural, a migração do campo para
outras regiões, e assim, diminuindo de forma considerável as taxas de emprego
no meio rural. Isso ocorre pois, como o agronegócio tem o foco mais direto no
lucro, a prática da monocultura e a utilização de agrotóxicos se tornam um
problema para os residentes rurais, como mencionados anteriormente.
Defende-se o patrimônio cultural paranaense, sobretudo sobre a região
do norte pioneiro, como forma de manter os traços históricos e culturais da
região, de acordo com Tanno (2015), pertencente a região nordeste do Paraná,
definida como “Norte Pioneiro”, entre 1890 a 1975.
Desta forma, havendo um certo descaso para com a conservação e
armazenamento da história da região do norte pioneiro, “e também das cidades
que a compõem e a consequente perda, irreparável, desse material,
indispensável, para a história”. (TANNO, 2015, p. 1).
Nesse sentido, a preservação do patrimônio nacional é extremamente
necessária, contudo, a região do norte pioneiro paranaense, ocorreu através dos
interesses dos grandes latifundiários, implantando fazendas de café, “e não

121
pelas ações de empresas como a Companhia de Terras Norte do Paraná/Cia de
Terras Melhoramentos que atuaram em outras áreas da região norte”, como
indica Tanno (2015).
Todavia, a conservação do patrimônio histórico, significa analisar todo o
processo histórico, e avaliar quais decisões são melhores para a sociedade, no
caminho da democracia e liberdade de expressão, revigorando a ciência e o
conhecimento em prol do bem estar social.
Assim sendo, há no Brasil, uma legislação, o decreto-lei 3.551, de 4 de
agosto de 2000, que defende o patrimônio cultural e histórico do pais, o que pra
muitos é algo irrelevante, demonstrando desconhecimento perante os vários
avanços tecnológicos e científicos propiciados pela historiografia. “Que
resguarda os bens denominados imateriais ou intangíveis que alcançaram ainda
a preocupação com os chamados biopatrimônio e o patrimônio genético”.
(TANNO, 2015, p. 2).
Todavia, é notável o processo histórico de exclusão relativo ao norte
pioneiro paranaense, demonstrando total irresponsabilidade estatal e de demais
instituições pertinentes, sendo necessário organizar e resguardar a história desta
importante região.

O levantamento de fontes diversas desta região do Paraná, localizado


no nordeste do estado, está cronologicamente situado entre o final do
século XIX, período em que passou a ser (re) ocupada por mineiros e
paulistas e encerra-se em 1975, ano em que ocorreu a chamada geada
negra e que dizimou milhões de pés de café, abalando assim a base
econômica do estado e ocasionando a troca da cultura anterior, pela
soja, trigo e cana-de-açúcar, além de transformações significativas no
campo e a decadência econômica, social e cultural da região, que
incidiram em migrações de milhares de pessoas do campo para as
periferias das cidades, conformando novos espaços de moradia,
convivência e conflitos entre os diferentes setores da sociedade.
(TANNO, 2015, p. 2).

Todavia, a maior parte das prefeituras do norte pioneiro paranaense, não


possui registros e armazenamentos de suas próprias histórias, comprovando
mais uma das várias formas de descaso para com o pratimonio histórico cultural,
bem como do descaso do poder público estadual, reforçando o caráter de “norte

122
velho” e como algo a ser esquecido, merecendo respeito como todos os locais e
regiões do Paraná.

A historiografia tradicional divide–a à partir de seu processo de


(re)ocupação em três grandes espaços, a saber: norte velho ou
pioneiro, norte novo e norte novíssimo. A região do “Norte Pioneiro”,
como o próprio nome indica foi a primeira a ser colonizada por mineiros
e paulistas, sendo que esta passou a cultivar café a partir dos anos
finais do século XIX, adentrando o século seguinte, no qual nas três
primeiras décadas era a região mais produtora do estado. Após esse
período foi ultrapassada pelo Norte Novo, colonizada por meio das
ações da Companhia de Terras Norte do Paraná/Cia Melhoramentos
do Paraná. A última área é o Norte Novíssimo que até os anos 1950 já
tinha sido ocupada. (TANNO, 2015, p. 8).

Contudo, há divergências ideológicas neste processo, sobretudo sobre


o processo de reocupação ocorrida na região do norte do Paraná, através do
capital, reforçada pelo governo estadual, vista como um vazio demográfico,
sendo amplamente explorada através de expulsões de vários povos ali
existentes há milênios. “No processo capitalista de venda e produção da terra,
desconsiderando os nativos, os primeiros habitantes como os Caingangues e
Xetás que foram dizimados no processo de (re) ocupação”. (TANNO, 2015, p.
8).
Descartando-se a visão de prolongamento da cafeicultura paulista e
mineira, a partir de uma visão crítica e dialética acerca da reocupação do norte
do estado do Paraná, expressado através da violência e mortes de vários povos,
comprovando o caráter repulsivo do sistema capitalista, reprodutor de miséria e
desigualdades.
Portando, os grandes latifundiários encontraram oportunidades de
ampliarem seu patrimônio e suas riquezas, concentrando terras e matando
povos, comprando e vendendo terras sob a permissão do estado burguês, tendo
em vista as terras férteis e com baixos custos na região.

Entre o final do século XIX e primeiras décadas do XX, grandes


fazendeiros paulistas estabeleceram-se na região nordeste do estado,
o chamado “Norte Pioneiro”, assim como pequenos e médios sitiantes

123
iniciando a formação de núcleos urbanos, povoando a região e assim
articulando as relações de amizade e de compadrio na construção de
redes de relações econômicas e políticas. (TANNO, 2015, p. 8).

Entretanto, são escassos os estudos acerca da região do norte pioneiro


paranaense, bem como dos municípios da referida região, neste sentido, é
imprescindível a valorização do patrimônio histórico e cultural de um
determinado local, em vista de análises aprofundadas sobre seu próprio
desenvolvimento e que erros não sejam repetidos, reforçando valores
democráticos e de justiça social.
Refere-se com relação a análise territorial, em vista do desenvolvimento
rural, como proposta da organização de redes de unidades produtivas,
utilizando-se de inovação e tecnologias, conforme aponta Junior (2012), em vista
da ampliação da produção e melhorias no âmbito rural e urbano, no território
norte pioneiro, no intento do desenvolvimento regional e territorial e da utilização
de tecnologias avançadas proporcionadas pela ciência, fortalecendo a
agricultura familiar do norte pioneiro paranaense.
A busca por estratégias no âmbito do desenvolvimento rural, são temas
atuais e em vigência, superando o viés tecnicista, com a adoção de tecnologias
mais avançadas que proporcionem qualidade dos alimentos e bem estar social.
Representando foco de pesquisas públicas e privadas.

Por isso, o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e o Instituto


Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/PR)
vêm desde 1998 trabalhando na organização de redes de unidades
produtivas voltadas à inovação e à transferência de tecnologias no
meio rural, em uma articulação interinstitucional denominada Redes de
Referências para a Agricultura Familiar. (JUNIOR, 2012, p. 42).

Nesse processo estrutural entre pesquisa e desenvolvimento, bem como


a construção das redes, abrangendo determinados territórios, permitiu-se a
implantação de cadeias produtivas, potencializando a produção rural,
favorecendo o progresso territorial rural. Em vistas do programa territórios da
cidadania, em propor democracia e participação social. Em 2009 o território norte
124
pioneiro foi incluído neste processo, com análises a serem estudas. “Esses
sistemas foram definidos com base na pauta de prioridades propostas pelos
atores sociais envolvidos nas articulações que deram origem à constituição do
território”. (JUNIOR, 2012, p. 43).
Neste sentido, ressalta-se a importância do desenvolvimento técnico
científico no meio rural, no tocante ao desenvolvimento da agricultura familiar,
favorecendo a produção de alimentos de qualidade a população. Contudo,
origina-se as redes técnicos-econômicas, coordenando atores heterogêneos,
abrangendo diversas instituições e ações públicas e privadas, numa perspectiva
coletiva de abordagem, difundindo inovações e tecnologias.

As Redes propõem uma reformulação dos métodos, técnicas e


procedimentos de pesquisa e extensão rural que possam, ao obter
referências e parâmetros técnicos e econômicos, subsidiar a
agricultura familiar em tecnologias apropriadas e novos arranjos de
seus sistemas de produção que possibilitem melhorar sua renda e sua
qualidade de vida. (JUNIOR, 2012, p. 44).

Desta forma, as tecnologias são compartilhadas, favorecendo a


produção e seu alcance a todos os produtores, com enfoque sistêmico,
aperfeiçoando a cadeia produtiva, bem como de geração de renda e trabalho,
fornecendo referenciais técnicos, econômicos e ambientais.
Envolvendo caracterização regional, determinando seus recursos e
possibilidades de intervenção, analisando fatores econômicos e naturais, bem
como a gama social presente no território em análise. Abrangendo a tipologia,
com as relativas características regionais, abarcando os sistemas de produção
agropecuários, verificados na região.
Sobretudo, sobre as escolhas dos sistemas, com base em estudo prévio,
avaliando potencial e frequência, no quesito da produção da agricultura familiar,
e suas possíveis formas de viabilização. Bem como no sentido da seleção de
propriedades, a serem estudadas e analisadas meticulosamente, diversificando
fatores como a disposição do agricultor, o processo de interação, e a aceitação
pela comunidade.

125
Confere-se a questão do diagnóstico dos sistemas de produção, quanto
a estrutura dinâmica e organizacional, de acordo com Junior (2012), avaliando
as características dos agroecossistemas, realizando diagnósticos e pesquisas
sobre o território em questão. Contudo, é elaborado um plano de melhoria do
sistema de produção, avaliando objetivos e recursos dos agricultores, visando
ajustar o sistema de produção de acordo com os interesses do agricultor.
Passa a ser realizado o acompanhamento das propriedades, através de
intervenções e registros. “São oferecidas as orientações para a implementação
dos projetos e realização dos registros dos resultados obtidos nas propriedades,
os quais servirão para a elaboração das referências”. (JUNIOR, 2012, p. 45).
Elabora-se as referências, descrevendo os sistemas de produção.
Todavia, há o compartilhamento de determinadas referências, observados o
conjunto dos agricultores integrantes das redes preestabelecidas, adequando-
se aos métodos relativos a agricultura familiar.

O local de moradia predominante das famílias é o estabelecimento


rural, com somente 22% delas residindo na zona urbana ou em outras
unidades produtivas. As principais benfeitorias encontradas nas
propriedades são barracões (47% de ocorrência), paióis (47%), tulhas
(93%), chiqueiros (40%), estábulo com curral para gado de leite ou
corte (20%) e terreiros (93%). Os animais mais encontrados nas
propriedades foram os bovinos, com 40% de ocorrência; suínos, com
47%; mulas, com 40%; e cavalos, com 27%. A maior parte das
propriedades (53%) possui animais de trabalho; 80% possuem
pulverizador costal manual; 67% detêm roçadeira; e 27% têm trator
com potência média de tração. Ainda que com grande número de
produtos presentes em seu sistema produtivo, o sistema especializado
em café aufere 89% de sua receita bruta de seu principal produto, o
que amplia seu risco em caso de frustrações de safra ou crise de
preços. (JUNIOR, 2012, p. 49).

Neste sentido, trata-se de avaliar a importância da inteligência artificial e


do desenvolvimento técnico cientifico no campo, proporcionando melhorias e
benefícios aos agricultores, bem como a sociedade, proporcionando qualidade
de vida, democracia e participação social. Contudo, é necessário pessoas
engajadas neste processo, visando justiça social e alimentos de qualidade e
saudáveis a população, em vista da construção do estado democrático de direito.

126
ANÁLISE DA FORMAÇÃO BRASILEIRA, SOCIEDADE AGRÁRIA E
ESCRAVISTA

Em 1532 quando se organizou a sociedade brasileira de forma civil e


econômica, de acordo com Freyre (1997), onde os portugueses com enorme
aptidão marítima, bem como para a vida tropical, embora já haviam tido contato
com a Índia e a África. “Mudado em São Vicente e em Pernambuco o rumo da
colonização portuguesa do fácil, mercantil, para o agrícola; organizada a
sociedade colonial”. (FREYRE, 1997, p. 4).
Formando-se a base da sociedade colonial, comprovando-se no Brasil
as habilidades portuguesas de domínio e construção de seu poderio sobre os
povos que viviam em terras brasileiras, com fundamento na agricultura,
determinadas condições favoráveis, prevalecendo a estabilidade da familiar
patriarcal por meio do trabalho escravo, havendo a união entre o português e a
mulher índia, denominando desta forma, a cultura econômica e social do invasor,
conforme aponta Freyre (1997).
Formou-se, uma sociedade agrária e escravocrata, predominando-se a
exploração econômica, e híbrida de índio, e posteriormente com o negro,
desenvolvendo-se através da religiosidade, com fundamento social e político, em
detrimento da consciência de raça e etnia.
Subordinando-se pelo teor político, econômico e jurídico, sendo
imprescindível a formação colonial, prevalecendo-se as grandes famílias
proprietárias de terras, senhores de engenho, escravizando índios e negros de
várias formas, reforçados pelo senado e a câmara, em tom liberal escravocrata,
com convivência da santa igreja. “Que em geral só faziam servir de mangação
aos reinóis todo-poderosos”. (FREYRE, 1997, p. 5).
A disposição portuguesa com viés escravocrata para a colonização, se
dá através de seu passado étnico e cultural, vinculado a Europa e a África. Ou
seja, um reino controlado pela Europa, sob a África e na recente colônia Brasil.
Com influência do clima, bem como do inseparável contato humano, e do
presente contato de guerra, sobretudo, com a dinâmica da miscigenação,
existindo a atividade guerreira e o esforço militar, objetivando a atividade agrícola
e industrial dos cativos da guerra, segundo Freyre (1997).

127
Em contraste com a escravidão e semiescravidão dos povos derrotados,
sendo construído, sob bases exploratórias, o Brasil, desrespeitando e matando
povos de forma vil, com inúmeros conflitos e contradições, inerentes ao sistema
feudal escravocrata.
Assim sendo, se constrói as culturas europeizantes. “O que encontrou
foram hábitos, aspirações, interesses, índoles, vícios, virtudes variadíssimas e
com origens diversas – étnicas, dizia ele; culturais, talvez dissesse mais
cientificamente”. (FREYRE, 1997, p. 6).
Encontra-se no português, uma certa genesia violenta, e o apreço por
piadas de cunho erótico, o brio e a franqueza, e a lealdade, prevalecendo pouca
iniciativa individual, e um patriotismo efervescente, bem como imprevidência,
inteligência, fatalismo e uma habilidade incomparável para imitar, são
características intrínsecas dos povos portugueses, segundo Freyre (1997).
Neste sentido, em alguns aspectos e diferenciações, o português é visto
em certos casos, como um Deus celta, e colonizador hábil, mentindo quando se
considera necessário, e atento a realidade útil, repleto de vaidade e honra,
persistindo características extremistas de introversão e extroversão.

O português vinha encontrar na América tropical uma terra de vida


aparentemente fácil; na verdade dificílima para quem quisesse aqui
organizar qualquer forma permanente ou adiantada de economia e
sociedade. Se é certo que nos países de clima quente o homem pode
viver sem esforço da abundância de produtos espontâneos, convém,
por outro lado, não esquecer que igualmente exuberantes são, nesses
países, as formas perniciosas de vida vegetal e animal, inimigas de
toda cultura agrícola organizada e de todo trabalho regular e
sistemático. (FREYRE, 1997, p. 16).

Neste sentido, a biodiversidade local, compromete a vida dos


portugueses em vários sentidos, devido a uma natureza diferente, vista até
então, vivendo em condições adversas, tiveram que se adaptar ao novo mundo
conquistado, diferente das terras conquistadas pelos ingleses na parte da
américa do norte, denominada Estados Unidos da América.
Os portugueses exploraram feitorias e extração de riqueza mineral,
convertendo sua base de colonização a extração vegetal e animal, ouro, prata,

128
madeira, âmbar, marfim, promovendo sua riqueza, através do trabalho escravo,
sob um viés econômico.

No Brasil iniciaram os portugueses a colonização em larga escala dos


trópicos por uma técnica econômica e por uma política social
inteiramente novas: apenas esboçadas nas ilhas subtropicais do
Atlântico. A primeira: a utilização e o desenvolvimento de riqueza
vegetal pelo capital e pelo esforço particular; a agricultura; a sesmaria;
a grande lavoura escravocrata. A segunda: o aproveitamento da gente
nativa, principalmente da mulher, não só como instrumento de trabalho
mas como elemento de formação da família. Semelhante política foi
bem diversa da de extermínio ou segregação seguida por largo tempo
no México e no Peru pelos espanhóis, exploradores de minas, e
sempre e desbragadamente na América do Norte pelos ingleses.
(FREYRE, 1997, p. 17).

Ressalta-se a importância que marcou os portugueses a colonização,


como a técnica econômica e uma política social. Como o capital foi utilizado até
mesmo para o desenvolvimento de riquezas vegetal e pelo esforço dos
agricultores, que desde sempre pode-se observar o capital ao nosso meio.
Sem contar que, é gritante a separação que existe entre os pobres e os
ricos, visto que carrega uma grande discriminação entre os negros, mulatos e
índios, sobretudo nos primeiros. É importante dizer que, atualmente os negros
não sofrem tal agressividade como sofreram no passado, dando destaque sobre
as lutas mais longas e cruéis que aconteceram no Brasil, sobretudo a luta dos
negros contra a escravidão que durou muitos séculos com o escravismo.

Entretanto, a luta mais árdua do negro africano e seus descendentes


brasileiros foi, ainda é, a conquista de um lugar e de um papel de
participante legítimo na sociedade nacional. Nela se viu incorporado à
força. Ajudou a construí-la e, nesse esforço, se desfez, mas, ao fim, só
nela sabia viver, em razão de sua total desafricanização. A primeira
tarefa cultural do negro brasileiro foi a de aprender a falar o português
que ouvia nos berros do capataz. (RIBEIRO, 1995, p. 220).

Sem dúvidas, ainda é muito grande a luta que os negros enfrentam


diariamente, pois, necessitam conquistar o seu lugar e o seu papel, mesmo em
129
meio desta sociedade abarrotada de preconceitos e repleta de desumanos. Mas,
pode-se dizer que a luta dos negros e seus descentes já foram muito maiores no
passado, e felizmente, diariamente vem enfrentando todas as barreiras da
sociedade e conquistando cada vez mais a sua força, integridade, respeito e
empatia que cada indivíduo merece.
Segundo Ribeiro (1995), o Brasil calculou que gastou cerca de 12
milhões de negros, como a principal força de trabalho de tudo o que se produziu,
e de tudo que se edificou. É triste dizer o quanto esses milhões de negros
sofreram, com a escravidão e tudo o que ela proporcionou de ruim para eles,
visando apenas o capital que predomina até nos dias de hoje, buscando seu
lucro e abusando da força de trabalho diariamente. A escravidão levou o negro
a poupar a sua força de trabalho, para não ser levado a morte, diante de
chicotadas e que muitos deles levavam todos os dias, até sangrar, até morrer.

As atuais classes dominantes brasileiras, feitas de filhos e netos dos


antigos senhores de escravos, guardam, diante do negro, a mesma
atitude de desprezo vil. Para seus pais, os negros escravos, o forro,
bem como o mulato, eram mera força energética, como um saco de
carvão, que desgastado era substituído facilmente por outro que se
comprava. Para seus descendentes, o negro livre, o mulato e o branco
pobre são também o que há de mais reles, pela preguiça, pela
ignorância, pela criminalidade inatas e inelutáveis. Todos eles são tidos
consensualmente como culpados de suas próprias desgraças,
explicadas como características da raça e não como resultado da
escravidão e da opressão. (RIBEIRO, 1995, p. 222).

Importante dizer que os brasileiros que foram comandados por gente


com essa mentalidade, nunca fizeram nada pela massa negra. Segundo Ribeiro
(1995), muitas coisas foram negadas aos negros, como por exemplo, a posse de
qualquer pedaço de terra para viver, cultivar e obter alguma renda, escolas para
seus filhos, adquirir uma educação básica e aprender, e até outros tipos de
assistências foram negados a eles. Única coisa que receberam, foi discriminação
e repressão.
Grande parte desses negros, foram para as cidades onde puderam
encontrar um ambiente para se viver com convivência social menos hostil.
Constituíram, originalmente, os chamados bairros africanos, que deram lugar as

130
favelas. Que desde então, vem crescendo cada vez mais, como uma solução
que o pobre acaba encontrando para morar e conviver. Embora, ainda sofram
de muitas ameaças e de serem expulsos, conforme afirma Ribeiro (1995).

Isso ocorre numa sociedade doentia, de consciência deformada, em


que o negro é considerado como culpado de sua penúria. Nessas
circunstâncias, seu sofrimento não desperta nenhuma solidariedade e
muito menos a indignação. Em consequência, o destino dessa parcela
majoritária da população não é objeto de nenhuma força específica de
ajuda para que saia da miséria e da ignorância. (RIBEIRO, 1995, p.
224).

A necessidade por uma sociedade mais humana, com empatia, respeito


ao próximo para poder se viver em paz. Onde possa despertar a solidariedade,
a honestidade e a ética. Deve-se levar em conta que a união de povos pode
proporcionar muitas coisas boas e um melhor aproveitamento da sociedade.
Sem discriminação pela raça ou cor, mas um despertar de solidariedade e de
indignação com tudo o que os negros sofreram, e ainda sofrem.
Sem contar que, o preconceito causa um dano muito profundo na
sociedade, ele tira oportunidades de milhares de pessoas de poderem se
desenvolver plenamente, deixando-os a margem da sociedade. E, por vezes, as
vítimas que sofrem de tais preconceitos e discriminação, seja ela racial, ou
qualquer outro tipo, tem seus direitos fundamentais violados, em diversos
setores, como no âmbito escolar, no ambiente de trabalho e na sua vida social.
Contudo, é necessário que se desenvolva uma cultura sobre a
valorização da diversidade, e que se deve começar pela educação. A escola tem
o papel fundamental, e desde cedo deve levar os alunos a entender e
compreender as semelhanças entre os seres humanos e a diversidade que
existe em cada um deles, visando mostrar que todos somos parecidos e ao
mesmo tempo somos únicos, e por isso temos as nossas diferenças.
Ressaltando que, todos precisam fazer a sua parte na luta contra o
preconceito e discriminação que predomina, desta forma, construir-se-á uma
sociedade mais justa e que preze pela igualdade. Lembrando que a igualdade

131
não significa que cada indivíduo tenha que possuir as mesmas características,
mas mostrar que todos tem o mesmo valor, segundo Ribeiro (1995).
Contudo, toda a estrutura da sociedade colonial brasileira foi instaurada
fora dos meios urbanos, de acordo com Holanda (1995), predominando-se após
a independência brasileira, refletindo-se até os momentos atuais da sociedade
brasileira. Portanto, uma civilização de raízes rurais, onde as cidades são
dependências das formas coloniais prevalecentes.

Com pouco exagero pode dizer-se que tal situação não se modificou
essencialmente até a Abolição. 1888 representa o marco divisório entre
duas épocas; em nossa evolução nacional, essa data assume
significado singular e incomparável. (HOLANDA, 1995, p. 73).

No período monárquico brasileiro, eram os fazendeiros escravocratas e


seus filhos, educando em profissões liberais, quem centralizava a política, se
revezavam-se no poder sucessivamente, dominando todos os setores da
sociedade, mandando e desmandando a seu bel prazer, numa forma
incontestável de domínio, segundo Holanda (1995).
Embora, alguns representantes, frequentemente, se comportaram de
forma antitradicionalista, desenvolvendo pujantes movimentos liberais Brasil
afora, havendo-se progressos materiais com tendência ao fracasso a situação
tradicional, encerrando o prestígio hora conquistado através da escravidão e
morte de milhares de povos.
Instaura-se o regime republicano, todavia, em 1851 impregna-se as
chamadas sociedades anônimas, onde na mesma data funda-se o segundo
Banco do Brasil, monopolizando determinadas emissões. Em 1852 instala-se a
primeira linha telegráfica na cidade do Rio de Janeiro. Em 1853 funda-se o banco
rural e hipotecário, pagando dívidas bem mais exorbitantes do que seu
concorrente Banco do Brasil. Em 1854 estrutura-se o tráfego da primeira linha
férrea do Brasil, comportando 14,5 km entre o porto de Mauá e a estação
Fragoso, em seguida desenvolve-se outra, que vincula a Corte a capital da
província de São Paulo em meados de 1855, conforme discorre Holanda (1995).

132
Expande-se o crédito bancário, o estímulo a iniciativa particular, e o
fortalecimento dos negócios, devido à elevação da circulação das notícias, dos
meios de transporte, entre os centros de grande produção agrária e o progresso
das grandes praças comerciais, favorecendo o sucesso da época. Ampliando-se
a margem da sociedade tais meios comerciais e de obtenção de riqueza,
sobretudo, através das tradicionais atividades agrícolas. Caminhando-se para a
eliminação da velha herança rural e colonial, “ou seja, da riqueza que se funda
no emprego do braço escravo e na exploração extensiva e perdulária das terras
de lavoura”. (HOLANDA, 1995, p. 74).

Não é por simples coincidência cronológica que um período de


excepcional vitalidade nos negócios e que se desenvolve sob a direção
e em proveito de especuladores geralmente sem raízes rurais tenha
ocorrido nos anos que se seguem imediatamente ao primeiro passo
dado para a abolição da escravidão, ou seja, a supressão do tráfico
negreiro. (HOLANDA, 1995, p. 74).

Prevalece-se uma complexa rede mercantil, com interesses e paixões


nacionais, com prejuízos fundamentalmente enraizados, onde a Lei Eusébio de
Queirós golpearia sequentemente. Fortemente influenciados por leis britânicas,
existindo-se resistências e conflitos, ou seja, considera-se que o brasil foi mal
povoado, em destruição de negros e índios, “se comparado a miséria geral que
a carência de mão-de-obra poderia produzir”. (HOLANDA, 1995, p. 75).
Entretanto, grandes fortunas predominava-se em mãos portuguesas,
formata-se através do tráfico negreiro, referindo-se posteriormente a supressão
do tráfico, todavia, a aproximação de navios negreiros eram observadas,
permitindo-se perseguições políticas a adversários, onde predomina-se
preponderante impunidade, reforçando o caráter corruptor de poderes da época,
atestando a entrada de negros como mão-de-obra. Predomina-se uma
corrupção generalizada de compra de documentos e comprovações inverídicas.
Contudo, a vontade de enriquecimento, permitida pelas facilidades de
crédito, contaminou todas as classes, representando notoriedade neste período
de conhecida prosperidade, a ideia de propriedade expandia-se, onde centros
urbanos progrediam, “em São Paulo chegou-se mesmo a falar em socialismo a

133
propósito de certo projeto de criação de uma banco rural e hipotecário”.
(HOLANDA, 1995, p. 77). Entretanto, tais perspectivas eram vistas como
inimigas dos capitais das propriedades imóveis, contradizendo a abordagem
liberal.
Neste sentido, a liberdade de crédito, favorecia o enriquecimento e a
acumulação de riquezas a uma minoria da sociedade, onde conservadores e
liberais se conflitavam, sobretudo, diante das novas especulações. Promove-se
escassez e alta de preços, como costumeiramente se verifica no sistema
capitalista liberal, conforme apresenta Holanda (1995).
Todavia, essa herança colonial escravocrata, continuada pela
abordagem capitalista liberal, deu-se com prosseguimento da miséria e das
inúmeras formas de desigualdades, agravadas e reforçadas por um estado
burguês, em detrimento dos mais pobres e injustiçados socialmente.
Entretanto, havendo um excedente de mão-de-obra, estimulada pelo
intenso fluxo migratório, favoreceu que a economia cafeeira se expandisse por
um longo período, no entanto, sem elevação dos salários do trabalhador
explorado pelo capital, de acordo com Furtado (2000). A economia exportadora
eram retidas pelo empresário, ou seja, não havia pressão para que o sistema
obrigasse tal renda a ser dividida com os trabalhadores.
Entretanto, era necessário ampliação da produção através de avanços
tecnológicos e científicos, todavia, “aplicasse maior quantidade de capital por
unidade de terra ou de mão-de-obra. (FURTADO, 2000, p. 165). Contudo,
inexistindo pressão por parte dos trabalhadores na luta por melhorias no âmbito
do trabalho.

Como os frutos dos aumentos de produtividade revertiam para o


capital, quanto mais extensiva fosse a cultura, vale dizer, quando maior
fosse a quantidade produzida por unidade de capital imobilizado, mais
vantajosa seria a situação do empresário. (FURTADO, 2000, p. 165).

Desta maneira, transforma-se aumento de produtividade em lucros, no


entanto, o empresário interessava-se em aplicar seu capital na expansão das

134
plantações, embora, não se importasse de forma significativa com a melhora dos
métodos produtivos.
Contudo, a terra e a mão-de-obra existia em abundância, desocupada
ou subocupada na dinâmica da economia de subsistência, “o empresário tratava
de utiliza-la aplicando o mínimo de capital por unidade de superfície”.
(FURTADO, 2000, p. 166). Entretanto, com o desgaste da terra, o empresário a
abanava, transferindo seu capital para terras novas e mais produtivas.
Todavia, faz parte da política capitalista a destruição do solo, no intento
de obter a maior lucratividade possível, sendo algo concebível em sua ânsia pelo
lucro desenfreado, as custas da exploração do proletariado, “a preservação do
solo só preocupa o empresário quando tem fundamento econômico”.
(FURTADO, 2000, p. 166).
Prevalece-se os incentivos econômicos e a expansão de suas
plantações, visando aumento de produtividade e quantidade de terra, bem como
mão-de-obra por unidade de capital. Entretanto, a destruição dos solos teriam
efeitos negativos a longo prazo, caracterizando a degradação propagada pelo
capital. Prejudicando presentes e futuras gerações de povos. Sendo necessárias
a transformação em capital reprodutível, havendo beneficiamento.

Em síntese, os aumentos de produtividade econômica alcançados na


alta cíclica eram retidos pelo empresário, dadas as condições que
prevaleciam de abundância de terras e de mão-de-obra. Havia,
portanto, uma tendência a concentração da renda nas etapas de
prosperidade. Crescendo os lucros mais intensamente que os salários.
(FURTADO, 2000, p. 169).

Contudo, o mecanismo instaurado sob o ideário liberal, convergia a


economia em desequilíbrio externo, onde o reajustamento, transferia o prejuízo
para a grande massa consumidora, ou seja, os trabalhadores, desempregados,
e demais pessoas em situação de vulnerabilidade social, promovendo as
injustiças sociais pelo capital liberal, conforme indica Furtado (2000).
Promove-se, concentração de riqueza e renda, os monopólios passam a
difundir-se e a prosperar, em declínio de outros ramos da economia e da
produtividade, reforçando o caráter liberal do sistema produtivo, concentrando

135
poder financeiro na etapa superior de desenvolvimento da economia capitalista,
apresentando e reformando demasiadas injustiças, desigualdades sociais e de
renda, como de costume, inerente a esta forma de sistema, em naturalizar a
pobreza e elevar as expressões da questão social, subordinadas ao capital
parasitário.
De acordo com Furtado (2000), na economia exportadora de produtos
primários, a crise se apresentou como um problema que se passou de fora para
dentro. Havendo uma certa pressão esmagadora que veio do exterior, e não
tinham nenhuma semelhança com as ações e reações que se processou na
economia industrializada, logo nos períodos de repressão e recuperação que
levaram a crise.
É evidente que se teve uma expectativa em relação aos preços baixarem
de exportação e assim se transformassem, e dentro da lógica havendo a redução
de lucros dos empresários, e desta forma, muitos deles teriam que interromper
a produção de café ou até mesmo, as compras desse produto aos pequenos
produtores locais, segundo Furtado (2000).

Por sua própria natureza a plantação de café significa uma inversão a


longo prazo com grandes imobilizações de capital. A terra ocupada
pelo café não pode ser utilizada senão de forma subsidiária para outras
culturas. Não existe como, no caso dos cereais, a possibilidade de
reduzir, no período produtivo seguinte, a área semeada. O abandono
da plantação de café significaria para o empresário um grande prejuízo,
dado o montante do capital imobilizado. Por outro lado, como não
existia possibilidade alternativa de utilização da mão-de-obra, a perda
total de renda seria de grandes proporções. (FURTADO, 2000, p. 170).

De certa forma, a economia procurou meios para poder manter o nível


dos empregos durante os períodos de depressão. Qualquer redução nos preços,
já era uma vantagem, pelo ponto de vista coletivo, defendendo desta forma, os
níveis de empregos no país, sem ter os efeitos da crise. Para isso ser alcançado,
era necessário que os reflexos da crise não afetassem de certo modo nos lucros
dos empresários, caso contrário, eles seriam obrigados a parar suas atividades
por falta de recursos financeiros e meios de como enfrentar as reduções em suas
receitas.

136
Pode-se mencionar sobre o Japão que era o país de fato mais bem
sucedido entre os estados capitalistas. Destacando que o país constituía uma
população muito maior de qualquer outro Estado, e podendo assim dizer que
muitos dos seres humanos, se destacavam entre os chineses que viviam na
China continental.
Segundo Hobsbawm (1995), a China não era só muito mais
nacionalmente homogênea que a maioria dos outros países, onde cerca de 94%
da população era de chineses han, embora formariam uma unidade política
única, e pode-se dizer que durante a maior parte dos dois milênios, o império
chinês, e a maioria de seus habitantes que tinham conceitos sobre essas
questões, onde havia considerado a China o centro e modelo da civilização
mundial.
Diante disto, a grande maioria dos outros países que se apresentavam
sobre o regime comunista, enxergavam e todos os outros e os viam como
culturalmente atrasados e marginais, e com relação a algum centro avançado e
paradigmático de civilização, de acordo com Hobsbawm (1995).

O mesmo não se dava com a China, que, muito corretamente, via sua
civilização, arte, escrita e sistema de valores sociais clássicos como a
reconhecida inspiração e modelo para outros – não menos o próprio
Japão. Certamente não tinha nenhum senso de qualquer inferioridade
cultural e intelectual, coletivo ou individual, em comparação com
qualquer outro povo. O fato mesmo de a China não ter Estados
vizinhos que pudessem mesmo levemente ameaça-la, e, graças a
adoção de armas de fogo, não ter qualquer dificuldade de repelir os
bárbaros em sua fronteira, confirmava o senso de superioridade,
embora deixasse o Império despreparado para a expansão imperial do
Ocidente. (HOBSBAWM, 1995, p. 448).

De certa forma, se identifica a China que se apresentava como


inspiração e que pudesse servir de modelo para outros países e estados segui-
la e fazer da mesma forma. E que é importante destacar, não era inferior nem na
questão cultural e intelectual, quando era comparada com outros povos.
Segundo Hobsbawm (1995), o comunismo chinês, era ao mesmo tempo
social e nacional. O explosivo social que alimentou a revolução comunista foi a
grande pobreza e opressão do povo chinês, onde podemos destacar que as

137
massas trabalhadoras nas grandes cidades costeiras do centro e do sul da
China.

Contudo, claro, os comunistas eram mais que o Império revivido,


embora sem dúvida se beneficiassem das enormes continuidades da
história chinesa, que estabelecia tanto o modo como o chinês comum
esperava relacionar-se com qualquer governo que desfrutasse o
“mandato do céu” quanto o modo como os que administravam a China
esperavam pensar sobre suas tarefas. Em nenhum outro país os
debates políticos dentro de um sistema comunista se realizariam com
referência ao que um mandarim legal dissera ao imperador Chiaching.
(HOBSBAWM, 1995, p. 451).

De acordo com Hobsbawm (1995), na década de 1950, ao pronunciar,


chocando todos os que ouviram na época, sobre não restar comunismo algum
no século XXI a não ser na China, onde pudesse sobreviver como a ideologia
nacional. Com isto, para a maioria dos chineses, tratava-se de uma revolução
que era basicamente uma restauração, de ordem e paz, de bem estar, onde um
sistema de governo onde funcionários públicos se viam apelando para
precedentes da dinastia, e da grandeza de um excelso império e civilização.
Sobre a crise do petróleo que teve duas consequências onde pode-se
dizer boas e felizes, para os produtores de petróleo, dos quais a URSS por acaso
era um dos mais importantes, onde transformou o petróleo em ouro, deixando-o
muito valioso. Outra consequência da crise do petróleo foi a inundação de
dólares, entretanto, poucos países em desenvolvimento resistiram a tentação de
aceitar os milhões assim carreados para seus bolsos, e como consequência,
iriam provocar a crise da dívida mundial de inícios da década de 1980.
Segundo Hobsbawm (1995), a desintegração econômica ajudou a
adiantar a desintegração política, e foi por ela alimentada. E desta forma, com o
fim do plano e das ordens do partido vindas do centro, não havia economia
nacional efetiva, mas uma corrida, empreendida por qualquer comunidade,
território ou outra unidade que pudesse consegui-lo para a autoproteção e auto
suficiência, ou trocas bilaterais.

138
Os últimos anos da União Soviética foram uma catástrofe em câmera
lenta. A queda dos satélites europeus em 1989 e a relutante aceitação
por Moscou da reunificação alemã demonstraram o colapso da União
Soviética como potência internacional, mas ainda como superpotência.
Sua absoluta incapacidade para desempenhar qualquer papel na crise
do golfo Pérsico de 1990-1 simplesmente acentuou isso. Em termos
internacionais, a URSS era como um país abrangentemente derrotado,
como após uma grande guerra – só que sem guerra. Apesar disso,
manteve as Forças Armadas e o complexo industrial militar da ex-
superpotência, uma situação que impunha severos limites a sua
política. (HOBSBAWM, 1995, p. 476).

Contudo, quando chegou a crise final, que não foi econômica mas sim
política, e não se pode dizer se esse acontecimento era desejado, ou até mesmo
concebido por qualquer grande corpo de cidadãos soviéticos fora dos Estados
bálticos, de acordo com Hobsbawm (1995), é possível dizer que sem dúvida o
colapso não fazia oficialmente parte da política de nenhum político importante da
União.

Até onde o fracasso da experiência soviética lança dúvida sobre todo


o projeto de socialismo tradicional, uma economia baseada
essencialmente na propriedade social e administração planejada dos
meios de produção, distribuição e troca, já é outra questão. Que um tal
projeto é economicamente racional em teoria é algo aceito por
economistas desde antes da Primeira Guerra Mundial, embora, muito
curiosamente, a teoria fosse elaborada não por economistas
socialistas, mas pelos não socialistas. Que teria deficiências práticas,
quando nada pela burocratização, era óbvio. (HOBSBAWM, 1995, p.
482).

É necessariamente, de acordo com Hobsbawm (1995), separar a


questão do socialismo de forma geral da experiência específica de socialismo
realmente existe. Embora, o fracasso do socialismo soviético não pode refletir e
nem quer dizer sobre outros tipos de socialismo. A própria incapacidade de a
economia sem saída de planejamento central do tipo soviético, quer dizer sobre
o socialismo de mercado, onde demonstrado o fosse entre os dois tipos de
desenvolvimento.

139
DIREITOS HUMANOS, LEGISLAÇÃO E VIOLAÇÃO

No tocante aos direitos humanos, torna-se necessário uma distinção


entre teoria e prática, com velocidades muito diferentes, segundo Bobbio (1992),
no sentido de reforçar os direitos do homem, conferindo-se essencial
reconhecimento e proteção efetivas, abrangendo aspirações e exigências,
enormemente violados através de um Estado neoliberal burguês.
Todavia, os direitos do homem ocorrem a partir do final da guerra,
“essencialmente em duas direções: na direção de sua universalização e naquela
de sua multiplicação”. (BOBBIO, p. 67). Sendo chamado também de direitos dos
indivíduos, havendo necessidade de questionamento por parte destes, num
amplo procedimento de transformação, de cidadãos de um determinado Estado,
para cidadãos do mundo.
Contudo, configura-se certa multiplicação, entre as relações dos direitos
do homem e sociedade, bem como sua origem, com intrínseca vinculação entre
mudança social e surgimento de novos direitos, enquanto fenômeno social, de
acordo com Bobbio (1992). Abarcando o viés filosófico, jurídico, econômico,
entre outras considerações imprescindíveis.
Todavia, a multiplicação, considerada também como proliferação,
ocorre-se de diversas formas, relativos a tutela, abrangendo titularidade a
sujeitos diversos do homem, bem como o homem não sendo visto como um ator
genérico, ou abstrato, no sentido de sua vivência em sociedade, variando com
suas características e peculiaridades.

É supérfluo notar que, entre esses três processos, existem relações de


interdependência: o reconhecimento de novos direitos de (onde “de”
indica o sujeito) implica quase sempre o aumento de direitos a (onde
“a” indica o objeto). Ainda mais supérfluo é observar, o que importa
para nossos fins, que todas as três causas dessa multiplicação cada
vez mais acelerada dos direitos do homem revelam, de modo cada vez
mais evidente e explícito, a necessidade de fazer referência a um
contexto social determinado. (BOBBIO, 1992, p. 68).

Preconiza-se os direitos de liberdade, em consonância com os direitos


políticos e sociais, requerendo intervenção direta do Estado, em consideração

140
ao indivíduo humano, atribuindo-se direitos naturais, bem como da pessoa,
diferentes do indivíduo, referindo-se a família, minorias étnicas e religiosas, bem
como toda a humanidade em seu conjunto, determinando importâncias também
aos animais, em movimentos ecológicos, no sentido do direito da natureza e sua
necessária preservação, trata-se do respeito e preservação da vida em relação
com a natureza, justificando os direitos sociais da humanidade em harmonia com
a natureza, conforme aponta Bobbio (1992).
Desta maneira, o homem genérico passa a ser homem enquanto
homem, em suas várias diversidades e formas de status social, com
diferenciação de idade, sexo, condições físicas, entre outras determinações,
embora, hajam diferenças específicas, distinguindo certas proteções de acordo
com as necessidades de cada sujeito, cada qual com suas peculiaridades e
distinções inerentes a cada ser humano, de acordo com Bobbio (1992).
Contudo, cada característica abrange uma determinada legislação, de
certo modo, fragmentando todo este processo de direitos humanos,
configurando-se medidas de multiplicação, no âmbito dos direitos sociais,
encontra-se com a liberdade de opinião, amplamente contestada atualmente,
evoluindo e regredindo de acordo com os interesses vigentes de determinadas
épocas, no sentido de que os homens são iguais, no gozo da liberdade, “no
sentido de que nenhum indivíduo pode ter mais liberdade do que o outro”,
(BOBBIO, p. 70).
Embora, determine algum tipo de igualdade, em que os homens nascem
iguais em liberdade de direitos, com igual direito à liberdade, contudo, sendo
imprescindível preconizar a questão das classes sociais, poder financeiro e
condições de vida no âmbito do sistema capitalista neoliberal. Necessitando-se
de dignidade social, preponderando o caráter plural e democrático.
Considera-se o quesito universalização, e não discriminação, no pleno
gozo dos direitos de liberdade, o que não equivale para os direitos sociais, e nem
para os direitos políticos, “diante dos quais os indivíduos são iguais só
genericamente, mas não especificamente”, de acordo Bobbio (1992).
Prevalece-se as diferenças de indivíduos para indivíduos, algo
engendrado e de muita relevância, entretanto, durante séculos prevaleceu os
direitos somente dos homens do sexo masculino, onde nem todos tiveram os
mesmo direitos, predomina-se, entretanto, determinadas diferenças de acordo

141
com certas especificidades, ocorrendo-se no âmbito dos direitos sociais,
fundados com relação ao trabalho, instrução e saúde.
Destaca-se, que todos são iguais no gozo das liberdades negativas,
segundo Bobbio (1992), variando as diferenças de acordo com cada indivíduo e
suas peculiaridades existentes, problematizando a questão entre direitos de
liberdade e direitos sociais.
Surge-se personagens antes invisíveis, neste sentido, o reconhecimento
de direitos é imprescindível, destaca-se as questões de gênero, de idade,
limitações e doenças preexistentes, variando de acordo com cada indivíduo, sua
classe social, performance e credibilidade social, conforme aponta Bobbio
(1993), sendo imprescindível a ampliação dos direitos humanos e sociais, bem
como o seu devido respeito por instituições e pelas pessoas e grupos sociais de
cunho preconceituoso e integralista.
Citando a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 –
CF88, que determina valores como a cidadania, dignidade da pessoa humana,
valores sociais do trabalho, bem como o pluralismo político, contudo, sendo
extremamente violada desde sua implantação.
Todavia, merece destaque, que todo poder emana do povo, devendo
haver harmonia entre os poderes executivo, legislativo e judiciário, em vista da
construção de uma sociedade justa e igualitária, promover o desenvolvimento
nacional, todavia, erradicar a pobreza e a marginalização, bem como reduzir as
desigualdades regionais e sociais, permitindo o bem de todos, respeitando
classe, raça, etnia, orientação sexual, idade, e livre da discriminação.

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações


internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II
- prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da
paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e
ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da
humanidade; X - concessão de asilo político. (CF88).

Desta forma, a CF88 brasileira, determina inúmeros direitos sociais e


políticos, em vista da promoção da democracia e participação social, visando,

142
sobretudo, a união e harmonia na América Latina, considerando que todos são
iguais perante a lei, garantindo a vida, a liberdade e a igualdade.
Havendo-se igualdade entre homens e mulheres, onde ninguém deve
ser submetido a tortura ou situação degradante, sendo livre a manifestação de
pensamento e vedado o anonimato, contudo, é livre a atividade intelectual e
científica, bem como de comunicação.
Neste sentido, conforme determinações constitucionais brasileiras,
torna-se extremamente necessário a real implantação da carta magna brasileira,
promovendo bem estar social e estado democrático de direito, entretanto, revela-
se as contradições do capital neoliberal, que prejudica um fiel funcionamento da
citada legislação, causando imensos problemas e expressões da questão social,
em vista da justiça social e garantia de trabalho a todos.
Citando a carta magna internacional que garante e preconiza os direitos
humanos, datada de 1948, Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH),
logo após a segunda guerra mundial, determina-se que todos os seres humanos
nascem livres e iguais em direitos e dignidade, e agir conjuntamente em
sentimento de fraternidade e respeito.

Artigo II 1 - Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e


as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de
qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião
política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,
nascimento, ou qualquer outra condição. 2 - Não será também feita
nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou
internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se
trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio,
quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania. (DUDH).

Contudo, destaca-se que todo ser humano tem direito a vida, liberdade
e segurança pessoal, e ninguém deve ser mantido em regime de escravidão ou
servidão, bem como ao tráfico de escravos, sendo necessário abolir tais práticas
espúrias, conforme determina a declaração universal dos direitos humanos.
Considera-se que ninguém deve ser mantido sob forma de tortura, a
castigo cruel ou degradante, bem como o devido reconhecimento como pessoa

143
em qualquer lugar do mundo, evitando-se situações vexatórias, onde todos tem
direito da proteção da lei.
Evitando-se qualquer forma de discriminação, e ninguém será de forma
arbitrária preso ou exilado, reconhecendo o direito da inviolabilidade de cada
indivíduo, sem interferência em sua vida privada, nem ataque a sua honra ou
reputação.
Ressalta-se o direito de locomoção, o direito de sair e regressar a seu
país, e quem for vítima de perseguição tem direito de solicitar asilo em outro
país, direito a uma nacionalidade, sendo a família fundamental na sociedade e
sua proteção garantida. Neste sentido, o respeito é base primordial de uma
sociedade democrática e pluralista, com predominância da justiça social e do
trabalho, com respeito as diversas formas de pensamento, desde que condizem
com a ética e valores humanos, preservando planeta terra finito e a humanidade.

Artigo XVIII Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento,


consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de
religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença,
pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou
em particular. Artigo XIX Todo ser humano tem direito à liberdade de
opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem
interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir
informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de
fronteiras. Artigo XXV Todo ser humano tem direito a um padrão de
vida capaz de assegurar-lhe, e a sua família, saúde e bem-estar,
inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os
serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de
desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de
perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu
controle. (DUDH).

Neste sentido, a carta magna mundial, determina valores


imprescindíveis ao bem estar social, a democracia e justiça, em uma sociedade
livre e plural, garantidora dos direitos humanos, promovendo harmonia e paz
social no planeta, livre de guerras e confrontos desnecessários, em valor da vida
humana e da preservação da natureza.
No tocante a questão da população prisional mundial, brasileira e
paranaense, os dados são alarmantes, e justificam uma ampla reforma e
transformação social, e que sejam respeitadas a declaração universal dos

144
direitos humanos, bem como a constituição da república federativa brasileira de
1988, e demais legislações pertinentes. Segue a imagem com relação aos dados
mundiais.

FONTE: Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná – SEJU.


2014.

Desta maneira, contata-se índices alarmantes referentes a população


prisional mundial, onde o Brasil figura entre os primeiros, demonstrando total
ineficácia quanto ao estabelecimento de um Estado penal neoliberal burguês,
que criminaliza os pobres e considera natural a pobreza, violando o Estado
Democrático de Direito estabelecido nas legislações citadas. Sendo
extremamente necessário uma profunda mudança estrutural da sociedade, em
vista da geração de trabalho e vida digna a população, segundo a SEJU (2014).

145
FONTE: Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná – SEJU.
2014.

Desta forma, verifica-se uma gritante elevação da população prisional


brasileira, representando o fracasso de uma política conservadora e reacionária,
que predominantemente encarcera pobres, pretos e pardos, reforçando seu
caráter burguês neoliberal em vigência, de acordo com a SEJU (2014).

FONTE: Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná – SEJU.


2014.

Todavia, o Estado do Paraná, figura entre os cinco primeiros estados do


Brasil com maior população prisional, apresentando números alarmantes,
havendo uma real necessidade de alterações na forma de trabalhar e estruturar
146
uma nova forma de sociedade, promovendo bem estar social e justiça a
população, utilizando-se imprescindivelmente da inteligência artificial, visando
reconfigurar a forma de sociedade atual, proporcionando trabalho a todos e
dignidade humana, conforme indica a SEJU (2014).
De acordo com a SEJU (2014), houve um aumento de 511% da
população carcerária, entre 1990 e 2012, e de 78%, entre 2003 a 2012, a nível
nacional houve um crescimento de 30% no mesmo período, e uma taxa de
288,14 presos\100 mil habitantes, ou seja, a população carcerária praticamente
sextuplicou (6,1x), enquanto a população nacional elevou-se a quase 1\3,
portando, números emergentes e assombrosos da abissal população prisional
brasileira e paranaense, sendo urgente repensar a forma como funciona o atual
estado penal brasileiro e paranaense, no sentido de propor trabalho e dignidade
a todo a população, que sem trabalho, recorre a criminalidade para saciar a fome
de sua família e seus anseios enquanto seres humanos, bem como no tocante
a pujante violação de direitos estabelecidas nas legislações citadas.

Exposição de Motivos que fundamenta o Projeto de Lei no Senado nº


513/2013, que propõe atualização na Lei de Execução Penal: “Note-se
que a população carcerária nacional, estimada pelo Ministério da
Justiça em 333.912 pessoas em 2005, passou à cifra de 549.577 em
dezembro de 2012, o que significa um crescimento do índice
proporcional de 181 para 279 presos por 100 mil habitantes em menos
de uma década. Considerando a velocidade média de crescimento da
população carcerária e de geração de vagas, a mais simples projeção
estatística indica um cenário extremamente preocupante para as
próximas décadas, podendo chegar a mais de 1 milhão de presos em
dez anos”. (SEJU, 2014).

Contudo, o custo aproximado de manutenção de um preso por mês é de


R$ 2 mil, e o total do custo de manutenção da população carcerária brasileira é
de R$ 1 bilhão e 100 mil, sendo necessário mais de R$ 7 bilhões para solucionar
o déficit carcerário no Brasil, segundo a SEJU (2014), podendo ser investido em
geração de trabalho e renda a população, bem como uma ampla reforma agrária
e urbana, promovendo desenvolvimento nacional e regional, bem como o tão
aclamado dilema ordem e progresso. Comprovando-se as imensas violações de
um estado burguês neoliberal.

147
FONTE: Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná – SEJU.
2014.

Desta maneira, identifica-se índices alarmantes da população carcerária


paranaense, favorecendo uma política neoliberal burguesa de benefícios a
classe dominante e a uma elite inescrupulosa, violando frequentemente os
direitos sociais e humanos garantidos em tratados e legislações nacionais e
internacionais, conforme apresenta a SEJU (2014).

FONTE: Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná – SEJU.


2014.

148
Desta forma, torna-se imperiosa a ampliação de políticas públicas, com
viés social democrata, porém, o cenário que se apresenta é de intensa
contradição entre políticas neoliberais que não condizem com políticas de cunho
social democrata, sendo necessário a alteração em caráter de urgência em
nosso estado, país e mundo, segundo indica a SEJU (2014).

FONTE: Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná – SEJU.


2014.

Entretanto, avalia-se uma necessária e ampla reforma tributária e


administrativa com relação a implantação real de um estado democrático de
direito, promovendo bem estar social, justiça, trabalho e renda a toda a
população, primando pelos direitos humanos e a paz social entre os povos,
reduzindo tais formas brutais de encarceramento, de acordo com a SEJU (2014).

A população carcerária do estado do paraná corresponde a 5% do total


da população prisional do país; o número de presos em delegacias de
polícia no estado equivale a 27,7% do total de encarcerados em DPs,
no brasil; o déficit de vagas – superlotação – existente no paraná
corresponde a 2,2% do cenário nacional. O desafio de reduzir a
superlotação carcerária no brasil passa, obrigatoriamente pela
transparência de dados com auxílio de ferramentas de tecnologia da
informação, disponibilização de dados com conteúdo mínimo e
atualizado das informações organizadas pelos gestores públicos.
(SEJU, 2014).

149
FONTE: Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná – SEJU.
2014.

Nesse sentido, verifica-se uma ampla superlotação dos presídios e


departamentos de polícia, agravando a situação do país e estado paranaense,
colocando a vida de várias pessoas e famílias em risco, bem como os
profissionais envolvidos, como policiais e agentes de segurança pública,
envolvendo as três esferas de poder (executivo, legislativo e judiciário), e da
sociedade em geral, sobrevivendo num fogo cruzado violento, proporcionado por
um estado negligente neoliberal burguês, onde uma elite comanda de forma
inescrupulosa e decadente, todo este sistema corrupto e degradante, conforme
informações da SEJU (2014).

Ranking dos crimes não violentos que mais encarceraram no Brasil


2005/2012: tráfico de drogas é o crime com maior representatividade
no sistema carcerário. Lei de armas - 161%, furto – 145%, receptação
– 128%, índice nacional de prisões por tráfico de drogas entre os anos
de 2005 e 2012 elevou-se em 307%. Paraná: tráfico de drogas 34%
dos tipos penais, população carcerária feminina: 60% dos casos de
encarceramento entre 2000 e 2012 esta população cresceu 256%.
(SEJU, 2014).

150
FONTE: Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná – SEJU.
2014.

Contudo, a população carcerária masculina cresceu 130% entre 2000 e


2012, e a população carcerária feminina cresceu 256% no mesmo período,
revelando que em muitas situações a família toda se envolve com a criminalidade
diante da ausência de oportunidades de trabalho digno, bem como da formação
de um estado violador de direitos, máximo para o capital neoliberal e mínimo
para o trabalhador e desempregados, de acordo com dados da SEJU (2014).

FONTE: Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná – SEJU.


2014.

151
Ou seja, vive-se numa sociedade baseada na violência, onde a
criminalidade expande-se exponencialmente, abragendo renda a várias
camadas da população, gerando emprego e trabalho a quem sofre com as
violações de um estado burgues neoliberal nazifascista em tempos atuais,
conforme indica os dados da SEJU (2014).

FONTE: Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná – SEJU.


2014.

Portando, predomina-se crimes como tráfico de drogas e roubos, sendo


necessário repensar-se qual projeto de sociedade é viável a todos, e quem são
realmente os usuários de drogas, devido à alta demanda comprovada através
das imagens oferecidas pela SEJU (2014), embora, muita riqueza venha sendo
gerada através desses crimes indicados, concentrados em mãos de uma
minoria, enquanto boa parte amarga uma prisão superlotada, vivendo em
situação degradante, necessitando de trabalho e renda dignas em sociedade,
em diversos casos.

152
FONTE: Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná – SEJU.
2014.

Contudo, constata-se uma ampla participação das mulheres em índices


de criminalidade, predominando o tráfico de drogas, bem como uma necessária
problematização neste sentido, de quem compra e quem vende tal mercadoria,
bem como investir em prevenção, liberação, e conscientização a população
sobre os malefícios e benefícios envolvidos sobre o uso de tais substâncias, pois
a indústria bélica lucra excessivamente com tais práticas prejudiciais a existência
humana, destruindo vidas e o planeta terra finito em seus recursos naturais,
sendo imprescindível a implantação de políticas públicas eficazes, em defesa da
democracia e bem estar social, prevalecendo-se a justiça social como fator
imperativo em sociedade. Contudo, torna-se essencial problematizar a questão
das drogas lícitas como tabaco e álcool, que concomitantemente são
extremamente prejudiciais ao ser humano, causando inúmeros acidentes
veiculares, bem como várias doenças relacionadas ao seu uso, sobrecarregando
o sistema único de saúde, em benefício dos lucros das empresas que produzem
tais produtos.
Entretanto, atualmente o Brasil possui uma população prisional de
773.151 mil pessoas privadas de liberdade, de acordo com dados do Infopen –
Informações Penitenciárias (2019), contudo, os dados atuais confirmam a
política de encarceramento em massa brasileiro, violando direitos sociais e

153
humanos garantidos na constituição federal de 1988, bem como, na declaração
universal dos direitos humanos, confirmando um estado penal burguês neoliberal
conservador e reacionário, que criminaliza os pobres em benefício dos ricos,
confirmado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (2020).

O percentual de presos provisórios (sem uma condenação) manteve-


se estável em aproximadamente 33%. O crescimento da população
carcerária que, de acordo com projeção feita em dezembro de 2018,
seria de 8,3% por ano, não se confirmou. De 2017 para 2018, o
crescimento chegou a 2,97%. E do último semestre de 2018 para o
primeiro de 2019 foi de 3,89%. (Ministério da Justiça e Segurança
Pública 2020).

Entretanto, é importante ressaltar que, o tráfico de drogas, ou as demais


ações criminais existentes no país e no mundo, é um mercado muito vasto,
amplo, e diversificado, conforme afirma Feltran (2018), muitos microtraficantes,
flertam durante parte de sua juventude para abandoná-lo mais tarde, e o que
muitas vezes isto significa estar ligado ao PCC – Primeiro Comando da Capital,
de alguma forma.
Todavia, o PCC tem origem a uma sociedade secreta, e que mantém
segredo as tais informações acerca de seus integrantes, sem dizer a ninguém o
modo como se relacionam, muito menos condições de negociar.

Por isso empresários do PCC têm mais chances, em princípio, de


prosperar nos negócios ilegais do que os que estão em outras facções:
comparativamente, eles competem no mercado dispondo de mais
recursos, sobretudo informação e confiança, a cada nova expansão da
rede do PCC. E essa rede vem se expandindo de maneira acelerada
nas últimas duas décadas, sem no entanto monopolizar os mercados
ilegais. Qualquer empresário, de qualquer ramo da economia, faz
negócios com muita gente. É sabido que há fraternidades como a
maçonaria, o Rotary Club, comunidades étnicas como a coreana ou a
chinesa ou outras, que agregam diferentes empresários. (FELTRAN,
2018, p. 82).

154
A irmandade como pode ser chamada, o PCC, tem relações mercantis
com empresários criminais, oferecendo a eles confiança e segurança. De acordo
com Feltran (2018), uma cadeira do PCC é uma prisão na qual as políticas da
facção são respeitadas pela ampla maioria da população e, desta forma, regulam
a ordem local.
De certo modo, a dimensão do segredo nesse caso é fundamental, para
que as coisas aconteçam de modo mais simples e com menos repressão. É
evidente, que todos os dias acontecem no mundo inteiro, mercadorias legais e
mercadorias ilegais, principalmente, em favelas é muito comum ver esses tipos
de trabalhos, com mais frequência os ilegais, onde até mesmo muitas famílias
trabalham juntas, como uma forma de renda para sua sobrevivência.

Nas favelas em que fiz pesquisa, presenciei famílias inteiras


trabalhando á noite, depois do expediente, montando lapiseiras em
domicílio com peças chinesas, para serem distribuídas no Brasil. Sacos
de peças soltas se tornavam sacos de lapiseiras montadas, como em
uma indústria, após alguns dias. Os que transformam as peças em
produtos finais são vistos como trabalhadores. Nas mesmas favelas, e
ás vezes nas mesmas famílias, presenciei mulheres embalando
cocaína vinda da Bolívia para ser revendida no país. Tijolos da droga
eram transformados em centenas de milhares de pinos de dez ou vinte
reais. Se fossem pegas nesse trabalho, essas mulheres não seriam
consideradas trabalhadoras, mas criminosas. O tráfico de drogas tem
penas equivalente ás de um crime hediondo, ademais. (FELTRAN,
2018, p. 97).

O tráfico de drogas é uma situação muito complicada e delicada que vem


crescendo no cotidiano, embora, muitas vezes, pessoas e famílias que vão em
busca do tráfico, estão indo atrás de uma forma de sustento e trabalho para sua
família, visto que muitas vezes não conseguem empregos que sejam legais, e
acabam partindo para os ilegais. Existe uma grande necessidade de ser feita
uma reforma geral neste quesito, dando-lhes oportunidades mais dignas de
empregos e moradia, para assim podermos apostar em uma sociedade que visa
o bem estar de todos, em destaque, que propõem uma melhoria.
De acordo com Luppi (1981), os crimes contra menores praticados em
São Paulo, desde os espancamentos até os assassinatos, vem ocorrendo desde

155
1974. E deste modo, nos últimos anos, não restaram muitas alternativas aos
menores infratores, que acabaram sendo submetidos a torturas.

Tão impunes como a famosa “Operação Camanducaia”, ocorrida a 19


de outubro de 1974, ou a “Operação Londrina”, também da mesma
época. Ou seja, menores de idade eram enviados pela polícia a estes
locais – e também a Belo Horizonte e Ouro Preto – dispersados a tiros
e pauladas, e ameaçados de serem mortos, caso retornassem a São
Paulo. Foi a fórmula encontrada pela polícia “satisfazer” a sociedade
paulistana, alarmada com os altos índices de assalto nas ruas da
cidade. A “Operação Camanducaia”, considerada um escândalo na
época, foi apenas uma faceta do grande problema de eliminação de
menores. Naquele dia, um grupo de policiais de São Paulo, incluindo
três investigadores, um motorista, um escrivão e 22 delegados
chefiados pelo então diretor do DEIC, Rubens Ameleto Liberatori,
resolveu levar para a cidade mineira de Camanducaia 93 menores
infratores, dispersando-os ali a tiros e pancadas, completamente nus.
(LUPPI, 1981, p. 66).

Importante relembrar sobre a “Operação Passa Moleque” que foi um


acontecimento muito marcante e que atingiu o norte do Paraná, Ourinhos,
Cambará, Andirá, Cornélio Procópio e Londrina. Entretanto, o próprio juizado de
menores de Londrina chegou a protestar contra o envio de menores pela polícia
da capital. De acordo com Luppi (1981), as investigações não foram adiante e,
no dia 8 de setembro de 1975, por unanimidade, as câmaras conjuntas criminais
do Tribunal da Justiça concederam habeas corpus ao delegado Rubens
Liberatori, por fim, determinando o trancamento da ação penal em curso na vara
criminal. Diante desta decisão, o processo foi encerrado e todos escaparam da
justiça. Lamentável dizer, que a justiça são para poucos, e diante de tais fatos
ocorridos de ter chegado a esta conclusão, como se nada tivesse acontecido.

Não acreditamos que as leis 6.697 (Código de Menores) e 4.513


(Política Nacional do Bem-Estar do Menor) sejam a maneira melhor e
mais digna de o Brasil conduzir sua política pública para com as
crianças e jovens. Estas leis se inscreveram na vida da infância e da
adolescência socialmente destituídas no nosso País como rígidos
mecanismos de controle da sociedade pelo Estado. Na esteira da
aplicação das medidas previstas no corpo destes mecanismos legais,
proliferam o assistencialismo paternalista e, não raro, as práticas
correcionais e repressivas. Acreditamos não constituir exagero algum,
nesta fase de início do processo de reconstrução democrática da vida

156
nacional, proclamarmos a virtual falência desta estrutura legal e do
modelo institucional dela decorrente. (LUPPI, 1987, p. 127).

É necessário um conceito de melhoria na sociedade, começando pelos


pequenos detalhes, até os mais profundos e delicados. Nem tudo pode parecer
dar certo somente com leis, penalidades e repressões. Mas sim, é preciso
estratégias fundamentais e significativas para trabalhar com esses menores,
jovens e crianças que necessitam de um auxílio maior, incentivando a atividades
em conjunto em sociedade, estabelecendo a empatia com o próximo, o respeito,
ética e acima de tudo, prevalecendo a paz entre todos.
De acordo com Luppi (1987), a educação se baseia através da instituição
que é destinada a garantir este princípio que é a escola púbica. Com base, no
binômio entre família e escola, onde assim reside o alicerce da cidadania, dando
suporte ao crescimento e ao desenvolvimento de crianças e jovens.

Neste momento, no entanto, há crianças e jovens que se distanciaram


por demais da escola pública. Antes de eles virem até a escola, cabe
a escola pública, num gesto autocrítico em ato, ir até a realidade do
menino de rua. Aproximar-se dele, aceita-lo, compreende-lo e
estruturar-se, a partir desta compreensão, para a aventura pedagógica
do resgate de sua vida à condição marginal, abrindo-lhe espaços para
o exercício pleno e afetivo da sua condição de pequeno cidadão desta
República. As crianças e adolescentes, que hoje subsistem nas ruas
de nossas cidades, não são frutos do acaso. As condições de
existência, que propiciaram a extrema degradação pessoal e social de
tantas vidas, decorrem, direta ou indiretamente, das opções políticas,
econômicas e sociais que presidiram a vida brasileira nas últimas
décadas. (LUPPI, 1987, p.128).

É perceptível a importância que os jovens atribuem ao mundo tanto da


escola e trabalho na sociedade, o que desta forma, requer uma reflexão sobre
os constrangimentos que eles podem vir a passar, em função do lugar que
ocupam na estrutura social e na inadequação do sistema educativo em relação
as exigências do mundo atual. É necessário buscar uma interlocução com os
jovens e fazer valer os seus direitos, especialmente para ampliar os espaços

157
democráticos e o desenvolvimento da sociedade, e refletir sobre o papel do
jovem.
É evidente que, quando o adolescente luta, valendo-se dos mais
diversos meios, para escapar deste ciclo perverso, ele o faz, acima de tudo, pelo
que ainda lhe resta de saúde mental e de senso de dignidade humana. (LUPPI,
1987, p. 129).

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E O MUNDO DE TODOS

Necessita-se de avaliações quanto aos impactos da inteligência artificial


com relação ao bem estar social e melhora da qualidade de vida da população,
facilitando as diversas atividades disponíveis no mundo atual, bem como, cabe
as ciência humanas e sociais avaliar tais relações intrínsecas aos seus estudos,
evidenciando a preponderante relação entre ciências exatas, naturais, humanas
e sociais, destacando a importância de todas para o desenvolvimento e
progresso da humanidade, de acordo com Teixeira (2019).
No tocante ao Brasil, a partir da década de 1990, praticamente não se
ouvia falar em inteligência artificial, principalmente numa abordagem
humanística e coletiva, contudo, a revolução digital acelerou-se pujantemente,
favorecendo a miniaturização e o rebaixamento dos preços das novas
tecnologias.

A internet, aberta para o público a partir de 1995, revolucionou nossos


conceitos de comunicação e exportou o Ocidente para todos os lugares
do mundo. Mas todas as máquinas digitais, desde os antigos PCs até
os mais modernos smartphones se baseiam nas descobertas do
matemático inglês Alan Turing, na década de 1930. Todos os nossos
computadores são máquinas de Turing e, pelo visto, continuarão a sê-
lo, até que alguém reinvente os princípios básicos da ciência da
computação. (TEIXEIRA, 2019, p. 7).

Todavia, atualmente a inteligência artificial surpreende a todos, onde a


IA surgirá em rede e não de uma máquina especifica, como uma commodity em
um fluxo de dados disponibilizados por algumas empresas, como ocorre com a

158
água, energia elétrica e demais serviços disponíveis a população, de acordo com
Teixeira (2019). E a internet estará em toda e em nenhuma parte, envolvendo o
esforço colaborativo, de certa forma involuntário, de todos que utilizam a internet.
Neste sentido, seremos parte de uma inteligência criada coletivamente, onde
cada ser humano contribuirá frequentemente com novas informações,
contribuindo com sua expansão e novas informações, mantendo-se sempre
atualizada, de acordo com os interesses humanos, visando bem estar social e
justiça a todos os povos.
Contudo, devemos repensar nossa forma de viver no universo, onde o
mundo pode ser de todos, com facilidades proporcionadas pela inteligência
artificial, garantindo o fim de guerras e conflitos entre os povos, bem como a
necessária preservação do planeta terra finito em seus recursos.
Entretanto, é possível a criação de máquinas pensantes, proporcionando
qualidade de vida a população mundial, bem como o necessário bem estar
social, através da utilização e expansão da inteligência artificial, conforme aponta
Teixeira (2019). Utilizando-se de sofisticados e aprimorados programas de
computador.
Para vários pesquisadores a IA funciona como a mente humana, com
relação intrínseca ao computador, envolvendo estudos de programas
computacionais compreendendo nossas atividades cerebrais e mentais,
referindo-se a nossa capacidade de raciocinar, pensar e perceber o mundo, bem
como identificar objetos em nosso entorno, falando e entendendo nossa
linguagem.
A concepção de IA se diferencia da cibernética e da computação em si,
envolvendo algo mais ambicioso, como a produção de comportamento
inteligente, como algumas tarefas que a IA podem fazer e facilitar a vida do ser
humano, bem como aliviar o trabalho humano, desvendando a natureza da
mente humana, envolvendo inúmeras formas de inteligência, aproximando-se
das reações humanas.
Entretanto, é preciso que nossa atividade mental seja emitida através da
inteligência artificial, de acordo com Teixeira (2019), todavia, é possível que
nossas atividades mentais sejam imitadas pela IA, como modelos de nossa
capacidade de raciocinar, enxergar, falar, entre outras características humanas.

159
A IA como projeto efetivo surgiu com os computadores modernos e após
a segunda guerra mundial (1945), em diante, superando determinadas
atividades técnicas, expandindo a ciência e a tecnologia disponíveis. Nesse
sentido, foi constatado uma grande revolução, envolvendo psicológica,
linguística e filosofia, onde a ciência da computação deixava de ser somente
técnica, expandindo-se para outros campos. “A ideia de estudar a mente humana
a semelhança de um programa de computador parecia despontar como uma
nova etapa para as ciências humanas” (TEIXEIRA, 2019, p. 11).
Sobretudo, as questões conflituosas que envolve a IA no tocante a
reação humana diante dos avanços desta tecnológica, bem como as variadas
formas de superação apresentadas, bem como pelo viés do pensamento
humano. Contudo, trata-se de avanços imprescindíveis a permanência da vida
humana no planeta terra, facilitando e melhorando a existência de forma pacífica
e duradoura.
Entretanto, há as relações entre a mente e o corpo, apresentada a
milênios, representando reações de nossa atividade cerebral, numa dinâmica
materialista, ou através de algo imaterial numa problemática dualista, onde a IA
oferta a possiblidade de superação, solucionando os problemas existentes em
sociedade, proporcionando bem estar social e democracia, segundo Teixeira
(2019).
Podem-se, criar modelos e propostas de nossa maneira de pensar e agir
em sociedade, bem como sobre a percepção humana e seus pensamentos que
estão em nossa volta, de acordo com Teixeira (2019). Entretanto, alguns
pensadores acreditam que haverá uma redução do pensamento humano.
Contudo, a inteligência artificial veio pra ficar e facilitar a vida dos seres humanos
para que vivam de forma pacífica em sociedade, garantindo bem estar presente,
e para as futuras gerações, preservando natureza e planeta terra.
De acordo com Teixeira (2019), fazer uma história do desenvolvimento
da inteligência artificial não é tão simples e fácil. Embora seu aparecimento como
disciplina científica ocorreu a partir da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), ter
a ideia de se fazer uma máquina que pudesse copiar as habilidades humanas é
bastante antiga. Contudo, os primeiros registros sobre a inteligência artificial com
habilidades humanas, tem uma ideia lendária, desta forma, tornando-se difícil a
separação entre imaginação e realidade.

160
Um dos episódios mais interessantes do passado mítico da IA é a lenda
do Golêm Joseph. Golêm era um homem artificial que teria sido criado
no fim do século XVI por um rabino de Praga, na Tchecoslováquia (hoje
República Tcheca), que resolvera construir uma criatura inteligente,
capaz de espionar os inimigos dos judeus – então confinados no gueto
de Praga. O Gôlem era de fato um ser inteligente, mas que um dia se
revoltou contra seu criador, o qual então lhe tirou a inteligência artificial
e o devolveu ao mundo do inanimado. (TEIXEIRA, 2019, p. 14).

Importante ressaltar que, segundo Teixeira (2019), a existência dessas


criaturas artificias tanto no passado quanto até nos dias de hoje, não está
totalmente comprovada. O que sabe-se é apenas que seus projetos estão
registrados em alguns museus da Europa e que sua arquitetura interna teria sido
extremamente complexa.
Entretanto, na literatura e no movimento romântico, que o tema do
surgimento de criaturas artificiais parece ter sido lembrado. Quando foi publicado
o famoso romance Frankenstein, que se baseia por ter sido criado a partir de
membros e órgãos de outras criaturas artificialmente reunidos, dando-lhe a vida
através de um choque elétrico. Embora, Frankenstein fosse um mostro, um
monstro que logo em seguida se revoltou contra seu criador. (TEIXEIRA, 2019,
p. 16).
De acordo com Teixeira (2019), houve um desenvolvimento na indústria
bélica, que foi o surgimento dos campos de concentração, desta forma, abrindo
uma nova possibilidade, experimentos e estudos do cérebro em seres humanos.
Esses estudos foram feitos em prisioneiros de guerra, que eram as chamadas
cobaias humanas, como também eram feitos em soldados que tivessem sofrido
lesões cerebrais durante os combates. Desta forma, alguns cientistas buscavam
aprender alguma coisa, baseada no funcionamento do cérebro.

No fim da Segunda Guerra Mundial, os cientistas já tinham registrado


importantes invenções na área eletrônica, além de pesquisas sobre
mecanismos que imitavam ações humanas e estudos sobre o cérebro
humano desenvolvidos por médicos e por psicólogos. Isso os levou a
programarem um encontro nos Estados Unidos, onde pesquisadores
dessas áreas apresentaram suas descobertas, numa primeira tentativa

161
de reuni-las e compor algo parecido com uma ciência geral do
funcionamento da mente humana. Esse encontro ficou conhecido
como o Simpósio de Hixon, e aconteceu em 1948. (TEIXEIRA, 2019,
p. 17).

Os resultados do Simpósio de Hixon não teriam sido tão surpreendentes


se não levassem, através de uma intuição verdadeiramente criadora, e se
estabelecer uma analogia entre o cérebro humano e os computadores, de acordo
com Teixeira (2019), onde estabeleceu encontro entre psicólogos,
neurofisiológos e engenheiros eletrônicos que puderam perceber o modo de
como estão dispostas as células do nosso cérebro, ligadas através de fios
nervosos minúsculos, e é semelhante ao circuito elétrico de um computador
eletrônico.
De certa forma, os cientistas precisavam ter a certeza se realmente isso
seria possível, e se daria certo máquinas com habilidades humanas, pois, até
então, isso era apenas histórias lendárias de muito tempo atrás. Eles buscavam
respostas, e foi onde desenvolveram várias experiências para poderem
comprovar o que seria possível ser feito, e desta forma mudaram seus conceitos
e ideias diante dos fatos.
Segundo Teixeira (2019), algumas máquinas inteligentes desenvolvidas
na segunda metade do século passado, se encontram no Museu da Computação
em Boston, nos Estados Unidos, que portanto, é um lugar muito interessante
para ser visitado, principalmente por aqueles que gostam da história da ciência.
De certa forma, todas as realizações que foram feitas da inteligência
artificial, não deixaram de chamar a atenção dos filósofos, que perceberam que
muitas de suas ideias e pensamentos, teriam que ser revistos. Ressalta-se, que
os progressos da IA teve um impacto muito grande nas concepções habituais
que temos da mente humana, e esse fato foi imediatamente notado por aqueles
que tem preocupações filosóficas e religiosas de acordo com Teixeira (2019).
Todavia, o funcionamento do computador pode ser considerado simples,
no entanto, foram necessários anos de estudos para que fossem descobertos
seus sistemas, algo que deve-se a Alan Turing (1912-1954), portanto, um
matemático inglês, brilhante, não pertencendo a aristocracia inglesa, o que
dificultava seu acesso aos meios acadêmicos, contudo, era homossexual, algo

162
que escandalizava a sociedade britânica, de acordo com Teixeira (2019).
Cometendo suicídio devido ao provável preconceito que sofria devido a uma
sociedade burguesa moralista.
Todavia, Turing deixou uma enorme obra com produções científicas e
invenções matemáticas, onde em 1930 com o desenvolvimento de um problema
matemático muito complexo, ele criou a conhecida máquina de Turing, sendo
representada da seguinte forma.

FONTE: TEIXEIRA, 2019, p. 21.

Desta maneira, é possível que o marcador tenha um dispositivo que


permita reconhecer símbolos, bem como imprimi-los e apaga-los, e movimenta-
los, abrangendo letras minúsculas e maiúsculas, sendo identificado pelo
marcador, movendo-se em variadas direções, de acordo com Teixeira (2019).

Em outras palavras, os símbolos A, B, C, D, E etc. representam as


instruções que devem ser seguidas pela máquina, movendo a fita ou
apagando os outros símbolos s1, s2, s3 etc. no caso da fita que
representamos na figura anterior, podemos convencionar que os
símbolos E e D significam mover a fita para a esquerda ou para a
direita, e que o número que está junto de E ou de D representa o
número de casas que se quer que a fita mova, seja numa direção ou
outra. R significa “imprima o símbolo em minúsculas que está ao lado”,
A significa “apague”, e assim por diante. (TEIXEIRA, 2019, p. 21).

Todavia, numa operação aritmética, como numa soma, os números


devem ser representados por sucessão, ocupando um quadrado, e em cada um
figurando um símbolo, de acordo com a imagem a seguir.

163
FONTE: TEIXEIRA, 2019, p. 21.

Desta forma, Turing conseguiu desenvolver uma espécie de princípio


geral para a construção dos computadores, tendo a noção matemática de
procedimento efetivo, onde as instruções propostas as máquinas devem ser
executadas passo a passo, de acordo com Teixeira (2019), de uma forma
sucessiva, passando de um estado para o outro.
Promove-se uma determinada configuração, estabelecendo exatamente
o que deve ser feito, representando um procedimento efetivo, abrangendo um
conjunto finito de instruções, determinando o que fazer de forma meticulosa,
garantindo a obtenção de um resultado final.
Assim sendo, Turing demonstrou através da invenção de sua máquina,
que todo procedimento abrange uma tarefa específica, podendo ser
mecanizada, e realizada por um computador, o que torna a máquina de Turing
um evidente princípio universal.
Contudo, máquinas de calcular representam os primeiros passos das
atividades mentais da humanidade, facilitando a vida de todos, possibilitando
mecanizar as tarefas humanas, através da invenção de Turing, em forma de
procedimentos efetivos.
Contudo, pode-se criar uma correspondência entre um circuito elétrico,
como o exemplo do apagar e acender uma luz, havendo dois estados possíveis,
usando uma determinada corrente, representadas de acordo com uma dada
especificidade.
Neste sentido, é possível chegar a representação elétrica do
pensamento, conforme expõe Teixeira (2019), com um complexo circuito de
interruptores, com uma forma sofisticada de transmitir as instruções desejadas,
ocupando-se em espaços cada vez menores, “os progressos da eletrônica
permitem a construção de circuitos cada vez mais complexos e mais minúsculos”
(TEIXEIRA, p. 24).

164
Desta forma, foram permitidos reduzir-se os tamanhos das máquinas,
representando que as atividades mentais dos homens podem ser referenciadas
as máquinas, podendo ser algo mecanizado, entretanto, os computadores
modernos tem realizado de forma exponencial as atividades humanas, “que
nada mais são do que complexas máquinas de Turing que operam apenas com
os símbolos 0 e 1” (TEIXEIRA, 2019, p. 26).
Entretanto, para a utilização da IA são necessárias o uso da linguagem
humana, referenciando-se ao alfabeto humano, representando em termos de 0
e 1, com tais caracteres podem ser apresentados através de várias formas de
pensamento, utilizadas de diversas maneiras possíveis por meio da inteligência
artificial, segundo Teixeira (2019).
Todavia, o computar define as sequências necessárias conforme a
utilização adequada, criando formas específicas de definições e compreensões,
facilitando a vida humana em sociedade, através do uso da inteligência artificial.
Ou seja, a representação de uma sentença no computador pode construir uma
sequência extraordinariamente longa de 0 e 1”, (Teixeira, 2019, p. 27).
Assim sendo, uma sequência de sentenças, significa uma determinada
representação elétrica de pensamentos, envolto a circuitos interruptores
fechados ou abertos, tornando-se possível a facilitação da vida humana em
sociedade, em vista da promoção do bem estar social, utilizando-se da
inteligência artificial em tempos contemporâneos, de acordo com Teixeira
(2019).
Contudo, quando o ser humano raciocina, ocorre-se várias proposições
diversas, ou seja, um pensamento expresso nessa sentença, em que uma
proposição tem sempre uma característica especifica, sendo verdadeira ou falsa,
entretanto, raciocinar significa formular proposições e encadeá-las, de acordo
com Teixeira (2019).
Sendo desta forma, objeto de estudo desde a antiguidade, através de
uma disciplina chamada lógica, contudo, a poucos séculos, a lógica foi
intensamente avançada, passando a estabelecer representações simbólicas
para as proposições, usando-se de letras A, B, C, etc. designando proposições,
encadeando-os.

165
Estudos preliminares apontaram para a existência de quatro maneiras
básicas de combinar proposições: a conjunção, a disjunção, a
implicação e a bi-implicação. Podemos também negar uma proposição
qualquer, o que neste sistema de representação será feito colocando-
se o sinal ~ na sua frente. A negação de A será representada por ~A.
A conjunção de proposições significa liga-las pela partícula e. a
conjunção é simbolizada em lógica pelo sinal ^. Se tivermos duas
proposições, A for “O sol está brilhando” e a proposição B for “A tarde
está bela”. A disjunção significa ligar proposições pela partícula ou.
Assim, “O carro está andando ou o carro está parado” é um exemplo
de disjunção. A implicação é uma ligação do tipo: “Se está chovendo,
então a terra está molhada”. (TEIXEIRA, 2019, p. 29).

Neste sentido, a lógica organiza as proposições, estabelecendo regras


resultando em verdades ou falsidades, havendo combinações previstas pela
lógica, sendo agrupadas de acordo o tipo de ligação entre as proposições,
definidas como tabelas de verdade, conforme discorre Teixeira (2019).
Todavia, foi através deste circuito que os pesquisadores de inteligência
artificial definiram o raciocínio humano, estando abertos ou fechados,
estabelecendo a representação elétrica dos raciocínios humanos. Sendo
colocadas em um computador por um programador, as determinadas
proposições, formando um certo raciocínio, e da forma como deseja fazer,
informando as instruções que deverão ser feitas, acionando um circuito, sendo
aberto ou fechado de acordo com a corrente elétrica. “A construção desses
circuitos e o que os interruptores neles fazem quando passa corrente elétrica
obedecerá ao esquema das tabelas de verdade”. (TEIXEIRA, p. 30).
Entretanto, estes sistemas incluem memória, estocando informações,
sendo realizadas em linguagens especiais ou linguagens de programação, ou
seja, tudo é reduzido a dois símbolos básicos, 0 e 1, conhecida como linguagem
da máquina, indicando o fluxo de corrente ou sua ausência.
Desta forma, a complexidade envolvida é enorme, bem como as
operações que são executadas, em intervalos de poucos segundos, ou seja, o
que seres humanos levam horas, a máquina faz em segundos, predominando-
se intensa complexidade de informações e proposições necessárias, contudo,
não há chances de um ser humano vencer uma máquina nestas condições,
comprovando os benefícios da ciência para o bem estar da humanidade, através
da inteligências artificial.

166
Sem dúvida, a inteligência artificial pode processar o pensamento
humano, tendo sentido suas formas de pensamento através das aspirações
humanas, ou seja os seres humanos possuem neurônios ligados por correntes
elétricas, se aproximando da formatação do computador, vinculado a IA, de
acordo com Teixeira (2019).
Entretanto, qual o significado de pensar atualmente, bem como formular
indagações a respeito da utilização das máquinas e da inteligência artificial, e
quais as relações com as necessidades humanas, havendo mecanização dos
processos mentais humanos, ou seja, uma máquina bem programada pode
pensar, bem como Deus pode dar alma a quem ele quiser, segundo Teixeira
(2019).
Afinal, a ciência e a tecnologia avançam a passos enormes e rápidos,
podendo efetivar benefícios imensuráveis a humanidade se utilizada de forma
consciente, portanto, “o pensamento não é um privilégio dado a nós pelo
Criador”, de acordo com Teixeira (2019), reconhece-se os avanços da
inteligência artificial e suas importantes contribuições ao mundo e humanidade,
contudo, o surgimento dos computadores abrem novas perspectivas e
abordagens, trazendo formas de compreensão a vida humana, com relação as
atividades mentais, de tal forma que pode-se reavaliar problemas e questões
sociais alarmantes, no intento de instaurar justiça social e democracia aos povos,
bem como preservação do planeta terra finito.
Todavia, a questão entre mente e cérebro pode causar muitos
paradoxos, concluindo em diversas ocasiões que se sabe muito pouco do
pensamento humano, bem como do cérebro, atormentando várias pessoas até
hoje, predomina-se contradições entre alma e espírito, material e imaterial, tais
questões levantadas, que devem ser problematizadas no âmbito da ciência,
conforme aponta Teixeira, ao discorrer sobre inteligência artificial.
Entretanto, a inteligência artificial contribui com os processos dispostos
entre as analogias possíveis, entre mentes e máquinas, esclarecendo aspectos
relevantes entre mente e o corpo, permitindo através dos avanços científicos e
tecnológicos.
Portanto, apresentando medidas para os problemas apresentados a
humanidade, facilitando e melhorando a convivência social, bem como no
quesito de oposição entre mente e corpo, envolvendo regras e realização física,

167
através dos diferentes estados da máquina programada. Desta forma, propõe-
se inovação, referindo-se ao software e ao hardware, obedecendo a
determinadas instruções, de acordo com Teixeira (2019).

O paralelismo entre eventos mentais, eventos cerebrais e o software-


hardware de um computador sugeridos pelos teóricos da IA seria
confirmado pelo fato de que programas escritos em linguagens
computacionais diferentes podem ser rodados numa mesma máquina,
com uma mesma e única configuração de hardware. De maneira
inversa, um mesmo programa pode ser rodado em computadores
diferentes, isto é, em hardwares diferentes. (TEIXEIRA, 2019, p. 40).

Pode-se identificar que os programas tem uma grande autonomia em


relação ao hardware. De acordo com Teixeira (2019), é necessário uma
correlação para estabelecer a existência de uma dependência entre as duas
partes, no caso a máquina e o programa, entretanto, é necessário assegurar
autonomia, para constituir um excelente modelo para fazer relações entre mente
e corpo.
De fato, o problema das relações mente e corpo tem ainda uma certa
consequência, em última análise, não é preciso ter um cérebro igual ao nosso
para que se tenha um sistema capaz de desenvolver algo parecido com estados
mentais, de acordo com Teixeira (2019).
Importante ressaltar que a inteligência não depende da existência de
algo como a matéria viva, mas sim é capaz de trazer inúmeros resultados e
benefícios, capazes de organizar e compreender certas instruções e preencher
tais funções, da mesma maneira que pode ser executado por um cérebro,
também pode ser executado por uma máquina.
A inteligência artificial trouxe também, uma nova perspectiva para refletir
sobre a natureza dos problemas da filosofia e da psicologia. Contudo, algumas
atividades mentais humanas acabou alterando nossas próprias concepções
habituais acerca da natureza do conhecimento. Desta forma, criou-se a
possiblidade de construir e testar programas computacionais que simulem
aspectos da percepção visual humana e aspectos de nossas atividades
linguísticas, como destaca Teixeira (2019).

168
Simulações funcionam como modelos, e é pela construção de modelos
de nós mesmos algum dia poderemos vir a conhecer os processos
mentais que nos permitem falar, perceber o mundo e efetuar
raciocínios. Os próprios mecanismos com os quais produzimos
conhecimento são as ferramentas que permitem desvendar sua
natureza. A mente pode conhecer a si mesma sem que haja risco de
cairmos em algum tipo de circularidade: eis o que propõem alguns
filósofos da ciência contemporâneos e, justamente com eles, os
teóricos da IA. (TEIXEIRA, 2019, p. 42).

As simulações são formas de servir como modelos, e são através desses


modelos que poderemos conhecer e aprofundar melhor os processos mentais,
pequenos detalhes e até os mais profundos. Basicamente, são através deles que
desvendamos a própria natureza.
De acordo com Teixeira (2019), houve algumas críticas ao projetos da
inteligência artificial, que surgiram nas décadas de 1960 e 1970. Foram várias
críticas duras, afirmando que os computadores são máquinas toscas e
primitivas. Entretanto, outras críticas, serviram para apontar algumas falhas do
projeto e desta forma, se tornaram valiosas, como crítica construtiva.
Houve algumas dificuldades técnicas, em relação a tentativa de construir
uma máquina para traduzir vários idiomas, uma das dificuldades era o caráter
ambíguo que assumem alguns termos da nossa linguagem, uma ambiguidade
que nós, seres humanos, dissipamos pela referência ao contexto no qual esses
termos ocorrem, Teixeira (2019).
Tais dificuldades, desafiaram a construção de uma máquina para a
tradução automática de idiomas, que pareciam revelar a existência de um
obstáculo muito grande para as pesquisas na área de processamento de
linguagem. De certa forma, o computador só consegue reconhecer uma
sentença, se ela estiver bem construída pelo ponto de vista da gramática. Porém,
sobre os significados de uma sentença, as máquinas ainda deixam muito a
desejar, sem saber se ela tem sentido ou não.

169
Mas o que faz com que nós, seres humanos – a diferença das
máquinas – possamos compreender, enxergar e gerar significado para
nossa linguagem, nossos pensamentos e nossas ações. Os filósofos
chamaram a esta faculdade de intencionalidade – uma propriedade
que caracteriza nossos estados mentais. A intencionalidade se
manifesta na medida em que sabemos a que se referem nossos
estados mentais. Quando falamos, não estamos apenas emitindo
sons: sabemos do que estamos falando e que nossas palavras se
referem a coisas que estão no mundo. Todos os nossos pensamentos
– sejam eles expressos em palavras ou não – tem conteúdos que
apontam para coisas ou situação do mundo. (TEIXEIRA, 2019, p. 47).

Entretanto, existe essa diferença entre seres humanos e máquinas,


sobre o saber pensar, compreender e enxergar, refletir sobre pensamentos e
ações de cada indivíduo, e quando estamos pensando, sabemos selecionar,
entre nossos estados mentais, entretanto, existem sempre uma direcionalidade,
algo como um apontador para fora de nós mesmos que faz com que os nossos
pensamentos tenham significado e sentido. Mas uma máquina também pode ser
capaz de compreender. Ela pode ser programada para fornecer esses sentidos.
Embora, seja importante observar o comportamento de um ser humano e de uma
máquina.

A vida interior de um outro ser humano é algo a que temos um acesso


muito limitado. Aliás, nossa própria vida interior é algo sobre o que
pouco sabemos. Mesmo quando fechamos os olhos e tentamos
examinar o fluxo de nossos pensamentos, isto não nos dá nenhuma
informação acerca de como ocorrem as operações do nosso cérebro.
Somos, em grande parte, opacos para nós mesmos. Ora, será que não
estamos na mesma situação de alguém que olha para os resultados
das operações de um computador e, com base neles, quer sustentar a
afirmação de que essa máquina nada compreende acerca das próprias
operações que realiza. (TEIXEIRA, 2019, p. 47).

De acordo com Teixeira (2019), mesmo com novos contra-argumentos,


dificilmente abriríamos mão da crença de que nossa mente tem características
que ainda não foram reproduzidas por sistemas artificiais. Acredita-se que os
seres humanos acabam tendo sensações de ter algo a mais do que as máquinas,
como por exemplo, através dessas sensações alguns filósofos acreditaram que

170
a inteligência poderia ser uma característica apenas dos seres vivos, e não das
máquinas.
Importante dizer que a vida, a história e a evolução, essas sim, não
poderiam ser recriadas em algum laboratório. É importante dizer que, mesmo
com todas as críticas que a inteligência artificial sofreu, isto não significa dizer
que o projeto de construção de máquinas esteja fracassado, mas pelo contrário,
com os avanços das tecnologias, é bem provável que esses projetos serão
executados com sucesso. Muitas coisas se falam a respeito da IA, mas o que
sabemos é como ela poderá ser muito importante para os seres humanos, e será
um conjunto, onde seres humanos e máquinas poderão trabalhar juntos,
preservando acima de tudo, o bem estar e paz em sociedade.
Destarte, o trabalho deve ser socializado de forma justa, sem exploração
e acumulação de capital, e liberto do lucro, prevalecendo a ótica coletivista,
conforme expõe Marx (2010), onde a forma socialista de sociedade pretende
suprimir a propriedade privada dos meios de produção, bem como sua
socialização a toda a população, predominando-se, sobretudo, o mundo de
todos, com a utilização da inteligência artificial em pleno século XXI.
Abolindo-se as formas atuais de exploração do homem pelo homem,
garantindo bem estar social e o desenvolvimento pleno das capacidades
humanas, numa nova dinâmica econômica e política, com a supressão da classe
burguesa parasitária e exploradora da mão de obra alheia, de acordo com Marx
(2010).
Contudo, a sociedade atual, fundada pela violência e pela fraude, deve
ser abolida, onde uma minoria não trabalha, em detrimento do trabalho da
maioria, que produz toda a riqueza através do fruto de seu trabalho explorado,
sendo uma forma injusta de sociedade, portanto, o trabalhador considerado livre,
necessita pra sobreviver, vender sua força de trabalho a essa minoria burguesa
parasitária, e aceitar essa exploração para suprir suas necessidades básicas,
faltando-lhe muito em diversas ocasiões.
Sobretudo, a justiça e a fraternidade falham, segundo Marx (2010), ao
aceitar tais formas de exploração modernas, em substituição a escravidão e a
servidão de tempos passados, portanto, como haver moral nesta forma de
sociedade, bem como progresso ou outras formas de desenvolvimento humano,
em situação de total exploração e escravidão assalariada atuais.

171
Nesse sentido, evoluções sociais são imprescindíveis, em busca da
transformação social estrutural da sociedade burguesa neoliberal
contemporânea, principalmente utilizando-se da inteligência artificial em
proporcionar novas bases estruturais da sociedade socialista\comunista, bem
como com o desenvolvimento das bases capitalistas, já impossíveis de serem
mantidas devido ao nível de degradação propagado pela dinâmica do capital, de
acordo com Marx (2010).
Entretanto, as formas estruturais atuais do capital, permitem acumulação
de riquezas a uma mínima parcela da sociedade burguesa, intrínsecas a sua
estrutura econômica, e em seu modo de produção, formando-se classes e
hierarquias. “ Quando essas evoluções se efetuam, não é porque obedeçam a
um ideal elevado de justiça, mas sim porque se ajustam a ordem econômica do
momento” (MARX, 2010, p. 20).
Entretanto, tais movimentos sociais devem potencializar-se, permitindo
uma constante evolução, portanto, o trabalho livre é essencial a permanência do
capital, como forma da burguesia monopolizar toda a fonte de riqueza, fundando-
se na posse da terra e da propriedade.
Portanto, o trabalhador somente possui sua força de trabalho para
vender e se sustentar, dentro a ótica capitalista de produção, garantindo a
riqueza da burguesa minoritária, desta forma, o trabalhador fica condenado ao
trabalho assalariado nesta forma injusta de sociedade, destruindo sua
capacidade de pensar e criar novas possiblidades de emancipação humana.
Assim sendo, forma-se a burguesia capitalista e o proletariado
explorado, ocorrendo, “a satisfação das necessidades de uma parte da
coletividade mediante o trabalho da outra parte”. (MARX, 2010, p. 20). Enquanto
uns consomem de forma supérflua a produção dos outros, recebendo somente
o estritamente necessário a sua sobrevivência, confirmando uma sociedade
injusta socialmente e antidemocrática.
Ou seja, uma nova forma de sociedade de ser fundada no trabalho,
essencial a existência humana, substituindo as diversas formas de trabalhos
forçados, forma que alivia o capitalista de manutenção de seus produtores, onde
o assalariado necessita da renda de seu trabalho para comprar seu alimento, e
caso não tenha trabalho, fica a mercê da caridade burguesa, de cometer crimes,
e sobreviver na miséria propagada pelo capital neoliberal.

172
Desta maneira, cumpre ao poder público alimentar os que estão sem
trabalho e renda, ou seja, o conhecido exército industrial de reserva, conforme
defende Marx (2010), desempregados ou não, sob os interesses espúrios de
políticos e burgueses injustos, o que em muitos casos se veem impossibilitados
de cumprir tal missão. Contudo, o socialismo luta pela justiça social, com
interesse pelos seres humanos em sua totalidade, satisfazendo suas
necessidades fundadas no trabalho digno, onde a posição coletiva possa
prevalecer numa forma de sociedade, baseada na inteligência artificial capaz de
facilitar a vida humana em sociedade e preservação da natureza.
Segundo Cozman (2018), a inteligência artificial vem se expandindo e se
tornando cada vez mais realidade, bem como o uso de grandes bases de dados,
que proporcionam o reconhecimento de imagens, atenção da linguagem natural
e de tomadas de decisão, chegando a superar a atividade humana, gerando
reações de otimismo e pessimismo, com imensas riquezas no futuro, e vida com
facilidade e melhorias, e em outras visões vê-se o fim da espécie humana,
predominando extremos de visões e perspectivas, prevalece-se um conjunto de
distopias e utopias, que se utilizadas de forma consciente e racional, podem
trazer inúmeros benefícios a humanidade, a natureza e planeta terra finito,
necessitando-se de uma ampla organização social da sociedade
contemporânea. Todavia, a inteligência artificial seduz a sociedade, refletindo
em formas culturais, literatura, cinema, bem como em fatores econômicos e
científicos.

Grandes promessas fazem parte da história da Inteligência Artificial.


Durante os seus anos iniciais, a área foi cercada de previsões otimistas
e em alguns casos mirabolantes. O entusiasmo sofreu um duro golpe
em 1974, quando um relatório encomendado pelo parlamento britânico
indicou que a área falhava na prática. Durante vários anos
subsequentes o financiamento da área foi reduzido em todo o mundo,
um período que hoje é conhecido como “inverno da IA”. Mas o
pessimismo não durou para sempre: durante os anos oitenta houve um
novo momento de euforia, marcado pelo desenvolvimento de “sistemas
especialistas” que teriam condições de reproduzir as regras usadas por
especialistas na solução de problemas específicos. E, de novo, a área
enfrentou um longo inverno durante o final dos anos 80 e começo dos
anos 90. Olhando para esse período, pode-se ver que muitas técnicas
fundamentais da área estavam em gestação, mas ainda não haviam
maturado ao ponto de resolver problemas práticos significativos. O
inverno foi longo, e bastante frio. (COZMAN, 2018, p. 33).

173
Porém, atualmente, os prognósticos são positivos, onde grandes
empresas como o Google e o Facebook, a utilizam de forma a facilitar o seu
trabalho, proporcionando entendimento de textos e reconhecimento facial, desta
maneira, várias empresas utilizam as bases de dados da inteligência artificial de
forma estratégica. “A sociedade é bombardeada com notícias sobre avanços da
tecnologia e de seus impactos”. (COZMAN, p. 33).
Contudo, a capacidade de armazenamento dos computadores eleva-se
radicalmente, o que de certa forma reduz os preços de vários produtos neste
sentido, bem como com relação a melhoria das redes de comunicação. Matura-
se técnicas computacionais, bem como em algoritmos de aprendizado,
envolvendo uma gama de bases de dados, referentes a otimização e
planejamento, melhorando a questão lógica e de probabilidades, expandindo a
geração automática de diagnósticos e planos, compreendendo imagens e
linguagem natural. “A área conseguiu finalmente concretizar algumas das
promessas feitas no seu início, logrando realizar computacionalmente atividades
que de fato parecem inteligentes”. (COZMAN, p. 34).
Desta maneira, são geradas reações tanto positivas como negativas,
otimistas e pessimistas, onde o aumento da produtividade pode ser
extraordinário, em outros casos, preveem-se a destruição da humanidade,
referenciando-se em abordagens amplamente contraditórias e distintas,
envolvendo perda de privacidade e de controle, prevalecendo o aumento da
desigualdade entre a humanidade, revelando-se em complexas determinações.
Todavia, decorre-se de variados modelos de futuro, onde o mundo é de
todos, e a inteligência artificial veio pra ficar, e garantir bem estar social a
humanidade, natureza e planeta terra, preservando vidas e um estado
democrático de direito, caminhando para o socialismo\comunismo, eliminando
as bases estruturais de exploração capitalista, onde a vida será plena e
confortável a todos os seres humanos, envolvendo uma organização racional e
consciente da sociedade, sobre o caos que se vive atualmente, e a necessária
preservação da natureza em vista da qualidade de vida, essencial ao planeta
com seus recursos finitos, de acordo com Cozman (2018).

174
A Inteligência Artificial hoje em desenvolvimento não tem condições de
planejamento em escala global nem de negociação sofisticada;
tampouco tem condições de assumir aparatos físicos que possam
realmente oferecer dano a populações de grande porte. (COZMAN,
2018, p. 35).

Contudo, a perda de controle e a invasão de dados e de privacidade são


vistas como aspectos negativos de avaliação, bem como decisões
discriminatórias, não havendo controle social, envolve-se a perda de
entendimento por parte da humanidade, relativas as decisões automáticas,
portando, seres humanos mal intencionados podem utilizar a inteligência artificial
em benefício próprio e causar danos irreversíveis a sociedade, conforme indica
Cozman (2018).
Havendo-se, atualmente falhas não humanas apresentadas, e todas as
máquinas estão sujeitas a falhar, podendo haver simultaneamente ameaças ao
trabalho, devido a capacidade cognitiva dos computadores, entretanto, a
sociedade necessita se reeducar, e novos empregos surgirão, onde deve-se
sobretudo, excluir a possibilidade de concentração de renda, representando um
dos piores problemas da sociedade há séculos, algo que deve ser
primordialmente evitado. “Enquanto a maior parte da humanidade estaria
competindo arduamente com as máquinas, um grupo pequeno poderia auferir
lucros extraordinários”. (COZMAN, 2018, p. 37). Desta forma, reunindo visões
pessimistas, acerca do desenvolvimento da inteligência artificial.

A Grande Utopia da Inteligência Artificial (GUIA) é, em essência,


simples. Máquinas realizam todo o trabalho repetitivo com
extraordinária precisão e produtividade, enquanto seres humanos
gastam algum tempo controlando o processo produtivo e
democraticamente debatendo como regular a sociedade, trabalhando
de forma prazerosa e dedicando tempo considerável à saúde e bem-
estar. (COZMAN, 2018, p. 38).

175
Neste sentido, opera-se de forma ética e democrática, de acordo com os
interesses humanos com justiça social, facilitando os diagnósticos médicos,
oferendo melhoras a sociedade de forma imensurável, promovendo melhor e
mais viável planejamento urbano e agrário. “Acoplado a um melhor planejamento
individual sobre opções de transporte, pode reduzir níveis de poluição e evitar
escassez de recursos; similares ganhos podem ser obtidos em todos os
aspectos da vida humana”. (COZMAN, p. 380).
Contudo, as máquinas podem operar atividades penosas, e os seres
humanos podem realizar atividades de seu interesse, facilitando a vida humana
em harmonia com a inteligência artificial, distribuindo riquezas e empregos,
havendo-se regras entre os seres humanos e as máquinas, sendo possível
predominar a democracia e a participação social, com distribuição de renda.
“Oferecendo programas de renda mínima para garantir que toda a população
tenha benefícios relativamente equânimes”. (COZMAN, p. 39).
Portanto, o uso das máquinas podem aumentar a produtividade,
elevando a riqueza geral da sociedade, melhorando a vida da humanidade em
geral, beneficiando as facilidades e melhorias em sociedade, ofertando mais
recursos de forma consciente, podendo-se reduzir a poluição, contudo, os
recursos públicos serão utilizados de forma mais consciente com o uso da
inteligência artificial, havendo maior controle social por parte da sociedade.
Sobretudo, deve-se haver uma legislação que proteja dados e o sigilo,
no entanto sem impedir a inovação. “Proibições genéricas baseadas em medos
abstratos só aumentarão a burocracia e reduzirão a produtividade. Uma boa
legislação deve incentivar o progresso e evitar as ameaças”. (COZMAN, p. 39).
Penetrando-se em diretrizes éticas, usufruídas através da inteligência artificial,
em favor da sociedade, com viés claro e ético, fundado na democracia e justiça
social necessárias ao bem estar social, socializando os meios de produção, onde
os casos mais complexos ficam a cargos dos seres humanos.
Desta maneira, reduzirá as falhas não humanas, dentro das mais
variadas atividades, representando uma sociedade onipresente, portanto,
transparente e justa, suprindo todas as formas de necessidades humanas
básicas, como moradia digna, trabalho com horas reduzidas e sem exploração
de classe, e bem estar social e preservação da natureza em um planeta finito.

176
Em uma sociedade com essas características, com menor pressão do
trabalho e melhor distribuição de riquezas, relacionamentos humanos
de qualidade poderão ocorrer naturalmente. Mesmo o uso de “amigos
artificiais” poderá ser útil para lidar com ocasionais episódios de solidão
ou de doença. Seres humanos poderão dedicar mais tempo a esportes,
artes, lazer. (COZMAN, 2018, p. 40).

Todavia, deve-se pensar na questão da distribuição de trabalho e de


riquezas, programando-se padrões elevados de educação e saúde, onde os
seres humanos possam evoluir de forma crescente. “A sociedade conseguirá
encontrar mecanismos de distribuição equânime de oportunidades que permitam
a todos manter sua relevância e dignidade”. (COZMAN, 2018, p. 40).
Contudo, é necessário abolir as mazelas sociais, e os alarmantes índices
de criminalidade e desigualdades, com usufruto da inteligência artificial,
primando pelo bem estar social e justiça, libertando-se de medos e preconceitos,
em busca da democracia, ética e participação social.

Pode ocorrer uma resistência corporativa tremenda à Inteligência


Artificial; leis podem ser promulgadas para impedir o avanço dessa
tecnologia ou para criar tanta burocracia que o avanço se torne
impossível. Nesse caso o país pode perder a oportunidade de
empreender na área, no futuro tornando-se importador da tecnologia.
Por exemplo, imagine que associações de médicos proíbam a análise
automática de radiografias: isso impedirá a existência de empresas no
Brasil com essa tecnologia, e em pouco tempo a população (grande
parte da qual hoje não tem acesso a médicos) poderá enviar suas
radiografias a outros países para análise. Outro exemplo: imagine uma
legislação que, no afã de evitar comportamento não-ético, torne
impossível qualquer teste de um dispositivo artificial que se comunique
com seres humanos. Ou ainda se pode tentar controlar o mercado de
trabalho, impedindo que a tecnologia floresça e que novas formas de
ocupação sejam criadas – nesse caso também podemos nos ver em
pouco tempo importando máquinas, bens e serviços de outros países,
enquanto nossa força de trabalho míngua devido a sua falta de
preparo. (COZMAN, 2018, p. 41).

Entretanto, necessita-se do entendimento e compreensão que a


inteligência artificial é barata, dependendo de boas ideias e formação,
promovendo qualidade de vida a população, onde não deve-se estancar tais
possiblidades.

177
Contudo, a produtividade eleva-se com o uso da inteligência artificial,
destacando-se a taxação redistributiva. “É preciso dar suporte à tecnologia e
regrá-la adequadamente, além de conduzir um debate sério sobre a forma mais
efetiva de distribuir riquezas geradas por inteligências artificiais”. Portanto, é
extremamente necessário focar-se nas formas de benefícios a sociedade,
através da inteligência artificial, promovendo bem estar social, prevenção de
doenças e justiça social, facilitando a existência humana em sociedade, sem
poluição e com harmonia social e socialização dos meios de produção, ou seja,
uma sociedade sem exploração de classes, desenvolvida e aprimorada.
O grande filósofo alemão Karl Marx, iniciou efetivamente sua trajetória
teórica em 1841, e com 23 anos recebeu o título de doutor em Filosofia pela
Universidade de Jena. As teorias de Marx sobre a sociedade, a economia e a
política. Dando ênfase ao Marxismo, onde é um método de análise
socioeconômico sobre as relações de classe e conflito social, adquirindo também
uma visão dialética de transformação social.

É, porém, com o estímulo provocado pelas formulações do jovem


Engels acerca da economia política que Marx vai direcionar as suas
pesquisas para a análise concreta da sociedade moderna, aquela que
se engendrou nas entranhas da ordem feudal e se estabeleceu na
Europa Ocidental na transição do século XVIII ao XIX: a sociedade
burguesa. De fato, pode-se circunscrever como o problema central da
pesquisa marxiana a gênese, a consolidação, o desenvolvimento e as
condições de crise da sociedade burguesa, fundada no modo de
produção capitalista. (NETTO, 2011, p. 17).

De acordo com Netto (2011), Marx adquiriu um profundo conhecimento


em seu trato com os maiores pensadores da cultura ocidental e de sua ativa
participação nos processos político-revolucionários de sua época, desta forma,
fazendo uma reelaboração crítica do acúmulo intelectual realizado a partir do
Renascimento e da Ilustração. Destacando em três linhas de força do
pensamento moderno: a filosofia alemã, a economia política inglesa e o
socialismo francês.

178
Cabe insistir na perspectiva crítica de Marx em face da herança cultural
de que era legatário. Não se trata, como pode parecer a uma visão
vulgar de “crítica”, de se posicionar frente ao conhecimento existente
para recusá-lo ou, na melhor das hipóteses, distinguir nele o “bom” do
“mal”. Em Marx, a crítica do conhecimento acumulado consiste em
trazer ao exame racional, tornando-os conscientes, os seus
fundamentos, os seus condicionamentos e os seus limites – ao mesmo
tempo em que se faz a verificação dos conteúdos desse conhecimento
a partir dos processos históricos reais. (NETTO, 2011, p.18).

Importante, evidenciar que Marx, foi muito elogiado e também criticado


por conservar seu pensamento crítico e com base ao capitalismo e a burguesia,
porém, ele é um dos filósofos mais influentes na história da humanidade. Muitas
pessoas foram influenciadas por suas ideias, muitos intelectuais, sindicatos e
partidos políticos em nível mundial. Pode-se dizer que Marx, sabia se posicionar
de frente ao conhecimento, obtendo seus fundamentos, condicionamentos e
também os seus limites. Foi avançando criticamente a partir do conhecimento
acumulado que Marx realizou a análise da sociedade burguesa, e tinha como
objetivo descobrir a sua estrutura e a sua dinâmica.
Discorrendo sobre o capitalismo, que é um sistema em que predomina a
propriedade privada e a busca constante pelo lucro e pela acumulação de capital,
que se manifesta na forma de bens e dinheiro, no seio da qual Marx viveu e
dentro da qual ainda vivemos, revela, perante análise, sua prodigiosa
complexidade. Todavia, o capitalismo amplia-se aos campos políticos, sociais,
culturais, éticos e etc.

Se o capitalismo não é senão um fragmento de uma curva muito mais


vasta percorrida pela humanidade, se é um processo histórico, social
e objetivo, compreendemos por que a descrição psicológica dos
indivíduos permanece na superfície e na aparência. Não que seja falsa,
mas somente superficial. Torna-se falta somente a partir do ponto em
que se deseja tornar explicativa. Compreende-se também porque esta
informação econômico-social particular, o capitalismo, não se deixa
conhecer racionalmente senão por aqueles que a recolocam no devir,
isto é, a luz da história. Em outras palavras, por aqueles que encaram
seu nascimento, seu crescimento, seu apogeu, seu declínio e sua
desaparição; por aqueles, assim, que a determinam no conjunto (na
totalidade) de seu processo. A estrutura dialética (contraditória) do
capitalismo é descoberta a partir do momento em que se cessa de
isolar certos fatos, batizando-os com nomes pomposos: fatos
econômicos, fatores econômicos, atividades econômicas, etc.
(LEFEBVRE, 2009, p.79).

179
Com o crescimento da burguesia, ela representou uma máxima
expressão das desigualdades socioeconômicas. Tendo como objetivo do
capitalista, a obtenção de lucros cada vez maiores e acumulação de riquezas, e
esses lucros são decorrentes do trabalho dos proletários através dos meios de
produção. Ocorrendo desta forma, o enriquecimento de uma pequena parcela
da população, e o empobrecimento das camadas mais baixas.
De acordo com Lefebvre (2009), há algumas consequências da
necessidade que assume para o capitalista individual a forma ilusória de sua livre
iniciativa. De modo com que ele modernize os seus equipamentos, adquirindo
máquinas para produzir a mesma coisa, porém, obter uma produção ainda maior
com a mesma mão de obra. Diante disto, ele vai arruinar seus concorrentes, ou
então eles também serão obrigados a modernizar suas fábricas. Pode-se dizer
que, obtém um “progresso” econômico, um desenvolvimento de forças
produtivas, mas as falências e a grande miséria para com os operários.

O trabalho não perde nunca seu caráter social: é sempre o conjunto do


trabalho, da produtividade média de uma dada sociedade que se
manifesta através dos produtos. Mas, no seio de toda sociedade
fundamentada sobre o escambo, o produtor se encontra
simultaneamente isolado e em ligação com os outros, tendo o mercado
como seu intermediário. O trabalho é ao mesmo tempo social e
separado da sociedade (privado e alicerçado sobre a propriedade
privada). O caráter social que o trabalho não pode perder se
restabelece de uma forma que, novamente, escapa ao controle e à
vontade, de uma maneira indireta, global, mediana e estatística,
portanto brutalmente objetiva e destrutiva dos indivíduos. Como nos
disse Marx, o junto do trabalho social se estabelece como troca privada
dos produtos do trabalho. (LEFEBVRE, 2009, p. 86).

O trabalho é a atividade por meio da qual um indivíduo produz a sua


própria existência. A propriedade privada, o trabalho assalariado, o sistema de
troca e uma determinada visão social do trabalho, desta forma, pode-se afirmar
que o trabalho se transforma em uma mercadoria em que pode ser comprada e
vendida. O assalariado se encontra privado dos meios de produção e separado

180
deles, mesmo que execute uma função essencial no processo do trabalho social,
e assim, não tem outro recurso senão o de vender ao capitalista a sua força de
trabalho, de acordo com Lefebvre (2009).

A sociedade burguesa formou-se, portanto, em um momento dado da


história, com base em um certo desenvolvimento das forças produtivas.
A burguesia teve uma missão histórica: desenvolver as forças
produtivas ao quebrar os entraves do modo de produção anterior. Mas,
depois, o modo de produção capitalista tornou-se, por sua vez, um
empecilho ao desenvolvimento das forças produtivas, entrou em
conflito permanente com elas – um conflito que ainda deve ser
resolvido. A missão histórica da burguesia já está terminada: é uma
classe em declínio, que só consegue defender-se por meio da violência
e das artimanhas. As condições que permitiram sua dominação
desapareceram e estão superadas. Cabe ao proletariado agente a
missão histórica de resolver o conflito: colocar em acordo o modo de
produção e as forças produtivas prodigiosamente ampliadas.
(LEFEBVRE, 2009, p. 91).

Marx, defendia também, a ideia de que seria necessário a união das


classes oprimidas, no que ele chamava de Revolução Socialista. Tendo a ideia
em que os indivíduos proletariados se juntassem para tomar, através da luta, os
meios de produção e os poderes absolutos do Estado. Assim, eles iriam poder
representar os interesses de todos, tornando a sociedade mais justa para as
classes mais baixas. Essa revolução seria um meio para se estabelecer o
comunismo como modelo de sociedade, e entraria em cena para derrubar o
capitalismo e poder absoluto dos burgueses.
Segundo Dwier (2001), as experiências proporcionadas pela inteligência
artificial são preponderantes, no sentido das pesquisas e extensão do
conhecimento, podendo modificar de forma concisa a base constituída entre
professor e aluno, aprofundando o dinâmica da pesquisa em torno do
conhecimento. Abrange-se contudo uma questão de anticiência e do
obscurantismo, diante dos saltos evidentes da ciência e do desenvolvimento da
inteligência artificial atualmente.

O advento de revolução informacional nas Ciências Sociais, por


colocar professores, pesquisadores e alunos em contato com um
amplo universo de informações, ameaça os defensores do

181
obscurantismo e, talvez por isso, do mesmo modo que a generalização
da alfabetização no passado, seja tão combatida. (DWIER, 2001, p.
59).

Entretanto, a revolução informacional, apresenta novos recursos a


sociedade, em vista da promoção do bem estar social, e redução das expressões
da questão social, revelando-se novos campos de pesquisa, no tocante a
genética, novos meios tecnológicos, interações, promovendo inúmeras
transformações benéficas a humanidade.
Permite-se, com a inteligência artificial, fazer mais em menos tempo, de
acordo com Dwier (2001), e com maior qualidade neste processo, contudo, a
informatização facilita em vários aspectos a vida dos indivíduos em sociedade,
melhorando e viabilizando as formas de interação e acesso a dados, fazendo-se
produzir respostas mais rápidas e eficazes aos problemas analisados.
Todavia a inteligência artificial permite, “a catalogação automatizada de
palavras em linguagem natural, imagens, conceitos e codificações
desenvolvidos pelo pesquisador”. (DWIER, p. 60). Desta maneira
potencializando o conteúdo.

Essas tecnologias informacionais replicam várias atividades


mecânicas e rotineiras do pesquisador e, porque permitem ao
pesquisador pedir comparações sistemáticas e econômicas entre
diversas categorias de dados, ajudam-no a classificar seus dados, a
interconectar classes de dados e, a partir disso, a perceber a
frequência, forma e conteúdo de certas relações entre classes de
dados. Não apenas uma parte do suor e da chatice deste tipo de
pesquisa é eliminado, mas também a qualidade da pesquisa aumenta
porque permite comparações sistemáticas a serem feitas (sem gastos
excessivos de tempo e recursos) de modo a testar noções e hipóteses.
Assim, a informatização aumenta nossa capacidade de cruzar
informações, construir e reformular conceitos à luz do progresso na
análise, bem como teorizar de maneira indutiva. (DWIER, 2001, p. 60).

Entretanto, possibilita-se a aceleração de pesquisas e as facilidades


encontradas são incríveis, em vista do uso da inteligência artificial, sendo
possíveis algo que até então eram inimagináveis, algo que vem crescendo em
sociedade, bem como ao enorme número de dados existentes.

182
Portanto, armazenam-se dados e informações de forma qualitativa e
quantitativa, melhorando as pesquisas e as formas de análise, permitindo a
melhor avaliação possível, sabendo-se, inexoravelmente interpretar o objeto de
pesquisa, tendo desta forma, significado para a ciência, de acordo com Dwier
(2001).
Contudo, pensa-se em como pessoas sem uma adequada formação
teórica podem utilizar a inteligência artificial, sendo necessário ampliar esforços
na socialização do conhecimento e da programação adequada da inteligência
artificial, “a crescente informatização de registros e outros dados sobre múltiplos
aspectos da vida social transforma a estrutura básica do sistema de
aprendizagem em ciências sociais”. Sendo o professor um orientador de seu
aluno em busca de conhecimento e da pesquisa.

A Inteligência Artificial é definida como: a capacidade de um


computador digital ou aparelho robótico controlado por um computador
a cumprir tarefas normalmente associadas com processos intelectuais
superiores, caraterísticas de seres humanos tais como capacidade de
raciocinar, descobrir significados, generalizar ou aprender a partir de
experiências do passado. Se usa a expressão para se referir aquele
ramo da ciência da computação que cuida do desenvolvimento de
sistemas dotados com tais capacidades. (DWIER, 2001, p. 62).

Analisa-se fenômenos sociais através da inteligência artificial, conforme


expõe Dwier (2001), construindo-se teorias e análise de dados, em vista de uma
representação da vida em sociedade, simulando comportamentos humanos em
certos contextos, avançando em técnicas e pesquisas.
Contudo, a inteligência artificial pode auxiliar pessoas a perderem peso,
bem como em tratamento para depressão, facilitando a abertura das pessoas
com as máquinas através da IA, melhorando diversos índices e formas de vida
em sociedade.

Esse tipo de tecnologia informacional copia a atividade humana,


reproduz artificial e rapidamente atos rotineiros de pesquisadores, tais
como classificação ou codificação de dados qualitativos, atos que
teriam que ser executados manualmente se estas tecnologias não

183
existissem. Uma vez classificados os dados, o pesquisador tem a
responsabilidade de aceitar, modificar ou rejeitar as classificações
antes de proceder à análise dos resultados. (DWIER, 2001, p. 68).

Contudo, a compreensão do mundo passa a ser interpretativa e através


de múltiplas informações, onde o professor auxilia seu aluno neste sentido, de
buscar e propor alternativas de mudança social utilizando-se da inteligência
artificial, em vista da geração de novas hipóteses possíveis para o mundo
contemporâneo.
Ernesto Guevara, mais conhecimento como Che Guevara, foi um grande
revolucionário marxista, também era médico, guerrilheiro, diplomata e teórico
militar argentino. Foi uma figura importante da Revolução Cubana, seu rosto
estilizado, tornou-se um símbolo contracultural de rebeldia e insígnia global na
cultura popular.

Assim, será encontrada, nos escritos de Che, uma compreensão lúcida


e desprovida de ilusões do estatuto e do papel dessa burguesia
nacional latino-americana, em que sublinha a aliança político-social
com os grandes latifundiários – aliança que constitui a oligarquia
dominante na maioria dos países do continente – e os seus estreitos
laços econômicos, políticos, ideológicos e militares com o imperialismo
estadunidense. Isso não significa que não possam existir contradições
secundárias entre essa burguesia local e os grandes trustes
estadunidenses. Mas, em última análise, ela teme mais a revolução
popular que a opressão despótica dos monopólios estrangeiros que
colonizam a economia. Por essa razão, “a grande-burguesia não hesita
em se aliar ao imperialismo e aos latifundiários para lutar contra o povo
e impedir o caminho da revolução. (LOWY, 2003, p.108).

Importante dizer que, essa análise do comportamento da burguesia


latino-americana se parece muito com a que Marx fazia, em 1844, da burguesia
alemã que era conservadora quando devia ser revolucionária, tímida quando
devia ser ousada, e que tinha mais medo do povo que da monarquia feudal que
devia combater, segundo Lowy (2003).

184
Guevara compreendera perfeitamente que um 1789 latino-americano
seria impossível: na era da revolução socialista e do declínio mundial
do imperialismo, as burguesias que chegaram atrasadas ao palco da
história não podem constituir senão uma força fundamentalmente
conservadora. Isso se tornou particularmente evidente na América
Latina após a Revolução Cubana, que polarizou o campo da luta de
classes: “A Revolução Cubana deu o sinal de alarme (...). As
burguesias nacionais se uniram ao imperialismo na sua grande maioria
e deverão ter a mesma sorte que ele em todos os países. A polarização
das forças antagonistas de adversários de classe é agora mais feroz
que o desenvolvimento das contradições entre exploradores para a
repartição dos despojos. Existem dois campos: a alternativa é cada vez
mais clara para cada indivíduo e para cada camada da população.
(LOWY, 2003, p. 109).

Defendendo assim, que deve haver uma revolução pela qual a classe
operária toma para si os meios de produção e o governo, suprimindo a burguesia
e os seus meios de hegemonia e manutenção do poder. Deveria ser criado um
Estado forte, com um governo chamado de socialista, que acabaria com a
propriedade privada e controlaria toda a propriedade em nome da população
formando Estado do proletariado. De certa forma, a tendência, defende o sistema
marxista, é que aos poucos, a diferença de classes sociais deixaria de acontecer,
pois, as classes seriam suprimidas, formando uma população economicamente
homogênea por meio da igualdade social. O fim desse processo, de igualdade
plena, seria o comunismo, que pode ser considerado uma utopia, pelo fato de
que até hoje, não foi concretizado.
De acordo com Mota (1994), a conjuntura política e econômica brasileira
deve ser objeto de estudo frequente, levada a setores antagônicos da sociedade,
necessitando-se ganhar as ruas na luta por direitos e melhorias das condições
de vida, contudo, os movimentos progressistas, voltados para o fortalecimento
da classe trabalhadora, devem inexoravelmente unirem-se e organizarem-se,
visando um projeto social alternativo ao que se define atualmente, com a rica
utilização da inteligência artificial.
Portanto, constata-se imensos retrocessos ao Brasil devido ao período
militar implantado a partir de 1964, a mando do EUA, fortalecido pela crise global
do capitalismo, onde as alianças para sair da crise, revelaram a implementação
do ideário neoliberal, vigente em tempos atuais, devendo-se ser
imperativamente superado, de acordo com Mota (1994).

185
Portanto, o projeto socialista deve reestruturar-se em tempos
contemporâneos, utilizando-se, sobretudo, da inteligência artificial em
proporcionar justiça social e preservação da natureza, em volto da
sustentabilidade ambiental e qualidade de vida a toda a população.
Desta maneira, evidencia-se questões relativas as expressões da
questão social, envolvendo desemprego e corrupção, segundo Mota (1994),
todavia, expressões como o fim da história assombra a sociedade, necessitando-
se de uma real problematização.

Nesse sentido, o discurso da crise ou sobre a crise é formador de uma


cultura política que rebate no esgarçamento de referenciais teóricos,
políticos e ideológicos que permitem indicar alternativas a ordem do
capital. (MOTA, 1994, p. 57).

Contudo, a barbárie capitalista neoliberal deve ser denunciada pela


classe trabalhadora, no intento da transformação social, em lutas contra o
desemprego, pela ética em todos os espaços e contra os massacres contra os
trabalhadores, desempregados e demais grupos sociais em evidência na luta por
direitos sociais, políticos e humanos.
Desta forma, trata-se da solidariedade humana entre todos os povos,
utilizando-se da inteligência artificial em remodelar a sociedade, organizando
alternativas viáveis, desconcentrando renda, e caminhando para o sistema
político, econômico e cultural socialista\comunista, implantando de fato a justiça
social e a democracia entre os povos, preservando natureza e sociedade em
plena união e organização social, conforme aponta Mota (1994).
De acordo com Castro (1960), para enfrentar esta luta decisiva pela
sobrevivência da nossa civilização, temos desde já que aplicar todo o nosso
esforço e ação em função da verdade, reconhecendo os grandes erros
cometidos e apontados as contradições, as incoerências e as inconsistências da
atual conjuntura econômica e social do mundo.

186
Um dos fatores mais constantes e efetivos das terríveis tensões sociais
reinantes é o desequilíbrio económico do mundo, com as resultantes
desigualdades sociais. Constitui um dos maiores perigos para a paz,
para a tranquilidade da ordem, o profundo desnível econômico que
existe entre os países economicamente bem desenvolvidos de um
lado, e, de outro lado, os países insuficientemente desenvolvidos.
Desnível que se vem acentuando cada vez mais, intensificando as
dissensões sociais e gerando a inquietação, a intranquilidade e os
conflitos políticos e ideológicos. (CASTRO, 1960, p. 19).

Ressalta-se que a desigualdade social é um problema social e que está


presente em todos os países do mundo. Decorrendo, da má distribuição de
renda, da falta de investimento na área social, como educação e saúde, falta de
oportunidades de trabalho e corrupção. Desta maneira, a maioria da população
acaba ficando à mercê de uma minoria que detém os recursos, gerando assim,
as desigualdades.
Segundo Castro (1960), uma das evidências que distancia
economicamente e separa os povos do mundo em dois grupos diferentes, basta
referir alguns dados estatísticos recolhidos pela O.N.U. e referente as rendas
nacionais. De acordo com estes dados os 19 países mais ricos, contando apenas
16% da população do mundo, usufruem mais de 70% da renda mundial. Em
contraste, os 15 países mais pobres, onde vivem mais de 50% dos efetivos seres
humanos, recebem menos de 10% da renda mundial. Diante destes dados, é
possível refletir sobre a péssima distribuição de rendas no mundo, e que estão
concentradas nas mãos de uma pequena minoria, enquanto muitos indivíduos
vivem no regime de miséria absoluta e degradação humana.
É necessário uma grande mudança para o desenvolvimento e a melhoria
da desigualdade social, visto que é algo que precisa ser melhorado a muitos
anos. Distribuindo a concentração de riquezas, oferecendo oportunidades de
empregos, melhorias na área da educação e da saúde, visando o bem estar de
todos em sociedade, em geral das famílias que vivem sobre extrema miséria.
De acordo com Lacoste (1988) o desenvolvimento da espacialidade
diferencial vinculado as transformações econômicas, sociais, culturais e
políticas, envolve-se representações espaciais, relacionadas as diversas
práticas, contudo, impostas pela mídia de massa, incorporando e impregnando
um determinado tipo de opinião burguês, conservador e alienante.
187
Todavia, trata-se do espirito das pessoas, dificultando encontraram-se
em sociedade, necessitando-se da multiplicação dos movimentos sociais da
classe trabalhadora em prol da transformação social, propiciando uma visão
mais clara acerca da exploração do capital imperialista, sendo necessário as
ideias no âmbito da espacialidade diferencial, segundo Lacoste (1988).
Todavia, abrange-se uma certa configuração espacial, “cada um desses
conjuntos espaciais é constituído por elementos que guardam entre si, relações
mais ou menos complexas”, (LACOSTE, p. 189). Vincula-se a questão da
orientação, a movimentação diária da população, como ir trabalhar, o
deslocamento, sobretudo, em organizar uma estratégia de supere as formas
atuais de exploração capitalista.
Constituindo-se um instrumental imprescindível ao pensar e se
expressar em sociedade, utilizando-se de um número elevado de conjuntos
espaciais, tratando-se da questão do território e das relações de poder
engendradas neste processo.
Apresenta-se grandes diferenças de riquezas, de acordo com os meios
sociais, sobretudo, sob o comando das classes dirigentes, conforme indica
Lacoste (1988), contudo, nas classes desfavorecidas tudo é mais confuso e
menos diferenciado, configurando-se grandes desigualdades de eficácia social,
“há àqueles que sabem conceber sua ação sobre vastos espaços e que tem os
meios, e há os azarados, que, no sentido próprio, não sabem mais onde eles
estão”. (LACOSTE, p. 190).
Todavia, pensar o espaço é essencial para uma convivência harmônica
em sociedade, usando dos benefícios da inteligência artificial, apreendendo a
espacialidade diferencial, conforme apresenta Lacoste (1988), clarificando a
influência da mídia sobre a população mais alienada, caracterizando as
evidentes polarizações sociais, sobretudo, acerca da desigualdade social
alarmante, engendrando novas configurações espaciais, envolvendo um
instrumental conceitual significativo.
De acordo com Arcary (2011), o movimento operário estava dividido,
então, em uma ala abertamente reformista, portanto, nacionalista; uma corrente
revolucionária, portanto, internacionalista; e um campo centrista, também,
minoritário.

188
Um bom critério para ordenar debates entre marxistas é reconhecer
que existem discussões que a história resolveu, e outras que
permanecem inconclusas. O tempo demonstrou, por exemplo, que a
ex-União Soviética não estava em transição ao socialismo. Fosse qual
a natureza das relações sociais daquele modo de produção pós-
capitalista, uma controvérsia histórica e teórica que foi, em seu tempo,
decisiva – Estado socialista ou operário ainda, mas burocraticamente
degenerado; Estado burocrático; uma variante de capitalismo de
Estado; ou outras – não restam dúvidas que a União Soviética não
estava construindo uma sociedade mais igualitária. (ARCARY, 2011,
p. 146).

Pode-se considerar encerrada a polêmica sobre a possibilidade de uma


passagem nacional ao socialismo, mesmo em Estados plurinacionais de
dimensões continentais como a URSS e a China. Se a transição do feudalismo
ao capitalismo na Europa só foi possível a escala de um continente que reunia a
maior parte dos Estados mais desenvolvidos, era uma fantasia ideológica
imaginar que seria possível uma via para o socialismo dentro de fronteiras
nacionais, em plena era de mercado mundial e sistema internacional de Estados,
conforme afirma Arcary (2011).
Importante constatar que, houve duas conclusões irredutíveis, como
todas as experiências revolucionárias anticapitalistas, por maiores que tenham
as suas conquistas iniciais, viram os esforços de transição socialista bloqueados,
e os Estados que surgiram das vitórias revolucionárias foram usurpados por
aparelhos burocráticos privilegiados. Ou porque a vaga revolucionária mundial
em que estavam inseridos foi derrotada, ou porque triunfaram em países
econômica, social e culturalmente muito atrasados, ou até mesmo, pelo seu
isolamento nacional.
Segundo Arcary (2011), todos os governos de partidos reformistas que
chegaram ao poder através de eleições, tanto nos países centrais quanto na
periferia dependente, tampouco conseguiram qualquer êxito em construir uma
passagem ao socialismo, ao contrário, contribuíram com a administração do
capitalismo.
Segundo o relatório da CIA (2006), destaca-se que mesmo com os
avanços tecnológicos e científicos, pelos anos até 2020, as disparidades sociais
permanecerão, contudo, é o que avista-se atualmente em várias partes do

189
mundo, conforme pontuado no presente texto, sendo extremamente necessário
o repensar para uma nova forma de sociedade, através da inteligência artificial
e justiça social.
Todavia, as taxas de analfabetismo reduzirão entre pessoas de 15 anos
ou mais, entretanto serão 17 vezes maiores nos países pobres e em
desenvolvimento, em comparação com os países centrais desenvolvidos,
comprovando a alienação propagada pela classe burguesa em manter a pobreza
em seus patamares desescolarizados e como analfabetos políticos, de acordo
com o relatório da CIA (2006), para os anos de 2020.
Sobretudo, as mulheres serão ainda mais analfabetas conforme expõe
o relatório, sendo duas vezes maiores que os homens. “No entanto, de acordo
com as projeções do censo norte-americano, mais de 40 países – inclusive
muitas nações africanas, da Ásia central e a Rússia – devem ter uma expectativa
de vida menor em 2010 do que tinham em 1990”. (CIA, 2006).
Contudo, o prognóstico é de que a mulher conseguiu conquistar mais
direitos, abrangendo educação, participação política e igualdade profissional, em
boa parte do mundo, entretanto, os preconceitos permanecerão, em todas as
partes do mundo. “Embora a participação da mulher na força de trabalho mundial
tenda a continuar crescendo, as diferenças salarias e disparidades regionais
devem persistir”. (CIA, 2006).
Desta maneira, reforça-se os padrões patriarcais de existência cultural,
subordinando a mulher ao homem, de forma amplamente preconceituosa,
perpetuando-se o poderio do homem burguês e do modelo de família nuclear
dominante, desvalorizando as inúmeras formas de configuração familiar atual.
De acordo com a CIA (2006), é imprescindível amplas reformas que
abarque um bom governo e baixos índices de desemprego, em volto a um
sistema democrático participativo, permitindo inclusão social, onde a inteligência
artificial torna-se perfeitamente cabível e utilizável, ao melhorar a vida dos seres
humanos em possível harmonia social, com justiça e democracia.
A exploração pela criminalização das camadas mais pobres e negras em
nossa sociedade ainda é muito marcada no Brasil. De acordo com Sampaio
(2016), mais de dois terços da nossa história foram dominados pelo sistema
escravagista e a abolição da escravidão, onde muitos homens e mulheres foram
vítimas, sendo explorados e excluídos durante muitos anos.

190
Ressalta-se que a nossa cultura colonial não mudou suas forças e
relações de poder não se transforam, visto que, isto pode ser observado nos dois
pontos atuais, onde nossa sociedade é estruturalmente racista, preconceituosos,
com relação de cor e gêneros sexuais, onde a sociedade é classista, separando
os pobres dos ricos, e os negros dos brancos.

A independência não estar ligada a descolonização gerou uma


instabilidade democrática no Brasil que é semelhante a outros países
que também foram colonizados, tanto na América Latina quanto na
África. Adotaram-se quase sempre regimes de governo que foram
impostos pelos colonizadores, e, em geral, não se construíram
democracias a partir das identidades, diferenças e proximidades que
levassem a escolha de um sistema que melhor se adequasse aos
interesses dos povos e das etnias de cada fronteira nacional,
demarcadas arbitrariamente, e que respeitassem as histórias dos
povos de cada região. Essa mesma dinâmica sempre esteve presente
nas opções educacionais. Historicamente, no Brasil, moldou-se uma
educação sempre pensada para justificar e ampliar as desigualdades
e conservar os lugares já conquistados pelas elites. (SAMPAIO, 2016,
p.146).

De acordo com Sampaio (2016), no último século, houve três golpes de


Estado no país e, em menos de trinta anos de Nova República, dois presidentes
sofreram processo de impeachment. Em relação a isto, pode-se observar uma
grande mudança na democracia do Brasil, ligando-se a nossa história e as
formas como lidamos com as crueldades que ocorreram desde a escravidão e
as torturas que foram praticadas durante a ditadura miliar, e que infelizmente,
ainda acontecem nas periferias.
Segundo Sampaio (2016), as políticas de acesso e expansão
universitárias também foram grandes vitórias para o movimento estudantil. E
felizmente, graças as políticas públicas de acesso, o número de estudantes
universitários vem aumentando a cada ano, desta forma diminuindo aos poucos
com a desigualdade de oportunidade para acessar o ensino superior, visto que
muitos não tinham tantas oportunidades igual temos hoje, onde a minoria ainda
conseguiam finalizar o ensino médio. O Estado tem o dever de garantir o acesso
e a assistência estudantil para todos os alunos, assim, garantindo que a

191
educação seja uma forma de independência para a sociedade, e sendo uma das
principais prioridades, em relação as políticas públicas.

A jovem democracia brasileira se demonstrou frágil, mas a força e a


criatividade da juventude apontam para a consolidação de novos meios
de se fazer política, priorizando o combate ao machismo, ao racismo e
a lgbtfobia. Hoje desponta uma juventude que luta por uma educação
emancipadora e de qualidade para todos e todas, como jovens,
mulheres, LGBTs, indígenas e negros na linha de frente dos processos.
É a partir daí, com uma construção coletiva baseada na diversidade
que existe em nosso país, que podemos construir um sistema político
realmente democrático e fortalecido. (SAMPAIO, 2016, p.149).

É preciso construir um sistema político muito mais democrático e


fortalecido, com ênfase aos jovens que estão em linha de frente para combater
a todos os preconceitos, como o machismo onde mulheres também tenham os
mesmos direitos que os homens e tenham voz ativa, ao racismo contra os negros
e indígenas e os preconceitos a homossexuais, lésbicas, e entre os LGBTs.
Onde todos estão demonstrando força e coragem para combater este meio que
atinge nossa sociedade, em busca de melhorias para construir uma sociedade
onde todos possam ter seus direitos, sem sofrer algum tipo de ameaça, onde a
diversidade que existe em nosso país, não seja nenhum tipo de preconceito ou
de problema, mas sim, de união e paz entre todos.
Segundo Cóbe (2020), após mais de 60 anos de evolução da inteligência
artificial, preponderou-se a aceleração e o desenvolvimento nesta seara de
conhecimento científico e tecnológico, produzindo inúmeras possiblidades a
humanidade, principalmente se todos os países a adotarem amplamente,
visando estratégias de emancipação humana e social, bem como a necessidade
do Brasil intensificar este processo, em vista da redução e abolição das
desigualdade, visando democracia, geração de trabalho e renda a população,
construindo políticas públicas eficazes, em torno da inteligência artificial,
podendo significar atraso, caso não atue de forma eficaz neste ínterim.
A inteligência artificial vem promovendo mudanças significativas na
sociedade contemporânea, devendo-se atentar para tal tipo de progresso

192
científico, em vista da redução de índices alarmantes de criminalidade, e
expressões da questão social gritante.

A IA atualmente compreende diferentes áreas que incluem


aprendizado de máquina, visão computacional, processamento de
linguagem natural, reconhecimento de padrões em imagens, robótica,
entre outras. Os avanços recentes em IA têm viabilizado a criação e o
aperfeiçoamento de aplicações que vão desde veículos autônomos,
diagnóstico médico, assistência física a deficientes e idosos, à
segurança pública e indústria de entretenimento. As técnicas de IA,
associadas à abundante quantidade de dados digitais e ao onipresente
poder de processamento paralelo entregue pela computação na
nuvem, deverão, sem dúvida, suprir a alta demanda pública por
serviços digitais inovadores. (COBÉ, 2020, p. 39).

Contudo, a inteligência artificial permite construir soluções em uma


ampla variedade de problemas, conforme indica Cóbe (2020), promovendo
melhorias socioeconômicas imprescindíveis a sociedade, com a promoção de
políticas públicas eficientes, e pessoas engajadas em melhorar o mundo,
traduzindo-se em aspectos éticos, técnicos e de recursos humanos.
Entretanto, na maior parte das pesquisas realizadas, apresentam-se
dados que a IA terá um enorme impacto a nível mundial, podendo trazer
benefícios imensuráveis a população mundial se organizada e democratizada a
todos. Ressalta-se que os Emirados Árabes Unidos destaca-se como a primeira
nação a implantar um Ministério da Inteligência Artificial.
Todavia, a inteligência artificial vem modificando os negócios de várias
empresas mundo afora, causando impactos benéficos em sua forma de atuação,
de acordo com Cóbe (2020), elevando-se as oportunidades e melhorando as
relações sociais existentes. “Vários países já reconheceram o papel essencial
que a IA terá no desenvolvimento da sociedade nos próximos anos”. (CÓBE,
2020, p. 40).
Contudo, 43 países abordam a IA como estratégia nacional de
desenvolvimento, e permanece crescente este número, abrangendo planos
específicos para tal demanda, incentivando pesquisas, desenvolvimento e
inovação, bem como os efeitos políticos, econômicos, sociais e éticos, conforme
aponta Cóbe (2020), entretanto, outros países veem a IA como vinculada a

193
quarta revolução industrial ou tecnologias disruptivas, como é o caso do Brasil,
em constante atraso e retrocesso.
Porém, encontram-se limites éticos e padrões internacionais que
definem o uso da IA em benefício da humanidade, envolvendo princípios e
valores na área ética, orientando o desenvolvimento, implantação e organização
da IA, de acordo com Cóbe (2020).
Ressalta-se, a importância da IA para o desenvolvimento mundial,
abrangendo estratégia e a adoção de políticas públicas eficazes para sua
implantação, bem como, que o Brasil elabore uma política de Estado consistente,
para não perder as oportunidades latentes com relação ao mundo globalizado,
podendo desta forma potencializar as demandas do país, em vista do bem estar
social e da democracia.
Sobretudo, é urgente a implantação de políticas públicas relativas a IA,
podendo elevar as desigualdades a nível mundial. “Segundo estimativas da
consultoria PwC, a inteligência artificial pode adicionar até US$ 15,7 trilhões à
economia mundial até 2030, aumentando em 14% o PIB”. (CÓBE, 2020, p. 41).
Portanto, avalia-se que até 2030, um terço da mão de obra mundial será
substituída por robôs, sendo extremamente necessário repensar a sociedade
atual, em vistas do progresso, e do mundo para todos, desta maneira, o Brasil
deve avançar progressivamente neste sentido, em vista da melhoria das
condições de vida de seu povo.

Em estudo recente, o McKinsey Global Institute realizou a separação


de empresas em grupos que serão capazes de absorver as
ferramentas de IA nos próximos cinco a sete anos (front-runners) e
aquelas que não serão capazes de adotar essas tecnologias até 2030
(laggards). Quando se leva em consideração o fluxo de caixa (benefício
econômico obtido menos investimento associado e custos de
transição), as empresas que estiverem na vanguarda se beneficiarão
de forma significativamente maior: até 2030 seu fluxo de caixa deverá
dobrar. Por outro lado, os retardatários nessa corrida podem ter um
declínio de 20% em seu fluxo de caixa atual. Dessa forma, uma lacuna
que hoje é de aproximadamente 10% entre os front-runners e os
laggards, segundo a simulação irá atingir em 2030 por volta de 145%.
(CÓBE, 2020, p. 41).

194
Destarte, o interesse por inteligência artificial vem crescendo de forma
exorbitante, e alguns países adotaram estratégias para acelerar este processo,
visando impulsionar o desenvolvimento, abarcando políticas governamentais
coordenadas, maximizando os benefícios e minimizando os custos econômicos
e sociais em seu processo de desenvolvimento, conforme expõe Cóbe (2020),
podendo-se potencializar o desenvolvimento e progresso de um determinado
país com as inovações proporcionadas pela IA em sua era contemporânea.
Portanto, além dos inúmeros benefícios da IA, cabe ressaltar seus
efeitos nocivos, no processo de automatização da força de trabalho, sobre os
ecossistemas de dados mais seguros, e os princípios éticos necessários,
norteando pesquisas e o desenvolvimento de sistemas autônomos,
predominando o conceito de justiça social, essencial nesta gama de
conhecimento científico e tecnológico.
Sendo, desta forma, urgente políticas públicas no campo da IA, ou seja,
é necessário desenvolver-se neste sentido, em vista de uma ampla
desvantagem já percebida a nível mundial, podendo não ser recuperado no
futuro, causando regresso quanto ao desenvolvimento econômico envolvendo a
segurança do brasil, bem como sua soberania, conforme indica Cóbe (2020).
Contudo, nos últimos três anos mais de 40 países organizaram grupos
de trabalho envolvendo estudos na área da IA, abrangendo estratégias nacionais
de progresso e desenvolvimento, no intendo de implantar políticas públicas em
torno da inteligência artificial, elaborando-se estratégias nacionais, engendrando
uma estratégia digital mais ampla em determinados países.

De um modo geral, algumas áreas são recorrentes na formulação das


políticas apresentadas nos documentos. São elas: pesquisa científica,
desenvolvimento de talentos, desenvolvimento de habilidades,
industrialização, ética, infraestrutura digital e de dados, serviços
governamentais e inclusão. No entanto, cabe destacar que cada
estratégia possui elementos particulares. Assim, a análise transversal
de todas as estratégias, ainda que desejável, implica a relativização de
elementos importantes a cada estratégia individualmente. (CÓBE,
2020, p. 42).

195
Entretanto, em muitos locais, visa-se o processo de industrialização,
enquanto prioridade estratégica. Contudo, atualmente existem o conceito de
indústria digital ou indústria 4.0. Relaciona-se a chamada quarta revolução
industrial, com expansão da internet e da inteligência artificial em constante
progresso e intensificação.

FONTE: CÓBE, 2020, p. 43.

Desta forma, verifica-se a importância da IA a nível mundial globalizado,


envolvendo cadeias de valores e modelos de negócios por meio da digitalização,
abrangendo pesquisa científica no tocante ao desenvolvimento da Inteligência
Artificial, prevendo-se orçamentos específicos, fortalecendo a pesquisa e o
desenvolvimento de talentos, buscando potencializar a quantidade de
pesquisadores na área da IA, fomentando um ecossistema robusto e atrativo a
novos talentos.

196
Portanto, a construção de políticas púbicas incentivando tais pesquisas,
é essencial para o desenvolvimento dos países, bem como grupos de trabalho e
relatórios com propostas aos governos, abrangendo fatores éticos, normativos,
socioeconômicos e do crescente uso da inteligência artificial, segundo Cóbe
(2020).
De acordo com Cóbe (2020), os EUA é o país que possui maior número
de documentos publicados sobre sua estratégia nacional de desenvolvimento de
IA. Além de direcionar agências federais a adotarem múltiplas abordagens para
o avanço da inteligência artificial, como promoção de investimentos em pesquisa
e desenvolvimento, acesso qualificado a infraestruturas cibernéticas e dados e
remoção de barreiras regulatórias.
Em relação aos países, em questão desta tecnologia, a China também
faz parte desta relação. Na visão do presidente da China e seus líderes, estar
frente a inteligência artificial é muito importante para o poder global, quando
trata-se de termos econômicos e militares. Compreende-se que através desta
visão, a China vem se expandindo aos projetos de grande escala, e tendo
objetivo de se tornar a maior nação envolvida no campo da inteligência artificial.
Segundo Cóbe (2020), os países europeus, tem buscado influenciar o
desenvolvimento da inteligência artificial tanto na esfera doméstica, com
destaque para França, Alemanha e Reino Unido, quanto na esfera
supranacional, no âmbito da Comissão Europeia.

197
FONTE: CÓBE, 2020, p. 46.

De acordo com a tabela, é possível observar os países que estão em


fase de elaboração de suas estratégias nacionais, além da inteligência artificial,
que é tratada em conjunto com outras tecnologias disruptivas. Segundo Cóbe
(2020), são um total de 23 estratégias nacionais, os 20 países listados que já
compreenderam a importância da inteligência artificial, e como ela pode
proporcionar muitos avanços para seus projetos.

O Brasil é um dos países que não possuem estratégia específica para


a inteligência artificial. O tema é abordado na Estratégia Brasileira para
a Transformação Digital (E-Digital), lançada em 2018 pelo governo
federal, a qual oferece um conjunto de ações estratégicas para o futuro
das políticas públicas brasileiras no campo digital. Salienta-se o
incentivo a pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) e
modernização da estrutura produtiva, com destaque para a
microeletrônica, sensores, automação e robótica, inteligência artificial,

198
big data, e analytics, redes de alto desempenho, criptografia, rede 5G
e computação em nuvem. (CÓBE, 2020, p.46).

O avanço de aplicações de IA tenderá a produzir profundas alterações


no mercado de trabalho, e, portanto, os órgãos governamentais precisarão
avaliar as políticas de emprego e de educação, de acordo com Cóbe (2020), a
inteligência artificial tornou-se o novo foco de competição por se tratar de uma
tecnologia que tomará conta do futuro, e que os principais países desenvolvidos
já tomaram o desenvolvimento da inteligência artificial como a principal
estratégia para o aumento da competitividade e proteção da segurança nacional.
O Brasil também necessita desta estratégia para o desenvolvimento da
inteligência artificial, visto que depende do futuro do país, e pode apresentar
muitos reflexos socioeconômicos, na segurança e na própria soberania nacional,
conforme afirma Cóbe (2020).
A inteligência artificial é o futuro, e tanto o Brasil quanto outros países
que querem estar na linha de frente precisam executar estratégias específicas
para a inteligência artificial, ressaltando que com a tecnologia, vai impulsionar
também a economia dos países. Evidente que é necessário executar tais
estratégias respeitando os direitos humanos, a igualdade, pluralidade, sem
discriminações, livre iniciativa e privacidade.

Para tanto, faz-se necessário que sejam identificadas as prioridades


estratégicas, no curso e no longo prazo, nas áreas em que o Brasil
tenha maior vantagem competitiva frente aos demais países. Isso
certamente passará pela necessidade de consolidação de um parque
industrial qualificado as novas tecnologias, pela qualificação e
formação de profissionais na área da ciência, tecnologia e inovação, e
pela retenção de talentos, como também deverá considerar questões
éticas e normativas. (CÓBE, 2020, p. 48).

Assim sendo, o uso da inteligência artificial é benéfica a sociedade, e o


Brasil deve avançar inexoravelmente neste sentido, implantando políticas
públicas que visem melhorar a vida dos seres humanos, em prol da social
democracia e estado democrático de direito, proporcionando, cidadania,
democracia e participação social, caminhando para o socialismo\comunismo,
enquanto sociedade justa e que promova as capacidades dos seres humanos.

199
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Luiz Henrique Michelato

Com a presente obra, pretende-se colaborar com a implantação de


políticas públicas, bem como propor alternativas em vista da necessária
transformação social, devido ao caos social em que vivemos há séculos, e
principalmente pela preservação de nosso planeta terra finito, para as presentes
e futuras gerações. O desejo pela elaboração da presente obra, partiu devido ao
fato do autor L.H.M, nascer no norte do Paraná a estar sobrevivendo sob este
solo desde 1988. Nascido em Cornélio Procópio, e morando por um período em
Paranavaí, portanto, possuo raízes concisas com a região do norte do Paraná e
tenho considerável conhecimento sobre a região.
Desta forma, partiu o interesse em analisar e compreender a região, bem
como propor alternativas de mudanças para a melhoria da sociedade, avaliando
todas as possiblidades, bem como todo o processo histórico de formação da
região do norte do Paraná, e devido a bagagem acadêmica e científica de
praticamente dez anos de pesquisa e trabalho na região.
Contudo, percebe-se a imensa desigualdade social persistente, o nítido
esvaziamento populacional do norte pioneiro, bem como a intensa concentração
em vários aspectos elencados na presente obra, intrínsecas ao sistema
capitalista neoliberal.
Entretanto, avalia-se dados e referenciais teóricos, na intenção de
melhorar as condições de vida da população, propondo uma sociedade em
harmonia e paz social necessárias, com usufruto das novas tecnologias, bem
como da inteligência artificial em facilitar e melhorar a vida humana, extirpando
a enorme poluição, índices de criminalidade, mortes, violência, e demais
mazelas e expressões da questão social.
Portanto, acredito que a transformação social é possível, e
extremamente necessária, pois, ou escolhemos continuar no mundo da
perversidade e destruição, ou temos a alternativa do mundo melhor para todos,
construído coletivamente, com organização, paz e justiça social, proporcionando
trabalho digno a todos, livre da exploração do capital neoliberal, em busca de
uma sociedade democrática, plural e justa, com pleno desenvolvimento das
capacidades do ser humano.

200
Dayane Felix Colucci

Em virtude dos fatos mencionados nesta obra, apresentando-lhes as


possibilidades de transformação social no Norte Pioneiro Paranaense entre a
inteligência artificial como proposta de melhorias, relacionando a desigualdade
social que proporciona as diferenças entre as classes sociais, levando-se em
conta os fatores econômicos, educacionais e culturais da região.
Onde acredito que, pode-se fazer uma sociedade mais justa, humana,
com ética, e que propõem uma melhoria na desigualdade social, com o avanço
das tecnologias e com o uso da inteligência artificial como forma de facilitar o dia
a dia trazendo muitos benefícios, como acesso a saúde e educação de
qualidade, empregos e assistência momentânea para aqueles que estão fora do
mercado de trabalho, e a garantia da previdência social e dos direitos trabalhistas
para todos, com trabalhos e salários dignos para a sobrevivência e sustento de
milhares de famílias.
Embora, pode-se observar como é grande os índices de preconceitos
que dispomos a enfrentar há muito tempo, contra os negros e indígenas,
lésbicas, homossexuais, entre os LGBTS, desta forma, saliento como é
importante o respeito com o próximo, saber considerar outras pessoas nas suas
diferenças individuais, visto que, cada indivíduo possui a sua diferença particular.
Desta forma, podemos formar uma corrente todos juntos, sem distinguir classes,
cor ou sexo, mas acima de tudo, prevalecendo a união, o respeito e a empatia,
para ir em busca, todos juntos de um mundo melhor em sociedade.
Foi possível analisar e compreender diante desta obra, de forma válida
a conhecer melhor sobre a região Norte Pioneira do Paraná e toda a sua história,
desde o início, relatando todo o processo que se passou na região, ressaltando
as suas formas econômicas, sociais e ambientais, e diante de muitos fatos atuais
em que vivemos.
Creio que mediante a distribuição de rendas, riquezas e patrimônios,
seja possível, como proposta de redistribuição, para alcançar uma distribuição
mais igualitária para todos, em vista do bem estar social e econômico. Pois, há
profundas desigualdades entre os indivíduos de nossa sociedade, e não podem
ser tratadas como um mero problema individual, mas sim como um complexo
fenômeno social, e diante disto salientar que a transformação social é viável.

201
REFERÊNCIAS

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marxista do governo Lula em defesa da revolução brasileira. São Paulo:
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