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INTRODUÇÃO

Ao longo desta temática iremos abordar os temas obstáculos epistemológicos e


rupturas epistemológicas, iremos de abordar com o apoio de alguns conceitos de Gaston
Barchelard, e algumas contribuições de outrosartigos, acerca destas temáticas.
Citaremos e explicaremos alguns ObstáculosEpistemológicos, e faremos algumas
abordagens acerca das rupturas. É importante entender acerca dos Obstáculos e
Rupturas Epistemológica porque nos ajuda a ter uma visão mais ampla das dificuldades
no conhecimento, do nascer das ciências, e assim ganharemos uma cosmovisão como
estudantes de epistemologia.

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OBSTÁCULOS EPISTEMOLÓGICO
Como preâmbulo iremos conceituar o que são Obstáculos Epistemológicos para
uma melhor compreensão do tema, em seguida iremos desdobrar o tema que nos foi
dado.
Que é obstáculo epistemológico?
Gaston Bachelard cunhou em sua obra A formação do espírito científico (1938)
a ideia do obstáculo epistemológico, que deve ser visto como “uma derivação limitante
de um sistema de conceitos sobre o desenvolvimento do pensamento, o que impede um
modo de pensamento pré-científico de conceber a abordagem científica”. Em palavras
mais simples, a ideia de obstáculo epistemológico, identifica e expressa elementos
psicológicos que dificultam a aprendizagem de novos conceitos para a ciência, e está
presente em pessoas sujeitas a enfrentar novas realidades, uma vez que não têm
referências diretas por experiências anteriores sobre o que estamos tentando descobrir.
Bachelard encontra elementos que dificultam o conhecimento adequado e real,
que não permitem a própria evolução do espírito, para que ele possa passar de um
estado pré-científico, influenciado pelos sentidos e feedback imediato, a um método
científico com base no status científico.
As pessoas que desejam atingir um grau de enriquecimento epistemológico, o
chamado: espírito científico, devem pôr de lado experiência e hábitos de pensamento
que sempre foram utilizados, típicos de todo o espírito pré científico. Bachelard
identifica esses obstáculos epistemológicos como barreiras para a formação de um
espírito científico. Obstáculos epistemológicos não estão se referindo a elementos ou
fatores externos que podem estar envolvidos no processo de desenvolvimento do
conhecimento científico de pessoas. Obstáculos epistemológicos encontram-se na
dificuldade de captar o acontecimento ou fenômeno devido às condições psicológicas
que impedem o desenvolvimento do espírito científico.
Os obstáculos epistemológicos destacados por Bachelard estão caracterizados
precisamente em La Formation de L‟esprit Scientifique. Trata-se da obra bachelardiana
que assinala tais armadilhas e dificuldades que rodeiam a descoberta de conceitos
fundamentais. Essa obra ―(...) rompe com a segurança tranquila do racionalismo dos
resultados, que oblitera a consciência das dificuldades de que esses resultados foram
desfechos‖. (FICHANT, 1995, p. 140).
Os obstáculos destacados na obra supracitada são: a experiência primeira, o
conhecimento geral, o obstáculo verbal, o substancialismo, o conhecimentounitário e
pragmático, o obstáculo animista e o obstáculo ao conhecimento quantitativo.
Assim, a experiência primeira do fenômeno possui a capacidade de trazer
contentamento à curiosidade humana, pois ela consegue trocar toda forma de
conhecimento pela simples admiração, de trocar as ideias por imagens pitorescas.
O segundo obstáculo destacado por Bachelard é o conhecimento generalizado,
que se trata de uma ocultação da experiência. Quando se busca generalizações
apressadamente ocorre a produção de conhecimentos mal colocados. Alguns exemplos
citados por Bachelard são as leis tidas como verdadeiras e cristalizadas. Por exemplo:

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―todos os corpos caem‖; ―todos os raios luminosos se propagam em linha reta‖; ―os
seres vivos são mortais‖. Essas leis bloqueiam as ideias e tendem se antecipar
respondendo sem que haja pergunta ou oferecendo respostas globais (Bachelard, 1993).
O conhecimento unitário é um tipo de generalização ampla do pensamento filosófico
que busca explicar os fenômenos sobre uma única ótica. Por exemplo: a tentativa de
explicar todos os fenômenos do universo mediante a ação da eletricidade (Bachelard,
1993).
O obstáculo verbal consiste em hábitos verbais e que se constituem em sólidos
empecilhos ao desenvolvimento das ciências. Considerando que a ciência não avança de
forma linear e que a descontinuidade entre o conhecimento passado e o presente, nem
sempre a linguagem acompanha a mudança conceitual com a mesma velocidade.
Outro obstáculo assinalado por Bachelard é o substancialismo, isto é, a explicação
monótona das propriedades pela ideia de substância. O obstáculo substancialista se
fundamenta na capacidade que o espírito tem de,
(...) unir diretamente à substância qualidades diversas, bem como uma
qualidade superficial como uma qualidade profunda, bem como uma qualidade
manifesta como uma qualidade oculta. Poderíamos distinguir um
substancialismo do oculto, um substancialismo do íntimo, um substancialismo
da qualidade evidente. (BACHELARD, 1993, p. 121).26

O obstáculo animista se baseia nas analogias entre os reinos vegetal, mineral e


animal, mas também na própria intuição de vida. Para Bachelard, essas analogias nunca
apresentam conhecimentos solidificados e nem uma experiência que sirva para
estabelecer conhecimentos objetivos.
As expressões mais comuns do animismo tinham como analogia os fenômenos
digestivos ou referentes ao campo da sexualidade. Por exemplo, as expressões: ―o
ácido devora‖, ―o mercúrio é estéril‖, etc. Bachelard ainda ressalta que a libido tem o
poder de se manifestar de maneira profunda. E explica:
O apetite é mais brutal, mas a libido é mais poderosa. O apetite é imediato; a
libido, ao contrário, corresponde os longos pensamentos, os projetos em longo
prazo, à paciência. Um amante pode ser paciente como um sábio. O apetite se
extingue no estômago saciado. A libido, mal acabou de ser satisfeita, reaparece.
(BACHELARD, 1993, p. 225).29

O poder dos desejos é tão intenso que numa explicação de um fenômeno o cientista diz
mais sobre ele mesmo do que sobre o próprio fenômeno, isto é, o cientista explica o fato na
perspectiva daquilo que deseja.

Acerca do obstáculo ao conhecimento quantitativo Bachelard explica que toda


grandeza nunca é objetiva e todas as determinações geométricas se relacionam com
determinações qualitativas. Estas já são errôneas, porque levam consigo impressões
puramente subjetivas. Assim, o matematismo, seja ele vago ou preciso, também é uma
forma de obstáculo ao conhecimento científico. A ação de medir precisamente os
objetos traz uma confusão numérica que torna inútil a operação científica.

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RUPTURAS EPISTEMOLÓGICAS
Ruptura,é uma noção introduzida em 1938 pelo filósofo francês Gaston
Bachelard, e mais tarde usada por Louis Althusser.
O termo ruptura é um daqueles que se podem aplicar em zonas muito diferentes
e variadas. Assim, fala-se da «ruptura de uma artéria», da «ruptura de um eixo», da
«ruptura de um equilíbrio», da «ruptura de um tom», da «ruptura de um casamento», da
«ruptura de um contrato», etc. Contudo, independentemente do plano em que se coloca,
o sentido, permanece em si mesmo como que inalterável. Quer dizer que, em qualquer
destes casos, e muitos outros poderiam ser citados, o conteúdo que se quer exprimir
lógica e linguisticamente tem que ver com uma ideia-sentido que lhes é comum. De tal
modo que, quando o utilizamos, pretendemos transmitir uma ideia que, tocando a de
“superação, mutação, descontinuidade, revolução, corte,” tem, no entanto, uma
especificidade peculiar.
Chamaremos «ruptura epistemológica» àquilo que determina o nascimento de
uma nova ciência.
Assim, segundo Th. HERBERT, no que respeita às ciências sociais, «a linha de
ruptura situar-se-ia no momento em que as ciências sociais deixaram de ser
'filosóficas*, quer dizer, de proceder por uma reflexão sintética aplicada à
subjectividade jurídica, moral, religiosa e artística: o aparecimento da
experimentação, da quantificação e dos modelos basta para assinalar esta rupturae abrir
a era científica do objecto social».
As ciências sociais nasceram, na medida em que o resultado da sua prática teórica
deixou de ser um produto ideológico, que se tornou aliás no seu objecto de crítica, e se
transformou num conhecimento teórico, votada à produção de um objecto que lhe é
próprio (o social), por meio de um determinado trabalho conceptual; a ruptura
epistemológica em sociologia produz-se aquando do nascimento de uma zona científica
nova (zona social) relativamenteao estado indiferenciado em que ela se encontrava
anteriormente no seio sincrético da ideologia.
Na evolução do pensamento científico é preciso compreender que na
ciênciaexistem mudanças, ―bruscas rupturas, que contrariam o pensamento passado.
Por isso é preciso estar atento aos conhecimentos adquiridos pela atividade científica
que se tornaram habituais.
Para o autor, uma ruptura epistemológica leva a uma mudança de bases que
exige a reformulação dos meios de pesquisa. Pensar os problemas científicos atuais pela
perspectiva do passado é obstaculizar o pensamento, uma vez que deste modo se busca
interpretar asnovidades científicas, por vezes sem correlação histórica, através de
conhecimentos que perderam fecundidade explicativa. É assim que podemos afirmar de
acordo com Castelão-Lawles (2012, p. 25) que ―os livros, as teorias, as experiências,
os professores, e até a dinâmica entre os alunos e os professores podem contribuir para a
regressão do conhecimento objectivo.

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CONCLUSÃO
Após analisarmos do conteúdo chegamos as seguintes conclusões:
Obstáculos Epistemológicos pode ser entendido como as substâncias que
impedem a mente de produzir conteúdoPré-científico. E essas substâncias são a
experiência primeira, o conhecimento geral, o obstáculo verbal, o substancialismo, o
conhecimento unitário e pragmático, o obstáculo animista e o obstáculo ao
conhecimento quantitativo.
De um modo geral essas substâncias psicológicas, direita ou indirectamente,
provocam obstáculos Epistemológicos.
Sendo que Ruptura Epistemológica é aquilo que provoca o nascimento de uma
nova ciência, concluímos também que:
Este trabalho buscou analisar a noção de ruptura epistemológica no pensamento
bachelardiano. A partir deste estudo, é possível reafirmar que a tese da ruptura é uma
das principais características do pensamento epistemológico de Gaston Bachelard, uma
vez que foi possível constatar que tal noção se encontra em todas as suas obras de
Epistemologia.
Na Epistemologia de Bachelard estas ciências nos mostram provas de mutações
ou rupturas bruscas que demarcam a descontinuidade do saber.
Por fim, esta dissertação destaca que na evolução do pensamento científico as
ciências estabeleceram grandes sínteses, que reorganizam e alargam os quadros do
conhecimento.

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RÊRENCIAS BIBLIOGRAFICAS

DAVID,de Araújo-A Noção de Ruptura Epistemológica no Pensamento de


Gaston Bachelard. Editora Brasileira, Brasil,2017.
Ana, Janeira «Ruptura Epistemológica Corte Epistemológico e Ciência» I série.
pp.629.643

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