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Relatório 49ª Semana

Posições

Conceito apresentado por Melanie em 35’ em “Uma contribuição à psicogênese dos estados
maníacos depressivos”. Em 46’ “Notas sobre alguns mecanismos esquizoides” e em 52’
“Algumas observações teóricas sobre a vida emocional do bebê”. Onde neles ela sintetiza a
sistematização das posições, termo esse que ela atribui a ênfase do ponto de vista da criança
sobre suas relações com o objeto.

O bebê após o nascimento julga que a mãe é um prolongamento do próprio corpo, cuja
finalidade é atende-lo, bastando para isso acionar o desejo pensamento. Na medida que o bebê
cresce esta percepção muda e começa a perceber que a mãe é independente dela e não um
objeto escravizado por ela, tendo uma maturação psíquica, percebendo que não existe só ela.
Essas fases Melanie deu o nome de posições e são a posição esquizoparanóide e posição
depressiva.

Posição Esquizoparanóide

Conjunto de ansiedade persecutória e suas defesas do ego (medo da vingança do seio mau). O
bebê experimenta fantasias inconsciente oral sádicas (devorar o seio) e anal sádicas (atacar o
seio com excrementos), esses sentimentos geram temores de ser devorado e envenenado.

Hipotese: Ao nascer o bebê já é capaz de experimentar algumas funções do ego, tais como,
experimentar ansiedade, utilizar mecanismos de defesa (fantasias) e estabelecer relações de
Objeto. Esse ego rudimentar estrutura o mundo interno (ela diz que o ego já nasce com o bebê,
mas ele é rudimentar).

O bebe é confrontado com a experiência interna dos impulsos de vida e morte, com as exigências
instintuais satisfeitas ou não, com o prazer e o desprazer. Para se organizar e sentir-se seguro,
o ego recorre aos mecanismos primitivos:

1) Projeção – está ligada à pulsão de morte, a destruição interna é colocada para fora. O objeto
é parcial (seio bom e mau).

2) Cisão ou Splitting – O ego efetua uma divisão entre o objeto em bom e mau, se ele fracassar
dá origens as doenças psicóticas.

3) Introjeção – Através da introjeção dos primeiros objetos, constroem-se os objetos internos,


permitindo a formação do ego e do superego. O Objeto bom eu introjeto, o mau objeto eu
projeto.

4) Identificação projetiva – Um mecanismo que se traduz por fantasias em que o sujeito introduz
a sua própria pessoa, totalmente ou em parte no interior do objeto para lesar, para possuir ou
para controlar. Como se por exemplo a criança fantasia se poderia entrar nesse seio.

5) Negação – É um mecanismo onipotente, pelo qual a mente nega a existência de objetos


persecutórios, que cliva e projeta no exterior.

6) Idealização – Aumenta-se os traços bons e protetores do objeto bom ou acrescentam-se


qualidades que não tem.

A posição esquizoparanóide é a base da paranoia e da doença esquizofrênica, a criança em sua


vida fantasmática, tem a imagem do corpo da genitora como algo capaz de lhe proporcionar a
mais plena gratificação, em fantasia, tal como o seio, o pênis do pais e ainda os bebês. A fantasia,
inata na vida da criança, é inicialmente de caráter oral.

Há uma prontidão para capturar a sexualidade dos pais, pois a fantasia infantil está associada à
concepção, pela possibilidade de terem novos bebês. É uma união provocativa, ameaçadora,
invejada, pois os pais podem expulsar a criança de sua posição, o que desperta ódio e rivalidade.
É no corpo da mãe que reside o prazer, o alimento, a provisão e o cuidado.

As primeiras fantasias a se manifestarem são as sádicas, originárias da posição na qual o bebê


nasce, esquizoparanóide, as quais despertam uma imensa ansiedade. Contra este seio mau a
criança inicia uma série de ataques, em forma de fantasias, com suas armas orais (dentes,
mandíbula).

Nestas fantasias ela divide o seio mau em milhões de pedaços, enquanto o seio bom permanece
íntegro, representante de toda a bondade. Conforme o interesse da criança, desloca-se os
fenômenos associados à boca para outros associados ao ânus, a fase oral perde forças com a
emergência da fase anal, na qual predominam fantasias anais.

O caráter das fantasias permanece sádico, já que a posição esquizoparanóide ainda é


predominante na vida da criança, porém as armas utilizadas nos ataques em direção ao corpo
da mãe passam a ser excrementos como urina e fezes. Essa posição recebe esse nome pois é
pelo fato dela estar em fantasia.

Posição Depressiva

O bebê agora teme uma retaliação por parte destes excretos, em resposta aos ataques
realizados anteriormente contra eles. A criança desenvolve então tendências restitutivas em
forma de sublimações dirigidas a todos os objetos danificados anteriormente através das
fantasias sádicas principalmente à mãe.

Na fase Esquizoparanóide a criança já tem uma percepção de que suas fantasias podem dar
certo como pode dar errado, um sentimento persecutório, da mão que dá carinho e atenção e
que tira a roupinha, a única defesa que a criança tem para se defender são suas fantasias e
partes do seu corpo. Com o amadurecimento psíquico, ela sai dessa fase psicótica, onde ela
entende a noção de que o bem e o mau de uma mãe não existe e sim apenas a mãe.

O predominante agora é o temor de ser deixada no desamparo, devido à destruição anterior da


genitora realizada por ela própria. A criança adquire a capacidade de introjeção da figura de seus
pais de forma íntegra, completa, em suas fantasias imaginativas. A percepção dos objetos
externos como entidades divididas em boas e más perde força nesta etapa, dando lugar à
imagem integrada dos mesmos.

Sua gradual adaptação à realidade. As fantasias são ampliadas, elaboradas e diferenciadas,


refletindo o progresso que está ocorrendo no desenvolvimento intelectual e emocional. Esta
mudança é devida à diminuição da severidade do superego e a um aumento do sentimento de
culpa. Os ataques sádicos caminham para o desaparecimento.

Prosseguindo no desenvolvimento, durante o período de latência a criança passa a reprimir


suas fantasias de uma maneira muito mais severa do que nos períodos anteriores. Enquanto a
criança pequena sofre influência imediata de suas experiências e fantasias instintivas, a criança
do período de latência já as dessexualizou, assimilando-as de uma maneira diferente.
Ela passa a reprimir suas fantasias masturbatórias, ou a expressá-las de maneira dessexualizada,
para assim atingir as exigências de seu ego e o agrado dos mais velhos, o que passa a ser
extremamente importante neste período. As fantasias podem estar contidas em
atividades nas quais elas não se manifestam claramente, como nos deveres de casa.

As fantasias de cópula dos meninos também emergem em jogos ativos e no esporte, e


também encontramos nos pormenores desses jogos as mesmas fantasias expressas na sua
lição de casa. Já durante o período de puberdade, os impulsos tornam-se mais poderosos, a
atividade de fantasia é maior, e o ego passa a ter outros objetivos, além de relacionar-se de
forma diferente com a realidade. Neste período há, uma predominância dos movimentos
pulsionais e do inconsciente, o que contribui para a riqueza de sua vida de
fantasia.

Pode-se dizer que, há uma regressão do adolescente aos primórdios da infância, já que
há uma nova vivência destes impulsos e fantasias. As fantasias vão oscilando nessa fase de
latência, entre esquizoparanóide e depressiva até a puberdade.

A sexualidade, que tinha passado por um período de repressão durante a latência,


retorna de uma forma mais madura com a tomada de consciência dos impulsos
incestuosos do período edipiano, trazendo consigo as fantasias sexuais. As atividades
imaginativas do adolescente estão mais adaptadas à realidade e aos interesses incrementados
de seu ego, sendo seu conteúdo muito menos reconhecível do que nas crianças pequenas.

Devido à sua maior gama de atividades e suas relações mais firmes com a realidade, o caráter
de suas fantasias sofre contínuas alterações, as quais proporcionam uma adaptação ao seu
contexto em contínua mudança.

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