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ELECTROCONVULSIVOTERAPIA Mitos e Evidências

A electroconvulsivo terapia (ECT) é uma terapêutica altamente eficaz, segura e mesmo life saving para
determinadas perturbações psiquiátricas, nomeadamente perturbação depressiva, perturbação bipolar e
esquizofrenia. Várias foram as renitências à sua utilização, sobretudo até à década de 1980, após esta a sua
utilização foi melhor aceite, sobretudo com a publicação de normas de orientação por várias associações
internacionais de Psiquiatria. Apesar do desenvolvimento da psicofarmacologia, a ECT tem sido utilizada
com muito bons resultados, sobretudo no domínio das perturbações afetivas. Atualmente é uma
terapêutica usada quase exclusivamente em casos refractários mas muitos estudos evidenciam a sua
utilização em todas as fases das perturbações psiquiátricas. Com base na literatura os autores revêm a
história, indicações, mecanismo de ação, técnica e efeitos adversos da ECT. O recente desenvolvimento de
várias técnicas de estimulação magnética pareceria colocar a ECT como técnica secundária, todavia a
eficácia daquelas em comparação com a ECT está ainda por demonstrar, mantendo-se esta como a técnica
terapêutica mais eficaz no tratamento de diversas perturbações psiquiátricas.

A electroconvulsivo terapia (ECT) é uma terapêutica altamente eficaz, segura e mesmo life saving para
determinadas perturbações psiquiátricas, nomeadamente perturbação depressiva, perturbação bipolar e
esquizofrenia. O uso da terapia convulsiva no tratamento das perturbações psiquiátricas remonta à
primeira metade do século XX. As primeiras descrições sistemáticas foram efetuadas em 1934 por Ladislau
von Meduna, que usava injeções de cânfora para induzir convulsões em doentes com esquizofrenia, muitos
deles melhoravam dramaticamente. A eletricidade foi usada como fonte geradora de convulsões em 1938
por Ugo Cerletti e Lucio Bini, tendo sido bem recebida e rapidamente se tornou o método preferido. Foi
Max Fink, uma das mais importantes figuras da história da ECT, que na década de 1950 aplicou extensa
investigação científica ao método e legitimou a técnica. Ao longo do tempo a segurança e eficácia tem
vindo a aumentar e as suas indicações foram melhor definidas.

Neste artigo os autores descrevem, com base na literatura existente as indicações, considerações sobre a
técnica, mecanismo de ação e segurança e efeitos adversos da ECT.

Indicações:
Indicação da ECT A ECT é hoje usada na maioria das vezes para o tratamento das perturbações de humor. A
ECT é a terapêutica mais eficaz no tratamento da depressão major, com taxas de resposta de 70 a 90%
comparadas com 60 a 70% com psicofármacos antidepressivos. É administrada a doentes cuja perturbação
depressiva é refractária ou que são intolerantes a fármacos antidepressivos, cuja doença é de tal modo
grave que necessita de tratamento urgente (ex. ideação suicida, estupor catatónico, recusa alimentar etc.)
ou em que o doente expresse preferência pela técnica pelo seu uso com sucesso no passado. A ECT tem-se
mostrado particularmente útil no tratamento da depressão psicótica, sendo preferível à utilização de
múltiplos fármacos. Quando a ECT foi introduzida para tratar a perturbação bipolar, ambas as fases
depressiva e maníaca foram efetivamente tratadas. Com a introdução do lítio e os anti psicóticos atípicos,
esta indicação tornou-se menos frequente. Todavia a relativa ineficácia destes agentes, leva por vezes ao
uso de terapêutica com múltiplos fármacos. Assim a ECT tem sido reconsiderada, especialmente em
doentes com mania delirante e cicladores rápidos. A ECT foi introduzida e amplamente utilizada no
tratamento da esquizofrenia, antes dos fármacos anti psicóticos. Atualmente tem sido usada no tratamento
de esquizofrenia refractária em combinação com psicofármacos. Na catatonia a ECT pode ser considerada
uma excelente opção terapêutica, sendo por alguns autores considerada a terapêutica Gold standard. A
catatonia caracterizada por graves alterações da atividade motora, no âmbito psiquiátrico pode ocorrer em
perturbações de humor e na esquizofrenia. Admite-se que esta condição caracteriza uma emergência
psiquiátrica. Embora algumas intervenções farmacológicas possam ser eficientes, como as benzodiazepinas,
a ECT deve ser considerada no plano do tratamento inicial. ECT também deve ser considerada um
tratamento life saving em certos casos de síndrome maligna dos neurolépticos, em especial quando a
terapêutica farmacológica usual falha. Existem vários casos descritos em que a ECT melhora os sintomas
motores da doença de Parkinson.

Mecanismo de Acão Uma frequente objeção ao uso da ECT é o facto do seu mecanismo de Acão não ser
inteiramente compreendido. Existem três mecanismos mais estudados entre os possíveis da ECT: 1)
Modulação das monoaminas; 2) Alterações dos fatores neuro tróficos; 3) Fatores anti convulsivantes

Uma das possíveis ações da ECT é a elevação dos níveis de monoaminas (adrenalina, noradrenalina,
serotonina e dopamina) com a consequente ação antidepressiva. O aumento dos níveis de dopamina com a
ECT pode explicar a melhoria dos sintomas parkinsónicos. Ao nível intracelular a ECT aumenta o AMP o que
conduz a um aumento da expressão do brain derived neutrophic factor (BDNF) em determinadas
populações neuronais do hipocampo e córtex, favorecendo a sua sobrevivência e função. Outra ação
potencial da ECT é a sua atividade anti convulsivante, que pode estar envolvida na sua ação antidepressiva
e como factor determinante da eficácia do tratamento. Existe um aumento dos níveis GABA e dos recetores
GABAb, originando um efeito prático relevante, uma vez que este facto origina que o limiar convulsivo
aumenta durante as sucessivas sessões de ECT, obrigando ao uso de cargas elétricas mais elevadas

Técnica Após a assinatura do consentimento informado deve ser efetuada uma avaliação pré-ECT que deve
incluir exames complementares de diagnóstico elementares, como hemograma, ionograma, testes de
função renal e eletrocardiograma. Exames de neuro imagem, radiografia de tórax e coluna não devem
rotineiramente ser pedidos a não ser que haja indicação clínica. Deve ser dada atenção aos dentes, pois
aquando da convulsão ocorre contração vigorosa dos masséteres. Para evitar fraturas de peças dentárias,
se considerada necessária, deve ser efetuada consulta de Estomatologia. O princípio fundamental da ECT é
a passagem de uma corrente elétrica através da aplicação de eléctrodos no crânio do doente para indução
da convulsão5. No local da realização do procedimento devem estar disponíveis os equipamentos
adequados para realizar a ECT e para monitorizar os parâmetros vitais e a resposta do doente.

Os aparelhos modernos de ECT permitem o registo simultâneo do eletroencefalograma (EEG). A observação


da EEG e ECG durante a ECT facilita a avaliação da qualidade da resposta convulsiva e o reconhecimento
precoce de eventuais alterações do ritmo cardíaco. Para além disto deve monitorizar-se a saturação de
oxigénio por oximetria de pulso, sendo esta fundamental uma vez que o nível de oxigenação influencia a
qualidade da resposta convulsiva. O oxigénio deve ser administrado a 100% por via de ventilação de
pressão positiva, não sendo a entubação oro traqueal usada por rotina. O ECG, oximetria de pulso e sinais
vitais são monitorizados continuamente durante o procedimento. No compartimento onde se realiza a ECT
devem ainda existir dispositivos de entubação oro traqueal e Cardio-desfibrilhador, que poderão ser
necessários em caso de existência de complicações. O doente é primeiro anestesiado com agentes
intravenosos de curta duração de ação, entre outros o metoexital, etomidato, tiopental, ou propofol. O
propofol é um excelente anestésico por provocar menos alterações hemodinâmicas e menos náuseas e
vómitos do que o tiopental, contudo é um potente anti convulsivante e por essa razão pode diminuir a
eficácia da ECT. O metoexital é muito usado uma vez que apresenta menor incidência de arritmias pós-
convulsão que o tiopental, tendo muito pouco efeito no limiar convulsivo9. A paralisia muscular é atingida
com o uso de succinilcolina, que bloqueia as intensas contrações musculares que ocorrem durante a
convulsão tónico-clónica generalizada. Após a anestesia e a paralisia muscular os dois eléctrodos são
colocados na cabeça do doente, estando conectados ao aparelho de ECT por cabos. Quando o botão de
tratamento é pressionado, uma série de breves pulsos de corrente elétrica são passados através dos
estímulos elétricos ao cérebro, causando uma convulsão generalizada. A quantidade de eletricidade
necessária para induzir a convulsão vária consideravelmente de doente para doente. Na primeira sessão de
tratamento uma pequena carga de eletricidade é aplicada, sendo que consoante a duração da resposta
convulsiva, a carga é titulada de forma crescente nessa mesma sessão ou nas sessões seguintes até que a
convulsão com duração adequada aconteça. Este método de titulação da carga elétrica permite que cada
doente receba a quantidade de carga elétrica adequada para o seu caso5,

A convulsão resultante da passagem da corrente elétrica é detetada pela EEG ou através da inspeção dos
movimentos convulsivos. A convulsão geralmente tem a duração de 30 a 60 segundos, sendo o final da
mesma confirmada com a cessação das ondas de spike no EEG e dos movimentos convulsivos. Uma
convulsão terapêutica é geralmente aceite como aquela que é superior a 30 segundos de duração1. O
estímulo elétrico cerebral origina ativação do sistema nervoso autónomo, em que predomina inicialmente
o sistema nervoso parassimpático e logo a seguir o sistema nervoso simpático. Ao fim de cerca de 10
minutos o doente já respira espontaneamente e está pronto para ser levado para uma sala de recuperação
onde deve permanecer durante 30 minutos5

Regime de tratamento e colocação dos eléctrodos O regime de tratamento (número/frequência sessões)


deve ser estabelecido pelo Médico Psiquiatra, sabendo que tipicamente um doente recebe entre 6 e 10
sessões de ECT4,5. Não é incomum que os doentes apresentem melhoria logo após a primeira sessão,
todavia esta melhoria clínica pode só se efetuar ao fim de 12 ou mais tratamentos. A frequência do
tratamento é diferente sobretudo entre a Europa e os EUA, sendo respetivamente duas e três vezes por
semana em dias alternados1. Os tratamentos duas vezes por semana resultam na mesma melhoria clínica
final, embora mais lenta, e com menos efeitos cognitivos. Para a escolha da frequência das sessões de
tratamento deve ter-se em consideração a gravidade do quadro, podendo mesmo as sessões, pelo menos
inicialmente, ser diárias, quando se pretende um rápido início de resposta (ex. mania grave, elevado risco
suicida, catatonia etc.) 9. Após a primeira série de sessões de tratamento completa, o doente é depois
tratado com medicação ou com sessões de ECT de semanal a mensal. O objetivo da chamada ECT de
continuação (< 6meses) e de manutenção (> 6meses) é, respetivamente, a prevenção da recidiva e
recorrência do episódio inicial da perturbação psiquiátrica, muito frequente neste tipo de patologias5. A
localização do posicionamento dos eléctrodos na cabeça é um facto muito estudado mas em que não existe
consenso. A localização mais utilizada é a bilateral, em que cada elétrodo é colocado na respetiva fossa
temporal (posição bitemporal). Um local alternativo é a posição unilateral, em que um elétrodo é colocado
na fossa temporal no lado direito (hemisfério não dominante) tal como na posição bitemporal, mas o outro
elétrodo é colocado logo à direita do vértex. O objetivo é que as estruturas envolvidas na memória sejam
pouco atingidas pela corrente elétrica e assim os efeitos adversos cognitivos inferiores. Outra localização
dos eléctrodos, também elaborada no sentido de diminuir as alterações da memória, é a bifrontal, na qual
os eléctrodos são localizados de cada lado da região frontal. Também nesta localização a corrente elétrica
fica concentrada fora da área do lobo temporal onde se concentram as estruturas envolvidas na formação
da memória. É importante salientar que enquanto a eficácia da ECT com o posicionamento bitemporal está
bem demonstrada a eficácia com as demais posições não é clara5

Efeito de fármacos sobre a ECT Durante o período de tempo em que se realiza a ECT deve ser tida alguma
atenção sobre a medicação, nomeadamente psicofarmacológica. Os diferentes estudos mostram que a
combinação anti psicóticos-ECT é segura, dado que alguns anti psicóticos diminuem o limiar convulsivo e o
seu efeito pode ser positivo, nomeadamente no tratamento da esquizofrenia9. Em relação aos
antidepressivos usados durante a ECT não existem muitos estudos controlados, apesar das perturbações
depressivas serem uma das maiores indicações da técnica. Alguns autores indicam a suspensão de todos os
antidepressivos durante a ECT, contudo não é necessária, já que não existem contraindicações na sua
combinação. Estão descritos alguns casos de complicações com o uso de IMAO do tipo não reversível,
fármacos com pouca utilização atualmente, onde a sua suspensão está recomendada durante a ECT9. Com
respeito à utilização das benzodiazepinas esta é mais problemática uma vez que estes fármacos aumentam
o limiar convulsivo. Assim as benzodiazepinas devem ser suspensas antes da ECT se possível. Se não for
possível a sua suspensão deve-se na noite anterior ao tratamento omitir a sua toma ou eleger aquelas de
semi-vida mais curta e que não têm metabolitos ativos (ex. lorazepam) 1,9. Também fármacos
timorreguladores de tipo anti convulsivante, como o valproato de sódio e carbamazepina, dificultam a
indução da convulsão, sobretudo com doses elevadas. Assim o ideal é suspender o uso dos anti
convulsivantes antes de começar a ECT e apenas mantê-los quando é estritamente necessário ou reduzir a
dose para a mínima necessária. O lítio, comummente usado na doença bipolar, tem o potencial de
aumentar a duração da convulsão e causar intensa confusão pós-ictal, não sendo recomendada a sua
utilização com a ECT1,8,9. Também a teofilina pode aumentar a duração da convulsão e aumentar o risco
de estado de mal epiléptico, a sua descontinuação é aconselhada, se não for possível deve ser reduzida à
dose mínima terapêutica1,4.

Efeitos adversos A ECT é atualmente um procedimento seguro, com uma taxa de mortalidade de 1 morte
por 100.000 casos tratados, associada aos procedimentos anestésicos, equivalente a uma cirurgia mínima7.
A ECT não apresenta contraindicações absolutas, sendo que as contraindicações relativas incluem a
presença de tumor intracraniano com aumento da pressão intracerebral, função miocardia instável e nível
de risco da American Society of Anestesiology de 4 ou 55. A principal causa de morte com a ECT é a
cardíaca e pulmonar, sendo importante identificar os doentes com patologia cardiovascular prévia e
detetar precocemente as complicações mediante o controlo adequado dos parâmetros vitais (pressão
arterial, frequência cardíaca e respiratória) e a saturação de oxigénio e ECG do doente. Em contraste com a
raridade das complicações médicas associadas à ECT, as alterações da memória são comuns e um dos
argumentos dos movimentos anti-ECT. As alterações da memória incluem confusão mental, amnésia
anterógrada e retrógrada. A intensidade destes efeitos é muito variável e pode ser favorecida pela
presença de alterações cognitivas prévias associadas à perturbação psiquiátrica que motivou a indicação
para a ECT ou devido ao uso de medicamentos. A maioria destas alterações resolvem-se com o terminar da
série de tratamentos, a amnésia retrógrada melhora de forma mais gradual que a anterógrada. As
disfunções cognitivas associadas à ECT constituem um componente sintomatológico desgastante para
certos doentes e devem ser acompanhadas com cuidado. Estudos prévios demonstram que estas
alterações são transitórias e circunscritas no tempo, na maioria das vezes resolvem no máximo até 6 meses
após o término do tratamento6,8. Os estudos controlados de neuro imagem e neuro químicos não
apresentam qualquer evidência de que a ECT possa causar danos cerebrais12. Para os doentes que
melhoram da sua doença, a sua função cognitiva é superior, aquela que tinham durante a doença2. Apesar
das evidências são necessários mais estudos nesta área. Os efeitos deletérios transitórios cognitivos devem
ser explicados ao doente no momento da assinatura do consentimento informado, esta explicação
contribui para a redução da apreensão que alguns doentes demonstram quando do aparecimento da
disfunção cognitiva9

Populações Especiais O uso da ECT em populações especiais são relativamente segura e eficaz. Em casos
clínicos publicados a ECT mostrou-se eficaz em crianças e adolescentes, todavia são necessários estudos
sistemáticos. Em grávidas é muito eficaz, e com cuidados médicos adequados, segura em todos os
trimestres da gravidez. Nos doentes idosos a ECT está particularmente indicada uma vez que estes são
frequentemente intolerantes aos psicofármacos13,14. Estimulação Craniana Investigação recente tem
focado o seu interesse na estimulação magnética transcraniana (TMS), estimulação do nervo vago e
estimulação cerebral profunda. Estas técnicas não induzem convulsão, assumindo assim uma premissa de
que terão eficácia similar à ECT sem os seus efeitos cognitivos, não tendo a TMS necessidade de anestesia.
Todavia a eficácia destas intervenções na perturba- ção depressiva não está estabelecida. Um recente
estudo (n = 46) comparou a TMS e a ECT tendo verificado uma redução significativa da pontuação da escala
de Hamilton para a ECT (58%) mas não para a TMS (22%), mesmo assim com características não ótimas da
ECT (ECT unilateral
Conclusões Apesar dos recentes avanços na área psicofarmacológica, as patologias psiquiátricas
refractárias são comuns. A ECT permanece como a modalidade terapêutica mais potente disponível para o
tratamento das perturbações depressivas, assim como da mania e algumas psicoses. Tem sido utilizada há
mais de 6 décadas e provou a sua eficácia e segurança, mesmo em doentes com comorbilidades médicas
importantes. Apesar destes aspetos a ECT está estigmatizada como um tratamento de última linha,
sobretudo pelos efeitos da ECT na memória e a falência em considerar os seus benefícios
comparativamente às alternativas terapêuticas. A investigação emergente tornou clara que a ECT deve ser
oferecida aos doentes como um tratamento viável em todos os estádios da doença psiquiátrica.

Neurologia e Neurofisiologia

Inclui todas as áreas que se dedicam à investigação e tratamento das doenças do Sistema Nervoso Central e
Periférico. Dá resposta a solicitações clínicas concretas provenientes de múltiplas Especialidades,
nomeadamente Medicina Geral e Familiar, Medicina Interna, Ortopedia, Pediatria, Psiquiatria,
Reumatologia, Fisiatria, Urologia, para além de Neurologia e Neurocirurgia.

Dispositivos médicos mais usados:

Eletroencefalograma:
O eletroencefalograma (EEG) é um exame de diagnóstico que detecta a atividade elétrica do cérebro,
sendo utilizado para descobrir a causa de problemas cerebrais em caso de convulsões, por exemplo.

Normalmente, o eletroencefalograma não dói e é feito através da colocação de pequenas placas de metal,
chamadas de eletrodos, que estão ligadas a um computador que registra as ondas elétricas do cérebro.

O eletroencefalograma pode ser feito tanto em vigília, ou seja, com a pessoa acordada, ou durante o sono,
dependendo de quando surgem as convulsões ou do problema que está sendo estudado.

Para que serve o encefalograma

O encefalograma é prescrito por um neurologista e, geralmente, serve para diagnosticar alguns problemas
cerebrais, como epilepsia, demência ou narcolepsia, por exemplo. Porém, também pode ser utilizado para
avaliar a atividade cerebral durante o coma ou após pancadas na cabeça.

O encefalograma pode ser feito em qualquer idade, sendo que nas crianças pode ser utilizado um capacete
especial com os elétrodos para evitar que saiam da cabeça.

Como se preparar para o encefalograma

Para se preparar para o encefalograma é necessário:

Evitar medicamentos que alteram o funcionamento do cérebro, como sedativos, antiepilépticos ou


antidepressivos, 1 a 2 dias antes do exame ou de acordo com indicação do médico;

Não consumir bebidas com cafeína, como café, chá ou chocolate, 12 horas antes do exame;

Evitar utilizar óleos, cremes ou sprays no cabelo no dia do exame.

Além disso, caso o eletroencefalograma seja feito durante o sono, o médico pode pedir que o paciente
durma menos 4 a 5 horas na noite anterior para facilitar um sono profundo durante o exame.

Eletromiografia

É o estudo de fenômenos bioelétricos que acontecem nas membranas celulares de fibras musculares do
esqueleto. Através deste estudo pode-se chegar ao diagnóstico de uma série de doenças e também se
pode analisar o comportamento de músculos em diferentes situações.

A atividade elétrica do músculo em certas condições fisiológicas é medida com o eletromiógrafo, assim
como a influencia da idade, do sexo e da temperatura na realização das contrações.Fisioterapeutas,
profissionais esportivos, odontólogos e médicos de diversas especialidades fazem uso frequente da
eletromiografia com o intuito de obter um diagnóstico efetivo de contrações musculares.

O princípio utilizado para o estudo da função dos músculos, assim como detecção de disfunções, foi
estabelecido por um engenheiro elétrico chamado Luigi Galvani há mais de 200 anos. Segundo Galvani, um
músculo quando estimulado eletricamente se contrai. Por outro lado, quando este é contraído
voluntariamente gera corrente elétrica.
Quando há contração voluntária uma área no córtex cerebral faz com que o neurônio motor periférico seja
ativado. Este pode estar localizado na medula espinhal ou no tronco cerebral. Ao ser ativado faz contato
sináptico com os devidos músculos, provocando assim a contração das fibras musculares que constituem
esta unidade motora. O potencial de ação de todas estas fibras musculares que entram em atividade é
estudado durante uma eletromiografia. Desta forma é possível se analisar alterações patológicas e também
as suas características fisiológicas.

Quando é indicado

Na medicina este exame é muito indicado para diferenciar uma contração patológica de uma contração
fisiológica. Ele ajuda no estudo de disfunções musculares tanto de origem inflamatória quando de origem
degenerativa. Doenças metabólicas que promovam distúrbios nos músculos também podem ser analisadas.

Fisioterapeutas utilizam a eletromiografia para avaliar padrões de respostas musculares e eficácia de


tratamentos. Na área de educação física é um exame bastante utilizado durante a verificação das melhores
posições para trabalhar certos músculos. Pode também ser feito para se que estabeleça o ponto de fadiga
de cada pessoa, evitando assim lesões e protegendo o atleta. Fonoaudiólogos monitoram a evolução do
tratamento através da eletromiografia dos músculos da face. Na odontologia é muito utilizado para
investigar causas de dores e para avaliar o correto funcionamento dos músculos da ATM. Este é, portanto,
um procedimento que pode ser realizado com diversas finalidades.

Como é o procedimento

A atividade costuma ser medida através de um sistema de captação e de um software específico para a
interpretação do sinal. Os sinais são captados com o uso de eletrodos, de um sistema de canais, de um
amplificador e de uma placa de aquisição.

Os eletrodos podem ser de agulha ou superficiais. Os de agulha serão inseridos na musculatura e enviarão
os sinais ao eletromiógrafo, de acordo com as trocas iônicas de nível celular. Estes podem captar
informações de unidades isoladas em atividade ou em repouso.
Polissonografia é um registro complexo da atividade elétrica cerebral, da respiração e de sinais indicativos
de relaxamento muscular, movimentos oculares, oxigenação sanguínea, batimento cardíaco e outros.

O que é Polissonografia ?
Polissonografia é um exame que faz o registro completo da atividade elétrica cerebral, da respiração e de
sinais indicativos de relaxamento muscular, movimentos oculares, oxigenação sanguínea, batimento
cardíaco, conforme o objetivo do estudo do sono. A Polissonografia é indicada para diagnóstico de diversos
distúrbios do sono, incluindo Apneias e Roncos. Assim, é útil para o diagnóstico de insônia e dos distúrbios
respiratórios do sono, sonambulismo, terror noturno, ranger de dentes (bruxismo), fibromialgia e outros.

2 - Como é realizada a Polissonografia ?


A polissonografia é realizada sob a supervisão de profissional técnico especializado. O paciente deve dormir
com sensores fixados no corpo e que permitem o registro de diversas funções durante o sono. Os sensores
(ou eletrodos) são fixados de maneira a permitir ao paciente movimentar-se durante o exame, não
atrapalhando o sono.

Quais são os procedimentos para se realizar uma Polissonografia?


Um profissional irá recepcioná-lo e iniciar os procedimentos para realização do exame, será solicitado o
preenchimento de alguns questionários pré-exame. O paciente será, então, encaminhado para o quarto
onde irá dormir e as luzes serão apagadas, iniciando-se, assim, o registro polissonográfico. O profissional
acompanhará o registro, intervindo sempre que necessário. Pela manhã, encerra-se o registro, e são
retirados os eletrodos, será solicitado o preenchimento de um questionário do pós-exame e a seguir o
paciente é liberado. O registro será analisado por médico, e emitido um laudo que o paciente deverá
encaminhar ao médico solicitante podendo ser retirado o resultado pela Internet.

Como é interpretada a Polissonografia ?


O estagiamento da polissonografia segue a proposta de RECHTSCHAFFEN and KALES, de 1968. Os
parâmetros mínimos para a realização do estagiamento do sono são o eletrencefalograma, o eletro-
oculograma e o eletromiograma sub-mentoniano. O sono e´ divido em Sono com Movimentos Oculares
Rápidos (Sono REM) e Sono sem Movimentos Oculares Rápidos (Sono NREM), que por sua vez é ainda sub-
dividido em sono fases 1, 2, 3, e 4, conforme o sono se torna mais profundo. Cada uma destas fases
apresenta características próprias, e o seu conhecimento é fundamental para a adequada interpretação da
polissonografia. Quando se avaliam eventos relacionados ao sono, a interpretação correta da
polissonografia se torna ainda mais importante, pois esta avaliação baseia-se no tempo que o paciente
efetivamente dorme, e não em todo o tempo que é registrado. Além disso, alguns eventos registrados
podem ser normais em algumas fases do sono e anormais em outras.

Quais as vantagens da Polissonografia ?


A polissonografia oferece várias vantagens. Uma delas é que permite identificar diversas alterações
intrínsecas do sono, assim como distúrbios relacionados ao sono, como é o caso dos distúrbios
respiratórios. As múltiplas variáveis registradas na polissonografia tornam a interpretação do exame mais
fácil. A polissonografia permite ainda um ajuste mais flexível dos parâmetros avaliados, permitindo assim
avaliar melhor as repercussões respiratórias sobre o sono e vice-versa. Outra vantagem é presença do
profissional técnico, que pode intervir durante a realização do exame, sempre que necessário, além de ser
importante para dar todo o apoio necessário ao paciente. A presença do profissional técnico permite ainda
o ajuste na pressão do CPAP (aparelho para auxiliar a respiração de pessoas que tem Roncos e Apnéias do
Sono) quando necessário.

Ecografia Doppler

Doppler é uma das modalidades da ultrassonografia. A ultrassonografia é um método de produzir, em


tempo real, imagens em movimento das estruturas e órgãos do corpo, graças ao efeito Doppler,
descoberto em 1852 pelo físico austríaco Johann Christian Andreas Doppler. Segundo ele, há uma alteração
da frequência nas ondas (sonoras ou outras) percebidas pelo observador em virtude da aproximação ou
afastamento entre ele e a fonte sonora. A ciência conseguiu transformar essa descoberta em imagens e
utilizá-la na Medicina. Hoje pode-se obter imagens que permitem determinar o sentido e a velocidade de
circulação do sangue nos vasos sanguíneos e nas cavidades cardíacas. O sentido do fluxo sanguíneo é
mapeado nas cores azul e vermelha, conforme o sentido de circulação do sangue. O exame chamado
doppler passou então a ser um inestimável auxílio no estudo da circulação, sendo empregado não só
no diagnóstico e acompanhamento de doenças, mas também na área da obstetrícia para seguimento e
avaliação da gestante e do bebê. O procedimento pode ser empregado em qualquer porção circulatória,
mas seu uso tem sido mais frequente na análise da circulação nas carótidas.

Em que consiste o exame?

O paciente deve estar deitado em uma maca. O exame é feito por meio de um aparelho semelhante a uma
lanterna, deslizado manualmente sobre a pele, o qual emite ondas sonoras inaudíveis pelo ouvido humano
que são captadas de volta como ecos emitidos pelas hemácias e transformadas em imagens. Um gel é
aplicado sobre a região a ser examinada para permitir melhor contato e deslizamento do aparelho. O
exame dura de 30 a 60 minutos, tem grande precisão diagnóstica, é indolor e pode ser repetido inúmeras
vezes, permitindo um acompanhamento minucioso da evolução ou dos resultados terapêuticos de muitos
quadros patológicos.

O exame geralmente é feito por um médico especialista em ultrassonografia e, em geral, não exige nenhum
preparo prévio ou, no máximo, um jejum de algumas horas, conforme o tipo de exame.
Para que serve o exame?

O doppler fornece imagens dinâmicas, em tempo real, da rede vascular e do fluxo sanguíneo de diversas
partes do corpo, sem usar nenhuma radiação e sem apresentar efeitos colaterais, possibilitando e
contribuindo para o diagnóstico de várias patologias. Na gestação, o exame ajuda a determinar se os
principais órgãos do feto estão sendo bem irrigados e com oxigenação normal, além de avaliar
a circulação do cordão umbilical e do coração.

Alguns exemplos de exames com o Doppler

Ultrassonografia com Doppler de abdome

Ultrassonografia com Doppler de carótidas e vertebrais

Ultrassonografia com Doppler de outras artérias e veias

Ultrassonografia com Doppler da bolsa escrotal

Ultrassonografia com Doppler de globos oculares

Ultrassonografia com Doppler de mamas

Ultrassonografia com Doppler da região pélvica, masculina ou feminina

Ultrassonografia com Doppler transretal ou transvaginal

Ultrassonografia com Doppler das vias urinárias

Ultrassonografia com Doppler do sistema porta

Ultrassonografia com Doppler da tireoide


Angiografia cerebral

A angiografia cerebral (arteriografia) é uma técnica utilizada para detetar anomalias vasculares cerebrais,
tais como bolsas numa artéria (aneurismas), inflamação (arterite), uma configuração anormal
(malformação arteriovenosa) ou a obstrução de um vaso sanguíneo (icto). Injeta-se uma substância
radiopaca, visível nas radiografias, numa das artérias que irrigam o cérebro. A substância de contraste
mostra o padrão do fluxo sanguíneo cerebral nas radiografias. Podem obter-se imagens semelhantes para
mostrar os padrões de fluxo sanguíneo das artérias do pescoço e da base do cérebro modificando as
obtidas com a RM, embora não sejam da qualidade das obtidas com a angiografia cerebral.

Potenciais evocados

Os potenciais evocados (respostas evocadas) são registos de respostas elétricas do cérebro a certos
estímulos. A vista, o som e o tato estimulam, cada um deles, áreas específicas do cérebro. Por exemplo,
uma cintilação luminosa estimula a parte posterior do cérebro que recebe a visão. De um modo geral, a
resposta cerebral ao estímulo é demasiado ligeira para se registar na EEG, mas com uma série de estímulos
pode fazer-se a média das respostas através de um computador, que mostrará que tais estímulos foram
recebidos pelo cérebro. As respostas evocadas são de uma importância particular se a pessoa submetida ao
teste for muda. Por exemplo, o médico pode avaliar a audição numa criança verificando a resposta cerebral
que se produz em virtude do ruído.

As respostas evocadas podem revelar uma afeção do nervo óptico (o nervo dos olhos) numa pessoa com
esclerose múltipla. E, num epiléptico, podem também revelar uma descarga elétrica anormal
desencadeada por uma respiração profunda e rápida, ou então a que se produz quando o doente observa
um clarão luminoso.
Web grafia:
http://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/viewFile/1696/1276

http://www.saudemedicina.com/eletromiografia-emg/

http://www.neurologia.srv.br/polissonografia

http://www.abc.med.br/p/exames-e-
procedimentos/327855/doppler+como+e+este+exame+para+que+serve.htm

http://www.manuaismsd.pt/?id=86&cn=829

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