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NATIONAL

GEOGRAPHIC

100
GRANDES MISTÉRIOS
DA
HUMANIDADE
Como foram feitas as pirâmides?
Onde foi parar o Santo Graal?
A Terra já foi visitada por Ets?

2014
100
GRANDES MISTÉRIOS
DA HUMANIDADE

INTRODUÇÃO

Um mundo cheio de mistérios



Vasculhe a história, perscrute a ciência e você perceberá como é pouco o que
sabemos sobre o mundo. Deparamos com mistérios por toda parte. Quem ergueu
as pedras verticais de Carnac ou a cidade mexicana de Teotihuacán ? Por que
dormimos, sonhamos e envelhecemos? Como o Universo começou e como
acabará? Onde teve início a vida? Ela existe em outros planetas?
Para onde foram os desaparecidos: os homens da Expedição Franklin, a arrojada
Amélia Earhart, o astucioso D. B. Cooper? Alguém pode simplesmente sumir?
Até as menores coisas são enigmas. Por que os peritos em decodificação não
conseguem decifrar um manuscrito medieval? O que explica o soluço?
Esta é uma edição especial sobre 100 pessoas, lugares, acontecimentos e
questões que há séculos nos desafiam e nos fascinam. Em alguns casos,
investigações minuciosas encontraram a resposta para dúvidas imemoriais ou
pelo menos oferecem uma gama de explicações plausíveis. Outros mistérios,
entre eles alguns dos maiores, ainda não se deixaram desvendar.
Gostaríamos que não fosse assim? Certamente a maioria de nós adoraria ver a
solução para o câncer ou os males do envelhecimento, mas lá no fundo poucos
desejariam viver em mundo ensolarado onde tudo está explicado. Há magia no
desconhecido, e certa liberdade para deixarmos a imaginação correr solta pelos
cantos mais escuros na Terra.
CIVILIZAÇÕES

Algumas culturas deixaram mistérios que desafiam quem veio depois:


pedras a prumo, manuscritos em código e mais estas que resistem ao teste
do tempo.


01. QUAL O SIGNIFICADO DAS PEDRAS DE CARNAC?
Mais de 3 mil pedras a prumo, acorcundadas por vento e chuvas, formam longas
avenidas nos arredores do vilarejo francês de Carnac. Elas se estendem por 3
quilômetros, feitas de blocos de pedras conhecidos como menires ou de blocos
com mais de uma pedra, chamados dolmens. Os arqueólogos não descobriram
seu propósito nem suas origens.
Esses megálitos foram considerados sagrados por sucessivas ondas da cultura
bretã. Romanos antigos esculpiram seus deuses nas superfícies graníticas,
cristãos mais tarde acrescentaram seus símbolos. Diz uma lenda que os menires
são os restos mortais petrificados de um exército de pagãos que perseguiu São
Cornélio até o mar, e por fim o santo, acuado, transformou seus algozes em
pedra. Na verdade, elas são muito mais antigas que o cristianismo, e a maioria
remonta ao período Neolítico pré-ceita da Bretanha, aproximadamente de 4500 a
2000 a.C. Teriam sido erguidas em tributo a deuses antigos? Seriam homenagens
a ancestrais? Serviriam para representar o alinhamento do Sol ou das estrelas?
Até agora o exército cinzento guardou seu segredo.
Associações Megálitos parecem ter possuído um significado sagrado em culturas antigas
do mundo todo. Existem , por exemplo, na Indonésia, na península Coreana e na
Turquia, Espanha, Portugal e Ilhas Britânicas.

02. COMO OS ANTIGOS EGÍPCIOS CONSTRUÍRAM A GRANDE


PIRÃMIDE?
A grande pirâmide de Gizé, erguida para ser a tumba do faraó Quéops por volta
de 2560 a.C., é a última das Sete Maravilhas do Mundo Antigo ainda em pé.
Arquitetos egípcios muito provavelmente empregaram dezenas de milhares de
trabalhadores para transportar os 2,3 milhões de blocos de calcário da pirâmide,
cada um pesando em média 2,3 toneladas. Com eles içaram e instalaram os
pesadíssimos blocos em uma construção cada vez mais alta?
As teorias sobre os métodos usados vão de guindastes (não havia madeira
suficiente no Egito para fabricá-los) a extraterrestres. A maioria das hipóteses
envolve uma rampa. Se fosse reta, a rampa precisaria ter no mínimo 1,6
quilômetro de comprimento para chegar ao topo da pirâmide sem ser íngreme
demais, e não há indícios dessa estrutura. Uma rampa espiralada em volta da
fachada não permitiria aos engenheiros medir as arestas, tarefa necessária para
que elas se encontrassem no topo. Alguns arqueólogos recentemente supuseram
que os trabalhadores usaram uma rampa reta para os níveis inferiores e uma
rampa interna espiralada para a porção superior. Exames do interior da Grande
Pirâmide, possivelmente com uma câmera de infravermelho, talvez por fim
solucionem o enigma.

03. QUAL O PROPÓSITO DE STONEHENGE?


Druidas usavam o lugar para cultos e sacrifícios humanos. Era um templo de
cura, erguido por gigantes. Foi um grande observatório solar, a capital da cultura
britânica na Idade do Bronze, um monumento a vários deuses ou um lugar
sagrado de ancestrais mortos. Todos esses significados e outros mais já foram
atribuídos a Stonehenge, o famoso círculo pedras na planície de Salisbury, na
Inglaterra. Muitas dessas teorias foram refutadas, mas a finalidade do
monumento ainda é um mistério.
Temos certeza de que Stonehenge é muito mais antigo do que os druidas.
Construído em etapas entre 3000 a.C. e 1520 a.C., aparentemente começou como
círculos de montes de terra e madeiras na vertical. Mais tarde, até 80 blocos de
arenito cinzento, pesando várias toneladas cada um, foram transportados, não se
sabe como, desde Gales, a 257 quilômetros. Um círculo externo de sarsen,
blocos de arenito silicificado pesando até 45 toneladas, foi extraído entre 30 e 50
quilômetros do local, em Marborough Downs, e instalado por volta de 2500 a.C.
Enormes peças de sustentação, ou lintéis, ainda encabeçam algumas das pedras.
O monumento completo era ligado ao rio Avon por uma longa avenida.
O círculo alinha-se aos solstícios de verão e inverno, mas fora isso não parece ter
uma função astronômica. É possível que o local se destinasse a um culto de
ancestrais, porém ainda não existem indícios suficientes. Uma coisa é certa: a
planície de Salisbury, exposta ao céu, há muito tempo é um local sagrado.
Monumentos e sepulturas pré-históricos são comuns em todo esse platô
descampado, indicando que para povos antigos a área realmente teve alguma
finalidade espiritual, ainda oculta aos nossos olhos.
Associações Alguns aficionados de Stonehenge dizem que esses megálitos e outros
pelo mundo dispõem-se ao longo de “linhas de lei”, supostos canais de força geofísica
que atraíram espíritos e investigadores psíquicos.

04. QUEM FORAM AS MÚMIAS DE TARIM?


No começo do século 20, arqueólogos informaram um achado: no noroeste da
China, na orla do implacável deserto de Taklimakan, eles estavam descobrindo
corpos preservados que pareciam ter sido de europeus. Enterrados na bacia do
rio Tarim perto de um leito seco de rio, esses corpos naturalmente mumificados
tinham cabelos loiros ou castanhos compridos e traços ocidentais. Alguns
remontavam a aproximadamente 4 mil anos atrás. Pelo menos um grupo,
enterrado no local hoje chamado de Cemitério do Rio Pequeno, usava capas de
lã e chapéus de feltro com penas vistosas, parecidíssimos com os de caminhantes
alpinos. Curiosamente, foram sepultados sob barcos virados de borco, sobre os
quais havia longas varas parecidas com remos espetados no chão –
possivelmente símbolos fálicos, sugerem os pesquisadores.
A análise de DNA de um grupo do Cemitério do Rio Pequeno mostrou que a
aparência ocidental das múmias não era enganosa: seus genes contêm uma
mistura de linhagens da Europa e Sibéria. Outro indício de uma herança européia
ocidental foi a descoberta de que habitantes posteriores da área falavam uma
singular língua indo-europeia, o tocariano. Mas ainda não sabemos de onde vem
o povo de Tarim nem o motivo de sua peregrinação para esse lugar.

05. O QUE ACONTECEU COM A CIVILIZAÇÃO DO VALE DO


INDO?
Três grandes civilizações dominavam o mundo antigo: Mesopotâmia, Egito e a
cultura do vale do Indo. A Mesopotâmia e o Egito evoluíram, conquistaram e
foram conquistados, fundiram-se a outras culturas. Em contraste, a civilização
do vale do Indo, a maior das três, ruiu e desapareceu não se sabe por quê.
O povo do vale do Indo prosperou entre 2500 a.C. e 1700 a.C., ocupando terras
principalmente do atual Paquistão, no subcontinente indiano. A civilização
beneficiou-se das terras férteis terras da planície aluvial do rio Indo e do
comércio com a Mesopotâmia. Duas cidades, Harappa e Mohenjo-Daro, atestam
o refinamento e o planejamento central desse povo. Eram agricultores,
mercadores e artesãos cujas estatuetas flexíveis revelam observadores
perspicazes. A cultura, letrada, possuía uma escrita elaborada que em boa parte
ainda não foi decifrada.
Uma civilização assim parece ideal para disseminar pelas regiões férteis ao seu
redor. No entanto, por volta de 1900 a.C., a grande cidade de Mohenjo-Daro foi
arrasada por forças ignoradas – possivelmente invasores arianos -, que, segundo
o Rig Veda, destruíram fortes “como o tempo consome as vestes”. Sejam quem
ou o que for que atacou a cidade, destruiu suas estátuas e foi embora. Em fins do
segundo milênio a.C., toda a cultura desaparecera.

06. O QUE ESTÁ ESCRITO NO DISCO DE FESTO?


Em 1908, o arqueólogo italiano Luigi Pernier encontrou um disco de 15
centímetros feito de argila queimada nas ruínas do antigo palácio de Festo, na
ilha grega de Creta. Talvez de 1700 a.C., na Idade do Bronze minóica, o disco
mostra uma espiral de símbolos, sem tradução até hoje. Por serem estampados
remetem a uma produção em massa, embora nenhuma outra descoberta confirme
isso. Os 242 sinais, compostos de 45 estampas únicas, agrupam-se em 61
segmentos. Muitos têm formas reconhecíveis, por exemplo, uma cabeça tatuada,
uma seta, uma árvore, um gato e uma colméia, que poderiam representar grupos
fonéticos ou silabas; no entanto, são poucos para permitir a decifração. Nunca se
encontrou outro artefato com símbolos iguais a esses. Tentativas de solucionar o
mistério – cretense? Estrangeiro? Leitura silábica de fora para dentro? Leitura
alfabética de dentro para fora? – são tão variadas quanto seus intérpretes.
Especialistas supõem que o disco seja uma fraude, mas a maioria o considera
genuíno. Como outros vestígios da cultura minóica, esse contínua a esconder
seus segredos.

07. UM VULCÃO DESTRUIU OS MINOICOS?


Quando o arqueólogo britânico Arthur Evans encontrou as intrincadas ruínas de
um antigo palácio na ilha de Creta em 1900, lembrou-se da lenda do rei Minos.
Segundo a mitologia grega, o tirânico governante cretense costumava alimentar
com jovens atenienses o Minotauro, um híbrido de humano e touro que ele
mantinha preso no centro de um labirinto. Ainda que Minos, sua criatura e o
labirinto possam não ter existido, as descobertas de Evans mostram que houve
realmente uma grande e prospera cultura pré-helênica nessa ilha do Egeu, e
Evans batizou-a de civilização minóica.
Os minóicos viveram de aproximadamente 2700 a.C. a 1450 a.C. Letrados e
artísticos, eles controlavam redes mercantis por toda a Europa e Oriente Médio.
Mas sua civilização teve um fim absurdo. Os grandes palácios em Cnosso e em
outras partes foram destruídos, e a cultura desapareceu. As razões ainda são alvo
de debate. Nessa época, houve uma erupção vulcânica na ilha vizinha de Thera.
Um terremoto, cinzas vulcânicas, um tsunami ou uma combinação de tudo isso
teria demolido os palácios minóicos? Ou exércitos micênicos teriam invadido,
teoria respaldada pela aparência de artefatos micênicos da época? Os minóicos
podem ter-se autodestruído com uma insurreição? Ou terá sido uma junção de
vários fatores: desastres naturais que enfraqueceram a cultura e exércitos que
deram o golpe de misericórdia?
Associações Muitas obras de arte minóica retratam o esporte de salto sobre touro, no
qual um atleta agarra os chifres de um touro desembestado e pula por cima das costas
da fera. Uma versão desse esporte ainda é praticado no sudoeste da França.

08. EXISTEM TESOUROS ESCONDIDOS NA CIDADE DE TÂNIS?


Tânis, no Egito, talvez seja o mais espetacular sítio arqueológico de que você já
teve notícia. Os fãs de Os Caçadores da Arca Perdida talvez a reconheçam
como a cidade soterrada que supostamente guardava a Arca da Aliança. Os
leitores do Antigo Testamento podem chamá-la de Zoã, lugar onde Moisés teria
feito milagres. Hoje é conhecida como Sân el-Hagar. Mas a cidade de Tânis real,
histórica, a capital da 21ª Dinastia do Egito, foiçou perdida para o mundo por
cerca de 2 mil anos. situava-se no delta do Nilo, e desapareceu quando o rio
mudou seu curso. Ninguém sabia onde encontrá-la nem o que ela continha.
Estudiosos europeus começaram a descobrir partes da cidade no século 19,
porém os achados mais espetaculares aconteceram em 1939, quando o
arqueólogo francês Pierre Montet encontrou um complexo de tumbas reais com
máscaras de ouro, jóias, ataúdes de prata e outros tesouros que revitalizavam
com os do rei Tut. Para azar de Montet, a Segunda Guerra Mundial eclipsou suas
descobertas. Embora alguns dos tesouros de Tânis estejam no Museu Egípcio do
Cairo, os cientistas sabem que há imagens de satélite em infravermelho que
revelam edificações à espera de serem escavadas.

09. O QUE SERÁ ENCONTRADO NA SOTERRADA CIDADE DE


PETRA?
Os viajantes que procuram a entrada leste de Petra, antiga cidade no extremo
sudoeste da Jordânia, precisam enveredar por um dos caminhos mais
impressionantes do mundo: um desfiladeiro estreito de 76 metros de
profundidade conhecido como Siq. No fim do cânion deparam com os imensos
pilares do Tesouro (um templo) esculpido no penhasco de arenito. Lá dentro?
Uma pequena tumba. Petra, que já foi uma cidade imensamente rica, hoje tem
boa parte escondida sob areia e fragmentos de rocha.
Petra foi ocupada pelos nabateus, nômades árabes que se fixaram na área e a
transformaram em um centro de comércio de aproximadamente 300 a.C. até 700
d.C. Engenhosas redes de água abasteciam banhos públicos e viçosos jardins no
deserto. Os romanos instalaram-se na cidade por volta do século 2, e depois
disso a cidade entrou em declínio, até que a maioria de suas vilas, teatros e
templos desapareceu. Declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela
Unesco, Petra é hoje uma grande atração turística, mas a maior parte de sua
riqueza permanece enterrada.

10. CORPOS DO PÂNTANO FORAM VÍTIMAS DE SACRIFÍCIO


HUMANO?
Eles estão entre as mais bem preservadas vítimas de assassinato do mundo.
Corpos foram descobertos em turfeiras por todo o norte da Europa, na
Dinamarca, ilhas Britânicas, Alemanha e Holanda. Alguns eram só esqueleto,
mas muitos conservaram-se um extraordinário estado de mumificação natural
com a pele intacta mostrando até as rugas de aflição. Conservados pela acidez e
ausência de oxigênio de certos pântanos, os corpos representam uma ampla
gama de eras, de 8000 a.C. até o século 20, mas a maioria é da idade do Ferro,
aproximadamente 2,5 mil anos atrás. Esses não foram caminhantes
desafortunados que caíram no pântano e não conseguiram escapar. A maioria
sucumbiu a golpes de clava ou faca ou na forca, como o dinamarquês Homem de
Tollund, sepultado com a corda de couro no pescoço.
Na falta de registros escritos, restou aos arqueólogos fazer suposições sobre a
intenção desses assassinatos. Talvez as vítimas fossem criminosos. Mas hoje
estudiosos supõem que as mortes tenham sido sacrifícios humanos a deuses ou
deusas. Muitos dos corpos encontrados na Irlanda continham marcas de status,
como jóias, e foram esquartejados e sepultados ao longo de linhas de fronteira
entre reinos. Independente de sua origem, podem ter sido sacrificados e postos
nos pântanos como forma de proteção mágica, e permaneceram intactos por
muito tempo depois de seus verdugos terem desaparecidos.

11. O QUE ESTÁ ESCONDIDO NA TUMBA DE QIN?


O primeiro imperador da China, Qin Shi Huang Di, exerceu o poder como só um
déspota é capaz. Uniu os estados beligerantes da China em 221 a.C. e então
padronizou pesos e medidas, defensivas por todo o seu reino. E também
queimou livros e executou sábios. Mas seu projeto monomaníaco foi seu próprio
legado. Obcecado pela imortalidade, o imperador recrutou cerca de 700 mil
operários para construir uma tumba semelhante a uma cidade, guardada por um
colossal exército de terracota.
Arqueólogos descobriram milhares desses guerreiros, cada um vividamente
pintado, além de cavalos e carruagens de bronze em metade do tamanho natural,
em companhia de valiosos artefatos de seda, linho, jade e osso. Artesãos,
concubinas e escravos também foram sacrificados e sepultados no complexo, e
os trabalhadores que o construíram foram mortos para preservar os segredos.
Segundo Sima Quain, historiador da Dinastia Han, a tumba contém maravilhas:
uma maquete do império inteiro com detalhes de pássaros de ouro e prata, rios
correntes de mercúrio e um mapa do céu com constelações de perolas. Os
arqueólogos chineses relutam em perturbar a delicada estrutura. A maior parte
do mausoléu permanece inexplorada e desconhecida. O imperador não foi
descoberto, e não se sabe se um dia será, o que sem dúvida satisfaz o desejo do
autocrata.

12. QUEM CONSTRUIU TEOTIHUACÁN ?


Os desconhecidos construtores da grande cidade de Teotihuacán parecem ter
decidido não deixar pistas sobre sua identidade. Iniciada por volta de 100 a.C. no
planalto mexicano, a cidade logo se tornou a maior metrópole do hemisfério
ocidental, abrigando de 80 mil a 100 mil habitantes em 20 quilômetros
quadrados. As ruas formavam um reticulado divido pela Avenida dos Mortos.
As imponentes pirâmides do Sol e da Lua dominavam as ruas amplas, os
templos, os conjuntos residenciais e as oficinas. Apesar disso, o povo que erguei
a cidade não deixou registro de sua língua e origens. Até o melodioso, nome da
cidade é legado de uma cultura posterior, os astecas.
Ao prosperar, Teotihuacán aparentemente atraiu imigrantes de outras
culturas,entre eles maias e mixteques. A brutalidade pode ter sido parte do
cotidiano. Esqueletos nos templos parecem ter sido sacrifícios rituais, e até
pentes, botões e agulhas foram feitos com ossos humanos de cadáveres recentes.
Tão misteriosamente quanto surgiu, a cidade foi destruída, queimada e
abandonada no século 7 d.C. Invasores talvez sejam os responsáveis, mais
alguns pesquisadores observam que a maioria das edificações incineradas
pertencia às cidades superiores. Teotihuacán pode ter sido destruída por seu
próprio povo, saqueada pela população oprimida em período de seca.
Associações A Pirâmide da Lua é uma fonte particularmente rica em vítimas de
sacrifícios. Entre elas há um pioneiro de guerra ferido, queimado vivo com as mãos
atadas nas costas, rodeados por corpos de aves de rapina e cascavéis.

13. PALENQUE PODERÁ SOLUCIONAR OS MISTÉRIOS MAIAS?


Os estudiosos ainda estão preenchendo os claros na história da ascensão e queda
da grande civilização maia, apesar da riqueza dos registros foram encontrados
em Palenque, sítio arqueológico mexicano com uma cidade imponente contendo
templos e praças de pedra, que floresceu de 200 a 900 d.C. Abandonados à ação
da selva por centenas de anos, as estruturas, em especial o Templo das
Inscrições, de fachada em degraus, contém extensos textos hieroglíficos
esculpidos. Mas não século 16, quando os europeus chegaram à península de
Yucatán, ninguém mais sabia ler aquela escrita.
Investigações à base da força bruta também não ajudaram. Nos anos 1780, o
coronel Antonio del Rio começou sua busca no palácio de Palenque derrubando
paredes. Mais recentemente, porém, estudiosos começaram a decifrar os
complexos hieroglíficos,de pois de entrarem na tumba de um governante maia
Pakal, encontrada no Templo das Inscrições. Nos anos 1970, arqueólogos
decifraram uma lista de reis; agora 90% dos hieróglifos já foram decifrados,
revelando uma complexa escrita logográfica na qual símbolos podiam
representar sílabas ou palavras. As inscrições restratam um povo beligerante
cujos conflitos internos podem ter ajudado a acarretar a própria destruição.

14. QUAL A FINALIDADE DAS LINHAS DE NASCA?


Dois mil anos atrás, pessoas gravaram mais de mil figuras imensas no deserto
costeiro do sudoeste peruano. Quadriláteros, trapezóides, espirais, linhas
estreitas e contornos lembrando formas de criaturas gigantes estendem-se por
centenas de quilômetros quadrados de platôs áridos concentradas entre as
cidades de Nasca e Palpa. Nos anos 1920, pilotos que cruzam os Andes
redescobriram os enormes geoglifos, motivando décadas de estudos para
responder à pergunta: eles servem para quê?
Muitas explicações foram propostas e descartadas ao longo dos anos. sabemos
que os traçados foram criados sobretudo pela cultura nasça, que prosperou
aproximadamente de 200 a.C. a 600 d.C. Estudiosos das figuras teorizaram que
elas eram linhas de irrigação, um calendário astronômico, estradas incas, ícones
para serem vistos de balões de ar quente arcaicos e – na hipótese mais persistente
e mais provável – pistas de pouso para espaçonaves extraterrestres. Hoje a
principal hipótese é mais simples: os glifos talvez formassem trajetos
cerimoniais em uma paisagem sagrada. Muitas das figuras associam-se a chuva
ou fertilidade, e ainda há vestígios de pegadas ao longo das linhas.
Associações Os proponentes da teoria dos astronautas antigos argumentam que as
linhas só podem ser vistas do céu, porém das montanhas próximas é possível distinguir
claramente as figuras.

15. A RODA XAMÂNICA DE BIGHORN É UM CALENDÁRIO


ASTRONÔMICO?
Seja qual for seu propósito, a Roda Xamânica de Bighorn não foi feita para ser
facilmente acessível. O círculo de pedras de 23 metros de diâmetro está no topo
da montanha Medicine, a 2939 metros de altura, na cordilheira de Bighorn, no
Wyoming. Durante dez meses por ano, fica soterrado em neve intransponível.
Apesar disso, ou talvez por causa disso, a Roda é um local sagrado para nativos
americanos. Construída por tribos indígenas da planície há uns 700 anos, ela é a
mais conhecida de outra cerca de 70 rodas existentes nos Estados Unidos e
Canadá. No centro da Roda há um monte de pedras do qual partem 28 raios
também de pedra. Ao redor da circunferência mais seis monte. Não existem
registros que elucidem sua finalidade, mas seu alinhamento é sugestivo. A linha
de um monte até o eixo marca o nascer do sol no solstício de verão; do outro
monte parte uma linha que marca o pôr do sol nesse mesmo dia. Outros
alinhamentos indicam o despontar das estrelas Sírius, Aldebarã e Rigel,
importantes em lendas de povos indígenas. Os 28 raios talvez representem os 28
dias do calendário lunar. Intencionalmente ou não, a Roda serve como um
notável calendário astronômico.

16. OS PRIMEIROS COLONIZADORES DA AMÉRICA FORAM


VIKINGS?
Por gerações as crianças americanas aprenderam na escola que Cristovão
Colombo descobriu a América em 1492. Mesmo depois de professores
observarem que o Novo Mundo já fora “descoberto” milhares de anos antes
pelos nativos americanos, o navegador genovês era considerado o primeiro
europeu a chegar ao continente. Mas dissidentes propuseram uma teoria
alternativa. Segundo sagas nórdicas medievais, o arrojado viking Leif Eriksson
zarpou da Groenlândia no ano 1000 e chegou a uma exuberante terra de
campinas verdejantes a oeste, rica em madeira, salmões e uvas. Outras famílias
nórdicas logo se juntaram a ele em “Vinlândia”, onde tiveram atritos com os
nativos, que chamavam de “skraelings”. Essa suposição foi vista com ceticismo
até 1960, quando dois exploradores noruegueses, Helge e Anne Ingstad,
descobriram vestígios de uma colônia em L’Anse aux Meadows, na Terra Nova,
Canadá. Havia artefatos nórdicos enterrados profundamente em oito construções,
entre eles uma lâmpada, um prendedor de capa, um fuso e pregos de ferro para
barco.
Hoje os estudiosos em geral aceitam que L’Anse aux Meadows foi a primeira
colônia nórdica na América do Norte, provavelmente habitada apenas por alguns
anos até que as famílias voltaram para a Groenlândia e sua descoberta se
transformou em lenda nórdica.

17. QUAL O SIGNIFICADO DO MONTE DA GRANDE


SERPENTE?
Com mais de 390 metros de compromisso, 6 a 9 metros de largura e 1 a 2 metros
de altura, o monte da Grande Serpente, maior efígie em elevação de terra do
mundo, coleia por uma encosta do sul de Ohio. Sua cauda termina em uma
elegante espiral, e a cabeça parece estar engolindo um ovo gigante.
Descrito pela primeira vez nos anos 1840, esse monte sinuoso foi originalmente
atribuído ao antigo povo adena, que habitou a área aproximadamente de 500 a.C.
até 200 d.C. e cujos restos mortais se encontram em sepulturas nos arredores.
Mais recentemente, a datação por radiocarbono sugeriu que a estrutura é mais
nova: do tempo do povo de Fort Ancient cerca de 900 anos atrás. A cultura de
Fort Ancient foi influenciada pela cultura mississipiana, em cuja iconografia
figuravam muitas cascavéis; de fato, muitas culturas americanas nativas
atribuíam poder espiritual a serpentes. Alguns arqueólogos observaram que a
cabeça do monte da Serpente alinha-se com o solstício de verão, portanto, ela
pode ter servido a alguma finalidade astronômica ou cerimonial. Na ausência de
artefatos ou registros escritos, porém, o monte pode permanecer um grande
enigma.
18. ENTENDEREMOS A ARTE E A ESCRITA DA ILHA DE
PÁSCOA?
A ilha de Páscoa – Rapa Nui, na língua de seu povo – é o mais isolado dos
lugares habitados do planeta. Mais de mil anos atrás, seus habitantes ergueram
centenas de monólitos de varias toneladas, os moais, que fascinam desde sua
descoberta, há 300 anos. esculpidas principalmente com tufo vulcânico, e
ferramentas manuais, as estátuas foram transportadas, não se sabe como, e
colocadas sobre plataformas de pedra. Qual seria seu propósito? Como um povo
pobre em tecnologia poderia mover os monólitos?
Os nativos da ilha de Páscoa dizem que as estátuas andaram. Alguns autores
afirma que os moais só poderiam ter sido postos ali por civilizações perdidas ou
por extraterrestres. Fontes mais acadêmicas aventaram que as estátuas talvez
tenham sido arrastadas sobre suportes. Recentemente, arqueólogos mostraram
que o povo da ilha talvez tenha razão: as estátuas andaram. Uma equipe de
pouco mais de 20 pessoas, usando cordas, pode ir balançando um moai de um
lado para o outro, apoiado na base abaulada da estátua e fazer a estátua “andar”
para a frente.
Na época em que chegaram os exploradores europeus, muitos moais tinham sido
derrubados, e seu significado perdera-se na memória. Eles podem ter sido
símbolos de poder entre grupos beligerantes. Ou tiveram um propósito religioso
pacífico.
Lâminas de madeira e pedra encontradas no local são outro mistério. Contém
uma escrita não decifrada, o rong-orongo. Os curiosos glifos são a escritos em
direções alternadas, que mudam quando a lâmina é virda de ponta-cabeça. Como
as estátuas a escrita, até agora resistiu às explicações.

19. ONDE ESTÁ A TUMBA DE GENGHIS KHAN?


Em sua época, ele foi o terror do mundo. Genghis Khan (Chinggis Qan) reuniu
um exército de cavaleiros inclementes no século 13 e arremeteu pela Ásia e pela
Europa, chacinando cidades inteiras e erigindo pirâmides de crânios. No auge,
seu império abrangia 31 milhões de quilômetros quadrados, do Mediterrâneo ao
mar Amarelo. O líder mongol foi tão eficiente na reprodução quanto na luta.
Hoje cerca de 16 milhões de pessoas possuem genes que provavelmente podem
se identificados com os do conquistador.
Mas quando Genghis Khan morreu, em 1227, ele desapareceu, e a localização de
sua tumba tem sido um dos segredos mais bem guardados da história.
Aparentemente, essa foi a vontade dele. Uma lenda diz que levaram o líder para
sua terra natal, na Mongólia, para um funeral elaborado, mas algumas versões
também afirma que em seguida o solo foi pisoteado por cavalos e arborizado
para ocultar a tumba. Depois toda a procissão cerimonial teria sido assassinada.
Agora os exploradores estão usando técnicas não invasivas para examinar a área
da Mongólia por via aérea à procura de estruturas antigas, como montes
funerários. Até o momento, a terra manteve bem escondidos os restos mortais do
maior conquistador do mundo.

20. MACHU PICCHU FOI UM LUGAR SAGRADO?


Hiram Bingham, o explorador que em 1913 revelou em ao mundo a existência
de Machu Picchu, no peru, chamou o lugar de A Cidade Perdida dos Incas. Ele
supôs que o complexo de palácios, templos, depósitos e habitações de pedra
poderia ser o que restava da cidade de Vilcabamba, onde os governantes incas
lutaram e perderam a batalha contra os invasores espanhoies. Ou, pensou
Bingham, talvez fosse a residência das Virgens do Sol, mulheres consagradas ao
Deus-Sol dos incas. Estudos mais recentes derrubaram as imaginativas teorias de
Bingham; Machu Picchu foi, sim, uma cidade inca, mas não Vilcabamba. E não
se encontrou vestígio algum de virgens sagradas. Mas os incas não deixaram
registros escritos, e os arqueólogos continuam a desconhecer a finalidade e os
habitantes da cidade na montanha.
Teorias recentes supõem que as íngremes construções em terraços podem ter
sido erigidas como um retiro para o grande imperador inca Pachacuti no século
15. Por outro lado, o lugar parece ter sido sagrado – cingida pelo cultuado rio
Urubamba e alinhada com os solstícios, Machu Picchu pode ter sido um local
real e um destino sagrado. Pesquisadores continuam a escavar o sítio
arqueológico, em busca de pistas sobre os fascinantes habitantes da cidade e
razão de viver de a terem abandonado nos anos 1570.
Associações Bingham baseou sua teoria sobre as Virgens do Sol em sua descoberta de
100 esqueletos no local; ele julgou que a maioria era mulheres, mas a ciência forense
agora prova que metade eram homens de baixa estatura.

21. QUAL O SIGNIFICADO DO MANUSCRITO DE VOYNICH?


O manuscrito de Voynich é ao mesmo tempo o deleite e o tormento dos
decodificadores. A obra de 240 páginas em papel pergaminho está escrita em
uma língua desconhecida e contém centenas de ilustrações a tinta de símbolos
astrológicos, plantas não identificáveis e bizarras figuras humanas. Legiões de
criptógrafos, inclusive alguns dos melhores do mundo, tentaram em vão decifrar
os dizeres do manuscrito. Será um tratado sobre ervas? Um guia de alquimia?
Ninguém sabe.
O manuscrito leva o nome do livreiro polonês-americano Wilfrid Voynich, que o
comprou em 1912, porém é bem mais antigo. Remonta, no mínimo, ao tempo do
imperador germânico Rodolfo II (1576-1612), que o adquiriu por 600 ducados
de ouro, acreditando que seu autor fosse o erudito Roger Bacon. O vendedor
talvez tenha sido o renomado astrólogo e ocultista inglês John Dee, que tinha
uma coleção de obras de Bacon. Depois o manuscrito passou por vários
proprietários europeus, nenhum dos quais conseguiu entendê-lo.
Se esse manuscrito indecifrável for uma fraude, é uma fraude bem antiga. Testes
recentes mostram que ele é do século 15. Hoje o manuscrito de Voynich se
encontra na Biblioteca Beinecke, em Yale, misterioso como sempre.

22. UMA PAREDE FLORENTINA ESCONDE UM DA VINCI


PERDIDO?
Em 1902, o político florentino Piero Soderini encomendou a Leonardo da Vinci
a pintura de um mural no Palazzo Vecchio, em Florença. O quadro final,
retratando a vitória de forças toscanas na Batalha de Anghiari, era enorme: 6
metros de comprimento por 3 metros de altura. Mas Da Vinci não gostou dele.
Experimentando tintas a óleo na parede do Salão dos Quinhentos, o artista
constatou que as cores escorriam e borravam. Abandonou o mural sem terminá-
lo.
Muitos dos que viram a obra impressionaram-se com a dramática cena da
batalha, mas quando o salão foi remodelado, contrataram o artista Giorgio
Vasari para pintar por cima da obra de Da Vinci. Alguns estudiosos julgam que
Vasari, admirador da obra do mestre renascentista, teria construído uma falsa
parede para protegê-la, pintando nela seu mural. Estará lá ainda o Da Vinci,
escondido e imensamente valioso?
Em 2012, o historiador da arte Maurizio Seracini anunciou que inserira uma
minúscula câmera numa fenda da parede e detectara um espaço vazio e
pigmentos pretos atrás do mural. A investigação está paralisada, e o suspense
prossegue no caso.
23. QUAIS SÃO AS FONTES DO MAPA DE PIRI REIS?
Hajji Ahmed Muhiddin Piri, mais conhecido como Piri Reis (capitão Piri), foi
um talentoso almirante a cartógrafo turco do século 16. Os cartógrafos e os
apaixonados por civilizações perdidas conhecem-no principalmente como o
criador de um belo mapa de 1513. Perdido por muitos anos, o mapa foi
redescoberto no século 20 e hoje se encontra no Palácio Topkapi, em Istambul.
Ele parece representar apenas uma parte do documento original, pois há
referencias à Ásia em seu texto, mas infelizmente o resto do mapa desapareceu.
Esse pode ser o mais antigo mapa ainda existente a mostrar as Américas.
Para os cartógrafos, o mapa impressiona pela representação minuciosa da costa
sul-americana, datada de apenas duas décadas depois da descoberta européia. Os
de inclinações mais imaginativas dizem que o documento mostra massas de
terra, incluindo a Antártica, que na época eram desconhecidas – portanto, o
mapa só poderia ter sido criado milhares de anos antes, por alguma misteriosa
civilização avançada.
Essa ideia deriva sobretudo do fato de que a linha da costa sul-americana retrata
no mapa desvia-se acentuadamente para o leste, quase como se acompanhasse a
orla setentrional da Antártica. No entanto, um exame mais atento mostra que a
costa é bem diferente da orla antártica, e a latitude difere em milhares de
quilômetros. Piri Reis registrou no mapa que recorreu a muitas fontes, entre elas
exploradores portugueses, e parece provável que essas fontes fossem demasiado
esparsas para permitir a precisão.
No entanto, o documento contém informações que em teoria, eram
desconhecidas na época, entre elas a presença de uma cadeia de montanhas no
interior da América do Sul. O verdadeiro mistério pode ser: que mapeou esses
detalhes e por que a história esqueceu esses primeiros exploradores?
Associações O mapa de Piri Reis é um mapa portulano, como os que costumavam ser
usados na época do descobrimento. Esses mapas não eram orientados segundo norte e
sul ou latitude e longitude: norteavam o navegador pelas indicações da bússola.

24. ENCONTRAMOS EL DORADO?


O primeiro El Dorado foi um homem, não uma cidade. Os exploradores
espanhóis da América do Sul ouviram sua lenda no começo dos anos 1500. Em
alguma parte dos Andes, disseram-lhes, os índios muíscas empossavam um novo
chefe borrifando-o com ouro em pó da cabeça aos pés jogando ouro e
esmeraldas em um lago sagrado. Alucinados pela cobiça, aventureiros espanhóis,
alemães, portugueses e ingleses embrenhavam-se nas implacáveis selvas da
Colômbia, Guiana, Brasil – e onde mais lhe parecesse promissor – em busca
desse mítico tesouro. Com o tempo, a história do homem El Dorado
transformou-se de um vale pavimentado com ouro.
Entre os aventureiros estava Sir Walter Raleigh, cujo filho, Watt, morreu na
busca em 1617; Raleigh foi executado quando voltou à Europa por desobedecer
às ordens do rei. Muitos nativos americanos e europeus morreram nessas
expedições brutais. Nenhum dourado jamais apareceu.
Mas talvez haja alguma verdade na lenda. O lago mencionado na história muísca
pode ser a laguna Guatavita, situada no alto dos Andes próximo a Bogotá, na
Colômbia. Dessa lagoa e de outra próxima foram retirados alguns objetos de
ouro e jóias, porém as tentativas de drenar o lago para extrair as supostas
riquezas não deram em nada. Se houver algum tesouro lá no fundo, ele
permanece intacto.
Associações Entre os que procuram por El Dorado, estava o explorador espanhol Lope
de Aguirre, um psicopata que se intitulava “A ira de Deus”. Em sua busca ele assassinou
várias pessoas, inclusive sua própria filha e dois lideres de expedição.

25. A QUEM PERTENCEU A TABULETA DE JAMESTOWN?


É como se arqueólogos do futuro descobrissem as ultimas páginas de um bloco
atual, com tênues marcas de rabiscos, listas de compras, pensamentos e lições
escolares calcadas no papel. Em 2009, escavações em um velho poço de
Jamestown na Virgínia, a primeira povoação européia permanente na América,
revelaram uma tabuleta de ardósia coberta de arranhões sobrepostos. Entre suas
inscrições havia desenhos: um homem com uma gola de tufos, o que parece ser
uma palmeira do gênero Sabal e palavras em inglês que podem significar “UM
CRIADO [OU CANHÃO] DOS MELHORES” ou ainda “NÃO SOU DOS
MELHORES”. As marcas, assim como seu dono ou donos originais,
permanecem um mistério. A palmeira sugere que o artista de Jamestown viajara
para o sul; poderia até ser William Strachey, que sobreviveu a um naufrágio nas
Bermudas e se tornou o primeiro secretário da colônia.
O poço onde se encontrou a tabuleta foi aberto entre 1608 e 1610 por ordem de
John Smith, o líder de Jamestown, e depois transformado em depósito de lixo
porque se tornou salobro e inútil. Lixo colonial é tesouro para um arqueólogo, e
a tabuleta descartada é um achado particularmente valioso.
RELIGIÃO, MITO E O SOBRENATURAL

Fé, esperança e uma pitada de sobrenatural permitem que muitos mistérios


perdurem. Estes lugares, pessoas e objetos místicos são lendários.
26. O QUE ACONTECEU COM AS DEZ TRIBOS PERDIDAS DE
ISRAEL?
No século 10 a.C., 12 tribos ocupavam Canaã, a Terra Prometida. Eram
conhecidas pelos nomes de seus ancestrais, filhos ou netos de Jacó, que por sua
vez era neto do patriarca bíblico Abraão. Em 930 a. C., dez dessas tribos – Aser,
Dã, Efraim, Gade, Issacar, Manassés, Naftali, Rúben, Simeão e Zebulom –
formaram o Reino de Israel, ao norte. As outras duas, Judá e Benjamin,
constituíram o Reino de Judá. Assim foi durante 200 anos, até que os assírios
invadiram o norte, e as dez tribos desapareceram do registro histórico.
Teriam sido simplesmente assimiladas? Ou exiladas? Seus descendentes ainda
vivem? O destino das dez tribos perdidas fascinou muita gente nos séculos
seguintes. O viajante judeu Eldad-ha-Dani declarou tê-las descoberto no século 9
na margem oposto do intransponível rio Sambation. Outros afirmam ter
encontrado descendentes das tribos na Pérsia (atual Irã), América do Sul,
Afeganistão, África do Sul, Japão – onde quer que viajantes pensem ter visto
vestígios de tradições hebraicas. Vários grupos intitulam-se descendentes das
tribos perdidas, mas ainda não se sabe se essas pretensões são válidas, e as tribos
perdidas, por enquanto, continuam sem indícios.

27. ONDE ERA O JARDIM DO ÉDEN?


Se o Jardim do Éden bíblico existiu, qual teria sido sua localização? Diz o
Gênesis 2:10-14: “E saía um rio do Éden para regar o jardim, e dali se dividia,
repartindo-se em quatro braços. O primeiro chama-se Pisom; é o que rodeia a
terra de Havilá, onde há ouro. O ouro dessa terra é bom; também se encontram lá
o bdélio e a pedra de ônix. O segundo rio chama-se Giom; é o que circunda a
terra de Cuxe. O nome do terceiro rio é Tigre; é o que corre pelo oriente da
Assíria. E o quarto é o Eufrates”. Esses cursos d’água sugerem locais talvez no
Iraque, Irã ou Turquia. Mas o Livro do Profeta Ezequiel também se refere ao
Éden como um monte santo, possivelmente na região do atual Líbano.
A busca pelo Éden avançou muito além disso. Se a montanha sagrada for o
monte do Templo, em Jerusalém, e o rio original for o Jordão, o Éden poderia ter
sido onde hoje é Israel. se o rio Giom for o Nilo, como há quem acredite, o norte
da África poderia ser o local do Éden. Interpretações mais criativas apontam as
ilhas Seychelles, o condado de Jackson, no Missouri (segundo a igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias), ou o planeta Marte – essa última de um
autor que associou os rios edênicos a canais marcianos.

28. A ARCA DE NOÉ ESTÁ ENTERRADA NO MONTE ARARAT?


Poucas histórias bíblicas são mais conhecidas do que a Arca de Noé. Segundo o
Gênesis, Noé foi escolhido por Deus para preservar um casal de cada espécie
animal no mundo em sua embarcação de madeira durante um grande dilúvio. A
terra foi inundada, mas “as águas [...] minguaram ao cabo de cento e cinqüenta
dias. No dia dezessete do sétimo mês, a arca pousou sobre as montanhas de
Ararate”.
Encontrar a arca, ou o que restou dela, tem sido uma obsessão para exploradores
por no mínimo 2 mil anos. As montanhas de Ararat são referência a uma região
da Armênia antiga. Hoje, o monte Ararat, um maciço vulcânico na Turquia, é o
local mais comumente citado como a sepultura da Arca de Noé, embora Irã e
Iraque também tenham sido mencionados. Entre os que procuraram o Ararat está
o astronauta James Irwin, que participou de duas expedições malogradas nos
anos 1980. Em 2010 um grupo de Hong Kong declarou ter encontrado
compartimentos de madeira de 4,8 mil anos perto do pico da montanha turca,
mas não apresentou provas.
A maioria dos especialistas duvida que a arca, se existiu, seja encontrada no
Ararat. Mesmo se essa for a montanha correta, os restos de madeira da arca já
teria apodrecido há muito tempo.

29. É NO ZIMBÁBUE QUE ESTÁ A ARCA DA ALIANÇA?


A bíblica Arca da Aliança descrita em vários livros do Antigo Testamento, não
era uma embarcação, mas, como a Arca de Noé, continha tesouros. Na caixa
dourada de 1,2 metro de comprimento, além das tábuas dos Dez Mandamentos
havia um poder formidável. Levada à frente dos israelitas, ela partiu as águas do
rio Jordão. Carregada ao redor de Jericó, ajudou a fazer a ruir as muralhas da
cidade. Por fim, foi guardada no Primeiro Templo de Jerusalém, construído por
Salomão. E aí termina a trilha: quando os babilônios invadiram Jerusalém, em
586 a.C., o templo foi destruído, e a arca desapareceu dos registros.
Onde poderia estar? Alguns acreditam que esteja enterrada no monte do Templo.
Certos autores europeus supõem que ela foi levada por cruzados para a França.
A Igreja Ortodoxa da Etiópia afirma que está em posse da arca, guardada na
cidade de Axum, mas não a mostra em público. Recentemente, Tudor Parfitt,
professor da Escola de Estudos Africanos e Orientais em Londres, associou a
arca a um objeto sagrado no Zimbábue. Um clã zimbabuano chamado Lemba diz
ter trazido um recipiente semelhante a um tambor. A datação por carbono indica
que é mais nova que a Arca da Aliança, mas Partiff acredita que o ngoma pode
ser um substituto ou uma segunda geração da Arca.
Associações Segundo anotações antigas, a Arca limpava o chão dela dos escorpiões e
serpentes com rajadas de fogo. Além disso, matava os ímpios que a fitavam.

30. O REI ARTHUR FOI UM CHEFE MILITAR BRITÂNICO


REAL?
Eis o Arthur que a maioria de nós conhece: “’Muito bem, vejo que deveis ser o
rei desta terra’, disse Sir Ector a Arthur. ‘Mas por que eu?’, disse Arthur. ‘O que
fiz?’ ‘Meu senhor’, disse Ector, ‘é porque assim quis Deus; pois, nenhum
homem jamais tiraria essa espada’”.
Quando Thomas Malory escreveu esse romance, Le Morte d’Arthur, no século
15, o rei Arthur já estava arraigado nos corações britânicos como um governante
de proporções sobrenaturais. Mas os historiadores modernos debatem sua
existência. No século 6, o monge celta Gildas escreveu sobre batalhas dos
britânicos contra invasores saxões por volta do ano 500, mas não mencionou
Arthur. O historiador galês Nennius, do século 9, é o primeiro a pôr Arthur em
cena como um líder guerreiro. Em sua História dos Reis da Bretanha, de 1138,
Geoffrey de Monmouth promove-o a rei e acrescenta as figuras de Guinevere,
Merlin e outras.
Hoje a opinião dos historiadores é dividida. Alguns acham que a ausência de
relatos contemporâneos sobre Arthur significa que ele foi inventado
posteriormente. Outros acreditam que a ausência de provas não prova a ausência:
historiadores antes do nosso tempo também não mencionaram lideres que hoje
sabemos ser reais. A versão final aguarda provas até agora não encontradas.

31. EXISTIU UMA PAPISA?


A história surgiu no século 13 e logo se tornou aceita como fato. Segundo vários
cronistas medievais, quando o papa Leão IV morreu, em 885, foi sucedido por
um brilhante inglês, João de Mainz. João já ocupava o trono papal fazia mais de
dois anos quando, durante uma procissão em Roma, sentiu dores fortíssimas.
Para assombro dos presentes, ele deu à um filho e morreu. Desde então o papa
João passou a ser a papisa Joana.
Por vários séculos, o público acreditou na verdade histórica da mulher pontífice.
Seu busto figurou entre outros na Catedral de Siena e historiadores da
Renascença incluíram-na em seus textos. Procissões papais evitavam a rota na
qual Joana teria dado à luz. Críticos protestantes da Igreja, em particular,
deleitavam-se em remodelar a história. Com o tempo, no entanto, estudiosos
salientavam que na verdade o papa Leão IV foi sucedido em 855 por Bento III.
Nenhum texto contemporâneo menciona uma papisa, e é improvável que ela
tenha realmente existido.
Ainda assim, a lenda da desafortunada papisa Joana persiste. Peças teatrais,
romances e filmes continuam, no século 21, a retratar a douta e fértil
sacerdotista.

32. QUEM FOI PRESTE JOÃO?


Por volta de 1165, o imperador bizantino Manuel Commenus recebeu uma carta
surpreendente. O homem que a enviou dizia ser nada menos que o maior rei já
visto no mundo, e ainda por cima cristão. Governava um reino exótico e rico no
Oriente “Setenta e dois reinos são nossos vassalos”, ele escreveu. Em sua terra
viviam criaturas como elefantes, grifos, ogras, gigantes e sátiros. Não havia
pobres, adúlteros, ladrões nem avarentos na terra de Preste João. Mas a música
que mais agradou aos ouvidos europeus foi a notícia de que Preste João
pretendia mandar um exército à Terra Santa para combater os muçulmanos.
O papa Alexandre III soube da carta e respondeu pressurosamente, mas não veio
nenhuma réplica. Seguiram-se centenas de anos de explorações na África e Ásia
em busca do misterioso monarca cristão. O monge João de Piano Carpini fez
uma penosa viagem para ver o líder mongol Kuyuk Khan, mas descobriu que ele
não era nem Preste João nem cristão. Marco Polo procurou o monarca durante
suas viagens. Os exploradores portugueses Bartolomeu Dias e Vasco da Gama,
também não o acharam, mas abriram o Caminho das Índias. A esperança foi
arrefecendo, e Preste João reduziu-se a fábula. Hoje o veredicto dos
historiadores para a carta de 1165 é que ela foi uma tremenda peça pregada na
era medieval.
Associações Shakespeare menciona Preste João em Muito Barulho por Nada. Benedick
diz: “Preferia buscar-te um palito de dentes no rincão mais longíquo da Ásia, trazer-te a
medida do pé de Preste João (...) a trocar três palavras com essa harpia”.
33. ONDE ESTÁ O SANTO GRAAL?
Tradicionalmente considerado o cálice usado por Jesus na Última Ceia, o Santo
Graal, porém, só foi aparecer na literatura no século 12, quando o poeta francês
Chrétien de Troyes escreveu Perceval ou o Conto do Graal. Nessa obra
inacabada, o Graal é um recipiente de servir à mesa, um dos vários objetos
místicos exibidos ao jovem Perceval. O Graal ainda esperaria até o século
seguinte para ser associado à Última Ceia, no poema José de Arimateia, de
Robert de Borron.
A partir de então, a lenda do Graal floresceu com romances sobre o rei Arthur,
em uma mistura de simbolismo ceita e cristão, fato e fantasia. Ele foi objeto de
aventuras literárias, em especial a do puro Sir Galahad. Dizem alguns que os
Cavaleiros Templários conseguiram resgatá-lo de Jerusalém e escondê-lo bem
demais. Muitos lugares, da Espanha a Maryland, declararam estar em posse do
verdadeiro Graal.
O Graal é, quase com certeza, uma invenção. Os historiadores acreditam que, se
algum cálice usado por Jesus sobrevivesse por todos esses séculos, seria
impossível de identificá-lo hoje – oculto, realmente, pelo templo.
Associações O recipiente não perdeu o poder de inflamar a imaginação nos tempos
modernos. Uma infinidade de pinturas, romances e filmes dos séculos 19, 20 e 21 insere
o objeto em cenários que variam do Louvre ao espaço cósmico.

34. QUAL É A IDADE DO SUDÁRIO DE TURIM?


O Sudário de Turim pode ser real ou pode ser uma fraude, mas certamente revela
os limites da ciência para resolver a controvérsia.
O sudário é uma peça de linho longa e retangular que muitos acreditam ter sido a
mortalha de Jesus. Em sua superfície se distingue (com mais nitidez em
fotografias) a imagem de um homem com feridas como as que Jesus teria sofrido
ao morrer. O Sudário está guardado na Catedral de São João Batista, em Turim.
A autenticidade do sudário é debatida desde que ele apareceu, no século 14. Em
1988, três testes independentes de datação por carbono apontaram sua origem
entre 1260 e 1390 d.C., muito depois da morte de Jesus. Em 2005, um cientista
afirmou que os testes tinham sido feitos em remendos do pano e que o sudário
era mais antigo. Em 2013, cientistas da Universidade de Pádua tornaram a testar
as fibras de 1988 e dataram entre 280 a.C. e 220 d.C., a época de Cristo.
No Domingo de Páscoa de 2013, o papa Francisco I mostrou reverência e cautela
quando se referiu ao Sudário “O Homem do Sudário nos convida a contemplar
Jesus de Nazaré”. Nem o papa tem condições de dizer se o pano é historicamente
autêntico.

35. QUEM FOI A INSPIRAÇÃO PARA DRÁCULA?


O aristocrático antagonista em Drácula, romance de 1897, escrito por Bram
Stoker, não foi o primeiro sugador de sangue da ficção. O Vampiro, de John
Polidori, e Varney – O Vampiro, de James Rymer, entre outos, precederam a
obra de Stoker. Mas o Conde Drácula tornou-se o vampiro icônico, personagem
marcante que muitos leitores se perguntaram se não teria sido baseado em uma
pessoa real.
Stoker encontrara vampiros em histórias de folclore e em outras fontes de ficção,
mas parece ter extraído o nome Drácula do texto do diplomata britânico William
Wilkinson intitulado Um Relato sobre os Principados da Valáquia e Moldávia.
Nessa obra, Wilkinson descreve a figura histórica de Vlad III Drácula, nascido
na Transilvânia e príncipe da Valáquia em meados dos anos 1400. Em tentativas
de conquistar o trono de seu pai, Vald tornou-se notório por suas atrocidades, em
especial seu hábito de empalar inimigos aos milhares. Em outros relatos, ele
esfola, ferve ou queima vivos os pobres e os ciganos. Por mais sedento de
sangue que Vlad, o Empalador possa ser metaforicamente, as histórias não
fazem menção alguma a um hábito de beber sangue. Esse gosto foi deixado para
o seu herdeiro fictício, o Conde da Transilvânia.

36. O CONDE DE SAINT-GERMAIN FOI IMORTAL?


O misterioso Claude Louis, Conde de Saint-Germain, era talentoso, influente e,
segundo alguns, imortal. Apareceu em cortes européias em meados dos anos
1700. Horace Walpole escreveu sobre esse “homem singular” em 1745: “Ele
está aqui há dois anos, e não quer dizer quem é ou de onde vem (...) Ele canta,
toca maravilhosamente o violino, compõe, é louco e não muito sensato. Dizem
que é italiano, espanho, polonês; alguém que se casou com uma grande fortuna
no México e fugiu com as jóias dela para Constantinopla; um padre, um
rabequista, um grande nobre”. Diziam que era um espião, um celibatário e
ambidestro. Na verdade, Saint-Germain foi um diplomata, possivelmente um
espião. E, segundo ele próprio, um homem de centenas de anos de idade.
Casanova, que o conheceu em 1757, comentou: “Esse homem extraordinário,
que a natureza destinou a ser o rei dos impostores e embusteiros, dizia com
grande desenvoltura e segurança por trezentos anos de idade, conhecer os
segredos da Medicina Universal, possuir o domínio da natureza e ser capaz de
derreter diamantes.” Quem ele realmente foi não se sabe, mas imortal ele não
era. Morreu na Alemanha em 1784 com 188, 223 ou 2000 anos, dependendo da
fonte.

37. PONDE DE LEÓN ENCONTROU A FONTE DA JUVENTUDE?


Muito mencionada mas jamais descoberta, a Fonte da Juventude já inspirou
muitas buscas esperançosas. Gregos antigos, árabes medievais e outros falavam
de uma fonte ou rio com poderes restauradores. Mas a mais conhecida Fonte da
Juventude talvez seja aquela que o explorador espanhol Ponde de León teria indo
procurar na Flórida.
Só que provavelmente ele não foi. Ponce de León, governador colonial de Porto
Rico de 1509 a 1511, queria ouro, terras e nativos para escravizar quando partiu
em busca de uma ilha conhecida como Bimini em 1513. Em vez disso, ele
chegou à costa da Flórida, voltou à nova terra duas outras vezes nos anos
seguintes antes de ser fatalmente ferido pela flecha de um nativo. Só em relatos
posteriores os cronistas, possivelmente zombando do explorador, disseram que
ele andava em busca da lendária fonte. Antonio Herrrera de Tordesillias
escreveu: “Ele fez um relato da riqueza dessa ilha (Bimini) e especialmente da
singular Fonte da qual falavam os índios, que transformava velhos em meninos”.
A cidade de St. Augustine, em Flórida, não se deteve diante do insucesso de
Ponce e criou o Parque Arqueologico da Fonte da Juventude próximo a uma
fonte termal natural.
Associações Dizia-se que o lendário reino de Preste João possuía uma Fonte da
Juventude. Segundo sua carta de 1165, “se qualquer um beber três vezes da fonte (...)
será, enquanto viver, um homem de trinta anos”.

38. OS ÓVNIS SÃO MESMO ESPAÇONAVES ALIENÍGENAS?


Não há dúvida de que os óvnis existem se os definirmos como “objetos voadores
não identificados”. Questionável é se, nos avistamentos de óvnis ao longo de
séculos, incluem-se espaçonaves extraterrestres.
Desde tempos imemoriais há relatos de misteriosos objetos aéreos. Pingavam
esparsamente no passado, mas viraram um dilúvio na era das máquinas
voadores. Em 1896 e 1897, por exemplo, residentes da Costa Oeste, de San
Francisco a Tacoma, Washington, disseram ter visto um objeto dirigível circular
e brilhante movendo-se lentamente no céu. Os avistamentos aumentaram nos
anos seguintes à Segunda Guerra Mundial. Em 1947, o piloto Kenneth Arnold
viu uma formação de objetos brilhantes sobrevoando as montanhas Cascade.
“Voavam com um pires que a gente jogar para fazer girar e ricochetear na água”,
disse aos repórteres. Embora os objetos que ele viu fossem em forma de meia-
lua, o termo “flying saucer” (pires voador) entranhou-se no imaginário popular.
As forças armadas americanas levaram muito a sério esses avistamentos no
tempo da guerra fria. A Força Aérea fez uma série de investigações nas décadas
de 1940 a 1960, e a mais famosa foi o Projeto Blue Book. O projeto concluiu
que 94% de aproximadamente 12 mil avistamentos podiam ser atribuídos a
causas naturais, como o planeta Vênus, meteoros ou aeronaves comuns. Seis por
cento não tinham explicação.
Decerto, algumas fotos de óvnis eram forjadas, e exames revelaram fios
segurando as naves com jeito de prato de torta. Ainda assim, os avistamentos
inexplicados levaram cientistas sensatos, entre eles, o astrônomo J. Allen Hynek,
a acreditar que alguns visitantes realmente poderiam ser extraterrestres. Outras
organizações aliaram-se ao Centro de Estudos de Óvnis dirigido por Hynek para
investigar relatos sobre óvnis. Ainda não se descobriu se esses objetos
inexplicados representam espaçonaves alienígenas, mas, na ausência de provas, a
maioria dos cientistas é cética.
Associações O ex-presidente americano Jimmy Carter avistou um óvni. Quando era
governador da Geórgia, Carter e testemunhas viram uma luz brilhante no céu movendo-
se em vaivém. Carter informou o fato a uma comissão sobre fenômenos aéreos.

39. O QUE ESTÁ ESCONDIDO EM ROSWELL?


O incidente em Roswell é possivelmente o mais polemico de todos os
avistamentos de óvnis. Em julho de 1947, testemunhas viram objetos no céu e
ouviram um estrondo em Roswell, Novo México. Nos dias seguintes, o xerife
local e uma major do Aeródromo do Exército em Roswell recolheram curiosos
destroços metálicos em uma fazenda próxima. O Exército fez então um notável
pronunciamento à imprensa: “Os muitos rumores sobre o disco voador tornaram-
se realidade ontem, quando o setor de inteligência do 509° Grupo de
Bombardeios da Oitava Força Aérea, Aeródromo do Exército em Roswell, teve a
sorte de apoderar-se de um disco”. Pouco depois, o Exército fez outra declaração
que dizia: “Esqueçam, eram apenas destroços de um balão meteorológico”.
A tentativa de o Exército encobrir o caso deu o que falar. Surgiram relatos de um
segundo local de queda e de corpos esquisitos. Em 1997 a Força Aérea
apresentou um relatório afirmando que se tratava de uma simulação de acidente
aéreo. Alguns oficiais ainda dizem que os destroços era de u óvni; para os
céticos é um caso de fabricação de mito. Não há provas de que corpos de
extraterrestres ou óvnis estão guardados em Roswell, mas a controvérsia
persiste.

40. EXISTE UMA MALDIÇÃO NO TRIÂNGULO DAS BERMUDAS?


O escritor Vincent Gaddis foi o primeiro a aventar que a região marítima
delimitada por Miami, Bermudas e Porto Rico – área que ele apelidou de
Triângulo das Bermudas – era amaldiçoada. Ele escreveu para a revista Argosy
em 1964 a história dos cinco bombardeiros do desafortunado Voo 19 da
Marinha. Depois de decolarem de Fort Lauderdale, em Flórida, em uma missão
de treinamento de rotina, os aviões informaram problemas na bússola e
silenciaram. Nunca mais voltaram à base, e 14 homens desapareceram.
Depois da publicação, fãs do paranormal começaram a reunir outras histórias de
navios e aviões perdidos no Triângulo das Bermudas, descrevendo-o como uma
região onde as bússolas falham e um número incomum de pessoas desaparece.
Abduções por extraterrestres, vórtices no espaço e energias de Atlântida figuram
nas suposições sobre o desaparecimento. No entanto, estudos sobre os incidentes
na área mostram que eles não são mais freqüentes do que em qualquer outra
parte do oceano com tráfego intenso. Essas águas quentes que margeiam a
corrente do Golfo são naturalmente tempestuosas e sujeitas a vagalhões súbitos.
Como observa a Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, “as
forças combinadas da natureza e a falibilidade humana superam até a mais
inacreditável ficção científica”.
Associações O piloto Bruce Gernon contou que em 1970, quando voava das Bahamas
para Palm Beach, na Flórida, entrou em um estranho túnel de nuvens que pareceu levá-
lo para outra dimensão e deixá-lo na Flórida em metade do tempo normal.
MUNDO VIVO

Apesar dos impressionantes avanços da ciência no século passado,


continuamos no escuro quando se trata de alguns fatos da vida. O que está
escondido no mar? Por que envelhecemos e morremos?
41. COMO OS ANIMAIS SE ORIENTAM?
No verão borboletas-monarca migram por milhares de quilômetros para o norte,
dos abetos no México central até os Estados Unidos, onde põem ovos e morrem.
A geração seguinte metarmofoseia-se em borboleta e voa de volta às mesmas
árvores, mesmo sem nunca tê-las vistos.
Os salmões-do-pacífico retornam do oceano aos rios onde foram gerados.
Formigas do deserto vagueiam por 183 metros em busca do alimento, depois
voltam em linha reta para o formigueiro. Pombos-correio levados para lugares
desconhecidos encontram o caminho de volta.
Como eles fazem? Os animais possuem uma ampla gama de sentidos refinados
não disponíveis aos humanos, e o uso de pistas recebidas do instinto e do
ambiente varia conforme a espécie. Os cientistas, com experimentos,
descobriram algumas técnicas. Alguns animais guiam-se pela posição do Sol no
céu: as monarcas, por exemplo, discernem a posição com as antenas. Outros
animais seguem pistas das estrelas, como o azulão (Passerina cyanea), pássaro
que se orienta pela estrela Polar. Outros recorrem ao magnetismo. Tubarões
podem orientar-se por campos magnéticos de cinco bilionésimos de volt por
centímetro. O famosos pombo-correio é um mistério dos grandes: pode orientar-
se por campos magnéticos, pelo olfato ou até por som de baixa freqüência.

42. POR QUE ALGUNS ANIMAIS SÃO ALTRUÍSTAS?


Da perspectiva do evolucionismo não surpreende que as abelhas operárias
estéreis devotem-se às larvas da abelha rainha ou que o macho da aranha viúva-
negra dê a vida para matar a fome da parceira. Esse comportamento beneficia
sues descendentes ou parentes próximos, perpetuando sua herança genética.
Menos clara é a motivação de corvos jovens quando convidam corvos que não
são seus parentes para um banquete ou a de fêmeas de morcego-vampiro quando
dividem um alimento com fêmeas não aparentadas. Já se observou altruísmo até
entre espécies. Por exemplo, cadelas que alimentam pássaros e até filhotes de
tigre. Recentemente um grupo de cachalotes adotou um golfinho com
deformidade.
Na maioria dos casos, supõem os estudiosos, animais ajudam criaturas
aparentadas porque isso os beneficia como um grupo. As fêmeas de morcego
que partilham sangue vivem mais do que os machos que não o fazem, com
potencial para reproduzir-se mais. Corvos que convidam um bando podem
proteger seu alimento de aves maiores.
Cientistas constatam que o comportamento altruísta tem variações. Quando o
alimento é escasso, animais tendem a ajudar-se mutuamente de maneira a obter
comida; quando o alimento é disponível, o altruísmo mais provavelmente
assume a forma de proteção contra predadores. No longo prazo, o altruísmo pode
nunca ser totalmente isento de egoísmo.

43. O QUE VIVE NOS MARES PROFUNDOS?


Apesar de o oceano ser o berço da vida, conhecemos menos sobre ele do que
sobre a superfície da Lua ou Marte, e só vimos uma fração de seus habitantes. O
Censo da Vida Marinha de 2010 indica um total de 250 mil espécies marinhas
não bacterianas, mas estima que existam cerca de 750 mil a serem descobertas.
As águas mais misteriosas são as de profundidades superiores a 1000 metros,
onde a luz solar não chega. É um ambiente que exige muito de seus habitantes e
dos exploradores. A escuridão significa ausência de fotossíntese e de ajuda da
luz a predadores e presas. A maioria dos seres dessas profundezas vive de
detritos que chegam de águas mais acima. As temperaturas beiram 0°C. A
pressão pode chegar a aniquiladores 1000 atm (1 atm é aproximadamente a
pressão ao nível do mar). Apenas submersíveis especiais podem navegar nessas
regiões, e os espécimes vivos levados para a superfície geralmente morrem pelo
caminho, incapazes de suportar pressões menores.
É espantoso que formas de vida sobrevivam ali, mas cientistas já descobriram
5,7 mil espécies nessas águas trevosas. Entre elas há alguns gigantes
surpreendentes, como o colossal lula de 14 metros de comprimento e o
descomunal peixe regaleco, de 11 metros, que lembra uma serpente marinha.
Vermes tubulares e bactérias encontrados pela primeira vez ao redor de
chaminés marinhas em 1977 subsistem da quimiossíntese de compostos
sulfurosos; representam formas arcaicas de vida, mas são novidade para a
ciência. Cerca de 500 novas espécies bênticas foram descobertas por ocasião do
censo recente. Cada nova incursão às profundezas oceânicas encontra mais.

44. QUAL O SEGREDO DAS ÁRVORES LONGEVAS?


O Teixo de Llangernyw que abre seus ramos sobre um cemitério no País de
Gales viu a Idade do Bronze britânica. O primeiro da espécie Pinus Iongaeva,
conhecido como Matusalém, na floresta de Inyo, na Califórnia, é ainda mais
velho: 4765 anos, provavelmente a árvore individual mais antiga do mundo. Mas
Pando, a colônia de choupos-tremedores em Utah, faz essas duas árvores
parecerem brotos. Considerada um organismo vivo único porque seus troncos
geneticamente idênticos emanam de um mesmo sistema de raízes, essa colônia
tem no mínimo 80 mil anos. algumas estimativas chegam a dar-lhe 1 bilhão de
anos de idade.
Como árvores resistem ao processo de envelhecimento? Cientistas explicam que
elas têm vantagens ausentes no corpo humano. Seus genes parecem não sofrer
mutação nem danos com o tempo, elas conservam células semelhantes a células-
troncos a cada ciclo de crescimento, seus sistemas vasculares permitem que parte
da árvore sobreviva se outra parte morrer; elas são capazes de substituir órgãos
danificados, e algumas podem produzir clones. Por que os estudiosos não
conseguem estabelecer com certeza a idade da colônia Pando? Na falta de anéis
de crescimento, os pesquisadores fazem estimativas baseadas no que conhecem a
respeito das taxas de crescimento dos choupos. Outras colônias de choupos mais
antigas ainda poderão ser descobertas no oeste dos Estados Unidos. Os cientistas
também estão aprendendo a regenerar plantas antigas: em 2012, uma equipe
russa informou ter cultivado uma delicada flor siberiana a partir de sementes de
32 mil anos.

45. ALGUNS ANIMAIS SÃO IMORTAIS?


Alguma coisa na água parece favorecer a longevidade, pelo menos para alguns
animais. Entre elas as criaturas mais longevas do mundo estão o bodião da
espécie Sebastes aleutianus (205anos), a baleia-da-groenlândia (211 anos) e o
molusco Arctica Islandica (400 anos). Mas uma água-viva minúscula e prolífica
ganha de todos eles: a Turritopsis nutrícula, apelidada de água-viva Benjamin
Button. Ela pode reverter seu ciclo de vida, voltando a um estado juvenil e
tornando a crescer. Essencialmente é mortal.
A Turritopsis foi descoberta no século 19, mas só em década recentes suas
notáveis capacidades vêm sendo estudadas. O pequeno hidrozoário, do tamanho
de uma unha pode ser nativo do mar do Caribe, mas disseminou-se pelo mundo
todo, provavelmente pegando carona em navios cargueiros. Nos anos 1980
pesquisadores descobriram que, quando estressada, a água-viva marinha pode
mudar de forma e voltar ao estado de pólipo: suas células transformam-se em
formas diferentes, juvenis. A colônia de pólipos resultante pode então formar
novas medusas, a forma madura de água-viva.
O rejuvenescimento só ocorre quando a água-viva é ameaçada; a maioria delas
vive e morre do jeito usual. Os cientistas duvidam que estudar as mudanças
radicais do Turritopsis renderá algo parecido com a imortalidade humana. Mas a
capacidade de essa criatura transformar geneticamente suas próprias células
pode nos dar pistas para os mecanismos que controlam o destino das nossas
células.
Associações As águas-vivas (cnidários) são um filo, surgido 600 milhões atrás. Fósseis
desses animais de corpo mole são raros, mas revelam corpos semelhantes aos das
criaturas atuais.

46. O QUE AMEAÇA OS ANFÍBIOS?


O sapo-dourado, da Costa Rica, um vívido símbolo da floresta Nebulosa,
transformou-se em um tipo diferente de emblema. Visto pela última vez na
natureza em 1989, ele é uma das centenas de espécies de anfíbios que
recentemente se extinguiram ou estão criticamente ameaçadas. Juntando-se a ele
na lista sinistra estão a rã-dourada-do-panamá, o sapo Bufo Baxteri, o sapo
africano Callixalus pictus e muitos outros. Os herpetologistas calculam que
anfíbios estejam desaparecendo a uma taxa de extinção 211 vezes maior que a
normal, e até 50% das espécies estejam ameaçadas.
O porquê ainda está em estudo. Muitos fatores são prováveis. Habitats que
desaparecem, poluição da água, predadores exóticos e, em alguns lugares a
mudança climática e as secas resultantes podem estar matando essas criaturas.
Mas uma ameaça que se destaca é uma doença causada por um fungo, a
quitridiomicose. Cientistas encontraram o fungo em espécimes mortos desde a
Austrália até as Américas.
Estudiosos pesquisam defesas bacterianas naturais contra o fungo existentes em
algumas espécies, na esperança de que elas possam melhorar a imunidade de
outras. Alguns pesquisadores até conseguiram reviver mortos: cientistas da
Universidade de New South Wales criaram embriões com genes da extinta rã do
gênero Rheobatrachus.

47. O QUE CAUSA AS GRANDES EXTINÇÕES?


Extinção, o desaparecimento de uma espécie do mundo vivo, é um evento
natural. Mas cinco vezes na história da Terra, no mínimo 50% de todas as
espécies desapareceram numa extinção em massa. O que provoca essas
catástrofes? Estamos em meio a uma sexta onda?
As cinco grandes extinções, em ordem cronológica, foram:
Ordoviciano-Siluriano (em torno de 440 milhões de anos atrás): 85% das
espécies marinhas. Causa desconhecida: a migração do supercontinente
Godwana.
Devoniano Superior (359 milhões de anos atrás): 75% das espécies,
particularmente corais. Causa desconhecida: impacto de cometa ou asteróide.
Permiano (266-251 milhões de anos atrás): 95% das espécies marinhas e 70%
das terrestres. Causa desconhecida: possivelmente impactos do espaço ou
erupções vulcânicas.
Fim do Triássico (200 milhões de anos atrás): 76% das espécies. Causa
desconhecida: possíveis gigantescas erupções vulcânicas.
Cretáceo-Terciário (65 milhões de anos atrás): 80% de todas as espécies
incluindo os dinossauros. Causa: provavelmente impacto de asteróide.
A maioria dos biólogos acredita que estamos em meio a uma sexta e grande
extinção, a uma taxa 80 vezes maior que a normal. Se não for contida, 75% das
espécies da Terra estarão extintas em 300 anos. A causa desta vez? Perda de
hábitat, poluição, introdução de espécies não nativas e mudança climática são os
principais fatores, todos associados à atividade humana.

48. A CIÊNCIA PODE ENCONTRAR A FONTE DA


CONSCIÊNCIA?
Eis uma questão antiqüíssima que ocupa filósofos, cientistas e crianças: o que é
esse eu que vivencia o mundo? A nossa percepção de subjetividade, identidade
ou senciência é um resultado físico do nosso cérebro grande? Ou a mente é
distinta do corpo?
Os cientistas tipicamente investigam essa questão da perspectiva da estrutura do
cérebro. Talvez, supõem alguns, exista um ponto crítico no qual o número de
conexões neuronais entre o córtex cerebral e o resto do cérebro origine a
experiência da consciência. De uma perspectiva física, nossa vivência do mundo
parece surgir das interações organizadas entre as áreas emocionais, sensoriais e
executivas do cérebro. Mas ainda assim restam muitas perguntas. Estamos
conscientes quando dormimos? E que dizer das ocasiões em que agimos antes de
nos aperceber da nossa ocasião? Um computador avançado poderia tornar-se
consciente?
Muitos também indagam: somos os únicos animais conscientes? Não segundo a
Conferência sobre a Consciência em Animais Humanos e Não Humanos de
2012. Os cientistas presentes, depois de analisar estudos de animais como o
papagaio-cinzento, o elefante e o polvo, publicaram uma declaração que dizia,
entre outras coisas: “O peso das provas indica que os humanos não são os únicos
a possuir os substratos neurológicos geradores da consciência”.

49. COMO EXPLICAR A HISTERIA EM MASSA?


Em 1692, a jovem Betty Parris, do vilarejo de Salem, em Massachusetts,
começou a se contorcer e a se queixar de estranhas dores e febres. Logo outras
seis meninas apresentavam os mesmos sintomas, e a comunidade se assustou. O
episódio encerrou-se com 20 homens e mulheres sendo enforcados por bruxaria,
acusados de causarem a moléstia.
Trezentos e vinte anos depois, quase 20 adolescentes em Le Roy, Nova York,
começara a crispar-se, ter tiques e se contorcer com espasmos. Desta vez a
bruxaria não entrou na lista de causas, que teve de tudo, incluindo infecções,
vacinas e toxinas do ambiente. No fim, os médicos chegaram ao mesmo
diagnóstico para os incidentes de Le Roy e Salem: distúrbio de conversão,
sintomas neurológicos com origem em conflito psicológico. Em grupos, é
conhecido como epidemia ou histeria em massa.
A histeria em massa já existia no antigo Egito. A raiz da palavra “histeria”
significa “útero”, referindo o fato inegável de que a maioria de quem a sofre é do
sexo feminino. Muitos episódios começam com a sensação de um cheiro
estranho. Alguns vêm e vão em um dia, enquanto outros, como o incidente de Le
Roy, duram semanas. Ainda não se identificou uma causa isolada da histeria em
massa. O estresse parece ser um fator precipitante, e os incidentes podem ser
magnificados pela atenção pública, o tipo de notoriedade facilmente obtido na
era da mídia social.

50. POR QUE SE SUCUMBE À SÍNDROME DE ESTOCOLMO?


Um dos mais famosos, símbolos da síndrome e Estocolmo é Patty Hearst, a
herdeira seqüestrada em 1974. Dois meses depois de ser levada pelo grupo
terrorista Exército Simbionês de Libertação (ESL), Hearst roubou um banco em
San Francisco com membros da ESL. Permaneceu com o grupo, fugindo do FBI,
até ser capturada em 1975.
O comportamento de Hearst é típico da síndrome de Estocolmo, cujo nome
deriva do assalto ao banco Kreditbanken, em Estocolmo, na Suécia. Depois de
serem mantidos como reféns sob a mira de armas por seis dias em um cofre do
banco, cativos lutavam contras os policiais que foram resgatá-los, e um deles
criou um fundo para custear a defesa dos criminosos. Segundo o FBI, a síndrome
ocorre em menos de 30% dos casos de reféns. Surge mais frequentemente em
crises emocionalmente intensas quando o cativo (1) não consegue escapar e fica
sob o controle de estranhos; (2) é isolado do resto do mundo; (3) teme pela vida
e (4) não é ferido pelo seqüestrador.
A base para a síndrome não é clara. Psicólogos freudianos dizem que a vítima,
privada da independência, regride a um estado infantil. Outros afirmam que se
trata de uma reação involuntária ao perigo. Os cativos precisam adquirir uma
sensibilidade acentuada aos estados de espírito do seqüestrador – desenvolver
um vínculo atenua o estresse e dá à vítima a ilusão de que o afeto prevenirá
maus-tratos.

51. SEMPRE FICAMOS INCONSCIENTES SOB ANESTESIA?


A anestesia é aclamada como uma das maiores descobertas da medicina. A
anestesia geral suprime a consciência, a dor, os movimentos e a memória de
procedimentos dolorosos. Os médicos sabem que as substâncias afetam o
cérebro, mas ignoram como e onde. Há pesquisas para prevenir uma
complicação rara na qual pacientes “acordam” durante a cirurgia mas não
consegue se mover nem falar. Talvez em um ou dois casos em mil, pacientes
relatam ter tido alguma sensação ou ouvido médicos falarem. A maioria não
sente dor, mas as memórias podem ser traumáticas. Muitos hospitais recorrem a
um monitor do índice bispectral (BIS), que analisa ondas cerebrais para medir o
nível de consciência do paciente antes da cirurgia. Mas estudos recentes
mostraram que o monitor não pode prevenir a consciência sob anestesia. Outra
técnica lança alguma luz sob o problema. Tomografias PET de cérebros em
recuperação de anestesia revelam que a consciência aparecem primeiro em
estruturas antigas e profundas, como o tálamo e o sistema límbico. Isso poderia
explicar por que aparelhos que monitoram apenas o córtex são menos eficazes.
Um dia, talvez, esses estudos do processo de despertar possam até explicar
exatamente como sinais entre regiões cerebrais interligadas contribuem para a
consciência humana.
Associações Pessoas ruivas têm uma modificação genética que as torna mais sensíveis
à dor, por isso podem necessitar de anestesia mais forte do que outros pacientes.

52. POR QUE É POSSÍVEL SENTIR UM MEMBRO FANTASMA?


O fenômeno dos membros fantasmas é tão antigo quanto a existência de pessoas
que perderam partes do corpo. O capitão Ahab queixou-se em Moby Dick. “Põe
a tua perna viva aqui no lugar onde um dia esteve a minha”, ele diz. “agora, pois,
há somente uma perna distinta aos olhos, mas duas à alma. Onde tu sentes a vida
formigar, ali, exatamente ali, até o último pelo, também eu sinto”. A maioria da
pessoas que perdem um membro continua a ter sensações na parte desaparecida.
Até os anos 1980, a explicação mais comum era que, de algum modo, irritação
em terminais nervosos causavam essa ilusão. Estudos recentes indicam que a
sensação começa no cérebro. O corpo é “mapeado” para o córtex
somatossensorial; algumas partes lidam com sensações provenientes dos lábios,
enquanto outras registram o ombro. Quando um membro é amputado, o mapa no
cérebro deixa de corresponder ao corpo percebido, o que resulta em dor. O mapa
do corpo também pode ser reescrito. Um paciente pode enganar seu cérebro se
puser um espelho ao lado de seu membro intacto e mover esse membro até que o
cérebro acredite que o fantasma está se movendo.
Associações Pessoas que tiveram membros esmagados ou paralisados, e algumas
nascidas com membro encurtados ou ausentes, também podem sentir movimentos e
dores fantasmas.

53. POR QUE DORMIMOS?


O renomado estudioso do sono William Dement, da Universidade Stanford,
explica: “A única razão por que precisamos dormir... é que sentimos sono”. O
raciocínio parece circular, e é. Décadas de pesquisas não atinaram com a razão
de o sono existir. De uma perspectiva evolucionária, dormir parece ser um
desperdício e um perigo. Animais não se reproduzem enquanto dormem, e
podem ficar vulneráveis a predadores. No entanto, dormir parece ser essencial; o
ser humano faz isso por aproximadamente oito horas diárias, assim como todas
as aves e mamíferos. Portadores de uma forma rara de insônia geralmente
morrem dentro de poucos anos. ratos impedidos de dormir morrem em semanas,
e a autópsia não revela causas físicas.
Há muitas teorias, nenhuma provada, sobre as razões do sono. Alguns cientistas
acreditam que ele deve favorecer o funcionamento do cérebro. Experimentos
mostravam que durante o sono o cérebro pode consolidar informações
aprendidas, enquanto elimina outras conexões subutilizadas. Outros
pesquisadores julgam que o sono também beneficia o corpo, conservando
energia e recursos enquanto permite um despertar rápido em caso de perigo.
Uma coisa os insones sabem: o sono faz uma falta danada.

54. O QUE SIGNIFICAM OS SONHOS?


Freud considerava os sonhos “a estrada real para conhecermos as atividades da
mente inconsciente”. Nos sonhos, ele disse, vemos os nossos desejos reprimidos.
E, para muitas pessoas, as emoções e símbolos dos sonhos trazem compreensão.
Se os sonhos contêm pistas para memórias ou desejos, essas tipicamente
refletem aflição. Entre os não conseguir chegar a tempo para fazer uma prova,
estar nu em público, perder um avião ou trem ou perder-se. Raramente são
surreais; tendem a ser banais, com rostos conhecidos e em lugares corriqueiros.
Cientistas de inclinações mais mecanicistas procuram razões neurológicas para
sonhar. A maioria dos sonhos (porém não todos) ocorre durante o sono REM
(movimento rápido dos olhos). Experimentos indicam que, ao tirarem cochilos
que incluem sono REM, as pessoas saem-se melhor em tarefas criativas do que
as que não sonham. Pessoas que dormem por tempo suficiente para sonhar
também podem perceber uma atenuação de memórias dolorosas quando
acordam. Alguns pesquisadores supõem que os sonhos não têm nenhum
significado intrínseco – seriam simplesmente o modo como o cérebro interpreta
sinais aleatórios durante o sono, ligando os pontos na mente enquanto o cérebro
executa uma faxina noturna.

55. POR QUE BOCEJAMOS?


Cobras, gatos e até os fetos no útero bocejam. Todos os tipos de animais
bocejam, e não sabemos por quê. Quando bocejamos, abrimos a boca, inalamos,
a membrana timpânica estica-se e então exalamos. As pessoas bocejam quando
estão cansadas ou entediadas, e também quando nervosas. É um ato involuntário
– você pode fingir um bocejo, mas não é a mesma coisa. Em grande medida, foi
refutada a teoria de que o bocejo expele dióxido de carbono do corpo e ajuda a
acordar. No entanto, o movimento pode estimular o estado de alerta. Níveis de
crescimento de neurotransmissores como serotonina e dopamina estão
associados ao aumento de bocejos, ao passo que, quando aumentam as
endorfinas, boceja-se menos.
Quando bocejamos, o seio maxilar (cavidade cheia de ar próxima ao nariz)
expande-se e bombeia ar fresco para o cérebro. Cientistas descobriram que a
temperatura cerebral eleva-se um pouco antes de um bocejo e torna a baixar
depois dele. O bocejo contagia, pelo menos para a maioria dos seres humanos e
alguns animais. Estudos mostram que pessoas com mais empatia têm maior
probabilidade de bocejar ao verem alguém bocejando. Até cães, quando
sintonizados com os sinais sociais, bocejam ao verem um ser humano fazendo
isso. Recém-nascidos e as crianças autistas não têm esse comportamento.
Associações O ato de bocejar é tecnicamente conhecido como oscilação e é algo que
todos os vertebrados fazem; bocejar enquanto se espreguiça chama-se pandiculação.

56. PARA QUE SERVE O RISO?


Entender o riso é diferente de entender o humor, embora os dois sejam
misteriosos, cada um a seu modo. As exalações e vocalizadas e os músculos
faciais distendidos que constituem o riso são reações involuntárias, evidentes em
humanos a partir dos 3 ou 4 meses de idade. O som parece ser controlado por
partes do cérebro associadas à respiração. O riso reduz o estresse e produz
sentimentos positivos, o que não é de surpreender; neurônios associados ao
prazer brilham nos exames de imagem quando as pessoas riem.
Ri-se mais frequentemente em situações corriqueiras, isto é, não especialmente
engraçadas. Pesquisadores observaram interações sociais e constataram que é
mais comum o riso aparecer depois de comentários comuns, por exemplo, “Lá
vem a Maria” ou “Como foi a prova?” O riso parece estar mais relacionado com
o vínculo social do que com o humor em si. As pessoas riem juntas depois que o
perigo passou. Usam o riso para promover a confiança e também para indicar um
lugar na hierarquia social: as figuras dominantes em um grupo riem mais. Ainda
não se sabe por que, exatamente, essa reação física evoluiu dessa maneira e
como o humor a desencadeia. Quem sabe a resposta acabe sendo engraçada.
Associações Ao ouvirem piadas, as pessoas riem com mais freqüência se a piada lhes
parecer verossímil, ou seja, se concordar com suas preconcepções. Isso pode reforçar
um sentimento de confiança e coesão social.

57. QUAL A FUNÇÃO DO SOLUÇO?


“Quando você era um girino e eu era um peixe/no tempo Paleozoico”. Lagdon
Smith compôs o poema Evolution para evocar um caso de amor imemorial, mas
eles também poderiam figurar na história do soluço. Uma teoria recente baseia-
se na evolução para explicar o incômodo tique físico.
Durante um soluço, um espasmo nervoso provoca uma contração abrupta nos
músculos do diafragma e em outros músculos. A glote, incluindo as cordas
vocais, fecha-se na parte superior das vias aéreas, provocando o som
característico do soluço. Nos peixes, os nervos que controlam a respiração
começam no tronco cerebral e percorrem uma curta distância até as gueiras; nos
mamíferos, o trajeto é mais longo e menos eficiente, e essa rota dá margem a
espasmos e irritações. A parada da glote que produz o soluço também é
observada em animais, como os girinos. Quando um girino bombeia água
através das gueiras, a glote fecha a entrada de seus pulmões, para que o animal
não se afogue. A região antiga do cérebro que controla esse comportamento é
encontrada no cérebro humano. Cientistas descobriram que com estímulos
podem desencadear uma crise de soluço. O que ainda ninguém sabe: como deter
os espasmos depois de eles terem começado.

58. POR QUE TEMOS IMPRESSÕES DIGITAIS?


Impressões digitais são as marcas visíveis deixadas pelas delicadas cristas
espiraladas da pele das extremidades dos dedos. Essas cristas, que existem nas
superfícies carnudas das mãos e pés, começam a formar-se no feto na décima
semana de vida e não mudam depois do nascimento. Pressupõe-se que não
existem duas pessoas com impressões digitais iguais; até os gêmeos idênticos
têm cristas ligeiramente diferentes, provavelmente devido a pequenas variações
no ambiente pré-natal.
Mas para que servem essas cristas? Uma hipótese é que sejam “cristas de atrito
para produzirem tração quando a mão segura pequenos objetos. Porém
experimentos recentes que testaram a força do atrito dos dedos sobre uma lâmina
lisa de resina de acrílico transparente mostraram que, na verdade, as cristas
reduzem o atrito, pois diminuem o contato entre a pele e a superfície. É possível,
no entanto, que elas dêem mais firmeza quando a mão segura um objeto áspero
ou quando pega firmemente alguma coisa lisa.
Outro estudo tem uma teoria diferente: a pele sulcada pode produzir mais
vibrações quando desliza através de um objeto, permitindo que os nervos
sensitivos da pele captem impressões mais facilmente. Uma terceira teoria: as
cristas permitem que a água escoe dos dedos, como na superfície sulcada de uma
rodovia. Só parece improvável que as cristas das impressões digitais tenham
evoluído para ajudar a polícia a encontrar os criminosos.

59. POR QUE UMA CÉLULA TORNA-SE CANCEROSA?


Todo câncer começa com uma única célula que decide não morrer. Essa célula
destoante pode residir em quase todos os tipos de tecido, por exemplo, nos ossos,
pulmões ou sangue. Ela se divide varias vezes, e suas células filhas fazem o
mesmo, em um surto descontrolado de crescimento que tipicamente produz um
tumor. Células que se desmembram do tumor original podem seguir para outras
partes do corpo e invadir outros tecidos.
Cientistas do mundo todo ainda estão tentando entender o mecanismo de
crescimento anárquico e o que o desencadeia. A busca é complicada porque o
próprio câncer é complicado: existem mais de 100 formas distintas. Mas quase
certamente o problema começa no DNA da célula. Em uma célula cancerosa, os
controles normais que determinam quando uma célula para de crescer e se
dividir foram desativados. Muitos agentes podem causar mutações em genes,
entre eles radiação, substâncias químicas e vírus. Em alguns casos isso pode não
ser prejudicial. Mas hoje sabemos que o crescimento celular é controlado por
certos genes especializados. Proto-onco-supressores de tumor inibem essa
divisão. Um dano a esses genes pode abrir a porta para o crescimento
descontrolado.
Outros sistemas regulam o crescimento e a morte de células, entre eles uma
complexa rede de controles internos para reparar danos e prevenir a divisão
controlada. Entender como se pode impedir uma pane é a chave para encontrar a
cura.

60. POR QUE O CORPO ENVELHECE?


O envelhecimento – especificamente, a senescência, a gradual degradação do
corpo com o avanço da idade – é um conjunto de mudanças celulares que ocorre
na fase adulta. Com o tempo, as células passam a funcionar com menos
eficiência. Por fim, param de se dividir e morrem. Em conseqüência, tecidos
encolhem e órgãos não funcionam tão bem quanto antes.
O envelhecimento é um mistério. O que determina esse declínio? As numerosas
teorias são agrupáveis em duas vertentes: a do dano gradual com o tempo e a da
programação genética. A primeira supõe que o corpo envelhece em razão do
desgaste celular. Acumulam-se resíduos, sistemas de apoio falham, mecanismos
de reparo entram em pane e o corpo vai se esgotando. Em particular
pesquisadores descobriram que proteínas danificadas e moléculas destrutivas
chamadas radicais livres podem acumular-se nas células com o tempo. Além
disso, o DNA sofre danos e mutações. A segunda vertente diz que o
envelhecimento é regido por um relógio molecular interno ajustado segundo um
cronograma. Corroboram essa ideia estudos com animais nos quais os cientistas
alteraram apenas um gene e aumentaram o tempo de vida de um animal.
Quanto à evolução, os benefícios da seleção natural declinam acentuadamente
após a idade reprodutiva. Portanto, a evolução favorece genes que são úteis nas
primeiras fases da vida. O corpo precisa fazer compensações, e desfrutamos o
lado positivo delas na juventude.

61. QUANDO COMEÇARÁ A PRÓXIMA GRANDE PANDEMIA?


Em 2003, um homem doente, com tosse, passou uma noite em um quarto de
hotel em Hong Kong. Em poucos dias, 16 pessoas que estiveram nas
proximidades de seu quarto também adoeceram. Algumas embarcaram em
aviões e atravessaram o oceano. Em alguns meses, a doença alastrou-se
velozmente pelo mundo, matando 775 pessoas de 8273 infectadas.
A sars (síndrome respiratória aguda grave) é apenas uma dentre muitas doenças
modernas que ameaçaram transformar-se em uma epidemia mundial, ou
pandemia. A gripe espanhola de 1918-1919, que segundo estimativas matou 50
milhões de pessoas, e a AIDS, com aproximadamente 30 milhões de mortes até
agora, são assustadores exemplos de pandemia.
Podemos prever onde começará a próxima pandemia? Não temos certeza; a
natureza é a rainha da invenção. Mas a história nos dá algumas pistas. Para
começar, a próxima provavelmente será causada por um vírus de RNA, como os
responsáveis pela AIDS e a sars. Vírus de RNA sofrem mutação facilmente, o
que lhes permite evoluir depressa em uma ampla gama de hospedeiros.
Provavelmente a pandemia será zoonótica, ou seja, passará de um animal
hospedeiro para humanos. Foi o que aconteceu com muitas das doenças
perigosas da história, como a raiva (cães e outros mamíferos), a AIDS
(primatas), o hantavírus (roedores) e várias formas de gripe aviária (galinhas e
outras aves domésticas). E provavelmente começará na África ou na Ásia, onde
multidões vivem próximas de animais selvagens e domésticos – mas se alastrará
em alta velocidade, por causa da moderna rede mundial de viagens e marítimas.
62. EXISTE VIDA APÓS A MORTE?
Pessoas acreditam em vida após a morte desde o tempo em que os primeiros
humanos enterravam seus finados com alimentos e armas. A realidade de uma
vida além desta é o alicerce de muitas fés. Fora dos limites da fé, porém, a
questão é tema de acirrados debates, mas nada que se baseie em provas.
Os argumentos em favor da vida após a morte costumam citar relatos de
experiências de quase morte. Tipicamente, são casos em que alguém perde a
consciência durante um acidente ou operação. A pessoa tem a sensação de deixar
o corpo, flutuar e ver a si mesma do alto. Pode estar envolta em uma luz e ver
um ente querido ou bondoso que lhe diz que ela precisa voltar a viver.
Embora muitos que relatam esses incidentes não estivessem em condição crítica,
alguns quase morreram, e acreditam que vislumbraram outra vida. No livro Uma
Prova do Céu, o neurocientista Eben Alexander conta que entrou em outra
dimensão durante o coma e encontrou uma figura angelical. Milhares de
histórias parecidas já foram registradas; não há dúvida de que muitos que as
contaram tiveram algum tipo de experiência transcendente.
Os argumentos contra a existência de vida após a morte citam provas de que
essas experiências são meras alucinações. Neurologistas conseguiram provocar a
sensação de sair do corpo estimulando os lobos temporais de pessoas em
experimentos. Não há prova de que um paciente inconsciente soube de coisas
durante uma experiência extracorpórea que ele não teria sabido sem essa
experiência. Tampouco existe qualquer outro tipo de indício que ateste uma vida
após a morte.
Associações Estudo publicado no Journal of Positive Medicine em 2009 pode corroborar
experiências de quase morte. Picos idênticos de atividade cerebral foram observados em
sete pacientes pouco antes da morte. Isso explicaria a sensação de “sair do corpo”.
FORÇAS NATURAIS

O nascimento, a morte e a física do Universo são grandes questões ainda à


espera de grandes respostas. E o que é esse incômodo zumbido no Novo
México?
63. COMO O UNIVERSO COMEÇOU?
A história é bem conhecida e apócrifa: um cientista está falando em uma
conferência sobre astronomia quando uma mulher se levanta na platéia e o
contradiz: “O Universo está nas costas de uma tartaruga gigante”, ele diz “Mas a
tartaruga, está em cima do quê”, ele indaga. “Muito esperto, moço”, ela replica,
“mas é uma tartaruga em cima de outra, sem fim!”.
Os cosmólogos que procuram entender o que aconteceu no início do tempo
acabam fazendo perguntas circulares semelhantes. Embora muitos (mas não
todos) concordem sobre o que aconteceu no Universo a partir de uns poucos
instantes após o Big Bang, profundas barreiras cientificas e filosóficas se
interpõem em nosso caminho para compreender o que houve antes: a transição
do nada para alguma coisa.
Uma cronologia clássica era assim: aproximadamente 13,8 bilhões de anos atrás,
logo depois que o Universo começou, ele era inconcebivelmente pequeno,
quente e denso. A gravidade, o eletromagnetismo e as forças fortes e fracas
estavam unificados. Por um breve tempo, o Universo expandiu-se a velocidades
extraordinárias em um período de inflação cósmica. As forças básicas
separaram-se. Conforme o Universo foi esfriando nos milhares de anos
seguintes, formaram-se partículas, depois átomos, e o Universo começou a se
parecer com aquilo que conhecemos, com matéria condensando-se em estrelas e
planetas.
Esse cenário ainda questiona o que existia antes do Big Bang. Nenhuma
informação sobre esses momentos pode chegar até nós, mas alguns físicos
apresentaram uma interpretação. Segundo a física quântica, mesmo no vácuo
perfeito flutuações aleatórias podem produzir matéria e energia. Talvez o
Universo simplesmente tenha surgido instantaneamente. Os críticos replicam
que essa resposta supõe que as leis da física já existiam, uma variação da
analogia da tartaruga: é física em cima de física, sem fim.
Associações Algumas teorias da física predizem que, além do nosso Universo, pode ter
surgido um número quase infinito de outros. Mas nunca seremos capazes de detectar os
outros membros do Multiverso nem de fazer contato com eles.

64. O QUE É GRAVIDADE?


Para Isaac Newton, gravidade era uma força universal atuando sobre a matéria:
cada partícula de matéria atraía todas as demais, e a força de atração diminuía
rapidamente com a distância. Para Einstein a gravidade estava embutida no
tecido espaçotemporal: um objeto imenso faz o espaçotempo curvar-se ao redor
dele, como um cobertor sob uma bola de boliche. Para a física quântica, é uma
das forças de natureza, juntamente com a força eletromagnética e as forças fortes
e fracas do núcleo atômico.
Todas essas teorias têm alicerces experimentais e são internamente consistentes.
Mas infelizmente as duas últimas são incompatíveis entre si. A teoria de Einstein
prediz que corpos em aceleração produzirão ondas gravitacionais – elas ainda
não foram detectadas. A teoria quântica prediz que a gravidade seria transmitida
por partículas; assim como a força eletromagnética é mediada por fótons, a
gravidade seria mediada por grávitons. Estes também ainda não foram
detectados. Os físicos também não conseguiram unificar a gravidade com as
outras três forças.
Para aumentar o mistério, descobertas da cosmologia estão levando alguns
físicos a questionar o básico. Talvez precisemos reescrever as regras da
gravidade para explicar nosso Universo escuro e acelerado.

65. ONDE ESTÁ A ANTIMATÉRIA?


Na emocionante primeira parte do século 20, quando a física estava
redesenhando nossa imagem da matéria, os cientistas notaram que cada partícula
tem de ter uma antipartícula – com a mesma massa, mas de carga oposta. Assim,
os elétrons (carga negativa) têm de ter seus correspondentes em pósitrons (carga
positiva); os prótons (carga positiva) têm de ter uma contrapartida em
antiprótons (carga negativa). De fato, experimentos podem produzir essas
partículas em grandes quantidades. Mas é preciso manter separadas as partículas
de matéria e antimatéria, ou se aniquilarão mutuamente em uma explosão de
energia.
A física diz que, durante o Big Bang, devem ter sido criadas quantidades iguais
de matéria e antimatéria. Aqui está o xis da questão: embora tenhamos detectado
antipartículas no espaço, tudo o que vemos é feito de matéria. Onde foi parar a
antimatéria? A antimatéria não encontrada continua a ser um dos enigmas da
cosmologia. Uma explicação diz que partículas e antipartículas podem diferir
ligeiramente em sua taxa de desintegração. Mesmo uma minúscula variação
poderia, com o passar do tempo, levar à assimetria atual. Experimentos no
Grande Colisor de Hádrons, em Genebra, poderão trazer alguma luz ao
problema.
Associações Espaçonaves impelidas por antimatéria não estão limitadas à ficção
científica. A NASA financia pesquisas sobre motores de pósitron, que poderiam
transportar uma tripulação até Marte com apenas alguns miligramas de antimatéria.

66. O QUE É MATÉRIA ESCURA?


O astrônomo suíço Fritz Zwicky, quando estudava aglomerados de galáxias nos
anos 1930, chegou a uma conclusão desnorteante, às velocidades que ele
observou, os aglomerados deveriam estar arremessando suas estrelas no espaço
como crianças que soltassem as mãos num carrossel veloz. Aqueles aglomerados
só poderiam estar mantendo sua coesão se contivessem mais massa do que
qualquer um jamais vira.
Medições do movimento galáctico feitas posteriormente reforçaram o mistério
da matéria escura. Hoje os físicos acreditam que aproximadamente 27% da
matéria no Universo consiste nesta substância que não emitem nem reflete luz. A
matéria escura poderia ser formada por objetos comuns não vistos, como estrelas
anãs maciças e buracos negros. Mas os cientistas têm uma segunda hipótese:
partículas maciças de interação fraca (WIMPS, na sigla em inglês). Essas
partículas exóticas teriam pouca massa individualmente, portanto seriam difíceis
de detectar, mas poderiam ser tão numerosas e difundidas que produziriam o
efeito gravitacional requerido. Experimentos a bordo da Estação Espacial
internacional detectaram partículas de alta energia que poderiam, talvez, te sido
alijadas pela colisão de partículas de matéria escura.

67. QUAL A ORIGEM DOS PODEROSOS RAIOS CÓSMICOS?


Fique ao ar livre e mais ou menos uma vez por segundo você será atingido por
um raio cósmico. Não sente? É porque cada “raio” é uma partícula subatômica,
tipicamente um próton. Observados já por uns 100 anos, raios cósmicos entram
na atmosfera da Terra em alta velocidade vindos de todas as direções. Alguns
provêm do Sol, mas a maioria chega de fontes remotas e desconhecidas. Alguns
têm tanta energia que viajam quase à velocidade da luz. Há tempos os cientistas
se perguntam que tipo de explosão poderia impelir uma partícula a essas
velocidades.
É impossível identificar a origem de uma partícula, pois os raios curvam-se ao
longo dos campos magnéticos que permeiam o espaço interestelar e rodeiam a
Terra. Recentemente, porém, pesquisadores descobriram indícios de ligação
entre os raios ultraenergéticos e campos magnéticos ao redor de vestígios de
supernovas. Algumas partículas carregadas nesses campos aceleram-se em torno
da onda de choque da supernova, ganham velocidade e arrojam-se como uma
bala pelo espaço. Em fevereiro de 2013, astrônomos anunciaram que o
Telescópio Espacial de Raios Gama Fermi havia detectado radiação gama
característica dessas interações ao redor de vestígios de duas supernovas – não é
uma prova, mas é nossa melhor pista até agora para a fonte dessas partículas.

68. POR QUE A COROA SOLAR É TÃO QUENTE?


No núcleo, o Sol registra temperaturas em torno de 16 milhões de °C, um calor
inconcebivelmente intenso capaz de fundir átomos e liberar a energia que
sustenta a Terra. As temperaturas caem conforme aumenta a distância em
relação ao núcleo, e chegam a amenos 5,5 mil °C na superfície visível do Sol. E
então, inexplicavelmente, o calor torna a aumentar na emplumada atmosfera
exterior do Sol, a coroa, variando entre 1 milhão de °C e 5 milhões de °C. Esse
calor externo intriga os astrônomos há anos.
Telescópios avançados estão fornecendo pistas para a razão de tanto calor. Dois
mecanismos responsáveis podem ser os responsáveis. Sabemos há tempos que
campos magnéticos volteiam através do Sol, subindo e descendo pelas manchas
solares e contribuindo para o caos borbulhante e redemoinhante da estrela. Ao
que parece, esses campos criam ondas magneto-hidrodinâmicas, que propelem
energia da parte interna do Sol para a coroa.
As temperaturas mais altas podem provir de um movimento magnético diferente.
Linhas de fluxo magnético aparentemente se torcem em emaranhados e depois
tornam a separar-se, liberando tanta energia que a temperatura da coroa alcança
milhões de graus.

69. AS MANCHAS SOLARES AFETAM O CLIMA DA TERRA?


Antes de saberem o que eram manchas solares, observadores já as
acompanhavam. O astrônomo amador Samuel Heinrich Schwabe, do século 19,
registrou as manchas escuras na superfície solar todos os dias durante 17 anos, e
percebeu que o número de manchas aumentava e diminuía segundo um ciclo de
11 anos. Tempos depois, cientistas descobriram que as manchas solares indicam
lugares onde campos magnéticos irrompem na superfície visível do Sol. Quando
o ciclo está no auge, a radiação aumenta e o Sol torna-se particularmente
tempestuoso, com explosões solares que podem perturbar as transmissões
elétricas na Terra.
A teoria de que as manchas podem fazer mais do que isso – e afetar o clima da
Terra, por exemplo – por muito tempo foi ridicularizada. Mas agora essa ideia
ganhou reconhecimento. Um período de atividade extremamente baixa em
manchas solares de 1645 a 1715, conhecido como Mínimo de Maunder, foi
associado a um gélido período na Terra, quando as temperaturas medias ficaram
em torno de 0,7 °C abaixo do normal. Estudos de anéis de árvores indicam uma
associação entre ciclos solares e o clima. Mas o clima da Terra é muito
complexo e seus mecanismos ainda estão sendo estudados, por isso não temos o
veredicto sobre a questão das manchas solares.

70. COMO SER FORMOU A LUA?


A Lua, o único satélite da Terra, é nossa velha companheira, mas suas origens
são obscuras. Teorias supunham que ela havia se formado na mesma época em
que a Terra, de fragmentos dos primeiros tempos do sistema solar, ou que a
Terra teria capturado a Lua, que vagava pelo espaço. Mas estudos das rochas
lunares e a física de uma captura desse tipo mostram que essas ideias são
implausíveis.
O atual modelo da origem da Lua é o mais aceito. Nos primeiros tempos da
Terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos, o planeta sofreu um esbarrão titânico de
um objeto do tamanho de Marte. Fragmentos da crosta e do manto foram
arremessados ao espaço, fundiram-se em um disco com partes do corpo
responsável pelo impacto, e esse disco, ao coalescer, formou a Lua. Essa teoria
encontra respaldo na composição da Lua e na matemática da rotação da Terra e
de seu satélite.
No entanto, estudos recentes de rochas lunares puseram em dúvida essa ideia. Se
as rochas lunares são uma mistura da Terra e do corpo colisor, sua composição
química deveria refletir isso. Mas as rochas parecem quimicamente idênticas às
da Terra. Os cientistas não descartaram a hipótese do impacto, mas ainda
precisam explicar como os fragmentos se transformaram na Lua.

71. A TERRA EMITE UM SOM DE ZUMBIDO?


O som é descrito como um ruído surdo grave, irritante, como o de um motor a
diesel distante. Nos mais variados lugares, desde Auckland, na Nova Zelândia,
até Beaufort, na Irlanda, pessoas dizem que o ouvem. Na maioria desses locais, o
barulho de máquinas ou do tráfego foram descartados como fonte. Um dos
zumbidos é relatado em Taos, no Novo México, e tem ensejado queixas desde os
anos 1990. O povo estava tão incomodado que apresentou uma petição à
delegação do Congresso no Novo México solicitando uma investigação. O
pedido foi atendido. Uma equipe da Universidade do Novo México foi a Taos,
entrevistou os moradores e instalou microfones. Determinaram que
aproximadamente 2% dos residentes ouviam o barulho: o ruído surdo de baixa
freqüência em mi bemol. Excluíram a ressonância da rede de força e vibrações
militares distantes. Concluíram: “Não há sinais acústicos conhecidos que possam
estar produzindo o zumbido”. Muitas explicações foram aventadas: tinido
auditivo (embora quem sofra dessa condição perceba um som agudo), máquinas
de localização ainda não descoberta ou simplesmente uma sensibilidade
exacerbada a ruído de fundo normal.
Associações A Terra faz barulho, sim, mas muito abaixo dos limites da audição humana.
Entre seus sons estão ruídos de ondas oceânicas e crepitações graves. Alguns podem
ser captados por receptores de rádio de muita baixa freqüência (VLF).

72. QUAL A NATUREZA DO NÚCLEO DA TERRA?


O núcleo terrestre começa a 2,9 mil quilômetros abaixo de nós, mas é tão
inacessível que parece estar em outra galáxia. Cientistas chegaram a uma noção
aproximada de sua natureza estudando como ondas sísmicas atravessam o
planeta, aferindo a massa e a densidade da Terra segundo o modo como ela
interage com outros corpos e sondando as camadas exteriores do planeta.
Baseados nessas medições, os cientistas julgam que o núcleo é uma esfera
metálica como um raio de aproximadamente 3,5 mil quilômetros, o tamanho de
Marte. Pode ter duas camadas, um núcleo interno de liga de ferro sólido e um
núcleo externo de liga de ferro líquido. As temperaturas podem chegar a 5,5 mil
°C no núcleo interno. É esse calor que impele os deslocamentos das placas
tectônicas. Ainda há questões a responder. Algumas descobertas apontam que o
núcleo interno encerra um núcleo ainda mais interior, menor, de ferro sólido.
Medições indicam que o núcleo interno pode ter uma rotação com velocidade
diferente do restante da Terra. Estudos constataram mais calor do que o previsto
emanado do núcleo: mais uma vez, não sabemos por quê. O cientista David
Stevenson sugeriu, meio a sério, fazer um furo no planeta e enviar uma sonda.
Sem dúvida, muitos cientistas gostariam que fosse possível fazer exatamente
isso.

73. O QUE CAUSA AS INVERSÕES NO CAMPO MAGNÉTICO DA


TERRA?
O campo magnético da Terra, gerado por correntes em seu núcleo de ferro
líquido, protege o planeta como um imenso guarda-chuva de radiações cósmicas
letais. No século 20, ao estudarem padrões magnéticos em rochas do leito
oceânico, geólogos descobriram que essa característica do planeta é inconstante:
muda sua polaridade em intervalos aparentemente aleatórios no decorrer dos
milênios. O norte magnético torna-se o sul, repetidamente.
Em média, a inversão do campo acontece aproximadamente a cada 200 mil anos,
mas já passaram 780 mil longos anos desde a última mudança (embora um
estudo recente afirme que houve uma inversão breve há 41 mil anos, na última
Idade do Gelo). Uma inversão pode levar milhares de anos, durante os quais o
campo pode enfraquecer-se, surgindo mais de um polo magnético. Não sabemos
o que provoca essas mudanças. Alguns modelos feitos em computador do
dínamo magnético no núcleo terrestre sugerem que pequenas instabilidades no
campo podem transformar-se em inversões completas.
O campo magnético agora está 10% mais fraco do que quando foi medido no
século 19, o que talvez pressagie uma inversão iminente. Os geocientistas dizem
que não precisamos nos preocupar: o processo leva muito tempo e não deverá
afetar significativamente a vida na Terra.

74. DE QUE MODO COMEÇOU A VIDA NA TERRA?


Entre 4 e 3,5 bilhões de anos atrás, a jovem Terra atravessou um limiar e se
tornou um planeta vivo. Como as primeiras formas de vida – organismos que
absorviam energia e se reproduziam – surgiram nos oceanos do planeta?
Duas escolas de pensamento supõem que a vida originou-se de substâncias
orgânicas simples. Uma acha que as substâncias da vida chegaram à Terra
vindas do espaço. Cientistas encontraram um número surpreendente de
moléculas orgânicas complexas no espaço. A análise espectral de nuvens de
moléculas interestelares revela substâncias químicas orgânicas como açúcares –
compostos orgânicos também foram descobertos em cometas e meteoritos. Não
é improvável, talvez até seja provável, que cometas e outros fragmentos gelados
do espaço, ao despencarem na Terra primeva, tenham trazido substâncias
químicas orgânicas já prontas para a superfície do planeta.
A outra escola de pensamento, mais comum acredita que a vida surgiu de
reações químicas no oceano. O famoso experimento de Miller-Urey, de 1953, no
qual cientistas energizaram uma “sopa primordial” com uma carga elétrica e
viram surgir aminoácidos, mostrou que não são necessárias condições especiais
para a formação de substâncias químicas orgânicas. Muitas variações dessa
hipótese foram propostas, entre elas a de substâncias orgânicas surgindo nas
águas quentes próximas de chaminés hidrotermais ou sob o gelo de oceanos
congelados.
O próximo passo é difícil de decifrar: como substâncias químicas orgânicas se
organizam em um sistema autorreplicante com proteínas e ácidos nucléicos
trabalhando juntos? Muitos cientista acreditam que o RNA, e não o DNA, foi a
primeira forma de código genético – experimentos criaram bases de RNA em
laboratório sob condições que podem ter existido nos primeiros tempos da Terra.
Grande parte do trabalho sob as origens da vida envolve muitas conjeturas.
Associações A descoberta de novas formas de vida no oceano profundo nos anos 1970
resultou em uma revisão de classificação para os eucariotos (animais, plantas, fungos e
proteínas), bactérias e arquelas (micróbios em ambientes extremos).

75. O QUE PROVOCA UM TERREMOTO?


O terremoto que em 2011 assolou a costa leste de Honshu, a maior ilha do Japão,
foi um pesadelo. O sismo de magnitude 9.0 e o resultante tsunami de 30 metros
de altura mataram mais de 15 mil pessoas e destruíram mais de 300 mil
construções.
Ninguém predisse esse terremoto, pois, ninguém podia. Os cientistas conhecem
o mecanismo básico dos abalos sísmicos. Simplificando: nos terremotos não
relacionados a uma erupção vulcânica, dois blocos de terrra deslizam ao longo
de uma linha de falha, acumulam energia com o atrito e subitamente a liberam
quando um bloco vence o atrito e se arroja para a frente. A energia move-se
então em ondas através do solo, abalando a superfície. Mas ainda há muitos
mistérios. Por exemplo, por que o atrito atenua-se de repente? Será que a rocha
derrete-se ao longo da falha, ou se pulveriza como talco? Por que tantos
terremotos são menores, quando simulações em laboratório prediziam que eles
seriam devastadores? A pressão da água em reservatórios ou de águas residuais
injetadas no solo durante perfurações para extração de gás natural parece às
vezes desencadear terremotos. Mas como? E são perigosos? Não temos respostas
firmes para essas perguntas. E a ciência continua impotente para prever o
próximo desastre.

76. POR QUE ROCHAS DESLIZAM NO VALE DA MORTE?


As rochas móveis de Racetrack Playa, um leito de lago plano e seco no Parque
Nacional do Vale da Morte, fascinam os visitantes há anos. embora nunca
tenham sido vistas em ação, rochas pesando mais de 300 quilos foram
encontradas no fim de longos sulcos riscados na superfície ressequida da playa.
Alguns desses rastros chegam a 900 metros de comprimento.
As rochas não deslizam num declive – na verdade, a maioria está até subindo
ligeiramente. Tampouco o vento, sozinho, poderia mover pedras por essas
distâncias. E não há rastros de humanos ou animais na superfície dos sulcos
feitos pelas pedras.
Na busca da resposta, os pesquisadores são tolhidos pelas limitações de trabalhar
no Vale da Morte, ecossistema sensível que seria danificado por instalações
invasivas. A maioria das teorias envolve uma combinação de vento com
superfície escorregadia. Ferozes vendavais no inverno poderiam dar um
empurrão nas rochas sobre uma superfície convertida em lama macia por raras
chuvas. Ou as rochas poderiam patinar: a água poderia transformar-se em gelo
sob as rochas, diminuindo o atrito e permitindo que o vento as empurrasse. Ou,
quem sabe, ambos os cenários e ainda outros atuem em momentos diferentes.
Associações A maioria das formas de vida não suporta os verões do Vale da Morte (49
°C), mas algumas bactérias adoram. Alguns desses micróbios despertam da letargia
depois da chuva e produzem uma película, que ajudaria as rochas em cima a deslizar.

77. COMO FOI FEITO O OLHO DO SAARA?


Parece uma gigantesca mosca para a prática interplanetária de tiro ao alvo: o
Olho do Saara, ou Estrutura de Richat, é uma formação circular no Saara
mauritano. Com 48 quilômetros de diâmetro, a formação tem anéis dentro de
anéis roídos pela erosão e fulgura em azul-claro na areia pardacenta.
Alguns observadores imaginativos viram ligação entre a estrutura circular do
Olho e a Atlântida de Platão (em Crítias, ele diz que a cidade era cingida por
canais circulares e cinturões de terra). Mentes mais sóbrias imaginaram que
poderia tratar-se de uma cratera de impacto, mas o estudo de suas rochas não
confirma a ideia. Teorias atuais supõem que o Olho seja uma estrutura
puramente ecológica, um domo rochoso, desgastado pelo tempo e pelo ambiente
implacável do Saara. Rochas sedimentares no centro remontam à era
Proterozoica, 1 bilhão de anos atrás. Quartzito, rocha mais resistente à erosão,
forma as crista circulares do Olho.
O domo pode ter sido criado muito tempo atrás por rochas ígneas que afloraram.
Hoje a formação é um ponto de referência para astronautas, claramente visível
do espaço.
Associações Formações geológicas antigas são vistas em desertos, onde água e
vegetação não podem apagá-los. Várias crateras de impacto, como a Aorounga, no
Chade, com 18 quilômetros de comprimento, são claramente visíveis do espaço.

78. COMO SE FORMAM OS TORNADOS?


Em matéria de alerta sobre tornados, hoje estamos melhor do que a população no
caminho de 468 quilômetros percorridos em 1925 pelo tornado dos Três
Estados: 695 pessoas morreram nesse desastre. Envolta em nuvens borbulhantes,
a tempestade vasta e veloz arrojou-se sobre cidades e fazendas sem aviso. Só nos
últimos 60 anos os meteorologistas podem contar com os instrumentos, em
especial o radar Doppler, para detectar as condições capazes de gerar um furacão
e avisar o público. Mas a ciência atmosférica é extremamente complexa, e não
descobriu por que tempestades forma tornados nem se eles serão fracos ou
fortes. Descobrimos que os tornados mais violentos nascem de tempestades
fortíssimas como supercelulares. O ar quente que sobe da tempestade começa a
girar, por razões ainda não totalmente claras, enquanto o ar acima, mais frio,
precipita-se para baixo. Em certas condições, o giro transforma-se em uma
nuvem afunilada.
A intensidade dos tornados é medida pela escala de Fujita aumentada de 6 graus,
baseada nos danos causados. As tempestades variam muito em tamanho, desde
60 metros até monstruosos 3 quilômetros de largura, como a F-4, que em 2004
se abateu sobre Hallam, em Nebraska, e destruiu 95% das construções. Apesar
dos modernos sistemas de alarme, o fenômeno de dois dias que incluiu o tornado
Hallam matou 385 pessoas.

79. O QUE CAUSA AS ONDAS ANORMAIS?


Capitães de transatlânticos e operários de plataformas petrolíferas contam a
mesma história. Em raras ocasiões, uma parede de água da altura de um prédio
de dez andares surgiu de uma direção inesperada e arrebentou janelas e
equipamentos – quando tiveram sorte, foi só isso. Os oceanógrafos antes riam e
citavam estudos segundo os quais ondas desse tipo só aconteciam, uma vez a
cada 10 mil anos.
Hoje as ondas extremas de tempestade são aceitas como um fato, graças à
melhor documentação de navios, plataformas petrolíferas e satélites. Em 1995,
lasers em uma plataforma petrolífera no mar do Norte mediram a altura de uma
onda dessas: 26 metros. Dois transatlânticos em 2001 perderam as janelas da
ponte, destruídas por ondas de 30 metros de altura. Satélites controlados pela
Agência Espacial Europeia detectaram dez ondas de mais de 25 metros no
decorrer de apenas três semanas. Agora os cientistas calculam que, em qualquer
dado momento, dez ondas anormais estejam assomando em alguma parte do
oceano.
As teorias sobre o que causa esses monstros são exploratórias. Muitas dessas
ondas ocorrem em fortes correntes oceânicas, como a corrente do Golfo ou a
corrente de Agulhas, próximo à costa da África do Sul. Elas podem crescer
quando ventos de tempestade sopram perpendicularmente a essas correntes,
encurtando a freqüência das ondas e aumentando sua altura. Outras ondas
anormais podem formar-se quando ondulações (“swells”) vindo em sentidos
diferentes encontram-se e suas ondas e depressões reforçam-se uma às outras.

80. O QUE É O RELÂMPAGO GLOBULAR?


O relâmpago globular, ou “Ball lightning”, é um fenômeno visto com freqüência
mas pouco estudado, tão estranho que alguns cientistas pensam tratar-se de
alucinação. Em geral (mas nem sempre), ele se forma durante uma tempestade
com raios e aparece como uma bola luminosa de tamanhos que podem variar de
uma bola de tênis a uma bola de basquete. Observadores contam que a bola
pulou pelo chão ou flutuou a alguns centímetros de altura, sacudindo-se de um
lado para outro, sibilando ou crepitando até explodir com estrondo. A bola pode
entrar flutuando pela janela de uma casa. Passageiros de avião viram um
relâmpago globular disparar pelo corredor até desaparecer na traseira da
aeronave. Também foram vistos relâmpagos acima das falhas ativas durante
terremotos.
O fenômeno raramente é perigoso. Há uma famosa exceção no século 18, o
físico alemão Georg Richmann foi atingido na cabeça e morto por um relâmpago
globular que entrou em seu laboratório. Seja o que for, não é raio. Alguns
estudiosos supõem que se trata de poeira de silício em combustão, enrolada
numa bola luminosa ao ser atingida por um raio. Outros aventam que, durante
uma tempestade, partículas eletricamente carregadas acumulam-se em
superfícies, formando um campo elétrico que se descarrega em formato esférico.
Associações O tsar Nicolau II viu um relâmpago globular em uma igreja:
“Vi de repente uma bola de fogo entrar voando pela janela (...) A bola (era
um relâmpago globular) rodopiou pelo chão, passou pelo lampadário e voou
porta afora”.

81. EXISTE VIDA EM OUTROS PLANETAS?


Muitos cientistas citam o princípio de Copérnico para justificar sua opinião de
que é possível encontrar vida em outros planetas. Batizado com o nome do
astrônomo que provou que a Terra não tem um lugar especial no Universo, o
princípio diz que nosso planeta formou-se de elementos comuns no entorno de
uma estrela típica, não havendo razão por que outros como ele não existam.
Opõe-se a essa ideia o chamado paradoxo de Fermi. O grande físico, em um
debate sobre vida inteligente extraterrestre, teria supostamente respondido com
uma simples pergunta: “Então onde está todo mundo?”
Ainda é uma grande incógnita se encontraremos ou não vida inteligente em
outros planetas, mas achar algum tipo de vida parece cada vez mais plausível.
Uma avalanche de descobertas recentes de planetas extrassolares levou a maioria
dos astrônomos a acreditar que seja só questão de tempo para descobrir algum
com água e um clima semelhante ao da Terra. Em nosso planeta, pelo menos, a
água líquida é o solvente universal necessário às reações químicas. O carbono,
espinha dorsal dos aminoácidos, pode ser outro requisito.
Mas os extremos que existem em alguns mundos não são necessariamente uma
barreira à vida. Bactérias extremófilas foram descobertas na Terra em águas
ferventes e sob lagos antárticos. O fato de ser possível haver vida nesses
extremos faz do oceano sob o gelo da lua. Europa ou das possíveis reservas
hídricas no subsolo de Marte promissores alvos na busca por vida.

82. É POSSÍVEL VIAJAR NO TEMPO?


Alguém poderia viajar no tempo? Físicos dizem que talvez, mas não do jeito que
vemos na ficção científica.
A maioria dos cenários de viagem no tempo deriva das implicações mais
extremas das teorias da relatividade, de Einstein. O tempo não é separado ou
absoluto – como parte do contínuo espaçotempo, ele se desacelera para objetos
muito grandes ou muito velozes. Uma mulher de 20 anos que embarcasse numa
espaçonave e viajasse durante cinco anos em velocidade próxima à da luz
poderia, ao voltar a Terra, ver que aqui se passaram 50 anos. A mulher, na
prática, teria viajado 45 anos no futuro. O mesmo efeito se aplicaria se ela
visitasse um objeto imenso, como uma estrela de nêutrons.
Os buracos de minhoca (“wormholes”) são outro portal do tempo teórico. Certos
tipos de buracos negros poderia, talvez, formar um túnel através do
espaçotempo. Se existirem, porém, os buracos de minhoca exigirão uma espécie
exótica de matéria antigravitacional para permanecerem abertos, e quase
certamente destruirão qualquer coisa que passa por eles.
Esses métodos requerem imensas quantidades de energia, muito mais do que
hoje podemos reunir, e só funcionariam para viagens ao futuro. Viajar ao
passado impossível. Há também o paradoxo do avô: e se você voltasse no tempo
e matasse seu avô, como ficaríamos?

83. VIVEMOS EM UM MULTIVERSO?


Quando cientistas propõem novas ousadas, às vezes introduzem possibilidades
inesperadas. Assim foi com a cosmologia, o estudo das origens e estrutura do
Universo. Teorias sobre a expansão do Universo em seus primeiros tempos e
sobre modos de conciliar a gravidade com outras forças da física trouxeram a
possibilidade de que vivemos em apenas um de um conjunto infinito de
universos.
A teoria da inflação cósmica, proposta por Alan Guth em 1980, resolve alguns
problemas da cosmologia do Big Bang que o espaçotempo expandiu-se a uma
taxa extraordinariamente rápida em seus momentos iniciais. Teorias derivadas
dessa dizem que, embora nosso Universo tenha parado de inflar, em outras
partes a inflação pode ter continuado, formando outros universos, como um sem-
número de bolhas bem ao lado da nossa. A teoria das cordas é uma tentativa de
aproximar a física relativista da física quântica. Segundo essa teoria, em um
nível fundamental, subatômico, o Universo tem muito mais dimensões além das
quatro que conhecemos. Outros universos poderiam ter se formado nesse espaço
multidimensional, invisíveis para nós. Um grande problema é que as teorias do
Multiverso não podem ser provadas, pelo menos por ora. Não podemos observar
esses outros universos. Você pode ter um correspondente em outro Universo,
mas nunca irá saber.
Associações Outra possibilidade para um Multiverso seria o nosso Universo estender-se
infinitamente além dos limites observáveis. Matéria e energia podem combinar-se um
dado número de vezes antes de repetir-se, criando um Universo duplicata distante.

84. O QUE É ENERGIA ESCURA?


Se você pular para o alto, a gravidade logo o puxará para baixo. Mas e se
continuasse a subir, cada vez mais rápido? Esse tipo de comportamento contrário
à lógica é que os astrônomos agora procuram em nosso Universo. Em vez de
desacelerar sua expansão, tolhido pela própria massa, o Universo está se
acelerando. A fonte dessa velocidade ainda é desconhecida. Os cientistas
chamam-na de energia escura.
Nos anos 1990, astrônomos descobriram essa aceleração medindo a distância até
supernovas em galáxias remotas e constatando que as estrelas estavam mais
distantes do que o previsto. A energia necessária para promover essa aceleração
é imensa, e equivale aproximadamente a 70% da substância do Universo. As
teorias sobre a natureza da energia escura são vagas e problemáticas. Uma
explicação baseada na teoria quântica supõe que a energia provém de “partículas
vitais” que surgem e desaparecem num instante, mas a matemática parece não
dar certo. Talvez, como aventou Einstein, o espaço vazio possua sua própria
energia que aumenta, representada por uma “constante cosmológica” nas
equações de relatividade. Ainda não temos provas disso. Ou simplesmente
podemos estar errados quanto ao funcionamento da gravidade, e nesse caso não
existe a energia escura. Mas aí precisaremos de uma séria revisão nos
fundamentos da física.

85. COMO O UNIVERSO VAI ACABAR?


No filme Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, o pequeno Alvy Singer para de fazer
as lições de casa porque o Universo está se expandindo. “E se está expandindo,
um dia ele vai se despedaçar, e será o fim de tudo!... Então para quê?”. Alvy não
está errado – pelo menos quanto ao Universo. Ele está se expandindo, e um dia
deixará de existir como o conhecemos. Mas a natureza desse fim ainda é uma
questão em aberto.
Dependendo da quantidade total de matéria e energia no Universo, um de três
modelos provavelmente se aplicará: o Big Crunch, o Big Chill ou o Big Rip. No
Big Crunch (“grande esmagamento”), existe massa suficiente no Universo para
que ele desacelere e então reverta sua expansão; por isso, o Universo irá
encolher até esmagar a si mesmo. No Big Chill (“grande resfriamento”), não
existe massa suficiente para deter a expansão, por isso as galáxias lentamente se
distanciarão, se resfriarão e ficarão às escuras. No Big Rip (“grande
despedaçamento”), o Universo em aceleração, impelido pela energia escura,
desfaz-se em pedaços, inclusive seus átomos.
Para os astrônomos, baseados no que hoje sabemos sobre a matéria no Universo
, o Big Crunch é improvável. Qual dos outros dois acontecerá vai depender do
que ainda não descobrimos sobre esses dois assuntos misteriosos, matéria escura
e energia escura.

86. DESCOBRIREMOS A TEORIA DE TUDO?


Chamada por muitos de o Santo Graal da física, a teoria de tudo é um termo
pomposo para uma teoria que conciliaria nossos atuais modelos conflitantes do
mundo físico. A revolucionária física do século 20 legou-nos dois modos de
explicar a natureza. Um é a relatividade, que descreve interações em grande
escala do Universo, particularmente a força da gravidade, segundo a geometria
do espaçotempo. O outro é a física quântica, que explica as interações em
pequenas escala de três outras forças – eletromagnetismo e as forças atômicas
fortes e fracas -, segundo a permuta de partículas. Infelizmente essas teorias são
incompatíveis. A teoria das cordas é uma tentativa de conciliá-las. Essa teoria
complexa e polêmica – na verdade, um grupo de teorias – começa com a ideia de
que as partículas fundamentais são feitas de arcos de “corda”, ou membranas,
que vibram em muitas dimensões. A inflexível matemática da teoria das cordas
aplica-se a todas as forças básicas. Mas a teoria das cordas tem seus críticos,
para quem ela é impossível de submeter a teste e não científica. A maioria dos
cientistas acredita que um dia nossas teorias físicas serão compatibilizadas.
“Cientistas maduros não crescem substituindo uma teoria por outra”, escreveu o
físico James Trefil, “e sim incorporando teorias antigas a novas”.
DESAPARECIMENTO

Para onde foram os colonos de Roanoke, a tripulação do Marie Celeste, a


corajosa Amelia Earhart? É possível alguma coisa realmente desaparecer
neste mundo?
87. O QUE ACONTECEU COM OS NEANDERTAIS?
Quando chegaram à Europa e a Ásia, há cerca de 30 mil ou 50 mil anos, os
humanos modernos encontraram outra espécie humana, o homem de Neandertal.
Descendentes de humanos que haviam deixado a África em uma migração
anterior, os neandertais eram robustos e seu corpo troncudo e musculoso
ajudava-os a sobreviver no ambiente inóspito. Andavam eretos, tinham cérebro
maior do que os dos humanos modernos, produziam ferramentas e sepultavam
seus mortos com rituais. Eram disseminados pela Europa e Eurásia, mas há 28
mil anos eles estavam extintos.
Muitas são as teorias sobre seu desaparecimento. Eles podem ter sido incapazes
de se adaptar ao clima, que se tornou mais frio, ou talvez tenham sido vencidos
na competição com os humanos modernos, que possuíam ferramentas melhores
e uma organização social mais flexível. Ou foram absorvidos pela linhagem
humana moderna por meio de cruzamentos.
Em 2009, o biólogo sueco Svante Pääbo e colegas completaram o primeiro
esboço de uma análise do genoma neandertal. Descobriram que europeus e a
asiáticos modernos têm 2,5% de seu genoma em comum não como o do homem
de Neandertal. Ele não foi totalmente assimilado pela linhagem humana
moderna, mas muitos de nós têm um pouquinho de homem de Neandertal.
Associações Há uma possibilidade de os neandertais voltaram. Se 500 gerações
humanas participassem de uma reprodução seletiva privilegiando os que possuem mais
DNA neandertal, conseguiríamos chegar perto de uma versão moderna.

88. ONDE ESTÁ A CIDADE SUBMERSA DE HELIKE?


A antiga cidade grega de Helike já foi líder no mundo mediterrâneo. Citada entre
os aliados de Agamenon na Ilíada, no século 4 a.C., Helike encabeçou a Liga
Aquela, confederação criada para proteger as cidades participantes. Segundo
historiadores clássicos, em 373 a.C., Helike sofreu uma catástrofe. Por cinco
dias, cobras, camundongos e outros animais fugiram em busca de terrenos mais
altos. E então, numa noite de inverno, houve um terremoto, a cidade ruiu e o
oceano a engoliu. O sábio grego Erastótenes mencionou depois que a estátua de
Poseidon da cidade ainda podia ser vista sob as ondas e era uma ameaça às redes
dos pescadores.
A cidade desaparecida virou lenda, e ninguém sabia sua localização exata.
Muitos exploradores dos séculos 19 e 20, entre eles Jacques Yves Cousteau,
procuraram em vão por ela nas águas do golfo de Corinto. Em 2001, uma equipe
de arqueólogos decidiu investigar terras interioranas até o delta formado pelos
rios que deságuam no golfo. Ali finalmente a encontraram: paredes do século 4
a.C., moedas e cerâmicas sepultadas sob séculos de iodo. A cidade desaparecida,
possível inspiração para a história da Atlântida, ressurgiu.

89. EXISTE MESMO UMA CIDADE DE ATLÂNTIDA?


Tema de milhares de livros, sem falar em artigos, poemas, filmes e até histórias
em quadrinhos, Atlântida possivelmente é o mais famoso de todos os lugares
lendários. Platão foi o primeiro a contar sua história em seus dois diálogos,
Timeu e Crítias, escritos por volta de 355 a.C. Segundo essas obras, Atlântida
era uma ilha imensa além dos Pilares de Hércules (o estreito de Gilbratar) que
prosperava 9 mil anos antes. Ricos e poderosos, seus habitantes inicialmente
desfrutaram uma existência ideal: “Tinham o coração leal e em tudo nobre, e
demonstravam cortesia aliada a sabedoria”. Com o tempo, no entanto, tornaram-
se ambiciosos, ímpios e belicosos. Zeus, irado, destruiu a ilha com terremotos,
inundações em “um atroz dia e noite”, e Atlântida afundou para sempre sob as
ondas.
Na época de Platão, a maioria dos leitores interpretou a história como uma
parábola sobre governo e corrupção. Na Idade Média, ela começou a ser aceita
como uma verdade histórica. Desde então, crentes já situaram Atlântida na
Espanha, Irlanda, Suécia, Malta, Birmini, norte da África, Antártica e no
ressequido Saara, além de muitos lugares próximos ao Mediterrâneo.
Conjeturas mais acadêmicas procuram descobrir qual foi a inspiração de Platão
para Atlântida e seu fim. O Mediterrâneo da antiguidade conheceu terremotos,
erupções vulcânicas e ondas gigantescas. Um desses desastres foi a grande
erupção na ilha de Thira, que a destruiu parcialmente e pode ter sido crítica para
a civilização vizinha, Creta. Mais próxima do tempo de Platão foi a destruição
da cidade de Helike, assolada por terremoto e enchente em 373 a.C. Memórias
desses tipos de cataclismos podem explicar por que a história de Atlântida tem
tanta repercussão.
Associações O advogado Ignatius Donnelly basou-se em conhecimentos deturpados das
novas áreas da geologia e evolução para escrever – The Antedilluvian World, em 1881.
Charles leu a obra “em um estado de espírito muito cético”.
90. OS ÍNDIOS AMERICANOS EXTERMINARAM A COLÔNIA DE
ROANOKE?
Em agosto de 1587, um grupo de 118 colonos ingleses desembarcou na ilha de
Roanoke, próxima da costa da atual Carolina do Norte. Eram liderados pelo
governador John White, que trazia seu filho, nora e a neta Virginia Dare, a
primeira criança inglesa nascida nas Américas. Meses depois, White zarpou para
a Inglaterra para buscar suprimentos. Sem poder sair da terra natal por três anos
em razão da guerra entre Inglaterra e Espanha, ele voltou a Roanoke em 1590.
Não encontrou ninguém lá. Não havia sinais de luta. As pistas eram as palavras
“Croatoan” e Cro”, entalhadas em um poste de madeira e numa árvore. Os
colonos nunca foram encontrados.
Croatoan era o nome de uma tribo indígena e também da ilha onde esses nativos
viviam, 80 quilômetros ao sul. Historiados supõem que os colonos podem ter-se
mudado para lá. Outros acham que eles seguiram para o oeste. É possível que
tenham simplesmente sido raptados. Ou, quem sabe, mortos por espanhóis.
Se sobreviveram, pode não ter sido por muito tempo. Segundo alguns relatos,
Powhatan, o pai de Pocahontas, pretendia mandar um grupo para o sul a fim de
aniquilar colonos em 1607. Os colonos que não foram mortos podem ter sido
assimilados, o que explica relatos anteriores de índios de cabelos claros e olhos
cinzentos na área.

91. QUE DESTINO TEVE A EXPEDIÇÃO FRANKLIN?


Poucas histórias são mais terríveis que a da Expedição Franklin. Em 1845, Sir
John Franklin zarpou da Inglaterra com dois navios, Terror e Erebus, e 129
tripulantes em busca da Passagem Noroeste, uma rota de navegação do Atlântico
ao Pacífico através do Canadá. A expedição nunca retornou. Grupos de busca
encontraram poucas pistas. Mensagens deixadas em um memorial de pedras na
ilha de King William e algumas testemunhas inuítes disseram que os dois navios
ficaram presos no gelo no estreito de Victoria em setembro de 1846. Franklin
morreu de causas desconhecidas no ano seguinte. Os navios continuaram à
deriva no gelo durante outro inverno, e mais homens pereceram. Por fim, o novo
capitão Francis Crozier, aparentemente abandonou os navios e partiu com a
tripulação, seguindo pelo gelo em uma desesperada tentativa de chegar à terra
firme.
Alguns corpos foram encontrados, embora os navios e muitos marinheiros,
inclusive Franklin, continuem perdidos. Não se sabe o que teria matado os
homens que foram encontrados. É possível que os exploradores tenham sido
aniquilados por muitos fatores: frio, fome, escoburto, envenenamento por
chumbo, pneumonia e tuberculose e a pura desesperança.
O explorador Roald Amundsen finalmente encontrou a Passagem Noroeste através do
Canadá em 1906, mas a gelada rota pelas ilhas do Ártico canadense ainda é
considerada perigosa e nada prática.

92. A TRIPULAÇÃO DO MARIE CELESTE DESAPARECEU?


O capitão David Morehouse, do brigue Dei Gratia, navegava pelo Atlântico fazia
já um mês quando, em 5 de dezembro de 1872, deparou com uma cena
consternadora. À deriva do mar revolto estava o bergantim Marie Celeste.
Morehouse conhecia o navio e seu capitão, Benjamin Briggs – tinham jantado
juntos antes de cada um zarpar de Nova York. A mulher e a filha de Briggs
haviam embarcado com ele, junto com sete tripulantes. Feita uma busca,
confirmou-se que não havia ninguém a bordo. Não encontraram sinais de
violência, mas estava faltando um barco salva-vidas. Papéis espalhavam-se pelo
chão, e uma bomba de água estava desmontada. O Dei Gratia rebocou o navio
abandonado até Gilbratar e teve início o jogo de adivinhação. A culpa era de
marinheiros bêbados amotinados ou de piratas ou do próprio Dei Gratia, ávido
pela recompensa pelo salvamento do navio. A tripulação enlouqueceu depois de
comer cogumelo ou pão de centeio infectado com ergotina. Uma lula-gigante
devorou-os (junto com o barco salva-vidas e documentos selecionados do
navio).
As teorias atuais concentram-se no álcool volátil no porão de carga ou na bomba
quebrada como possíveis razões do abandono do navio. Como ninguém que
estivera a bordo jamais foi encontrado, o barco salva-vidas pode ter sido ainda
menos seguro do que o Marie Celeste.

93. ONDE ESTÃO OS FAROLEIROS DE EILEAN MOR?


O mar é traiçoeiro ao redor das rochosas ilhas Hébridas Exteriores, na escócia.
Por isso, em 1899 o Departamento de Faróis do Norte construiu um farol para
ser mantido por três homens na remota ilha Eilean Mor. Em 15 de dezembro de
1900, um navio que passava notou que a luz, instalada no alto de um penhasco
de 46 metros, estava apagada. Tempestades atrapalharam, mas em 26 de
dezembro o faroleiro substituto, Joseph Moore, chegou ao farol. Não encontrou
nenhum dos três homens. Uma refeição de carneiro com batatas estava à mesa,
intocada, faltavam uma caixa de ferramentas e dois casacos impermeáveis. No
diário de 15 de dezembro lia-se “Tempestade passou, mar calmo. Deus está em
tudo”.
Os homens não foram encontrados, e nunca foi confirmada nenhuma razão para
seu desaparecimento. Os danos na ilha atestam os perigos das intempéries antes
do Natal. Os três faroleiros teriam sido varridos para o mar por uma onda
gigantesca? Será que um enlouqueceu, matou os outros e se suicidou de um
modo misterioso? Teriam sido levados pelos fantasmas vikings que alguns
diziam assombrar as ilhas? Até hoje, ninguém sabe. O farol continua lá,
automatizado e operado por controle remoto.
Associações As Hébridas Exteriores abrigam outro mistério. A primeira vez que alguém
disse ter visto o Monstro do Loch Ness foi em 14 de abril de 1933, e desde então mais
de mil avistamentos foram relatados. Mas não há provas da existência de Nessie.

94. AMBROSE BIERCE MORREU NO MÉXICO?


A arrepiante história Um incidente na Ponte de Owl Creek de Ambrose Bierce,
tem um famoso desfecho surpreendente, e coube ao próprio autor ter um fim
misterioso. Bierce, nascido em 1842, lutava na Guerra de Secessão e era
conhecido pelo cinismo e misantropia em seus escritos “Fidelidade: virtude
característica dos que estão prestes a ser traídos”, diz um verbete do seu
Dicionário do Diabo.
Em 1913, família morta e carreira em declínio, Bierce partiu para o sul em uma
viagem na qual iria rever os campos de batalha da Guerra de Secessão e seguiria
para o México. “Estou a caminho do México com um propósito bem definido,
não revelável por ora”, ele escreveu ao seu secretário. Ele pode ter-se juntado ao
exército rebelde de Pancho Villa e viajado com eles para Chihuahua. Depois
disso, nunca mais foi visto.
Relatos de uma batalha de Villa falam de um “velho gringo” morto em combate.
Seria Bierce? Ou ele terá vivido no México, Califórnia, França ou Brasil, onde
Charles Fort observou que Ambrose Bierce Small desapareceu no Canadá alguns
anos depois de Bierce e se perguntou: “Será que alguem está colecionando
Ambroses?”

95. A GRÃ-DUQUESA ANASTÁSIA ESCAPOU DA EXECUÇÃO?


Quando a revolução russa avassalou o país em 1917, forças bolcheviques
capturaram o tsar Nicolau II, sua mulher, Alessandra e os cinco filhos, Olga,
Tatiana, Maria, Alexei e a vivaz Anastasia. Confinaram-nos num porão em
Ecaterimburgo. Em 17 de julho de 1918, a polícia secreta invadiu o lugar,
executou a família e enterrou-nos em um local secreto. Quase imediatamente
espalhou-se o rumor de que a menina mais nova, a grã-duquesa Anastasia,
sobrevivera. Em anos seguintes, várias jovens disseram ser a duquesa perdida. A
mais famosa foi Anna Anderson, descoberta em 1920 depois de pular de uma
ponte em Berlim. Descobriu-se depois que ela era Franziska Schanzkowska,
operária polonesa, mas o interesse da mídia e os patrocinadores de celebridades
mantiveram viva a história até a morte da mulher em Charlottesville, Virgínia,
em 1984. Testes de DNA confirmaram sua identidade polonesa.
Em 1991, autoridades russas revelaram o local das sepulturas dos Romanov nos
arredores de Ecaterimburgo. Só foram encontrados cinco corpos, o que reforçou
a esperança de que Anastasia pudesse realmente ter sobrevivido. Mas em 2007
dois outros corpos foram encontrados nas proximidades, um menino e uma
menina, cujo DNA provou que também eram Romanov. Na primeira ou na
segunda sepultura, Anastasia finalmente foi encontrada.

96. O QUE ACONTECEU COM QUEM PROCUROU A CIDADE


PERDIDA DE Z?
A vida de aventuras e o misterioso desaparecimento do coronel Percy Harrison
Fawcett parecem extraídos do romance O Mundo Perdido, de Sir Arthur Conan
Doyle, e não sem razão. Conan Doyle baseou seu livro nos diários de Fawcett.
Percy Fawcett foi um explorador tradicional. Já fizera duas expedições pela
Amazônia no começo do século 20 quando encontrou um irresistível documento
português. Intitulado “Relação histórica de uma occulta, e grande povoação
antiqüíssima sem moradores, que se descobriu no anno de 1753”, o texto fala de
imponentes ruínas ocultas na selva de Mato Grosso. Fawcett decidiu
imediatamente encontrar as ruínas, que ele chamou de Cidade Perdida de Z.
Depois de uma tentativa malograda, em 1925 Fawcett, seu filho Jack, o amigo
do filho, Raleigh Rimell, e dois nativos contratados embrenharam-se na floresta
brasileira. Sua última mensagem para a terra natal foi escrita em 20 de maio. Os
ajudantes brasileiros haviam desertado, Fawcett comentou, mas “vocês não
devem temer o fracasso”. Nunca mais se teve notícia do grupo.
Um repórter que saiu em busca de Fawcett em 1930 também desapareceu, e o
mesmo se deu com um caçador suíço e seu grupo de busca. Da selva filtraram-se
boatos não confirmados de prisioneiros de pele clara e filhos pequenos, mas
Fawcett e seus companheiros nunca foram encontrados.

97. GEORGE MALLORY CHEGOU AO CUME DO EVEREST?


As esperanças do mundo, ou pelo menos as da comunidade mundial de
montanhistas, estavam com George Leigh Mallory, quando ele partiu em sua
terceira tentativa de atingir o cume do monte Everest em abril de 1924. O bem-
apessoado escalador inglês, ex-professor primário, havia subido até os 8301, 549
abaixo do cume do Everest, em uma expedição em 1922. Desta vez ele pretendia
fazer o cume.
Em 8 de junho, Mallory e seu jovem parceiro Sandy Irvine, partiram no que
esperavam ser o ataque final ao cume. Outro escalador avistou-os, dois
pontinhos pretos a uns 244 metros do topo. E então uma tempestade de neve se
abateu, e eles nunca mais foram vistos.
O corpo de Mallory ficou desaparecido por 75 anos. Em 1999, o escalador
Conrad Anker encontrou o corpo congelado de Mallory a 8156 metros, na face
norte da montanha. As lesões indicavam que ele caíra e fora atingido na cabeça
por sua picareta durante a queda. O corpo de Irvine nunca apareceu.
Não se sabe se Mallory estava a caminho do cume ou se voltava de uma
ascensão bem-sucedida. Em suas roupas, e na encosta da montanha, não se
encontrou a fotografia que ele pretendia tirar do cume. Se ele chegou lá, terá
batido o recorde de Edmund Hillary em 29 anos.

98. ENCONTRAREMOS AMELIA EARHART?


Capitães de navio são aconselhados a nunca dizer as ominosas palavras “esta
será minha última viagem”, e talvez Amélia Earhart devesse ter seguido a
recomendação. Quando planejava seu vôo ao redor do mundo em 1937, ela
comentou com um amigo: “Tenho a sensação de que meu organismo só dá para
mais um vôo”.
Amelia Earhart era mundialmente famosa – foi a primeira mulher a atravessar o
Atlântico em um vôo solo e a primeira pessoa a voar do Havaí a Califórnia. Uma
viagem ao redor do globo era o desafio final. Quando ela decolou em 1° de
junho de 1937, estava acompanhada de um experiente navegador, Frederik
Noonan. Os primeiros trechos da viagem foram árduos, mas os 4114 quilômetros
do trecho do Pacífico, da Nova Guiné até a minúscula ilha Howladn, foram os
piores. Do ar, Earhart informou pelo rádio que não conseguia ver a ilha e o
combustível estava acabando. Depois, silêncio.
A maior tentativa de resgate já feita não conseguiu encontrar Earhart, e as buscas
prosseguem até hoje. Ela pode ter caído nas águas do Pacífico. Há quem acredite
que ela aterrissou na ilha Nikumaroro, onde já foram encontrados náufragos.
Outros pensam que, naqueles anos que precederam a Segunda Guerra Mundial,
ela e seu companheiro foram capturados pelos japoneses. Até agora não
surgiram pistas que nos levem ao paradeiro final de Earhart.

99. ONDE ESTÃO OS TESOUROS DA SALA ÂMBAR?


A resplandecente Sala Âmbar da Rússia deve ter sido deslumbrante fulgurando à
luz de velas. Projetada pelo escultor alemão Andreas Schlüter, a construção do
palácio começou em 1701, originalmente como parte do palácio de
Charlottenburg, na Prússia. Seis toneladas de painéis de âmbar com molduras
folheadas a ouro e incrustadas de pedras preciosas revestiam as paredes. Hoje,
valeria 142 milhões de dólares.
Em 1716, os prussianos deram a sala à Rússia, e ela acabou sendo incorporada
ao Tsarkoye Selo, o palácio de verão de Catarina, a Grande. Em 1941, com as
relações entre Alemanha e Rússia distintamente mais frias, solados de Hitler
decidiram tomá-la de volta. Encaixotaram tudo e mandaram para o museu do
Castelo de Königsberg, próximo ao mar Báltico. Quando a guerra desandou para
a Alemanha, o diretor do museu recebeu ordem de desmontar novamente a sala.
Bombas e incêndio consumiram o castelo em 1945. A Sala Âmbar terá sido
incinerada também? Ou foi escondida em outro lugar?
Um painel desapareceu, posto à venda na Alemanha em 1997, mas em 2004 um
veterano de guerra russo disse ter visto o âmbar no castelo pouco antes de o
edifício ser destruído, o que significaria que o resto da sala também foi
consumido pelo fogo. Uma réplica foi construída em Tsarskoye Selo pela
módica quantia de 11 milhões de dólares.

100. D. B. COOPER ESTÁ SÃO E SALVO?


Praticamente a única coisa que sabemos sobre D. B. Cooper é que ele não era D.
B. Cooper. Dan Cooper, o nome em seu cartão de embarque, era um
pseudônimo. O afável senhor “Cooper” pulou de um avião e ganhou a simpatia
do público americano em 24 de novembro de 1971. Durante um vôo da
Northwest Airlines que ia de Portland, no Oregon, a Seattle, em Washington,
Cooper anunciou que trazia uma bomba, pediu 200 mil dólares de resgate e
quatro paraquedas. Pegou o dinheiro em Seattle e libertou os passageiros.
Tornou a decolar e, a 3 mil metros de altitude, sobre as montanhas Cascate,
acionou a escada da saída traseira. Com dois paraquedas, de terno escuro e
levando o dinheiro, ele pulou do avião.
As buscas foram infrutíferas. Arquivos do FBI sobre Cooper mostram milhares
de páginas de esforço em vão e falsas confissões. A única pista aproveitável veio
de um menino de 8 anos que achou um maço de notas de 20 dólares na margem
do rio Columbia nos arredores de Portland em 1980. Os números de série
correspondiam aos das notas entregues a Cooper.
Quem entende de paraquedismo e do terreno acidentado onde Cooper caiu acha
que ele não poderia ter sobrevivido ao salto. Mas numa época em que os
seqüestros não tinham as conotações sinistras de hoje, ele se tornou um herói
popular.

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