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1727 7004 1 PB PDF
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¹ Licenciado em Química, Mestre em Ensino de Ciências, Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática, Laboratório
de Ensino de Ciências, Universidade Luterana do Brasil, (PPGECIM/LPEC/ULBRA). Canoas, RS. deewwest@gmail.com
² Doutor em Educação, Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática, Laboratório de Ensino de Ciências,
Universidade Luterana do Brasil, (PPGECIM/LPEC/ULBRA). Canoas, RS. oaigen@terra.com.br
AMAZÔNIA - Revista de Educação em Ciências e Matemática V. 3 - n. 5 - jul. 2006/dez. 2006, V. 3 - n. 6 - jan 2007/jun. 2007 01
ATIVIDADES PRÁTICAS DO COTIDIANO E O ENSINO DE CIÊNCIAS NA EJA: a percepção de educandos e docentes
existem momentos em comum onde essas percebido nas suas múltiplas dimensões, das
histórias se encontram em um ponto de quais se destacam a sua identidade que, além de
similaridade, seja pelas dificuldades ser de adulto ou jovem, também é de trabalhador
encontradas ao retornar à sala de aula ou pela e cidadão, considerando a sua diversidade sócio-
permanência na mesma, assim como os motivos cultural. O trabalho desenvolvido com
que fizeram com que escola fosse abandonada educandos jovens e adultos deve aproveitar essa
ou nunca frequentada. riqueza de conhecimentos preexistentes, o que
favorece a efetiva aprendizagem.
Soares (2005) discute a problemática do
acesso e permanência que o jovem e adulto O ato de educar-se proporciona ao adulto a
enfrentam para concluir seus estudos, elevação de seu grau de conhecimento, isso
evidenciando que em muitos casos o preço a ser modifica o sujeito e a posse dessa educação é
pago, objetiva ou subjetivamente, torna-se bem uma exigência vital, pois é grande a exigência do
alto, requerendo extremo esforço e muitas convívio social e também o preconceito e
escolhas, majoritariamente pelo fato de ser um exclusão para com os “menos educados”.
educando que trabalha. Zago (2000, p. 39) O trabalho desenvolvido com educandos
concorda dizendo que “[...] para permanecer na jovens e adultos deve estar vinculado ao seu
escola são feitos grandes sacrifícios, pois ser cotidiano, valorizando os conhecimentos que o
estudante não é um ofício que possa ser exercido indivíduo traz consigo e todas as suas
sem ônus”. E, no caso de o estudante ser um particularidades resultantes da sua vivência.
adulto, as dificuldades e sacrifícios tendem a Este princípio está claramente contemplado no
aumentar. PROEJA, admitindo-se assim que conforme,
A concepção ingênua³ do processo de BRASIL (2007, p.39):
educação de adultos deriva do que se pode Utilizando os conhecimentos dos alunos,
chamar de uma educação regressiva, que construídos em suas vivências dentro e fora da
considera o adulto como uma criança que cessou escola e em diferentes situações da sua vida,
de desenvolver-se culturalmente. Por isso, pode-se desenvolver uma prática conectada em
procura aplicar-lhe os métodos de ensino e até situações singulares, visando conduzi-los,
utiliza as mesmas cartilhas que servem para a progressivamente, a situações de aprendizagem
infância. Supõe-se, assim, que a educação que exigirão reflexões cada vez mais complexas
consiste na retomada do crescimento mental de e diferenciadas para identificação de respostas,
um ser humano que, culturalmente estacionou re-elaboração de concepções e construção de
na fase infantil. O educando é considerado assim conhecimentos, numa dinâmica que favoreça o
“um atrasado” (PINTO, 2005, p. 88). crescimento tanto do aluno quanto do professor.
A concepção de que o educando adulto é O adulto é o membro da sociedade ao qual
atrasado conduz aos mais graves erros cabe a produção social, a direção da sociedade e
pedagógicos, levando à aplicação de métodos a reprodução da espécie. O adulto é o homem na
impróprios ao invés de métodos de educação fase mais rica de sua existência. Portanto, a
integradores do homem em sua comunidade. realidade social do adulto, a sua qualidade de
Este fato dificulta a formação do sujeito crítico, trabalhador e o conjunto de conhecimentos que a
que compreende a sua realidade, mas que sua vivência pressupõe tornam cada vez mais
também têm a pretensão de modificá-la, nos imperiosa a prática pedagógica na Educação de
quais o conhecimento da leitura e da escrita se Jovens e Adultos, que tem o dever de ser tratada
faz pelo alargamento e aprofundamento da com seriedade e qualidade (PINTO, 2005).
consciência crítica do homem frente à sua
realidade. É possível inferir que existe a necessidade
de garantir a jovens e adultos, pouco ou não
O educando jovem e adulto deve ser escolarizados, a oferta de oportunidades
³Entende-se por concepção ingênua, de acordo com Pinto (2005, p.59), aquela que é proveniente da consciência ingênua,
sendo nociva no campo da educação, pois engendra ideias equivocadas, que se traduzem em ações e juízos que não
coincidem com a essência do processo real, que não são, pois, verdadeiras. Não podem levar à completa e rápida solução dos
problemas que considera, e somente se torna uma fonte de equívocos, de desperdício de recursos, de intentos frustrados.
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educacionais que sejam adequadas às suas fácil realização, sendo utilizados materiais
expectativas e especificidades, mas que também simples, que proporcionaram a possibilidade de
é importante que essas oportunidades venham sua realização no refeitório da escola.
acompanhadas de uma política de discriminação
positiva que implemente e facilite este processo b) MEDINDO A TEMPERATURA DA
para garantir a conclusão da formação escolar. ÁGUA Nesta atividade, realizou-se um
Neste contexto, Haddad (1998, p. 116) afirma experimento simples, na cozinha da escola,
que “[...] não basta oferecer escola; é necessário medindo-se as diferentes temperaturas da água e
criar as condições de frequência, utilizando uma observando a relação da temperatura com o
política de discriminação positiva, sob risco de, estado físico da água.
mais uma vez, culpar os próprios alunos pelos c) IDENTIFICANDO AS PARTES DO
seus fracassos”. FRUTO Atividade de caráter lúdico, que propôs
Portanto, se essas oportunidades a construção de modelos artísticos, com a
educacionais não existirem, constitui-se então utilização de papel, tintas e canetas coloridas,
uma grave negação de seu direito ao acesso à partindo da observação de frutas e identificando
formação escolar, prevista inclusive em leis suas características e partes.
federais. d) ESTUDANDO O AR - Esta atividade
foi composta por três experimentos de fácil
METODOLOGIA realização, sendo utilizados materiais simples,
O trabalho foi desenvolvido com os que proporcionaram a possibilidade de sua
educandos do Ensino Fundamental da EJA, realização no refeitório da escola. Esta atividade
através da realização de atividades práticas é semelhante à atividade piloto, porém,
semanais, nos meses de maio a dezembro de diferencia-se na formulação das questões pré e
2007, sendo estas atividades voltadas para pós atividade propostas pela pesquisadora.
conteúdos de Ciências, de forma
e) ESTUDANDO A CIÊNCIA QUE
contextualizada com o cotidiano do educando.
EXISTE NA NOSSA COZINHA - Trata-se de
Antes e depois da realização da atividade, os
um “experimento” simples (preparação de um
educandos respondiam a questões abertas,
mousse de limão), realizado no refeitório da
relacionadas às atividades realizadas e propostas
escola, que proporcionou a discussão e
pela professora, com a finalidade de avaliar se
contextualização das substâncias e reações
houve melhora no desempenho das respostas
químicas que fazem parte do cotidiano.
posteriores à atividade, indicando o progresso na
aprendizagem do conteúdo. f) JOGOS PEDAGÓGICOS SOBRE OS
FUNGOS Atividade de caráter lúdico e
As atividades realizadas
relacionada ao tema “Fungos”, na qual os alunos
proporcionaram o trabalho com os educandos de
jogaram em grupos, sendo que os Jogos
EJA de forma diferenciada. Todas as atividades
pedagógicos foram confeccionados
foram desenvolvidas enfatizando a
manualmente em um Curso de Formação de
contextualização com o cotidiano, trabalhadas
Professores, no município deAlvorada e cedidos
em grupos e de forma discutida.
para a realização do trabalho
Foram realizados três tipos de atividades
As respostas obtidas através dos ICD1
diferentes: experimentos, práticas com material
EJA foram quantificados através da
concreto e jogos pedagógicos. Aqui, foram
categorização e atribuição de graus a estas
avaliados quatro experimentos, uma prática com
categorias, sendo essa categorias diferentes em
material concreto e um jogo pedagógico,
cada questão, mas igual no pré e pós teste. A
totalizando seis atividades. Todos os trabalhos
categorização foi resultante da classificação
foram correlacionados com os conteúdos de
progressiva dos elementos, a partir das respostas
Ciências do Ensino Fundamental.
obtidas em questões abertas, de acordo com
Lista-se abaixo as atividades analisadas Richardson (1999, p.240).
na presente pesquisa:
a) PILOTO ESTUDANDO O AR Esta Os dados foram analisados
atividade foi composta por três experimentos de estatisticamente através do teste de Wilcoxon.
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Com o tratamento de dados realizado através alunos, totalizando em questões pré e pós-teste
deste teste, é possível verificar se existe 902 respostas.
diferença significativa entre os desempenhos
das respostas de pré e pós-teste, sendo analisado ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
individualmente cada aluno e comparado o Segue a análise e discussão de dados,
indivíduo com ele mesmo. dividida inicialmente por ICD, apresentando a
Os ICD's ICD2 EJA e ICD3 Prof. EJA abordagem qualitativa ou quali-quantitativa.
foram analisados qualitativamente, apenas Nesta introdução, é importante ressaltar os
observando em algumas questões o percentual aspectos fundamentais que foram observados,
de frequência das respostas. destacando-se o desenvolvimento do processo
de compreensão e construção conceitual dos
Como amostra, obteve-se o total de 119
conteúdos através das respostas coletadas antes e
alunos da Educação de Jovens e Adultos e 05 de
depois da realização das atividades e como
seus professores, entretanto, nem todos
indicativo de motivação, constatou-se através da
participaram de todas as atividades, em função
observação do pesquisador, dos professores
da rotatividade de alunos durante o decorrer do
destes educandos e através de um questionário
ano letivo, estando em número máximo de
aplicado com os educandos e com seus
respondentes 52 alunos e número mínimo de 25
Atividade 1: Piloto Estudando oAr (38 alunos respondentes)
Questão 1 - O que você sabe sobre o ar? Quais as suas características?
Tabela 01 - Comparação de desempenhos pré e pós atividade Questão 1/atividade1
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Dar vitaminas para nos nutrir (4.22A). Exemplifica-se em algumas respostas (pós-
teste) encontradas abaixo:
Não sei (5.02A).
Nos alimentar (5.03B). Proteger as sementes (4.22A; 5.03B,
Alimento para o nosso corpo (5.04B). 5.02A).
Proteção da semente, garantir a
procriação da espécie (5.04B).
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Questão 6 - O ar existe? Se a resposta for sim, justifique.Tabela 06: Comparação de desempenhos pré e
pós atividade Questão 6 /atividade 4
Alguns exemplos (pré-teste) são Sim, o ar está em todo lugar mas não
listados abaixo: podemos vê-lo, ele é literalmente invisível mas
podemos notá-lo nos movimentos das árvores ou
Sim, podemos sentir (6.30A).
de um papel voando, ou no nosso corpo. (6.30A)
O ar é invisível mas podemos sentir
Sim, o ar ocupa espaço. (5.01A)
(5.01A).
Sim, vimos com a experiência que o ar
Sim, nós sentimos ar no caminhar,
exerce a pressão, que podemos dizer que é a
correr, quando respiro, em fim faz parte de
tensão superficial. (5.01B).
nossas vidas sem o ar não tem vida. (5.01B).
Exemplos pós-teste:
Atividade 5: Estudando a ciência que existe na nossa cozinha (25 alunos respondentes)
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Questão 9 - É possível reconhecermos as reações químicas acontecerem no seu dia a dia? Justifique
sua resposta.
Tabela 09: Comparação de desempenhos pré e pós atividade Questão 9 / atividade 5
Freq. Pré-
Categoria Grau Teste Freq. Pós-Teste
Sim - Não justificou. 1 11 0
Ideia associada à preparação de alimentos 2 7 1
Alergia 2 1 0
Temperos 2 3 0
Crescimento de alimentos (pães, bolos, etc) 3 2 2
Reações ácido-base 4 1 13
Ideia associada às lágrimas causadas pelo
corte da cebola 4 0 8
Ideia associada à existência de substâncias
químicas nos alimentos 4 0 1
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Nas respostas anteriores à atividade, percebe-se fungos e citando exemplos corretos, ou ainda
que existe uma confusão quanto à definição do relacionando os fungos às doenças. Apenas
que é um fungo, estabelecendo na grande algumas respostas permaneceram inalteradas,
maioria das respostas que o fungo é uma ainda resultantes de concepções errôneas ou
bactéria, conforme exemplificado com algumas confusas sobre o assunto. Podemos identificar a
respostas abaixo: melhora, conforme algumas respostas listadas
São bactérias (4.07B). abaixo:
São bichos que se hospedam em restos de São organismos vivos, com muitas
comida (4.08A). células, diferente das bactérias, podem
fermentar e decompor as coisas, e causar
São bactérias que ficam em alimento doenças nos seres humanos (4.07B).
embolorados (4.08B).
Hospedam-se principalmente em
São as bactérias que encontramos no lugares úmidos, podem ser decompositores ou
lixo (4.11B) parasitas, doenças ou comestíveis (4.08A).
Eu sei que são bactérias que causam as Podem ser doenças de animais e homens
doenças (4.18A). e mulheres, como a frieira e micose (4.08B).
Nas respostas posteriores à atividade, Fungos são doenças que pegam no pé
percebe-se que há uma melhora significativa no (4.11B).
desempenho das respostas, estando estas em sua Eles causam doenças na pele e nas unhas,
maioria relacionadas às características dos são parasitas e decompositores (4.18A).
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[...] no curso noturno, cabe ao professor assunto teórico com as situações cotidianas
estimular a aluno a fazer ponte entre o quadro foram bem representativas, tanto que essas
conceitual apresentado e a experiência que ele questões tiveram o maior número de
próprio acumulou” (MARCOVITCH, 1998, p. desempenho igual nas questões pré e pós
120). atividade.
Freire (1983) e Freire & Betto (1985) Quando se tratou da existência do ar, da
evidenciam que quando a teoria é aliada à prática caracterização dos frutos e da mudança de
o aprendizado é favorecido, sendo que a teoria estados físicos da água com a influência da
deve estar vinculada à percepção do mundo real, temperatura, percebeu-se que existia nas
às situações cotidianas da vida do aluno. Assim, respostas dos alunos algum conhecimento,
a teoria não se torna sem sentido e a palavra porém, em sua maioria, desconheciam ou
vazia, no entanto, o aluno consegue perceber a confundiam a explicação, o que foi modificado
aplicabilidade do que está aprendendo e assim de forma representativa posteriormente às
favorece o seu olhar mais interpretativo e crítico atividades realizadas.
do mundo real.
Comenius também estabelece a ANÁLISE DO ICD2 EJA
importância do aprendizado da teoria aliada à Este questionário foi respondido por 30
prática através da utilização dos sentidos, educandos da EJA, que participaram das
quando afirma que o conhecimento deve ser atividades realizadas. O ICD EJA2 foi elaborado
iniciado com os sentidos: no intuito de conhecer quais as atividades, na
opinião dos alunos que participaram da
O conhecimento deve necessariamente pesquisa, despertam um maior interesse para que
principiar pelos sentidos (uma vez que nada se eles aprendam ciências.
encontra na inteligência sem que primeiro tenha
passado pelos sentidos). Por que então o ensino A maioria dos alunos diz que o
há de principiar por uma exposição verbal das experimento é a estratégia mais interessante e
coisas, e não por uma observação real das também a mais motivadora para aprender
mesmas coisas? Somente desta observação das ciências e, em segundo lugar, está a utilização de
coisas ter sido feita, virá a palavra, para explicar jogos pedagógicos no ensino de ciências. A
melhor (Comenius, 2001, p.270). grande maioria dos alunos também relatou ter se
sentido mais independente (autonomia,
Nas atividades realizadas neste estudo, motivação) ao realizar as atividades práticas
procurou-se sempre enfatizar a aplicabilidade ou propostas neste estudo do que com a aula
a explicação prática dos fundamentos somente teórica, não estabelecendo a relação
conceituais, sendo eles ligados ao cotidiano e a entre a teoria e a prática.
vivência do aluno.
Analisando este fato, para Delizoicov e
Quando se realizou a atividade sobre os Angotti (2000, p. 23), a atividade experimental
fungos, os mesmos foram relacionados com as “constitui-se num estímulo à curiosidade e à
doenças conhecidas pelos alunos, os fungos que investigação experimental”, atividade essa que
são comestíveis ou alucinógenos, ao também deve ser utilizada como uma estratégia que
muito conhecido mofo, ao fermento. Assim propicie a discussão, a curiosidade, a criticidade,
como na verificação da ciência que existe na a interpretação dos dados obtidos, o
cozinha, trabalhou-se tanto com a discussão de desenvolvimento de conceitos e aplicabilidade
um texto que tratava de assuntos cotidianos da teoria na prática, sempre relacionado ao
quanto à atividade prática que foi a preparação cotidiano do aluno.
de um mousse , exemplificando o tema
trabalhado. Se não for dessa forma, a
experimentação acaba por se tornar dogmática e
Nessas duas atividades, da autoritária, servindo de mera comprovação e
caracterização dos fungos e da ciência na execução de receitas prontas que aparecem em
cozinha, percebeu-se uma riqueza muito grande grande quantidade nos livros didáticos de
nos conhecimentos prévios dos alunos, mesmo ciências e que não contribuem em nada na
que as suas explicações não fossem totalmente formação do sujeito crítico que a transformação
corretas, as associações feitas por eles do
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Na tabela 02, estão apresentadas as questões e suas respostas do ICD2 EJA, cujas respostas forma
comentadas acima
Tabela 14 - Respostas x Freqüência ICD2 EJA.
Q uestã o 1 - Pa ra você , qual a forma m ais interessante de apre nder Ciê ncia s?
Expe rime nt Saídas a
A tividade Jogos os c ampo
Fre qüência 10 12 8
(%) 33,30% 40% 26,60%
Q uestão 2 - V ocê se se ntiu m ais motivado e m apre nder Ciê ncia s c om a utilizaç ão
das ativida des práticas (jogos, expe rime ntos...)?
Resposta Sim N ão
Freqüênc ia 29 1
(%) 96,60% 3,30%
Que stão 3 - Coloque em gra u de im portânc ia a atividade em que você se se ntiu
m ais motivado pa ra apre nder Ciê ncia s:
Grau Ma is Me diano Me nos
importa nte importante
A tividade Jogos Jogos Jogos
Freqüê ncia 12 13 5
(%) 40% 43,30% 16,60%
A tividade Expe rime nt Expe rime nt Expe rime nto
os os s
Fre qüência 13 12 5
(%) 43,30% 40% 16,60%
A tividade Saída s a Saída s a Saídas a
c ampo c ampo c ampo
Fre qüência 5 5 25
(%) 16,60% 16,60% 83,30%
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surpreender, por isso, que se obtenham assim Sim, devido a participação efetiva nos
melhores resultados do que quando se encontros os alunos ficaram bastante
introduzem conteúdos estranhos à sua realidade motivados.
[…]” (FREIRE; GUIMARÃES, 1984, p. 103). Sim, as aulas ministradas pela professora,
2) Qual a validade desse tipo de atividade? criou nos alunos um espírito de equipe.
Quanto à validade das atividades práticas Os alunos começaram a realizar mais
voltadas para o cotidiano na EJA, percebe-se questionamentos e mostraram interesse em
fortemente a ideia da teoria fazendo parte do aprender mais.
cotidiano e da realidade do aluno. Bevilacqua e Para Freire, o processo educativo efetuado
Coutinho (2007) consideram as atividades de forma dialógica, promovendo o diálogo e a
experimentais como ferramentas preciosas para formação do sujeito crítico, questionador,
o Ensino de Ciências, sendo fundamental que o curioso, com autonomia, pode envolver mais
aluno perceba os fenômenos científicos no seu trabalho, porém, estabelecendo-se um
cotidiano e que o 'fazer ciência' possa fazer parte contraponto pode ser mais eficaz e conseguir
do seu pensamento. Seguem as falas dos resultados que pelo método de ensino passivo e
professores: reprodutor não seria possível.
Motivou bastante e todos os conteúdos Os métodos tradicionais, as abordagens
fazem parte da realidade do aluno. de transferência de conhecimento são penosas
Em primeiro lugar, a mudança de método precisamente porque não funcionam! Geram
utilizada pelo professor, aí então vamos enorme resistência estudantil que temos que
conseguir que exista em qualquer prática contornar na sala de aula (FREIRE, SHOR,
educativa a interdisciplinaridade, fazendo com 1986, p. 64).
que o aluno construa seu conhecimento através Desse modo, ainda Araújo e Abib (2003)
de aulas mais práticas. relatam que o uso de atividades experimentais
Eu acho que deve ser realizado com mais como estratégia de ensino tem sido apontado por
frequência e que deve haver a colaboração de professores e alunos como uma das maneiras
outros professores para haver uma maior mais frutíferas de se minimizar as dificuldades,
interação de todos os conteúdos. em aprender e ensinar Ciências de modo
Muito válida, pois a experiência sai do significativo e consistente.
campo teórico e é realizada na prática, e os 4)Você presenciou algum comentário dos
alunos acreditam mais na teoria quando alunos sobre as atividades realizadas?
vivenciam na prática. Comente.
Este tipo de atividade também propõe a Nos comentários dos alunos, os
dinamização do ensino, tornando as aulas mais professores evidenciaram que as experiências
interessantes, buscando a escola que queremos e faziam parte da realidade e do cotidiano do aluno
se distanciando de muitas escolas que temos e que em muitas vezes os fenômenos eram
visto na atualidade. conhecidos pelos alunos, porém não sabiam as
3) Você percebeu alguma modificação na explicações e os conceitos corretos ou
aprendizagem dos alunos após participarem totalmente corretos, visto que em muitas vezes
dos encontros realizados? Justifique. tinham o conceito é parcialmente correto.
são experiências que eles tinham, mas não Analisou-se o desempenho dos educandos
sabiam as explicações. da EJA quanto ao uso das atividades práticas no
O que eles mais comentavam era o que processo de ensino e aprendizagem em
fariam na próxima aula. Ciências, identificando as mudanças
conceituais relacionadas à compreensão dos
Sim, porque os experimentos foram conteúdos trabalhados e confirmou-se que
realizados de forma que os alunos se sentiram e ocorreu um crescimento significativo nas
estavam totalmente envolvidos. respostas e argumentações dos alunos, após a
Na aula depois das atividades eles ficavam realização das atividades propostas.
comentando o que tinham feito, pareciam Assim, considera-se que os conteúdos de
crianças quando fazem uma novidade. Ciências desenvolvidos através de atividades
Sim, vi muitos falando do encontro que práticas, de forma discutida e relacionada ao
tratou sobre a química na cozinha. cotidiano e à vivência do educando jovem e
adulto, tende a ser uma ferramenta facilitadora
A postura do professor em sala, bem como no processo de ensino e aprendizagem, aliado a
a adequação das estratégias que desenvolve em isto se estabelece a grande importância da
sala de aula, é um fator de muita importância na valorização dos conhecimentos prévios do
aprendizagem, O professor deve estar disposto a educando jovem e adulto para a sua formação
atender aos interesses dos alunos, estabelecendo efetiva.
a dialética, assim como evidenciam Kleiman e
Signorini (2001, p. 23):
REFERÊNCIAS
O fator mais importante para a ARAÚJO, M. S.T. & ABIB, M.L.V.S.
permanência e o aproveitamento do aluno é a Atividades experimentais no ensino de física:
professora: o seu envolvimento, seu grau de diferentes enfoques, diferentes finalidades. Rev.
preparação, sua disponibilidade para atender os Bras. Ens. Fis. Vol.25, n.2. São Paulo/SP,
interesses dos alunos para mudar seu junho/2003. Disponível em
planejamento em virtude das necessidades http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
específicas que surgem no decorrer do curso. 47442003000200007&script=sci_arttext&tlng
Através da fala dos professores da EJA, =es.Acesso em: 03/08.
nível de ensino em que o trabalho foi
desenvolvido, percebeu-se a aceitação dos AUSUBEL, D. P. Psicologia educativa: Um
alunos da EJA quanto às atividades punto de vista cognoscitivo. México: Trilhas,
desenvolvidas. Percebe-se que eles gostaram das 1978.
atividades, se sentiram motivados e satisfeitos.
BEVILACQUA, G. D. & COUTINHO-SILVA,
Também, enquanto professora, a R. O Ensino de Ciências na 5ª série através da
pesquisadora pôde perceber o interesse dos experimentação. Ciências & Cognição; Ano 04,
alunos através da postura e interesse que Vol 10, pp. 84-92. 2007. Disponível em
demonstravam em relação às aulas. Eles se www.cienciasecognicao.org.Acesso em: 04/08
apresentavam animados, perguntavam
questionavam e demonstravam a sua apreciação BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO.
ao desenvolvimento das atividades. Programa Nacional da Educação profissional
com a Educação Básica na modalidade de
CONSIDERAÇÕES FINAIS Educação de Jovens e Adultos - PROEJA /
A pesquisa realizada desenvolveu um Ensino Fundamental - Documento Base/2006.
conjunto de atividades práticas do cotidiano Brasília, DF, 2007.
relacionadas aos conteúdos de Ciências na EJA -
Ensino Fundamental. Buscou-se com isto COMENIUS, J. A. A Didática Magna. Tradução
investigar as consequências no desenvolvimento de Joaquim Ferreira Gomes (2001). Disponível
do processo de compreensão e da construção em: www.ebooksbrasil.org
conceitual, na percepção de educandos e
docentes.
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ATIVIDADES PRÁTICAS DO COTIDIANO E O ENSINO DE CIÊNCIAS NA EJA: a percepção de educandos e docentes
MARCOVITCH, J. A Universidade
(im)possível. São Paulo/SP: Futura, 1998.
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