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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

16/08/2019

Número: 1000610-38.2019.4.01.3809
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: Juizado Especial Cível e Criminal Adjunto à 2ª Vara Federal da SSJ de Varginha-MG
Última distribuição : 15/03/2019
Valor da causa: R$ 17.000,00
Assuntos: Contratos Bancários, Indenização por Dano Moral, Indenização por Dano Material
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
RAFAEL SANTOS FIDELIS (AUTOR)
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF (RÉU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
61930 12/08/2019 12:08 Sentença Tipo A Sentença Tipo A
582
PODER JUDICIÁRIO DA UNIÃO
JUSTIÇA FEDERAL

Juizado Especial Cível e Criminal Adjunto à 2ª Vara Federal da SSJ de Varginha-MG


1000610-38.2019.4.01.3809
AUTOR: RAFAEL SANTOS FIDELIS
RÉU: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

SENTENÇA (A)
1 - Relatório
RAFAEL SANTOS FIDELIS ajuizou a presente demanda em face da CAIXA
ECONÔMICA FEDERAL. Postula a condenação da requerida ao pagamento de
indenização por danos morais e materiais e a repetir suposto indébito.
A Caixa apresentou contestação. O autor manifestou-se sobre a contestação.

2 - Fundamentação
2.1 - Trata-se de ação pela qual o autor postula a condenação da requerida da
requerida ao pagamento de indenização por danos morais e materiais e a repetir
suposto indébito.
O autor afirma que obteve empréstimo junto à requerida, cujo pagamento foi
consignado em folha, com retenção das prestações no seu contracheque pelo
respectivo empregador, Exército Brasileiro. Aduz que quitou antecipadamente o saldo
devedor do empréstimo, junto à Caixa, em 24/05/2018. Alega que, não obstante a
quitação do empréstimo, a Caixa não comunicou a liquidação do contrato ao
empregador e manteve os descontos das prestações em seu salário até
outubro/2018. Argumenta que a requerida descontou seis parcelas (maio/2018 a
outubro/2018) após a quitação do saldo devedor do empréstimo, e lhe restituiu apenas
o valor de cinco parcelas (junho/2018 a outubro/2018).
O autor postula, então, a restituição de uma parcela descontada do salário de
maio/2018 após a quitação do empréstimo, acrescido de valor equivalente a seis
parcelas (maio/2018 a outubro/2018 - a titulo de restituição em dobro das seis parcelas
cobradas indevidamente), no valor total de R$ 5.725,75.
O autor pleiteia também a condenação da Caixa ao pagamento de valor
correspondente à correção monetária das cinco parcelas restituídas, referentes ao
período compreendido entre a data da restituição (06/11/2018) e a data da sentença.
2.2 – O autor comprovou que agou o saldo devedor do empréstimo de forma

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antecipada, em 24/05/2018, através de boleto emitido para essa finalidade pela Caixa
(Id 40524482 – f. 01/02). A Caixa reconhece o pagamento antecipado da dívida. Mas
argumenta que a desaverbação dos descontos das parcelas na folha de pagamento
depende do sistema do Exército.
A justificativa dada pela Caixa para manter a consignação das parcelas do empréstimo
após a quitação integral pelo autor revela-se desarrazoada. A quitação integral do
empréstimo foi feito mediante acordo com a própria Caixa, que emitiu boleto específico
para essa finalidade. Não se poderia esperar outra conduta da Caixa, portanto, que
não o cancelamento das consignações. Ocorre que a Caixa não alegou nem
comprovou tenha comunicado ao convenente - Exército - sobre a quitação do
empréstimo, de forma a fazer cessar os descontos das parcelas na folha de
pagamentos.
2.3 - De acordo com a documentação acostada aos autos, o salário do autor é
depositado no dia 02 de cada mês. No dia 02/05/2018 houve o depósito do valor com
o desconto da parcela do empréstimo, conforme comprovam extrato bancário e ficha
financeira apresentada.
O autor quitou o empréstimo em 24/05/2018, após a cobrança da prestação relativa ao
mês de maio. Dessa forma, a manutenção ilegítima dos descontos ocorreu durante
cinco meses, no período de junho/2018 a outubro/2018.
Referidas parcelas foram restituídas pela Caixa em 06/11/2018, como mencionado
pelo autor.
2.3.1 - Mantidos os descontos indevidos no período de junho/2018 a outubro/20018,
não pode ser acolhido o pedido de restituição da parcelas descontada no salário de
maio/2018.
2.3.2 - Como referido, o autor postula ainda a condenação da Caixa a restituir valor
equivalente às parcelas descontadas indevidamente no seu salário, a título de
restituição em dobro do mesmo valor.
Caracterizada a cobrança indevida tem incidência a regra positivada pelo CDC, art. 42,
par. único, pela qual “O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à
repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais (…)”.
Foram cobradas cinco parcelas de forma indevida (junho/2018 a outubro/2018). O
valor das parcelas foi restituído na via administrativa, restando a complementação do
valor em decorrência da incidência da regra positivada no CDC (restituição em dobro).
Será devido, portanto, o pagamento de valor equivalente ao mesmo valor já pago na
via administrativa, referente a cinco parcelas do empréstimo (R$ 4.091,24).
2.3.3 - Não pode ser acolhido o pedido de condenação da Caixa ao pagamento de
valor correspondente à correção monetária das cinco parcelas restituídas, referentes

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ao período compreendido entre a data da restituição (06/11/2018) e a data da
sentença. A correção monetária não incide em período posterior à quitação da dívida.
2.4 - A situação irregular (manutenção dos descontos das parcelas do emréstimo em
folha de pagamento) foi mantida entre junho/2018 (mês posterior a quitação do
empréstimo), e somente foi regularizada em novembro/2018 (Id 4052482 - f. 15). A
manutenção da situação irregular por cinco meses, por óbvio, causou transtornos ao
autor que superam o simples aborrecimento, pelo que estão caracterizados os danos
morais. A indenização será fixada em patamar condizente, apto a penalizar a requerida
pelos danos causados ao autor, sem acarretar o enriquecimento injustificado deste.

3 - Dispositivo
3.1 - Ante o exposto julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido formulado na
inicial.
3.2 - Condeno ainda a Caixa a restituir ao autor, em dobro, os valores descontados do
seu salário nos meses de junho/2018 a outubro/2018, compensando o valor já
restituído pela Caixa na via administrativa.
Fixo o valor da dívida em R$ 4.091,24 (5 x R$ 818,25 x 2 – R$ 4.091,25 = R$
4.091,25). O referido valor será corrigido pelo INPC a partir da data do ajuizamento da
ação, e acrescidos de juros de mora de 1% ao mês desde a data da citação da Caixa.
3.3 - Julgo IMPROCEDENTES os pedidos de condenação da Caixa a restituir a
parcela descontada no salário do autor referente ao mês de maio/2018 (R$ 818,25), e
a pagar correção monetária referente às cinco parcelas restituídas na via
administrativa no período compreendido entre a data da restituição e a data da
sentença.
3.4 - Condeno a Caixa a pagar ao autor indenização pelos danos morais que lhe foram
causados. Fixo a indenização em R$ 3.000,00. Referido valor será corrigido pelo
INPC a partir da publicação da presente sentença.
3.5 -Sem custas e honorários advocatícios de sucumbência.
3.6 - Transitada em julgado e comprovado o cumprimento do julgado mediante depósito
judicial, expeça-se alvará para levantamento em favor do autor.
Após, arquivem-se os autos com baixa na distribuição.
3.7 - Intimem-se.

MAURO REZENDE DE AZEVEDO


Juiz Federal

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