Você está na página 1de 137

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÉMICA E PESQUISA
CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A POL~TICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO


MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA


BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

JAIME ERNESTO HUGHES LEÓN

Setembro, 1996
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÉMICA E PESQUISA
CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO


MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR

JAIME ERNESTO HUGHES LEÓN


199610 1838
T/EBAP L579p

11111111111 ~IU 1111111111111


1000076223

E
APROVADA EM 16/09/1996
PELA COMISSÃO EXAMINADORA

ENRIQUE JER Filosofia

DE OLIVEIRA - Doutora em Educação

PAULO ROBERTO DE MENDONÇA MOTTA - Doutor em Administração


Pública (PhD)
Desejo agradecer desde o mais profundo do meu coração a
paciência, a compreensão e o apoio de minha esposa, Marília, e
dos meus filhos: Clara, Isabel, Jaime e Alexandre; a minha mãe
Clara Maria e aos meus irmãos Angel, Roberto, Gilberto e
Gerardo; e, em especial, em memória a meu falecido pai,
Gilberto: sempre acreditaram em mim e souberam em todo
momento suportar minhas ausências ao longo deste processo.

Obrigado.

ii
AGRADECIMENTOS

Ao Governo do Brasil - Capes, pela bolsa de estudos que me concedeu, sem a qual não teria
concluído a realização do Mestrado.

Ao professor Enrique J. Saravia, pela dedicação e interesse com que aceitou a orientação
deste trabalho, fazendo-o de forma tal que muito me foi possível aprender em quanto me
empenhava na sua realização.

Aos professores Paulo Roberto Motta e Fátima Bayma de Oliveira por terem aceito ser os
integrantes da banca examinadora.

A os professores da FGVIEBAP, em especial à professora Valéria de Souza, pela amizade e


oportunidade com que me brindou de muito aprender e repensar.

Aos meus amigos, irmãos e colegas latino-americanos, pela energia e coragem que nos
transmitimos para superarmos todos este desafio. Em especial, para Presvítero Zamora, Kleber
Hernán Mejía, EIsa Ardila, Wilbert Chirri e Severiano Arguello.

Ao pessoal do Nau, da Biblioteca, da Associação de Funcionários, do Restaurante, da


Investbem, por sua propícia, ativa e valiosa colaboração.

Aos meus colegas e amigos da FGVIEBAP, pelo companheirismo, apoio e carinho que me
dispensaram ao longo do curso.

Aos meus amigos Geraldo Werneck, Bruno, Nora, Simone e Fernando por sua generosidade
no uso do seu tempo ao ler e comentar as diversa partes do trabalho.

Finalmente, a todas aquelas pessoas que de uma forma ou de outra contribuíram direta ou
indiretamente na realização deste trabalho.

iii
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS

RESUMO

o estudo que agora apresentamos tem como objetivo identificar os


fundamentos da política do governo do Panamá para sua inserção definitiva no
mercado internacional de serviços e verificar sua atual contribuição na
consolidação do país como centro fornecedor de serviços para o intercâmbio
comercial entre os países da América Latina, o Caribe e o restante do mundo.

Os processos observados e identificados foram analisados à luz de teorias


de políticas públicas, desenvolvimento e integração econômica.

Conclui-se, então, que as políticas adotadas pela República do Panamá e o


desenvolvimento da infra-estrutura de serviços de exportação do país, ora
identificados, têm uma participação significativa para a sua inserção na nova
ordem mundial. Constituem-se estes fatores em canais eficientes de promoção,
divulgação e fortalecimento da imagem da nação como fornecedora confiável de
serviços internacionais.

IV
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS

ABSTRACT

The research we now present has the objective of identifying the


fundamentaIs of the Panamanian Govemment policy for its definitive
participation in the intemational trade of services and also verify the present
contribution of the nation for its consolidation as a service supplier to the
intemational trade between Latin America and the Caribbean and the rest of the
world.

The processes that have been observed and identified were analyzed
taking into account theories of public policies and economical integration and
development.

The final conc1usion is that the policies adopted by the Republic of


Panama and the development of its export service infra - structure identified in
this study, have a meaningful importance in Panama's inc1usion in the new
world order. These factors constitute in effective ways of promotion,
propagation and strengthening of the nation image as a reliable supplier of
intemational services.

v
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 01

CAPÍTULO I ...................................................................................................... 08

GLOBALIZAÇÃO DA ECONOMIA

1. Globalização da Economia ................................................................ 08


2. Abertura Econômica .......................................................................... 15
3. Integração Econômica ....................................................................... 20

CAPÍTULO II

SÍNTESE HISTÓRICA E SÓCIO - ECONÔMICA DO PANAMÁ

2.1 Aspectos Gerais ............................................................................... 28


2.2 Natureza da Economia Panamenha ................................................. 31

CAPÍTULO III

O PERFIL DO SETOR DOS SERVIÇOS

3.1 Definições ........................................................................................ 40


3.2 Classificação dos Serviços ............................................................. .41
3.3 Importância do Setor de Serviços na Economia Mundial .............. .43
3.4 O Comércio de Serviços ................................................................. .49
3.5 Política Comercial para os Serviços ................................................ 51

CAPÍTULO IV

INFRA - ESTRUTURA PARA DESEMPENHAR ATIVIDADES NA ÁREA


DE SERVIÇOS NO PANAMÁ

4.1 O Canal do Panamá ......................................................................... 58


4.2 O Centro Financeiro Intemacional .................................................. 66
4.3 A Zona Livre de Colón .................................................................... 74
4.4 O Registro de Navios e a Marinha Mercante .................................. 80
4.5 A Empresa Petroterminales de Panamá........................................... 86

vi
CAPÍTULO V

FUNDAMENTOS DA POLÍTICA DO GOVERNO PARA A INSERÇÃO DO PANAMÁ NO


MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS

5.1 Conceitos Teóricos das Políticas Públicas ...................................... 95


5.2 Avaliação da Política do Governo ................................................... 98

CONCLUSÕES ................................................................................................... 119

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 123

vii
LISTA DE TABELAS

Tabela Página

I Crescimento da Economia e do Comércio Mundial 11


2 Comércio e Crescimento 12
3 Investimento Direto dos Cinco Maiores Países - OCDE 13
4 Comércio Internacional de Mercadorias entre blocos 24
5 Principais Características dos Acordos Regionais 26
6 Panamá Export. e Import. de Bens e Serviços 1984-1993 34
7 Indicadores da Abertura do Panamá Export. Import. 34
8 Contribuição dos Setores Econômicos no Plli A. Latina e do Caribe 45
- 1993
9 Estrutura do Setor Terciário (serviços) do Panamá 1993 56
10 Balança de Serviços do Panamá 1994 57
11 F orça de Trabalho da Comissão do Canal do Panamá 1994 62
12 Principais Grupos de Mercadorias que Transitam pelo Canal 64
13 Centro Bancário Internacional- Contas Externas 68
14 Movimento da Frota Mercante do Panamá 83
15 Trânsito pelo Canal do Panamá por Bandeira de Conveniência - 85
1994
16 Média de Volume de Petróleo transportado 1983-1995 90
17 América Latina: Coeficiente de Investimentos 108

viii
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 1

INTRODUÇÃO

Estudos teóricos demonstram que existe uma relação positiva entre comércio e
crescimento econômico. À luz dessa idéia, os governos contemporâneos no mundo têm
adotado medidas de abertura das economias e de integração com mercados de outros
países, para incentivar maiores taxas de crescimento dos fluxos comerciais de bens e de
serviços. Acredita-se que, com estas medidas, é viável o crescimento nas correntes de
comércio e, como conseqüência, pode-se esperar uma modernização das estruturas
produtivas, uma maior geração de recursos e, por conseguinte, um nível mais elevado
de desenvolvimento na economia mundial.

Esta moderna estratégia de integração e inserção internacional numa economia


crescente globalizada, além de mudar a concepção do comércio internacional, impõe o
desafio de desenhar e colocar em prática mecanismos diferentes dos que prevaleceram
no passado. Em particular, os países da América Latina devem experimentar profundas
transformações, como resultado da imposição de uma severa mudança na concepção de
desenvolvimento econômico. Com efeito, depois de uma prolongada etapa, na qual a
base doutrinária esteve constituída pela substituição das importações com intensa
proteção, os governos da região têm-se lançado a implementar políticas que permitam a
articulação de suas economias com o resto do mundo.

Esta orientação implica também numa diminuição da interferência do Estado


nas atividades econômicas diretas e, concomitantemente, numa revalorização da gestão
dos agentes privados, num esforço crescente de desregulamentação das atividades e,
fmalmente, numa substancial redução da proteção diante de países extra-regionais,
assim como dos próprios da região.
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 2

Em particular, os serviços possuem a característica de ser altamente dinâmicos,


de estabelecer interconexões múltiplas, que vinculam as diferentes atividades do setor
real das economias, e de complementar as estruturas produtivas. Ultimamente, sua
importância aumenta progressivamente e seu comércio tem-se expandido a taxas
aceleradas, até serem identificados como elementos chave para o desenvolvimento
econômico dos países da América Latina.

Como conseqüência, é preciso que a liberalização chegue até o comércio de


serviços, o que significa desmantelar paulatinamente grande parte das regulamentações
protetoras, expondo as economias a uma maior participação estrangeira e a menores
margens de manobra para a tomada de decisões, vinculadas à política econômica para
seu desenvolvimento. Sobre este assunto existe preocupação geral por parte dos países
da América Latina e do Caribe, que se manifesta na procura de estratégias para
desenvolver a capacidade produtora de serviços da região, para desregulamentar essas
atividades e fortalecer a cooperação econômica. Os países consideram especialmente
importante a prestação de serviços de transporte, de seguros, de resseguros, de
assessoria em engenharia, de atividades bancárias, de consultoria, computacionais e
fluxos de dados computadorizados, meios de comunicações e publicidade.

Dentro da área geográfica da América Latina e do Caribe, a República do


Panamá é um país que, por tradição, fundamentou sua economia nas atividades do setor
serviços, com ênfase nas áreas bancária, fmanceira, comercial, de transporte e de
turismo. Sua importância, que cresceu através dos anos, é ressaltada quando se observa
que os países vizinhos colocam maior interesse em outros setores da economia, como a
agricultura, a caça e a pesca e, em forma mais discreta, nas atividades industriais. Essa
característica do país, junto com as últimas transformações da economia mundial,
impõe um grande desafio para a economia panamenha e exige a formulação de uma
estratégia econômica que tenha a capacidade de inserir defmitivamente o Panamá no
mercado internacional de serviços. Neste clima, a construção da infra-estrutura fisica
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 3

para viabilizar as transações internacionais da região com o resto do mundo resulta


indispensável.

A partir destas primeiras considerações, surgiu a idéia de pesquisar sobre a


política pública desenhada pelo Governo do Panamá para a inserção do país no
mercado internacional. Buscamos, assim, responder à seguinte pergunta: Qual é a
política utilizada pelas autoridades, para a inserção do Panamá no mercado
internacional de serviços e, especificamente, qual é sua contribuição na consolidação
do país como fornecedor de serviços para América Latina e o Caribe?

A vantagem natural que possui o Panamá por sua posição geográfica estratégica
e pela presença do Canal do Panamá, faz com que parte importante do comércio
mundial tenha sua convergência direcionada para ali, permitindo a mobilização rápida
de mercadorias nos sentidos leste - oeste e norte - sul, e facilitando o intercâmbio entre
os principais centros produtores e comerciais do mundo, como Europa, Estados
Unidos, Japão, Taiwan, Singapura e América Latina.

Para o Panamá, como fonte geradora de recursos, e para os agentes econômicos


do mundo inteiro, resulta importante demais contar com um ponto geográfico dotado
da infra-estrutura de serviços necessária à realização de operações comerciais. Os
dirigentes da República do Panamá, cientes dessa realidade e de suas vantagens, tem
promovido, nos últimos 25 anos o desenvolvimento das atividades do setor serviços.
De fato, hoje em dia, elas são responsáveis por mais de 70% do Produto Interno Bruto
(PIB) e por 50% da força de trabalho do país.

Derivados da existência do Canal, destacam-se ainda as atividades comerciais,


de serviços fmanceiros, de seguros e do setor transporte. Por sua vez, a Zona Livre de
Colón, que é a segunda maior do mundo, depois da de Hong Kong, e se constitui numa
área importante para o desenvolvimento do setor, é considerada a "Vitrine Comercial"
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 4

das Américas Central e do Sul, assim como da região do Caribe. Produtos de todas as
partes do mundo podem ser importados, armazenados, modificados, reembalados e
reexportados sem estar sujeitos as regulações aduaneiras. Durante quatro décadas e
meia, tem representado para o Panamá uma fonte de riqueza e um dos mais importantes
pilares da economia nacional (5%), acesso privilegiado a diversidade de rotas e
facilidades de transportes, que lhe dão posição singular no desenvolvimento do
comércio internacional.

o Centro Bancário Internacional do Panamá se desenvolve a partir de 1970. A


criação de um novo regime bancário especial nacional e estrangeiro, converteu o
Panamá num dos mais importantes centros financeiros internacionais. Com a
assinatura de vários acordos, nos últimos anos, tem-se fomentado a credibilidade
internacional, inspirando a confiança nos banqueiros e seus clientes, mediante o
fortalecimento dos conceitos básicos de liquidez, estrutura de capital e supervisão.

Por outra parte, desde 1982, a questão da liberalização do comércio de serviços


tem sido motivo de profundas divisões entre os signatários do antigo GATT.
Infortunadamente, o Panamá não era signatário daquele acordo, pelo qual o país ficava
mais exposto a imposição de barreiras. Daí que o país, como desejava aumentar suas
possibilidades de negociação na área internacional se subscreveu a este acordo para
formar parte do bloco de países de América Latina e o Caribe, para que, em conjunto
tenham maior capacidade de negociação nos foros internacionais e possam ter maiores
possibilidades de estabelecer as regras do jogo para comercialização e venda
internacional de serviços.

A partir dessas primeiras considerações expostas acima, os objetivos do presente


estudo foram: identificar os fundamentos da política do Governo do Panamá para a
sua inserção no mercado internacional de serviços e verificar sua contribuição na
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 5

consolidação do país como fornecedor de serviços para os países da América Latina


e do Caribe

Esta dissertação não pretendeu tratar de todas as variáveis que influem no


processo de inserção do Panamá no mercado de serviços da América Latina. Foram
avaliadas apenas as mais relevantes em face de outras, que tornariam o estudo amplo
demais e, possivelmente, incompleto. Seu objetivo está limitado a identificar as
principais estratégias e os instrumentos utilizados pelo governo para adquirir a infra-
estrutura necessária a constituir o setor serviços em motor de desenvolvimento
econômico. Em particular, foram enfocadas as seguintes atividades: o Canal do
Panamá, o Centro Financeiro Internacional, a Zona Livre de Colón, atividades
decorrentes a Marinha Mercante e atividades pertinentes a Transporte de Petróleo. Não
houve a intenção direta de observar outras atividades, reconhecida embora sua
importância para esta análise.

No que diz respeito ao horizonte temporal, o estudo abrangeu o período entre


1990-1994, buscando analisar o Panamá após iniciado o processo de reconstrução
nacional, depois da invasão do país por parte dos Estados Unidos, o que afetou de
forma rigorosa o comportamento da República e, portanto, constituiu um período
atípico para ser analisado. Quanto ao horizonte espacial, o estudo cingiu-se à República
do Panamá, localizada historicamente na América do Sul e geograficamente no istmo
centro americano.

Quanto ao fim, a pesquisa foi do tipo descritivo e explicativo. O trabalho foi


realizado, visando a entender as bases conceituais, as políticas públicas do Governo e
as características do processo de inserção do Panamá no mercado Latino Americano de
serviços; e, em particular, a importância do país como centro produtor e fornecedor de
serviços para esse mercado.
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 6

Confonne os objetivos desta dissertação, os processos observados e


identificados foram analisados à luz das teorias de políticas públicas de
desenvolvimento e integração econômica, de fonna a responder à totalidade das
questões fonnuladas nos objetivos finais e intennediários.

Quanto aos meios, a dissertação foi realizada através de pesquisa documental,


bibliográfica e de campo, objetivando recolher os documentos estatísticos e
indicadores, de sorte a constituir um farto acervo de elementos para análise do
problema em pauta. A partir desses elementos foi-nos possível realizar um estudo
sistemático da infonnação e dos dados coletados.

Com relação à coleta de dados, podemos dizer que, numa primeira etapa, foram
recolhidas infonnações contidas nas teorias sobre desenvolvimento, globalização,
abertura e integração; foram pesquisados documentos, livros, jornais, revistas
especializadas etc.

Adicionalmente, foram coletados dados sobre a legislação panamenha, que


define as orientações do Governo e as regras que devem ser atendidas quanto ao
sistema bancário, frnanças, investimentos e regulamentos comerciais e internacionais,
utilizando documentos do governo e publicações oficiais para compreender as
diretrizes e os programas de governo.

Finalmente, foram identificados e examinados os resultados das estratégias de


desenvolvimento de políticas públicas e sua contribuição na inserção do Panamá no
mercado de serviços. Levantaram-se também dados gerais e infonnações estatísticas,
que foram utilizadas como indicadores da importância do setor de serviços no Panamá
e na América Latina.
A POUTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 7

Os dados extraídos das fontes bibliográficas estão constituídos por


argumentações, interpretações e reflexões de diferentes autores, às quais foi dado um
tratamento qualitativo, visando a extrair conceitos e elementos teóricos que sustentem o
inter-relacionamento que existe entre o mercado de serviços, integração e
desenvolvimento.

A dissertação consta de cinco capítulos. O primeiro contém os conceitos teóricos


e fatos históricos do processo da globalização da economia, enfatizando os elementos
que têm materializado o processo de abertura e integração econômica. O segundo busca
familiarizar o leitor com a República do Panamá, horizonte espacial do nosso estudo,
no seus aspectos históricos e sócio - econômicos. O terceiro contém a composição,
características, tendências e contribuição dos serviços ao crescimento econômico. O
quarto capítulo foi reservado para identificar a infra - estrutura existente na área de
serviços de exportação no país. O capítulo quinto examina as determinações que foram
adotadas pelas autoridades panamenhas para estimular a inserção do país no mercado
internacional de serviços, e, por último apresentam-se as conclusões.
A POLíTI, .-\ DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 8

CAPÍTULO I

GLOBALIZAÇÃO DA ECONOMIA

N este capítulo, trataremos dos conceitos teóricos e apreCIaremos os fatos


históricos que definem o processo de globalização da economia, com ênfase em
dois dos fenômenos que têm materializado o processo: a abertura das economias e a
integração, ocorridas nas últimas décadas, tanto no interior da América Latina,
quanto na economia do resto do mundo, e que constituem as duas principais
manifestações da globalização.

1. Globalização da Economia

Ao longo dos últimos anos, a economia mundial tem passado por inéditas e
profundas transformações das forças produtivas, das relações sociais, dos sistemas de
produção, das instituições e da ideologia. Todas essas mudanças fizeram com que o
mundo ficasse cada vez mais interdependente, intercomunicável e, por conseguinte,
mais vulnerável aos meios de comunicação de massa, às telecomunicações em geral e à
informática.

o processo dessas transformações levou o mundo a assumir uma nova visão da


gestão baseada na coexistência de regimes diversos e até contraditórios na forma de
enfrentar aspectos econômicos, sociais, políticos, e sobretudo culturais da sociedade.
Este novo processo permite perceber o mundo como um todo e não em fragmentos
isolados e autônomos.
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 9

1.1 Características do Processo de Globalização

Após a consulta de parte da literatura existente sobre a globalização da


economia, observamos que a maioria dos autores concordam em que as principais
caracteristicas dest..; processo são:

~ a extraordinária expansão do comércio mundial;

~ o crescimento dos investimentos multinacionais;

~ o aumento das transações financeiras internacionais;


~ a terceira revolução industrial, baseada na micro - eletrônica e na organização
flexível do trabalho;

~ o aumento da concorrência externa;

~ o desaparecimento da supremacia econômica dos EUA;

~ a formação dos três grandes blocos econômicos;

~ a internacionalização da produção e dos mercados;

~ o desaparecimento da mentalidade nacionalista e protecionista;

~ os intensos movimentos migratórios do sul para o norte;

~ o desenvolvimento do pensamento cooperativo e participativo;

~ os grandes movimento dos países pela preservação do meio ambiente;


~ as mudanças na natureza do Estado e dos sistemas estatais para inserir-se na
economia mundial;

~ e as novas formas de integração, entre outras.

Para Shultz (1994: 1), estas mudanças conduzem a visualizar a economia, não
como uma simples relação de negócios entre empresas e países individuais, mas, sim,
como um processo em que interagem todos os atores da economia mundial, onde as
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 10

culturas de países grandes e pequenos, ricos em recursos naturais ou menos dotados


nesse particular, estão convergindo.

Paralelamente, o processo é reforçado pelo fato de que a infonnação e o


conhecimento transbordaram as fronteiras, na medida em que idéias e teorias circulam
sem qualquer impedimento, oferecendo-nos condições de utilizarmos o que realmente
ftrnciona no mundo.

Ianni (1992:9) comenta que as mudanças da sociedade no mundo se revelam de


fonna transparente quando ocorrem conjunturas críticas. Nessas oportunidades, ficam
explícitas relações, processos e estruturas insuspeitas ou pouco visíveis. À guisa de
exemplos, mencionamos as duas guerras mundiais, a grande depressão econômica, o
início da guerra fria e a desintegração do bloco socialista, que evidenciaram articulações
e antagonismos que envolveriam nações e continentes. Em todos estes casos, os
acontecimentos tomam explícitas as características da sociedade mundial, evidenciam
relações, processos e estruturas ainda desconhecidas, operando em escala global.

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, temos acompanhado uma expansão do


comércio entre países, surgindo assim uma força revitalizante da economia mundial que
deve ser aproveitada. Após esse acontecimento, lançaram-se as bases de uma economia
internacional, isto é, o estabelecimento de um comércio aberto, que promove a
eliminação das barreiras nacionais, promove a redução das tarifas e das quotas de
importação, a eliminação dos subsídios e que estimula o crescimento dos níveis do
comércio internacional. (Shultz, 1994: 3)

o fluxo do comércio cresceu de fonna sem precedentes e se expandiu mais


rapidamente que a produção mundial; as economias nacionais tomaram-se mais abertas.
Thorstensten nos mostra que as exportações mundiais, que representaram 12% do PNB
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 11

mundial em 1965, alcançaram cerca de 15% do PNB em 1990. Comparando-se a


evolução das exportações mundiais com a do produto, tem-se uma queda na taxa média
de crescimento das exportações no período de 1980-1985, (ver tabela ~ 1) que se
deveu à crise do início da década dos 80. Mas o crescimento das exportações no período
de 1985-1990 é maior do que a do PNB. Nos dias de hoje, mantém-se a tendência de
maior crescimento do comércio do que a do produto. (Thorstensten, 1994)

Tabela N" 1
CRESCIMENTO DA ECONOMIA E DO COMÉRCIO MUNDIAL
(Taxa % anual média)

1980-85 1985-90 1991 1992


Exportações -0,9 12,3 1,6 5,9
Prod. Agricola -2,3 10,1 0,8 6,1
Prod. Mineral -5,3 2,5 -5,1 -2,0
Prod. Manuf. 1,6 15,5 3,3 7,6
PNB 2,6 3,3 0,0 1,0
Fonte: Gatt, 1993 fi Thorstensten, 1994

o mercado de capitais também se internacionalizou e os fluxos financeiros


internacionais cresceram mais rapidamente que os empréstimos nacionais. Um número
cada vez maior de países em desenvolvimento tem buscado o aumento das exportações
e das importações, assim como a atração de maiores fluxos de investimentos
estrangeiros diretos como caminho de um crescimento mais rápido.

A análise empírica da experiência de desenvolvimento de diversos países na


década dos 80 mostra que existe uma correlação entre desempenho das exportações e
taxas maiores de crescimento. Essa correlação se evidencia mais nos países onde
ocorreu uma abertura econômica genuína, medida pelo crescimento conjunto de
exportações e importações em relação ao PIB. (Agosin; Tussie, 1993: 57)

Uma análise estatística do desempenho de 35 países em desenvolvimento


(Tabela ~ 2) mostra que os países do Grupo I, que tiveram um crescimento real das
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 12

exportações de manufaturados superior a 10% a.a., apresentaram mna taxa real de


crescimento do PIB de 5,4% a.a., no período, superior à dos demais grupos com
desempenho inferior nas exportações.

TabelaN" 2
COMÉRCIO E CRESCIMENTO
(1980 - 1988)
GRUPO I 1/ GRUPO 11 2/ GRUPOm 3/
Cresc. Export. Manufat. 16,5 6,0 0,4
Cresc. Exportações 9,1 4,0 1,4
Cresc. PIB Real 5,4 2,8 1,0
Manuf./PIB (1980) 19,3 17,2 20,8
Invest./PIB(1980) 26,9 19,4 17,8
1980 27,8 27,3 25,9
Variação Tx. de Câmbio 8,0 10,0 19,9
Taxa de Inflação 15,9 31,0 59,5
Fonte: Unctad, extraído de Agosm e Tussle (1993: 57).
Notas :
1/ Constituído por doze países com taxas de crescimento real das exportações de manufaturados em 1980-88
excedendo 10% a.a. ex. Indonésia, Turquia, México, Tailândia, Mauritânia, Sri Lanka, Rep. da Coreia,
China, Marrocos, Hong Kong, Malásia, e Paquistão.
2/ Constituído por Tunísia, Chile, Egito, Brasil, Costa Rica, Singapura, Bangladesh, Jordânia, Simbabwe,
Senegal, Índia, e Trinidade e Tobago que entre 1980-88 apresentaram taxas de crescimento real das
exportações entre 4% e 10% a.a.
3/ Constituído por Filipinas, Uruguai, Equador, Colômbia, Iugoslávia, Quênia, Guatemala, Costa do
Marfim, Argentina e Peru que entre 1980-88 apresentaram taxas de crescimento real das exportações
menores que 4% a.a.

Os dados da tabela acuna mostram também que o forte crescimento das


exportações de manufaturados está correlacionado com a estabilidade da taxa de
câmbio das economias, ao impor inovadores padrões de relacionamento nos mercados
nacionais e internacionais.

Acompanhando a expansão do comércio mundial, as grandes empresas se


internacionalizaram, amnentando o fluxo dos investimentos diretos. No período 1971-
1980, essa cifra chegou a US$ 302 bilhões de dólares e, em 1981-1990, a US$ 1,0
trilhão para os países da OCDE. (Thorstensten, 1994: 18)
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 13

TabelaN' 3
INVESTIMENTO DIRETO DOS CINCO MAIORES PAÍSES - OCDE
(US$ bilhões)
PAIS 1971 - 1980 1981 - 1990
US$ %
US$ %

JAPAO 18,1 6 185,8 19


REINO UNIDO 55,1 18 184,3 18
EUA 134,4 44 173,9 17
FRANÇA 13,9 5 85,8 9

ALEMANHA 24,5 8 86,5 9

TOTAL OCDE 302,3 100 1.003,1 100

Fonte: m Thorstensen e outros, 1994

Para Ianni, a globalização não é um fato acabado e sim uma sucessão de


mudanças em marcha, que enfrenta obstáculos, sofre interrupções, mas, de forma geral,
aprofunda-se como tendência. Por isso, segundo o autor, há nações e continentes nos
quais a globalização pode desenvolver-se ainda mais, por ter ainda espaços a conquistar.
(Ianni, 1992: 24)

Paralelamente, Ianni anota que hoje em dia, as disputas entre as nações


capitalistas adquirem um novo sentido. O crescimento da Alemanha e do Japão passou
a incomodar os EUA e a Europa pelos sinais de declínio da hegemonia norte-americana.
Igualmente, reaparecem graves problemas do terceiro mundo, pelas dificeis condições
de vida e trabalho dos habitantes dessas regiões, assim também criam-se novas formas
de organizar a sociedade e de pensar o mundo.

Neste esquema, o comércio internacional e o processo de globalização ainda


enfrentam grandes barreiras, que têm sido diminuídas na medida em que os países em
desenvolvimento abriram suas economias unilateralmente e os países desenvolvidos o
fizeram em função da Rodada Uruguai.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 14

Para levar adiante o processo de globalização, aproveitando suas vantagens e


contornando os obstáculos, os países em desenvolvimento têm de, em primeiro lugar,
considerar que, mesmo que a tendência internacional seja a de globalização, desde
meados deste século, esta forma de visualizar as relações comerciais têm perdido
espaço para a regionalização, na medida em que cada vez mais consolidam-se novos
blocos econômicos, baseados em concessões comerciais privilegiadas.

Em segundo lugar, é necessário apoiar o crescimento dos mercados do terceiro


mundo, para trazer possibilidades de trocas mais justas. Os países desenvolvidos
deverão crescer em termos de produção e tecnologia, assim como também deverão se
preocupar com os consumidores. O mercado global será, numa visão futurista, o motor
propulsor da igualdade social.

Por último, a globalização dos negócios das grandes empresas multinacionais,


que acontece, na prática, desde há muitos anos, deve ser regulamentada pelos Governos,
para evitar trustes e domínio do mercado mundial. No entanto, para ser eficaz, essa
regulamentação deverá ser de caráter multilateral, o que significa que deverá haver uma
política de harmonização a respeito das leis antitrustes, entre outras.

A globalização não será um processo pacífico, em virtude dos múltiplos


interesses em jogo. Por um lado, a tensão, que se registrará entre as empresas e as
exigências da prática de uma economia global, e os, conflitos entre as políticas locais e
governos nacionais. Por outro lado, poderá haver sérios conflitos que tendem a exigir
uma intervenção militar como a ocorrida recentemente na Bósnia e no Iraque, o que
obrigaria a uma restruturação de organizações internacionais, voltadas para os aspectos
de segurança e de defesa.
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 15

Assim, o grande desafio no início do século XXI consistirá, fundamentalmente,


num entrosamento efetivo entre os poderes políticos e econômicos, de forma a permitir
um desenvolvimento sócio - econômico mais equilibrado, uma distribuição de renda
mais justa e uma maior mobilização de vários fatores de produção e transferência de
tecnologias, e que permitirá uma tomada de consciência global por parte dos seres
humaPos com relação aos beneficios que esse novo modelo econômico lhes trará.

2. Abertura Econômica

No contexto internacional de hoje em dia, abertura significa, não somente,


acesso a mercado_'ias, serviços, tecnologia e fluxos de capital; significa, também,
estímulo a maiores taxas de investimento e maIOr integração entre países, como
elementos que podem acelerar o processo de reconversão industrial e de
desmantelamento do protecionismo que os países praticam em suas relações recíproca
(BID Intal- N°. 197, 1994).

Prates (1993:220) analisa a abertura comercial através dos dois modelos


convencionais da teoria do comércio internacional: o estático e o dinâmico. Sob o
enfoque do primeiro modelo, a abertura comercial é entendida como a liberalização das
importações e o fomento das exportações; neste esquema, promovem-se alterações nos
preços relativos dos fatores de produção, favorecendo a produção no setor intensivo, no
fator abundante, onde se situam as chamadas "vantagens comparativas".

No entanto, no segundo modelo, o enfoque é de longo prazo, onde a questão


fundamental centra-se no papel da abertura comercial em promover o crescimento
econômico, através da incorporação do progresso tecnológico, da criação de economias
de escala, acumulação de capital, qualificação do capital humano e geração de efeitos
produtivos dinamizadores intra-setoriais.
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 16

Já para Botero (1992), a abertura enfatiza fatores concernentes à restruturação


produtiva, flexibilização do trabalho e diferenças em termos de eficiência associada a
fatores de especialização e vantagens comparativas.

De forma geral, o processo de abertura aconteceu, nos países em


desenvolvimento, em épocas de forte recessão, elevadas taxa de inflação, altos déficits
públicos e em períodos críticos de estabilização e privatização das economia. Esses
fatores desencadearam efeitos negativos e dificultaram a visualização do impacto da
liberalização comercial (Prates, 1993:221).

Existe, entre os teóricos, um alto grau de concordância com relação aos efeitos
desfavoráveis e favoráveis do processo de abertura econômica: com relação ao primeiro
tipo de efeito, é sabido que, a curto prazo produz um impacto recessivo inicial, que
deriva do fato de que alguns setores demoraram a ajustar-se às novas condições e, a
"restruturar-se" para enfrentar a concorrência e os atritos próprios de qualquer processo
de realocação de recursos; os fatores produtivos que são eliminados dos setores
ineficientes, não são absorvidos imediatamente pelos setores mais dinâmicos da
economIa.

Os Governos da maioria dos países em desenvolvimento avaliam que a abertura


econômica gera alguns custos de curto prazo, tai~ como uma desaceleração do
crescimento; mas induz, no meio prazo, a uma aceleração substancial do crescimento.

Na verdade, os efeitos possíveis serão moderadamente negativos e tanto o custo


social como o esforço de restruturação não se darão de forma tão rápida como se
insinua, já que o processo de restruturação e reconversão setorial iniciou-se, embora
devagar, em décadas passadas.
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 17

Para o segundo tipo de efeito, os estudiosos da matéria consideram que a


abertura gera uma série de fatores que favorecem a produção do país: por um lado, na
área das importações, a redução dos preços relativos dos bens de capital externos
conduz à melhoria da eficácia produtiva da capacidade instalada, tanto no sentido de
que se incorporariam novas tecnologias inacessíveis no sistema protecionista, como no
sentido de que inclusive o capital existente pode ser utilizado em conjunto com o novo
equipamento importado. Por outro lado, no campo das exportações, na medida em que
no contato com os mercados externos gera uma aquisição de "know how" produtivo que
se aquilata com a participação ativa das empresas nos mercados externos.

É evidente também, que a abertura produz um impacto favorável sobre a


produtividade das indústrias que subsistirão e eleva a produtividade geral dos fatores de
produção; também oferece uma série de efeitos benéficos aos produtores, à sociedade
em geral e à racionalização dos níveis de preços.

A abertura permite aos produtores reconhecer oportunidades que o mercado


internacional oferece dá acesso a uma gama mais ampla de opções tecnológicas,
permite às empresas assumir mais riscos e ainda responder de forma criativa a um
ambiente mais competitivo, da mesma forma como as empresas produtoras ficam
capacitadas para adquirir insumos e bens de capital a preços e qualidades competitivas.

Numa economia aberta, a sociedade ganha capacidade de consumo, porque os


recursos são destinados a produzir em atividades onde se tem vantagem comparativa,
isto é, que as vendas no estrangeiro são mais rentáveis do que no mercado interno. Por
sua vez, os produtores são obrigados a acompanhar as mudanças para enfrentar a
competitividade externa ou serão absorvidos pelo dinamismo do processo; nessa
medida, ao mesmo tempo em que ficam transparentes as regras do mercado, a
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 18

qualidade na produção tende a aumentar, melhorando a oferta disponível no mercado


interno e externo.

Os preços dos produtos, diante de um processo de abertura, tendem a cair, por


causa da forte concorrência externa, beneficiando os consumidores. A liberalização
beneficia a economia, no sentido de que os preços não poderão sinalizar aos
empresários para produzir bens cujos substitutos importados pagam as tarifas mais
elevadas para obter maior rentabilidade, como acontecia no protecionismo; pelo
contrário terão de se submeter à forte concorrência externa, em função das reduzidas
taxas alfandegárias, beneficiando assim ao consumidor. (Camacho, Edna e outros 1992,
4)

Finalmente, o custo social de um processo de liberalização se vê diminuído com


a abertura econômica, pela geração de maiores níveis de emprego, como conseqüência
do estímulo a atividades que utilizam relativamente bastante mão de obra. A abertura
beneficiará os consumidores proporcionando-lhes maiores níveis de bem-estar, porque
as empresas locais passarão a vender produtos de boa qualidade e a preços iguais ou
menores do que os oferece o mercado externo.

A crise econômica da América Latina dos anos oitenta, causada não só por
fatores de origem externa, mas também pelas fraquezas do modelo de desenvolvimento
econômico aplicado no continente e que ficou em evidência nos excessivos níveis de
endividamento externo para propósitos não produtivos, os altíssimos níveis de
crescimento de preços e a expansão acelerada, desordenada e improdutiva do Estado,
iniciou o processo de abertura.

Particularmente, Prates (1993:220) argumenta que o modelo de substituição de


importações, preconizado pela CEPAL para os países da América Latina na pós-guerra,
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 19

começou a dar sinais de esgotamento a partir de meados da década de 70, na medida em


que não conseguia atingir de forma eficiente e competitiva os fatores de produção das
economias desses países. Langoni (1993), por seu lado, conclui que os anos 80 foram
em particular dificeis para a América Latina, desde o ponto de vista econômico, a
simultaneidade de desequilíbrios internos e externos limitou a expansão do produto real,
deteriorando os padrões de vida.

Ao lado dos aspectos negativos desse periodo, houve importantes avanços


institucionais, que ajudam a modificar o cenário para a nova década. No plano nacional,
consegue-se com êxito, na maioria dos países da América Latina, a transição de regimes
autoritários para a plena democracia, quando ocorreram intensos debates sobre as
razões para o esgotamento das estratégias convencionais de desenvolvimento e, de certa
forma, os anos oitenta marcaram a transição de uma estratégia de desenvolvimento que
atingiu seus limites externos (crises da divida externa) e internos (quase hiper-inflação)
para um novo modelo, cujos contornos são a liberalização, a globalização e a integração
hoje em curso na América Latina.

Paralelamente, a mudança de estratégia econômica está ocorrendo dentro de um


clima amplamente favorável; isto se observamos que a expansão acelerada da economia
mundial torna viável a liberação comercial por seus superávits comerciais e,
particularmente, o bom desempenho dos países do Sudeste Asiático, que obtiveram
altos níveis de exportações nos anos oitenta, constitui uma fonte de inspiração para as
autoridades latino-americanas.

Um outro fator favorável à mudança de estratégia é representada pelo fato de que


os grandes déficits do setor público nos países da região impossibilitaram os governos
de continuarem oferecendo significativos incentivos e subsídios aos setores
"desprotegidos" .
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 20

Desde o ponto de vista teórico, para recuperar o atraso relativo da América


Latina acumulado no último decênio, a abertura comercial dos países em
desenvolvimento deverá eliminar as barreiras para o capital de risco externo e para os
fluxos tecnológicos. Na área de integração, haverá que superar os esquemas regionais,
cuja inspiração básica é o conceito de fronteiras fisicas, atropeladas hoje pelo
dinamismo dos mercados.

A desregulamentação dos mercados financeiros e de capitais e a minimização


dos custos de transação, com a transferência eletrônica de dinheiro em escala mundial,
decretaram o fim da geografia política, forçando os países a queimarem etapas e a
pensarem em formas ambiciosas de integração, incluindo, de preferência, alguma região
desenvolvida.

3. Integração Econômica

Num sentido clássico, as relações internacionais caracterizam-se como um


conjunto de interações entre Estados distintos. Essas interações podem ser de
conflito ou de cooperação. A integração é contemplada como uma interação de
cooperação.

Para Gros Espiell (1992), os processos de integração econômica, hoje, são


processos abertos, não direcionados a criar autarquias regionais ou sub-regionais,
mas a constituir elementos que indispensavelmente devem inserir-se em um
comércio internacional a escala mundial, livre e não protecionista.

Segundo Zelada Castedo (1989), a integração consiste na identificação


racional de áreas de cooperação entre Estados e na elaboração de um interesse
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 21

comum destinado a ser a base de ações direcionadas a eliminar conflitos ou a


atenuar seus efeitos.

Porém, para Tamames (1989), a integração econômica é um processo através


do qual dois ou mais mercados domésticos, previamente separados e de dimensões
unitárias pouco adequadas, unem-se para fonnar um só mercado de uma dimensão
mais compatível.

N o entanto, Bela Balassa (1984) conceitua a integração como processo e


situação. Como processo, trata-se de ações direcionadas a abolir a discriminação
entre unidades econômicas pertencentes a diferentes economias nacionais;
observada como situação, a integração caracteriza-se pela ausência de fonnas de
discriminação entre economias nacionais.

É importante destacar que existe diferença entre cooperação econômica e


integração. A cooperação pressupõe ações dirigidas a reduzir as barreiras para o
intercâmbio, enquanto que a integração econômica implica na supressão de tais
barreiras. A cooperação tende a diminuir a discriminação econômica, enquanto que
a integração procura suprimir fonnas econômicas discriminatórias entre os países.

Por sua vez, o processo de integração implica na realização de ações de


acoplamento de estruturas nacionais, pelas quais transferem-se alíquotas de
soberania nacional a entidades comunitárias de caráter supranacional. No processo
de cooperação, não se adotam decisões que menoscabem a soberania dos Estados
membros.

Os objetivos da maioria dos processos de integração centram-se, entre outros


pontos: na eliminação das barreiras tarifárias e não tarifárias ao comércio
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 22

intrazonal, a conhecida Zona de Livre Comércio, na formação da União Aduaneira,


visando a uniformi_-=ar os impostos de importação e a Tarifa Externa Comum, para,
finalmente concretizar o Mercado Comum, com a livre circulação de bens de
produção, capitais, mão-de-obra e serviços_ Em síntese, todo processo de integração
objetiva essencialmente aumentar a produtividade e a qualidade dos bens à
disposição do consumidor e aproveitar as vantagens comparativas das nações,
transformando-as em instrumentos para buscar a inserção conjunta em terceiros
mercados_

Tanto os processos de integração como os de cooperação direcionam-se à


conformação de um espaço econômico ampliado, que inclua a liberdade de
movimento dos fatores de produção, salvo na área de preferência tarifária. De
acordo com este enfoque, os países envolvidos priorizam entre eles relações
especiais e estabelecem graus distintos de exclusão ou discriminação com respeito a
terceiros.

o fenômeno da integração é uma das novas características da economia


internacional de hoje e, sem dúvida, marcará todo o processo de reorganização do
sistema mundial no futuro. Existem diversos tipos de integração econômica e
política. Algumas são consideradas de integração "superficial", como as zonas de
livre comércio; outras de integração "profunda", como os mercados comuns.

3.1 Integração Superficial

a.- Zona de Livre Comércio: é a primeira fase da integração econômica


entre países. Negocia-se a criação de urr~a zona onde os bens circulem livremente,
sem a existência de barreiras tarifárias, técnicas, de saúde, fiscais e fisicas.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 23

b.- União Aduaneira: é a fase da integração econômica, onde, além da livre


circulação dos bens, se negocia uma tarifa externa comum para demarcar os limites
fronteiriços da união, perante os demais parceiros comerciais.

3.2 Integração Profundas

a.- Mercado Comum: é a criação de um espaço de maior liberdade entre os


países membros. Além da união aduaneira, com a livre circulação de bens,
estabelece-se também a livre circulação de pessoas, serviços e capitais. É
indispensável a criação de instituições supranacionais, que determinem a legislação
do mercado comum, além de políticas comuns acima das políticas nacionais.
Implica também, na coordenação e harmonização da legislação fiscal, trabalhista e
de sociedades.

b.- União Monetária: é outra fase da integração econômica entre países e


pressupõe a implantação do mercado comum entre seus membros. É indispensável
aqui uma coordenação estreita das políticas econômicas, principalmente níveis
compatíveis de taxas de juros, taxas de inflação e políticas monetárias de acordo
com índices estabelecidos de déficits públicos.
c.- União Política: é a última fase de integração; é a que presume a
existência do mercado comum e da união monetária. Exige também a criação de
uma política comum de relações externas, de defesa e de segurança. Exemplo desse
estágio de integração está por implantar-se na União Européia e foi negociado e
estabelecido pelo tratado de Maastricht que entrou em vigor em 1993.

Nos últimos anos, tem aumentado o número de acordos para a eliminação


recíproca das barreiras de comércio e para a formação de arranjos regionais de
comércio. Essa tendência surge das forças da globalização e deverá prevalecer nos
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 24

próximos anos, junto com o aumento também do comércio administrado sob


acordos não tradicionais. A formação de blocos não é só resultado da pressão do
processo de globalização da economia e do desgaste do multilateralismo, mas tem
uma lógica econômica.

Parcela significativa do comércio mundial já está sendo feita intra e


interblocos regionais. O volume de comércio intra e interblocos, compreendendo o
bloco europeu, o da América do Norte e o Asiático, já abrange 85% do comércio
mundial. (Thorstensten, 1994)

Tabela N° 4
COMÉRCIO INTERNACIONAL DE MERCADORIAS ENTRE BLOCOS
(1992 - US$ bilhões)

BLOCOS EXPORTA- %DOSTRÊS IMPORTA- %DOSTRÊS


ÇÕES BLOCOS ÇÕES BLOCOS

UE+EFTA 1,682. 45.1 1746 45.3


NAFTA 628 16.8 745 19.3
ASIATICO 850 22.8 675 17.5
OUTROS 571 15.3 689 17.9
Fonte: Gatt, 1993, adaptado da (Thorstensen - 1994,38)
Total Blocos do Mundo: Exportações 3,731 Importações 3,855.

O bloco europeu foi responsável por 45% das exportações mundiais e as


exportações intra-UE, incluindo as exportações entre os 12 Estados Membros.
Assim mesmo, importou do resto do mundo 45% das mercadorias. O bloco do
Nafta, por sua vez, foi responsável por 17% das exportações e 19% das importações
mundiais. E o bloco Asiático responde por 23% das exportações e por 18% das
importações mundiais. (Thorstensen, 1994, 38)

A integração regional surge como alternativa para a gestão da


interdependência e de conflitos diante das dificuldades nas negociações
multilaterais decorrentes do desgaste do Gatt. A negociação e a harmonização de
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 25

práticas comerciais, num conjunto reduzido de países vizinhos, são sempre lllaIS

fáceis e viáveis do que pelo conjunto de nações que participam do Gatt.


A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 26
-----------------
Tabela N° 5
3.3 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS ACORDOS REGIONAIS DE INTEGRAÇÃO
POPULAÇAO
BLOCOS PAÍSES MEMBROS OBJETIVOS (Milhões) PIB US$
Associação Européia Austria, Finlândia, Ampliar os mercados e aproveitar 33,2 889,7 b
de Livre Comércio Noruega, Islândia, os recursos naturais regionais e a
(AELC) Suécia e Suíça abolição progressiva de tarifas.
Concede liberdade aos países
associados de estabelecerem tarifas
para terceiros países (é zona livre e
não União Aduaneira). Não dispõe
de instituições fmanceiras, sendo
apenas uma zona de livre comércio
entre eles.
Associação Latino Argentina, Bolívia, Criação do mercado comum latino- 330,0 617,9
Americana de Brasil, Chile, americano, criou preferencias
Integração (ALADI) Colômbia, Equador, econômicas através de preferências
México, Paraguai, tarifárias em relação a terceiros
Peru, Uruguai, e países, Acordos de Acordos
Venezuela. Regionais (AAR) onde participam
todos e Acordos de Alcance Parcial
(AAP) para alguns países membros.
Comunidade Anguilla, Antigua e Criar Zona de Livre Comércio e 5,5 nld
Econômica do Barbuda, Barbados, eliminar barreiras de comércio.
Caribe (Caricom) Belize, Rep.
Dominicana, Guiana,
Granada, Jamaica,
Monserrat, Trinidad e
Tobago, Sta. Lúcia,
São Cristóvão e N évis,
São Vicente e
Granadina.
Comunidade Alemanha Ocidental, Estabelecer mercado comum entre 347,1 674,8
Econômica Européia Bélgica, Dinamarca, seus membros. É protecionista.
(CEE) Espanha, França, Livre movimentação de bens,
Grécia, Holanda, Itália, serviços capital e pessoas.
Irlanda, Luxemburgo,
Portugal, Reunido
Unido, Áustria, Suécia e
Finlândia.
Grupo dos Três (G-3) Colômbia México e Eliminar tarifas comerCIaIS em 10 136,0 398,3 b
Venezuela anos.
Pacto Andino Bolívia, Colômbia, Integração Comercial e Econôtnica. 93,0 146,7 b
Equador, Peru e
Venezuela.
Asiático Japão, Coréia do Sul, Liberdade Econôtnica 1.684,1 5.103 t
Taiwan, Hong Kong e
Singapura
Mercosul Argentina, Brasil, Livre Circulação de bens e Serviços. 194,6 607,1 b
Paraguai e Uruguai.
North American Free Canadá, EUA, e México Zona de Livre Comércio e 386,5 7.080,8 t
Trade Agreement futuramente Mercado Comum em
(NAFTA) toda a América
Mercado Comum Costa Rica, El Salvador, Estabelecer União Aduaneira com 29,9 31,2
Centro Americano Guatemala, Honduras e Tarifa Externa Comercial
(MCCA) Nicarágua.
, .
Fonte: Banco MundIal, Relatono 1990. n/d = dados nao -
- dIspomveIs; m = mIlhoes; b = bIlhoes -
- e t = tnlhoes.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 27

Considerando o panorama até aqui exposto, pode-se dizer que a forma


tradicional que têm os países em desenvolvimento de participar no processo de
globalização é chegar a acordos bilaterais ou multilaterais de diversos tipos, que lhes
permitam ampliar suas exportações de bens e serviços. No caso particular da República
do Panamá, daremos especial consideração ás exportações de serviços, por ser este o
setor responsável por três quartas partes da geração de divisas e contar com vantagens
competitivas potenciais não aproveitadas.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 28

CAPÍTULO II

, , , Ao ,

SINTESE HISTORICA E SOCIO - ECONOMICA DO PANAMA

Neste capítulo da dissertação, apresentamos as características gerais da


República do Panamá, quanto aos seus aspectos geográficos, históricos e sócio-
econômicos. A intenção é familiarizar o leitor com o país e comentar os aspectos
relevantes da sua economia e as suas perspectivas no quadro da
intemacionalizaçfo da economia.

1. Aspectos Gerais

A República do Panamá ocupa uma faixa de terra de setenta e cinco mil


quinhentos e dezessete (75.517) quilômetros quadrados, integrando o mais
estreito elo do istmo da América Central, que junta a América do Norte com
América do Sul. Limita ao Norte com o Mar do Caribe e ao Sul com o Oceano
Pacífico. A Leste, limita com a República da Colômbia e, a Oeste, com a
República da Costa Rica.

O espanhol é o idioma oficial do país. O inglês é amplamente falado e


entendido em grande parte do território, particularmente nas cidades de Panamá e
Colón, que são os centros comerciais da nação, devido à sua posição de entrada e
saída do Canal.
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 29

A taxa de analfabetismo situa-se aproximadamente em 10%, uma das mais


baixas da América Latina. Isto, adicionado a um número elevado de profissionais
treinados no exterior (EUA, Alemanha, Inglaterra, México, Brasil, Espanha,
etc.), contribui para a qualificação da mão-de-obra.

o Panamá conta com uma excelente rede de comunicações. O moderno


sistema de conexão digital e o serviço de seleção automática internacional
proporcionam contato imediato e seguro com qualquer parte do mundo.

A população do Panamá em 1995, era de 2.600 mil habitantes, com uma


densidade aproximada de 33,7 habitantes por quilômetro quadrado, mais da
metade residindo em centros urbanos e refletindo uma taxa média anual de
crescimento, nos anos 90, de 2,8%.

O Sistema de Governo do país é presidencialista. É unitário, republicano.


O país tem um governo democrático representativo, dividido em três poderes: o
Executivo, o Legislativo e o Judiciário. A organização político - administrativa
do país é composta por nove províncias, sessenta e sete distritos, quinhentos e
dez municípios e duas reservas indígenas. (Constituição de 1972, Título I: 3)

O Istmo do Panamá, desde seu descobrimento em 1501, tem uma história


estreitamente relacionada com a do resto da América; e tem sido um lugar de
grande importância para o tráfego internacional de mercadorias, pessoas e
servIços.

Nos primeiros anos da colônia, e sabendo-se já no século XVI que todas as


rotas de comunicação marítima convergiam para o Panamá, começa a se
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 3O

configurar a natureza da economia panamenha, ligada às funções que tem


desempenhado a zona de trânsito interoceânico através da sua história,
determinada por três fatores geográficos que se interligam: a estreita faixa do
Istmo; o baixo relevo do seu território e a existência do rio Chagres, que é
fundamental para o abastecimento de água e para a existência do Canal.

Na cidade de Portobelo, localizada no litoral Atlântico, se fizeram por


quase dois séculos as famosas "Feiras de Portobelo", onde se trocavam e
compravam mercadorias procedentes da Europa e das Américas. No Pacífico,
países como Bolívia, Colômbia, Equador, México, Panamá e Peru negociavam e
transportavam metais preciosos para a Espanha e outros países da Europa.

A independência hispano-americana, no final do século XVIII e início do


XIX, interrompeu a rede de comunicação e transporte que existia com sede no
Panamá. Entretanto, sempre continuou vivo o desejo de unir os dois oceanos,
realizando-se na época muitos estudos e projetos de rotas transístmicas, para
facilitar o transporte de ouro e prata. Com a construção da Estrada de Ferro do
Panamá, a primeira estrada de ferro transcontinental na América, o país retoma
sua tendência como sede e rota de distribuição de bens, serviços e pessoas. O
Panamá é, desde aquela época, considerado um caminho obrigatório pela sua
estratégica posição geográfica.

Cabe aqui ressaltar a visão clara e futurística do Libertador Simón Bolívar,


com relação à importância do Panamá para o continente americano e o mundo,
plasmada na su? célebre frase "... Panamá, Ponte do Mundo e Coração do
Universo ", que descreve bem a realidade panamenha, pois sua posição
geográfica privilegiada encurta a distância dos países da América do Norte e
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 31

América Central com os da América do Sul; assim como também os da Europa e


África com os da Ásia e junta os oceanos Atlântico e Pacífico. O Panamá
representa, então, o principal elo de ligação natural entre os mercados
internacionais e permite um serviço especificamente comercial.

De especialidade nos serviços de transporte, comunicação e hospedagem,


o Panamá adquiriu prestígio e serviu de base ao florescimento das colônias
espanholas na América. Essa especialidade terciária determinou estruturas
econômicas, costumes, tradições e formas de vida que ainda perduram no
Panamá.

2. Natureza da Economia Panamenha

As atividades econômicas do país são diversificadas e as características


mas significativas são: o centro bancário e o comércio, que são as mais
importantes; a Zona Livre de Colón que dedicando-se ao comércio e à indústria
de montagem para a exportação e reexportação, gera algo mais de US$ 7.000
milhões de dólares americanos em transações anuais; a cidade do Panamá é uma
grande vitrine para artigos de todo o mundo; conta com dezessete portos navais,
entre os quais, os de Cristóbal e Balboa, que oferecem seus serviços de carga e
descarga de mercadorias vindas da Europa e da Ásia, cujo destino final serão os
mercados da América do Sul, América Central e o Caribe. Nos portos terminais,
manipula-se carga internacional em "trânsito", em grande escala.

No ocidente, existe o oleoduto para o transporte de petróleo que atravessa


o país de norte a sul e presta serviços aos navios de grande calado que, pelas suas
dimensões, no possam utilizar o Canal do Panamá.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 32

o turismo, enquadrado no setor de serviços, produz um terço das divisas


que entram no país e supera o conjunto dos produtos de exportação: bananas,
camarões, café, derivados do petróleo e cimento.

A República do Panamá está classificada hoje como o primeiro país no


âmbito da Marinha Mercante em abandeiramento de navios, conforme
avaliaremos mais adiante, no capítulo IV.

o país se encontra hoje numa fase de reorganização econômica, onde as


mudanças mais significativas se encontram no papel da livre empresa no
desenvolvimento da economia, no programa de privatização das empresas
estatais e nas reformas da Constituição vigente nos seus aspectos tributário, da
ordem econômica, de reforma do Estado e da segurança.

o setor de mais alta contribuição no PNB no Panamá é o setor terciário


conhecido como de serviços, que contribuiu, em 1993, com 74% do PNB, já o
setor secundário contribuiu com 14% e o setor primário com 12%. (Contraloria
General, 1994)

o maiS importante contribui dor do PNB também é o mais importante


gerador de emprego. As principais atividades deste setor incluem o transporte; o
oleoduto transístmico; o comércio através do Canal do Panamá; e as atividades
bancárias e financeiras, principalmente devidos à Zona Livre de Colón.

o Canal do Panamá é o ponto de convergência de muitas das principais


rotas do comércio internacional. Desde a sua inauguração, em 1914, mais de
775.000 navios do mundo inteiro têm transitado pelo Canal, transportando quase
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 33

cinco mil e seiscentos milhões de toneladas de carga aos diversos portos do


mundo. (Panama Canal Report, 1994)

A atividade bancária desenvolveu-se de forma dinâmica e significativa e


vem aumentando seu crescimento e participação na configuração do Produto
Interno Bruto. Isto tudo é conseqüência derivada das características, vantagens,
beneficios e elementos determinantes em geral do sistema monetário panamenho,
conforme veremos no capítulo IV.

Com relação ao comércio internacional e levando em consideração os


objetivos do presente estudo, tentaremos, em forma breve, caracterizar os
principais vínculos da economia nacional com o exterior. Entre os indicadores
mais conhecidos e utilizados para medir o nível de abertura das economias,
encontram-se aqueles que relacionam as exportações, as importações e o
comércio total com o produto interno bruto. Estes indicadores, conforme Jované
(1988), mostram o "grau de abertura" da economia, isto é, seu nível de
vinculação com o exterior (Comissão Bancaria Nacional, 1994).
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 34

Tabela N° 6
PANAMÁ: EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES DE BENS E SERVIÇOS NÃO
FATORIAIS
1984 - 1993
(em milhões de Balboas)
EXPORTAÇOES IMPORTAÇOES TOTAL COMERCIO DE PIB PREÇOS
ANO FOB. CIF. BENS E SERVIÇOS CORRENTES
1984 1.622.10 1.696.90 3.319.00 4.565.50
1985 1.735.20 1.710.90 3.446.10 4.901.10
1986 1.786.50 1.599.30 3.385.80 5.145.10
1987 1.736.30 1.636.80 3.373.10 5.309.70
1988 1.625.40 1.082.80 2.708.20 4.551.40
1989 1.580.00 1.230.80 2.810.80 4.581.60
1990 1.936.00 1.728.70 3.664.70 4.948.70
1991 2.l34.40 1.966.00 4.100.40 5.491.10
1992 2.228.40 2.312.00 4.540.40 6.001.10
Fonte: Contraloria General de la Rep. de Panamá, IPCE - Directório de Expaortadores, 1993:48

Tabela No 7
INDICADORES DA ABERTURA DO EXTERNA DO PANAMÁ RELACIONADA
COM A EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS NÃO
FATORIAIS.
1984 - 1992 em %
ANO RELAÇAO RELAÇAO RELAÇAO COMERCIO
EXPORT/PIB IMPORT/PIB TOTAL/PIB
1984 35.53 37.17 72.70
1985 35.40 34.91 70.31
1986 34.72 31.08 65.81
1987 32.70 30.83 63.53
1988 35.71 23.79 59:50
1989 34.49 26.86 59.l1
1990 39.12 34.93 74.05
1991 38.87 35.80 74.67
1992 37.l3 38.53 75.66
Fonte: Contralona General de la Rep. de Panamá, IPCE - Dlrectóno de Exportadores, 1993:48.
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 35
----- -_.

3) Perspectivas

A importância inicial do Panamá esteve centrada na sua condição de rota


de transbordo de mercadorias entre Espanha e suas colônias do novo mundo.
Como conseqüência, o Panamá foi um dos postos avançados mais ricos da
Espanha durante o século XVII. Hoje, o Panamá é um país moderno e
progressista, que está dotado da infra-estrutura necessária, tanto material como
financeira e social, para desenvolver novos projetos. Por esta razão, o país está
buscando ativamente participação internacional, para criar empresas industriais
modernas e viáveis, a fim de abastecer os mercados de EUA, América Central e
América do Sul.

Além da sua posição geográfica ideal, as perspectivas econômicas do


Panamá e sua tendência industrial crescente, com uma base de operações na
América, oferecem uma grande variedade de incentivos às empresas estrangeiras,
entre os quais se incluem:

o o dólar como moeda legal;


e amplas isenções fiscais;

C) zonas francas industriais;

o zonas de livre comércio;


" um sistema bancário seguro e disciplinado
Clt e excelentes sistemas de transporte e de telecomunicações.

Um dos objetivos do atual governo é o de converter o Panamá num lugar


ideal e idôneo para o investimento internacional. Através da Iniciativa para a
Cuenca deI Caribe (CBI), iniciou-se este processo necessário para o
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 36

desenvolvimento de indústrias de mão de obra intensiva que satisfaçam a grande


demanda do mercado norte-americano, que se constitui num dos maiores e mais
rico mercado consumidor do mundo.

Hoje, o governo conta com dois órgãos que ampliam o âmbito de atuação
do país em busca dos investimentos estrangeiros. Por um lado, a Àrea da Região
Interocêanica (AR!; áreas próximas à via aquática) e a Comissão de Promoção
de Investimentos Estrangeiros (Pro-Panamá).

A AR! é uma entidade estatal, de caráter autônomo, cujo objetivo é exercer


de forma privativa a custódia, o aproveitamento e a administração dos bens que
reverterão para o país. Essa instituição é encarregada de promover o
desenvolvimento econômico da região, de modo que se obtenha a otimização dos
seus recursos, através de um amplo programa de investimentos. Pro-Panamá por
seu lado, é uma entidade também estatal, criada como instrumento para
impulsionar o desenvolvimento econômico do país, mediante a iniciativa privada
e a promoção de projetos de investimentos que estimulem a geração de novos
empregos; assim sendo, este órgão tem como propósito coordenar todos os
esforços para fazer possível que os investimentos estrangeiros contribuam ao
fortalecimento econômico do país.

o Panamá oferece isenções fiscais aos investidores estrangeiros que


aplicam ao longo de uma ampla variedade de negócios e indústrias, com as
condições fiscais especialmente dispostas para aportar beneficio ótimo para cada
setor. O investidor estrangeiro, em particular, beneficia-se de isenção fiscal
completa sobre os benefícios empresariais vindos de operações industrias de
exportação; isenção total de tarifas de importação sobre maquinaria, matérias
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERILANO DE SERVIÇOS 37

pnmas de produção e acessórios; quotas especiais de depreciação dos


equipamentos e isenções especiais para projetos situados em determinadas áreas
de desenvolvimento.

Em 1990, o governo, baseado na demanda mundial por parte de empresas


internacionais de maior penetração no comércio panamenho, sob a Lei N' 16,
criou um programa para atrair os investidores estrangeiros; criar zonas livres
industriais para a exportação. Esse programa oferece às empresas, promotoras,
construtoras, e de serviços, incentivos sumamente atraentes.

Os principais incentivos fiscais para promotores/construtores são:

o a importação de maqumanas, equipamentos, acessórios e materiais


livres de :mpostos;

f) durante a vigência do contrato, são isentos do imposto os bens imóveis,


assim como do imposto sobre o capital, salvo o imposto sobre a licença
fiscal;
e isenção do imposto de renda durante dez anos e, finalmente, a
transferência dos prejuízos a exercícios futuros.

Os principais incentivos fiscais para os fabricantes são:

o a livre importação de maqumanas, equipamentos, matérias pnmas,


produtos semi-elaborados e outros materiais, tais como embalagem,
combustível e lubrificantes;
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 38

f.) isenção total do imposto de renda, impostos de exportação e sobre as


vendas;

C) o capital fica livre do imposto, excluindo o imposto sobre a licença


fiscal;

o gozam de isenção total do imposto sobre bens imóveis e sobre a renda


durante vinte anos as empresas que se estabeleçam em zonas a leste e a
oeste da capital.

Esse conjunto de incentivos fiscais, entre outras políticas do Panamá,


simultaneamente com a atitude positiva do governo, tem atraído, nos últimos
anos, muitas empresas da Europa, Estados Unidos, Canadá e da Ásia.

A força de trabalho do Panamá é abundante, qualificada, disciplinada,


disposta e capaz de corresponder às exigências da empresa moderna; isto, junto
com outras vantagens da mão de obra, mantém seus custos baixos: a maioria da
mão de obra é jovem e bilingüe (falam espanhol e o inglês) há desinteresse pelos
sindicatos e as boas relações trabalhistas, tudo isto faz do Panamá um país
atraente para o investimento estrangeiro.

As autoridades panamenhas também aplicam uma política flexível sobre a


introdução do pessoal - chave no estabelecimento de uma nova empresa,
principalmente em situações em que não se consiga pessoal altamente
qualificado entre a força de trabalho do país, para a fase crítica da implantação da
firma. A Lei permite que até 15% da força de trabalho da nova empresa esteja
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 39

constituída por especialistas e técnicos estrangeiros. Em casos especiais, só com


autorização do Ministério de Trabalho é possível ultrapassar este limite.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 40

CAPÍTULO 111

O PERFIL DO SETOR DOS SERVIÇOS

Neste capítulo, buscamos estudar a composição e características do setor


terciário, denominado também como de serviços, assim como as suas recentes
tendências e contribuição ao crescimento. Inicialmente, examinaremos a questão
conceitual e seu papel no desenvolvimento econômico dos países. Após
analisaremos a importância do crescimento das transações internacionais e, de
forma sintetizada, estudaremos as propostas de política para sua comercialização; as
principais estratégias que podem ser úteis para a inserção de uma economia no
mercado internacional de serviços e, finalmente, faremos uma breve reflexão sobre
o papel do setor serviços no desenvolvimento da economia panamenha.

1. Definições

Os estudiosos da matéria têm encontrado grandes dificuldades para dar uma


definição concreta e clara do que sejam serviços. Argumentam que é fácil distinguir
entre bens, que podem comprar-se e cujas características é possível descrever com
precisão, e os serviços, que se requerem para melhorar a saúde, reparar um
automóvel ou fazer um investimento financeiro. Os serviços, no entanto, não podem
definir-se simplesmente comparando-os com os bens materiais, pois características
como intangibilidade, não armazenabilidade e simultaneidade de produção e
consumo são só relativos e podem mudar par~ial ou totalmente, em função do
avanço tecnológico. É necessário buscar uma definição que permita compreender
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 41

melhor o significado econômico dos problemas que implique em explicar e


classificar os serviços.

Neste sentido, Hill (1977), considera que "um serviço pode definir-se como
um ato que é o resultado de uma atividade produtiva e cujo efeito consiste em
modificar a situação ou posição de um beneficiário". O abastecimento do serviço
não se distingue do seu processo produtivo e o resultado ou efeito do serviço é
inseparável do seu beneficiário e não pode dar oportunidade a uma nova transação.

Na ausência de uma definição preCIsa, a alternativa encontrada pelas


autoridades dos países em desenvolvimento foi a de que todas as atividades que não
se incluam no setor primário ou secundário sejam classificadas no setor de serviços.
No entanto, a maioria das análises se limita a listar as atividades que deveriam ser
consideradas como parte do setor de serviços, sem levar em consideração uma
definição precisa.

2. Classificação dos Serviços

Os servIços são classificados, conforme a sua função econômica e/ou seu


valor intrínseco para os fornecedores e consumidores, em: intermediários, finais,
complementares e serviços velhos.

o os serviços intermediários são às vezes qualificados como distributivos,


como é o caso das vendas por atacado, o comércio de varejo, os serviços
de transporte, armazenagem e de comunicações; e também como
produtores, quando se trate de serviços financeiros, de negócios e pessoais.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 42

e os serviços finais são, por exemplo, os sociais, de saúde, educação,


sanitários, e os serviços pessoais, como os domésticos, recreativos,
culturais, de restaurante e hote1aria.

f) o grupo dos complementares inclui atividades ligadas à industrialização e


à urbanização;

o e o grupo de servIços velhos refere-se àqueles que estão perdendo


importância econômica.

Browning e Singelman, sugerem a seguinte classificação:

o servIços produtores: são os servIços bancários, financeiros, seguros,


imóveis, engenharia, arquitetura, contabilidade e os serviços legais;

e serviços de distribuição: transporte, armazenagem, comunicação, vendas


por atacado e varejo;

f) e servIços SOCIaIS: de saúde, educação, bem-estar, religiosos, barbearia,


salão de beleza, hotelaria, restaurantes e lazer.

Browning e Singelman ainda caracterizam os serviços de distribuição e os


produtores como "bens orientados", no sentido de que essas atividades são
tipicamente ligadas aos setores primário e ao secundário. Por sua vez, os serviços
sociais e pessoais são identificados como atividades de "consumo orientado".

o Escritório de Avaliação Tecnológica dos EUA classifica os servIços de


acordo com seu conteúdo tecnológico em dois grupos:
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 43

o serviços baseados em conhecimentos especializados: se caracterizam por


um nível elevado de conhecimentos e uma alta remuneração. ex .. : seguros,
serviços técnicos e profissionais, serviços bancários, serviços de
infonnação tecnológica, publicidade, cinema, proteção à saúde, educação e
algumas atividades da administração pública; e

e os serviços que não requerem conhecimentos especializados, geralmente


de baixa remuneração e com mobilidade interna muito limitada. Compõem
este grupo: o leasing, embarque de mercadorias, distribuição, franchising,
comércio a varejo, viagens, alguns serviços sociais e a maioria dos
serviços pessoais e de lazer. (UNCTAD, 1990:167)

3. Importância do Setor de Serviços na Economia Mundial

Nestes últimos anos tem havido uma tendência crescente de concientização


sobre a importância dos serviços. A nível mundial, confonne pesquisas da
UNCTAD, os serviços não têm mais a conotação de improdutivos por natureza,
como se pensava, mas desempenham um papel relevante nas economias, gerando
empregos, inovações tecnológicas e na fonnação do PIB. de diversos países.

Os serviços se transfonnaram devido à revolução que vêm proporcionando as


novas tecnologias no campo da infonnação e das telecomunicações. Nos países
desenvolvidos, são os que dinamizam a economia, transfonnando-se no motor de
crescimento, pennitindo-Ihes uma competitividade mundial nesse setor e fazendo-
os retomar a liderança em bens manufaturados e agrícolas. Nos países em
desenvolvimento, não são menos importantes, embora, em geral, o nível de
conhecimento do setor seja menor que nos países industrializados. (Gibbs & Diaz,
1994)
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 44

A tabela numero 8, mostra a importância do setor nos países da América


Latina e do Caribe e sua relevância na contribuição do PIB desses países,
principalmente na República do Panamá onde alcançou cerca de % do seu PIB.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 45

Tabela No 8
Contribuição dos Grandes Setores Econômicos no PIB
dos Países da América Latina e do Caribe - 1993
(% do PIB)
PAISES PRIMARIO SECUNDARIO TERCIARIO
América Central (x) 18,2 23,0 58,7
Costa Rica 15 26 59
EI Salvador 9 25 66
Guatemala 25 19 55
Honduras 20 30 50
Nicaragua 30 20 50
Panamá 10 18 72
América do Sul (x) 12,6 33,2 54,3

Argentina 6 31 63
Brasil 11 37 52
Bolivia 20 30 50

Colômbia 16 35 50
Chile 12 37 51
Equador 12 38 50
Paraguai 26 21 53
Peru 11 43 46
Uruguai 9 27 64
Venezuela 5 42 53
Suriname 11 24 65
Caribe (x) 13,0 32,0 55,0
Barbados 7 20 73
Cuba 15 45 39
Jamaica 8 41 51
Rep. Dominicana 15 23 62
Trinidade e Tobago 3 43 55
Belize 30 20 50
Fonte: Gatt Intemational Estatistics
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 46

Para entender melhor porque as indústrias de serviços estão se tomando mais


importantes e mais internacionais, devemos examinar os serviços e seu papel na
economia. A percepção com relação à contribuição do setor no desenvolvimento
econômico tem mudado de forma significativa nos últimos anos. O crescimento da
ocupação no setor e na sua produção, a desregulamentação dos serviços nos países
em desenvolvimento e o impacto do progresso tecnológico nas indústrias de
serviços têm sido o instrumental fomentador dessas mudanças.

A relevância das transações do setor, dentro de uma economia, deriva de sua


contribuição à produção nacional de um país. Com efeito, na década dos oitenta,
aproximadamente 64% do PIS mundial foram gerados pela industria de serviços,
sendo que ela representou aproximadamente 67% do PIS na maioria dos países
desenvolvidos e 51 % naqueles em via de desenvolvimento.

Segundo as Nações Unidas, os serviços desempenham um papel central nas


economias dos países desenvolvidos e nos países em desenvolvimento, pois hoje
constituem o fator de maior crescimento nesses países. Os países em
desenvolvimento estão se tomando conscientes do crescimento e da importância do
acesso eficiente aos serviços para manter suas economias competitivas
internacionalmente.

Conforme anota Prieto (1991: 107), o comércio mundial de mercadorias


chegou a US$ 3.5 bilhões de dólares e cresceu 13%. Particularmente, as transações
de serviços de transporte, turismo, telecomunicações, seguros, bancos e outros
cresceram 12%, ao alcançar um valor de US$ 770 mil milhões de dólares.

A formulação e implementação de estruturas reguladoras apropriadas é


fundamental para reforçar a contribuição do setor ao desenvolvimento. Por isso, os
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 47

países em desenvolvimento têm começado a deslocar-se no sentido de rever as


estruturas reguladoras dos serviços domésticos e internacionais.

A longa negligência das autoridades dos países em desenvolvimento em


perceber o papel que desempenham os serviços mostra que há uma grande imperícia
nesta área. Os formuladores de políticas, freqüentemente, não possuem os
conhecimentos necessários para determinar de forma nítida este fenômeno,
especialmente em condições de liberalização econômica.

A forma maIS perceptível de competição internacional está nos bens


manufaturados, que são os símbolos da nova ordem internacional entre os países.
No entanto, os serviços já vêm representando uma significativa proporção na
maioria das economias nacionais. Seu desenvolvimento, como finanças, transportes
e comunicações foi, na verdade, parte essencial da revolução industrial.

Também observamos que sempre existiu certa competição internacional em


indústrias de serviços. Organizações vêm concorrendo no âmbito internacional em
transporte marítimo, seguros, turismo, finanças e muitas outras indústrias de
serviços desde o início deste século.

Nos últimos anos, as atitudes sobre os serviços sofreram notável mudança,


nas economias nacionais e no âmbito internacional. Com efeito, o setor está sendo
visto pelos governos como componente fundamental da economia.

No caso das empresas e instituições, o crescimento da necessidade de


serviços é impulsionado pela crescente sofisticação, internacionalização e
complexidade da administração. À medida que a competição internacional é maior,
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 48

deveria crescer e tomar-se mais sofisticada a vantagem competitiva nacional,


assumindo importância crescente para empresas e nações.

Pouco tem-se escrito sobre a competição internacional de serviços e menos


sobre as razões pelas quais os países tem êxito internacional em determinadas
indústrias de serviços. A internacionalização da competição conduz ao crescimento
dos serviços necessários ao apoio do comércio e da administração de instalações
empresariais dispersas.

Existem três impulsionadores básicos do crescimento da indústria dos


serviços que são:

o a necessidade crescente de maiores funções de serviços;

e a transferência de atividades de serviços, antes realizadas pelos próprios


interessados, para vendedores externos especializados e

o a privatização dos serviços públicos.

A introdução de tecnologia nova é tanto causa como efeito de mudanças na


estrutura da indústria manufactureira e fonte da vantagem competitiva em muitas
indústrias de serviços. A tecnologia da informação está hoje em todas as atividades
das empresas de serviços.

As novas formas de organização dos sistemas produtivos têm feito emergir


uma ampla gama de serviços que complementam as estruturas produtivas das
empresa. Como exemplos, podemos mencionar: os serviços de auditoria,
publicidade, pesquisa de mercados, editoriais, publicações, serviços legais, serviços
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 49

de construção e comércio, transporte, atividades bancárias, software, seguros,


cinema, turismo, hotelaria e restaurantes. Estes tipos de mercados de serviços são
dominados por companhias procedentes de países desenvolvidos.

4. O Comércio dl Serviços

A globalização da economia, expressada na supressão progressiva e rápida de


obstáculos naturais e artificiais à integração econômica mundial, tem gerado uma
reorganização das atividades produtivas, que hoje estão sustentadas em relações
interativas, nas quais a internacionalização dos serviços se coloca em lugar de
grande importância para a dinamização da produção e do comércio e, por
conseguinte, para a obtenção de maior renda.

Nas análises do Prieto (1991), a participação da América Latina no mercado


de bens e serviços tem diminuído de maneira geral. Em 1950, a região participava
com 12,4% no mercado global e, em 1988, caiu para 4%. Em termos da participação
dentro do PIB, chegou a 62,5% em 1985, enquanto, que na África, era de 48,7% e
na Ásia era de 50%.

Isto é resultado das diversas crises pelas quais a região tem passado, entre as
qUaIS se destacam a crise econômica dos anos oitenta, a queda nos níveis de
investimento dos países, a falta de dinheiro para honrar o serviço da dívida externa,
diminuindo as possibilidades de crescimento para esses países, pois a prática têm
demostrado que existe uma estreita relação entre a avaliação das atividades de
serviços e a concentração dos investimentos estrangeiros.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 50

Confonne Prieto (1991), o comércio de serviços internacionais admite quatro


fonnas de comercialização: através dos serviços de infonnação; turismo; serviços
profissionais e estabelecimento de oficinas de representação, subsidiárias e filiais.

o desenvolvimento do setor exportador de serv1ços ocorre em função do


fortalecimento e modernização dos serviços nas economias domésticas. No interior
dos países, existem diversas práticas e políticas que apresentam uma série de
barreiras um tanto rígidas, que representam obstáculos, não somente para o
exercício das atividades de serviços, mas, também, para a introdução de mudanças
nas estruturas das organizações, e para que se realize a expansão dos serviços
vinculados ao aparelho produtivo.

Por exemplú, as políticas fiscais, creditícias, comerciais preocupam-se com a


promoção do setor real da economia; enquanto que a política para o setor financeiro
está orientada pela política monetária e de crédito, que busca mais estabilizar o
setor que colocar-se em uma perspectiva de comércio internacional. Nesta ordem de
idéias, uma série de atividades de serviços fica fora da preocupação das autoridades
econômicas.

Paralelamente, as áreas bancárias, de seguros, de transportes e de


telecomunicações, assim como outros serviços, geralmente funcionam com base em
regimes anacrônicos, obstaculizando seu desenvolvimento e modernização. Por
isso, resulta indispensável fonnular políticas que revisem e atualizem essas
regulamentações, assim como estabeleçam procedimentos para outras atividades
mais modernas e dinâmicas, como são os serviços de auditoria e contabilidade,
controle de qualidade, manutenção etc.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 51

Por outra parte, é sabido que o desenvolvimento dos servIços modernos


sustentam-se numa base tecnológica e de telecomunicações adequada, portanto, a
inexistência ou escassez destes componentes também constitui obstáculos ao
desenvolvimento do setor serviços. O progresso econômico dos países em
desenvolvimento e a expansão das exportações de serviços dependem da existência
de uma infra-estrutura adequada em matéria de telecomunicações. (Russel. 1989)

Assim mesmo, é necessário ter em conta o papel do Estado nas economias e,


particularmente, como provedor monopólico de uma variedade de serviços básicos
como telecomunicações, previsão social, energia, educação e saúde, linhas de
transportes, seguros e bancos, que na maioria dos casos, contam com uma alta
participação do Estado.

5. Política Comercial para os Serviços

A política comercial a formular-se para o setor serviços deve compatibilizar-


se com o nível de liberalização do comércio e com suas exigências. Seu êxito
dependerá da sua ..:oerência com os compromissos externos bilaterais e multilaterais
assumidos. As ações deverão inserir-se dentro das considerações finais da
Organização Mundial do Comércio (OMC), que é o foro internacional definido para
a área de serviços.

Com a liberalização e globalização do comércio mundial e a adaptação de


compromissos multilaterais, surgem novas possibilidades para os comerciantes,
como sérios desafios para aqueles que mantiveram e ainda mantêm posições
protecionistas e despreocuparam-se com a eficiência e a inserção no mercado
internacional.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 52

Na maioria dos países de América Latina e do Caribe, não se têm muita


consciência da importância das atividades do setor serviços na geração do PIB e na
balança de pagamento; hoje em dia é que aparecem os primeiros intentos por
conhecer a ciência certa quanto aos obstáculos e condições que devem enfrentar as
atividades de serviços, tanto no plano nacional, como no internacional.

Para promoção e estímulo das atividades de servIços, devem desenhar-se


mecanismos que permitam derrubar as barreiras internas que impedem a adequaaa
vinculação dos serviços ao desenvolvimento nacional e estabelecer as bases para
lograr uma melhor inserção da região na economia mundial de serviços. Para isso, é
indispensável contar com um alto grau de coordenação e cooperação entre os
diversos organismos do governo e das entidades do setor privado.

o primeiro passo na formulação da política de inserção será a identificação,


com clareza, das condições particulares de cada país e suas vantagens comparativas
para os serviços nacionais e o apoio fixo necessário para instrumentalizar essas
oportunidades. Particularmente, na América Latina e no Caribe, estas revisões têm
sido muito superficiais, o que leva a um desconhecimento do comércio de prestação
de serviços.

A colocação em andamento de uma estratégia exportadora de serviços parte


da base da realização de um bom diagnóstico. A realização do diagnóstico do
cenário exportador deve examinar em detalhes a composição das atividades do setor
e os elos entre o conjunto de atividades econômicas e os serviços, assim como o
impacto da sua comercialização sobre a balança de pagamento.

A partir daí, devem administrar-se certas classes de instrumentos, diferentes


dos utilizados na comercialização de mercadorias que levarão à formulação de
A POLÍTIC \ DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 53

uma verdadeira política de inserção no mercado internacional de serviços. Dever-se-


á contemplar também formas relativas à produção e comercialização internacional
de serviços. Entre elas, podem-se mencionar as seguintes:

1. Requerimentos Institucionais

o a implementação da estratégia exportadora de serviços exige o esforço e a


colaboração das autoridades nacionais para adequar o regime institucional
do país e para criar ou reorganizar instituições, a fim de delimitar
responsabilidades dos agentes encarregados do seu desenvolvimento.

f) as instituições deverão estar em capacitadas a gerar programas de apoio


focalizado, identificar demandas específicas, coletar e reproduzir a
informação necessária sobre os padrões internacionais, técnicas de
controle de qualidade, exigências de certificados e outras regulamentações,
que afetem a prestação de serviços no exterior.

Além do apolO institucional aos exportadores de servIços, outros tipos de


estímulos deverão ser formulados. Por exemplo incentivos fiscais e subsídios de
zonas de exportação que liberem as empresas nacionais e estrangeiras de
regulamentações burocráticas e de outros tipos.

2. Desenvolvimento da Capacidade Produtiva Doméstica

o nível de desenvolvimento da produção de serviços na América Latina é, na


melhor das hipóteses, incipiente, se não inexistente. Os grupos de maior êxito têm
demonstrado que para aceder aos mercados internacionais têm sido necessário um
esforço dos setores público e privado para modernizar a capacidade produtiva
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 54

doméstica. Tem sido necessária a colocar em andamento políticas orientadas a


fortalecer a competitividade e a eficiência dos setores de serviços, que se traduz em
maior competitividade a nível interno e capacitará as empresas para concorrer no
exterior.

3. Desenvolvimento de Novos Serviços

É possível desenvolver novas atividades de serviços a partir da experiência


acumulada. Chegar ao mercado com novos serviços constitui uma perspectiva de
inserção no mercado internacional. Outros elementos, como lotação de pessoal
qualificado por especialidades, baixos custos de mão-de-obra, criação de zonas
livres de telecomunicações ou teleportos, constituem alternativas atraentes de países
pequenos que queiram beneficiar-se do crescimento do mercado internacional de
servIços.

4. Seleção de Modos de Prestação Internacional de Serviços

Os distintos modos de prestação internacional de servIços devem ser


examinados antes de ser consumidos. Por exemplo, os servIços de
telecomunicações, desenhos, engenharia e construção, transporte, servIços
profissionais e outros podem ser exportados com êxito, se liberalizarem a
comercialização de mão-de-obra.

5. Desenho de Estratégias de Comercialização Internacional

Requerem-se estratégias específicas por servIços e por mercado. A


competitividade em serviço dependerá de sua qualidade e de outros fatores
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 55

derivados, como a credibilidade dos fornecedores, estabilidade, preço, Imagem e


outros imponderáveis que variam em função do serviço e do mercado.

6. Desenvolvimento de Redes de Informação e Canais de Distribuição

A capacidade dos provedores de serviços de aceder às redes de informação e


aos canais de distribuição adequados será fator determinante na estratégia
exportadora; para tanto, haverá de favorecer a criação e o desenvolvimento destes,
independente daqueles que possuam as grandes corporações.

7. Aproveitamento e Desenvolvimento da Capacidade Exportadora


Regional e Sub - Regional

Considerando que para um país, individualmente, resulta dificil alcançar um


tamanho de oper::tções compatível com as exigências de economias de escala
necessárias para chegar até o mercado internacional, dever-se-ia promover a
formação de consórcios multinacionais, compostos pelos países da região, para
ingressar nos mercados internacionais, tais como o transporte aéreo e marítimo, a
construção, seguros, bancos, cinema e outros.

6. O Setor Serviço na Economia Panamenha

Segundo os dados estatísticos Mais de 70% do PIB estão constituídos


pelos serviços. Destes, os mais importantes estão relacionados com a operação
do Canal do Panamá, o Transporte de Petróleo, o Centro Bancário e a Zona Livre
de Colón. Com exceção do Oleoduto, que se estende ao Oeste do país, os demais
serviços acontecem nas cidades terminais do Canal, Panamá e Colón.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 56

o produto interno bnlto do setor terciário, que é o mais importante da


economia panamenha, compõe-se da seguinte maneira: 11.80/0 pelo comércio
(varejo e atacado), 250/0 pelo transporte, armazenamento e as comunicações,
incluindo as operações do Canal do Panamá, a Zona Livre de Colón e o
Oleoduto, 14.7% pelos estabelecimentos financeiros, seguros, bens imóveis e
serviços prestados às empresas 8,6% pelos comunitários e sociais 11,8% pelos
serviços governamentais 1.2% pelos serviços domésticos e 1.5% pelos direitos de
importação.

Tabela N° 9
ESTRUTURA DO SETOR TERCIÁRIO (SERVIÇOS)
DO PANAMÁ
EM 1993
(% percentual do PIB)
DESCRIÇAO %

Comércio (varejo e atacado) 1l.8


Transporte, armazenamento, comunicações 25.0
Estabelec. Financeiros, seguros, 14,7
comunitários e sociais 8.0
governamentais 11.8
domésticos l.2
direitos de importação 1.5
Fonte: Contralona General de la Rep. de Panama.
Os Serviços do item I inclui: varejo e atacado; o item 2 inclui: operações da Zona do Canal, Zona Livre
e o Oleoduto; e o item 3, além dos já mencionados inclui: bens imóveis e os prestados às empresas.

As atividades de serviços estão conformadas pelo comércio, que inclui as


operações por atacado e varejo, os restaurantes e hotelaria; o transporte,
armazenamento e comunicações; os estabelecimentos financeiros, seguros, bens
imóveis e serviços prestados às empresas; os serviços comunitários, SOCIaIS e
pessoais; os serviços governamentais e os serviços domésticos.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 57

Entre os principais itens que prestam serviços diretamente ao setor externo,


temos: o turismo, a Zona Livre de Colón, o Canal e o Oleoduto Transistmico.
Estas atividades contribuem com algo mais de 25% do Pffi.

A balança de serviços, tradicionalmente, tem apresentado saldos positivos,


flutuando em tomo dos US $ l.000 milhões de dólares nos últimos três anos.
Característica, neste período, é a recuperação do nível de atividade no turismo e
na Zona Livre de Colón, assim como o aumento da renda por serviços portuários
no item transporte. No entanto, observou-se um comportamento oposto no item
embarques, onde o déficit tem aumentado em função do crescimento do
pagamento por fretes e seguros sobre importações e pela queda da renda gerada
pelo oleoduto, confonne será explicado no próximo capítulo.

Tabela N° 10
BALANÇA DE SERVIÇOS
DA REPÚBLICA DO PANAMÁ
1989 -1993
(em milhões de dólares)
Descrição 1989 1990 1991 1992 1993
Exportações 2.101.1 2.203.6 2.247.3 2.413.7 2.343.2
Importações -1.613.1 -1.764.8 -1.699.4 -1.763.4 -1.604.0
Saldo 488.0 438.8 547.9 677.3 743.2
Fonte: Revista Panamá en Cifras 1989 - 1993. Panamá, novo 1994.

O setor de serviços, no caso da economia panamenha, apresenta, como


uma especificidade bem diferenciada das economias em processo de
desenvolvimento Latino-americanos e Caribenhos, a alta diversificação e
especialização do seu setor serviços, ligados ao fato do aproveitamento da
posição geográfir~ do Panamá.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 58

CAPITULO IV

INFRA - ESTRUTURA PARA DESEMPENHAR ATIVIDADES


NA ÁREA DE SERVIÇOS NO PANAMÁ

Este capítulo identifica e descreve os principais meios através dos quais se


oferecem serviços de natureza diversa no Panamá. A seguir, analisamos cinco
dos serviços de exportação de maior relevância para o setor, como são: o Canal
do Panamá, o Centro Financeiro Internacional, a Zona Livre de Colón, a Marinha
Mercante e o Oleoduto. Nosso propósito fundamental é mostrar as possibilidades
legais e a infra-estrutura disponível para oferecer ao mundo serviços de natureza
diversificada.

1. O CANAL DO PANAMÁ

1. Antecedentes

As relações do Panamá com os Estados Unidos da América do Norte se


estreitaram a partir da assinatura do Tratado de 18 de novembro de 1903, que
permitiu a construção e operacionalização do Canal que interligou os oceanos
Atlântico e Pacífico através do istmo do Panamá.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 59

Pelo Tratado, a República do Panamá outorgava aos EUA o uso, ocupação


e controle de uma zona do Canal, de aproximadamente dez milhas de largura e
oitenta e um quilômetros de comprimento. Por seu lado, os EUA garantiriam a
independência do Panamá e pagariam à nação dez milhões de dólares americanos
e uma anuidade de US$ 250.000 dólares.

o Panamá e os EUA assinaram dois novos tratados, em 7 de setembro de


1977, conhecidos como o (Tratado Torrijos - Carter). Um trata sobre a
operacionalização e defesa do Canal e o outro garante a neutralidade permanente.
Até 31 de dezembro de 1999, os EUA manterão o controle operativo das terras,
águas e instalações; incluindo as bases militares, que são necessárias para
manipular, defender e operar o Canal, conforme o Tratado do Canal do Panamá
de 1977.

o Tratado Torrijos - Carter foi ratificado mediante plebiscito, com 66% de


aprovação do eleitorado panamenho, em 23 de outubro de 1977. O Congresso
dos EUA o ratificou em 18 de abril de 1978 e entrou em vigência em O1 de
outubro de 1979.

Seis meses após o intercâmbio dos instrumentos de ratificação do tratado,


a República do Panamá assumiu a jurisdição territorial sobre a antiga zona do
Canal e passou a utilizar parte das áreas que não são necessárias aos objetivos de
operação e defesa do canal.

A República do Panamá assumiu a responsabilidade de oferecer serviços


comerciais de reparação e abastecimento de navios, de operações ferroviárias e
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 60

portuárias, e de polícia. Antigamente, a companhia do Canal e o governo da zona


do Canal eram os que exerciam essas funções.

o Panamá, os EUA e o Japão, principais usuários do Canal, visando a


acompanhar as mudanças a nível mundial e atender às necessidades de ter um
melhor atendimento formaram uma comissão tripartite em 1986, para fazer um
estudo sobre as potencialidades do Canal do Panamá. As alternativas a que
chegaram na ocasião foram: construir um Canal ao nível do mar; ampliar o Canal
atual com outras eclusas; modernizar a rodovia e a estrada de ferro transístmico;
ou continuar com as instalações existentes. Na atualidade, as autoridades
panamenhas e os principais usuários do Canal mantêm um diálogo constante para
decidir em consenso por uma ou várias das alternativas a que chegaram.

2. Aspectos Legais

o Tratado de 1977 criou a Comissão do Canal do Panamá: uma agência do


Executivo do Governo dos EUA. Estabelecida pela Lei do Canal de 1979, Lei
Pública 96-70, título 22 do Código dos EUA, parte 3601. (Tratado do Canal de
Panamá, 1977: 47)

o novo Tratado marcou o início de um período de desafios e inovações


para a via aquática. De acordo com as cláusulas do Tratado, a Companhia do
Canal do Panamá e o Governo da Zona do Canal foram substituídos pela
Comissão do Canal do Panamá. Esta agência do governo norte-americano está
dirigida por um Administrador panamenho e um sub-administrador norte-
americano e funciona sob a supervisão de uma junta diretiva binacional, formada
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 6l

por nove membros, sendo hoje 5 panamenhos e 4 norte-americanos. (Tratado do


Canal, 1977 :44)

As funções básicas da Comissão são: administrar, operar, defender e dar


manutenção ao Canal, suas obras complementares, instalações e equipamentos
conexos e dispor do trânsito organizado dos navios através do Canal, de acordo
com o Tratado de 1977. (op. cit.)

Os custos de operação e manutenção do Canal, os juros, as depreciações,


investimentos para expandir, substituir e melhorar as instalações da via aquática,
o pagamento ao Panamá pêlos serviços públicos e a anuidade são pagos através
das arrecadações relativas ao pedágio que se cobra e pelos outros rendimentos
que gera o Canal, nos termos que consta no tratado de 1977.

A partir do primeiro de outubro de 1992, os pedágios foram fixados em


US$ 2,21 por tonelada neta para embarcações de carga ou passageiros; em US$
1,76 por tonelada liquida para embarcações sem carga; e em US$ 1,23 por
tonelada de deslocamento para as demais embarcações, e vigoram até hoje. Os
pedágios alTecadados foram na ordem de US$ 419,2 milhões. Em 1993, a
arrecadação foi de US$ 400,9 milhões. (Panama Canal Annual Report, 1994)

3. Recursos Humanos na Comissão do Canal

Por força do Tratado Torrijos - Carter, há uma participação crescente no


aumento progressivo de panamenhos em todos os níveis e áreas de emprego da
Comissão do Canal e portanto, a participação decrescente de norte-americanos,
como se pode observar na tabela N° 11.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 62

Tabela N° 11
FORÇA DE TRABALHO DA COMISSÃO DO CANAL DO PANAMÁ
1990-1994
ANOS TOTAL PANAMA EUA OUTROS % PANAME-
NHOS
1990 8.280 7.241 962 77 87.5
1991 8.693 7.719 906 68 88.8
1992 8.497 7.557 875 65 88.9
1993 8.585 7.662 860 63 89.2
1994 8.758 7.892 810 56 90.1

PERMANENTES
1990 7.233 6.232 927 74 86.2
1991 7.160 6.236 858 66 87.1
1992 7.257 6.368 824 65 87.7
1993 7.375 6.485 827 63 87.9
1994 7.421 6.586 779 56 88.7

TEMPORARIOS
1990 1.047 1.009 35 3 96.4
1991 1.533 1.483 48 2 96.7
1992 1.240 1.189 51 o 95.9
1993 1.210 1.177 33 o 97.3
1994 1.337 1.306 31 o 97.7
..
Fonte: Comlslón dei Canal de Panamá
Elaborado por el MIPPE/DOAPEC - 1994

Hoje, os panamenhos constituem quase 90,1% da força trabalhadora com


experiência e ocupam cargos técnicos, administrativos e de alto nível que são de
vital importância para essa entidade (a Comissão do Canal) e a operação do
Canal.

Considera-se que se atingiu um nível de eficiência elevado, no que diz


respeito ao temlJo (em média 24 horas) atribuído à qualidade dos recursos
humanos que possui a Comissão do Canal para oferecer um serviço rápido de
trânsito, e às melhorias realizadas para cumprir com a demanda de tráfego pelo
Canal. Desde que o Tratado entrou em vigência, a administração da Comissão do
Canal do Panamá destinou mais de US$ 1.000 milhões para melhoras e
importantes programas de manutenção e para o aperfeiçoamento dos
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 63

procedimentos de trânsito da via aquática. Mais de US$ 15 milhões se gastam,


anualmente, em programas de treinamento, para preparar os panamenhos para o
funcionamento e a manutenção do Canal. (Vallarino, 1993:95)

4. A Importância do Canal do Panamá para a América Latina

Ao longo da sua história, o Canal do Panamá tem sido um fator importante


no desenvolvimento comercial e econômico do mundo. Ao oferecer uma via
mais curta, a um custo mais barato, entre os oceanos Atlântico e o Pacífico, o
Canal tem exerci rio uma grande influência sobre os padrões comerciais do
mundo, fomentando o crescimento em áreas desenvolvidas e dando impulso ao
crescimento econômico de muitas áreas da América Latina.

o Canal ainda hoje continua sendo um elo importante no transporte


marítimo comercial mundial. A grande demanda atual que tem o serviço de
transito do Canal é prova disso. (Panama Canal Comission, 1994)

A carga que passa pelo Canal representa cerca de 5% do comércio


marítimo mundial. Esta proporção tem-se mantido constante através dos anos, o
que é uma prova de que a via não tem perdido sua utilidade como alternativa de
transporte.

A maior parte da tonelagem que passa pelo Canal, ou sejam mais de 60


porcento, é constituída pela carga a granel (grãos, carvão, fosfato, petróleo
minerais etc.). O volume de carga de contenedores tem ganho muita importância;
a carga contenerizada que transitou em 1994 foi de 22,4 milhões de toneladas o
A POLíTICA DE INSERÇ ÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 64

que representou mais de 13,2 porcento da tonelagem total. (Panama Canal


Annual Report, 1994)

Tabela N° 12
PRINCIPAIS GRUPOS DE MERCADORIAS QUE TRANSITAM PELO CANAL DO PANAMÁ - 1994
(Em Toneladas métricas)
Produtos Atlán-Pacíf Pacíf-Atlán TOTAL %

Grãos 29.547 4.520 34.067 20.0


Petróleo e seus Produtos 14.312 12.650 26.962 15.8
Carga Contenerizada 12.917 9.519 22.436 13.2
Nitrato, Fosfato, Potássio 13.603 1.834 15.437 9.0
Minerais e Metais 3.766 6.330 10.096 5.9
Químicos e 8.258 1.451 9.709 5.7
Petroquímicos
Madeiras e seus Produtos 5.297 4.165 9.462 5.5
Carvão 3.872 5.467 9.339 5.5
Manuf. F erro e Aço 3.746 4.101 7.847 4.6
Enlatados e Refrigerados 1.113 4.883 5.996 3.5
Outros Minerais 186 5.602 5.788 3.4
Outros Agriculturas 871 3.672 4.543 2.7
Maquinarias e 692 1.357 2.049 1.2
Equipamentos
Outros 4.415 2.393 6.808 4.0
TOTAL 102.595 67.944 170.539 100.0
Fonte: Panama Canal Comlsslon Anual Report, 1994

A carga mobiliza-se numa grande variedade de rotas, entre as qUaIS


predomina a que está entre os EUA e a Ásia, principalmente o Japão. Somente
esta rota gera aproximadamente 450/0 da tonelagem de carga que se transporta
pelo Canal. Em segundo lugar, está a rota entre a costa oeste dos EUA e a
Europa com 10% e, em terceiro lugar, a rota entre a costa oeste da América do
Sul e a costa leste dos EUA, a que representa 8%.

Embora a maioria do comércio que passa pelo Canal desenvolva-se entre


os EUA e o Japão, outras regiões dependem proporcionalmente mais da via
aquática. O Canal tem servido como elemento chave no desenvolvimento de
muitos países latino-americanos, ao proporcionar-lhes um meio eficiente e
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 65

econômico para o transporte de grandes quantidades de carga. A distância que


existe, por ex., entre o Equador e a Europa através do Canal é 5.100 milhas
menor que a distância entre esses pontos através do Estreito de Magalhães. A
economia, em milhas, que representa o Canal entre o Peru e a costa leste dos
EUA, em comparação com a rota do estreito de Magalhães, é de 6.200 milhas.
Sem a existência do Canal, grande parte do comércio da América Latina deixaria
de existir ou teria de utilizar alternativas mais longas, a um custo mais alto.

Diversos países latino-americanos dependem em maior grau do Canal. As


estatísticas recentes do comércio exterior nos indicam que algo mais de 60% do
comércio marítimo do Equador passam pelo Canal, do Peru 40% e do Chile mais
de 30%. As proporções do comércio marítimo internacional da República de EI
Salvador, Nicarágua, Costa Rica e Panamá que usam o Canal vão de 15 a 70%.
Na medida em que estes países continuem se desenvolvendo e aumentem seu
comércio exterior, sua dependência no Canal será crescente. (Directório de
Exportadores, 1993)

o Canal tem servido para unir a América Latina ao resto do Mundo. As


principais regiões com as quais a América Latina tem intercâmbio comercial,
através do Canal, são regiões industrializadas, como a costa leste dos EUA, a
Europa e o Extremo Oriente. O fluxo de carga entre essas três regiões é intenso,
assim como também o comércio entre os próprios latino-americanos.

O problema político pelo qual passou a República do Panamá, de certa


forma, afetou a estabilidade necessária para o desenvolvimento normal das
operações do Canal. Não entanto, este continuou cumprindo a sua missão de dar
serviço eficiente e seguro ao comércio internacional. Apesar das condições
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 66

adversas que enfrentou, as funções de trânsito da via continuaram de forma


eficiente e ininterrupta. Isto deve-se ao grande esforço da administração por
compensar as inconveniências causadas pelos problemas políticos passados e,
sobretudo, à mítica de trabalho da força trabalhadora da empresa canalera.

o Canal, com seus 81 anos de vida, não é a mesma estrutura que abriu
suas eclusas ao comércio mundial em 1914. É uma via aquática moderna, que
tem sabido manter-se atualizada e adiantar-se à demanda sempre em
transformação do comércio marítimo mundial. A administração tem como
política fazer as melhorias necessárias com suficiente antecipação, de maneira
que possa enfrentar a demanda que se projeta, oferecendo sempre uma alta
qualidade de serviço.

2. O CENTRO FINANCEIRO INTERNACIONAL

o setor financeiro do Panamá é integrado pelo conjunto de atividades


desenvolvidas pelos bancos nacionais e internacionais, as empresas financeiras,
de seguros e resseguros, fideicomissos, arrendamento financeiro (leasing), o
mercado de valores etc. Nesta seção, analisaremos, em particular, o Centro
Bancário Internacional.

1. Antecedentes

o desenvolvimento do Panamá, como um centro bancário internacional,


não acontece por acaso. A construção, no século XIX, da estrada de ferro
transístmica e a finalização da construção do Canal transoceânico trouxeram um
intenso comércio e um crescimento populacional extraordinário ao país. Essas
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 67

obras foram fundamentais para impulsionar o país, como uma importante rota
transcontinental e global. O papel do país, como fornecedor de serviços
financeiros, também está intimamente ligado à sua condição de centro comercial
mercantil de metais preciosos.

No princípio dos anos sessenta, existiam aproximadamente seIS (6)


estabelecimentos bancários que transacionavam unicamente em operações
internas do país. No meio da década, dezesseis (16) instituições operavam
internamente e mais de 200 duzentos bancos "offshore" dirigiam suas operações
a partir do Panamá; já no final da década, outras instituições bancárias
começaram a estabelecer suas filiais, oferecendo os dois tipos de serviços:
domésticos e internacionais. Esses estabelecimentos procuraram tirar proveito
das diversas vantagens legais, de impostos e da posição geográfica que o país
oferecia.

A indústria bancária do Panamá tem crescido de forma considerável,


em termos quantitativos e qualitativos, dando a conhecer-se o país como um dos
maiores e mais importantes centros bancários do mundo.

A legislação panamenha, conforme veremos mais adiante, permite três


tipos de licença para os bancos operarem: a geral, a internacional e a de
representação. Particularmente, com relação aos bancos com licença geral, há
dezenove com capital de origem panamenho; os demais têm suas raízes na
América do Norte e do Sul, assim como na Europa e na Ásia. Essas instituições
têm estabelecidas mais de duzentas filiais localizadas na capital e nas principais
metrópoles do país, e têm gerado mais de 8.600 empregos diretos.
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 68

o total de ativos do centro bancário do Panamá, no final de 1994, estava


na ordem de US$ 32,8 bilhões de dólares americanos, com depósitos
ultrapassando os US$ 26,0 bilhões de dólares. (Comissão Bancaria Nacional,
1994)

o ritmo de crescimento nas operações externas confirma a vocação


internacional do centro bancário internacional do Panamá (ver tabela ~ 13). Esta
particularidade é essencial dentro do contexto de uma estratégia de globalização.

Tabela N° 13
CENTRO BANCÁRIO INTERNACIONAL
CONTAS EXTERNAS
(em Milhões de Balboas)
CONTAS 1990 1991 1992 1993 1994
Depósitos em Bancos Externos 3.262 4.822 5.010 5.317 7.547
Carteira Crediticia 6.993 7.196 8.389 9.868 12.234
Depósitos Passivos 10.829 11.676 12.585 13.717 17.280
Fonte: ComIssão Bancana NaclOnal, 1994, p. 4

2. Aspectos Legais

o aumento do número de bancos e de operações gerou a necessidade de


regulamentar as atividades bancárias através de uma legislação própria para essas
instituições. Assim o governo panamenho em 1970, promulgou o Decreto de
Gabinete No. 238, de 02 de julho desse mesmo ano, conhecido também como a
Lei Bancária, a que contém as normas relativas à emissão de licenças bancárias
para operar, tanto interna como externamente, no Panamá, as regulações sobre as
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 69

quais deverá sujeitar-se o sistema bancário que opera no país e a criação de um'a
entidade supervisora, denominada a Comissão Bancaria Nacional.

Para funcionar, as autoridades tiveram de decidir entre as alternativas de


regulamentação dos bancos se seria um centro de atividades bancária operativa
ou se seria de registro, uma vez que um centro operativo, além de ter de ser
criado por lei, requer a presença dos fatores consubstanciais necessários para seu
desenvolvimento.

Observou-se que o Panamá, por seu tradicional e histórico papel de praça


de comércio, tinha as condições próprias para desenvolver o centro bancário; isto
é, situação geo-política favorável, meios de comunicação com técnicas
avançadas, recursos humanos capacitados, isenção fiscal em transações
internacionais, uso do dólar como moeda de curso legal, oferecendo ainda
condições de residência pacífica e confortável a pessoas de diversas
nacionalidades. A existência destes fatores influenciaram para a tomada de
decisão de construir o centro bancário internacional do Panamá, como uma praça
real de operações, com a presença física de todas as instituições bancárias
autorizadas para operar tanto nacional como internacionalmente. (Dudley, 1988)

A Lei Bancária outorgou a flexibilidade e o estímulo necessário para


crescer num mundo financeiro dinâmico. Seus principais objetivos foram
alcançar uma base estrutural eficiente para um crescimento ordenado e
sustentado do sistema bancário e da economia nacional, e reforçar e proporcionar
condições mais atraentes para o desenvolvimento do Panamá como centro
financeiro internacional. Desde sua expedição, a Lei Bancária tem inspirado
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 70

confiança nos banqueiros e nos clientes mediante o fortalecimento dos conceitos


básicos de liquidez, estrutura de capital e supervisão.

Atualmente, operam no Panamá 108 bancos de 30 países entre eles


Alemanha, Argentina, Bahamas, Bolívia, Brasil, Canadá, Colômbia, Coréia,
Costa Rica, China, Equador, Espanha, Estados Unidos da América, França,
Holanda, Hong Kong, Índia, ilhas Caimã, Israel, Japão, Reino Unido, República
Dominicana, Suíça, Taiwan, Venezuela e outros. Além disto, existem três bancos
de origem multinacional. A magnitude das transações e a alta proporção de
bancos com licença geral fazem do Panamá um centro bancário operacional de
relevância mundial, que oferece desde transações financeiras e operações
cambiais até acesso a transações em ações, bônus e metais preciosos nas bolsas
mais importantes do mundo. (World Trade Center ofPanamá, 1993)

o Panamá é um centro financeiro que serve principalmente à área latino-


americana; isto se observa na distribuição da carteira de empréstimos externos
concedidos. Em fins de 1991, este se apresentou da seguinte forma: América do
Sul, 61 %; América Central, 15%; Zona do Caribe, 3% e o resto do mundo 21 %.
O Panamá tem excelentes relações de representação com os principais bancos
dos Estados Unidos da América, Europa e Ásia. (Comissão Bancaria Nacional,
1994)

O Panamá é considerado como um sistema local territorial que elimina


toda carga fiscal e de controle nas operações realizadas no exterior para cidadãos
residentes ou não no país. A República oferece ao sistema bancário as seguintes
vantagens: regulamentações bancárias não restritivas, livre movimento de
moedas estrangeiras, trato tributário favorável, uma força de trabalho bem
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 71

treinada e um ambiente político e econômico em franco processo de recuperação.


O sigilo bancário é um princípio e prática reconhecida no centro financeiro do
país, onde os bancos exercitam a maior discrição e reserva nas operações e nas
transações dos clientes. Além disso, os bancos oferecem a seus clientes o serviço
de contas cifradas.

3. Características do Centro Financeiro Internacional do Panamá

A reputação do Panamá como centro de serviços é o resultado de uma


combinação de fatores, alguns dos quais existentes unicamente no país, conforme
os já mencionados: localização geográfica, livre circulação do dólar americano,
livre fluxo de capitais, legislação flexível, status dos tributos e sistemas de
comunicações avançados.

A legislação panamenha estabeleceu que o dólar americano é moeda de


curso legal no país e, como conseqüência, é um dos principais meios de câmbio,
fato que interessou ao capital estrangeiro em todas as partes da América Latina,
contribuindo para que o Panamá se mantenha entre os países de mais baixa taxas
de inflação do hemisfério.

o livre fluxo de capitais é uma condição fundam~ntal, que elimina a


necessidade de registro e de encargos adicionais e permite o crescimento do setor
terciário do país; a legislação bancária panamenha oferece a base para o
desenvolvimento deste setor, estabelecendo a estrutura para ambas as atividades
a nível nacional e internacional;
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 72

o status dos tributos: a forte propensão para isenção de imposto no


Panamá, sobre os lucros ganhos em atividades comerciais e bancárias
internacionais, constituim um grande inl-entivo para o crescimento desse setor
econômico;

o sistema de comunicações: a posição do país, como encruzilhada de


múltiplas rotas, tanto aéreas como marítimas, além dos excelentes serviços
telefônicos, representa um importante ponto de apoio para o crescimento e o
desenvolvimento dos serviços comerciais e industriais;

Os assuntos legais: a legislação, que regula a Zona Livre de Colón, o


registro da marinha mercante panamenha, as sociedades anônimas, seguros e
turismo, tem facilitado o desenvolvimento do centro bancário internacional do
Panamá.

4. Formas de Operar

Um Centro Financeiro Internacional funciona quando, em um local


geográfico determinado, se concentram os pagamentos internacionais e são
compensadas todas as transações econômicas que de uma ou outra espécie
mantêm os países entre si. Os estabelecimentos destes países mantêm saldos para
estar em capacidade de oferecer financiamento à maioria das suas operações com
o resto do mundo, por meio de letras de câmbio negociadas a favor ou contra
aqueles saldos.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 73

Para os países cujos bancos tenham saldos em um centro financeiro é


simples realizar suas transações em dólares, tanto nos EU como entre si, porque,
no final do período, faz-se um balanço das transações ( exportações -
importações) onde o país cujas exportações sejam maiores terá seu saldo
aumentado e o outro diminuído.

As praças de Londres e New York são, neste sentido, de principal


importância. O primeiro, com os países da comunidade britânica, assim como os
compreendidos na chamada zona da esterlina; e o segundo, com os países que
formam o chamado bloco do dólar e também os que limitam com o Caribe,
Canadá, Filipinas e o Japão. Essas duas zonas monetárias não são excludentes, já
que os bancos da maior parte dos países mantêm saldos tanto em New Y ork,
como em Londres, utilizando um ou outro centro, de acordo com as
circunstâncias.

Paris, Berna, Colônia, Amsterdã e Tóquio são cidades que também


desempenham funções semelhantes de financiamento e compensação, embora
em menor escala.

Particularmente, o Panamá têm hoje uma posição privilegiada como o


maior e mais concorrido centro financeiro da América Latina. Tendo em vista
que não existem regulamentações bancárias governamentais diretas nem
exigências estatais sobre as taxas de câmbio de divisas e o país carece de uma
banco central, foi criado uma entidade governamental responsável pelo controle
e vigilância do sistema bancário, a Comissão Bancaria Nacional (CBN) que,
junto com os bancos privados localizados no Panamá, elabora as
regulamentações bancárias para o país.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 74

A CBN expede resoluções, determina, a nível administrativo, a


interpretação e o escopo das disposições legais bancárias, autoriza, expede e
cance~a licenças para as operações bancárias, estabelece periodicamente à
porcentagem de encaixe compulsório e de liquidez para os bancos, estabelece a
taxa máxima de juros que, direta ou indiretamente, possa ser cobrada pelos
bancos para empréstimos ou facilidades de créditos locais, realiza inspeções nos
bancos para determinar sua situação financeira e o cumprimento das disposições
e as regulamentações; pode intervir, quando seja necessário, nos assuntos dos
bancos, tomando posse de suas propriedades e assumindo sua administração, e
solicita a dissolução e liquidação dos bancos, nos casos estabelecidos pela lei.

Hoje, os depósitos a prazo ou os juros das contas de poupança são isentos


de impostos, não há restrições para as transferências monetárias dentro ou fora
do país, as transferências de fundos não carecem de ciência nem de guardar
registros e não há exigência de capital mínimo para se criar uma sociedade.

3. A ZONA LIVRE DE COLÓN (ZLC)

1. Antecedentes

Em 1946, iniciaram-se os estudos e as análises das vantagens que


resultariam, para o Panamá, do estabelecimento de uma zona de comércio
exterior na cidade de Colón, a segunda em importância do país.
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 75

As autoridades do país estavam cientes de que o estabelecimento de uma


zona livre 1/, traria grandes beneficios à economia nacional, porque seria a porta
de entrada de projetos financeiros que proporcionariam os capitais necessários
para o aproveitamento da sua posição geográfica e exploração das riquezas
naturais do país e das indústrias que delas derivassem. As atividades geradas
fariam que ao território nacional e sob sua jurisdição chegassem grandes
quantidades de mercadorias para seu recebimento, despacho, trânsito,
armazenagem, fabricação, transformação e redistribuição para o mercado
internacional

Sabendo ainda que a melhor maneIra de abordar o fato de que a


concorrência não resultasse negativa para as empresas naCIOnaIS estava no
estabelecimento de zonas de livre comércio internacional em portos habilitados
do país e que as entidades e pessoas representativas do comércio do setor
bancário e da indústria expressaram seu desejo de que essa aspiração nacional se
concretizara, o Governo, com base em estudos realizados, ditou o decreto-lei N'
18, de 17 de junho de 1948, em virtude do qual criava-se a Zona Livre de Colón
(ZLC).

2. Aspectos Legais

o Capítulo I, das Disposições Gerais do decreto-lei N° 18, que cria a


Zona Livre de COlón, diz:

l/Uma Zona Livre é uma área segregada, sem população residente, sem
comércio por atacado, localizada dentro ou próximo de um porto habilitado, onde
se pode importar, armazenar, modificar, reembalar mercadorias, sem a aplicação
de controles aduaneiros.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 76

"Cria-se a Zona Livre de Colón, como Instituição do Estado,


a qual terá personalidade jurídica própria e será autônoma
em seu regimento interno".

No mesmo artigo, a Lei estabelece que as instituições às quais estará


sujeita em termos de fiscalização, inspeção e controle a Zona Livre de Colón
serão o Executivo e a Controladoria Geral da República.

Com relação à Administração da ZLC, o capítulo 11 da referida Lei diz


que:

" A direção e a administração da Zona Livre de Colón


corresponderá à Junta Diretiva ao Comitê Executivo e ao
Gerente na forma estabelecida por Lei".

3. Localização e Crescimento

o espaço inicialmente concedido à Zona Livre de Colón para a expansão


das suas atividades consistia em 38 hectares delimitados, no setor sul da cidade
de Colón. Atualmente, a Zona Livre tem 60,70 hectares de áreas ocupadas e
43,30 hectares por desenvolver, tendo assim um total de 104,00 hectares, o que
demonstra sua importância e magnitude.

A Zona Livre possui também uma área de 96,25 hectares na outra margem
da Bahia de Manzanillo, conhecida como "France Field", na qual já se
construíram 53,86 hectares e as restantes se encontram em processo de
habilitação. Além disso, a ZLC possui 15,29 hectares em diversas áreas da
cidade de Colón
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LA TINO AMERICANO DE SERVIÇOS 77

Complementarmente, existem mais de uma centena de edifícios, depósitos


e escritórios, com todas as facilidades urbanas. Na atualidade, há 1556 empresas
nacionais e internacionais estabelecidas, das quais 656 firmas são estrangeiras.

o desafio atual da ZLC é desenvolver os 114,7 hectares que possui no


setor conhecido como Coco Solito, que já goza de boa acolhida entre os novos
investidores para seu desenvolvimento em curto tempo. A contínua evolução
física e o progresso sustentado da Zona Livre de Colón estão garantidos por esse
espaço vital.

4. Formas de Operar

Toda pessoa física ou jurídica pode operar na ZLC, e não preCIsa de


licença comercial nem se exige capital mínimo de investimento. Deve
unicamente garantir emprego de um mínimo de cinco trabalhadores panamenhos
e este compromisso se estabelece no contrato.

A administração da ZLC esta habilitada legalmente para realizar e permitir


operações dos seguintes tipos: introduzir, armazenar, exibir, embalar,
desembalar, manufaturar, envasar, montar, refinar, purificar, mesclar, transformar
e, em geral, operar e manipular toda cl~sse de mercadorias, produtos, matérias
primas, vasilhames e demais efeitos; permitir a outras pessoas físicas ou
jurídicas, nacionais ou estrangeiras, residentes ou não, realizar as mesmas
operações, atividades, negócios e transações.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 78

As operações podem efetuar-se de quatro (4) formas, a saber:

o Através do aluguel de um local da instituição e cumprindo as


disposições de mantê-lo aberto nos horários de trabalho e de enviar para
o exterior não menos do 60% das mercadorias manipuladas. O aluguel
se paga mensalmente, por metro quadrado, de acordo com a tarifa
vigente para os locais.

e Por intermédio da locação de lotes de terreno, para que neles o locatário


construa depósito para o seu próprio uso.

€) Através de uma empresa estabelecida na ZLC, para que atue como seu
representante. Esta forma de operar está condicionada a que o
representante atue unicamente como depositário da mercadoria, podendo
também fazer o transporte desta, confeccionar e tramitar as
documentações de recibo ou desembaraço das mercadorias, faturar e
fazer cobranças em nome do representado, embalar, reembalar e
distribuir as mercadorias segundo instruções do representado. Neste
caso, o representado mantém o título de propriedade da mercadoria e
tem como exigência a reexportação de 60% como mínimo.

o Através do depósito público, o comerciante recebe sua mercadoria por


intermédio da instituição e armazena e opera da mesma forma que
qualquer outra empresa estabelecida na Zona Livre, usando o depósito
para tal fim. Nesta forma de operar, não se requer um mínimo de
reexportação e existe a vantagem de que não há despesas fixas a
consider ..ir, tais como salários, aluguel, telefone; paga-se unicamente de
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMA NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 79

acordo com o valor da mercadoria e dão-se todas as facilidades que


sejam necessárias (armazenar, embalar, rotular, despachar, e
redistribuir) para que esta seja embarcada ao seu destino final.

5. Vantagens que oferece a Zona Livre de Colón

o Um dos incentivos de atração para as firmas estrangeiras é que as


empresas estabelecidas na ZLC pagam o imposto sobre a renda
proveniente das suas operações estrangeiras com base numa tarifa
preferencial, além do que não existem autorizações para comprar de
nenhuma agência municipal ou governamental.

f.) As mercadorias que entram, que estejam armazenadas ou que deixem a


ZLC com destino ao exterior, estão livres de taxas e toda classe de
impostos. As companhias estrangeiras que operarem dentro da ZLC
podem reduzir, em um ou mais meses, a entrega de mercadorias a países
da América Latina, o que significa serviço mais rápido e lucros
adicionais. Os dividendos ou remessas de capital estão isentas de
impostos quando a propriedade ou valores vendidos tenham sido retidos
por mais de dois anos.

C) As finanças podem ser planejadas facilmente, já que o Balboa (unidade


monetária panamenha) está em paridade com o dólar norte americano e
um bom número de bancos de prestígio nacional e internacional operam
dentro da ZLC e ainda existe uma grande reserva de mão-de-obra de
fácil treinamento.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 80

4. O REGISTRO DE NAVIOS E MARINHA MERCANTE

1. Antecedentes

A República do Panamá, por sua localização geográfica e pela existência


do Canal, alcançou um alto nível de proeminência entre as nações do mundo. O
Panamá serve como uma ponte entre o Mundo Ocidental, Extremo Oriente e
América do Norte e do Sul.

Entre suas realizações, está o surgimento de um registro aberto e


soberano, o que reflete uma grande Marinha Mercante Nacional, considerada
como uma das mais responsáveis no mundo pela segurança da vida no mar, a
proteção do ambiente marinho e pelo progresso econômico dos proprietários dos
navIOS.

A Marinha Mercante da República do Panamá foi criada pela Lei N° 8, de


1925, quando as restrições referentes à nacionalidade e à residência foram
eliminadas com o propósito de adotar um sistema de registro aberto. Desde
então, o Registro Panamenho aceita navios pertencentes tanto aos nacionais
como aos estrangeiros sempre e quando todas as medidas estrategicamente
legais vigentes sejam cumpridas, especialmente as relacionadas à administração
dos navios, normas de segurança e controle de contaminação do meio ambiente,
aspectos técnicos e assuntos fiscais.

Nestes últimos setenta anos, a frota panamenha cresceu de forma


considerável, chegando a mais de 12.000 navios registrados. O Registro
Panamenho oferece segurança de hipoteca comprovada, 24 horas de operação e
uma reavaliação constante de serviços de qualidade em termos de estruturas de
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 81

honorários publicados e altamente competitivos, representação mundial e


ratificação de tratados internacionais relevantes.

2. Vantagens do Registro Panamenho

o registro panamenho oferece muitas facilidades que são consideradas de


grande interesse para os proprietários de navios que desejam registrar seus navios
com a bandeira panamenha. Entre outras vantagens podemos mencionar:

o Qualquer companhia ou pessoa (independente de nacionalidade, ou sede


da empresa) pode registrar seu navio sob a bandeira panamenha. Além
disso, não há nenhuma cobrança ou retenção de pagamentos de taxas,
quando os lucros sejam resultado de operações feitas no exterior.

f) Não há tonelagem mínima como exigência, embora navios, com mais


de vinte anos, tenham de passar por uma inspeção especial feita por um
inspetor autorizado pela República do Panamá, quando a intenção é
obter a P~tente Permanente de Navegação.

C) Os proprietários que desejem transferir seus navIOS para a bandeira


panamenha não serão obrigados a realizar uma nova inspeção, se a
embarcação possuir certificados de segurança e de tonelagem válidos
expedidos por uma sociedade classificadora reconhecida pelas
autoridades panamenhas.

A DGCN mantém, desde 1977, um escritório representativo em Nova


Iorque chamado de Segurança Marítima (SEGUMAR), que fornece assistência,
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 82

orientações e infonnações sobre assuntos técnicos e de segurança relativos ao


registro panamenho. Esta entidade administra o Programa de Inspeção dos navios
com bandeira panamenha. A República do Panamá conta com mais de 525
inspetores autorizados a inspecionar os navios da sua frota em mais de 400
portos pelo mundo inteiro.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 83

3. Crescimento do Registro Panamenho

Desde sua criação em 1925, o Registro Panamenho tem apresentado um


enorme crescimento como se pode observar na seguinte tabela:

Tabela N° 14
MOVIMENTO DA FROTA MERCANTE DO PANAMÁ
1978 - 1995
TOTAL DA FROTA MERCANTE
MILHARES DE
TONELADAS BRUTA
ANOS NAVIOS
1978aJ 8.745 22.186,6

1979 9.308 24.389,3

1980 9.925 28.208,5

1981 10.534 33.931,8

1982 1l.145 40.072,9

1983 11.420 42.227,6

1984 1l.821 48.745,1


1985 1l.948 54.563,8

1986 1l.959 58.049,9


1987 12.088 62.157,8
1988 12.064 64.407,8
1989 12.180 65.602,5
1990 11.440 6l.888,1
1991 1l.760 67.099,4
1992 12.223 72.677,8
1993 12.500 77.413,9
1994 12.870 84.659,3
1995b/ 13.115 89.300,0

Fonte: Direção General de Consular y Naves (DGCN)


ai Depto. de Relações Públicas
b/ Infonne de Atividades y Acciones Semana deI 31-08 a 06-09/95.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 84

Durante o período observado, nota-se uma tendência de crescimento do


Registro Panamenho até 1988, quando o movimento de seus navios foi
obstaculizado por dois motivos: o primeiro é que o Panamá estava conduzindo
um programa que estava retirando do seu registro os navios que não tinham pago
suas taxas há mais de cinco anos; e o segundo foi devido aos problemas políticos
que ocorreram durante os meses de novembro e dezembro de 1989, e suas
implicações.

4. Procedimentos para o Registro Panamenho

o procedimento para registrar um navio na bandeira panamenha é simples.


Para o Registro Provisional, deverá ser feito requerimento diretamente à DGCN
ou através dos Consulados Privativos da Marinha Mercante do Panamá,
submetendo as informações relevantes do navio com as taxas apropriadas.

o processo do registro inicia-se com o pedido de Registro Provisional por


parte do representante legal do proprietário, devidamente autorizado. Os dados e
os documentos necessários para o registro são: a solicitação de um número
oficial e o de código de chamada; o da licença de rádio; credenciamento de um
advogado no Panamá para atuar em nome do requerente; documento de venda ou
certificado de construção do navio; certificado de cancelamento do registro
anterior e prova do seguro contra a poluição do meio ambiente.

Com o objetivo de obter o máximo beneficio da sua posição geográfica, do


seus importantes recursos naturais e do seu enorme potencial para desenvolver-se
como uma nação marítima, a República do Panamá adotou uma política de
promoção e de proteção para os investimentos produtivos no país.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 85

A legislação panamenha garante incentivos aos investimentos,


especialmente àqueles que se destinam aos empreendimentos industriais, seja por
nacionais ou estrangeiros ou joint ventures, com ou sem participação do
Governo. Os proprietários de navios são também incentivados a participar neste
tipo de empreendimento.

Em função dos problemas políticos, sociais e econômicos que surgiram em


1988-1989, com o anúncio das sanções impostas pelo governo dos EUA, que
proibiam as embarcações com bandeira panamenha de ancorar nos portos
daquele país, houve uma mudança radical, pois trouxe como conseqüência que
aproximadamente umas mil embarcações cancelaram seus registros, resultando
assim num declínio no número de navios e de tonelagem. Atualmente, o Registro
Panamenho tem-se recuperado e tem superado todas as expectativas, ao atingir o
primeiro lugar em número de navios e de tonelagem a nível mundial. (ver Tabela
No 15)

Tabela N° 15
TRÂNSITO PELO CANAL DO PANAMÁ
POR BANDEIRA DE CONVENIÊNCIA 1994
PAIS NUMERO DE TONELADAS PEDAGIO
TRANSITO LARGAS (MILHARES DE US$)
PANAMA 2.214 23.593,6 69.129,7
LIBERIA 1.486 24.891,4 60.464,4
BAHAMAS 1.104 9.640,3 30.503,7
GRECIA 863 20.529,2 31.969,1
CHIPRE 783 11.919,7 21.658,0
NORUEGA 507 22.154,7 10.045,7
EUA 402 3.686,0 10.091,5
MALTA 340 8.484,6 14.302,7
ALEMANHA 327 5.353,2 9.570,1
DINAMARCA 263 2.937,7 10.073,9
JAPAO 263 3.946,2 12.424,9
A. LATINA 235 858,3 11.081 4
OUTROS 3.550 40.543,5 125.488,0
TOTAL 12.337 178.538,4 416.803,1
Fonte: Panama Canal COffilsslOn, 1994
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 86

5. PETROTERMINALES DE PANAMÁ (PTP)

1. Antecedentes

Na metade da década dos setenta, com o início da produção de petróleo no


Alasca e a conclusão do oleoduto que uniria os poços de petróleo de Prudhoe
Bay com o terminal de Porto Vai dez no oceano Pacífico, começaram as origens
de Petroterminales de Panamá (PTP).

Os EUA proibiram, em 1969, a exportação de petróleo cru do Alasca para


fora dos Estados Unidos, por considerá-lo reserva estratégica aos objetivos de
segurança do país.

Em 1977, diversas companhias petroleiras aproximaram-se das autoridades


panamenhas, para propor a realização de operações de transporte de petróleo cnl,
com capacidade para poder receber os grandes cargueiros de petróleo que viriam
de Porto Valdez e transferir o petróleo de uma forma segura a navios de menor
porte que transitariam pelo Canal. As autoridades panamenhas, cientes de que a
proposta traria maiores benefícios à República do Panamá, já que isto significaria
a construção de um terminal de petróleo com todas as facilidades modernas e a
contratação de mão de obra panamenha que o operaria, aceitaram a proposta e
iniciaram-se as negociações sobre as condições sob as quais operaria a nova
empresa.

Finalmente, em meados de 1977, chegou-se a um acordo entre os novos


sócios para a organização de Petroterminales de Panamá, cujo objetivo seria o de
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 87

constmir e operar um terminal de petróleo na Bahia de Charco Azul, na costa do


Pacífico e outro em Chiriquí Grande no Atlântico.

Através de um contrato entre a firma amencana Northville Terminal


Corporation (NTC) e a Corporação Financeira Nacional (COFINA), um
organismo oficial de promoção, financiamento, assessoria, e desenvolvimento
econômico do Panamá, foi regulada a organização e operacionalização da nova
empresa, aprovada pela Lei N° 30, de setembro de 1977.

Nasce aSSIm, a Petroterminales de Panamá, como uma empresa mista,


constituída por NTC e COFINA, que representava os interesses do Governo que
nela obteve 25% das ações. A Junta Diretiva da empresa ficou constituída por
seis membros representantes dos acionistas americanos e quatro do governo do
Panamá.

o Terminal de Charco azul iniciou suas operações em 10 de abril de 1979,


um ano depois de ter-se iniciado sua constmção. Nos anos de 1979-1980, o
terminal operou de maneira satisfatória e conseguiu cancelar a dívida contraída
com os bancos e ganhar a confiança dos usuários, demostrando capacidade
técnica e administrativa nas operações. a Petroterminales de Panamá estava,
então, pronta para iniciar uma nova etapa: o "OLEODUTO TRANSÍSTMICO ".

Assim, em outubro de 1980, a República do Panamá e a Northville


iniciaram negociações com relação à constmção de um Oleoduto Transístmico
integrado com as facilidades de transporte existentes.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 88

o resultado das negociações foi um acordo, mediante o qual o Governo


Nacional autorizava a construção do Oleoduto através do istmo, outorgava ainda
o direito de via correspondente e autorizava a operacionalização do Oleoduto.

Em troca, o Governo aumentava sua participação acionaria de 25% para


400/0, sendo que também foi acordado que o Estado cobraria dos usuários uma
taxa de 0,05 centavos de dólar americano por barril transportado, que logo foi
incrementado parê 0,10 centavos.

Por sua parte a Petroterminales de Panamá se comprometeu a dar US$ 17,0


milhões para a construção da estrada que liga as províncias por onde atravessa o
Oleoduto do Pacífico ao Atlântico.

Finalmente, o Governo Nacional assumiria a propriedade total da empresa


ao finalizar o período do contrato da associação em junho de 1999. Esses acordos
foram aprovados pela Lei N o 14, de 02 de julho de 1981.

A empresa norte-americana Morrison Knudsen International, com vasta


experiência no desenho e construção deste tipo de obras, iniciou imediatamente a
construção do Oleoduto. Quinze meses depois foi terminado e iniciou operações
em outubro de 1982. Desde então, vem sendo trabalhado sem interrupções.

Em 22 de abril de 1987, carregou-se em Chiriquí Grande para a Standard


Oil of Ohio (Sohio) o bilhonésimo barril a bordo do "Overseas New York". Em
finais de setembro de 1991, tinham-se transportado mais de 1.600. Milhões de
barris de petróleo nao refinado.
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 89

o Terminal de Petróleo de Charco Azul no Pacífico é exclusivamente


dedicado ao desembarque de petróleo não refinado procedente do Alasca. Consta
de três ancoradouros petroleiros com capacidade de atender navios que possuam
uma calado máximo de 65 pés. A velocidade do transporte de petróleo cru é na
razão de 100.000 barris por minuto.

N o ano de 1991 foram atendidos 64 navios, sendo a grande maioria de


bandeira norte - americana que transportaram em média 1.299.694 barris de
petróleo. 84% do total dos navios atendidos, registraram 80 mil toneladas de
registro bruto (TRB)

Já o terminal de petróleo de Chiriquí Grande no Atlântico, é um porto que


consta de duas mono - bóias onde ancoram os navios para realizar as operações.
Possui tanques de lastre, para facilitar a entrada dos navios no espaço delimitado
para a carga e para prevenir a contaminação, além de tanques eSpeCIaiS para o
descarregamento e armazenamento do petróleo não refinado.

Neste terminal se atendem navios petroleiros de menor dimensão que os


atendidos no terminal de Charco Azul e os 188 navios despachados no ano de
1991, deram em média, 448.989 barris de petróleo cru mobilizados.

Da mesma forma que no outro terminal, do Oleoduto Transistmico


registrou-se uma redução do volume de carga mobilizada, confirmando as
estatísticas mostradas na tabela 16.
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 90

2. Operacionalização do Oleoduto

No início, a Petrotenninales de Panamá subscreveu contratos para a


utilização do Oleoduto com os três maiores produtores de petróleo não refinado
do Alasca: a Standard Oil of Ohio (Sohio), hoje BP America, Exxon Corporation
e Atlantic Richfield Company. No entanto, o Oleoduto tem sido utilizado pela
Sohio e Exxon a uma taxa mais elevada que o mínimo contratado.

Em 1983, no pnmelro ano de operações, se registrou o maior volume


transportado até a data, uma média de 680.000 barris por dia (BPD). Desde
então, a média de volume de petróleo manipulado e a projeção para 1995 são:

Tabela N° 16
MÉDIA DE VOLUME DE PETRÓLEO TRANSPORTADO (BPD) 1983-1995 (E)

MILHOES DE BARRISIDIA
ANO
MÉDIA DIÁRIA

1983 680
1984 573
1985 628
1986 564
1987 597
1988 486
1989 319
1990 254
1991 232
1992 171
1993 84
1994 77
1995(e) 64
Fonte: Petrotennmales de Panama
(e) projetado para 1995.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 91

Como se observa, a partir de 1988, há uma redução drástica nos volumes


transportados pelo Oleoduto Transístmico. Essa queda atribui-se a vários fatores,
entre os quais podemos mencionar: a diminuição dos níveis de produção dos
poços do Alasca; o incremento nonnal no consumo da costa oeste dos EUA; a
abertura de um novo oleoduto desde a Califórnia até o Texas, que transporta
cerca de 100.000 barris diários entre petróleo do Alasca e da Califórnia,
aumentando assim, a demanda de petróleo cru do Alasca na região.

Esses volumes parcialmente foram compensados pela utilização do


Oleoduto pela Amerrada Hess Corporation, o mais novo usuário que, a partir de
1988, transportava petróleo não refinado a sua refinaria nas Ilhas Virgens,
deixando de transportá-lo pelo cabo de Hornos.

É muito difícil predizer os volumes futuros de operação para o Oleoduto


Transístmico, devido à grande quantidade de variáveis que têm incidência direta
sobre a atividade, no entanto, em função da crise do Golfo Pérsico em fins de
1990, o petróleo não refinado teve renovada importância estratégica para os
EUA. As autoridades norte-americanas motivaram as companhias petroleiras
aumentar seus níveis de produção nacional para diminuir sua dependência das
importações do exterior. Assim, incrementaram-se os orçamentos de exploração
das companhias e a utilização de técnicas para aumentar a produtividade dos
poços existentes no Alasca.

As projeções para 1995 baseiam-se nas médias entre os estimados


mínimos e máximos dados por consultores externos, que sustentam suas cifras
baseados nos acontecimentos que se desenvolvem na costa oeste dos EUA tais
como: a abertura recente do poço de "Point Arguello" na Califórnia, a entrada em
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 92

operação de uma planta de tratamento de gás natural no Alasca, a que


incrementará a produtividade dos poços, a tecnologia de fracionamento de rochas
que se utilizam para o mesmo propósito e os novos descobrimentos e projetos de
exploração aprovados.

3. CONTRIBUIÇÕES DO PTP À ECONOMIA NACIONAL

A Petroterminales do Panamá gera cerca de 200 empregos diretos e mais


outros 200 indiretos. A grande maioria dos funcionários da empresa trabalha na
sede, sendo que seis estão no seu escritório na cidade do Panamá.

Entre os empregos indiretos que gera, podemos mencionar: fornecimento


de alimentos e serviços ao pessoal de campo, operação de rebocadores pintura e
manutenção dos tanques de petróleo cru, transporte do pessoal da PTP para as
áreas de trabalho.

As compras locais de bens e serviços totalizaram aproximadamente US$


10 milhões durante o ano de 1994. A empresa contribui com mais 1,5 milhões
aos municípios por onde atravessa o Oleoduto em conceito de impostos
mUnICIpaiS.

A empresa também treina e capacita um grande número de trabalhadores


panamenhos para a operacionalização e manutenção do Oleoduto e dos terminais
e suas instalações e obras adjacentes. De forma que a PTP, com estas
contribuições não financeiras, ajuda, dando um importante suporte ao
desenvolvimento industrial da região ocidental do país.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 93

A PTP, como empresa, tem-se desenvolvido e contribuído de forma


positiva com a economia nacional, devido à administração eficiente dos seus
recursos e à constante capacitação técnica do seu pessoal. Cabe mencionar que o
conceito de Empresa Mista, desenvolvido pela primeira vez no país, mostrou ser
um "modus operandi" eficiente para administrar recursos de grande valor para a
nação.

Esta forme' de organização tem funcionado eficientemente e tem


demonstrado que foi uma boa decisão do Governo designar uma empresa
estrangeira experimentada para que dirigir e supervisionar o projeto.

É importante ressaltar e reconhecer que não houve nenhuma interferência


do Estado no desenvolvimento das atividades internas da Empresa. A PTP tem
recebido trato igual ao dado a qualquer outra empresa privada, sem privilégios
nem restrições.

Através dessa empresa, fica demonstrado que, quando se juntam a


tecnologia e o capital de investimentos estrangeiros com a qualidade do
profissional panamenho, podem-se realizar grandes obras. O Governo soube
ocupar seu lugar nesse projeto e colher grandes benefícios para a Nação.

A PTP está construindo um porto de grande calado e reabilitando noventa


quilômetros de estrada que unem o porto à estrada interamericana, a um custo de
25 milhões de dólares americanos. O porto será utilizado para a exportação e
importação de produtos agrícolas desde o interior do país e beneficiará,
principalmente produtores agropecuários das províncias do ocidente da capital,
que poderão exportar seus produtos por essa via.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 94

CAPÍTULO V

FUNDAMENTOS DA POLÍTICA DO GOVERNO PARA A


INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO-AMERICANO
DE SERVIÇOS

Neste capítulo da dissertação, nossa intenção é a de examinar as medidas


que foram adotadas pelo Governo do Panamá, na década dos anos noventa, para
estimular a inserção do país no mercado internacional de serviços. Com este
propósito, o trabalho foi divido em três partes: a primeira inclui uma sustentação
dos principais conceitos que se utilizaram quanto à teoria das políticas públicas.
Estas formulaçõe:, constituem o marco de referência para a análise da política do
governo panamenho e estão constituídas basicamente pelas formulações de
Mintzber, utilizadas por Monteiro Viana.

A segunda parte compreende uma avaliação dos aspectos externos e


intenlOs que influenciaram o comportamento da economia do país no período
anterior à formulação da política e também das grandes tendências mundiais e as
perspectivas visualizadas pelo Governo. Analisam-se da mesma forma os
principais propósitos almejados pelas autoridades econômicas para a formulação
do programa de governo, assim como estes elementos determinaram o clima no
qual a política vai ser implementada e são peças fundamentais para a elaboração
do diagnóstico. Na terceira e última parte, apresenta-se e analisa-se a política do
Governo como tal, examinando, de forma detalhada, seus objetivos, estratégias e
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 95

programas, particulannente quanto à política comercial, de investimentos,


financeira e fiscal.

1. Conceitos Teóricos das Políticas Públicas

Ao pretender analisar a gestão de políticas públicas, é útil explicar e definir


o que é política. Segundo Dror (1968), a fonnulação e gestão de políticas
públicas (public policymaking) é um processo dinâmico, complexo, que envolve
vários componentes, que contribuem de fonna diferente sobre a adoção de
diretrizes gerais, e visam à ação direcionada para o futuro. A responsabilidade é
predominantemente dos órgãos governamentais, os quais atuam almejando
fonnalmente o alcance do interesse público pelos melhores meios possíveis.

Da definição deste autor, podemos concluir que as políticas públicas


devem ser interpretadas como: respostas a problemas da sociedade; conduta ou
situação consistente e continuada por parte daqueles que as fonnulam e por
aqueles que são afetados pelas políticas públicas e uma série de decisões, mais
ou menos relacionadas, que devem procurar resolver os problemas
diagnosticados.

Segundo Flisfisch (1991), uma teoria de políticas públicas pode apresentar-


se em dois sentidos básicos bem diferentes. Por um lado, consistiria em analisar a
construção intelectual que justifica uma detenninada política em "tennos
intrínsecos". E um segundo enfoque explica o porque a adoção e o impacto de
uma certa política está condicionada por fatores exógenos. Isto é, é importante
definir quais são as dimensões de natureza intelectual, técnica, política, social e
econômica etc. que devem estar contidas em uma teoria de políticas públicas.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 96

É importante observar também que uma teoria de políticas públicas, como


construção razoavelmente articulada e completa, não se encontra disponível
ainda; o que existe são teorizações parciais, caracterizadas por um acentuado
unilateralismo. Pelo exposto anteriormente, uma forma alternativa de abordar
este tema é apresentar uma visão eclética dos problemas, caracterizado por uma
apreciação ampla e multidisciplinar, abrangendo um alto grau de
complementaridade.

Segundo Monteiro (1982) "Embora as ciências sociais proporcionem uma


gama de esquemas aplicáveis à análise de políticas públicas, a tipologia utilizada
no planejamento estratégico empresarial" é a que melhor parece adequar-se ao
contexto de política pública. A técnica aqui adotada define de forma arbitrária
diferentes níveis de agregação das ações previstas pelo governo na interação e
orientação da economia.

Esta técnica permite estabelecer as relações de subordinação entre as


diferentes ações propostas e fornecem a base para um primeiro delineamento da
política a ser analisada. Assim, o autor define cinco categorias básicas, que se
relacionam de maneira hierárquica, na definição de uma política pública:
missões, objetivos, políticas, estratégias e programas:

o Missão: é o nível mais amplo da política onde se estabelece "a razão


última para que o governo constitua a política". É o conjunto de "regras
maiores" que norteiam a intervenção do Estado na economia.

f) Objetivos: são os resultados ou metas desejadas. É o nível que designa


os cenários em que se pretende induzir a ação do governo.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 97

f) Políticas: esta categoria contém as grandes linhas de ação para a


promoção dos objetivos enunciados. Define-se aqui os instrumentos,
através dos quais se busca a articulação dos níveis de agregação
anteriores com os demais, subsidiários.

o Estratégias: são as principais linhas de ação específicas para a


promoção dos objetivos e viabilização das políticas. Os parâmetros aqui
incluídos, assim como as políticas, concorrem para a promoção dos
objetivos estabelecidos.

o Programas: trata do conjunto de ações que viabilizam as políticas e


estratégias adotadas. Nesta categoria, definem-se os "procedimentos
gerais da organização, em resposta a um tipo particular de estímulos".

Finalmente, segundo Monteiro (1982), "a política é um output do processo


decisório inter-organizacional. É dinâmico, multiracional, não obrigatoriamente
linear e sujeito a constantes modificações, tensões e retrocessos, decorrentes de
fatores endógenos e exógenos."
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 98

2. Avaliação da Política do Governo

1. Diagnóstico

De fonna geral, para a fonnulação de uma política pública, o estágio de


sua identificação, nos tennos de Mintzberg, é de grande importância, pois desta
dependerá a realização de um bom diagnóstico, a identificação do clima no qual
o país está inserido, assim como também o reconhecimento das oportunidades
que a conjuntura lhe está proporcionando.

No caso do Panamá, a primeira observação das autoridades com relação ao


seu fato, foi a de se conscientizar de que para que o país conquiste
verdadeiramente o mercado internacional, deverá se preparar para concorrer com
os países desenvc lvidos. Para os países de escassos recursos financeiros, como é
o caso do Panamá, a saída mais eficiente é a de promover uma mobilização
importante de recursos locais e internacionais para as atividades produtivas.

Paralelamente, desde 1990, as autoridades, pensavam em desenvolver um


programa econômico geral, através do qual se estabeleceriam medidas que
tinham em vista alcançar um desenvolvimento auto-sustentado do país e sua
inserção no mercado internacional. O programa deveria estabelecer guias e
diretrizes nos diferentes setores da economia.

Considerava-se que a conquista e a consolidação de novos mercados


atrairia novos investimentos, que gerariam mais empregos, ampliariam a
concorrência, aumentariam o acesso dos consumidores a produtos de maior
qualidade. Através da inserção internacional, se abririam os caminhos para a
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 99

absorção de tecnologia e a orientação dos recursos produtivos a atividades de alto


rendimento.

De fonna complementar, as autoridades perceberam a importância de


assegurar um suporte adequado para a realização do programa. O governo
achava indispensável lograr a confiança, credibilidade e aceitação do programa e
da política econômica, isto é, o aval da opinião de todos os agentes econômicos e
da comunidade financeira internacional.

Um programa aceito e negociado com as instituições financeiras


internacionais abriria o caminho para o investimento internacional e o apoio
financeiro por parte dos outros governos. À luz dessa idéia, as autoridades
solicitaram a assistência técnica de organismos, como o Banco Inter-americano
de Desenvolvimento (BID), que assumiu a responsabilidade de avaliar e
qualificar os programas econômicos dos diferentes países, a fim de garantir ajuda
financeira através de empréstimos estruturais ou de modernização.

A comunidade financeira internacional considera a existência de um


programa de estabilização financeira "stand by" com o Fundo Monetário
Internacional e em programas de refonna estruturais com o Banco Mundial,
como uma pré-~ondição para investir. Se não se tivesse estes acordos, os
investidores teriam dúvidas sobre a capacidade do país para alcançar um
crescimento auto-sustentado e para se inserir no mercado internacional. Nestes
casos, os investidores atribuem um maior risco ao país e induz-se os
investimentos para outros países tidos como de menor risco.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 100
---_._--

Nesse clima, a instalação de empresas transnacionais pode contribuir a


fomentar o crescimento dos setores econômicos de interesse, que, no caso do
Panamá é o desenvolvimento das atividades de serviços. No entanto, a solidez da
posição no mercado internacional estará determinada em geral pelo nível de
qualificação da população e pela sua capacidade para participar no processo
permanente de inovação tecnológica.

Em termos maIS específicos, o Governo considera que a solidez


mencionada depende da existência e do progresso de empresas nacionais capazes
de concorrer sozinhas ou com ajuda de capital estrangeiro com as empresas que
abastecem os mercados internacionais. Ao permitir incorporar novas gerações de
equipamentos, produtos e serviços, o crescimento econômico contribui para
elevar a produtividade e a competitividade internacional. Isto constitui, por sua
vez, uma condição necessária para alcançar uma maior participação no comércio
internacional. Além dos propósitos e orientações que as autoridades se
propuseram desenvolver, a ambiência interna e externa na qual o Panamá está
inserida foi determinante na definição da nova política de investimento que
contribuiria para a consolidação do país no mercado internacional de serviços.

2. Estratégias

De forma geral, a colocação em andamento de uma estratégia econômica


parte da base da realização de um bom diagnóstico. A partir daí devem
administrar-se certas classes de instrumentos, que afetam e definem o
comportamento das variáveis econômicas.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 101

De maneira particular, quanto à política para a inserção do Panamá no


mercado internacional, as regulamentações quanto a investimentos, assim como
as que definem as condições de trabalho, os custos dos insumos nacionais e
importados, detenninados pela capacidade produtiva do país, os instrumentos
fiscais, monetários e creditícios, que estão em capacidade de assumir um perfil
inflacionário sadio e a segurança nacional, podem afetar e definir o rumo da
política.

A idéia de converter o Panamá num verdadeiro centro de comércio mundial


somente poderá ser viável a partir da realização de algum progresso técnico e de
inovação, de modo a manter a qualidade dos bens e serviços exportados. Isto
supõe, por sua vez, elevar de fonna sustentada a qualificação da força de trabalho
e fortalecer a base empresarial interna, incluídas as diversas possibilidades e
modalidades de vinculação com as fontes de investimentos estrangeiros.

A partir dos problemas e limitações já identificados e dos objetivos


planejados, o Governo resolveu desenhar um conjunto de estratégias que
constituem os fundamentos do programa de inserção do país no mercado latino-
amencano de servIços. Tais estratégias estão direcionadas para o
desenvolvimento da capacidade produtiva e de novos serviços, implementação de
estímulos fiscais e financeiros, modernização do estado, internacionalização da
economia e fortéciecimento das relações internacionais. Especificamente, a
política em pauta inclui a implementação de um conjunto de programas, que
constituem a operacionalização do programa do Governo e que analisaremos nas
próximas páginas.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LA TINO AMERICANO DE SERVIÇOS 102

A. Programa de Desenvolvimento da Capacidade Produtiva

Dentro da estratégia planejada para o desenvolvimento da capacidade


produtiva e de novos serviços, o Governo estimulou a modernização da infra -
estrutura física na Zona Livre de Colón, nas Zonas Multi - Setoriais, nas Zonas
Processadoras de Exportação, no Teleporto e em Programas de Investimentos,
como veremos a segUIr:

1. Programa de Modernização da Infra-Estrutura Física

1. Zona Livre de Colón

Criada para servir como "vitrine comercial" do mundo, possui capacidade


e infra-estrutura para realizar operações de importação, annazenamento,
processamento, montagem, e reexportação de mercadorias, sem estar sujeitas às
formalidades alfandegárias. Tem-se acesso por terra, mar e ar.

Para atrair novos investimentos naCIOnaiS e estrangeiros, planejou-se


adiantar um programa de modernização da Zona Livre de Colón, através do
estímulo aos investimentos nas constnlções de depósitos ou edifícios. Os artigos
que se exportem do Panamá para os Estados Unidos recebem um tratamento de
isenção de impostos durante doze anos. Mercadorias também podem ser
importadas do Panamá para sua reexportação, agregando um mínimo de 35% de
valor e as transformando em outro artigo diferente do originalmente importado.

O programa de aperfeiçoamento compreende a ampliação de serviços de


telecomunicações, sua sistematização e informatização e também melhorar a
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 103

infra-estrutura de transportes, constituída por 11 aeroportos, 8.665 quilômetros de


estradas, 15 portos e 26 agências marítimas que permitem o trânsito de
aproximadamente 12.000 navios por ano.

2 Zonas Multi - Setoriais

o dinamismo do comércio internacional e a melhor utilização das


vantagens comparativas do Panamá são condições que favorecem o
estabelecimento de zonas multi - setoriais para a exportação.

Consciente desta realidade, o governo, por melO da lei estabeleceu um


conjunto de incentivos fiscais e trabalhistas para estimular os investimentos
nessas áreas de serviços.

Essas zonas foram criadas, fundamentalmente, para: promover as


exportações não tradicionais; competir com outras áreas especializadas;
aproveitar os benefícios da iniciativa da Cuenca deI Caribe e o potencial do
mercado norte-americano.

Com o intuito de aumentar sua competitividade frente a outras zonas


estabelecidas em Costa Rica, Jamaica, Honduras, República Dominicana e
Guatemala, foram feitas modificações em sua base legal, nos seguintes aspectos:
administração das zonas; direitos e deveres dos promotores; estabelecimento de
serviços e alta tecnologia; flexibilização das normas de migração para
investidores; introdução de incentivos fiscais e trabalhistas para sua promoção.
(World Trade Center - Panama)
A POLÍTICA DE INSTIRÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 104

3 Zonas Processadoras de Exportação de Bens e Serviços (Zep's)

As Zep's são Zonas francas e de livres empresas, onde se encontra toda a


infra-estrutura, instalações, edifícios, sistemas e serviços de suporte e facilidades
de alta tecnologia destinados a atrair o investimento estrangeiro. Esses
estabelecimentos visam a facilitar as operações de processamento de bens e
serviços para a exportação, assim como a organização operativa e a gestão
administrativa necessária, para que se estabeleçam empresas de todas as partes
do mundo.

o governo aprovou um regime integral simplificado para o funcionamento


eficiente das Zep' s, que incluía, entre outros, os seguintes aspectos: estruturação
das zonas em três tipos: (estatais, privadas e mistas); delimitação das
responsabilidades dos promotores e operadores; redução da tramitação do tempo
de aprovação de solicitações de instalação de Zep's; ampliação do alcance das
atividades autorizadas a desenvolver-se, para tomá-las mais competitivas;
inclusão de um regime fiscal para atrair o investimento estrangeiro;

4 Teleporto

o Teleporto Panamá está localizado nas proximidades do aeroporto


internacional e do centro financeiro, industrial e comercial da cidade do Panamá.
Seu papel é facilitar os processos de tomada de decisões e o aumento da
produtividade das empresas localizadas nos Zep's, já que estes constituem
elementos indispelsáveis para o desenvolvimento e a eficiência das empresas
comerciais, de serviços industriais e turísticos.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 105

o Teleporto Panamá oferece a todas as empresas que se estabelecem em


seus prédios todos os serviços que lhes sejam necessários para garantir sua
competitividade nos mercados de exportações de bens e serviços. Isto inclui
desde os trâmites de estabelecimento da empresa, de migração do pessoal
estrangeiro, até os trâmites e procedimentos finais da atividade de exportação.

o projeto divide a área segundo o tipo de atividade a desenvolver, da


seguinte forma: depósitos e plantas de montagem, serviços de alta tecnologia,
indústrias de biotecnologia, laboratórios de pesquisas científicas, administração
central e serviços de exportação, plantas de tratamento de águas, reciclagem do
lixo e geração de energia elétrica. Serviços de promoção de investimentos,
organização de joint ventures, enlace de investidores e promotores de projetos.
Bolsa de Valores Internacional, computadorizada e especializada em venture de
capitais.

o Teleporto Panamá destina-se a toda empresa ou instituição nacional ou


estrangeira que busque estabelecer-se em um lugar estratégico para dedicar-se a
produzir e/ou processar bens e serviços destinados ao mercado mundial.

o objetivo fundamental do mercado são as empresas estrangeiras, cUJO


interesse em reduzir seus custos de operações, melhorar suas condições de
competitividade, aproximar-se dos mercados aos quais estão dirigidos seus
produtos, evitar as barreiras comerciais e, por conseguinte, maximizar suas
oportunidades de lucro, o induz a estabelecer operações em lugares localizados
estrategicamente que, ao mesmo tempo, disponham de todas as facilidades e
serviços requeridos, e sejam considerados paraísos fiscais.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 106

Outro objetivo importante do mercado são as empresas, principalmente de


países industrializados, que buscam melhortlr sua eficiência administrativa e ao
mesmo tempo reduzir seus custos, no âmbito de suas operações mediante a
aplicação do conceito de "Office Sharing". Este conceito implica em transferir
total ou parcialmente a outro lugar, dentro ou fora do seu país de origem,
departamentos, seções ou atividades de ordem administrativa, tais como:
processamento de pedidos, faturamento, arquivos, bases de dados, promoção,
tramitação de reclamações, contabilidad~ etc.

A principal fonte geradora de emprego será o conjunto de empresas que se


estabeleçam na zona para realizar diretamente atividades de processamento de
exportações. Por outra parte, a administração, operação e manutenção da zona
constituíram igualmente um fator gerador de empregos, ainda que em menor
grau.

5. Programa de Investimentos

Em termos geraiS, o objetivo principal do Programa de Investimentos


como instrumento da política de inserção do Panamá no mercado internacional
de serviços é basicamente promover um clima adequado aos investimentos e
estimular sua realização através da modernização dos instrumentos já existentes e
da criação de outros novos. Essa política faz parte do programa geral do governo,
que pretende criar os instrumentos para aumentar a produtividade e a
competitividade do sistema econômico em geral e assim estabelecer as bases
adequadas para o crescimento e a verdadeira inserção do Panamá no mercado
internacional.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 107

A partir da construção destas primeiras condições, espera-se alcançar


outros objetivos delas derivados, como: facilitar a absorção de tecnologia e a
orientação dos recursos produtivos a atividades de alto rendimento; criar
oportunidades de bem estar para a nação e conquistar o desenvolvimento auto-
sustentado do país; converter o Panamá em fornecedor principal do mercado
latino-americano de serviços; melhorar a qualidade de vida do país, através de
uma maior disponibilidade de entrada de recursos; oferecer melhor educação,
uma vida cultural rica, melhores níveis de nutrição e de saúde, redução do grau
de pobreza, a obtenção de um melhor ambiente, com igualdade de oportunidades
e ampla liberdade para o indivíduo; fazer do comércio exterior um motor
propulsor de desenvolvimento; e modernizar a infra-estrutura de serviços para
sua produção interna e externa.

Uma avaF 1ção histórica do comportamento dessa variável demonstra que


em matéria de investimentos o Panamá tem-se destacado diante dos países da
região da América Latina e do Caribe. Investidores dos EUA, Canadá, Europa e
Ásia têm contribuído para o crescimento dos investimentos no país, estimulados
pela privilegiada localização, a excelente dotação de serviços de saúde,
educação e facilidades recreativas, a atitude governamental aberta para permitir a
instalação livre de empresas, as perspectivas econômicas promissoras do país e a
facilidade de circulação do dólar norte-americano como moeda de curso legal no
país.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS l08

TABELA NO 17

AMÉRICA LA TINA: COEFICIENTE DE INVESTIMENTOS


(Porcentagem do Investimento Bruto Fixo no PIBf

1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988b 1989 b
América Latina 22.7 22.5 20.0 16.6 15.9 16.2 16.8 16.8 16.5 16.4
Argentina 22.2 19.6 15.1 14.0 12.4 1l.5 11.8 13.2 11.7 9.9
Bolívia 14.2 13.8 10.2 1l.0 10.4 9.5 9.5 9.5 9.6 10.1
Brasil 22.9 2l.0 19.5 16.9 16.2 16.7 19.0 18.3 17.6 17.7
Colômbia 16.8 17.4 17.8 17.6 17.2 15.7 15.8 14.9 15.3 14.9
Costa Rica 23.9 18.4 14.3 15.1 17.7 18.5 19.0 20.4 18.7 18.6
Chile 16.6 18.5 14.0 12.0 12.3 13.8 14.1 15.5 16.0 17.2
Equador 23.6 2l.1 2l.0 15.7 14.3 14.6 14.5 17.0 13.8 12.9
El Salvador 13.6 13.2 12.6 1l.6 1l.6 12.6 13.4 14.3 13.9 13.8
Guatemala 16.4 17.5 16.2 12.0 10.9 10.3 10.7 1l.9 12.9 14.2
Haiti 16.9 20.4 18.2 18.3 18.8 20.7 20.3 19.9 18.9 19.6
Honduras 24.2 18.6 15.6 17.9 20.9 20.0 16.5 14.8 15.6 15.5
México 24.8 26.5 22.2 16.6 17.0 17.9 16.4 16.1 16.9 17.8
Nicarágua 14.6 22.2 18.0 18.0 18.7 19.8 18.7 19.1 20.9 18.6
Panamá 24.3 27.3 26.3 20.4 19.0 19.4 20.6 20.2 10.6 10.4
Paraguai 27.2 29.5 24.3 20.6 20.1 19.4 20.0 20.4 19.8 19.8
Peru 23.5 26.1 25.5 20.5 18.4 16.1 17.7 18.9 18.0 ......
República 23.6 20.8 17.8 19.7 19.8 18.9 20.4 26.3 28.3 ......
Dominicana
Uruguai 16.7 16.0 15.1 10.8 9.5 7.3 7.6 8.6 8.9 9.0
Venezuela 25.2 26.3 25.6 19.9 16.4 17.1 18.4 17.8 17.9 14.58
..
Fonte: Cepal, sobre a base de CIfras oficuus
a O investimento bruto fixo equivale ao investimento interno bruto
menos a acumulação de estoques preliminares.
b Cifras Provisionais

Além das considerações antes mencionadas, o governo panamenho tem


oferecido uma série de benefícios e incentivos financeiros para a agro-indústria,
indústria, turismo e para o setor manufatureiro, ao permitir a repatriação de 100%
dos lucros obtidos a partir dessas atividades, quando vindas das zonas
processadoras de exportações. (World Trade Center - Panama, 1993).
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 109

Paralelamente, o desenvolvimento do setor financeiro e bancário, que levou o


Panamá a se constituir no segundo centro financeim internacional das Américas,
depois de New York, tem-se constihlÍdo, também, em atrativo importante para a
localização de investimentos externos no país.

Estas observações podem ser confirmadas, se exammannos as cifras da


tabela antes citada, na qual é possível observar que a percentagem do
investimento bnlto fixo no PIB do Panamá se coloca acima da média do total da
América Latina, durante quase toda a década dos anos oitenta. Foi assim até o
final desses dez anos, quando fatores de natureza política quebraram a tendência.

A queda nos níveis de investimento do Panamá nos primórdios da década


dos anos noventa e, de forma geral, no comportamento econômico global,
fizeram com que o governo ficasse ciente de que, para conseguir um nível de
desenvolvimento integral, teria de ir além da modernização do seu sistema
econômico, desenvolver plenamente sua capacidade produtiva nacional, por mei'1
da transformação profunda das estruturas herdadas. Pensou que, para ter êxito no
desenvolvimento do país, era necessário atrair investimentos locais e
estrangeiros, a fim de assegurar a infra-estrutura necessária para converter o
Panamá no principal fornecedor de serviços no mercado latino-americano.

Como o indica a CEPAL, a transformação produtiva da economia regional


pode beneficiar-se do aumento do investimento estrangeiro direto nos setores
portadores de mudanças técnicas e, em especial, os geradores de exportações.
Também oferece a possibilidade de tentar novas fonnas de associação entre o
capital nacional e o estrangeiro.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 110

o desafio das transfonnações produtivas requer uma elevação substancial


da taxa de investimentos, que por sua vez, supõe um aumento concomitante de
suas fontes de financiamento, isto é, um incremento importante das poupanças.

Particulanüente, o programa de investimentos públicos compreende a


destinação de dinheiro público para a realização de obras de ampliação e
remodelação de infra-estrutura no setor de educação e saúde, construção e
reabilitação da infra-estnltura rodoviária, tanto urhana como rural, investimentos
em hidroelétricas, construção de soluções de vivendas nas cidades de Panamá e
Colón e alocação de recursos para desenvolver um programa de crédito para
pequenas e micro empresas e cooperativas. Para a realização destes programas
conta-se com financiamento de organismos internacionais de crédito e aportes
estatais.

B. O Programa de Estímulos Fiscais

o governo decidiu estimular investimentos estrangeiros oferecendo


numerosos beneficios, através de isenções de impostos, facilidades de instalações
na Zona Livre de Colón, flexibilidade para a operação de negócios
internacionais. Os incentivos atingem investimentos em companhias que se
dedicam a produzir para a exportação, para consumo nacional, as que estão
localizadas nos polos de desenvolvimento e as companhias dedicadas a
operações de montagem unicamente para exportação. Estes incentivos são
favoráveis à indústria manufature ira, exportações, turismo, agricultura e para as
operações comerciais da Zona Livre, como as que a seguir se mencionam:
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SER.VIÇOS 111

Os investimentos em transfonnações ou ensamblaje de matérias primas e


produtos semi - processados em produtos acabados, como também as
transfonnações de produtos agrícolas, marinhos ou florestais são isentos do
pagamento de impostos; para instalação de novas empresas ou subsidiárias que
se dediquem ao armazenamento, processamento, manufatura, distribuição ou
redistribuição de mercadorias a partir da Zon.1 Livre de Colón e para vendas a
terceiros países de bens produzidos em qualquer parte pelas companhias
. . .
pnnClpalS.

Da mesma fonna, os investimentos para aquisição e participação de ações


em subsidiárias estrangeiras; isenção de impostos, sobre os investimentos para
transfonnações ou ensamblaje de matérias primas e produtos semi - processados
em produtos acabados e às transfonnações de produtos agrícolas, marinhos ou
florestais. As isenções podem ser por um período que varia entre 15 a 20 anos,
dependendo da categoria e da atividade em que se atue.

Também os investimentos realizados a partir de contratos com a nação são


isentos dos direitos às importações sobre máquinas, equipamentos e peças de
reposição utilizados para a produção; não estão obrigados a pagar impostos de
renda sobre lucros líquidos reinvestidos em ativos fixos, os que, ao mesmo
tempo, estão sujeitos a um regime especial para depreciação dos equipamentos; a
indústria da construção recebe algumas isençoes do imposto sobre propriedade; e
existem incentivos para a indústria turística.

Uma política de estímulo ao investimento interno e externo, visando à


inserção no mercado internacional de serviços, deverá contemplar também
fonnas relativas à prodl4ção e comercialização internacional de serviços. Os
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 112

estímulos fiscais podem ser feitos oferecendo benefícios através de isenções de


impostos. Por exemplo, incentivos fiscais e subsídios e definição de novos
procedimentos que liberem as empresas naCIOnaiS e estrangeiras de
regulamentações burocráticas e de outros tipos e a organização de comissões de
vendas em outros países etc. constituíram um estímulo para a realização de
investimentos no Panamá.

Os incentivos são estabelecidos por atividade econômica, como por


exemplo, para investimentos destinados a operações de transformação de
produtos agrícolas, marinhos ou florestais, à indústria manufatureira,
exportações, turismo, agricultura e para as operações comerciais da Zona Livre.

C. Programa de Estímulos Financeiros

Com o objetivo de atingir uma melhor posição financeira dos bancos


governamentais, desenvolveu-se um programa que compreende: a transformação
de bancos públicos em entidades de capital misto.

O programa financeiro pretende estruturar um novo sistema monetário com


o objetivo de incorporar um conjunto de divisas fortes para que as transações
comerciais e financeiras, que governos e empresas de países estrangeiros
realizem através do Panamá e com terceiros países, possam efetuar-se e
contabilizar-se diretamente em suas moedas.

Isto evita custos e riscos de prejuízos nas operações de câmbio, ao utilizar


o mecanismo do dólar norte-americano. Para o Panamá representa converter-se
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 113

em um centro de atração para investimentos procedentes desses países e num


verdadeiro centro de comércio mundial.

Por sua vez, estímulos financeiros podem ser oferecidos, através do sistema
monetário e bancário panamenho, que conta com uma rede bancária originária de
trinta países diferentes, isto se explica pelo fato de que a nação utiliza o dólar
norte americano livremente como moeda de circulação, e não existem controles
de transferências de capital.

D. Programa de Modernização do Estado

De forma geral, a modernização do Estado tem como objetivo transferir ao


setor privado as atividades não essenciais à função estatal e, em última análise,
melhorar não somente a eficiência da máquina do estado, mas todo o sistema
econômico, em seu conjunto. Assim mesmo, compreende a redução e
modernização de trâmites e procedimentos na execução das atividades do
governo, para gerar novas oportunidades no mercado.

Um outro elemento da estratégia de modernização do Estado tem a ver com


a colaboração das autoridades nacionais para adequar o regime institucional do
país e para criar lU reorganizar instituições a fim de delimitar responsabilidades
dos agentes encarregados de sua operação. As instituições devem estar
capacitadas a gerar programas de apoio focalizado, identificar demandas
específicas, coletar e reproduzir a informação necessária sobre os padrões
internacionais, técnicas de controle de qualidade, exigências de certificados e
outras regulamentações que afetem a prestação de serviços no exterior.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 114

o Governo do Panamá, considera que, para alcançar um crescimento


econômico de ampla e permanente base, é indispensável que se amplie a
participação dos diversos setores da produção.

Uma das limitações que impede o melhoramento e competitividade da


economia constitui-se pela ineficiência, pela pouca confiabilidade e pelos altos
custos dos serviços públicos.

o Governo, para resolver os problemas estruturais na prestação de serviços


públicos, utilizará diversos meios, tais como: a reestruturação administrativa,
outorgamento de concessões, contratos de serviços com o setor privado e
privatização. Necessitará da criação de órgãos para regulamentar as atividades de
cada setor. No caso da privatização, a mesma seria aplicada às empresas estatais,
cuja atividade não seja competência direta do Estado, tomando em consideração
suas implicações sociais. Conforme o documento de Políticas Públicas (1994).

Estas medidas, incluída a privatização, se concebem como um meio e não


constituem um fim em si mesmo, portanto a seleção do instnlmento se fará
considerando que a alternativa escolhida ofereça a maior contribuição possível ao
incremento da eficiência, confiabilidade e racionalização de custos na prestação
dos serviços, o que deve traduzir-se numa diminuição dos mesmos.

A seguir são mencionadas algumas das modalidades que utiliza o Governo


para conseguir maior eficiência nas empresas públicas.

o Com algumas exceções, as empresas públicas se converterão em


sociedades anônimas de propriedade do Estado com juntas diretivas de
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 115

livre nomeação e remoção pelo Presidente da República e a obrigação


de publicar relatórios financeiros, feito por auditores independentes, de
acordo com as normas de contabilidade geralmente aceitas

e Para cada uma das grandes empresas de serviços públicos básicos, o


Governú determinará qual será a melhor forma de incorporar o capital
privado nacional ou estrangeiro à sua estrutura financeira e
administrativa.

C) As operações dos principais portos serão negociadas com operadores de


experiência internacional, retendo o Estado a propriedade das
instalações e a fiscalização será ao nível dos portos modernos dos países
industrializados.

O. A arrecadação pela venda de participações em empresas públicas ou


em privatizações irão para o Fundo Fiduciário de Desenvolvimento
(FFD) que os destinará a programas de investimentos permanentes e
produtivos em áreas de desenvolvimento social coerentes e consistentes
com o Programa do Governo. Estes recursos não poderão ser utilizados
para o pagamento da dívida externa e interna ou para despesas correntes
do Estado.

o Governo na Política da Reforma da Administração Pública por seu lado:

o Desenvolveu um sistema de avaliação dos serviços públicos em função


de objetivos programáticos, com o intuito de introduzir metas
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 116

quantitativas e qualitativas para avaliar a eficiência e a produtividade do


setor público

f) Está implementando a Lei da Carreira Administrativa que se


complementa com a Lei Geral dos Salários, introduzindo maior
equidade na retribuição salarial do setor público e a clara definição da
política de emprego permitindo, a médio prazo, adequar o número e a
qualidade dos empregados públicos às necessidades da sociedade.

@) Está reorganizando o Governo Central e o Setor Público


Descentnlizado em função do novo papel do Estado, modernizando os
procedimentos e sistemas de gestão que permitirão a eficiente prestação
dos serviços públicos.

E. Programa de Fortalecimento das Relações Internacionais

o Governo Nacional decidiu dar novo impulso à política exterior e, em


geral, à con~epção e à aplicação de novos critérios sobre as relações
internacionais do Panamá.

Conforme o documento de Políticas Públicas já mencionado, os dois


pilares da Política de Comércio Exterior do Panamá são:

o O ingresso formal à Organização Mundial do Comércio (OMC), antigo


GATT., onde se reafirmaram os compromissos adquiridos, que incluem,
entre outros, a redução tarifária, a adoção de uma tarifa máxima, a
eliminação de barreiras não tarifárias e a aplicação de outras nonnas não
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 117

discriminatórias no comércio de bens e serviços. (Docto. de Pol.


Públ., 1994: 16)

6 Busca-se a vinculação do país a mercados de grande amplitude,


iniciando para isto, um exame sistemático da opção mais conveniente,
dando prioridade à viabilidade e à estratégia para ingressar em fonna
direta no NAFTA. (opus cit.)

Percebendo, de fonna clara, a necessidade de ampliar o âmbito dos seus


vínculos externos, a República do Panamá conseguiu transfonnar rapidamente
sua imagem internacional com claros e evidentes resultados, entre os quais
poderemos citar: a sua incorporação de fonna plena ao Gnlpo do Rio; de sua
participação como Estado observador no Pacto Andino e, sua integração nos
esforços de coordenação política e social na América Central e no Caribe.

Tudo isso é produto da agressividade dada à política exterior do país, que é


compatível com o desprendimento nacional no momento da cooperação e apoio,
em situações de crise internacional. No entanto, além da agressividade da política
exterior, a política internacional conquistou um elemento adicional: a ampliação
das iniciativas, pela qual o Panamá tem utilizado sua posição invejável para
aumentar suas relações internacionais, devido a clara compreensão que tem da
sua potencialidade externa. Assim, aprofunda esforços no sentido de atrair
investimentos estrangeiros, a fim de desenvolver-se e alcançar o progresso.

A tendência da política exterior do país, deverá continuar nesse caminho.


Os panamenhos conscientes das suas limitações, sabem que a grandeza da nação
está na sua capacidade de superar seu reduzido tamanho e saber utilizar suas
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 118

potencialidades, de modo que sua importância internacional não pennaneça


condicionada às suas dimensões geográficas.

o Panamá, por esse caminho, busca assim cumprir o seu destino de crescer
e aprimorar-se de fonna constante e de prosseguir sua missão de oferecer
serviços eficientes e seguros à comunidade internacional.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 119

CONCLUSÕES

A partir da identificação dos fundamentos das políticas do Governo, do


estudo da platafonna exportadora de serviços do setor terciário da República do
Panamá e das limitações próprias da pesquisa, chegou-se às seguintes
conclusões:

A presente pesqUIsa evidencia que a economIa panamenha apresenta,


como uma especificidade altamente diferenciadora do comum das economias
latino-americanas e caribenhas, uma alta diversificação e especialização do setor
de serviços devido ao grande aproveitamento da sua posição geográfica.

Uma economia com tão amplos vínculos econômicos externos, como a


panamenha, que se reflete, entre outros fatos numa participação de mais de 70%
dos serviços no Pffi, deve observar com atenção as profundas transfonnações
que na nova ordem mundial vem sofrendo as atividades terciárias.

A República do Panamá, sabendo da sua importância pela sua posição


geográfica para a comunidade e o comércio internacional, desenvolveu um
programa econômico, através do qual se fixaram as bases para proporcionar um
desenvolvimento auto - sustentado e alcançar a sua inserção no mercado
internacional de serviços. Em função deste propósito geral estabeleceram - se
diferentes orientações que se transfonnaram em decisões encaminhando a
economia para a realização dos objetivos mais específicos.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 120

o Governo, ao pretender inserir sua economia no mercado internacional,


desenhou um conjunto de estratégias dirigidas ao desenvolvimento da capacidade
produtiva e de novos serviços, modernização do Estado, implementação de
estímulos fiscais, financeiros e o fortalecimento das relações internacionais.

Estas estratégias foram operacionalizadas confOlme um conjunto àe


programas relacionados com a utilização do dinheiro público para a realização de
investimentos, o aperfeiçoamento de procedimentos e criação de instrumentos
que tomam atrativos os investimentos para o país.

A idéia de converter o Panamá num centro de comércio mundial somente


poderá ser viável a partir da realização do progresso técnico e de inovação, de
modo a manter a qualidade dos bens e serviços exportados. Isto supõe, por sua
vez, elevar de fonna sustentada, a qualificação da força de trabalho e o
fortalecimento da base empresarial interna, incluídas as diversas possibilidades e
modalidades de vinculação com as fontes de investimentos estrangeiros.

A reputação do Panamá, como centro de serviços, é o resultado de uma


combinação de fatores, alguns dos quais existentes unicamente no país:
localização geográfica, livre circulação do dólar americano, livre fluxo de
capitais, legislação flexível, status dos tributos e sistemas de comunicação
avançados.

Entre as realizações da República do Panamá, pela sua localização


geográfica, está o desenvolvimento de uma infra - estrutura que oferece serviços
internacionais de natureza diversa à comunidade mundial. Identificamos, neste
estudo, os de maior importância para o setor terciário: o Canal do Panamá, o
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 121

Centro Financeiro Internacional, a Zona Livre de Colón, a Marinha Mercante e o


Oleoduto do Panamá.

Esses servIços de exportação da República do Panamá são um fator


importante no desenvolvimento comercial e econômico mundial, promovendo o
crescimento em áreas industrializadas e dando impulso ao crescimento de muitos
países da América Latina.

A partir da construção destas pnmelras condições, espera-se alcançar


outros objetivos mais específicos relacionados com: criar maiores oportunidades
de bem estar para a nação e conquistar u desenvolvimento auto - sustentado do
país; conquistar e consolidar novos mercados; converter o Panamá em principal
fornecedor de serviços internacionais do mercado latino-americano, facilitar a
absorção de tecnologia e a orientação dos recursos produtivos a atividades de alto
rendimento; melhorar a qualidade de vida do país, através de uma maior
disponibilidade de entrada de recursos; oferecer melhor educação, uma vida
cultural rica, melhores níveis de nutrição e de saúde, reduzir o grau de pobreza, a
obter um melhor ambiente, com igualdade de oportunidades e ampla liberdade
para o indivíduo; fazer do comércio exterior o motor propulsor de
desenvolvimento e modernizar a infra-estrutura de serviços para sua produção
interna.

A tendência da política exterior da República do Panamá é continuar nessa


direção. Os panamenhos conscientes das suas limitações, deverão utilizar suas
vantagens comparativas a fim de que sua importância internacional não
permaneça condicionada às suas dimensões geográficas. Por meio dessa política
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 122

internacional diferenciada, é que o Panamá conseguiu, resgatar a sua imagem no


âmbito internacional.

o Panamá, por esse caminho, busca o seu destino de crescer e aperfeiçoar-


se de fonna pennanente e continuar cumprindo a sua missão de oferecer serviços
eficientes e seguros à comunidade internacional.

As políticas públicas e o desenvolvimento da infra - estrutura de serviços


de exportação adotadas pela República do Panamá, têm uma participação
relevante para a sua inserção no novo contexto mundial. Tomando eficazes a
promoção, divulgação e fortalecimento da imagem da nação como fornecedora
confiável de serviços internacionais.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 123

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGOSIN, Manuel R. Cambios estructurales y nueva dinamica de la economia


mundial. Revista de Economia Política, Pensamiento Iberoamericano.
Madrid: N° 18, p. 43-62, jul./dic., 1990.

AGOSIN, Manuel R; & Tussie, Diana. Globalização regional e novos dilemas da


política comercial para o desenvolvimento Revista brasileira de Comercio
Exterior. Rio de Janeiro, ~ 35, p. 48-61, abr. mai. e jun./1993.

BELA BALASSA, J. D. Teoria de la Integração económica. Traduzido ao espa-


nhol por Jorge Laris Casilla. México, Ed. Uteha, 1964.

BHAGWATI, Jagdis. EI sistema de comercio internacional. Revista de Economia


Política, Pensamiento Iberoamericano, Madrid, ~ 20, p. 34-42, jul./dic.,
1991.

BID-lNTAL. EI Processo de integração en américa latina. Revista de Integração


Latino-Americana, Buenos Aires, p. 73-89, 1989.

BID-INTAL. Exigencias de la estratégia de integración con inserción internacional.


Revista de Integração Latino-americana, Buenos Aires, N° 197, ene.lfeb.,
1994.

BID-INTAL. Integración y desarrollo sostenible. Revista Integração Latino-


americana. Buenos Aires, ~. 204, oct., lY94.

BOTERO, Jesús & LOTERO, Jorge. Actividad Industrial e Apertura. Revista Lec-
turas Econômicas, Medellin, N° 36, ene./jul., 1992.

CALDERON, Luna Manuel. Los servicios en las negociaciones comerciales inter-


nacionales. Revista Mapa Económico Internacional, México, 1989.

CAMACHO, Edna Mejía; GoNZÁLEZ, Cláudio Vega. Apertura comercial e ajus-


tes de las empresas. CostaRica, Ed. Academia Centroamericana, 1992.

COMISIÓN ECONÓMICA PARA AMÉRICA LATINA. Informe anual regional 1990.


1991.
A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LA TINO AMERICA.NO DE SERVIÇOS 124

CORDERO, Alejandro. EI sector de servicios amenazas e perspectivas. In: En-


sayo sobre la crisis economica panamenha 1988-1990". Panamá, Ed. Funda-
ción Panamefí2, de Ecologia y Desarrollo, 1991.

CORDERO, Alejandro. La política económica de los noventa una mirada ai fu-


turo desde el pasado. In: Ensayos sobre la crisis economica panamefía. 1988-
1990. Panamá, Ed. Fundação Panamenha de Ecologia e Desarrollo, 1991.

DROR, Y. Public policymaking re-examined. San Francisco: Chandler, 1968.

DUDDLEY, Antonio A. Centro financeiro internacional de Panamá. perspectivas


futuras. Revista Centro Financeiro. Panamá, p. 3-4, sept. 1988.

EL-AGRAA, A. International economics integration. In: David Creenaway ed.


Current issues in International Trade. London: Ed. Mac Millan, 1985.

FUSFISCH, Angel. Teoria de las Políticas Públicas: Primeiro Programa de Per-


feccionamento de Professores em Política Pública. Clad: Santa Cruz de la Si-
erra, 1991.

GATI. International Trade Statistics, 1992.

GATI. Trade Policy Review USA. - 1989/92/94.

HILL, T.P. On goods and services. Connecticut-USA, Review of Income We-


alth, n° 4, dec./1977, p. 315-338.

lANNI, Otavio. A sociedade global. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira,


1992.

IGLESIAS, Enrique. La difícil inserción internacional de América LatinÚc. Revista


de Economia Política, Pensamiento Iberoamericano, Madrid, }f 19, p. 37-
49, 1990.

JAÉN, Suarez Ornar. Geografia de Panamá: estudos introductorios y antologi-


as. Panamá: Ed. Banco Nacional de Panamá, 1986.

JOVANE, Juan. Aspectos gene rales sobre la inserción de la economia pana-


meiía en el mercado mundial. Panamá: Ed. Fundação Panamenha de Ecolo-
gia e Desarrollo, 394-451, 1991.

LAFFER, Celso. Globalização da economia e estratégia da empresa Revista


Brasileira de Comercio Exterior, Rio de Janeiro, N° 27, fev. 1990.
A POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 125

LANGONI, Carlos Geraldo. A revolução latinnamericana: in: a economia mun-


dial em transformação. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1994.

LANGONI, Carlos. O desafio da abertura econômica. In: A Última Década, En-


saios da FGV sobre o Desenvolvimento Brasileiro nos anos 90. Rio de Janei-
ro: 1993.

LAVINAS, Vera; CARLEIAL, Liana Maria da Frota; NABUCO, Maria Regina. Inte-
gração econômica e regionalismo. Rio Janeiro, Ed. Bertrand, 1994.

LAWRENCE, Robert Z. Perspectivas deI comercio mundial e implicaciones para


los países en aesalTollo. Revista de Economia Política, Pensamiento Ibero-
americano, Madrid, N° 20, p. 53-78 jul./dez., 1991.

MÓNACO, Roberto. Globalização econômica e as médias e pequenas empresas.


Revista, Estudos Sebrae, São Paulo, set./out. 1994.

MONTEIRO Jorge. Vianna, O processo decisório de política in: Fundamentos de


Política Pública. Rio de Janeiro: Ed. Ipea/Inpes, p. 63-75, 1982.

MONTEIRO, Jorge. Vianna Uma tipologia de política in: Fundamentos de Políti-


ca Pública. Rio de Janeiro: Ipea/Inpes, p. 45-53, 1982.

NAÇÕES UNIDAS. Acuerdo general sobre el comercio de servicios "GATS",


199.

NAÇÕES UNIDAS. México: uma economia de servicios. N ew Y ork. 1991.


(reporte de proyecto mex/87/026).

PANAMA. American Chambers of Comerce and Industry The Abc of investing in


Panama, Panamá, 1991.

PANAMÁ. Apostilas de Secnaves. Panamá: 1995. (mimeografia)

PANAMÁ. Comisión deI Canal de Panamá. Informaciones sobre el canal dt: Pa-
namá. Panamá, 1990.

PANAMÁ. Constitución de la República de Panamá. Panamá, 1972. PANAMÁ.


Contraloria General de la República de Panamá Revista de Estadistica y
Censo. Panamá, 1993.

PANAMÁ. Contraloria General de Panamá. Revista de Indicadores económicos


y sociales, (1979-1988). Panamá, 1989.

PANAMÁ. Decreto Lei No. 18 de 17/06/1948.


A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 126

PANAMÁ. Directório de exportadores de Panama. Panamá, 1993,.

PANAMÁ. Documento de Políticas Públicas para o Desenvolvimento Integral:


Desenvolvimento Social com Eficiência Econômica. Panamá, 1994.

PANAMÁ. Informe anual da comisión bancaria nacional. Panamá, 1994.

PANAMÁ. Informe anual de la Autoridad Portuaria Nacional. Panamá, 1995.

PANAMÁ. Informe de la World Trade Center of Panamá. Panamá, 1993.

PANAMÁ. Informe dei instituo panamenho de comércio exterior, Panamá hoy.


Ofereciendo las oportunidades de inversión ideales para el futuro. Panamá,
1993.

PANAMÁ. Instituto Panamefío de Comércio Exterior. Guia de comércio exterior


de Panamá, 1993. Panamá, 1994.

PANAMÁ. Instituto Panamefío de Turismo Boletin de datos informativos sobre


la República de Panamá. Panamá, 1993.

PANAMÁ. Lei No. 14 de 02/07/81.

PANAMÁ. Lei No. 30 de set./1977.

PANAMÁ. Lei No 8 de 1925.

PANAMÁ. Memorandum de Comercio Exterior de la República de Panamá.


Panamá, 1993.

PANAMÁ. Panamá Canal Annual Report. Panamá, 1994.

PANAMÁ. Panama Canal Commision reporto Panamá, 1994.

PANAMÁ. Programa de desarrollo y modernización de la economia. Panamá,


1992.

PANAMÁ. Revista Centro Financiero. Panamá: p. 44-45, jul./ ago., 1994.

PANAMÁ. Revista Informativa do Registro da Marinha Mercante 1995.

PANAMÁ. Revista Panamá en Cifras. Panamá, 1993.

PANAMÁ. Tratado do Canal do Panamá. 1977.


A POLíTICA DE INSERÇÃO DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 127

PRATES, Maria Cecilia Rodrigues. A abertura comercial e estnItura do emprego:


A última década in: Ensaios da Fundação Getulio Vargas. Rio de Janeiro:
Ed. FGV, p. 338-347, 1993.

PRIETO, Francisco Javier La promoción de expOliaciones de servicios en Amérca


Latina. Revista de Economia Política, Pensamiento Iberoamericano. Ma-
drid, ~ 20, p. 101-124,juI.-dez./1991 -1992.

RUSSELL, PIPE G. Telecomunications Services: considerations for develo-


pings countries in the Uruguay Round Negociations. in: Trade services: sec-
torial issues. 1989

SAMUELSON, Paul; NORDHAus, William. Economia. Madrid: Ed. MacGraw


Hill. 1990.

SANTOS, Wanderley G. dos & Lima Junior, Olavo Brasil. Esquema geral para
análise de políticas públicas: considerações preliminares. Revista de Admi-
nistração Pública, Rio de Janeiro FGV, v. 10, n. 2, p. 241-256, abr./jun.,
1976.

SAUVANT, Karl. The Tratability of services. World Bank and Unctad. OECD
Economic Outlook, No. 52, dez. 1992.

SHULTZ, George. Questões básicas para o futuro in: A Economia Mundial em


Transfonnação. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1994.

SUBIRATS, João. Análisis de políticas públicas e eficacia de la administración.


Madrid, 1992.

TAMAMES, RAMON. La integração econômica y los paises de menor desanollo


relativo: la experiência de Austria y Portugal en la EFTA. Buenos Aires, Bid-
IntaI. 1972.

THORSTENSTEN, Vera; NAKANO, Yosshiaki; LIMA, Camila de Faria; SATO, Clau-


dio Seiji. O Brasil frente a um mundo dividido em blocos. São Paulo: Ed.
Nobel, 1994.

TUSSIE, Diana. La Ronda Uruguay, el sistema de comercio internacional y los


países en desanollo: Revista de Economia Política, Pensamiento Iberoa-
mericano, Madrid, ~ 20, jul./dez., 1991.

UNCTAD. Los servidos en la economia mundial. In: Infonne sobre el comercio


ye1 desanollo. New York, 1990.
A POLÍTICA DE INSERÇAo DO PANAMÁ NO MERCADO LATINO AMERICANO DE SERVIÇOS 128

UNlTED NATIONS & THE WORLD BANK. Liberalizing international transaction


in services a handbook. New York, 1994.

VALLARINO, Joaquin. Marco institucional para el manejo deI Canal. in: El


Futuro dei Canal de Panamá en el afio 2000. (Série FIEES, No 1, ago., 1993.
p.95).

VELLOSO, João Paulo dos Reis; FRITSCH, Winston. A nova inserção internacio-
nal do Brasil. Rio de Janeiro: Ed. J. Olympio, 1994.

ZELADA CASTEDO, A. Derecho de la integración económica regional. Bid-Intal,


Buenos Aires, Ed. Depalma, 1989.

Você também pode gostar