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EAD

e
Presencial

Métodos
e Técnicas de
Estudo e Pesquisa
UNIDADE 1
Luiza Angélica Paschoeto Guimarães

FERP, 2015
Expediente

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL

Chanceler: Geraldo Di Biase (in memorian)


Presidente: Geraldo Di Biase Filho

CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE

Reitor: Geraldo Di Biase Filho


Pró-Reitora de Assuntos Acadêmicos: Elisa Ferreira Silva de Alcântara
Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Francisco José Barcellos Sampaio
Pró-Reitor Administrativo: Osvaldir Geraldo Denadai
Diretora do Instituto Superior de Educação e Diretora do Núcleo de Graduação Tecnológica:
Conceição Aparecida Fernandes Lima Panizzi
Coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Recursos Humanos: Francisco Carlos Pereira
Coordenador do Núcleo de Educação a Distância: Rosenclever Lopes Gazoni
Ficha Técnica

Elaboração de Conteúdo
Luiza Angélica Paschoeto Guimarães

Desenvolvimento Instrucional e Revisão


Francisco Carlos Pereira
Júlio César Gama Dias da Silva
Luiza Angélica Paschoeto Guirmarães
Rosenclever Lopes Gazoni

Projeto Gráfico

Yellow Carbo Design

Foto capa

Free Stock Photos


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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

G963a
Guimarães, Luiza Angélica Paschoeto.
Métodos e Técnicas de Estudo e Pesquisa [recurso eletrônico] / Luiza
Angélica Paschoeto Guimarães. – Volta Redonda; RJ: FERP, 2015.

96 p. : il. ; grafs.

Modo de acesso: World Wide Web.

1. Pesquisa -- Metodologia. 2. Redação técnica. I. Título.


CDD: 001.42
Caro Estudante,

Atualmente, as instituições de ensino superior brasileiras vêm cada vez mais aliando o ensino, a
pesquisa e a extensão universitária, por meio de práticas pedagógicas que integram essas três modalidades
acadêmicas. Essa integração contribui com o desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo do
estudante, favorecendo o conhecimento da realidade e a percepção dos problemas da comunidade a sua
volta, ao mesmo tempo em que busca subsídios para minimizá-los.
Nesse contexto, cabe ao ensino buscar os meios adequados para a divulgação dos saberes
adquiridos, além de servir de elemento mediador entre a pesquisa e a extensão.
O Centro Universitário Geraldo Di Biase (UGB-FERP) acredita que a integração dessas três
modalidades acadêmicas dota o estudante de instrumentos apropriados para contribuir com a sociedade,
oferecendo a ela profissionais competentes e preparados para nela atuar.
Assim, fundamentou a disciplina de Métodos e Técnicas de Estudo e Pesquisa com uma ementa
que pudesse dar conta de oferecer ao universitário, os instrumentos e procedimentos próprios à pesquisa,
no intuito de torná-lo capaz de buscar o conhecimento utilizando as ferramentas adequadas para a realização
dessa tarefa.
Em diferentes disciplinas do currículo, o estudante será estimulado à prática da pesquisa e a
disciplina METEP, possibilitará que ele desempenhe seu trabalho com mais facilidade e competência.
Compreender e aplicar os princípios da metodologia científica em situações de apreensão, produção
e expressão do conhecimento em seu cotidiano, também dará ao estudante, melhores condições para
gerenciar sua própria aprendizagem.
Dentro do conteúdo, você poderá encontrar ícones que orientarão e facilitarão a compreensão de
seus estudos, são eles:

Bons estudos!
Luiza Angélica Paschoeto Guimarães
Professor Conteudista da Disciplina
CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL
PRÓ-REITORIA DE ASSUNTOS ACADÊMICOS – PROAC

PRIMEIRO BIMESTRE
CURSOS: LICENCIATURAS, BACHARELADOS E TECNOLÓGICOS
DISCIPLINA: MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDO E PESQUISA
PROFESSOR: LUIZA ANGÉLICA PASCHOETO GUIMARÃES
UNIDADE 1: MÉTODO DE ESTUDO, LEITURA E INTERPRETAÇÃO CARGA HORÁRIA TOTAL: 8 horas PERÍODO: de 18/02 a 28/02.
AULA: CARGA HORÁRIA:
TÓPICO: 1.1. Método de estudo
1, 2, 3 e 4 4 horas
AULA: CARGA HORÁRIA: TÓPICOS: 1.2. Leitura e Interpretação de Textos Acadêmicos
5, 6, 7 e 8 4 horas 1.2.1. A relação entre os elementos fundamentais no processo de leitura
1.2.2. Técnica de leitura e interpretação de textos
OBJETIVO ESPECÍFICO ATIVIDADES PARA FIXAÇÃO TAREFAS AVALIATIVAS DO BIMESTRE
• Utilizar técnicas de leitura e Atividade 1: Ler os textos relativos aos tópicos de cada aula Tarefa 1: Participação no Fórum
Mídia: Livro-texto (pdf) Valor: 1,0 pontos – Peso: 1.
interpretação de textos Prazo: De 19/02 a 28/02 – 10 dias
científicos e acadêmicos. Atividade 2: Realizar atividade escrita na Sala da Disciplina,
no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)
Mídia: Livro-texto (pdf)
Sala Virtual – AVA

Atividade 3: Participar do Fórum na Sala da Disciplina, no


AVA.
Sumário

Unidade 1 – Método de estudo, leitura e interpretação 8


1.1. Método de Estudo 9
1.2. Leitura e Interpretação de Textos Acadêmicos 12
1.2.1. A relação entre os elementos fundamentais no processo de leitura 12
1.2.2. Técnica de leitura e interpretação de textos 13
Unidade 2 - A Ciência e a elaboração do conhecimento 17
2.1. O que é ciência? 18
2.2. O Método Científico 20
Unidade 3 - Métodos e Técnicas de Pesquisa 24
3.1. A pesquisa e sua tipologia 25
3.1.1. Definindo pesquisa 25
3.1.2. A pesquisa quanto as suas finalidades 26
3.1.2.1. Pesquisa Básica 26
3.1.2.2. Pesquisa aplicada 27
3.1.3. A pesquisa quanto as suas abordagens 27
3.1.3.1. Pesquisa quantitativa 27
3.1.3.2. Pesquisa qualitativa 28
3.1.4. Relação entre a pesquisa quantitativa e a pesquisa qualitativa 28
3.2. A pesquisa e suas classificações 29
3.2.1. Classificação segundo os objetivos da pesquisa 30
3.2.1.1. Pesquisa Exploratória 30
3.2.1.2. Pesquisa descritiva 30
3.2.1.3. Pesquisa Explicativa 31
3.2.2. Classificação segundo a origem das fontes da pesquisa 31
3.2.2.1. Pesquisa Bibliográfica 32
3.2.2.2. Pesquisa Documental 32
3.2.2.3. Pesquisa Telematizada 33
3.2.3. Classificação segundo os procedimentos técnicos da pesquisa 33
3.2.3.1. Levantamento 34
3.2.3.2. Pesquisa de Campo 34
3.2.3.3. Pesquisa Experimental 35
3.2.3.4. Estudo de Caso 36
3.2.3.5. Pesquisa Histórica 36
Unidade 4 - O Processo de Pesquisa 39
4.1. Etapas da pesquisa 40
4.1.1. Elaboração do projeto de pesquisa 41
4.1.1.1. Estrutura do projeto de pesquisa 41
4.1.2. A Coleta de Dados 51
4.1.2.1. Procedimentos para coleta de dados 52
4.1.2.1.1. Observação 52
4.1.2.1.2. Entrevista 53
4.1.2.1.3. Questionário 54
4.1.2.1.4. História Oral 55
4.1.2.2. Fontes de pesquisa 56
4.1.3. Análise e interpretação dos dados e construção do raciocínio demonstrativo 58
4.1.4. Organização dos resultados 59
4.1.5. Elaboração do trabalho redacional com os resultados da investigação 59
4.1.5.1. Elaboração do Artigo 59
4.1.5.1.1. Elementos pré-textuais 60
4.1.5.1.2. Elementos textuais 61
4.1.5.1.3. Elementos pós-textuais 62
4.2. Outros trabalhos acadêmicos 62
4.2.1. Resumo 62
4.2.2. Relatório 63
4.2.3. Resenha Crítica 64
Unidade 5 - A Lei de Direitos Autorais e o Plágio Acadêmico 66
5.1. O Direito Autoral 67
5.2. Domínio Público 69
5.3. Plágio – violação do direito autoral 69
Referências 74
Unidade 1

Método de estudo, leitura e


interpretação
Nesta Unidade estaremos apresentando a você um método de
estudo e as principais técnicas de leitura e interpretação de textos
acadêmicos. Assim, a Unidade tem como objetivos:

• Apresentar um método de estudo eficaz e sua


aplicação prática.
• Utilizar técnicas de leitura e interpretação de textos
científicos e acadêmicos.

Ao final da Unidade, resolva as atividades propostas no Mapa


de Atividades da Unidade, que está postado na Sala Virtual da
Disciplina.

Métodos e Técnicas de Estudo e Pesquisa 8


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1.1
Método de Estudo

Para o desenvolvimento deste item, tomaremos por base o material apresentado por
Salomon (2010), que nos apresentou um “método de estudo eficiente”.
Salomon assinala que quando duas pessoas aplicam o mesmo método, uma pode
conseguir cem por cento de resultado enquanto a outra, pode alcançar um resultado menor. Isto
porque o uso do método está relacionado às capacidades, habilidades, personalidade, estilo de
inteligência, experiências, hábitos de quem emprega e do tempo disponível de cada pessoa.
Outro ponto assinalado pelo autor é o aspecto objetivo do método. Explica que o método
em si é simples, o que o faz difícil e às vezes impraticável, são suas regras e técnicas. “A
estratégia é, quase sempre, simples e fácil. As táticas é que costumam ser numerosas, complexas
e difíceis” (SALOMON, 2010, p. 39).
De acordo com Salomon, o método de estudo eficiente reduz-se aos seguintes pontos
principais, que aqui serão transcritos na íntegra:

a) Finalidade: desenvolver hábitos de estudo eficiente que não se restrinjam apenas a


determinado setor de atividade ou matéria específica, mas hábitos que sejam válidos,
pelo processo de transferência de aprendizagem, para as demais situações, e eficientes
para o transcurso da vida;

b) Abrangência: servir de instrumento a todos os que tenham as mesmas necessidades e


interesses, em qualquer fase de desenvolvimento e escolaridade, podendo aperfeiçoar-
se à medida que o indivíduo progride, através de seus próprios recursos;

c) Processamento: ser global – parcial – global, seguindo assim o princípio geral que rege
a evolução biológica: o do desenvolvimento “difuso-analítico-sintético”.
(SALOMON, 2010, p. 39-40

Para Salomon, o processo é a razão de ser do método e foi por esse motivo que o autor
procurou demonstrar suas três fases a partir de um quadro esquemático, contendo em cada fase,
as atitudes e as técnicas a serem empregadas.
Seu método pode parecer complexo e demandar um tempo maior de concentração do
estudante, entretanto, sua eficácia vem sendo comprovada por diversos estudantes que o
utilizam. Salomon ressalta ainda que “o estudante que adquirir o hábito de estudar com tal
método pode estar tranquilo de que obterá grandes vantagens”. Além disso, Salomon ressalta
que o estudante ou o pesquisador “conseguirá maior produção ideativa e racional. Sua memória
racional aumentará sensivelmente. Obterá maior capacidade de análise e de síntese. Terá mais
facilidade na comunicação” (SALOMON, 2010, p. 42).
Trata-se, portanto, de um método que traz um conjunto de procedimentos e técnicas que
garante uma leitura saudável e vantajosa para o estudante, tendo em vista que não basta apenas
ler o texto, mas compreendê-lo e extrair dele o que irá favorecer seu estudo e a futura utilização
em um trabalho de pesquisa acadêmica. O método idealizado por Salomon está organizado no
quadro a seguir, elaborado pelo próprio autor.

9
ATITUDE E
FASES TÉCNICAS BÁSICAS DO ESTUDO PELA LEITURA
COMPORTAMENTO
Curiosidade 1. Perguntar-se antes do estudo-leitura:
Interesses • qual é o assunto?
Propósito definido • o que eu sei sobre isso?
• que acho que vai tratar-se aqui?
2. Pausa para responder-se mentalmente a essas perguntas.
3. Leitura rápida sobre o livro (quando é o primeiro contato com ele):
• tentar obter o plano da obra.
GLOBAL

• informações sobre o autor e seu trabalho


1.

• tentar descobrir seu método expositivo


“olho clínico” 4. Leitura rápida sobre o capítulo, a lição:
• tentar apenas se informar do que se trata
Atenção • tentar esboçar o plano do capítulo ou do texto
• estabelecer rapidamente relação com temas anteriores
Não passividade • sem anotações – veloz,
• esta primeira leitura é sem análises
• evada a cabo, mesmo sem entender tudo.
Concentração 5. Nova leitura: demorada, refletida:
Análise • assinalar as partes importantes
Crítica • obtenção da ideia principal
• obtenção dos detalhes importantes
• assinalar a lápis no livro
• relacionar as partes
• criticar (se for o caso) pontos de vista do autor
• confrontá-los com os próprios
• levantar dúvidas
PARCIAL

• procurar respostas
2.

Síntese 6. Anotações (de preferência em fichas):


• breves transcrições
• esquemas
Sistematização • resumos próprios
• conclusões tiradas
• análises e críticas pessoais (se for o caso)
Ordenação lógica • documentar-se não apenas para o presente, o imediato. A anotação
deve servir para o futuro. Daí ser concisa, sem ser obscura.
7. Relacionar o assunto com o anterior e o seguinte:
• Consultar outras fontes. Não se escravizar ao livro de textos.
8. Revisão e assimilação:
Concentração • rever toda a anotação feita
• confrontar com o texto
GLOBAL

• repetir para si o aprendido, imaginando que o está comunicando a


3.

Persistência alguém
• treinar-se para que tal “comunicação” tenha clareza e sequência lógica
Adaptação às situações • testar a memória para assegurar-se de que não esqueceu algo
reais, fora do contexto lido importante. Não decorar, mas assimilar.

Quadro 1: Método de Estudo


Fonte: SALOMON, 2010, p. 40-41

Métodos e Técnicas de Estudo e Pesquisa 10


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Vale ressaltar que para um método ser eficiente não basta ser bem elaborado, precisa,
também, ser bem aplicado e isso depende, em grande parte, do poder de decisão e perseverança
de quem o está aplicando, pois como assinala Salomon (2010, p. 44), “Não basta ler e informar-
se a respeito de como deve agir. Importante, também, é decidir praticar”.

Resumindo
• Um método de estudo eficiente precisa ter uma finalidade, ser
abrangente e processual (sistemático).
• Um método que traz um conjunto de procedimentos e técnicas que
garante uma leitura saudável e vantajosa para o estudante.

Sugestão de Atividades

Na Sala Virtual da Disciplina você encontrará exercícios


relativos à Unidade 1.
Resolva-os e teste seus conhecimentos.

11
1.2
Leitura e Interpretação de Textos Acadêmicos
A boa leitura é a garantia de êxito nos estudos. O estudante quando lê, e principalmente,
quando lê bem, terá mais facilidade em apreender os conteúdos e as mensagens que o autor
pretende com seu texto. A boa leitura abrange tanto os textos de ficção (textos literários) quanto
os textos de não-ficção (textos referenciais). Esses textos permitem que tenhamos dois tipos
diferentes de leitura: a leitura emocional e a leitura racional.
A leitura emocional é aquela que alimenta nossa subjetividade, nos empolgando,
liberando nossas emoções, permitindo que nossas fantasias venham à tona, enfim, a leitura
emocional é aquela que nos permitimos “sentir”. A leitura emocional envolve, principalmente,
os textos narrativos como os romances, os contos, as novelas etc.
A leitura racional, ao contrário, envolve aspectos ligados à racionalidade e à lógica,
exigindo do leitor o emprego de suas capacidades racionais, de compreensão, de análise, de
estabelecer analogias e de realizar sínteses de ideias. A leitura racional envolve, principalmente,
os textos descritivos e dissertativos como os textos científicos (de ciências e de filosofia) e
acadêmicos (teses, dissertações, monografias, artigos etc.).
Em nosso estudo trataremos da leitura racional, considerando que, em nossa disciplina,
é esse tipo de leitura com a qual estaremos sempre em contato.
No processo de leitura precisamos considerar três elementos fundamentais: quem
escreve, a ideia e quem lê. Para compreendermos a função de cada um, nos reportaremos a
alguns aspetos ligados à teoria da comunicação.

1.2.1
A relação entre os elementos fundamentais no
processo de leitura

Em todo texto existem três elementos: quem escreve, a mensagem e quem lê. Quem
escreve é o autor, ou seja, o emissor da ideia. A ideia é a mensagem que se pretende transmitir
e quem lê é o receptor, que em nosso caso, é o leitor ou o estudante.
Ao escrever um texto, o emissor codifica uma mensagem contendo suas ideias,
pensamentos e reflexões que deverá ser compreendida pelo receptor que a lê e decifra,
decodifica. Quando o receptor consegue assimilar a mensagem, ele é capaz de pensar sobre ela,
compreendê-la, explicá-la e, inclusive, personalizá-la, isto é, dar a ela a sua própria maneira de
transmiti-la (falar ou escrever sobre ela).
Vejamos o esquema:

Métodos e Técnicas de Estudo e Pesquisa 12


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Figura 1: Elementos da Comunicação

A interpretação da mensagem, isto é sua decodificação, dependerá do sujeito, suas


vivências, experiências e modos de perceber e sentir, tendo em vista que suas concepções e
cultura estarão, o tempo inteiro, intervindo nesta interpretação. Por esse motivo, o leitor que
pretende utilizar suas leituras para elaborar trabalhos científicos e acadêmicos, precisa estar
atento a essas intervenções de sua subjetividade. É preciso estar atento ao sentido literal da
mensagem, o que ela está querendo nos dizer de fato, e não, o que queremos enxergar ou
compreender.

1.2.2.
Técnica de leitura e interpretação de textos

Para ler precisamos tomar algumas medidas que são básicas e que se constituem em
etapas de leitura:

a) Verificar se o material a ser lido é relevante para o trabalho a ser realizado. Ou seja,
se o texto trata do tema que é seu objeto de estudo. Para isso o leitor pode observar
alguns aspectos tais como o título da obra, o resumo, a introdução. Esses elementos
direcionarão o leitor para o que vai ser abordado na produção do autor.

b) Delimitar a unidade de leitura. Nem sempre tudo o que está no material a ser lido será
necessário, principalmente quando se trata da leitura de um livro. Por esse motivo, o
leitor poderá selecionar o capítulo, a unidade ou o setor do livro que interessará ao
trabalho a ser realizado.

13
c) Preparar para a leitura. Antes de iniciar a leitura do material para a realização de
análise, o leitor precisa familiarizar-se com o texto. Ele poderá fazer isso buscando
algumas informações relevantes, tais como: quem é o autor, como é seu estilo de escrita,
quando o texto foi elaborado e em qual contexto. Vejamos o exemplo:

Se você tivesse que realizar uma leitura do livro “Os carbonários”


para elaborar uma resenha, você precisaria saber que o autor é Alfredo Sirkis
e que o texto foi publicado pela primeira vez em 1980, pela Editora Global e
também editado pelo Círculo do Livro. No livro, o autor narra as suas
memórias sobre o período de Ditadura Militar no Brasil (1964-1985) e sua
participação no movimento estudantil revolucionário de 1968.

Essas informações sobre a produção do livro estariam situando o leitor para que a sua
motivação fosse despertada, ao mesmo tempo que estaria facilitando a compreensão sobre a
mensagem a ser transmitida pelo autor.

d) Analisar o texto. Cabe ao leitor realizar a análise do texto realizando diferentes leituras.
Na primeira, faz-se uma leitura atenta, mas “corrida”, isto é leia, o texto sem se
preocupar em compreendê-lo. Nesse momento assinale a lápis as palavras
desconhecidas para conhecer seus significados. Antes de realizar uma segunda leitura,
vá ao dicionário buscar o significado das palavras assinaladas, registrando-as em um
caderno de anotações (se possível, faça um glossário). Durante a segunda leitura deve-
se ir assinalando no texto, as ideias principais e mais importantes que poderão ser
utilizadas posteriormente. Ao final, tudo o que foi assinalado poderá se transformar em
um fichamento ou esquema. Não se trata de um resumo, mas sim, de anotar frases e
parágrafos que poderão ser revistos posteriormente, e até mesmo utilizados como
citação na ocasião em que o leitor estiver produzindo seu próprio texto. É importante
destacar que a cada anotação deve ser seguida pelo número da página onde a informação
está localizada. Isso permitirá que o leitor retorne ao texto caso necessite de
compreender melhor o fragmento que destacou.

e) Analisar a ideia/mensagem do texto. Após a realização do esquema ou fichamento,


cabe ao leitor buscar compreender o texto de modo a extrair dele as suas ideias,
concepções e significados. Este é o momento em que o leitor procurará entender o que
o autor quis dizer em sua mensagem, porém não deve permitir que suas ideias
intervenham na mensagem do autor. “A análise temática procura ouvir o autor,
apreender, sem intervir nele, o conteúdo de sua mensagem. Praticamente, trata-se de
fazer ao texto uma série de perguntas cujas respostas fornecem o conteúdo da
mensagem” (SEVERINO, 1991, p. 49). Vejamos algumas perguntas e o que suas
respostas significam:

1) Do que trata o texto? Qual é sua ideia central? A resposta a essas questões dará
ao leitor o tema ou assunto do texto.
2) O que provocou o autor para que ele escrevesse o texto? A resposta leva o leitor
a encontrar o “problema” do texto, ou seja, a problemática que gerou seu desejo
de escrever aquele texto. Outras perguntas levarão a mesma resposta: “Como o
assunto está problematizado? Qual a dificuldade a ser resolvida? Qual o
problema a ser solucionado?” (SEVERINO, 1991, p. 50).

Métodos e Técnicas de Estudo e Pesquisa 14


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3) O que o autor fala sobre o tema? O que ele utiliza para responder ao seu
problema? Essas perguntas levam ao conteúdo da mensagem, ou seja, às
afirmações do autor sobre o seu objeto de estudo. É o modo como ele explica a
sua tese, suas proposições.
4) Quais foram os argumentos do autor? O que ele utiliza para justificar suas ideias?
Essas perguntas refletem o raciocínio do autor, ou seja, o conjunto de ideias e o
desencadeamento delas ao longo do texto. Esses argumentos servem para
justificar suas ideias e propostas, dando significado a elas.

f) Interpretar a leitura. Quando interpretamos um texto procuramos interpretar os


significados explícitos e implícitos (escondidos), além do sentido que o autor quer dar
em suas palavras. Pata tanto, é necessário perguntar: O que o autor quer mostrar? Quais
os valores que aparecem no texto? Quais os pontos de vista do autor? Qual a relação do
texto com o tempo em que foi escrito e com o tempo atual? As respostas a essas questões
darão ao leitor a possibilidade de compreender melhor o que o autor pretendeu ao emitir
sua mensagem.

g) Criticar a leitura. A crítica não pode estar baseada em nossas opiniões individuais ou
em nossos gostos. A crítica se refere ao modo como o autor organizou seu trabalho, ou
seja, se ele conseguiu em seu texto, explicitar as suas ideias e consiste em levantar os
pontos positivos e negativos de um texto. Para realizarmos a crítica precisamos
responder as seguintes perguntas: O autor atingiu seus objetivos? Utilizou linguagem
clara e objetiva? Sua abordagem é original? O texto trouxe contribuições ao tema
discutido? As respostas darão ao leitor a possibilidade de discutir o tema proposto pelo
texto, considerando, contudo, os aspectos relacionados ao próprio texto e ao modo como
ele foi escrito.

h) Problematizar sobre o tema do texto. É possível que após realizar todas as etapas
anteriores surjam algumas indagações, abrindo novas possibilidades de leitura. Neste
momento, as perguntas referem-se ao que deixou de ser explicado no texto lido ou o que
ele provocou, despertando a curiosidade e o desejo de aprofundar os conhecimentos ou
ampliá-los. São elas: O que mais desejo conhecer? Há outros textos que tratam do
assunto?

Assim, ao realizar essas etapas, o leitor estará pronto para elaborar seu próprio trabalho
que pode ser um resumo, uma resenha ou um texto dissertativo com suas próprias ideias, mas
utilizando e citando o trabalho do autor para justificar seus próprios argumentos.

15
Resumindo
• O estudante quando lê, e principalmente, quando lê bem, terá
mais facilidade em apreender os conteúdos e as mensagens
que o autor pretende com seu texto.
• Há dois tipos de leitura: a leitura emocional e a leitura
racional.
• Existem três elementos de comunicação: quem escreve
(emissor), a mensagem e quem lê (receptor).
• A interpretação da mensagem dependerá do sujeito, suas
vivências, experiências e modos de perceber e sentir o
mundo.

Sugestão de Atividades

Atribua uma definição para cada elemento abaixo:

a) Emissor

b) Receptor

c) Mensagem

Poste sua definição na Sala Virtual da Disciplina, no ícone


Tarefa.

Métodos e Técnicas de Estudo e Pesquisa 16


Copyright 2015 – Centro Universitário Geraldo Di Biase – UGB–FERP
Referências

APOLINÁRIO, Fabio. Dicionário de metodologia científica: um guia para a


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Disponível
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<www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>
Acesso em: 15 mar. 2015.

______. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a


legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm> Acesso em: 15 mar. 2015.

______. Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal


Brasileiro. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
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