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Unidade 4

O processo de Pesquisa

Nesta Unidade estaremos aprendendo as etapas e elementos de


uma pesquisa e como organizá-la. Para tanto, temos como objetivos:

• Identificar as etapas de uma pesquisa assim como os


elementos de cada uma.
• Elaborar um Projeto de pesquisa.
• Utilizar diferentes técnicas e procedimentos de coleta de
dados.
• Analisar e interpretar os dados coletados.
• Organizar os resultados da investigação para a
elaboração do texto acadêmico.

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4.1
Etapas da pesquisa

Para que uma pesquisa seja considerada científica é necessário que o processo
investigativo esteja bem organizado e planejado, inclusive com a explicitação do modo como
os dados serão coletados, analisados e interpretados. Vejamos como uma pesquisa se
desenvolve por meio de suas etapas:

1) Elaboração do projeto de pesquisa.


2) Coleta de dados, que inclui os procedimentos adotados e o levantamento das
fontes para a realização da pesquisa.
3) Análise e interpretação dos dados e construção do raciocínio demonstrativo.
4) Organização dos resultados.
5) Elaboração do trabalho redacional com os resultados da investigação.

Figura 3: Etapas da Pesquisa

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4.1.1
Elaboração do projeto de pesquisa

O projeto é o instrumento capaz de dar à pesquisa a organização necessária ao seu


desenvolvimento. Trata-se de um planejamento das etapas, atividades, meios e concretização
de todo o processo investigativo.
O projeto de pesquisa dará ao pesquisador uma certa disciplina de trabalho necessária,
principalmente, no que se refere ao rigor científico e ao cumprimento dos prazos. O projeto é,
pois, um roteiro de trabalho do pesquisador.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) elaborou a NBR 15.287, de 2005,
estabelecendo os princípios gerais para apresentação de projetos de pesquisa. Entretanto, cada
instituição faz as devidas adaptações, segundo seus próprios critérios. De acordo com essa
norma, um projeto de pesquisa “compreende uma das fases da pesquisa”, além disso, trata-se
de uma “descrição de sua estrutura”.
No UGB, optamos por uma estrutura simples para o projeto, conforme veremos a seguir.

4.1.1.1
Estrutura do projeto de pesquisa

O projeto de pesquisa deve conter em sua estrutura, os seguintes elementos:

1) Elementos pré-textuais – formado pela capa, folha de rosto e sumário.

2) Elementos textuais – assim dispostos:

a) introdução, que apresenta o projeto indicando o tema devidamente delimitado,


o universo da pesquisa, o objeto de estudo, o problema a ser abordado e a(s)
hipótese(s), se necessário;
b) justificativa(s), incluindo a relevância do tema;
c) objetivos (geral e específicos);
d) revisão da literatura ou estado do conhecimento (não obrigatório);
e) referenciais teóricos;
f) metodologia;
g) cronograma.

3) Elementos pós-textuais – contendo as referências bibliográficas do projeto e anexos


(quando houver).

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Observe o quadro esquemático a seguir:

ELEMENTOS ITENS DO PROJETO

Capa
1 PRÉ-TEXTUAIS Folha de rosto
Sumário
Tema delimitado
Objeto de estudo
Introdução Universo da pesquisa
Problema
Hipóteses
Justificativa Relevância
2 TEXTUAIS
Geral
Objetivos
Específicos (parciais)
Revisão da Literatura (não obrigatório)
Referencial Teórico
Metodologia
Cronograma
Referências
3 PÓS-TEXTUAIS
Anexos (quando necessário)

Quadro 2: Estrutura de um Projeto de Pesquisa

1) Elementos Pré-Textuais

Os elementos pré-textuais antecedem o texto do projeto e contêm informações


relevantes sobre a Instituição, o trabalho e o autor do projeto de pesquisa. São eles:

a) Capa – protege externamente o trabalho e contém dados de identificação da


Instituição, o título do projeto e subtítulo (se houver), o nome do autor, a cidade e o
ano de apresentação do trabalho.

b) Folha de rosto – além dos dados da capa, a folha de rosto contém uma ementa
explicitando o tipo de projeto de pesquisa, o grau (nível) do pesquisador e o nome
do orientador do trabalho.

c) Sumário – trata-se de uma enumeração das divisões, seções e outras partes do


projeto.

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No Manual de Trabalhos Acadêmicos do UGB, você encontra detalhes de formatação
dos elementos pré-textuais, assim como dos demais elementos do Trabalho de Conclusão de
Curso.

2) Elementos Textuais

Os elementos textuais compõem o corpo do texto que dão sustentação ao trabalho que
está sendo elaborado. Em todo trabalho acadêmico, o primeiro elemento textual é a introdução.

a) Introdução

A introdução se constitui em uma apresentação do trabalho e no caso do projeto de


pesquisa não é diferente. Deve conter o tema delimitado, o objeto de estudo, o universo da
pesquisa, o(s) problema(s) e a(s) hipótese(s).

• Tema delimitado, o objeto e o problema da pesquisa

De acordo com Marconi e Lakatos (2011), “o tema de uma pesquisa é o assunto que se
deseja provar ou desenvolver”. Trata-se, porém, de um enunciado específico dentro de uma
determinada área do conhecimento. Integra um assunto amplo que se deseja estudar (pesquisar)
de modo a conhecê-lo melhor.
É necessário que o pesquisador realize a delimitação do tema. Delimitar significa
estabelecer limites, demarcar, determinar. Em uma pesquisa, delimitar o tema é torna-lo o mais
explícito possível. É esclarecer a abrangência do que se pretende e o que se pretende pesquisar.
Assim, no tema “As dificuldades de aprendizagem no processo de alfabetização de
crianças de 6 anos”, podemos delimitá-lo da seguinte maneira, por exemplo:

Pretende-se estudar as dificuldades de aprendizagem que


ocorrem no processo de alfabetização de crianças de 6
anos, matriculadas no 1º Ano do ensino fundamental, em
uma escola situada em um bairro do município de Volta
Redonda, durante o ano de 2016, no que se refere à
elaboração do sistema de escrita da língua.

A delimitação abrange o que se quer estudar, o período em que o estudo será realizado
e quais os pontos/aspectos que se quer abordar. Na delimitação menciona-se o universo da
pesquisa e seus sujeitos. Assim, no caso do exemplo anterior, as crianças de 6 anos,
matriculadas no 1º Ano do ensino fundamental compõem os sujeitos de uma escola situada
em um bairro do município de Volta Redonda. A essa totalidade de sujeitos chamamos de
universo da pesquisa. Universo da Pesquisa é, portanto, a totalidade dos indivíduos que
possuem características comuns definidas para uma determinada pesquisa. Uma parte desse
universo é conhecido como amostra. No item metodologia, o universo poderá ser mais
detalhado, explicitando quantidades e outros atributos do grupo observado. O critério de escolha
do tema é sempre pessoal e o pesquisador escolhe o objeto e elabora o problema a partir do
tema escolhido.
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O objeto é o fenômeno a ser estudado, ou seja, o elemento principal da pesquisa. Pouco
a pouco, a pesquisa é construída pela reflexão que se faz sobre o objeto, no decorrer da coleta
e análise dos dados, tendo o problema como ponto de partida.
O problema da pesquisa diz respeito ao questionamento que se tem sobre o objeto
estudado. Trata-se de uma problematização, isto é, o que se pretende saber sobre ele, qual a
grande indagação que se tem sobre o objeto.
Em um projeto, em geral, o problema é disposto sobre a forma de uma pergunta de
partida, ou seja, uma questão que norteará todo o trabalho a ser realizado. O problema é,
portanto, uma dúvida do pesquisador sobre o objeto ou tema que se pretende estudar. Quando
não há dúvida, não pode haver pesquisa.
A escolha do tema e do objeto, assim como a elaboração do problema, são ações
concomitantes, isto é, acontecem ao mesmo tempo, pois a elaboração do problema depende do
tema e do objeto escolhido para a pesquisa e vice-versa.

Figura 4: Exemplo de Tema, Objeto e Problema da pesquisa.

• A(s) hipótese(s)

Após estabelecer o problema da pesquisa, o próximo passo é a elaboração da(s)


hipótese(s). As hipóteses são respostas provisórias à(s) pergunta(s) que desencadeou a pesquisa
(problema). É uma afirmação que o pesquisador faz sobre o que ele acredita em relação à
pergunta de partida.

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As hipóteses contribuem com a pesquisa porque não deixam o pesquisador perder de
vista que pretende verificar se elas estão corretas (verdadeiras) ou se devem ser refutadas
(rejeitadas), porque não se mostraram verdadeiras.
Utilizando o problema dado como exemplo, podemos ter como hipótese:

Acreditamos que as crianças de 6 anos de idade, no que se


refere ao sistema de escrita, enfrentam dificuldades
relacionadas à consciência fonológica, tendo em vista a
sua abrangência, que inclui: habilidades relacionadas à
percepção global do tamanho das palavras, as
semelhanças fonológicas entre elas, a segmentação das
sílabas, assim como a manipulação dos fonemas e
grafemas. Essas dificuldades se manifestam por meio de
espelhamento, troca de letras em relação aos fonemas,
escrita de palavras agrupadas sem separá-las etc. Além
disso, entendemos que fatores internos (intrínsecos) e
externos (extrínsecos) são causadores dessas dificuldades.

Ao estabelecer as hipóteses, o pesquisador também deve explicitar os objetivos que


pretende alcançar para comprová-las.

b) Justificativa(s)

Para a realização de uma pesquisa científica é necessário justificá-la, ou seja, demonstrar


a sua relevância. Trata-se de um texto no qual o pesquisador esclarece as razões que comprovem
a necessidade da pesquisa a ser realizada.
No projeto, a justificativa deve apontar os bons motivos para o desenvolvimento do
trabalho e da abordagem do tema proposto, contemplando aspectos como: relevância social,
científica e/ou acadêmica. Além disso, precisa demonstrar que a pesquisa beneficiará um
determinado grupo, comunidade ou sociedade.
Por fim, deve ser demonstrado de que maneira a pesquisa contribui para o
aprimoramento da área ou campo do conhecimento.
Em síntese, de acordo com Santos, Souza e Dias (2013), a justificativa deve conter:
• Motivos para a escolha do tema.
• Abrangência temporal e espacial do que se deseja pesquisar.
• Clareza na definição do objeto e quais aspectos a serem pesquisados.
• Explicitação sobre a viabilidade da execução do estudo.
• Referência aos aspectos originais da pesquisa.
• Elementos inovadores que serão tratados na pesquisa.
• Vinculação do tema ao quadro teórico.
• Utilidade e necessidade da realização do trabalho de pesquisa.

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c) Objetivos

Os objetivos estão relacionados ao que se pretende alcançar com a pesquisa. Retrata os


resultados esperado e, como consequência, garante a resposta ao problema proposto. Os
objetivos estão organizados em gerais e específicos.

• Objetivos gerais – referem-se aos resultados mais amplos e expressam o que se pretende
alcançar ao final de uma pesquisa. Serve como elemento norteador da pesquisa e, por
esse motivo, precisa estar presente em todas as ações do pesquisador durante o processo.

• Objetivos específicos - refere-se ao que se deseja alcançar por meio de procedimentos


e ações realizadas em cada etapa ou parte da pesquisa. São também conhecidos como
objetivos imediatos porque podem ser atingidos em espaços de tempo mais curtos. Esses
objetivos são subdivisões do objetivo geral e sua quantidade depende da necessidade
para a resolução do problema proposto.

Os objetivos oferecem uma visão mais clara do que se deseja alcançar e garante que o
pesquisador viabilize e efetive suas ideias e ações. Para tanto precisa estar elaborado tendo em
vista a ação pretendida, o conteúdo explorado e as condições e/ou meios para sua execução.
Veja o exemplo de objetivo:

Demonstrar as dificuldades de aprendizagem das crianças de seis


anos no processo de alfabetização, por meio da aplicação de
atividades de leitura e de escrita.

Demonstrar – ação pretendida – o verbo deve sempre estar no infinitivo e caracterizar


uma ação intelectual, ou seja, indicar uma atividade intelectual, exequível e mensurável.
Dificuldades de aprendizagem das crianças de seis anos no processo de alfabetização
– conteúdo explorado – relacionado à hipótese ou ao problema da pesquisa.
Por meio da aplicação de atividades de leitura e de escrita – condições e/ou meios –
está vinculado às etapas e aos procedimentos da pesquisa.

Ao operacionalizar um objetivo, ou seja, formalizar a intenção da pesquisa ou de uma


de suas etapas, é necessário levar em consideração as seguintes exigências:
Execução – o objetivo refere-se à realização de uma tarefa.
Observação – o objetivo garante a constatação do que foi executado.
Avaliação – o objetivo permite que a tarefa seja acompanhada, comparada segundo
algum critério.
Adequação – o objetivo garante que a tarefa esteja de acordo com as possibilidades de
realização do pesquisador.

De acordo com Santos (2006), o cérebro humano realiza estágios (etapas) cognitivos
com graus diferenciados de complexidade – conhecimento, compreensão, aplicação, análise,
síntese e avaliação – esses graus aumentam da etapa anterior para a posterior. Isto significa, por
exemplo, que para atingir o grau de análise, antes o pesquisador necessita

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passar pelos estágios de conhecimento, compreensão e aplicação. Assim considerando, Santos
assinala que cada um desses estágios cognitivos possibilita um conjunto de ações intelectuais
(atividades, tarefas), expressas por verbos específicos, conforme o quadro a seguir.

ESTÁGIOS

CONHECIMENTO COMPREENSÃO APLICAÇÃO ANÁLISE SÍNTESE AVALIAÇÃO

Apontar Compreender Aplicar Analisar Compor Argumentar

Citar Concluir Desenvolver Comparar Construir Avaliar

Classificar Deduzir Empregar Criticar Documentar Contrastar

Conhecer Demonstrar Estruturar Debater Especificar Decidir

Definir Determinar Operar Diferenciar Esquematizar Escolher

Descrever Diferenciar Organizar Discriminar Formular Estimar

Identificar Discutir Praticar Examinar Produzir Julgar

Reconhecer Interpretar Selecionar Investigar Propor Medir

Relatar Localizar Traçar Provar Reunir Selecionar

Reafirmar Sintetizar

Quadro 3: Verbos de ação intelectual segundo os estágios cognitivos


Fonte: SANTOS, 2006, p. 74

Durante a realização do estudo, o pesquisador terá os objetivos como elementos


norteadores do processo de pesquisa. É comum, também, que o conteúdo de cada objetivo
específico seja o tema de um dos itens do texto final do trabalho.

d) Revisão da Literatura

A revisão da literatura (estado do conhecimento) representa o conjunto de trabalhos


acadêmicos que trataram do mesmo tema e as abordagens adotadas por seus autores, nos
últimos anos. Ela serve para demonstrar a maneira pela qual os outros pesquisadores estão
tratando do mesmo assunto da pesquisa que está sendo planejada. A revisão da literatura é um
elemento relevante, pois contribui para a escolha dos referenciais teóricos.

• Nesse item do projeto, o pesquisador deve descrever:


• Quem já pesquisou algo semelhante ou sobre o mesmo tema/objeto.
• Trabalhos acadêmicos semelhantes.
• Que aspectos já foram abordados.
• Pesquisas e publicações na área.
• Se houver, quais as lacunas existentes na literatura sobre o tema/objeto.

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e) Referenciais teóricos

Os referenciais teóricos são os autores e seus estudos nos quais a pesquisa estará
embasada, como por exemplo os paradigmas que sustentam o conhecimento já construído sobre
o tema. Tratam-se também das “categorias que serão utilizadas para dar conta dos fenômenos
a serem abordados e explicados” (SEVERINO, 2007, p. 131). Esses referenciais dão
sustentação e cientificidade ao trabalho acadêmico e favorecem o diálogo necessário ao texto.
Ressalte-se que a escolha dos referenciais deve ser uma ação cuidadosa, pois não se
pode escolher autores que se contradizem. Eles precisam ter pontos comuns.
Os outros autores utilizados poderão apresentar conceitos antagônicos. Entretanto, eles
não serão referenciais teóricos, mas autores que também darão suas contribuições ao diálogo
acadêmico.
No texto elaborado sobre os referenciais teóricos, o pesquisador deve relacionar o tema
do estudo aos trabalhos do(s) autor(es) utilizado(s).

f) Metodologia

A metodologia é o conjunto de métodos, procedimentos, técnicas, atividades e


instrumentos que compõem os meios para a realização da pesquisa. São esses elementos que
possibilitarão a aproximação do pesquisador com a realidade do fenômeno a ser estudado. A
metodologia é organizada segundo o tipo de pesquisa escolhido e que mais condiz com o objeto
a ser estudado, de acordo com o que vimos na Unidade 3.
Na metodologia o pesquisador deve demonstrar todos os passos que serão utilizados no
desenvolvimento da pesquisa, assim como da consecução dos objetivos. É o momento de
detalhar os procedimentos de coleta de dados (como?), os recursos e as fontes (com o que?), o
universo e/ou amostra (com quem?), o local (onde?), os custos da pesquisa (quanto?).
O pesquisador deve organizar o estudo em etapas e planejar os procedimentos de coleta
de dados, estabelecendo quais as atividades que irá desenvolver em cada etapa, para obter as
informações necessárias de modo que alcance os objetivos do estudo. São os procedimentos
que irão indicar os recursos e as fontes que serão utilizados.
O esquema a seguir exemplifica a organização dos itens da metodologia.

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Figura 5: Organização da Metodologia

g) Cronograma

O tempo de duração da pesquisa deverá ser bem organizado e estruturado sob a forma
de um cronograma que garanta o cumprimento dos prazos e permita que o pesquisador caminhe
passo a passo sem perder de vista o tempo total para o desenvolvimento da investigação.
Observe o modelo de cronograma apresentado a seguir:

MESES
Nº ATIVIDADES
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
1 ELABORAÇÃO DO PROJETO x
2 LEITURA BIBLIOGRÁFICA (ESTUDO TEÓRICO) x x x x
3 COLETA DE DADOS NO CAMPO x x x
4 ANÁLISE DOS DADOS x x x
5 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS x x x
6 ELABORAÇÃO DO SUMÁRIO PROVISÓRIO
(PLANO DA OBRA) x
7 REDAÇÃO DA 1ª VERSÃO DO TEXTO FINAL x
8 REVISÃO DO TEXTO x
9 REDAÇÃO DEFINITIVA x
10 DEFESA DO TRABALHO x
Quadro 4: Cronograma

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Ressalte-se que este modelo é apenas uma demonstração. Não pretende ser uma
padronização.

3) Elementos Pós-textuais

Os elementos pós-textuais são responsáveis por encerrar o projeto de pesquisa. É


composto pelas referências bibliográficas que é um elemento obrigatório e os anexos, quando
necessários.

a) Referências

As referências são as publicações e os documentos utilizados na elaboração de trabalhos


acadêmicos. No projeto de pesquisa ela também é necessária e deve ser colocada após o
cronograma. As referências estão ligadas às citações colocadas ao longo do texto, demonstram
a seriedade do pesquisador e referenda a cientificidade do trabalho acadêmico.
As referências constituem um “conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados
de um documento, que permite sua identificação individual” (NBR 6022, 2002). As referências
são organizadas segundo a NBR 6023, de agosto de 2002, e seu detalhamento consta do Manual
de Trabalhos Acadêmicos do UGB.

b) Anexo

Um anexo é um documento ou texto que contribui de modo a fundamentar, comprovar


ou ilustrar o trabalho acadêmico, mas, não é um elemento obrigatório.
No caso do projeto de pesquisa, os modelos de entrevista, de questionário, modelos de
declarações, modelo de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), entre outros
documentos, podem estar dispostos nos anexos.

Importante!

Em um projeto de pesquisa não há considerações finais ou


conclusões, visto que o autor do projeto ainda não realizou a pesquisa.

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4.1.2
A Coleta de dados

A coleta de dados deverá ser realizada segundo a metodologia empregada para dar conta
da investigação, segundo o tipo de pesquisa escolhido pelo pesquisador que se constitui em seu
método de trabalho.
Durante a elaboração do projeto de pesquisa, o estado do conhecimento foi elaborado
por meio da revisão da literatura. Esse primeiro contato contribuiu para o levantamento das
fontes para a coleta de dados. Para estabelecer o estado do conhecimento, o pesquisador fez
uma pesquisa exploratória a fim de conhecer os estudos e as produções que estão sendo ou já
foram elaboradas nos últimos anos, como vimos anteriormente.
O estado do conhecimento pode ser estabelecido por meio de trabalhos acadêmicos
encontrados em bancos de teses e dissertações das universidades, em artigos publicados em
periódicos científicos, ou ainda, em bibliotecas físicas e/ou virtuais e em base de dados
conhecidas e confiáveis.
A Internet é uma boa aliada na elaboração do estado do conhecimento, tendo em vista
que agiliza a busca e favorece o acesso do pesquisador aos acervos confiáveis. O importante é
estar atento ao local onde os trabalhos selecionados estão guardados. Eles precisam estar sob a
guarda de instituições acadêmicas e científicas como universidades, museus, bibliotecas etc.
Também no projeto, o investigador estabelece o universo de pesquisa, ou seja, ele define
com quais indivíduos/sujeitos/população o estudo será realizado. No caso de uma pesquisa de
campo, precisa encontrar geograficamente onde a pesquisa será realizada, assim como a
população a ser observada e/ou entrevistada. No decorrer da coleta de dados, o pesquisador
aplica o que foi planejado no projeto de pesquisa, de acordo com os passos a seguir:
O primeiro passo é o aprofundamento teórico dos conhecimentos abordados pelos
teóricos escolhidos como referencial, além de buscar outros autores para o estabelecimento do
diálogo e dos contrapontos necessários à construção do objeto. Do mesmo modo, colhem-se
informações relevantes para a aplicação prática da pesquisa, ou seja, quando o pesquisador
estiver no campo. Neste passo, utilizam-se os procedimentos da pesquisa bibliográfica. Pode-
se também utilizar instrumentos da pesquisa telematizada.
Os dados coletados neste momento podem ser registrados em fichamentos, resumos, e
esquemas que, posteriormente, serão utilizados para a elaboração do texto acadêmico resultante
da pesquisa.
Existem trabalhos acadêmicos que se restringem a esse primeiro passo. Neste caso, diz-
se que a pesquisa realizada tem caráter exploratório e se constitui em pesquisa bibliográfica.
O segundo passo da coleta de dados é a aplicação prática da pesquisa. Neste momento,
o pesquisador aplicará os procedimentos, técnicas e atividades segundo o tipo de pesquisa
escolhido (levantamento, de campo, experimental, estudo de caso, documental ou histórica). As
fontes escolhidas dependerão também do tipo de pesquisa e dos procedimentos adotados para
a coleta de dados.
Vejamos alguns procedimentos e fontes para a coleta de dados.

51
4.1.2.1
Procedimentos para coleta de dados

Durante todo o processo de investigação é necessário ter um método que varia conforme
o tipo de pesquisa. Chamamos de método o conjunto de procedimentos, instrumentos e técnicas
utilizados durante o percurso da pesquisa. Os diferentes tipos de pesquisa exigem do
pesquisador diferentes procedimentos (técnicas e seus instrumentos), é o fazer do pesquisador.
Em nosso estudo destacaremos a observação, a entrevista, o questionário e a história oral.

4.1.2.1.1
Observação

A observação é necessária na maioria dos tipos de pesquisa, porque permite ao


pesquisador o contato direto com o objeto que está sendo estudado. É uma técnica de coleta de
dados que requer cuidados especiais para que as informações coletadas sejam legítimas e,
consequentemente, validadas.
O observador precisa planejar sistematicamente e ter objetividade, além de registrar
metodicamente todas as observações de modo a não perder as informações coletadas.
Toda observação está sujeira à verificação e controle sobre a sua validade e segurança.
Elas podem ser participantes e não participantes. É participante quando a observação envolve
a cooperação do observado ou do grupo; é não participante quando o observador apenas toma
contato com o grupo, mas sem interagir com ele.
A observação também pode ser sistemática e assistemática. É sistemática quando o
planejamento é rigorosamente elaborado, ocorre fundamentada em critérios científicos e
controlados pelo pesquisador. É assistemática quando a observação é casual, sem seguir um
sistema ou um método rigoroso. Ressalte-se que ser assistemática não implica em ser
negligente. Apenas que os fatos ocorridos serão observados, sendo registrados conforme
ocorrem, de modo menos formal, mas não menos científico ou técnico.

POR QUE PARA QUE COMO


OBSERVAR OBSERVAR OBSERVAR
(MOTIVOS) (FINS/OBJETIVOS) (MODO)

QUEM O QUE
OBSERVAR OBSERVAR
(CARACTERÍSTICAS/
(GRUPO/POPULAÇÃ COMPORTAMENTOS/
O)
OBJETO DE ESTUDO)

Figura 6: Planejamento da observação

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Ao planejar a observação, o pesquisador precisa estabelecer com clareza os motivos que
levaram à escolha desta técnica (por quê); seus fins e objetivos (para que); o tipo de observação
que será realizada (como); as características e/ou comportamentos que deseja observar no
objeto estudado (o que); e, principalmente, o indivíduo, grupo ou população que será observada
(quem).

4.1.2.1.2
Entrevista

Além da observação, a entrevista é muito utilizada em pesquisas de campo. Segundo


Gil (2002, p. 53), a entrevista com um informante serve “para captar suas explicações e
interpretações do que ocorre no grupo pesquisado. É uma técnica que, em geral, é conjugada
com a observação e outras formas de coleta de dados como questionários, documentos,
filmagens e fotografias.
Para Marconi e Lakatos (2003, p. 195) a entrevista é um encontro entre duas pessoas, a
fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma
conversação de natureza profissional”. A entrevista é comum em pesquisas ligadas às ciências
humanas e sociais.
A entrevista pode acontecer na presença física ou não do entrevistador e do sujeito
entrevistado e se constitui de quatro elementos básicos, apontados por Apolinário (2011, p. 57),
que são: “o entrevistador, o entrevistado, o ambiente (natural ou controlado) e o meio (pessoal,
por telefone etc.)”, por meio do qual ocorre a entrevista.
O pesquisador pode escolher entre diferentes tipos de entrevista: estruturada (ou
padronizada), não estruturada (ou não padronizada) e semiestruturada. Na entrevista
estruturada, o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido e as perguntas são
aplicadas a todos os entrevistados. Não é permitido, portanto, adaptação das perguntas a
determinada situação, inversão da ordem ou elaboração novas perguntas para os diversos
indivíduos do grupo pesquisado.
Na entrevista não estruturada, o tema, as perguntas e o roteiro são previamente
definidos pelo entrevistador, mas é livre para desenvolver cada situação e em qualquer direção.
A entrevista não estruturada permite a exploração mais amplamente de uma questão.
Na entrevista semiestruturada o pesquisador reúne componentes estruturados e não
estruturados, isto é, “há um roteiro de perguntas preestabelecidas a serem feitas ao respondente,
mas há também um espaço para a discussão livre e informal de determinado tema do interesse
do pesquisador” (APOLINÁRIO, 2011, p. 58).

53
4.1.2.1.3
Questionário

O questionário também é uma técnica de coleta de dados que utiliza perguntas para obter
informações, que de acordo com Marconi e Lakatos (2003, p. 201), “constituído por uma série
ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do
entrevistador”. Essas questões precisam estar articuladas e servem para conhecer opiniões e
pontos de vista dos sujeitos pesquisados.

As questões devem ser pertinentes ao objeto e claramente


formuladas, de modo a serem bem compreendidas pelos sujeitos.
As questões devem ser objetivas, de modo a suscitar respostas
igualmente objetivas, evitando provocar dúvidas, ambiguidades
e respostas lacônicas. (SEVERINO, 2007, p. 125)

Em um questionário pode conter perguntas fechadas ou perguntas abertas. As perguntas


são fechadas (objetivas) quando as respostas são escolhidas em meio a alternativas definidas
pelo pesquisador, não permitindo que o pesquisado aprofunde subjetivamente em suas
respostas. As perguntas são abertas (subjetivas) quando o pesquisado pode respondê-las com
suas próprias palavras, aprofundando suas respostas e emitindo sua opinião, subjetivamente.
O pesquisador pode enviar o questionário ao informante, pelo correio, e-mail ou por um
portador. Após seu preenchimento o informante devolve-o do mesmo modo.
De acordo com Marconi e Lakatos (2003, p. 201), “junto com o questionário deve-se
enviar uma nota ou carta explicando a natureza da pesquisa, sua importância e a necessidade de
obter respostas, tentando despertar o interesse do recebedor, no sentido de que ele preencha e
devolva o questionário dentro de um prazo razoável”.

De modo geral, o questionário deve ser previamente testado (pré-


teste), mediante sua aplicação a um grupo pequeno, antes de sua
aplicação ao conjunto dos sujeitos a que se destina, o que permite
ao pesquisador avaliar e, se for o caso, revisá-lo e ajustá-lo.
(SEVERINO, 2007, p. 126)

Gil (2002, p. 116) assinala que “a elaboração de um questionário consiste basicamente


em traduzir os objetivos específicos da pesquisa em itens bem redigidos”. Além disso, não
existem normas rígidas para a sua elaboração.
O questionário é vantajoso para o pesquisador porque economiza tempo, atinge maior
número de pessoas simultaneamente e abarca uma área geográfica mais ampla. Entretanto, as
principais desvantagens de sua aplicação são: a possibilidade de um número grande de
questionários deixarem de ser devolvidos ao pesquisador e a possibilidade de algumas
perguntas voltarem sem respostas.

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Importante!
É comum as pessoas confundirem entrevista com questionário. No
entanto, são procedimentos diferentes, podendo ou não serem
complementares, dependendo dos objetivos a atingir e do tipo de pesquisa
a realizar.

4.1.2.1.4
História Oral

A técnica de História oral é a coleta de informações da vida pessoal de um ou mais


informantes. Segundo o CPDOC/FGV1 Consiste em uma espécie de entrevista gravada com
pessoas que testemunharam “acontecimentos, conjunturas, instituições, modos de vida ou
outros aspectos da história contemporânea”. Observe o que nos explica o Website do CPDOC.

As entrevistas de história oral são tomadas como fontes para a


compreensão do passado, ao lado de documentos escritos,
imagens e outros tipos de registro. Caracterizam-se por serem
produzidas a partir de um estímulo, pois o pesquisador procura o
entrevistado e lhe faz perguntas, geralmente depois de
consumado o fato ou a conjuntura que se quer investigar. Além
disso, fazem parte de todo um conjunto de documentos de tipo
biográfico, ao lado de memórias e autobiografias, que permitem
compreender como indivíduos experimentaram e interpretam
acontecimentos, situações e modos de vida de um grupo ou da
sociedade em geral. Isso torna o estudo da história mais concreto
e próximo, facilitando a apreensão do passado pelas gerações
futuras e a compreensão das experiências vividas por outros.
O trabalho com a metodologia de história oral compreende todo
um conjunto de atividades anteriores e posteriores à gravação dos
depoimentos. Exige, antes, a pesquisa e o levantamento de dados
para a preparação dos roteiros das entrevistas. Quando a pesquisa
é feita por uma instituição que visa a constituir um acervo de
depoimentos aberto ao público, é necessário cuidar da duplicação
das gravações, da conservação e do tratamento do material
gravado. (CPDOC, 2015)

1CPDOC/FGV - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil/Fundação Getúlio


Vargas – Rio de Janeiro. O que é História Oral. Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/acervo/historiaoral> Acesso
em: 14 mar. 2015

55
O principal objetivo da história oral é resgatar a memória de um fato ou acontecimento
do passado (retrospectivo) ou preservar um acontecimento do presente (contemporâneo).
Ressalte-se, entretanto, que o depoimento coletado sempre será de um fato já ocorrido.

4.1.2.2
Fontes de pesquisa

As fontes são os instrumentos capazes de fornecer as evidências que qualificam o objeto.


Elas precisam ser incontestáveis de modo a comprovar os argumentos e as hipóteses do
pesquisador, trazendo respostas ao problema proposto pela pesquisa. As fontes podem ser
bibliográficas e documentais.
As fontes bibliográficas mais conhecidas são os livros de leitura corrente, as obras de
referência (dicionário, enciclopédia etc.), as teses e dissertações, os periódicos científicos
(revistas) e anais de encontros acadêmicos (congressos, simpósio, seminário, fórum etc.).
As fontes bibliográficas podem ser primárias ou secundárias. Observe o que nos ensina
Apolinário:

[...] se estamos explicando, num trabalho acadêmico, o conceito


de “método hipotético-dedutivo”, então a fonte bibliográfica
primária para este conceito será a obra de Karl Popper, o criador
desta concepção. Outras obras de outros autores que se referiram
a Karl Popper serão consideradas fontes secundárias.
(APOLINÁRIO, 2011, p. 88).

Assim podemos afirmar que uma fonte primária é uma obra original de uma
determinada ideia ou concepção inédita, enquanto a secundária não é fonte original de
informação. Esta última diz respeito aos trabalhos que foram produzidos a partir das obras
originais.
Em geral, as fontes bibliográficas são encontradas em bibliotecas. Entretanto, é comum
encontrarmos livros no formato e-book depositados em endereços eletrônicos (online); em
bases de dados, em CD-ROM etc.
A fonte documental é uma fonte original de informação e envolve documentos escritos
ou não. Um documento é “qualquer suporte que contenha informação registrada, formando uma
unidade, que possa servir para consulta, estudo ou prova. Inclui impressos, manuscritos,
registros audiovisuais e sonoros, imagens, entre outros” (ABNT, 2000, p. 2 apud
APOLINÁRIO, 2011, p. 52). Severino nos apresenta uma definição detalhada do que é um
documento:

Em ciência, documento é todo objeto (livro, jornal, estátua,


escultura, edifício, ferramenta, túmulo, monumento, foto, filme,
vídeo, disco, CD etc.) que se torna suporte material (pedra,
madeira, metal, papel etc.) de uma informação (oral, escrita,

Métodos e Técnicas de Estudo e Pesquisa 56


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gestual, visual, sonora etc.) que nele é fixada mediante técnicas
especiais (escrituras, impressão, incrustação, pintura, escultura,
construção etc.). Nessa condição, transforma-se em fonte durável
de informação sobre os fenômenos pesquisados (destaques do
autor). (SEVERINO, 2007, p. 124)

As fontes documentais podem variar em: fontes primárias e secundárias; fontes escritas
e não escritas; fontes contemporâneas e retrospectivas. Utilizando essas variáveis, Marconi e
Lakatos apresentaram um quadro que possibilita a compreensão da totalidade de fontes que
envolve a pesquisa documental.

ESCRITOS OUTROS

PRIMÁRIOS SECUNDÁRIOS PRIMÁRIOS SECUNDÁRIOS

Compilados na Transcritos de fontes Feitos por outros


Feitos pelo autor
ocasião pelo autor primárias contemporâneas autores
Exemplos Exemplos Exemplos Exemplos
CONTEMPORÂNEOS

• Documentos de • Relatórios de pesquisa • Fotografias • Material


arquivos públicos baseados em trabalho • Gravações em cartográfico
• Publicações de campo de auxiliares fita magnética
parlamentares e • Estudo histórico [atualmente • Filmes
administrativa recorrendo aos em aparelhos
Comerciais
• Estatísticas documentos originais digitais]
(censos) • Pesquisa estatística • Filmes • Rádio
• Documentos de baseada em dados do • Gráficos
• Cinema
arquivos privados recenseamento • Mapas
• Cartas Pesquisa usando a • Outras • Televisão
• Contratos correspondência de Ilustrações
outras pessoas

Compilados após o
Transcritos de fontes Analisados pelo Feitos por outros
acontecimento, pelo
primárias retrospectivas autor autores
autor
RETROSPECTIVOS

Exemplos Exemplos Exemplos Exemplos

• Diários • Pesquisas recorrendo a • Objetos • Filmes


• Autobiografias diários e • Gravuras comerciais
• Relatos de visitas autobiografias • Pinturas • Rádio
a instituições • Desenhos • Cinema
• Relatos de viagens • Fotografias • Televisão
• Canções
Folclóricas
• Vestuário
• Folclore

Quadro 4: Fontes de Pesquisa Documental


Fonte: MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 175.

57
As autoras explicam que “[...] é evidente que dados secundários, obtidos de livros,
revistas, jornais, publicações avulsas e teses, cuja autoria é conhecida, não se confundem com
documentos, isto é, dados de fontes primárias”. Entretanto ressaltam que “existem registros,
porém, em que a característica primária ou secundária não é tão evidente, o mesmo ocorrendo
com algumas fontes não escritas” (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 176).
Os documentos podem ser encontrados em arquivos públicos, quando estão sob a guarda
de instituições oficiais (municipais, estaduais, federais) e arquivos particulares (domicílios e
instituições privadas).

4.1.3
Análise e interpretação dos dados e construção do
raciocínio demonstrativo

Essa etapa é a construção lógica ou síntese da etapa anterior, que segundo Severino
(2007, p. 148) “é a coordenação inteligente das ideias conforme as exigências racionais da
sistematização própria do trabalho”. No decorrer da pesquisa, pode ser necessário fazer alguns
ajustes no projeto inicial.
É possível que durante a coleta de dados, outros caminhos tenham sido apontados,
direcionando o pesquisador para outras descobertas. Cabe ao investigador analisar as
informações coletadas para realizar os ajustes necessários, interpretar essas informações e só
então descrever as ocorrências e elaborar o texto explicativo do trabalho. Observe o que destaca
Severino:

A construção lógica do trabalho é o arranjo encadeado dos


raciocínios utilizados para a demonstração da hipótese formulada
no início. Naturalmente, esses raciocínios, em trabalhos que
comportem elementos de pesquisa positiva de bibliografia, como
a maioria dos trabalhos acadêmicos, são formados a partir dos
dados colhidos nas fontes consultadas e a partir das ideias
descobertas pela reflexão do autor.
Todo trabalho científico, seja ele uma tese, um texto didático, um
artigo ou uma simples resenha, deve constituir uma totalidade de
inteligibilidade, estruturalmente orgânica, deve formar uma
unidade com sentido intrínseco e autônomo para o leitor que não
participou de sua elaboração, que internamente as partes se
concatenem logicamente. (SEVERINO, 2007, p. 148)

Durante o período de análise e interpretação dos dados, bem como de construção do


raciocínio demonstrativo, o pesquisador pode elaborar seu texto acadêmico, sendo uma
primeira versão, mesmo que ainda em rascunho. Em seguida, resta apenas organizar os
resultados da pesquisa e elaborar o texto final.

Métodos e Técnicas de Estudo e Pesquisa 58


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4.1.4
Organização dos resultados

Após a interpretação dos dados coletados, cabe ao pesquisador organizar os resultados


obtidos, partindo do que foi descoberto sobre o fenômeno estudado, passando pela
comprovação ou não das hipóteses iniciais e finalmente se os objetivos da pesquisa foram ou
não alcançados.
Ao organizar os resultados, o pesquisador verifica quais foram as contribuições do
estudo realizado para o conhecimento sobre o tema, para a vida acadêmica, ou ainda, para a
prática cotidiana da sociedade, de acordo com a primeira intenção da pesquisa (se básica ou
aplicada). A organização dos resultados permite que o pesquisador avalie a eficácia de seus
métodos aplicados, mas também, serve para que o pesquisador estabeleça as conclusões a que
chegou sobre o objeto de estudo proposto.
Finalmente, o pesquisador está pronto para a etapa final da pesquisa: a construção do
trabalho redacional.

4.1.5
Elaboração do trabalho redacional com os resultados
da investigação

Uma pesquisa chega ao fim quando os resultados alcançados são colocados à disposição
do público e isto acontece quando um trabalho final é elaborado. Em nossa instituição, os alunos
concluintes dos cursos elaboram um artigo científico.

4.1.5.1
Elaboração de Artigo

De acordo com a NRB 6022, de maio de 2003, os artigos científicos são parte de uma
publicação com autoria declarada. O autor discute e argumenta sobre ideias, métodos, técnicas,
processos e resultados e se organiza em dois tipos distintos: artigo de revisão e artigo original.
No artigo de revisão o objetivo é resumir, analisar e discutir informações já publicadas; e no
artigo original evidencia-se temas ou abordagens originais (inéditas). Este último também se
aplica a relatos de experiência de pesquisa, estudo de caso etc. (ABNT, 2003).
O artigo é formado pela seguinte estrutura:

59
1) Elementos pré-textuais (título, subtítulo (quando houver), nome(s) do(s)
autor(es), resumo na língua do texto, palavras-chave na língua do texto).
2) Elementos textuais (introdução, desenvolvimento e conclusão (ou
considerações finais)
3) Elementos pós-textuais (nota(s) explicativa(s), referências, glossário, apêndice,
anexo – estes três últimos, quando necessários).

Importante!
De acordo com a NRB 6022 de 2013, título, subtítulo, resumo e as
palavras-chave em língua estrangeira são incluídos como elementos pós-
textuais. Entretanto, em nossa Instituição optamos por suprimir o título e o
subtítulo e incluir o resumo e as palavras-chave em língua estrangeira como
elemento pré-textual.

4.1.5.1.1
Elementos pré-textuais

Os elementos pré-textuais são partes relevantes do artigo e servem para identificá-lo e


ao seu autor, além de oferecer ao leitor uma síntese do tema a ser abordado. Os elementos pré-
textuais devem estar dispostos na ordem em que aparecem a seguir.
O título e o subtítulo estão relacionados ao tema do trabalho e figuram na página de
abertura do artigo. Estão separados por dois pontos (:) e na língua do texto. É importante
ressaltar que o subtítulo não é um elemento obrigatório, mas serve para explicar o título de
modo mais detalhado.
O nome completo do autor está disposto abaixo do título e subtítulo, acompanhado por
breve currículo em nota de rodapé, na página inicial do artigo, contendo: formação, área,
instituição a qual pertence e endereço eletrônico (opcional). Em um artigo também se admite
mais de um autor.
O resumo na língua do texto é um elemento obrigatório escrito em um único parágrafo,
com frases curtas, afirmativas e objetivas, com, no mínimo, 100 palavras e não ultrapassando a
250 palavras. É constituído por elementos fundamentais do trabalho, tais como tema do artigo,
objetivos, metodologia empregada, principais resultados e conclusões.
Posterior ao resumo, as palavras-chave, em número mínimo de três, são termos,
expressões ou descritores que representam o conteúdo do artigo.
Em seguida ao resumo e palavras-chave na língua do texto, deve-se incluir a tradução
desses dois elementos para uma língua estrangeira, preferencialmente a língua inglesa. Também
poderão ser aceitas as línguas espanhola e a francesa.

Métodos e Técnicas de Estudo e Pesquisa 60


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4.1.5.1.2
Elementos textuais

O corpo do texto é formado pela introdução, desenvolvimento e conclusão.


A introdução é um texto corrido no qual estão configurados elementos fundamentais do
objeto do estudo. Diferentemente do resumo, a introdução deve ser elaborada de modo mais
extenso e loquaz. Nesta parte inicial do texto deve conter a delimitação do tema, os objetivos
do trabalho e outros elementos que possam apresentar o tema do artigo que favoreçam a
compreensão do trabalho, tais como a justificativa, a hipótese e a metodologia2 utilizada na
pesquisa. Esses dados podem ser aproveitados do projeto de pesquisa.

Importante!
Precisamos ressaltar que o projeto é escrito no tempo futuro, visto
que ainda será colocado em prática. Entretanto, no artigo, utilizamos o
tempo pretérito ou o tempo presente.
Em relação à pessoa do verbo, são aceitas a primeira do plural ou a
terceira pessoa do singular.
Em algumas áreas já se permite a utilização da primeira pessoa do
singular.
O importante, porém, é seguir um padrão de modo a garantir a
correção da língua, assim como a estética do texto.

O desenvolvimento é a parte principal do texto. Nele estão organizados,


pormenorizadamente, as discussões teóricas e os argumentos do autor. O desenvolvimento pode
estar organizado em itens dispostos em seções e subseções (NBR 6024), conforme a abordagem
do tema e do método utilizado para a pesquisa.
No desenvolvimento, de acordo com o tipo de pesquisa adotado, também pode haver
uma seção intitulada resultados na qual o autor do trabalho apresenta todas os aspectos
observados, os efeitos, as implicações e/ou as consequências decorrentes do objeto pesquisado.
Observe-se que não se trata ainda das conclusões.
A conclusão ou considerações finais é a parte final do trabalho e contém os objetivos
que foram alcançados, assim como os resultados relativos à hipótese. Trata-se de uma síntese
dos resultados do artigo, podendo, inclusive, conter novas problematizações e possibilidades de
pesquisas futuras.

2
A metodologia também pode ser colocada no desenvolvimento, como uma seção, após as seções e subseções que
discutem o objeto estudado.

61
4.1.5.1.3
Elementos pós-textuais

Os elementos pós-textuais fecham o artigo e estão organizados na seguinte ordem:


a) Nota(s) explicativa(s) – notas utilizadas para comentários, esclarecimentos ou
explanações, que não puderam ser incluídas ao longo do corpo do texto (NBR
6022/2003), e ainda, para incluir referências de citações de fontes incompletas,
extraídas da Internet ou que necessitam de maiores esclarecimentos. Essas notas não
são obrigatórias.
b) Referências – lista de elementos descritivos que seguem um padrão, retirados de
documentos ou publicações utilizadas ao longo do texto. Trata-se de um elemento
obrigatório e está regulamentado pela NBR 6023/2002, como assinalamos
anteriormente.
c) Glossário – é um elemento opcional e se constitui em uma lista em ordem alfabética,
de palavras que necessitam de explicações relativas ao seu significado.
d) Apêndice – é um documento ou texto opcional, elaborado pelo autor, que
complementa, explica ou ilustra detalhadamente parte do texto, sem prejuízo da
unidade, da coerência e da organização do artigo.
e) Anexo(s) – é um documento ou texto não elaborado pelo autor e serve para
esclarecer, complementar, comprovar, fundamentar e/ou ilustrar o artigo. Trata-se
de um elemento não-obrigatório.

4.2
Outros trabalhos acadêmicos

No interior das Universidades, outros trabalhos acadêmicos também são utilizados e


solicitados aos alunos. Entre eles, destacam-se o resumo, o relatório, a resenha crítica, entre
outros. Entre os diversos textos acadêmicos, além do artigo científico do qual já tratamos,
destacaremos o resumo, o relatório e a resenha, textos com os quais estaremos
permanentemente em contato.

4.2.1
Resumo

O resumo é uma apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto. Para elaborar
um resumo, é necessário ler diversas vezes o texto original, estar atento à coesão de modo a
elaborar os parágrafos bem encadeados e coerentes entre si.

Métodos e Técnicas de Estudo e Pesquisa 62


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Ao elaborar um resumo é necessário:
• Identificar as partes principais, sublinhando o que for considerado importante.
• Diferenciar a ideia principal das secundárias em cada parte do texto.
• Destacar as informações necessárias à compreensão do texto.
• Compreender o encadeamento das ideias que conduzem o texto.
• Eliminar palavras e frases desnecessárias ao entendimento do texto, mantendo
as ideias fundamentais.
• Estar atento ao sentido do texto, sua clareza, coesão e coerência.

Além disso, o resumo deve ser elaborado na voz ativa, em ordem direta, utilizando a 3ª
pessoa do singular. Deve-se também, evitar adjetivos e palavras desnecessárias.

De modo geral, o resumo não tem caráter opinativo, servindo para informar ao leitor as
principais ideias que constam no texto original, sem expor dados quantitativos e exemplos.
Dados, resultados e conclusões que não constarem no texto original não devem constar no
resumo.

4.2.2
Relatório

O relatório é um documento em que são registrados os resultados de uma experiência,


de um procedimento ou de uma ocorrência científica.
A linguagem é clara, objetiva e concisa e, em geral, segue os padrões da norma oficiais
da língua portuguesa. Sua simplicidade ou complexidade dependerá da intenção de quem o
elabora.
Um relatório pode apresentar as seguintes partes:
• Identificação: autor e destinação
• Título: objetivo e sintético
• Objeto: introdução ao tema, ao objetivo do trabalho
• Delimitação: explicação dos limites do relatório
• Referências: fontes de consulta
• Texto principal: desenvolvimento do relatório
• Conclusões: resumo, resultados, constatações

63
4.2.3
Resenha Crítica

A resenha fornece dados informativos de uma produção artística (filme, livro, peça
teatral etc.) ou científica (artigo científico, dissertação, tese, livro etc.).
Além de trazer os dados informativos, a resenha emite uma opinião, realizando um juízo
da obra analisada, que se constitui em crítica, que pode ser favorável ou não.
A resenha apresenta as seguintes partes:
• Título
• Referência bibliográfica da obra
• Apresentação: alguns dados bibliográficos do autor e da obra resenhada
• Resumo, ou síntese do conteúdo
• Avaliação crítica

Na resenha crítica, é comum a citação de outras obras de modo a comparar os conteúdos


apresentados pelo texto que está sendo resenhado. Pode-se também fazer citações e utilizar
contra-argumentos, tendo em vista justificar o ponto de vista do autor da resenha crítica.

Resumindo

• Uma pesquisa, para ser bem desenvolvida precisa passar pelas etapas
de: elaboração do projeto de pesquisa; coleta de dados, que inclui os
procedimentos adotados e o levantamento das fontes para a realização
da pesquisa; análise e interpretação dos dados e construção do
raciocínio demonstrativo; organização dos resultados; elaboração do
trabalho redacional com os resultados da investigação.
• A realização de uma pesquise exige a utilização de procedimentos e
fontes de pesquisa.
• As entrevistas podem ser estruturadas, não estruturadas e
semiestruturadas.
• Os questionários podem conter perguntas abertas e fechadas.
• As fontes podem ser bibliográficas e documentais.
• A história oral tem o objetivo de resgatar um acontecimento por meio
da memória das pessoas.
• Existem diferentes tipos de trabalhos científicos e acadêmicos.
• O trabalho acadêmico é um trabalho científico que incide em
informação científica organizada sob a forma de um texto
atendendo a um padrão específico.

Métodos e Técnicas de Estudo e Pesquisa 64


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Sugestão de Atividade
Escolha um dos tipos de pesquisa estudados, busque um artigo
científico e cumpra as seguintes tarefas:
a) Faça uma breve identificação do texto contendo: título,
autor, instituição em que o trabalho foi realizado.

b) Descreva: o tipo de pesquisa e os instrumentos utilizados


pelo pesquisador, para a coleta de dados.
Em seguida, poste na Sala Virtual da Disciplina, no ícone
Tarefa.

Registre sua ideia


A coleta de dados deverá ser realizada segundo a metodologia
empregada para dar conta da investigação, segundo o tipo de pesquisa
escolhido pelo pesquisador que se constitui em seu método de
trabalho. Escolha um dos tipos de pesquisa expressos nesta Unidade,
e liste alguns instrumentos de coleta de dados que poderiam ser
utilizados para desenvolver a investigação.
Em seguida, poste na Sala Virtual da Disciplina, no ícone
Tarefa.

Importante!
Todas as atividades postadas no Ambiente Virtual de
Aprendizagem estarão compondo a nota bimestral juntamente com a
avaliação presencial.
Não se esqueça, também, de participar do nosso fórum de
discussões.

65

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