Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
- Doenças miocárdicas, geralmente genéticas, que associam à disfunção mecânica e/ou elétrica. Pode ser
hipertrófica ou dilatação.
- Pode ser primária ou secundária, levando à IC, arritmias e morte.
Cardiomiopatia hipertrófica
- Doença primária, com hipertrofia ventricular, na ausência de outra causa cardíaca ou sistêmica.
- É a mais prevalente das de origem genética (>21 genes e >1000 mutações). É autossômica dominante. É a
principal causa de morte súbita (principal complicação) em jovens e atletas.
- Epidemiologia: brancos, homens. 1:500 adultos de prevalência. 30% dos casos não tem etiologia definida.
- Anatomia patológica:
Macroscópica: hipertrofia VE, simétrica, mas na maioria é assimétrica e no septo interventricular (90%).
Microscópica: hipertrofia dos cardiomiócitos com desarranjo dos feixes musculares e perda da arquitetura
miocárdica. Aumento do tecido conjuntivo intersticial com alteração morfológica das fibras de colágeno e
formação de fibrose miocárdica.
Biópsia miocárdica não define diagnóstico. A desordem dos miócitos não é patognomônica.
- Fisiopatologia:
Disfunção diastólica: na maioria dos casos. É precoce, antes da hipertrofia, é independente da extensão e
espessura miocárdica.
Obstrução na via de saída do ventrículo esquerdo: secundária à fenômenos hemodinâmicos. Alteração do
septo interventricular e valva mitral.
Isquemia miocárdica: desequilíbrio entre demanda e oferta de O2. Aumento da massa muscular aumenta
demanda de O2. Diminuição do fluxo sanguíneo decorrente de elevadas pressões diastólicas de enchimento
e compressão microvascular. Estrutura coronariana insuficiente em relação ao aumento ventricular.
Redução do lúmen arteriolar. Presença de pontes miocárdicas (trajetos intramiocárdicos).
- Evolução clínicas:
Doença tratável e de baixa mortalidade cardiodesfibrilador e transplante cardíaco. Pode se manifestar em
qualquer idade (desde a infância até 6-7º década). Expectativa de vida normal, poucas complicações. Uma
parcela dos doentes evolui com FA (complicações embólicas), IC (progressiva), morte súbita.
- Quadro clínico:
Maioria assintomático ou oligossintomático, detectado por sopro cardíaco ou durante investigação familiar.
Sintomas comuns: dispneia (90% - pode ser progressiva e relacionar com alimentação copiosa), angina ao
esforço (1/3 dos casos), palpitações (arritmias ventriculares e supraventriculares).
síncopes (15-25% IAM, obstrução de saída VE, ativação inadequada de barorreceptores ventriculares,
vasodilatação, arritmias) ou pré-síncope.
Síncopes inexplicadas e repetidas, principalmente em crianças/adolescentes, sem causa
neurocardiogênica alto risco para morte súbita cardíaca.
Pequena parcela torna-se incapacitados.
Disfunção diastólica VE + obstrução na via de saída do VE + regurgitação mitral em 5% dos casos geram
disfunção sistólica surge dispneia em repouso (estágio final da doença).
- Exame físico: Pode ser normal
Ictus amplo, forte, desviado esq. Pode palpar p frêmito sistólico na ponta ou borda esternal baixa. Pulso
venoso jugular com elevação da onda “a” (contração atrial acentuada).
Ausculta com sopro cardíaco sistólico, rude, crescendo-decrescendo, logo após B1, audível na borda
esternal esq.
Se regurgitação mitral: sopro holossistólico suave no ápice e axila.
Pode ter B4 (vigorosa contração atrial), desdobramento paradoxal de B2 (atraso fechamento aórtico).
- Diagnóstico:
ECG: sensível, mas pouco específico. Sobrecarga ventricular esquerda com alteração ST e inversão de
onda T. Sobrecarga atrial esquerda onda Q e onda T + em duas derivações contínuas.
Baixo custo. Deve ser feito na primeira avaliação e sempre que houver mudança de sintomas.
Triagem diagnóstica dos parentes de 1º grau dos pacientes com CMH.
Ecocardiograma: principal método diagnóstico. Parâmetro espessura máxima da parede ventricular em
qualquer segmento.
RNM: útil para diagnóstico, principalmente quando é difícil análise pelo ecocardiograma. Estabelece
diagnóstico diferencial.
Teste ergométrico: estratificação de risco para morte súbita cardíaca. Realizar no hospital com médico.
Testes genéticos: método definitivo para identificação. Diagnóstico na fase pré-clínica, antes de alterações
estruturais.
- Tratamento: melhorar capacidade funcional, reduzir sintomas e prevenir progressão da doença.
Maioria dos pacientes sintomáticos se beneficiam só da terapia farmacológica. 10% precisam de
intervenção invasiva.
Assintomáticos com evolução benigna NÃO tratar
Disfunção sistólica progressiva ou diastólica refratária ao tratamento clínico transplante cardíaco.
Medicamentoso:
BB (propranolol, atenolol, metoprolol) são drogas de escolha para obstrução na via de saída do VE e
sintomáticos.
Verapamil: quando BB não podem ser usados.
Diuréticos: em baixas doses melhoram dispneia.
Invasivo: NÃO utilizado em assintomáticos, independente da gravidade da obstrução de saída do VE
(VSVE).
Usar em sintomáticos, com capacidade funcional III-IV, terapia medicamentosa otimizada e VSVE
>ou= 50 mmHg.
Classe III: limitação física importante, atividades mais leves do que as habituais causam dispneia,
cansaço, palpitações.
Classe IV: sintomático em repouso.
Aos pacientes sem VSVE, mas que estejam sintomáticos, a única opção é o transplante cardíaco.
Terapias possíveis: cardiomiectomia septal, ablação septal percutânea pelo álcool, implante de
cardiodesfibrilador.
Cardiodesfibrilador é a única estratégia que prolonga a vida dos pacientes, pois interrompe
taquiarritmias ventriculares fatais e previne morte súbita.
Cardiomiopatias restritivas
- Doença primária ou secundária. Causa rigidez e redução do relaxamento cardíaco. Compromete enchimento
ventricular e reduz volume diastólico final (1 ou ambos ventrículos).
- No início da doença a função sistólica está preservada. As espessuras miocárdicas estão normais ou aumentadas
dependendo da causa.
- Etiologia: pode ser genética ou secundária a doenças sistêmicas (que acometem miocárdio ou endomiocárdio).
Resulta em sintomas de ICC.
Infiltrativa: principais causas amiloidose, sarcoidose, doença de Gaucher, doença de Hurler
Amiloidose cardíaca: deposição anormal de amilóide (proteína anormal produzida na MO) em
diferentes órgão.
o Depósito extracelular, substituição progressiva dos miócitos por material fibrilar com
infiltração intersticial dos átrios e ventrículos espessamento das paredes.
o Quadro clínico: tríade dispneia, palpitações e precordialgia, sinais de ICC grave com
turgência jugular, hepatomegalia, ascite e edemas de MMII. Pode ter angina típica e síncope.
FA com trombose ocorre em 20%
Não infiltrativa: genética (familiar), esclerodermia, hipertrófica, DM. Idiopática.
Cardiomiopatia idiopática: esporádica, mas pode ser familiar e associada a doenças genéticas
(miopatia esquelética, sd de Turner e Sd de Noonan). Mais freqüentes em meninas.
o Morfologia: dilatação importante dos átrios, cavidade ventricular pequena, paredes
espessadas, fibrose dos miócitos.
Quadro clínico: 2-3º década ICC, bloqueio AV, trombose. Difícil manejo, pois podem
o
desenvolver FA e perder sincronia AV.
o Pacientes muito sintomáticos têm prognóstico desfavorável (morte >50% em 3 anos).
Depósito: hemocromatose, doença de Fabry, depósito de glicogênio
Hemocromatose: excesso de ferro, que leva à intoxicação de diferentes órgãos.
Obliterativa endomiocárdica: endomiocardiofibrose, síndrome hipereosinofílica, doença carcinóide,
radiação, antraciclina.
Endomiocardiofibrose: é a cardiomiopatia restritiva mais comum no mundo. É endêmicas em
algumas regiões (nordeste do Br, África...) apresenta-se como infiltrados fibrosos que se
depositam nos ápices ventriculares. Forma biventricular é a mais comum.
o Eosinofilia crônica persistente. Doença crônica, insidiosa, longa evolução, etiologia
desconhecida.
o Quadro clínico: ICC direta nas fases mais avançadas, congestão sistêmica exuberante,
edema MMII, aumento do volume abdominal, fadiga, tontura, caquexia, dor precordial atípica.
o A maioria dos pacientes se apresenta em estágios avançados, grave limitação funcional e
alto risco de morte. Nestas condições são indica-se cirurgia, obtendo bons resultados a
médio e longo prazo.
- Quadro clínico:
Disfunção diastólica, função sistólica preservada, dilatação dos átrios, pequena ou nenhuma dilatação
ventricular, espessura da parede aumentada nas doenças infiltrativas ou depósito. Obliteração de cavidades
ventriculares na endomiocardiofibrose.
Exuberante congestão sistêmica (turgência jugular, hepatomegalia, ascite, edema MMII).
- Diagnóstico:
ECG: inespecífico. Pode ter sobrecarga atrial, baixa voltagem QRS, distúrbio de condução, alteração de
repolarização e fibrilação atrial.
Rx tórax: derrame pleural. Não há cardiomegalia grave.
Ecocardiograma: fundamental para análise da função sistólica e diastólica. Avalia espessura do pericárdio e
faz diagnóstico diferencial com a pericardite constritiva.
TC tórax: avalia obliteração de cavidade. Oferece diagnóstico diferencial com a pericardite constritiva
(espessura pericárdio e calcificações)
RNM: útil, avalia espessura pericárdio, obliteração ventricular.
Manometria simultânea de cavidades: importante no diagnóstico do padrão restritivo. Elevada pressão de
enchimento nos átrios e ventrículos com função sistólica preservada este padrão é encontrado em outras
doenças também.
Biópsia endomiocárdica: permite o diagnóstico etiológico preciso
- Tratamento:
Amiloidose cardíaca: quimioterápico Melphalan associado a corticóide, transplante de medula óssea em
casos refratários.
Endomiocardiofibrose: pacientes muito graves cirurgia. Aos que estão mais discretos ou classe funcional
I e II acompanhamento clínico. Se envolvimento predominante no VE, a gravidade da insuficiência mitral
e nível de hipertensão pulmonar determinam cirurgia.
Cardiomiopatia restritiva idiopática: transplante cardíaco é o mais indicado, pois são pacientes jovens com
doença de ruim prognóstico.