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Trabalho, Lda.

Tipologia dos utentes e/ou clientes na prestação de Código: 8851


Designação do Curso:
cuidados pessoais e à comunidade Acão Nº: 1
3.03. Formações Modulares para DLD Local de Juventude Vila Fonche, Arcos
Tip. de Intervenção:
POISE-03-4231-FSE-001516 Realização: de Valdevez
Nome do/a formador/a Sandra Campos
Nº Horas: 50 Data Início: 23/01/2019 Data Fim: 1-03-2019

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Código IMP/DF/47

Edição 01

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ASSISTENTE FAMILIAR E DE APOIO À COMUNIDADE
Tipologia dos utentes e/ou clientes na prestação de
cuidados pessoais e à comunidade
Manual de Apoio

Conteúdos
Velhice e Envelhecimento
 Conceitos
 Mitos, Factos e Estereótipos
 Principais perturbações físicas na velhice
 Representações Sociais da Morte
o Processo de Luto
o 8º estádio de Erik Erikson: Integridade vs. Desespero
 Graus de Dependência
o Utente Independente
o Utente Semi-Dependente
o Utente Dependente
 Avaliação da dependência
o Escala de Barthel

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Velhice e Envelhecimento

1. Definição de conceitos

O envelhecimento deve ser entendido como um processo natural da vida que traz
consigo algumas alterações sofridas pelo organismo, consideradas normais para
esta fase.

Envelhecemos desde o momento em que nascemos.

A velhice é considerada, para uns, como o último ciclo da vida, que independe de
condições de saúde e hábitos de vida, é individual, e que pode vir acompanhado de
perdas psicomotoras, sociais, culturais e etc.

A velhice é uma construção social que cria diferentes maneiras de se entender o


mesmo fenómeno (envelhecimento), dependendo de cada cultura.

Para simplificar, podemos definir que o envelhecimento é um processo, e a


velhice é uma etapa da vida!

2. Mitos, Factos e Estereótipos sobre a Velhice e o Envelhecimento

Estereótipo é uma representação social sobre os traços típicos de um grupo,


categoria ou classe social. É um pré-conceito rígido, mais ou menos falso, que
contribui para o não reconhecimento da individualidade.

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Alguns dos estereótipos mais comuns sobre pessoas idosas:

o Os idosos não são sociáveis e não o Têm problemas de memória


gostam de se reunir o Não se preocupam com sua
o Têm medo do futuro aparência
o Gostam de jogar cartas o São muito religiosos e praticantes
o Gostam de conversar e contar as o Não se interessam pela
suas recordações sexualidade
o Gostam do apoio dos filhos o São frágeis para fazer exercícios
o São pessoas doentes que tomam físicos
muita medicação o São na maioria pobres

Os pontos anteriores estão ligados a traços de personalidade e a fatores


socioeconômicos! Não estão relacionados ao envelhecimento!

Existem ainda outros mitos relativos ao envelhecimento. De seguida fazemos uma


breve análise de alguns desses mitos.

A velhice começa aos 65 anos, é apenas uma questão cronológica.


“65 anos” é apenas um dado abstrato; a velhice embora geralmente implique
desgaste nomeadamente em termos orgânicos, é mais um processo pessoal e não
tanto um definido por uma baliza etária.

Estar velho, é estar dependente.


A dependência física, psíquica ou intelectual não depende da idade mas sim de um
conjunto de fatores, como a saúde, que podem despoletar uma situação de
dependência.

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As pessoas idosas geralmente não conseguem tomar decisões sobre a sua vida.
As pessoas idosas são adultas e a não ser que estejam em situação inequívoca de
incapacidade de julgamento e decisão, foram e estão habilitadas para saber e
construir o rumo das suas vidas.

A maior parte das pessoas idosas usufruem de equipamentos e serviços para os


apoiar no dia-a-dia. Apenas 11,4% das pessoas idosas portuguesas usufruem de
equipamentos ou serviços e, segundo a União Europeia estima-se que apenas 3%
desta população se encontre em situação de grande dependência; na verdade,
muitas pessoas idosas são cuidadoras dos mais jovens e mais velhos que elas
próprias.

«Burro velho não aprende línguas»


A capacidade de aprendizagem não cessa com a longevidade - o ser humano é capaz
de aprender e de se adaptar sempre.

A família cuida sempre dos mais velhos e estes nada dão em troca.
Nem todas as famílias estão capacitadas para manter ou criar relações afetivas e
funcionais intergeracionais, por outro lado, a função social dos membros mais
velhos da família passa muitas vezes por cuidar dos mais novos, contribuir
monetariamente para o agregado familiar, servir de mediadores com a vizinhança,
etc.

As pessoas idosas não se apaixonam ou têm relações sexuais.


O amor, a sexualidade e o afeto são importantes para os maiores,
independentemente da sua idade.

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As pessoas idosas são todas iguais.
A população idosa portuguesa é muito heterogénea - não é por fazerem 65 anos ou
mais que as pessoas ficam todas iguais. Todas são pessoas diferentes com percursos
de vida diferentes.

3. Processo de Envelhecimento
Todos os organismos multicelulares têm um tempo de vida que sofre mudanças
fisiológicas com o mudar do tempo.

Como vimos anteriormente, o envelhecimento é um processo progressivo e


diferencial (difere de pessoa para pessoa). É um processo biopsicossocial:

o Bio (idade biológica) – modificações nos órgãos que diminuem o seu


funcionamento
o Psico (idade psicológica) – competências comportamentais (inclui memória,
inteligência e motivação)
o Social (idade social) – papel, estatutos e hábitos em relação aos membros da
sociedade.

Com o envelhecimento ocorrem mudanças no organismo. Destacam-se:


o Diminuição do fluxo sanguíneo para os rins
o Diminuição da capacidade renal para eliminar toxinas e medicamentos
o Diminuição da capacidade do fígado para eliminar toxinas e metabolizar
medicamentos
o Diminuição frequência cardíaca máxima
o Diminuição do debito cardíaco máximo (saída do sangue do coração)
o Diminuição tolerância à glicose
o Diminuição capacidade pulmonar de mobilização do ar
o Aumento quantidade de retido nos pulmões após expiração
o Diminuição função celular de combate a infeções

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PERTURBAÇÕES PRINCIPALMENTE EM PESSOAS DE IDADE AVANÇADA

Doença ou alteração Descrição


Perturbações do cérebro que provocam uma perda
Doença de Alzheimer e
progressiva da memória e de outras funções
outras demências
cognitivas.

Úlceras por pressão Úlceras da pele devido a uma pressão prolongada.

Hiperplasia benigna da Aumento de volume da próstata (nos homens) que


próstata obstrui o fluxo de urina.

Cataratas Opacidade do cristalino do olho que impede a visão.

Diabetes, tipo II (começo Às vezes não é necessário um tratamento com insulina


no adulto) neste tipo de diabetes.
Aumento da pressão numa das câmaras do olho que
Glaucoma
pode diminuir a visão e causar cegueira.
Degenerescência da cartilagem das articulações que
Artrose
produz dor.
Perda de cálcio dos ossos que os torna frágeis e
Osteoporose
aumenta o risco de fraturas.
Doença degenerativa e progressiva do cérebro que
Doença de Parkinson causa tremor, rigidez muscular, dificuldade nos
movimentos e desequilíbrio.

Cancro da próstata Cancro na glândula prostática (nos homens).

Icto Obstrução ou rutura de um vaso sanguíneo do cérebro


(acidento vascular que provoca falta de forças, perda da sensibilidade,
cerebral) dificuldade em falar e outros problemas neurológicos.
Diminuição ou perda da capacidade de continência
Incontinência urinária
urinária.

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Também a nível sensorial e percetivo se verificam alterações com o envelhecimento,
embora em algumas modalidades mais do que noutras, como pode ser verificado no
quadro abaixo.

4. Representações Sociais da Morte

Representação Social - trata-se da expressão dos pensamentos de uma dada


coletividade sobre um determinado objeto/assunto.

Vamos abordar as representações sociais de morte humana. Ou seja, como é que as


pessoas (em geral) percecionam sobre a morte.

Quando se fala de morte, estão associados dois medos: medo da morte do outro
(abandono) e medo da própria morte (finitude). Este último pode relacionar-se a
três aspetos:

1. medo da extinção
2. medo do que pode vir depois da morte do outro
3. medo do sofrimento

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Erik Erikson (1964), psicólogo responsável pelo mapeamento das etapas do
desenvolvimento psicossocial ao longo da vida, descreveu a última fase da existência
do ser humano como “Integridade x Desespero”

Esta última etapa é marcada por um olhar retrospetivo. Ao aproximar-se do final da


vida a pessoa que está na terceira idade sente a necessidade de avaliar o que dela
fez e pode experienciar sentimentos de satisfação do de fracasso.

o Vertente positiva – sentimento de realização face ao passado


o Vertente negativa – sentimento de que se perderam oportunidades

_________________________________________________________________________________

Graus de dependência

Dependência - estado em que se encontram as pessoas que têm necessidade de


assistência e/ou de ajuda para realizar Atividades de Vida Diária (AVD’s).

Devido a falta ou perda de capacidades


física, psíquica ou intelectual.

Graus de dependência dos utentes

o Independente – não necessita de apoio nas AVD’s (poderá apenas precisar


de alguma supervisão).

o Semi-dependente - necessita de supervisão e também de apoio de terceira


pessoa para desempenho de algumas atividades diárias.
o

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o Dependente - requer apoio extensivo e intensivo. São pessoas que estão
acamadas ou que têm fortes restrições ao nível da mobilidade, tendo algumas
delas outras incapacidades associadas como, por exemplo a diminuição de
aptidões cognitivas e do controlo esfincteriano.

Existem uma multiplicidade de testes que permitem avaliar o grau de dependência


dos indivíduos. Iremos abordar a escala de Barthel (páginas 9 a 11).

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ESCALA DE BARTHEL – Desempenho de atividades de vida diária básicas
(AVD)
ALIMENTAÇÃO

10 INDEPENDENTE. Capaz de utilizar qualquer talher. Come em tempo razoável.

5 AJUDA. Necessita de ajuda para cortar, barrar manteiga, etc.

0 DEPENDENTE.

BANHO

INDEPENDENTE. Lava-se por completo em duche ou banho de imersão ou usa a


5 esponja por todo o corpo. Entra e saí da banheira. Pode fazer tudo sem ajuda de
outra pessoa.

0 DEPENDENTE.

VESTUÁRIO

INDEPENDENTE. Veste-se, despe-se a arruma a roupa. Aperta os cordões dos


10
sapatos. Coloca a cinta para hérnia ou corpete, se necessários.

AJUDA. Necessita de ajuda mas realiza, pelo menos, metade das tarefas em
5
tempo razoável.

0 DEPENDENTE.

HIGIENE PESSOAL

INDEPENDENTE. Lava o rosto, as mãos, escova os dentes, etc. Barbeia-se e utiliza


5
sem problemas a tomada, no caso de aparelho eléctrico.

0 DEPENDENTE.

DEJEÇÕES

CONTINENTE. Não apresenta episódios de incontinência. Se são necessários


10
enemas ou supositórios coloca-os por si só.

INCONTINENTE OCASIONAL. Apresenta episódios ocasionais de incontinência ou


5
necessita de ajuda para uso de sonda ou outro dispositivo.

0 INCONTINENTE.

10
MICÇÃO

CONTINENTE. Não apresenta episódios de incontinência. Quando faz uso de


10
sonda ou de outro dispositivo, toma as suas próprias providências.

INCONTINENTE OCASIONAL. Apresenta episódios ocasionais de incontinência ou


5
necessita de ajuda para uso de sonda ou outro dispositivo.

0 INCONTINENTE.

USO DE VASO SANITÁRIO

INDEPENDENTE. Usa o vaso sanitário ou urinol. Senta-se e levanta-se sem ajuda


10
(embora use barras de apoio). Limpa-se e veste-se sem ajuda.

5 AJUDA. Necessita de ajuda para manter o equilíbrio, limpar-se e vestir a roupa.

0 DEPENDENTE.

PASSAGEM CADEIRA – CAMA

INDEPENDENTE. Não necessita de qualquer ajuda. Se utiliza cadeira de rodas faz


15
isso independente.

10 AJUDA MÍNIMA. Necessita de ajuda ou supervisão mínimas.

GRANDE AJUDA. É capaz de sentar-se mas necessita de assistência total para a


5
passagem.

0 DEPENDENTE.

DEAMBULAÇÃO

INDEPENDENTE. Pode caminhar sem ajuda até por 50 metros, embora utilize
15
bengala, muletas, prótese ou andarilho.

10 AJUDA. Pode caminhar até 50 metros, mas necessita de ajuda ou supervisão.

INDEPENDENTE EM CADEIRA DE RODAS. Movimenta-se na cadeira de rodas por,


5
pelo menos, 50 metros.

0 DEPENDENTE.

11
ESCADAS

INDEPENDENTE. É capaz de subir ou descer escadas sem ajuda ou supervisão,


10 embora necessite de dispositivos como muletas ou bengala, ou se apoio no
corrimão.

5 AJUDA. Necessita de ajuda física ou de supervisão.

0 DEPENDENTE.

PONTUAÇÃO:

TOTALMENTE DEPENDENTE (0–25)

DEPENDENTE (26–50)
DEPENDENTE PARCIAL (51–75)

INDEPENDENTE (76–100)

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Referências Bibliográficas

NETTO P.M. (2002).O estudo da velhice no séc. XX: histórico, definição do campo e
termos básicos. In: Freitas E. et al.(Orgs)Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan; p. 2-12

PEIXOTO C. (1998). Entre o estigma e a compaixão e os termos classificatórios:


velho, velhote, idoso, terceira idade. In: Barros MML de. (Org.). Velhice ou terceira
idade? Rio de Janeiro: FGV; p. 69-84

BEAUVOIR S. (1990). A velhice. Tradução de MHF Monteiro. Rio de Janeiro: Nova


Fronteira; 1970. p 40

MOSCOVICI, S. (2001): “Das representações coletivas às representações sociais:


elementos para uma história”, in JODELET, Dense: As representações sociais. Rio
de Janeiro, RJ, Uerj.

ERICKSON, J. (1998.). M. O ciclo de Vida Completo Erik H. Erikson. Artmed, Porto


Alegre, trad. Maria Adriana Verissimo Veronese, p.96.

DGEEP/MTSS (2007), Carta Social, Rede de Serviços e Equipamentos – Relatório


2005, DGEEP/MTSS, Lisboa.

BOTELHO, A. (2005). A funcionalidade dos idosos. In C. Paúl, & A. M. Fonseca


(Eds.).Envelhecer em Portugal (110-135). Lisboa Climepsi Editores.

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