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Rafael D. Loyola
que é ciência e quais são seus métodos. Entretanto, para realizar pesquisas
científicas, convém refletir um pouco sobre isto. Creio que a ciência é uma tentativa
mundo real. Tal tentativa deve possuir elementos lógicos e intuitivos além de basear-
uma organização, que não pode ser gerada somente pelo acaso.
por um processo ou processos mais gerais. Por exemplo, todo fruto que cai de uma
árvore atinge o solo. Isto é um padrão claramente observável. O processo que causa
tal padrão é a Gravidade. Desta forma, a ciência avança pela descoberta de padrões
antiguidade. Na Grécia antiga, os poetas criavam mitos para explicar a origem das
citar a sua ida à morada dos deuses, onde lhe havia sido revelada a verdade
sobrenaturais.
No século VII a.C., surge a Filosofia como um novo modo de interpretar o mundo,
o que rompe com a atitude dos poetas (Coutinho 2002). Os filósofos começam,
então, a justificar e dar razões de suas crenças. Dessa forma, ao passo que um
poeta jamais seria contestado por sua audiência, o que configuraria uma divergência
de opinião sobre a versão dos acontecimentos primordiais, o mesmo não ocorre com
os dois temas sobre os quais giravam a grande maioria das indagações humanas da
determina uma aceitação sem crítica dos mesmos, deslocando o foco das atenções
Ferrari 1974). Assim, o método científico pode ser definido como “um conjunto de
se à prova as hipóteses científicas” (Kaplan 1975). Mas que hipóteses são estas?
universais. Por exemplo, observando cisnes em uma lagoa detecto que o cisne 1 é
branco, que o cisne 2 é branco, que o cisne n é branco... Logo, deduzo que todos os
cisnes do mundo são brancos. Ou seja, parto de observações particulares (os cisnes
na lagoa) e faço inferências gerais (todos os cisnes do mundo). Todavia, como não
sou capaz de observar todos os cisnes do planeta, nada me garante que, algum dia,
embora comece a expor críticas a seu respeito. Tal método, posteriormente, foi
pois nele parte-se de enunciados gerais para sua aplicação em casos particulares.
logo todo cachorro tem um coração. A generalização é feita com base em premissas
verdadeiras e gerais e, portanto, a conclusão é verdadeira. Como no método
indutivo, minha conclusão projeta-se além das premissas (todo cisne é branco,
dúvida este método, o mais famoso foi Sir Karl Raymund Popper, que lançou as
predições devem ser submetidas a testes e ao confronto com os fatos para ver que
expresso através de uma pergunta). Uma vez que o problema foi detectado, passo à
etapa seguinte que é a de (3) propor uma solução para o mesmo (criação de uma
hipótese). Toda hipótese tem uma (4) predição, que nada mais é do que aquilo que
efetivamente. Por fim, (6) analiso os resultados e os comparo com minha hipótese
hipótese foi corroborada) ou não ocorreu o esperado (minha hipótese foi refutada), e
devo formular uma nova hipótese que explique satisfatoriamente o problema inicial.
forma criteriosa todas as etapas acima descritas, se sua hipótese inicial não é
corroborada, têm-se argumentos científicos para criticar os conhecimentos prévios
Vamos agora imaginar uma situação real para a aplicação do método hipotético-
dedutivo. Cada etapa será numerada como na explicação anterior. (1) Como biólogo
pois já tenho um conhecimento prévio sobre plantas e suas interações com outros
organismos). Observo então que, as folhas desta planta estão cobertas por tricomas
(“pêlos”) e que estas folhas são menos comidas (predadas) por lagartas de
borboletas que aquelas, de outra planta, que não possuem pêlos. (2) Surge então
predação das folhas pelas lagartas?” A partir desta pergunta formulo (3) uma
lagartas de borboletas” e dessa hipótese (4) gero minha predição “se oferecer folhas
da mesma planta com pêlos e sem pêlos a lagartas de borboleta, as folhas sem
pêlos serão mais comidas (predadas)”. (5) Para testar tal predição, vou ao campo
com uma lâmina de barbear e retiro, aleatoriamente, os pêlos de algumas das folhas
daquela planta. A seguir, faço observações e (6) analiso se o que acontece está de
acordo com minha hipótese inicial. Ou seja, se as folhas que foram “depiladas”
realmente foram mais predadas, minha hipótese é corroborada. Se por outro lado,
não houve diferença entre a predação das folhas “depiladas” ou “peludas”, então
minha hipótese é refutada. Portanto, devo procurar outra explicação para o fato de
hipóteses de trabalho testadas. Aliás, essa tem sido uma exigência constante de
COUTINHO, F.A., 2002. Conhecimento. In: MARTINS, R. P. & MARI, H. (Eds), 2002.
Kennedy.