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CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS COM HABILITAÇÃO EM

LÍNGUA PORTUGUESA E LÍNGUA INGLESA

MARIANA LIMA SOBREIRA

O ENSINO REMOTO DA LÍNGUA INGLESA DURANTE A PANDEMIA DE


COVID-19.

PETROLINA
NOVEMBRO / 2020
MARIANA LIMA SOBREIRA

O ENSINO REMOTO DA LÍNGUA INGLESA DURANTE A PANDEMIA DE


COVID-19.

Artigo Científico apresentado como exigência


parcial do grau de Licenciando em Letras – Língua
Portuguesa e Inglesa e suas Literaturas à
comissão julgadora da Universidade de
Pernambuco Campus Petrolina, sob orientação do
Prof. Esp.ª Leonardo Elizeu Alves.

PETROLINA
NOVEMBRO / 2020
BANCA
EXAMINADORA
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RESUMO

Com essa pesquisa buscamos explanar o conceito de ensino a distância, seu histórico, o percurso
dessa modalidade no ensino de inglês e os métodos usados para o domínio dessa língua ao longo
dos anos. Como metodologia foram usadas a pesquisa bibliográfica de autores como Souza (2017),
Miyamoto (2017) e Silveira (2015). Para alcançar dados mais específicos e atuais do ensino de inglês
a distância, foi realizada uma entrevista com professores que trabalham nessa modalidade, feita com
o auxílio de um questionário, que mostrou a realidade do EAD na pandemia do COVID-19 e
proporcionou uma discussão sobre os seus efeitos em alunos e professores.

Palavras-chave: Educação a distância; Ensino de inglês; Pandemia.

ABSTRACT

With this research we looked foward to explaining the concept of distance teaching, its history, the
path of this field in English teaching and the methods used to master this language over the years. As
of the methodology, for the bibligraphic research, we used authors such as Souza (2017), Miyamoto
(2017) e Silveira (2015) In order to reach more specific and recent data on distance English teaching,
an interview was applied by means of a questionaire, which showed the reality of distance education
on the COVID-19 pandemic which made possible a discussion about the effects upon both students
and teachers.

Key-words: Distance education; English teaching; Pandemic.

INTRODUÇÃO

O campo das aulas online tem se expandido amplamente nos últimos tempos. As aulas de
inglês que antes eram limitadas às salas de aula presenciais, podem ser transmitidas de um
lado do mundo para o outro. Apesar de o crescimento desse ramo ser relativamente recente,
a história da educação à distância remete a um passado distante. Neste artigo abordaremos
o percurso histórico dessa modalidade de ensino, com o foco na disciplina de Língua Inglesa,
a língua global. Além de ter como objetivo delinear a trajetória da educação a distância do
inglês no Brasil, o trabalho mostra os avanços da área até os dias de hoje, no contexto da
pandemia de coronavírus no ano de 2020.

Para alcançar esse objetivo geral, os específicos se constituem em conceituar ensino a


distância, especificamente o de Língua Inglesa, detalhar o desenvolvimento do EAD ao longo
de sua existência e analisar a eficácia da modalidade durante a pandemia de COVID-19. Por
quais mudanças esse método passou e qual é a sua eficácia? O que os professores
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precisam saber e aplicar quando se trata dessa abordagem? Que vantagens e desvantagens
são encontradas se compararmos a educação a distância com a presencial?
Ao estudar o histórico da EAD, poderemos entender o percurso, os impactos, as facilidades e
dificuldades que essa modalidade enfrentou, bem como seus avanços.
Por analisar as experiências de professores experientes da área, recebidas por meio de um
questionário, teremos uma visão do que vem sendo feito nesse âmbito, as mudanças que a
modalidade tem causado na vida de professores e como eles pensam esse momento.

Com a expansão do ensino remoto, surgem também novos caminhos, novas formas de
ensinar e aprender. O professor da atualidade precisa estar a par dessa evolução do ensino
para que possa propiciar aos seus estudantes um conhecimento globalizado, completo e
conectado com a sua realidade.

METODOLOGIA

A pesquisa centra-se em descrever o fenômeno do ensino de língua inglesa a distância,


desde o seu surgimento até o contexto atual. A fim de realizar essa descrição, foram tomados
como base trabalhos de autores como Souza (2017) e Miyamoto (2017). Os trabalhos
desses autores descrevem todo o percurso da modalidade, que começa desde os dias dos
primeiros cristãos, através do apóstolo Paulo que escrevia os ensinamentos por meio de
suas epístolas para enviá-las a diferentes povos, perpassa a era dos telecursos e chega à
contemporaneidade com o avanço tecnológico virtual.

As fontes usadas para a construção do artigo foram tanto primárias, também conhecidas
como diretas ou bibliográficas, como secundária, por meio de uma entrevista. A entrevista foi
conduzida com o objetivo de trazer dados atuais sobre o ensino a distância da língua inglesa,
a saber, como tem afetado os professores em sua rotina e em seu ensino e como os alunos
são percebidos por eles, em questão de evolução na aprendizagem, como estão as suas
interações e o seu desempenho geral.

Para a obtenção desses dados, os entrevistados foram professores, tanto do ensino público
como do privado, tanto do nível médio como do fundamental, que encontram-se lecionando
durante o período da pandemia do coronavírus, em outubro de 2020. As suas respostas
trarão uma visão geral da situação escolar, migrada para o ensino a distância, desde março
desse ano.

Os resultados foram tratados sob a ótica do trabalho da pesquisa qualitativa, o que significa
que usaremos as respostas para trabalhar conceitos e ideias, mas também nos atentaremos
para os percentuais dos dados catalogados, de acordo com as alternativas mais ou menos
escolhidas pelos professores quando entrevistados. As escolhas de respostas serão exibidas
em forma de gráfico, para melhor visualização e entendimento. As perguntas e suas
respectivas alternativas estão em anexo nas últimas páginas do trabalho. Os entrevistados
foram previamente selecionados, e após aceitarem participar da pesquisa, receberam as
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perguntas online. A entrevista não pôde ser feita ou entregue pessoalmente devido às
circunstâncias às quais a pandemia nos acometeu.

1.0 DEFINIÇÃO E UM BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A educação a distância é regulamentada pelo artigo 80 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de


1996 e o Ministério da Educação e da Cultura, o MEC, define a educação a distância como a
“modalidade educacional na qual alunos e professores estão separados, física ou
temporalmente e, por isso, faz-se necessária a utilização de meios e tecnologias de
informação e comunicação.” (MEC, 2018).

Antes de chegar no contexto atual do ensino a distância, precisamos identificar o início do


caminho. Essa modalidade começou a ser usada pela humanidade, que segundo indicam
pesquisas iniciou-se com o apóstolo cristão Paulo, que ensinava as congregações por meio
de cartas. Por não poder estar presencialmente com os cristãos, Paulo escrevia suas
mensagens e ensinamentos da prisão, mantendo os irmãos informados e espiritualmente
abastecidos.

Com as epístolas de São Paulo, observa-se, então, o desenvolvimento de


uma abordagem mediada pela tecnologia, por meio da relação dos sujeitos
com a sociedade de seu tempo, em que a linguagem vai se entrelaçando a
essas tecnologias a fim de garantir possibilidades outras de ensino, para além
da interação face a face. (SOUZA, 2017, p. 372)

Diante dessa perspectiva, observa-se que o começo do ensino a distância é bem mais
remoto do que se imagina. Passaram-se os anos e os registros da modalidade até 1728
eram pontuais. Abaixo, segue a tabela de registros históricos no ensino a distância com seus
respectivos anos e precursores.

ANOS REGISTROS PRECURSORES / LOCALIDADE


1728 Curso de taquigrafia por Professor Caleb Philips (Boston - EUA)
correspondência
1833 Curso de composição por Antiga universidade sueca da cidade de
correspondência Lund
1840 Curso de taquigrafia por cartões-postais Isaac Pitman (Inglaterra)
1843 Instituição criada para correção Sociedade Fonográfica por
taquigráfica Correspondência
1850 Estudo fora do campus: sistema de Reverendo W. Sewell – Oxford, Inglaterra
palestras
1856 Ensino de idiomas por correspondência Charles Toussaint e Gustav
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Langenscheidt
1858 Autorização para certificados da EAD Rainha Victoria do Reino Unido
1873 Correspondência com o público feminino Anna Tickner (Boston - EUA)
1874 Graduação, mestrado e doutorado EAD Universidade de Wesleyan
1882 Seminário Teológico Batista por William Rainey Harper – Universidade de
correspondência Chicago
1891 Criada a Universidade por Ithaca – Nova Iorque
Correspondência
1892 Departamento de Estudo por William Rainey Harper – Universidade de
Correspondência Chicago
1904 Curso de datilografia com envio de (Informação não encontrada)
materiais pelo correio
1920 Curso para aprender português, francês (Informação não encontrada)
e radiodifusão
1960 Projetos de ampliação do acesso à (Informação não encontrada)
educação no Brasil

As informações da tabela foram retiradas do artigo de Souza (2017, p. 372-373) “Da


correspondência a internet: O ensino de inglês a distância no Brasil”, que tomou como base
autores como GUARANYS E CASTRO (1975), HOLMBERG (1995) e PIVA JR. et al (2011).

A história do ensino a distância no Brasil teve início uns 200 anos depois do primeiro registro
de um curso de taquigrafia na cidade de Boston, Estados Unidos. Tanto a modalidade remota
como o ensino do inglês no Brasil passaram por mudanças ao longo dos anos. Veremos
agora o contexto atual do ensino da língua inglesa no Brasil, em que a pandemia de
coronavírus forçou a migração do ensino presencial para o ensino a distância.

1.1 ALGUNS MÉTODOS DE APRENDIZAGEM

A princípio o método girava em torno de aprender a gramática e as regras de tradução. Esse


método baseava-se em como era ensinado o Latim. A língua materna nunca podia ser
deixada de lado, pois nesse método era necessário que sempre se recorresse a ela. Com o
objetivo de mudar a forma de se ensinar o inglês, o Ministro Francisco Campos, em 1931,
propôs uma reforma educacional.

Adotou-se então “o método direto intuitivo, cujo principal atributo era ensinar o aluno a
pensar na língua estrangeira, sem compará-la com a língua materna.” (MIYAMOTO, 2017, p.
2). Esse abandono da “muleta” da língua materna para entender a língua alvo, tornava os
aprendizes mas independentes e hábeis no seu uso. Apesar de no início da aquisição de
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uma língua parecer impossível compreender significados sem recorrer à língua mãe, quanto
mais cedo o aluno usa a própria língua que ele quer aprender para dar significado ao seu
aprendizado, mais cedo irá sentir-se em condições de expressar-se livremente.

Para o aprimoramento do método direto intuitivo, a Reforma Capanema, em 1942, lançou o


“método audiolingual, baseado no processo de imitação e repetição mecânica” (MIYAMOTO,
2017, p. 2). A repetição é um processo fundamental para o domínio de uma língua. Quanto
mais vezes passamos por um caminho, mais confiantes nos sentimos de que sabemos como
atravessá-lo e chegarmos onde desejamos. Repetir as palavras e os sons é um treinamento
que pode tornar a aula exaustiva para alguns. Mas podemos enfatizar que o conhecimento
da língua vai bem além de decorar pronúncias. Palavras são partes de frases, que são partes
de contextos. Esse deve ser o foco do estudante e de qualquer um ao usar uma língua:
compreendê-la em seus contextos e comunicar-se por meio dela.

Chega então uma ferramenta inovadora para o auxílio do aprendizado de línguas.

Nos anos 60, surgiram os laboratórios de língua, equipados com cabines


individuais para os alunos treinarem a compreensão auditiva e a pronúncia.
Foi nessa época que as pessoas passaram a confiar na tecnologia como
solução para que o estudante ouvisse diversos falantes nativos e deixasse de
ficar refém da voz do professor. (MIYAMOTO, 2015, p. 2)

O ensino de línguas passa a ser descentralizado do professor. As cabines direcionadas aos


alunos com ferramentas que aguçavam suas habilidades como ouvintes e falantes da língua
alvo, tornavam o ensino mais individual, e ao mesmo tempo mais coletivo, porque o aluno
não ouvia apenas a voz do seu tutor, mas podia ouvir os falantes nativos, o que também
servia de motivação para uma aquisição da língua do modo mais natural possível, falada por
um nativo.

Aumentando a emancipação do aluno, é introduzida em 1978 a abordagem comunicativa,


que consiste na interação do mesmo com seus pares. O estudante assume a
responsabilidade do seu próprio aprendizado e para de receber os conteúdos de forma
passiva. Os recursos tecnológicos têm permitido cada vez mais que o aluno tenha essa
independência de aprender no seu ritmo e usando as ferramentas que ele acha mais
convenientes ao seu estilo de absorção de informações como aprendiz.

1.2 O EAD E A TEORIA DAS ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM

A teoria das estratégias de aprendizagem é, para Dantas (2012, p. 113), “uma ferramenta
que auxilia o professor no planejamento e na criação de diversas atividades que podem se
adaptar ao ensino online abrangendo os mais diferentes estilos de aprendizagem.” A
aplicação dessa teoria, seja na sala de aula presencial, seja na remota, traz bons resultados.
O docente pode orientar seu trabalho com base no conhecimento que tem sobre os estilos
de aprendizagem dos seus alunos.
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A autora, citada no parágrafo anterior, trabalha em seu artigo as dicotomias dos estilos
apresentadas por Felder e Silverman (1987), sendo essas: “[...] aprendizes Sensoriais x
Intuitivos, aprendizes Visuais x Verbais, aprendizes Ativos x Reflexivos, aprendizes
Sequenciais x Globais”. Diante dessa perspectiva, faz-se necessário questionar quais as
características dos estilos, segundo os autores.

O aluno que tem as características de um aprendiz Sensorial, usa seus sentidos para prestar
atenção aos detalhes. Para ele, tudo tem que ser vivido e sentido na prática. Eles usam a
sua boa memória para guardar experiências.

Já o aluno Intuitivo, não se apega à necessidade de uma atividade prática, concentra-se nas
teorias e no que elas significam. Usam a sua intuição para cumprir com as atividades
propostas com rapidez.

Os Visuais, como indica a sua nomenclatura, recorrem ao seu sentido da visão como sentido
predominante. Um conteúdo atrativo para os Visuais é, portanto, apresentado com recursos
visuais, como imagens e vídeos.

Os Verbais têm como característica marcante a habilidade em compreender facilmente os


significados das palavras, quer elas sejam escritas ou oralizadas. Pode-se imaginar que para
os aprendizes Verbais, as palavras são o mesmo que as imagens são para os Visuais.
O aprendiz Ativo assemelha-se um pouco ao aprendiz Sensorial, já que precisa da prática
para absorver o conhecimento. É importante para esse tipo de aprendiz, estar em constante
troca com o meio, conversar sobre o que aprendeu e entender o ponto de vista dos outros.

O Reflexivo, ao contrário do Ativo, não olha ao redor buscando no meio uma forma de
internalizar o saber. Ele olha para dentro de si, conversa consigo mesmo a fim de encontrar
as respostas às suas perguntas e indagações.

Para finalizar as dicotomias, temos os aprendizes Sequenciais e Globais. Qual a diferença


entre eles? Ao pensar nos Sequenciais podemos lembrar de sequências, de estruturas
organizadas. Esse estilo de aprendiz precisa seguir um passo a passo, uma linha lógica de
ideias apresentadas uma a uma, para chegar à compreensão. Os Globais tratam-se de
aprendizes que captam os aspectos gerais dos assuntos. Entendem o todo para entender as
partes, em oposição aos Sequenciais, que vão das partes para o todo.

Para aprendizes como os Sensoriais e os Ativos, que prezam a prática, pode parecer difícil
abranger atividades que tenham essas características numa sala de aula on-line, em que
existem menos estímulos para se sentir e limitações do interagir. É verdade que não estar
em um ambiente presencial priva alunos e professores de algumas experiências, mas o
mundo virtual também é um lugar amplo.

Para os Sensoriais, por exemplo, é bom que se trabalhe sempre com experiências, com
conteúdos que possam ser aplicados na vida real. Iniciar um diálogo entre nativos pode
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beneficiá-lo, pois mostra uma situação real de fala e consequentemente um contexto e uma
história. Ele poderá ouvir a língua em seu uso cotidiano e absorverá vocabulário e entonação
naturalmente.

Se o aluno identifica-se com o estilo Ativo, é provável que beneficie-se de momentos em que
são abertas discussões, momentos de fala, de tirar dúvidas, de dialogar com colegas.
Quanto mais for proposta a interação, mais ele aprenderá daquela aula. A ferramenta on-line
do chat é de grande ajuda. Nesse sentido, Tortoreli (2012, p. 17) dá uma palavra de cautela:
“As ferramentas apenas medeiam os processos de interação entre professor e aluno, mas o
sentido e o significado dessas para o processo de ensino e aprendizagem dar-se-á pelo uso
intencional dos seus participantes.”

Em outras palavras, a ferramenta de nada adianta se não for bem usada. Ela não pode ser
descartada durante as aulas online, nem tampouco usada para outros fins, como conversas
paralelas entre alunos, com assuntos que não são pertinentes ao tema então discutido.

Para alunos Intuitivos, o ideal é que sejam propostas tarefas que desafiem a sua intuição,
que o façam trabalhar em sua mente as teorias que ele absorveu. Afinal, mesmo que um
aprendiz tenha facilidade em absorção de teorias, é na prática que ele comprova se
realmente aprendeu o que foi exposto a ele.

Por outro lado, os Visuais e Verbais são alcançados, respectivamente, pelo aparato
imagético e pelo linguístico. O ensino geralmente é, sem muito esforço, uma mistura dos
dois. A maioria das aulas concentra-se em textos escritos e explanações, ou seja, uso da
ferramenta verbal. Mas principalmente no âmbito da modalidade a distância, é necessário
explorar as ferramentas visuais, a transmissão de vídeos, as imagens que ilustram ideias,
que provocam reflexões.

Ao tratar de alunos Reflexivos, o professor têm de levar em conta que eles preferem
trabalhar de forma individual. Isso não quer dizer que ele não possa interagir nos momentos
propícios. Mas ele precisa dessa individualidade para refletir sobre seu aprendizado.

Os Sequenciais e Globais, que são polos opostos, podem ser contemplados em momentos
distintos. Talvez o aluno do estilo Global capte melhor o assunto quando ele é iniciado,
quando é mostrado de um modo geral, sem especificar-se. Já o Sequencial vai acompanhar
o desenvolvimento de ideias ao longo dos dias, quando receber uma explicação detalhada
sobre cada ponto.

1.3 MUDANÇAS NA AQUISIÇÃO DAS QUATRO HABILIDADES: FERRAMENTAS ONLINE

O distanciamento físico entre alunos e professores é um fator que propicia algumas


mudanças no ensino. As quatro habilidades que são de fundamental aquisição para os
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estudantes de uma língua estrangeira também sofrem alterações. Silveira (2015, p.29)
comenta que o conceito das quatro habilidades é usado para fazer referência ao
“desenvolvimento das quatro modalidades de aptidões linguísticas essenciais, ler, ouvir, falar
e escrever. A prática dessas destrezas deve ser contínua durante a aprendizagem, seja
presencial ou virtual.”

Quando tratamos da habilidade oral, percebemos que ela geralmente é a última a ser
conquistada pelo aprendiz. A sua difícil aquisição vale tanto para a sala de aula presencial,
com contato direto com o professor, assim como para a sala de aula online, em que esse
contato torna-se mais distante. A autora cita ainda Wildgrube et al, para explicar a que se
deve tamanha complexidade atribuída ao campo oral:

Nesse contexto, Wildgrube et al. (2008) aponta a fala como a mais complexa
das habilidades para alguns aprendizes, pois o aluno deve estar preparado
para processar a língua e fazer com que o cérebro de cada um interprete e
também identifique o significado de cada palavra. (SILVEIRA 2015, p. 29)

O processo de construção da fala é complexo, pois depende da junção de várias estruturas


simultaneamente. O falante tem de ser capaz de dominar vocabulário suficiente para agregar
palavras e montar frases que tenham sentido para o ouvinte, levando em conta detalhes
como a pronúncia, a entonação, o contexto da fala e o conhecimento do outro sobre o
assunto discutido. Muitos aspectos tornam a fala a habilidade mais temida pelos aprendizes
e ao mesmo tempo mais almejada, porque é por meio dela que acontece a comunicação, o
objetivo principal da língua e sua oralidade.

Estivalet (2010, p. 8) discorre que “as teorias de aquisição de linguagem defendem a própria
prática oral ou mesmo a tentativa desta prática como o principal instrumento para o
desenvolvimento da fluência oral em língua estrangeira.” Portanto, não há alcance de
excelência na oralidade de um idioma sem ter presente a sua prática constante. O que
funciona como propulsor desse desenvolvimento é a exposição à língua, dos modos mais
distintos possíveis.

Séries de TV, artigos, documentários, vídeos em plataformas de streaming, podcasts,


notícias e programas esportivos, para exemplificar, são tipos de conteúdos oferecidos online,
na língua alvo. Esses podem dar ao aprendiz os recursos linguísticos que ele precisa para
poder se expressar e aprender da cultura dos países falantes dessa língua. Inserir-se no
domínio cultural de um país e de seus falantes é parte chave para melhor entendê-los e
então possibilitar a si mesmo o benefício de ser entendido.
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As ferramentas para o aprendizado de línguas, em especial o inglês, estão em grande parte


disponibilizadas na internet. Nos dias atuais é muito mais fácil entrar em contato com um
nativo, sem ter que sair de casa, através de redes sociais. Cada vez mais é possibilitado e
variado o input, ou seja, a interiorização da língua que se quer aprender. Por meio do input
acontece o output, o colocar para fora, exteriorizar o que foi consumido e apreendido, quer
seja oralmente quer por escrita ou pela leitura.

A escrita, apesar de ser uma das habilidades em que os aprendizes aparentam ter menos
dificuldade de execução e mais rapidez na aquisição, é também complexa. Sobre essa
habilidade e o seu ensino na educação a distância, Costa (2011) apud Silveira ressalta que:

“No ensino da escrita de LE à distância, a utilização de ferramentas


favorecedoras de atividades interacionistas, tais como chats e redes sociais,
por exemplo, os aprendizes são postos em diálogo por meio escrito com
nativos, outros falantes e/ ou estudantes da língua alvo.” (SILVEIRA, 2015, p.
30)

Escrever vai além de aplicar regras gramaticais e conhecer estruturas, é também uma forma
de interação e pertence à esfera social, assim como a oralidade. Seu uso compreende um
âmbito maior do que uma simples tarefa requisitada numa aula. Escreve-se para o professor
mas também para um amigo, um colega de trabalho, um chefe, um parente ou até a um
desconhecido. A escrita é uma comunicação de ideias e para que ela cumpra bem a sua
função, tem de ser bem pensada e treinada, assim como a fala.

Uma ferramenta online que facilita a prática de escrita são os sites chamados Wikis, com o
seu mais famoso representante, o Wikipedia. Esse tipo de site constitui-se em um
armazenamento de informações sobre os mais diversos assuntos, construída em conjunto.
Silveira (2015, p.30) compartilha novamente uma afirmação de Costa (2011) que diz que os
Wikis “potencializam a comunicação e difusão de informação via escrita e a produção textual
colaborativa entre seus usuários.” Além de treinar a escrita, o estudante contribui para o
enriquecimento de conteúdos de uma plataforma, que beneficiarão outros estudantes como
ele.

Wildgrube et al (2008) aparece como fonte de pesquisa para Silveira (2015, p. 30), ao
comentar sobre a habilidade da leitura. Para os autores, ler é

“...um processo de comunicação no qual a mente do leitor interage como texto


numa dada situação ou contexto, durante a leitura, o leitor constrói uma
representação do texto através da interação do seu conhecimento linguístico
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com pistas e palavras cognatas à sua primeira língua.” (SILVEIRA, 2015, p.


30)

Ferramentas citadas no mesmo artigo, incluem blogs, e-books, material literário em geral e
revistas. Quanto mais abrangentes e diversificados forem os conteúdos lidos, mais chance o
aprendiz têm de dominar um tópico que surgir numa conversa cotidiana ou numa aula, por
exemplo.

Já tratamos aqui de speaking, writing e reading. Partiremos então para o listening, ou a


habilidade da escuta. A importância do listening é resumida numa frase de Wilgrube et al
(2008), encontrada no artigo de Silveira (2015, p.30), que afirma que: “O listening é a chave
para se obter uma fala fluente.” Não existe duvida de que a habilidade oral está intimamente
ligada à auditiva. É impraticável a oralização de elementos linguísticos nunca ouvidos.

Uma criança em seus primeiros anos, desenvolve a fala da sua língua mãe pela escuta. Se a
criança for deficiente auditiva, consequentemente possuirá deficiências na fala. Oralizar é
uma réplica. Se não houve um modelo anterior em que se pôde basear o que será oralizado,
essa prática será muito difícil e comumente repleta de erros.

Ouvir uma quantidade considerável de modelos de fala, que envolvam falantes de diferentes
classes sociais, regiões, culturas e países, assim como ouvi-los repetidamente, é o que
possibilitará ao falante a habilidade da compreensão e por fim o domínio oral.

1.4 CONTEXTO ATUAL: ENSINO REMOTO NA PANDEMIA DE CORONAVÍRUS

Em face ao contexto atual, o ensino a distância, apesar de não ser uma modalidade que
surgiu tão recentemente, encontra dificuldades, principalmente por ter sido aplicada
obrigatoriamente e para lidar com uma emergência. A falta de tempo para a adaptação de
professores e alunos afetou e continua afetando a educação. No Brasil, as escolas foram
fechadas em 23 de março de 2020, e até outubro desse mesmo ano, a maioria delas
continuam fechadas.

Uma nota fornecida pela instituição financeira internacional World Bank Group (Grupo Banco
Mundial), que efetua empréstimos a países em desenvolvimento, publicou em abril desse
ano que “em pouco mais de três semanas, cerca de 1.4 bilhão de estudantes ficaram fora da
escola em mais de 156 países” (WBG, 2020, p.1).
15

As escolas que optaram pelo retorno das aulas presenciais, fizeram isso com uma
quantidade reduzida de estudantes e profissionais. Por enquanto não há a obrigatoriedade
desse retorno presencial, já que algumas famílias podem optar que seus membros em idade
escolar permaneçam em casa para manter uma segurança maior em relação à
contaminação pelo coronavírus.

Uma nota técnica elaborada pela instituição não-lucrativa “Todos Pela Educação” (a qual no
artigo chamaremos de TPE) também em abril desse ano, traz detalhes e números que dão
uma visão geral dos efeitos causados na educação pela pandemia até então, quando o
índice de contaminação e mortes já estava elevado em muitos países. A nota diz que:

“A literatura baseada em evidências mostra que alunos que têm atividades


totalmente a distância aprendem menos do que aqueles com a vivência
presencial nas escolas, mesmo levando em conta outros fatores que poderiam
afetar o desempenho acadêmico.” (TPE, 2020, p.6).

Mesmo com um aparato tecnológico que nos permitiu a manutenção das aulas e do ano
letivo, as chances são de que mesmo os alunos e professores mais dedicados sofreram
algum tipo de queda do rendimento: o professor com o seu desempenho e com os resultados
que ele espera das turmas, assim como o aluno com o rendimento que ele mesmo ou a
família espera dele.

A nota técnica anteriormente mencionada, foi dividida em tópicos chamados de “mensagens”


que constituem-se de reflexões a se fazer sobre o ensino a distância, com o propósito de
tornar a aplicação dessa modalidade a mais eficaz, justa, ampla e humana possível. As
reflexões não ficam só na teoria, pois são acompanhadas de sugestões para serem
colocadas em prática.

A mensagem de número um centra-se em descrever as dificuldades, mas também a


essencialidade, do ensino a distância no momento. No contexto em que estamos vivendo,
essa modalidade é a saída. Porém uma saída temporária, que precisa que nos adaptemos
para entrar nela. A adaptação será necessária também para posteriormente voltarmos ao
contexto ao qual estávamos acostumados.

Diante dessa perspectiva, de acordo com o TPE (2020, p.8), “é fundamental que as redes de
ensino não demorem a planejar estratégias eficazes para lidar com a volta às aulas.”
16

A segunda mensagem trata da heterogeneidade do público estudantil que ingressou ou


deveria ingressar na modalidade online. A desigualdade no acesso à educação fica ainda
mais visível, pois muitos estudantes têm uma condição financeira que não permite a
obtenção de aparelhos e de um provedor de internet que condicione a sua aprendizagem.
Somado a isso, o ambiente familiar pode não ser propício para os estudos do aluno,
atrapalhando a sua concentração e rendimento.

As experiências que existem até então sobre o ensino migrado totalmente para o online,
segundo a nota já mencionada, mostram que “ele tende a ser mais efetivo para aqueles
estudantes que já possuem um desempenho mais alto,...” (TPE, 2020, p.10).

Quanto a solução ou mitigação desse problema, esse reside em:

“Elevar emergencialmente o acesso das famílias mais pobres aos recursos


tecnológicos e adotar, em caráter adicional, medidas de ensino a distância que
não exigem uso da tecnologia (como o envio de livros e materiais impressos e
orientações às famílias para estímulo das crianças e jovens) devem ser
considerados.” (TPE, 2020, p.10)

A diversidade do ensino a distância é o tema da terceira mensagem da nota. Para


contemplar essa diversidade, que é indispensável em qualquer modalidade de ensino, são
sugeridas atividades como “jogos, visitas a museus virtuais, simulações, uso de laboratórios
remotos e uma série de outros recursos atualmente à disposição.” Propõe também “aulas
que promovem a resolução de problemas mais complexos, a investigação e a construção
colaborativa do conhecimento. (TPE, 2020, p.11)

Essa mensagem trata de amplificar o alcance do ensino por diversificar as ferramentas e os


tipos de abordagem. O aluno precisa sentir que o que ele aprende faz parte de um contexto
que se encaixa na dinâmica da vida real. Seu aprendizado tem de ser prazeroso, para que
ele seja significativo e contemple a sua realidade. Um problema matemático, a interpretação
de um texto, a identificação de alguma característica geográfica, não são partes soltas de
disciplinas, são partes do todo, de um aprendizado que caminha por diversas áreas e pode
ser trabalhado de maneira criativa e que tenha utilidade.

O foco da mensagem quatro são os docentes. A nota destaca a importância do papel


desempenhado por eles. A função do docente é central, não importa a modalidade de ensino.
No entanto, no contexto da pandemia, alguns efeitos podem ser sentidos em maior
proporção e frequência tais como: “...impactos na saúde mental, a falta de engajamento e
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motivação nas atividades a distância e as dificuldades em realizar gestão do tempo e


autocontrole para atividades em seus respectivos domicílios.” (TPE, 2020, p.14)

Não é fácil a adaptação de um docente que passou toda a vida lecionando presencialmente,
mudar completamente a sua rotina, o seu estilo de aulas e a sua abordagem. Adaptar-se aos
novos métodos também é tarefa difícil para o aluno, que pode sentir-se isolado e
desmotivado a participar. O planejamento das aulas é afetado e por conseguinte é afetada
também a sua execução.

A seguir discutiremos os resultados obtidos por meio do questionário aplicado com


professores de inglês que se encontram lecionando durante a pandemia de COVID-19. Suas
experiências serão úteis para ilustrar como tem sido o ensino a distância de inglês durante os
últimos meses, ou seja, de março a outubro de 2020.

2.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a análise da situação geral do ensino remoto em meio a pandemia, levantaremos


dados mais específicos e regionais que esclarecerão o andamento do EAD na região do Vale
do São Francisco, nas cidades de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE). Entre os professores
entrevistados por meio do questionário, há os que lecionam em instituições privadas, os que
lecionam em instituições públicas e os que dão aulas particulares.

De acordo com os dados oferecidos, dos 10 professores entrevistados, 5 lecionam em


escolas particulares (incluindo cursos de línguas), 1 leciona em escola pública e 4 são os que
dão aulas particulares. A oferta da modalidade remota para os alunos de escolas públicas é
visivelmente menor. A maioria deles permanece sem aula, enquanto os de escolas
particulares logo entraram na modalidade.
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Figura 1: Gráfico 1

É digno de nota que mesmo que o ensino remoto fosse implantado em maior número de
instituições públicas, muitos alunos não conseguiriam acompanhar essas aulas por limitação
de recursos fundamentais como internet e aparelhos eletrônicos adequados para o
acompanhamento das aulas. Esse é um reflexo do poder aquisitivo desses alunos de baixa
renda.

Figura 2: Gráfico 2

Os níveis de ensino abrangidos por esses professores são: Educação Infantil, Ensino
Fundamental, Ensino Médio, cursos de idiomas e preparatórios para exames. A opção do
Ensino Médio foi assinalada por 1 docente, enquanto que a do Ensino Fundamental foi
marcada por 3. Os que dão aulas particulares ou em cursos de idiomas somaram 5. Uma
professora leciona na Educação Infantil.
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Figura 3: Gráfico 3

Um total de 5 professores responderam que suas aulas são ministradas de forma síncrona,
ou seja, a aula é dada e ao mesmo tempo os alunos acompanham e podem interagir com o
professor. Apenas um professor respondeu que dá aulas de maneira assíncrona, em que as
aulas são gravadas e disponibilizadas para os alunos em seguida. Muitas vezes esse
processo envolve a edição do vídeo e passa por alguns cortes para se adequar a um limite
de tempo.

As aulas gravadas dão ao aluno a liberdade de programar-se de acordo com seu horário e
assistir quando for mais conveniente a ele. A disciplina é fator chave para ser bem-sucedido
quando se trata de acompanhar aulas gravadas, pois com a liberdade de definir o horário em
que se assistirá as aulas, vem também a responsabilidade de não deixá-las para depois e
acumular as videoaulas e os assuntos que precisam ser estudados.

Figura 4: Gráfico 4
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A experiência com as aulas remotas começou durante a pandemia para 7 professores


entrevistados e começou antes para 3. Durante a pandemia, a modalidade teve de abranger
todas as camadas de ensino, alunos do EF, EM, cursos de línguas e outras esferas. Esses
se juntaram aos que já assistiam aulas remotamente. Essa adaptação, que teve de ser feita
abrupta e emergencialmente, trouxe algumas consequências.

Figura 5: Gráfico 5

Dos 10 professores, 7 afirmaram que tiveram que fazer ajustes em sua rotina depois de
migrar para o ensino remoto. Um professor afirmou ter de organizar melhor o espaço de
trabalho e preparar os materiais digitais. Outra comentou: “por estar sempre em casa é fácil
perder a noção de dia e hora então todo o tempo que eu destinava espaçadamente à
produção de materiais que dinamizassem as aulas em classe, foi sintetizado em produzir
material online. E muitas vezes, pela perda da noção do dia e hora, acaba sendo
engessado.”
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6 dos professores responderam que a dinâmica da aula mudou. 2 professores disseram que
não houve mudanças na dinâmica e outros 2 afirmaram que essa mudança aconteceu em
partes. Uma professora entrevistada comentou sobre a dinâmica das aulas remotas
comparadas às presencias: “Todos os passos da aula presencial são respeitados mas
aumentamos o tempo para interação, debate, dinâmica e atividades mais motivadoras.”

6 professores responderam que a produtividade aumentou em parte. Uma professora


justificou que “em geral, os alunos se sentem mais à vontade para participar da aula. Porém,
outros se acomodam demasiadamente por estarem no conforto de suas residências.”

Figura 8: Gráfico 8

Metade dos entrevistados relatou ter experienciado um distanciamento entre alunos e


professores. Esse distanciamento pode ser decorrente do distanciamento físico, que limitou o
contato e as experiências dos docentes com os discentes. Ao mesmo tempo, para os que
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afirmaram ter percebido uma aproximação, ou seja, a outra metade dos entrevistados,
podem ter sentido que o contato foi aumentado e os alunos passaram a interagir mais com o
auxílio das ferramentas online.

6 professores relataram que os alunos têm participado menos nessa modalidade. A falta de
participação foi atribuída em parte à acomodação dos alunos, que estão no conforto de suas
residências e podem relutar em ser mais ativos durante as aulas, tomando uma posição
passiva diante delas. 3 docentes afirmaram que o desenvolvimento das quatro habilidades foi
facilitado no EAD. Um dos entrevistados disse que o listening e o writing foi facilitado, o
reading permanece o mesmo, já o speaking foi dificultado.
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Figura 10: Gráfico 10

O professor agora não precisa se preocupar em levar todo o material para a escola, o
computador e o sistema sonoro usados para o listening estão ao seu alcance a qualquer
momento. O writing pode ser treinado e o feedback pode ser mais rápido do que no ensino
presencial, conferindo texto por texto. O material para leitura, o reading também ficou de
mais fácil acesso online. Mas quando se trata do speaking, alunos e professores podem
sentir a dificuldade na falta de interação presencial.

Figura 11: Gráfico 11


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5 professores responderam que os resultados com o ensino remoto de inglês têm sido
satisfatórios. 5 também foram os que perceberam mais vantagens do que desvantagens na
modalidade. 3 afirmaram que continuarão a dar aulas a distância mesmo após a situação da
pandemia. Os outros 7 mostraram dúvidas em relação a isso. Uma comentou que voltará
caso surja a vacina para a COVID-19.

Figura 12: Gráfico 12

A maioria dos professores entrevistados encontraram mais desvantagens no ensino remoto.


O pouco tempo para a adaptação à modalidade pode ter causado essa reação a ela. Os
professores que acharam mais vantajoso o ensino online, em sua maioria, foram os que já
trabalhavam com o EAD antes de começar a pandemia.

Figura 13: Gráfico 13


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A porcentagem dos que responderam que não continuariam a utilizar o ensino remoto após a
pandemia foi nula, enquanto que 60% consideram a possibilidade de continuar e 40%
afirmaram que darão continuidade. Isso reflete um pensamento dos professores que mesmo
que esse tipo de ensino seja uma medida provisória e às vezes traga algumas dificuldades, a
probabilidade de que a modalidade continue a ser vigente por um longo período de tempo é
maior do que a chance de que ela seja descontinuada.

CONCLUSÃO

Com base nos dados coletados, concluímos que a ensino remoto em estado de emergência,
trouxe efeitos diversos. A maioria dos professores teve de mudar completamente a sua rotina
para adaptar-se ao novo estilo. Os que não estavam familiarizados com as ferramentas
online também tiveram que passar por esse processo de aprendizagem.

As consequências da pandemia na educação não foram uniformizadas, apesar de algumas


delas serem gerais. Os dados coletados por meio da entrevista mostram que a experiência
dos professores com o ensino a distância pode variar, mesmo com professores que
ministram aulas para o mesmo tipo de instituição e nível de ensino.

Pelo perfil dos entrevistados, percebe-se que as aulas a distância durante a pandemia foram
implantadas nas escolas particulares em maioria, enquanto as escolas públicas, não
ofertaram essa modalidade de aulas. Os alunos de baixa renda e os alunos de baixo
rendimento são afetados, pois a maioria não tem acesso ao aparato tecnológico fundamental
que comporte a conexão para o EAD.
Já o segundo grupo, porque existe a tendência de queda ainda maior do rendimento do
aluno, como foi comprovado pelas respostas dos professores, que afirmaram que há menor
participação dos alunos e maior dificuldade na aquisição das 4 habilidades.

Não foi possível constatar com firmeza se alunos e professores experimentaram uma
aproximação ou um distanciamento maior, tendo em vista que as respostas dividiram-se
meio a meio. O que se pode abstrair dessa questão é que aproximação e distanciamento vão
depender mais de características pessoais, tanto da parte dos professores como dos alunos.
A distância física pode ser um fator que corrobore para o distanciamento em outros aspectos.
Por outro lado, a facilidade com que se mantêm o contato virtualmente, pode favorecer uma
maior interação de ambas as partes.
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Uma informação obtida pelo questionário, é que os professores que percebem pontos
positivos no ensino remoto, são os que já vinham fazendo uso dessa modalidade, antes da
pandemia. Esses professores geralmente são os de curso de idiomas ou que já davam aulas
particulares para pequenos grupos ou individualmente.

Apesar das diferentes respostas e resultados que dividem-se ao meio, nenhum professor
entrevistado respondeu com certeza que descontinuaria o trabalho na modalidade caso ou
quando as aulas presenciais retornassem. Esses dados mostram que mesmo que a
adaptação de toda a esfera educacional tenha sido difícil, os professores estão dispostos a
continuar aprendendo e se aperfeiçoando na modalidade.
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REFERÊNCIAS

DANTAS, Lílian Henriques. Estilos de aprendizagem no ensino da língua inglesa na modalidade


de educação a distância. Educação a Distância, Batatais, v. 2, n. 1, p. 107-122, junho 2012.

EDUCAÇÃO, Todos pela. Ensino a distância na Educação Básica frente a pandemia da COVID-
19. Nota técnica, abr. 2020.

EDUCATION, World Bank Group. Políticas Educacionais na pandemia da COVID-19: o que o


Brasil pode aprender com o resto do mundo?. Abr. 2020.

ESTIVALET, Gustavo Lopez. Realidade e virtualidade: utilização e proposição de atividades no


ensino de língua estrangeira à distância. Anais do IX Encontro do CELSUL Palhoça, SC, out. 2010,
Universidade do Sul de Santa Catarina.

Ministério da Educação e Cultura – MEC. O que é Educação a distância? (2018) Disponível em


<http://portal.mec.gov.br/escola-de-gestores-da-educacao-basica/355-perguntas-frequentes-
911936531/educacao-a-distancia-1651636927/12823-o-que-e-educacao-a-distancia#:~:text=Educa
%C3%A7%C3%A3o%20a%20dist%C3%A2ncia%20%C3%A9%20a,tecnologias%20de%20informa
%C3%A7%C3%A3o%20e%20comunica%C3%A7%C3%A3o.> Acesso em 16/10/2020 às 13:26.

MIYAMOTO, Margareth Ramos Teixeira. O Impacto do uso das Novas Tecnologias em Aulas de
Inglês para cursos Tecnológicos. v.1, n.1 (2017): Revista CBTecLE, Fatec São Caetano do Sul -
Antonio Russo, Brasil.

SILVEIRA, Danubia Gisele Santos. O ensino de língua inglesa a distância: caminhos e


possiblidades. Revista Multitexto, 2015, v. 3, n. 02.

SOUZA, Carlos Fabiano de. Do ensino por correspondência ao My English Online: retratos do
ensino de inglês a distância no Brasil. Entremeios [Revista de Estudos do Discurso, on-line,
www.entremeios.inf.br], Seção Temática [Linguagem e Tecnologia], Programa de Pós-Graduação em
Ciências da Linguagem (PPGCL), Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS), Pouso Alegre (MG),
vol. 15, p. 369-397, jul. - dez. 2017.

TORTORELI, Adélia Cristina; GASPARIN, João Luiz. A interação do professor e alunos no


ambiente virtual de aprendizagem: a ferramenta síncrona chat. Seminário de Pesquisa do PPE,
Universidade Estadual de Maringá, 07 a 09 de Maio de 2012.
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ANEXOS

Questionário

A pandemia do coronavírus trouxe mudanças ao cenário educacional. As aulas presenciais foram


substituídas pelas aulas a distância. Para isso foram necessários ajustes e adaptação de professores
e alunos. Com base nisso, elaboramos algumas perguntas, e através destas, entrevistamos 10
professores para posteriormente coletarmos os dados para o embasamento da nossa pesquisa.

1. Em que tipo de instituição leciona?

( ) Privada
( ) Pública
( ) Dou aulas particulares

2. Para que nível de ensino?

( ) Fundamental
( ) Médio
( ) Outro: __________________________________________

3. Suas aulas acontecem de forma síncrona, assíncrona ou mista?

( ) Síncrona
( ) Assíncrona
( ) Mista

4. Sua experiência com aulas a distância começou durante a pandemia ou antes dela?

( ) Antes
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( ) Durante

5. Precisou mudar ou ajustar a sua rotina, em especial no planejamento das aulas?

( ) Sim
( ) Não
( ) Em parte. Justifique:__________________________________

6. A dinâmica da aula mudou?

( ) Sim
( ) Não
( ) Em parte. Justifique:__________________________________

7. Acredita que as aulas tornaram-se mais produtivas?

( ) Sim
( ) Não
( ) Em parte. Justifique:___________________________________

8. Percebeu uma maior aproximação ou distanciamento entre alunos e professores?

( ) Aproximação
( ) Distanciamento

9. Os alunos passaram a participar com mais ou menos frequência nas aulas?

( ) Mais frequência
( ) Menos frequência
( ) Mesma frequência do ensino presencial
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10. O ensino das 4 habilidades essenciais para a aprendizagem de uma língua estrangeira
(writing, reading, listening e speaking) foi facilitado ou dificultado no EAD?

( ) Facilitado
( ) Dificultado
( ) Permanece o mesmo que no ensino presencial

11. Os resultados estão sendo satisfatórios?

( ) Sim
( ) Não
( ) Em parte. Justifique: _____________________________________________

12. Na sua opinião, existem mais vantagens ou desvantagens na modalidade de ensino a


distância?

( ) Vantagens
( ) Desvantagens

13. Pretende continuar na modalidade mesmo após o retorno das aulas presenciais?

( ) Sim
( ) Não
( ) Talvez

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