A sabedoria de Deus: Consideremos os pontos seguintes: 1.
Essa é uma das suas qualidades
(ver I Sam. 2:3 e Jó 9:4). 2. Ela ê perfeita (Jó 37:16), poderosa (Jó 37:16), universal (Dan. 2:22), infinita (Sal. 146:5 e Rom. 11:33), insondável (Isa. 40:28 e Rom. 11:33). maravilhosa (Sal. 139:6), além do entendimento humano (Sal. 139:6). 3. Incomparável (Isa. 44:7), contida em Cristo e no evangelho (Col. 1:3; I Cor. 2:7). 4. Além disso toda a verdadeira sabedoria humana se deriva dela (Eze. 7:25 e Efé. 1:17). 5. È exibida nas obras de Deus (Sal. 104:24), em seus planos (Isa. 28:29), na predição dos acontecimentos (Isa. 42:9), na redenção (I Cor. 1:24 e Efé. 1:8), no juízo (Mat. 24:36), na resposta às orações (Tia. 1:5). 6. Da sabedoria de Deus nada se oculta (Sal. 139:12). 7. A sabedoria de Deus deve ser magnificada (Rom. 16:27 e Judas 25). Nesta epístola de Tiago é forte a ênfase sobre a sabedoria. (Ver ainda Tia. 3:13,15,17; e, em sua forma adjetivada, ver Tia. 3:13). A sabedoria tem sua base no perfeito conhecimento de Deus; e como seu objeto, a inquirição pela perfeição moral e metafísica visa o que é exemplificado em Cristo. A sabedoria pode ser transmitida à alma sem que sejam alteradas nossas proposições doutrinárias, sem que sejam aumentadas ou «racionalmente» compreendidas. «A sabedoria a que Tiago se refere não é o conhecimento de fatos a que denominamos de ciência, mas é aquela qualidade do entendimento que aguça a percepção das obrigações morais e a apreensão das realidades eternas. Essa é a sabedoria pela qual Salomão orou (ver II Crô. 1:8-12). Ela se compõe daqueles sãos princípios que, conforme diz o livro de Provérbios, se originam da reverência para com Deus (ver Pro. 1:7). O fenomenal progresso que tem feito a humanidade, no acúmulo do conhecimento científico, infelizmente não tem sido acompanhado pelo crescimento na sabedoria, a que Tiago se refere. Conforme escreveu Arnold Tonybee, o grande historiador norte-americano: ‘A evidência técnica não é, por si mesma, uma garantia de sabedoria ou de sobrevivência’». Por que a oração é necessária para a obtenção dessa sabedoria? Por que segundo o entendimento cristão sobre a sabedoria, a oração envolve a confissão de insuficiência moral, de inadequação e de aspiração pela perfeição divina. À parte de tal atitude, é impossível adquirir-se a sabedoria, a oração cristã não é uma tentativa de modificar a mente de Deus, mas consiste na abertura do coração para a influência transformadora do Espirito de Deus» (Easton, in loc.). A sabedoria consiste no discernimento da alma quanto às realidades espirituais; e é através dessa entrega da alma, ao processo transformador, que Cristo a produz em nós. (Ver Efé. 1:17,18 quanto à oração de Paulo, pedindo sabedoria e conhecimento). Isso vem através da «iluminação» conferida pelo Espírito Santo). A sabedoria, por conseguinte, é uma qualidade mística, e não uma qualidade racional ou empírica. (Ver também Col. 1:9 sobre esse tipo de «sabedoria»). A sabedoria é personificada em Cristo (ver I Cor. 1:30); e isso tem precedente na passagem messiânica do oitavo capítulo do livro de Provérbio. A Torah, comentário dos rabinos sobre as Escrituras do A.T., era chamada de «sabedoria». Em um sentido mais estreito, a Torah era idêntica ao Pentateuco; mas assumiu o sentido lato de toda a revelação divina. Aquela era uma revelação menor da sabedoria de Deus; Cristo é a revelação superior; e ele está em nós, por meio do seu Santo Espírito, transformando-nos. Nisso consiste a sabedoria de Deus em nós. A oração é um ato de criação: Ela modifica tanto as circunstâncias como as pessoas que fazem as circunstâncias. Acima de tudo, a oração modifica a alma daquele que ora, espiritualizando- lhe a alma, dando-lhe contacto com o ser divino. (Quanto a notas expositivas completas sobre a «oração», onde são considerados muitos de seus aspectos, ver Efé. 3:18. Ali também se provê poemas ilustrativos). «...a todos...» Essas palavras indicam «todos os crentes sinceros e inquiridores», embora não seja errado supor-se que um incrédulo sincero possa obter respostas às suas orações, mormente quando busca, de todo o coração, a Deus e à verdade divina. «...liberalmente...» Quando se tratá de benefícios espirituais que possam ser dados à alma, não há limite para o que Deus pode e quer fazer. Suas doações liberais continuarão até participarmos plenamente da natureza, dos atributos e dos poderes de Cristo; pois é esse o alvo cristão, um alvo elevadíssimo. A fim de que esses alvos sejam conseguidos, juntamente com outros alvos dignos da vida diária, que fazem parte desse grande plano geral, é mister que Deus no-los dê, literalmente. O termo grego «aplos», que significa, literalmente, «simplesmente», isto é, sem a mistura da malícia, da reserva ou da relutância, significa, portanto, «liberalmente», isto é, de modo livre e pleno, que não conhece limitações, senão aquelas impostas pela incredulidade e pela carnalidade de quem pede. Deus nos dá de maneira simples, franca, sem limites, sem reservas ou motivos ulteriores; mas, bem pelo contrário, dá-nos de uma maneira diferente daquela que os homens estão acostumados a dar. Portanto, ninguém pode «pedir demasiadamente a Deus». Isso é verdade, naturalmente, enquanto lhe pedimos bênçãos relativas ao progresso espiritual e ao bem-estar da alma. Porém, quando começamos a pedir, motivados pelo egoísmo, Deus se recusa a atender-nos, a fim de não sermos prejudicados pela nossa própria ganância. «...e nada lhes impropera...» No grego é «oneididzo», que significa «repreender», «insultar». Ele não mostrará para nós quão estúpidos formos antes de nos mostrarmos suficientemente sábios para buscar os seus caminhos; ele não nos insultará pelo que tivermos sido. Deus anseia por ver-nos transformados naquilo que está reservado para nós em Cristo. Deus lança no olvido os erros passados, e faz o melhor possível quanto à nossa presente inquirição espiritual. Há certa declaração no livro de Eclesiástico (41:22), que diz: «Depois que deste, não increpas». Aqueles que necessitam daquilo que podemos dar, precisam antes de nosso encorajamento, e não de nossos insultos ou censuras. Assim também Deus não age diferentemente para conosco, não ultrapassando aquilo que é justo que os homens façam. O autor sagrado diz isso para tirar todos os escrúpulos e temores que os seus leitores poderiam ter, a fim de que pudessem achegar-se ousadamente ao trono da graça. (Ver Heb. 4:16). «...eser-lhe-á concedida...» «Ele (Deus) nunca envergonhará aqueles que o buscam, com uma recusa». (Oosterzee, in loc.). (Comparar isso com afirmações similares, de que as orações corretas serão respondidas, em Mat. 7:7-11; Luc. 11:13 e I Reis 3:9-12). Alguns eruditos supõem que o autor sagrado tinha em mente o Sermão da Montanha. O trecho de Tia. 5:12 é uma instância muito mais clara disso. Pelo menos percebe-se que o autor conhecia a tradição de onde Mateus também se aproveitou, se é que ele não copiou o próprio evangelho de Mateus. O mais provável, porém, é que as declarações de Jesus, naquela oportunidade, se tenham espalhado oralmente pelas igrejas, e o autor não dependera e nem copiara qualquer documento escrito. Se porventura ele tivesse tais documentos, provavelmente teria usado maior número de citações do que ele fez. (Ver Sal. 145:15-19; Salmos de Salomão 4:13-15; Test. XII Patr. Gad. 7:2; Filo, de Cher, 34, Leg. Alleg., i. 13 , quanto à literatura judaica que encerra a idéia que Deus está pronto e desejoso por galardoar a todos quantos o buscam). «...um homem mortal, por mais liberal que seja, sente-se envergonhado por pedir por demasiadas vezes. Mas Tiago lembra-nos que diante de Deus não precisamos ter esse pejo; porquanto ele está sempre pronto para adicionar novas .bênçãos às anteriores, sem qualquer fim ou limitação». (Calvino, in loc.). «O insensato dá pouco e increpa muito... ele é odiado por Deus e pelos homens» (Eclesiástico xx.15). «A coisa mais importante em qualquer relação não é o que se obtém, mas o que se dá... Seja como for, a dádiva do amor é uma educação por si mesma». (Eleanor Roosevelt). «Mais bem-aventurado é dar do que receber» (Atos 20:35). «Ou, qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra?... Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará boas cousas aos que lhe pedirem?» (Mat. 7:9,11).