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Análise da música “Que país é este” de Renato Russo.

Naiara Guilhermino

Composta por Renato Russo, em 1978, foi criada quando o compositor fazia
parte da banda de punk rock denominada Aborto Elétrico. Porém, ela só foi lançada em
1987, no álbum “Que país é este”. Quando Renato já fazia parte da banda Legião
Urbana. A música foi eleita para a lista das 100 Maiores Músicas Brasileira segundo a
revista Rolling Stone. No Brasil, apenas este álbum vendeu 1,5 milhões de cópias.

Que País É Este


Legião Urbana

Nas favelas, no Senado


Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação

Que país é esse?


Que país é esse?
Que país é esse?

No Amazonas, no Araguaia-ia-ia
Na Baixada Fluminense
Mato Grosso, Minas Gerais
E no Nordeste tudo em paz

Na morte, eu descanso
Mas o sangue anda solto
Manchando os papéis
Documentos fiéis
Ao descanso do patrão

Que país é esse?


Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

Terceiro mundo se for


Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão

Que país é esse?


Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

Na primeira estrofe observamos a presença de figuras de linguagens como a


metáfora e a ironia respectivamente: “no senado sujeira pra todo lado”. A palavra
Sujeira representa atos ilícitos, ilegais, desrespeitos. Empregadas na mesma sentença,
favela e senado não se diferem. “sujeira pra todo lado” verso usado para indicar
semelhança entre dois extremos: o lugar de todo poder. E se levarmos em conta a figura
do poder do traficante, o qual executa as leis, julga e condena, protege e violenta o
povo, com essa visão, percebemos que não é uma comparação tão contraditória. Nos
versos seguintes podemos constatar a ironia “Ninguém respeita a Constituição. Mas
todos acreditam no futuro da nação”. O operador utilizado o “mas” é posto como
argumento possível para o que fora dito primeiramente, é ligado ironicamente com um
argumento decisivo “todos a acreditam no futuro da nação”.

O refrão é cantado de forma intensa e a cada indagação não faltam pessoas a


definirem que país é este.

No quarto parágrafo ao dizer “Na morte, eu descanso”. Esse “eu” declara que
enquanto vivo não tem descanso, tornando possível uma interpretação de que quando
em vida ele não tem sossego. Ainda, podemos identificar no segundo verso duas figuras
de linguagens: metáfora e metonímia.

“Mas o sangue anda solto”

 Metáfora: o sangue como se fosse um ser


 Metonímia: o sangue em lugar de morte, perigo.

Nas últimas estrofes, podemos identificar a metonímia novamente “Mas o Brasil


vai ficar rico vamos faturar um milhão”. As pessoas do Brasil (os brasileiros) irão ficar
ricas. Renato fala da imagem do Brasil no exterior e dos nossos índios: Terceiro mundo
ser for piada no exterior/ Quando vendermos todas as almas dos nossos índios num
leilão.

Quarenta anos depois de escrita, os índios ainda continuam em risco. Michel


Temer, no ano passado, assinou um parecer chamado de “vinculante” onde passa a
considerar que os índios têm direitos à terra desde que estivessem ocupando à área em
outubro de 1988, data da promulgação da constituição brasileira.

Desde a colonização do Brasil, os índios vêm sendo expulsos de suas terras. E


com o crescimento cada vez mais da cidade, os índios perdem espaços, muitos já não
moram mais em suas aldeias de origem.

Com uma letra questionadora, tecendo severas críticas sócias ao país, de norte ao
sul, em todas as classes sociais. Renato Russo abarcava em suas músicas nos finais dos
anos 70 a sensação de impunidade e faltas de regras já existente. Renato não critica
apenas a classe política, como também a corrupção arraigada e espalhada no nosso
cotidiano. Nada diferente dos dias de hoje.

Referência:

https://www.letras.mus.br/legiao-urbana/46973/

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