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Filosofia da
Linguagem e Comunicação. HACKING, I. (1997 [1975]). Porque a Linguagem Interessa
à Filosofia?, trad. de Maria E. M. Sayeg. São Paulo: UNESP, Cap. 13, pp. 157-183.
“Já é hora de ter uma visão geral de nossos estudos de caso. Eles se classificam em três grupos: o
apogeu das ideias (Descartes, Hobbes, Locke e Berkeley); o apogeu dos significados (Frege, Dilthey,
Max Weber, Hüsserl, Russell, Wittgenstein, Positivismo Lógico, Ayer, Malcolm) e o apogeu das
sentenças (Quine, Davidson, Feyrabend, Grice...). As relações entre esses três irão nos ensinar
alguma coisa sobre porque a linguagem é importante para a filosofia (...) Qual é a conexão entre o
período no qual tomamos Locke e Berkeley como típicos (apogeu das ideias) e aquele representado
aqui por Feyrabend ou Davidson (apogeu das sentenças)? (...) Essa conversa pesada...será
caricaturada por dois diagramas (figuras) que...têm a mesma estrutura, mas conteúdos diferentes. (...)
Alegarei que o nó fundamental do século XVII ocupado pelas ideias é hoje em dia ocupado pela
sentença.
1. O pogeu das Ideias. As ideias (doutrina das ideias) foram uma vez objecto de todo o filosofar, e
constituiam a ligação entre o ego cartesiano e o mundo externo a ele. As conexões entre as ideias
eram expressas no discurso mental e formavam representações da realidade em resposta a mudanças
na experiência e reflexão do ego. Na discussão atual o discurso público substitui o discurso mental.
1
filosóficas substantivas (p.e, o que pode ser verdadeiro no mundo; a (imor)talidade da alma...)
contemplando significados. Isso leva a novo tipo de idealismo filosófico que...bem poderia ser
chamado de lingualismo (com o seu apelo ao princípio de verificação dos signficados como apelo à
forma lógica do mundo nas proposições ou sentenças que exprimem, na visão wittgensteiana, a forma
lógica do mundo).
3. O pogeu das Sentenças. Os significados, sugere Quine, (o mais notável crítico dos significados)
são um embuste (...) tudo o que precisamos são as sentenças e as suas relações (donde), a “mudança
de significados para as sentenças” com Quine (o conhecimento é um tecido das sentenças e não o
que elas significam isoladamente), Davidson (a tradução de signficados em enunciados
observacionais como pretendem os positivistas lógicos depende de uma teoria da verdade, i.e, das
sentenças e das suas condições de verdade) e Feyrabend (não são os enunciados observacionais que
permitem solucionar disputas entre teorias rivais, mas as sentenças completas em si mesmas e não as
adornadas com significados). (...) O significado ao que parece, vive (mas nas sentenças) e, segundo
Paul Grice, nas “intenções do agente de afectar as testemunhas da ação”. Os significados das
sentenças, diz Grice, são derivados do que uma pessoa quer dizer (o significado depende das
intenções dos falantes e crenças dos ouvintes) e têm relação com certas maneiras convencionais pelas
quais as intenções podem ser expressas.