Talidomida ou "Amida Nftálica do Ácido Glutâmico" foi um medicamento
desenvolvido na Alemanha, em 1954, inicialmente como sedativo. A partir de sua comercialização, em 1957, o uso em gestantes gerou milhares de casos de Focomelia, que é uma síndrome caracterizada pela aproximação ou encurtamento dos membros junto ao tronco do feto, tornando-os semelhantes aos de uma foca, uma vez que o medicamento ultrapassa a barreira placentária e interfere na formação do feto, além de provocar graves defeitos visuais, auditivos, da coluna vertebral e, em casos mais raros, do tubo digestivo e problemas cardíacos.
Apenas em 1961 esse efeito medicamentoso foi descoberto, o que
provocou a sua retirada imediata do mercado mundial. No entanto, em 1965 foi descoberto o seu efeito benéfico no tratamento de estados reacionais em Hanseníase (antigamente conhecida como lepra), e não para tratar a doença propriamente dita, o que gerou a sua reintrodução no mercado brasileiro com essa finalidade específica.
A partir daí foram descobertas inúmeras utilizações para a droga no
tratamento de AIDS, LUPUS, DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS - Câncer e Transplante de Medula. Por esta razão, a Talidomida, conforme Portaria nº 354, de 15 de agosto de 1997, é proibida para mulheres em idade fértil em todo o território nacional. Contudo, apesar disso, em casos especiais, os médicos podem receitar, cabendo ressaltar as sanções legais previstas, observando que mesmo com a assinatura de Termo de Esclarecimento aos Pacientes e Termo de Responsabilidade Médica, ambos podem ser responsabilizados pelo mau uso da droga.
É importante dizer que o uso desse medicamento em mulheres em idade
fértil requer um cuidado extremo para que não ocorra uma gestação, uma vez que essa droga inibe o efeito dos anticoncepcionais e, talvez por essa razão, ainda se verifica um grande número de fetos com malformações provocadas pela substância.
Devido ao grande número de crianças nascidas com Focomelia, em
1976 tem início diversos processos judiciais contra os laboratórios responsáveis e o Estado, além de diversas manifestações que, em 1982 sensibilizaram a mídia, tendo o governo sido obrigado a sancionar a Lei nº 7.070/1982, a qual concede pensão alimentícia vitalícia que varia de meio a 4 salários mínimos, de acordo com o grau de deformação, levando-se em consideração quatro itens de dificuldade: alimentação, higiene, deambulação e incapacidade para o trabalho.
Mesmo após as proibições e limitações de uso, a diversificação e a
continuidade do uso da droga no tratamento de Lúpus, Câncer, Leucemia, Vitiligo, Aftas, Tuberculose, etc. geraram o nascimento de dezenas de novos casos de crianças vitimadas pela droga, principalmente em função da desinformação, inclusive de profissionais da área da saúde e pela automedicação, uma prática constante no Brasil.
Sendo assim, todos os portadores da Síndrome de Talidomida,
comprovado por laudo médico, tem o direito a receber a pensão especial, que deve ser requerida no Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS.
1. Quem tem direito a Pensão Especial da Síndrome de Talidomida?
Todos os portadores da Síndrome de Talidomida, nascidos a partir de 1958, tem direito a Pensão Especial, cumpridos os seguintes requisitos:
Constatação, por meio de perícia-médica do INSS, de que a
deformidade física que possui decorre do uso da Talidomida; Ter nascido a partir de 01/03/1958, data de início da comercialização da Talidomida no Brasil;
2. Tenho que comparecer pessoalmente para requerer o benefício?
Não. Caso não possa comparecer à agência do INSS pessoalmente, você pode nomear um procurador para fazer o requerimento em seu lugar.
3. Qual o valor do benefício?
A renda mensal inicial será calculada pela multiplicação do número total de pontos indicadores da natureza e do grau de dependência resultante da deformidade física, constante do processo de concessão, pelo valor fixado em Portaria Ministerial que trata dos reajustamentos dos benefícios pagos pela Previdência Social.
OBS: Tem direito a valores adicionais no benefício:
O titular do benefício, maior de trinta e cinco anos, que necessite de assistência permanente de outra pessoa e que tenha recebido a pontuação igual ou superior a seis pontos, fará jus a um adicional de vinte e cinco por cento sobre o valor desse benefício. O titular do benefício fará jus a mais um adicional de trinta e cinco por cento sobre o valor do benefício, desde que comprove pelo menos: Vinte e cinco anos, se homem, e vinte anos, se mulher, de contribuição para a Previdência Social, independente do regime; e Cinquenta e cinco anos de idade, se homem ou cinquenta anos de idade, se mulher, e contar pelo menos quinze anos de contribuição para a Previdência Social, independente do regime.
A partir da publicação da lei 12.190/2010, o titular do benefício também
poderá requerer a indenização por dano moral.
4. Sou portador da Síndrome de Talidomida. Posso trabalhar? E contribuir
para a Previdência Social? Sim. A Lei nº 9.528/1997 trata esse bernefício como de natureza indenizatória, ou seja, não pode prejudicar quaisquer benefícios de natureza previdenciária, além de não poder ser reduzido em razão de eventual aquisição de sua capacidade laborativa ou de redução da incapacidade para o trabalho, ocorridas após a concessão.
5. Recebo a pensão especial. Tenho direitos a isenções para comprar
carro? Se sim, como devo proceder? Sim, como qualquer pessoa com deficiência, você tem direitos às isenções na aquisição de veículos.
6. Recebo a pensão especial. Tenho direito receber 13º salário?
Não tem. Uma vez que a pensão é de caráter indenizatório, ou seja, não é uma aposentadoria “formal”.
7. Recebo a pensão especial. Após o meu óbito, esse benefício passa
para cônjuge ou dependentes? O benefício é vitalício, mas não é transferível. Ou seja, cessa com a morte do titular. Se restar dúvidas, encontro-me à disposição.