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Clientes dizem que cobrança de pulsos é abusiva e vão à Justiça para questionar
valores e pedir indenização
Pela segunda vez, o aposentado Theodoro La Rocca está entrando na Justiça contra a Telemar. O
motivo é o mesmo: cobrança indevida de pulsos excedentes em suas contas de telefone. Na
primeira ação, inédita no País, as decisões foram favoráveis ao cliente. Ele recebeu R$ 1.401,55 em
maio de 2002, valor em dobro e corrigido referente às cobranças de ligações locais que não
realizou, no período de 1995 a outubro de 2001. “Moramos só eu e minha esposa, e quase não
usamos telefone. Não gastamos o que a Telemar me cobrava, tanto que a operadora não conseguiu
comprovar isso”, diz La Rocca. Na semana passada, ele ingressou com outra ação no Juizado
Especial das Relações de Consumo para receber os pulsos excedentes cobrados de novembro de
2001 a maio de 2004, pedindo indenização de R$ 1.136,44, também já calculada em dobro. A
primeira audiência foi marcada para quarta-feira.
Na sentença da primeira ação, o juiz Marcelo Rodrigues Fioravanti obrigou a Telemar a parar de
cobrar os impulsos excedentes além da franquia nas contas de La Rocca, sob pena de multa diária
a ser estipulada em caso de descumprimento. A Telemar informou que deixou de cobrar os pulsos
desde 25 de maio. Sobre a nova ação, se a decisão for novamente desfavorável à operadora, o
consumidor vai receber os valores requeridos perante a Justiça.
Não é de hoje que o sistema de cobrança de pulsos telefônicos provoca polêmica. Há vários
procedimentos em andamento questionando o método, pois o consumidor não tem como controlar
os gastos nem como checar as ligações realizadas. “Na realidade, a fonte de faturamento das
operadoras de telefonia são os pulsos, que jogam quantos quiser e não discriminam as ligações.
Isso viola o direito do consumidor, de informação clara sobre os serviços prestados”, diz Renato
Franco, promotor de Justiça de Defesa do Consumidor.
Em 2001, o Ministério Público Estadual propôs uma ação contra a Telemar para que as ligações
locais fossem detalhadas, assim como os interurbanos e as ligações para celular. Esse procedimento
está na Justiça Federal, aguardando decisão de competência – Justiça Estadual ou Federal – para
julgar o caso.
Crédito
Outra ação, proposta por Renato Franco, requer a suspensão da cobrança da assinatura residencial
ou a transferência dos pulsos incluídos na franquia não utilizados pelo consumidor como crédito na
próxima conta. O Ministério Público obteve liminar favorável em primeira instância, mas o Tribunal
de Alçada acatou recurso da Telemar e cassou a decisão. O processo continua em julgamento na
primeira instância e deve ser encaminhado para o Ministério Público nos próximos dias, para
manifestação sobre a contestação da Telemar.
Franco acredita que, em 2006, quando haverá mudanças no contrato de concessão das teles, os
pulsos devem ser substituídos por minutos e a assinatura de telefone deve se tornar facultativa.
Todos os telefones fixos instalados em Minas Gerais deveriam ter um equipamento para medição de
pulsos desde dezembro de 2002, conforme previa a Lei Estadual nº 14.090, do deputado João
Paulo Gomes da Silva (PL) e sancionada pelo então governador Itamar Franco. Mas a Telemar
recorreu através de ação judicial, alegando que legislar sobre o Serviço Telefônico Comutado é
competência da União.
A respeito da acusação de que há cobrança abusiva, a Telemar não se pronuncia sobre ações que
tramitam na Justiça. Mas justifica que “as centrais telefônicas da operadora são constantemente
auditadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pela Agência Nacional de Normas
Técnicas, não tendo sido encontrada, até agora, qualquer irregularidade na metodologia utilizada
para medir os pulsos telefônicos”.
A empresa explica que o cliente tem uma franquia de 100 pulsos. A partir daí, eles começam a ser
cobrados. Cada pulso tem a duração de quatro minutos, que vão sendo registrados a partir do
complemento da ligação. O número de pulsos a ser pago no final de 30 dias é a diferença entre o
registrado na medição anterior e a atual, menos os 100 pulsos de franquia.
A Anatel reconhece que as operadoras de telefonia fixa não têm como discriminar as ligações locais
para os clientes. Mas avisa que, em caso de suspeita de irregularidades, os consumidores devem
fazer denúncia à agência pelo telefone 0800-332001.
"As empresas não discriminam as ligações e cobram quantos pulsos quiser. Isso viola o direito do
consumidor, de informação clara sobre os serviços prestados"
Mesmo havendo ações coletivas para beneficiar todos os consumidores, quem tem alguma queixa
sobre a cobrança de pulsos excedentes deve entrar com ações individualmente para garantir o
ressarcimento dos valores pagos indevidamente. Nesses casos, Daniel Manucci, advogado
especializado em Defesa do Consumidor, esclarece que é necessário pedir a inversão do ônus da
prova. “A operadora tem que provar que o consumidor usou o serviço, e não o contrário”, explica.
Segundo ele, isso se sustenta em razão da responsabilidade objetiva, ou seja, a empresa responde,
independentemente de culpa. “Os valores não especificados devem ser ressarcidos. Se for
comprovada má-fé, a devolução é em dobro”, observa.
É exatamente isso que a supervisora de vendas Eliane Dias Campos do Amaral vai fazer – acionar a
Justiça, pois está insatisfeita com a Telemar há dois anos em razão de cobranças exorbitantes de
pulsos excedentes. Ela conta que, certa vez, cobraram R$ 300 só de pulsos. “Como gasto o que me
cobram se eu trabalho o dia todo e quase nunca tem alguém em casa?”, questiona. “Lá em casa,
tenho bina que registra todos os números discados”, diz.
Eliane questionou a conta, mas de nada adiantou. Acabou pagando para não ter o nome sujo na
praça. Como sinal de protesto, ela vai, inclusive, cancelar a sua linha telefônica. Já registrou queixa
no Procon Municipal e tem uma audiência marcada para amanhã. Em dois anos de contrato de
serviços com a Telemar, ela relata que as cobranças indevidas ultrapassam os R$ 3 mil. (KM)
"Como gasto o que me cobram se trabalho o dia todo e quase nunca tem alguém em casa? Tenho
bina que registra todos os números discados e tenho certeza de que está havendo abuso"
Hércules também pediu para a Justiça determinar a discriminação das ligações telefônicas e
a alteração no modo de cobrança do serviço. Por enquanto, apenas um dos pedidos foi
atendido.
O juiz federal substituto, Leonardo Resende Martins, mandou a Telemar Ceará discriminar
os pulsos telefônicos na conta do consumidor. A Justiça concedeu liminar parcial
determinando que a empresa "não destrua os registros das ligações locais "fixo-fixo" e
"fixo-celular" efetuada a partir do terminal telefônico de propriedade do autor"ou "passe a
registrá-los a partir do dia útil seguinte à data de intimação", caso não tenha feito o
procedimento antes.
Também argumentou que a Resolução da Anatel sobre telefonia determina que a conta deve
ser detalhada. O advogado afirmou ainda que "a tarifação por pulsos é indevida
principalmente por ser cobrada de forma não sincronizada ao início da chamada".
Por enquanto, a Justiça acatou somente o pedido para a discriminação da conta telefônica.
Ainda cabe recurso.
Processo: 2002.81.00.015502-4
Classe 01000 - Ação Ordinária
Autor: Hércules Saraiva do Amaral
Rés: Telemar Telecomunicações do Ceará S/A e ANATEL
Decisão
A título de antecipação de tutela, requer a concessão de medida para que a TELEMAR não
destrua os registros das ligações locais "fixo-fixo" e "fixo-celular" efetuada a partir do
terminal telefônico de propriedade do autor, se existentes, ou passe a registrá-los a partir
desta data, postulando ainda a liminar suspensão da exigência do pagamento mensal da
tarifa denominada assinatura mensal.
Tal situação não ocorre na hipótese em análise, haja vista que o autor afirmou a necessidade
de participação da ANATEL, na qualidade de litisconsorte passiva, em face da
responsabilidade da referida agência em promover a fiscalização dos serviços de telefonia
prestados pelas empresas concessionárias, aplicando sanções e realizando intervenções, se
necessárias, com o objetivo de reprimir infrações dos direitos dos usuários. Saber se a
ANATEL, realmente, possui ou não tal responsabilidade no caso concreto será uma
investigação de mérito, a partir do cotejo dos elementos fáticos e jurídicos colhidos nos
autos.
Portanto, revela-se correto manter a ANATEL no pólo passivo da demanda, o que conduz à
determinação da competência deste Juízo Federal.
Por fim, considerando que os fatos narrados na inicial dão notícia de supostas violações de
direitos, não só da parte autora, mas de toda coletividade usuária de serviços de telefonia
fixa prestados pela TELEMAR, DETERMINO, nos termos do art. 7º da Lei n. 7.347/85,
que seja extraída cópia integral destes autos para oportuna remessa ao Ministério Público
Federal, que poderá propor, segundo seu juízo, as providências cabíveis para a tutela dos
direitos individuais homogêneos em questão.
Processo: 2003.700.021231-2
Relator: Juiz André Luiz Cidra
Ementa: Ação visando à restituição do valor pago a título de pulsos excedentes não discriminados
na conta de consumo mensal e que não foram reconhecidos pela parte demandante. Dever da
Telemar de fornecer serviços adeqüados, eficientes e seguros (art. 22 do CDC). O controle pelo
consumidor dos vícios do serviço se perfaz através da informação detalhada do consumo efetivo,
cabendo à Concessionária o dever de particularizar na conta todo serviço prestado. Disparidade
entre consumo efetivo e a cobrança realizada. Direito subjetivo do consumidor que não pode ser
arredado por eventual deficiência técnica do fornecedor. Preliminar de incompetência do Juízo pela
complexidade da causa bem rejeitada na sentença, já que competia à fornecedora a comprovação
da regularidade do serviço prestado, não apresentando sequer a discriminação das chamadas
telefônicas realizadas. Asseguração das garantias constitucionais da ampla defesa e contraditório
(art. 5, LV da CF), não tendo sido apresentada a prova técnica aludida no art. 35 da Lei 9.099/95.
Direito básico do consumidor de informação adeqüada e clara dos serviços fornecidos, com
especificação correta da quantidade, característica e composição (art 6º, III do CDC). Carta Magna
que concede aos consumidores a condição de detentores do direito constitucional fundamental e
aponta a defesa deste como princípio da ordem econômica (art. 5º, XXXII e art. 170, V CF/88).
Estatuto Consumerista que surge por força de determinação constitucional, regulando a relação de
consumo e definindo deveres jurídicos que não podem ficar condicionados à regulamentação das
agências reguladoras. Impropriedade portanto da alegação de vulneração do princípio da
legalidade definido no art. 5º, II da Constituição Federal. Sentença corretamente fundamentada,
não se acolhendo destarte a apontada violação do art. 93, IX da Carta Política. No entanto, a
pretensão de ressarcimento é limitada aos noventa dias anteriores à propositura da demanda, face
ao fenômeno jurídico da decadência (art. 26, II do CDC). Reconhecimento de ofício mesmo
tratando-se de direitos patrimoniais (STF - Pleno: RTJ 130/1001 e RT 656/220). A inércia do
consumidor em promover a reclamação quanto a vício do serviço, seja pela qualidade ou
quantidade, determina a perda do direito potestativo - decadência -, não se viabilizando a adoção
do prazo prescricional previsto no art. 27 do mesmo Estatuto, já que sua aplicação restringe-se aos
acidentes de consumo. Considerando que os meios de verificação das chamadas telefônicas são
informatizados e, nada obstante susceptíveis de inúmeras falhas, informam engano justificável, não
resta configurada in casu a abusividade que ensejaria a devolução em dobro, caracterizando
destarte a exceção prevista no artigo 42, p. único in fine do CDC. Sentença que merece ser
mantida integralmente.
Resultado: Não conhecido.
Processo: 2003.700.020090-5
Relator: Juiz Flávio Citro Vieira de Mello
Ementa: Telemar. Pulsos excedentes além da franquia. Concessionária de serviço público de
telefonia. Serviço que deve ser adequado, eficiente e seguro na forma do art. 4º , II, “d” IV, V,
VII, 22 da Lei 8.078/90. Pulsos telefônicos (ligações locais). Ausência de informação adequada
acerca do serviço em violação do art. III e 6º, III, da Lei 8.078/90 e 7º, II, da Lei 8.987/95.
Sentença de fl. 40/42 que julgou extinto o feito, sem julgamento de mérito, na forma do artigo
52, III da Lei 9.099/95. Aplicação dos postulados de celeridade, simplicidade e economicidade
previstos no artigo 2º da Lei 9.099/95, e adoção do princípio da causa madura - artigo 1º da
Lei 10.352/2001, que acrescentou o parágrafo 3º ao artigo 515 do CPC. Procedência parcial
do recurso de fl. 43. Indébito que se submete ao prazo decadencial de 90 dias previsto no art.
26, II, da Lei 8.078/90. Imposição de preceito cominatório para que a concessionária, no prazo
de 30 (trinta) dias após o trânsito em julgado, identifique e discrimine os pulsos (ligações
locais) nas faturas, a exemplo do que ocorre com as ligações de DDD, DDI, ligações para
celular e ligações a cobrar, sob pena de multa mensal de 1 (um) salário mínimo por mês, na
forma dos arts. 461, 644 e 645 do CPC e art. 84 da Lei 8.078/90. Improcedência do dano
moral.
Resultado: Parcialmente provido
Processo: 2003.700.020211-2
Relatora: Juíza Adalgisa Baldotto Emery
Ementa: O Autor impugna cobrança de “pulsos excedentes” feita pela concessionária de
serviço e pede a restituição, em dobro, do valor indevidamente cobrado, o que totaliza R$
1.336,30 e, ainda, a obrigação de abster-se de cobrar pelo serviço sem discriminá-lo, sob pena
de multa, e de instalar um comprovador gráfico. A sentença de fls. 60/63 acolhe, parcialmente,
o pedido do Autor, determinando a devolução do valor apontado em dobro e devidamente
corrigido, além de proibir a Ré de cobrar pulsos excedentes enquanto não puder detalhá-los,
sob pena de pagamento em dobro. Inconformada, a Ré interpôs recurso buscando a reforma
da sentença, argüindo diversas preliminares. No mérito, insiste em afirmar a legalidade da
cobrança feita sob a denominação “pulsos excedentes”, “pulsos além da franquia” e “pulsos
faturados”, além de argumentar que a obrigação de fazer imposta no julgado é impossível de
ser cumprida, estando em desacordo com as normas que regulam a matéria. Ab initio,
ressalte-se que não assiste qualquer razão à Recorrente no tocante à necessidade de
conceder efeito suspensivo ao recurso porque a exigibilidade do cumprimento da obrigação de
que verossímil a alegação de não dispor de meios técnicos para apurar com rigor a utilização
do serviço, evidentemente, não pode lançar mão de valores aleatórios enquanto não esteja
apta a proceder à verificação justa daquilo que é efetivamente utilizado. Essa prática é vedada
pelo CODECON, que impõe ao prestador de serviço o dever de discriminar os serviços
lançados a débito do consumidor. Evidentemente, as conseqüências decorrentes da
impossibilidade técnica alegada, ainda que existentes, não podem ser suportadas pelo
consumidor. Portanto, na impossibilidade de fazê-lo, deverá a Ré abster-se de cobrar qualquer
valor aleatoriamente. Ademais, os argumentos da Ré carecem de fundamentação e lógica
jurídica, a ponto de admitir não ter condições de detalhar os pulsos, tão pouco realizar
apuração das ligações efetuadas pelo consumidor, reconhecendo, por via transversa, que os
valores apurados não são plenamente confiáveis. Se ela, que opera o serviço, assume não
dispor de meios para medidas com precisão, que dirá o consumidor. Neste giro, a forma de
proceder da prestadora de serviço demonstrase contrária às disposições da Lei nº 8.078/90,
logo, deve ser combatida com veemência. Por outro lado, verifica-se que o decisum merece
parcial reforma, tendo em vista que não se apresenta em consonância com a jurisprudência
dominante neste Conselho no sentido de que a devolução dos valores correspondentes a
“pulsos excedentes”, “faturados” e “além da franquia “ está limitada ao período de 90 dias
anteriores ao ajuizamento da ação, cuja distribuição se deu em 11/12/02, operando-se a
decadência quanto aos valores cobrados no período que exceder esse prazo, na forma do
artigo 26, inciso II, do CODECON. Da mesma forma, a condenação à restituição dos valores
opera-se de forma simples, não incidindo, pois, o disposto no parágrafo único do artigo 42 do
Código de Defesa do Consumidor. Voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso para
condenar a Ré a restituir, de forma simples, os valores indevidamente cobrados a título de
“pulsos excedentes” e outras denominações congêneres, nas faturas dos três últimos meses
anteriores ao ajuizamento da ação (11/12/02) e, em conseqüência, reconhecer a decadência
do direito à restituição em relação aos valores cobrados antes desse período. No mais, fica
mantida a proibição de cobrança dos “pulsos excedentes” enquanto a Ré-Recorrente não
puder discriminá-los. Sem ônus sucumbenciais.
Resultado: Parcialmente provido
Processo: 2003.700.019811-0
Relatora: Juíza Cristina Tereza Gaulia
Ementa: Trata-se de ação em que a autora requer a discriminação de sua conta telefônica
para que cessem as cobranças através das fórmulas genéricas “pulsos faturados”, “pulsos
excedentes”, “pulsos além da franquia” etc. A Sentença de fls.55/57 julgou procedente em
parte o pedido autoral para condenar a ré a se abster de cobrar valores sob a fórmula genérica
acima referida, a partir do trânsito da decisão e até que passe a discriminar as ligações de
forma objetiva nas contas de cobrança, pena de multa mensal de R$200,00 e a devolver em
dobro os valores cobrados à autora nos últimos cinco anos. A R. Sentença está bem
fundamentada, merecendo ser mantida, apenas discordando esta Magistrada Relatora dos
períodos relativos à devolução de valores pagos nela fixados. Segundo fórmula que vem
sendo adotada nas Turmas Recursais do Rio de Janeiro, incide na hipótese a decadência
fixada no inciso II do art. 26 do CDC, de molde que somente é possível a devolução dos
valores referentes aos três últimos meses anteriores à propositura da ação que a autora
comprove terem sido pagos. A autora interpôs a ação em 13/11/2002, estando nos autos
somente as faturas pagas referentes aos meses de setembro e outubro de 2002 (fls.08/09),
meses esses anteriores à propositura da ação e pagos pela autora. Aponte-se que a falta de
discriminação de pulsos é vício do serviço na forma do art. 20 CDC. Isto posto, voto no sentido
da reforma parcial da sentença, para condenar a ré a devolver à autora, em dobro, tão só o
valor de R$ 18,99 (dezoito reais e noventa e nove centavos), referente às contas de fls.08/09,
corrigido monetariamente e acrescido dos juros legais a partir da citação, (sendo estes de 1%
ao mês a partir de fevereiro de 2003, conforme art. 406 do CC/02 combinado com art. 161, §1º
CTN), mantendo-se quanto ao mais, integralmente, a R. Decisão a quo. Sem honorários
advocatícios.
Resultado: Parcialmente provido
Processo: 2003.700.018523-0
Relatora: Juíza Gilda Maria Carrapatoso Carvalho de Oliveira
Ementa: Consumidora que questiona as quantias cobradas a título de “pulsos excedentes”.
Sentença de fls. 16/17 que julga procedente em parte o pedido, para condenar a ré a devolver
à autora, em dobro, a quantia cobrada a título de pulsos excedentes nos meses de janeiro a
junho de 2002. Recurso da Concessionária, sustentando que a cobrança obedece às regras
da ANATEL, não sendo identificados os pulsos excedentes. Contra-razões em prestígio do
julgado. Cobrança de serviço pela empresa de telefonia sem a correspondente comprovação
da prestação realizada. É dever da concessionária discriminar as ligações efetivadas para
permitir a conferência pelo consumidor. Sem conhecimento induvidoso do serviço usufruído,
resta impotente o cliente para opor-se à fatura. Procedimento que é adotado para as ligações
à distância, assim como para as ligações locais. A não discriminação das ligações telefônicas
efetuadas configura postura incompatível com a boa-fé objetiva. A adequação e a eficiência do
serviço pressupõem a conferência do preço cobrado. Em se tratando de vício aparente da
prestação do serviço, aplica-se o disposto no inciso II, do art. 26, do Código de Defesa do
Consumidor, que prevê que o direito à reclamação caduca em 90 dias. Recurso provido em
parte, para condenar a ré a restituir à autora, de forma simples, a quantia de R$ 89,98 (oitenta
e nove reais e noventa e oito centavos), cobrada a título de pulsos excedentes na fatura de fls.
05, com a incidência de correção monetária desde o desembolso e juros legais a partir do
citação. Sem ônus sucumbenciais.
Resultado: Parcialmente provido
Processo: 2003.700.010740-1
Relator: Juiz Heleno Ribeiro Pereira Nunes
Ementa: Ação de conhecimento em que a Reclamante questiona a cobrança mensal de
pulsos telefônicos excedentes à franquia, ao argumento de que a ausência de discriminação
dos mesmos impede qualquer controle da prestação do serviço pelo consumidor, e requer que
a empresa se abstenha de cobrar valores a título de pulsos excedentes até que seja efetivada
a discriminação das ligações, bem como a devolução em dobro dos valores indevidamente
pagos. Sentença que rejeita a preliminar de incompetência do Juizado Especial Cível, por
entender desnecessária a produção de prova pericial, assim como a argüição de decadência,
e, no mérito, acolhe, em parte, os ANATEL, que não obrigam o consumidor porque
incompatíveis com o sistema protetivo instituído pela Lei 8.78/90, e que tem fundamento
constitucional (art. 170 da Carta Magna). Alegação de inviabilidade técnica de discriminação
dos pulsos telefônicos que não se coaduna com o avanço tecnológico. Consumidor que faz jus
a informação clara, veraz e objetiva, devendo a fornecedora do serviço de telefonia identificar
e discriminar os pulsos nas faturas, a exemplo do que ocorre com as ligações DDD, DDI, para
celular e a cobrar, abstendo-se de cobrar valores a este título enquanto não houver tal
discriminação, sob pena de multa. Indébito que, entretanto, se submete ao prazo decadencial
de 90 (noventa) dias previsto no art. 26, inciso II, da Lei 8.078/90. Voto no sentido de que seja
dado provimento parcial ao recurso para limitar a restituição do indébito ao prazo decadencial
de 90 (noventa) dias previsto no art. 26, II da Lei 8078/90, mantendo-se a sentença em seus
demais termos. Sem ônus sucumbenciais porque não verificada a hipótese prevista no art. 55,
“caput” da Lei 9.099/95.
Resultado: Parcialmente provido
PARECER
A reclamante, usuária dos serviços telefônicos da Telemar, diz que em sua contas
consumo dos últimos três meses, constatou a cobrança de PULSOS de forma
excessiva, fazendo com que a mesma questiona-se junto a empresa e solicitasse
uma explicação e detalhamento de suas contas mensais pois tem a convicção de
que não utilizou o percentual de pulsos que está lhe sendo cobrado.
Pugna a reclamante por uma conta detalhada tanto das ligações como dos pulsos
efetuados em seu terminal telefônico, onde lhe é fornecido apenas das ligações
comum, porém sua reclamação diz respeito aos pulsos, o que a Telemar informa
não poder detalhar, uma vez que cobra por tempo de ligação, alegando ser
impossível detalhar pulsos.
Diante dos fatos supradescritos, conclui-se, sem muito esforço, que a reclamante
busca apenas por seu direito legal à informação do serviço prestado.
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A reclamante nada mais quer senão uma informação concreta e detalhada sobre
a forma de apuração e cobrança dos PULSOS telefônicos. A empresa telefônica ao
lhe negar esse detalhamento entra até mesmo em um contracenso. Ora, se não
pode detalhar a quantidade de pulsos, a título de informação à consumidora, como
pode então fazer a apuração para determinar a cobrança. Parece-nos uma prática
no mínimo, questionável. Fica o consumidor em desvantagem pois, tem que se
sujeitar ao pagamento de tais pulsos, sem contudo poder ter acesso a forma de sua
apuração.
DE ACORDO