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ISSN: 1677-1028
conscientiaesaude@uninove.br
Universidade Nove de Julho
Brasil
Editorial
tais_depaula@hotmail.com
Ponto de vista
Artigos
para os autores
Neste estudo, realiza-se revisão bibliográfica do proces-
Instruções
so de evolução histórica da assistência de enfermagem
abordando três momentos históricos que marcaram o
desenvolvimento da profissão: o surgimento da enfer-
magem moderna, com Florence Nightingale, das teorias
de enfermagem e da Sistematização da Assistência de
Enfermagem (SAE), mencionando as atuais tendências re-
lacionadas à tentativa de padronização da linguagem com
a utilização das classificações dos diagnósticos de enfer-
magem pela Nursing American Diagnoses Association
(Nanda), com propostas de intervenções de enfermagem
definidas na Nursing Interventions Classification (NIC),
e os respectivos resultados de enfermagem, na Nursing
Outcomes Classification (NOC).
Editorial
ência”, para a qual é preciso educação formal,
organizada sobre bases científicas.
2 Metodologia
Alcântara e colaboradores (2005) enfati-
zam que o trabalho de Nightingale constituiu
Este artigo foi produzido como base em
um marco para a história da enfermagem mo-
uma pesquisa bibliográfica descritiva, tendo sido
derna. Atuou como enfermeira civil e voluntá-
utilizadas publicações dos últimos dez anos.
Ponto de vista
ria na Guerra da Criméia (1854-1856), e, antes
Para Severino (2002), depois de definido o de sua chegada à região do conflito, os soldados
tema do trabalho e formulado o problema e a encontravam-se no maior abandono. Poucos
hipótese, o próximo passo é o levantamento de detinham os conhecimentos básicos para agir
informações com documentação existente sobre diante das emergências impostas, tanto que,
o assunto, desencadeando-se uma série de pro- durante essa guerra, a mortalidade entre os sol-
cedimentos para busca e localização metódica dados chegou a 40%.
dos documentos que dizem respeito ao tema Para Geovanini e colaboradores (2002) a
enfermagem passa a atuar, de maneira siste-
Artigos
discutido. Segundo Parra Filho e Santos (1998),
método é o caminho a ser trilhado pelos pesqui- mática, quando Nightingale é convidada, pelo
sadores na busca do conhecimento. Para Pádua Ministro da Guerra da Inglaterra, para aten-
(2000), a pesquisa pode ser definida como toda der os soldados feridos em combate na Guerra
atividade de busca, indagação, investigação e da Criméia. Figueiredo (2002) destaca que
inquirição da realidade. Nightingale partiu com 38 voluntárias para
para os autores
Scutari, na Turquia, onde assumiu as atividades
Best (apud LAKATOS; MARCONI, 2002)
Instruções
de assistência aos feridos, apesar da resistência
declara que uma pesquisa descritiva é aquela
do exército britânico.
que delineia o tema, abordando também quatro
As concepções teórico-filosóficas de enfer-
aspectos: descrição, registro, análise e interpre-
magem desenvolvidas por Nightingale tiveram
tações de fenômenos atuais, objetivando seu
como base observações sistematizadas e regis-
funcionamento no presente. A partir da defini-
tros estatísticos extraídos de sua experiência
ção do objeto de estudo, do tema, dos problemas prática no atendimento diário a doentes. Dessa
de pesquisa e do levantamento de hipóteses, vivência, foram obtidos quatro conceitos fun-
iniciou-se a pesquisa em fontes de informa- damentais: ser humano, meio ambiente, saúde
ções relevantes acerca do assunto, obtidas de e enfermagem. Esses conceitos, considerados
bibliotecas públicas (Bireme e Universidade revolucionários para sua época, foram revistos
de São Paulo [USP]), do Conselho Regional de e ainda hoje se identificam com as bases huma-
Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) e de li- nísticas da enfermagem, tendo sido revigorados
vros, sites, teses, monografias e periódicos. pela teoria holística.
Editorial
quando o paciente está incapacitado de aten- mento e mudança. Nesse processo, o profissio-
der às próprias necessidades biológicas, psico- nal de enfermagem interage com ele e o ajuda
lógicas, de desenvolvimento e sociais. Cabe ao a alcançar o máximo bem-estar. A enfermagem
profissional determinar se o paciente está im- está relacionada a todas as pessoas, saudáveis
possibilitado de atender a essas necessidades, o ou doentes, ricas ou pobres, jovens ou idosas;
que deve ser feito para reverter essa situação e estejam elas em casa, na escola, no trabalho, nos
Ponto de vista
avaliar até que ponto o paciente consegue reali-
locais de diversão, nos hospitais, nos asilos ou
zar o autocuidado.
nas clínicas.
Segundo Foster e Benet (2000), a teoria de
Falco e Lobo (2000) relatam que, para
enfermagem do déficit de autocuidado (teoria
Rogers, a enfermagem é uma ciência humanís-
geral) de Orem é composta de três teorias inter-
tica e humanitária, dirigida à descrição e expli-
relacionadas:
cação do ser humano em sua totalidade siner-
Teoria do autocuidado – Diz respeito ao
gística e ao desenvolvimento de generalizações
desempenho ou à prática de atividades que os
hipotéticas e princípios preventivos básicos
indivíduos realizam em benefício próprio para
Artigos
para a prática reconhecida.
manter a vida, a saúde e o bem-estar. Quando
o autocuidado é efetivamente realizado, ajuda
a manter a integridade estrutural e o funciona-
mento humano, contribuindo para o seu desen-
4.4 Madeleine M. Leininger e a teoria
volvimento. da enfermagem transcultural
para os autores
Teoria do déficit do autocuidado – Trata-
Instruções
se do núcleo da teoria geral de enfermagem de Para Leininger (apud GEORGE, 2000), a
Orem, definindo quando a enfermagem é ne- enfermagem transcultural é um subcampo ou
cessária, ou seja, ela é exigida quando um adul- ramo que trata do estudo comparativo e da aná-
to é incapaz ou tem limitações na provisão de lise de culturas no que diz respeito à enferma-
autocuidado efetivo continuado. gem e às práticas de cuidados de saúde-doença,
Teoria dos sistemas de enfermagem – com o objetivo de proporcionar um serviço de
Apresenta o sistema de enfermagem, delineado atendimento de enfermagem, significativo e efi-
pelo profissional de enfermagem e elaborado caz, para as pessoas, de acordo com seus valo-
com base nas necessidades de autocuidado e na res culturais e seu contexto de saúde-doença.
capacidade de o paciente desempenhar as ativi- George (2000) afirma, ainda, que Leininger
dades de autocuidado. Se houver déficit nesse construiu sua teoria da enfermagem transcultu-
processo, isto é, se existir um déficit entre o que ral com base na premissa de que as pessoas de
o indivíduo pode fazer (ação de autocuidado) e cada cultura têm a sua maneira de experimen-
o que precisa ser feito para manter o funciona- tar e perceber o atendimento de enfermagem e
Editorial
fissional, do grau de dependência desse atendi-
mento. O terceiro é o plano assistencial, em que 7 Sistema NIC
ocorre a determinação global da assistência de
enfermagem que o ser humano deve receber em Para Dochteman e Bulechek (2003), o im-
razão dos diagnósticos estabelecidos. O quarto pulso para iniciar o trabalho sobre as interven-
é a prescrição de enfermagem – a implemen- ções deu-se, em parte, com as atividades da
Ponto de vista
tação do plano assistencial pelo roteiro diário,
Nanda, visto que um profissional de enferma-
que coordena a ação da equipe de enfermagem.
gem, ao formular um diagnóstico, tem o dever
O quinto passo, a evolução de enfermagem, é
de fazer algo sobre ele. Afirmam ainda que, an-
o relato diário das mudanças sucessivas que
tes do desenvolvimento da NIC, a enfermagem
ocorrem no paciente. O sexto e último passo,
não possuía nenhuma linguagem padronizada
o prognóstico de enfermagem, é a estimativa
que comunicasse os tratamentos que os profis-
da capacidade do paciente em atender às suas
sionais dessa área executavam.
necessidades básicas após a implementação do
Segundo Barros, Maria e Abrão (2002), o
plano assistencial.
Artigos
sistema NIC é uma linguagem padronizada de
tratamentos que os profissionais da área de en-
fermagem utilizam, incluindo cuidados diretos
6 Diagnósticos
e indiretos ao paciente.
de enfermagem Nanda
De acordo com Dochteman e Bulechek
(2003, p. 34), a NIC denomina e descreve as inter-
para os autores
Para Marin, Messias e Ostroski (2004), o
Instruções
diagnóstico de enfermagem é a etapa da SAE venções que os enfermeiros executam como “[...]
que tem recebido maior atenção dos profissio- qualquer tratamento, baseado em julgamento
nais da área, uma vez que sua formulação ade- clínico e conhecimento que a enfermeira executa
quada direciona o planejamento, a implementa- para melhorar os resultados a serem alcançados
ção e a evolução do cuidado. pelo paciente/cliente”. Barros, Maria e Abrão
Segundo Barros, Maria e Abrão (2002), (2002) descrevem que cada intervenção é com-
o diagnóstico de enfermagem é definido pela posta de um título, uma definição e um conjunto
Nanda como julgamento clínico sobre as res- de atividades em forma de lista que o profissio-
postas individuais, familiares ou comunitárias nal pode escolher, identificando, assim, as inter-
aos atuais ou potenciais problemas de saúde, e venções que serão feitas. Essas incluem aspectos
é por meio desse diagnóstico que as interven- tanto psicossociais quanto fisiológicos.
ções são planejadas e executadas para atingir Segundo McCloskey e Bulechek (2004),
resultados pelos quais os enfermeiros são res- as intervenções da NIC estão relacionadas aos
ponsáveis. As autoras ainda enfatizam que, diagnósticos de enfermagem da Nanda, aos
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