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3º ano/4º bimestre

Caderno do Estudante

Uma parceria entre a


SEEDUC/RJ e o Instituto
Ayrton Senna

Ciências Humanas
Política, poder e ideologia

Filosofia p.02
Sumário

Geografia p. 07

História p. 12

Sociologia p. 19
Filosofia
Ficha 1 –Identidade e representação no
contemporâneo
Eixo do 3º ano: Política: poder e ideologia

Guia para Estudos Orientados


Atividade 1
1º etapa da pesquisa:

1. Quem foi Arthur Bispo do Rosário?


2. O que o artista buscava com as suas obras?
3. Qual a história e objetivo da obra “MANTO DA APRESENTAÇÃO”?
4. Qual a relação da obra/história/vida do Arthur Bispo do Rosário com o objetivo de
estudo do bimestre?
Atenção: ao pesquisar nos sites não esqueça de colocar as citações entre aspas, a data
do acesso e o link.

2º etapa da pesquisa:
1. Leia os textos abaixo, sublinhe as palavras desconhecidas e pesquise seu significado.

AUTOBIOGRAFIA - Por Maíra Althoff De Bettio


A autobiografia é um gênero literário que existe desde muito tempo e continua bastante
presente na atualidade. É um fenômeno atemporal e mundial, que pode ser inteiramente
literal ou possuir ingredientes ficcionais. O precursor desse modelo de escrita é Santo
Agostinho, durante a Idade Média, com Confessiones (Confissões). Além deste, vale
lembrar grandes obras autobiográficas conhecidas mundialmente, como por exemplo,
Diário de Anne Frank.
Nada mais é do que a vida de uma pessoa relatada por ela própria e, em muitas vezes,
transformada em livro e/ou filme. Mas também muita gente utiliza tal particularidade e não
se dá conta, ou seja, quem usa o diário para anotar sua rotina está se autobiografando,
mas nem por isso tal indivíduo intenciona publicar suas anotações. O mesmo acontece
com o envio de cartas. Na maioria dos casos, quando se escreve uma correspondência
para outrem fala-se de si próprio; outra situação em que a autobiografia está presente,
sendo direcionada a um leitor, único ou não.
Semelhante e ao mesmo tempo distinto de carta e diário, existe o blog, maneira de se
expressar através de um site particular na internet, no qual podem ser tratados inúmeros
assuntos. Minimizando as possibilidades temáticas, existe o blog como diário virtual, isto
é, indivíduos que empregam essa ferramenta para falar sobre seu dia a dia e lançar na
rede para que outras pessoas possam acompanhar os seus hábitos. Esta maneira de
exposição muito se aproxima da autobiografia.
Uma das vertentes da autobiografia é o ghostwriter (escritor fantasma), ou seja, alguém
que escreve a biografia de outra pessoa, passando-se por ela mesma. Normalmente o
ghostwriter é contratado para tal serviço, fruto do interesse e curiosidade que os
indivíduos têm em saber da vida dos outros, principalmente dos famosos. Com isso, a
celebridade, muitas vezes instantânea, recorre ao trabalho do escritor fantasma para
discorrer a seu respeito, atentando-se a recursos que ela usaria para falar de si própria,
para não levantar suspeitas de que não foi ela que compôs sua autobiografia.

Fonte: http://www.infoescola.com/generos-literarios/autobiografia/
Acesso: 04.09.2015

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ESCREVA SUA AUTOBIOGRAFIA COMO SE FOSSE UM ROMANCE
Não narre sua história como se ela fosse uma tosca redação a ser escrita durante os
anos escolares, apenas para garantir uma nota. Explore o vocabulário, crie suspense,
evoque a emoção.
Por exemplo, uma narrativa crua de sua autobiografia poderia começar assim:
“Nasci em São Paulo durante os anos 40, uma época marcada pelas incertezas
econômicas. Meus pais haviam chegado da Polônia nesta época, fugidos da perseguição
nazista que ocorreu no país. No Brasil, encontraram um pouco da tranquilidade que
sonhavam dar para os 3 filhos, incluindo eu”.
Como as letras, palavras e vocabulário podem ajudá-lo a construir algo mais intenso,
como se fosse um romance?
“No dia em que meu pai viu uma temível Walther P38 apontada para sua cabeça, ele
fechou os olhos e pediu a Deus: ‘Se deixar meus miolos escaparem ilesos desta, juro que
fugirei daqui com minha família’. Não sei se Deus ouviu a oração de papai, mas o
soldado simplesmente abaixou a arma e xingou qualquer coisa em alemão. Papai nunca
ficou tão feliz em ouvir um xingamento como naquele dia”.
Se um evento especialmente importante integrar sua autobiografia, poderá usar este
elemento logo na introdução. No entanto, ele deve ser usado apenas para fisgar a
atenção dos leitores, deixando para dar maiores detalhes no decorrer da narrativa. Isto
contribuirá para a criação e manutenção do suspense.

Fonte: http://corrosiva.com.br/como-escrever-um-livro/7-dicas-para-fazer-sua-autobiografia/
Acesso: 04.09.2015, acesso em 14/02/2017.

2. A partir da leitura dos textos escreva com as suas palavras um parágrafo de no


máximo 10 linhas definindo autobiografia?

Atividade 2

1. Inicie o planejamento da produção da autobiografia:

a. Escolha um material de registro para organizar seu planejamento, por exemplo um


caderno, fichário, bloco de nota etc. O que você domina melhor e se sente confortável.
b. Pense sobre o objetivo: produzir uma autobiografia da sua trajetória na escola
relacionando-a com conteúdos de Filosofia que você aprendeu desde o início do Ensino
Médio. Não é preciso abordar todos os conteúdos estudados, mas os que você escolher
devem ser relacionados com acontecimentos e fatos de sua vivência escolar.
c. Elabore um roteiro de registro. Inicie registrando os acontecimentos mais marcantes
dentre os que você lembra. Depois reflita por que esses acontecimentos são importantes
para você. Não esqueça de registrar tudo. Retome os cadernos, livros e trabalhos
realizados na disciplina de Filosofia e, se necessário, procure ajuda dos colegas e do
professor para relembrar o percurso de estudo.
d. A partir das leituras, pesquisas e debates, escolha uma linguagem para produzir sua
autobiografia: pintura, fotografia, vídeo, texto, música, coletânea de poesias etc. Lembre-
se de que as linguagens possuem etapas e técnicas distintas. A produção de um vídeo,
por exemplo, requer filmar, editar, montar etc.
e. Elabore um cronograma com: o tempo previsto para produzir, ajuda para se organizar
de acordo com a dimensão da produção escolhida e o material necessário, dentre outros
itens.

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Filosofia
Ficha 2 –O não-lugar: o território do sujeito
contemporâneo – planejando a biografia
Eixo do 3º ano: Política: poder e ideologia

Guia de leitura de texto para Estudos Orientados

1. Em duplas, iniciem a leitura do texto;


2. Lembrem-se de sublinhar as palavras desconhecidas nas frases, buscando seu
significado no dicionário e depois relendo a frase para entender a ideia presente.
3. Façam, com suas palavras, um resumo do texto, contendo as principais ideias.
4. Anotem as dúvidas para perguntar ao professor.

Representação, simulação, simulacro e imagem na sociedade contemporânea


__por Pietroforte (2004)

Com os avanços advindos das novas tecnologias da informação e da comunicação, os


seres humanos convivem com uma multiplicidade de signos, de símbolos, palavras e
imagens, tanto que o século XXI se apresenta como sendo o século das imagens,
configurando-se uma verdadeira vertigem comunicacional.
As imagens não se constituem como cópia fiel da realidade. Machado (1997) refere que a
imagem se constitui em um artifício para simular alguma coisa a que não se tem acesso
direto. O que se vê é que o mundo se transformou em imagem, não existindo dissociado
dela. As imagens constituem o mundo. Aumont (1993) escreve que o ser humano atribui
um julgamento de existência às imagens, acreditando que aquilo que vê existiu, ou pode
existir realmente. Entretanto, a imagem em nossos tempos está repleta de ambiguidades.
Cada indivíduo atribui um julgamento de existências sobre as imagens e atribui a elas um
referente real. A imagem não constitui o objeto em si, mas é a sua representação, o
simulacro.
Baudrillard (1997) introduz uma condição paradoxal para a compreensão do termo, ao
ressaltar que o simulacro é o segundo batismo das coisas, acrescentando que o primeiro
é a representação. Simular é fingir uma presença ausente, criar uma imagem sem
correspondente com a realidade. Segundo o autor, há três ordens de simulacros que,
simultaneamente às leis de valor, sucederam-se a partir do Renascimento. A primeira
delas é a contrafacção, esquema dominante na época clássica, desde o Renascimento
até a Revolução Industrial. A segunda se refere à produção, esquema dominante da era
industrial. A simulação é o esquema dominante da fase atual, regulada pelo código. O
simulacro de primeira ordem atua na lei natural do valor; o de segunda ordem, na lei
mercantil do valor e, o de terceira ordem, na lei estrutural do valor. É a simulação que
caracteriza a era pós-industrial. O que vale é o valor da troca, onde o real é produzido, e
o modelo, a matriz do objeto, assume uma distância tal entre real e imaginário, que o real
se transforma em verdadeira utopia, adotando a imagem como objeto perdido
(Baudrillard, 1976).
Na perspectiva da terceira ordem, o simulacro distorce o real, confundindo-se com o
mesmo, e o que entra em jogo é a significação do valor das coisas. A lógica funcional do
utensílio, a lógica do ponto de vista econômico, como objeto de mercadoria, a lógica da
troca simbólica, como parte do objeto simbólico, e a lógica do valor-signo, como objeto e
signo. Essas são formas que representam a existência do simulacro (Baudrillard, 1976).
Mello (1998) refere que a simulação é um processo intermediário entre a imitação e a
metamorfose, caracterizado pelas formas superiores do poder. O simulacro é
representado como dispositivo de defesa, como uma máscara que pertence a um jogo
que se desenrola no mundo das aparências, a serviço de um segredo que deve

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permanecer oculto. O sistema de consumo assume, então, a imagem de figuras de
metamorfose, de fuga circular.
Simulacro é um procedimento relativo à produção de sentidos. Quanto mais próximo
estiver da realidade, do objeto, menos deixará de ser uma representação. O
distanciamento colabora para o surgimento das manifestações de simulacros. Quanto
mais distante, mais se tem uma ideia do real, mais se imagina o que é o real, menos
clareza se tem do que é a realidade. É como se houvesse uma transformação das coisas
em algo parecido com sua forma original (Baudrllard, 1992).
A contemporaneidade trás um novo questionamento sobre o fundamento das ciências
pelo surgimento de disciplinas centradas na análise da representação. Na arte, instaurou-
se a ideia de profundidade, dos vínculos com o conhecimento. A arte busca representar
melhor a realidade e, nesta análise, a representação surge como uma tentativa de
compreensão de falsos valores que, cada vez mais, revelam que o homem foi perdendo a
imagem da matriz das coisas e a noção do grau do ponto de partida dos signos. O sujeito
pós-moderno faz morrer o verdadeiro, e o triunfo é do falso. A sociedade de consumo,
por exemplo, não se satisfaz com o próprio consumo, mas se anuncia como tal,
testemunhando a si mesma como mercado de consumo, como simulação (dissimulação),
e põe fim a uma ordem de liberdade, substituindo o reflexo da própria imagem de homem
pela aparência de máscara que encobre a liberdade e aprisiona a verdadeira imagem do
homem. Este reinventa imagens, imagina imagens como se o eu estivesse aí, em uma
reprodução em forma de simulação. Busca algo sem encontrar. É a incompletude do ser
humano que produz imagens para realizar o desejo, o sonho. Mas não se pode operar
com a imagem especular, pois há necessidade de efetuar uma troca simbólica.
Baudrillard (2004) propõe uma estratégia para além do valor, que inclui a reversão da
mentalidade contemporânea e uma ruptura com a hegemonia do código, entendido como
sistema de representação. Para enfrentar o simulacro, não basta desejar buscar o objeto
original. É preciso desconstruir um sistema que cria a todo o tempo simulacros, cópias
sem matriz. Um dos elementos que impede de perceber o simulacro é a própria estrutura
que sobrepõe pilhas de simulacros, e que obstaculiza a visão.
Em uma analogia com o espelho físico, o autor (1997) refere que há uma transferência
das relações do sujeito consigo mesmo e com o mundo. A imagem refletida no espelho
permanece como uma tela de fundo na vida de cada indivíduo. Compreender o sujeito
embretado nele requer a compreensão do que reflete e do que é refletido. O duplo é o
que me pertence, mas é também o que me é estranho. A possibilidade de harmonia para
o duplo requer uma estrutura lógica, dialética de reconciliação, de construção de regras e
leis de transformação e de reconhecimento.
A irrealidade não é a do sonho, ou do fantasma, mas é a de uma alucinante semelhança
do real consigo mesmo. Convite para criar e partir do vazio à volta do real, de extirpar a
subjetividade, para restituir à objetividade pura. Sedução circular pode assinalar o já não
ser visto (Baudrillard, 1997).
O real não é apenas o que pode ser reproduzido, mas também o que está sempre
reproduzido. Nesta perspectiva, hiper-real. O hiper-real só está além da representação
porque está por inteiro na representação. O torniquete da representação torna-se louco,
mas de uma loucura implosiva que, longe de ser excêntrica, olha de esguelha para o
centro. Análogo ao efeito do distanciamento interno do sonho: “perpetuação do sonho,
que leva a dizer que se sonha, mas tal não passa de um jogo de censura e de
perpetuação do sonho, o hiper-realismo faz parte de uma realidade codificada que ele
perpetua e na qual nada altera” (Baudrillard, 1976,p.137).
A realidade cotidiana, política, social, histórica, econômica está, desde já, incorporada à
dimensão simuladora do hiper-realismo. Pietroforte (2004) refere que a mais importante
transformação cultural do século XXI é o fato de que nos tornamos ao mesmo tempo
atores e platéia de um grandioso e ininterrupto espetáculo.
Dissimular é fingir não ter o que se tem, e se refere a uma presença. Simular é fingir ter o
que não se tem, referindo uma ausência. A simulação parte, ao contrário, da utopia, do
princípio da equivalência, parte da negação radical do signo como valor, parte do signo

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como reversão e aniquilamento de toda a referência. Enquanto a representação tenta
absorver a simulação interpretando-a como falsa representação, a simulação envolve
todo o edifício da representação como simulacro (Baudrillard, 1991).
O autor aponta as fases sucessivas da imagem, que são: a imagem é o reflexo de uma
realidade profunda e, neste caso, uma boa aparência: a representação é domínio do
sacramento. A imagem mascara a ausência de realidade profunda, finge ser uma
aparência, e é do domínio do sortilégio. A imagem não tem relação qualquer com a
realidade, pois é o seu simulacro puro, e pertence ao domínio da simulação, abarcando
um sistema para além das instituições oficiais da arte.
O artista Felix Gonzalez Torres (1957-1996) apresentou suas obras em museus de vários
países. Enquanto grande parte dos artistas lutava por espaços nas paredes, o piso
permanecia livre. Ao final da década de oitenta, Gonzalez Torres optou por usar esse
espaço marginal, e mostrou seus primeiros stacks. Propôs uma exposição que
desapareceria completamente. O público poderia levar uma parte de seu trabalho na
Bienal de Whitney, um pedaço de papel, uma folha da galeria, mas não poderia levar
toda a galeria. As obras intituladas Lover Boys são pilhas de caramelos baseados no
peso dos corpos. Félix usou o peso de seu próprio corpo e de seu amigo íntimo, Ross.O
público poderia comer os caramelos.Gonzalez Torres, segundo o crítico e curador Robert
Nickas foi o primeiro artista que fez com que os observadores colocassem parte da obra
na boca, chupando os caramelos.Trata-se de obras que podem ser duplicadas
indefinidamente, e que o artista duplicou em diferentes contextos.O artista expressa seu
pesar pela morte do amigo e chama a atenção para a sociedade, que discrimina e
marginaliza os homossexuais.
A arte problematiza o olhar do outro, lança desafios que estão nas obras, nas imagens
das obras. A polissemia está sempre presente. O significado emerge do público e do
contexto em que ela existe, e que é um contexto simultaneamente político, social e
cultural. A máscara está sempre presente, assim como as dissimulações e seus
desdobramentos. Gonzalez Torres mostrou sua arte, e os caramelos foram expostos em
diferentes locais e em vários países. Félix convidou o público para interagir.Você comeria
um caramelo de quem tem AIDS?
Considerações finais
A presença da imagem na contemporaneidade, seja na veiculação de informações, no
cinema, na moda, nas obras de arte, apresenta-se como uma estética de interface, que
traz à tona novas formas de entender o mundo em que vivemos. Trata-se de uma visão
que contempla o hibridismo, trazendo para o seu interior as inter-relações e conexões
entre distintas áreas do saber. Trabalhamos com leituras textuais e imagéticas e, ao falar
sobre a imagem, fica difícil não pensar em criação. Lidamos a todo o tempo com a
imagem, mas sabemos que não se trata de uma cópia fiel da realidade, tal como isso
significa aquilo, ou como algo estático. A imagem na contemporaneidade fascina, mas
também inquieta, pelo seu caráter polissêmico e desafiador, que permeia
questionamentos sobre passado, presente e futuro.
Convivemos com a cultura híbrida, com imagens mentais, imagens-lembranças,
imaginárias, reais e, neste intrincado processo a imagem não somente reproduz a
natureza, mas possui um real intrínseco, de simulacros e simulações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUMONT, J. A Imagem. Campinas: Papirus, 1993.
BAUDRILLARD, J. A Troca Simbólica e a Morte. Lisboa: Edições 70, 1976.
__________. La Transferência del Mal Ensayo sobre los Fenômenos Externos.
Barcelona: Anagrama, 1991.
__________. Simulacros e Simulações. Lisboa: Relógio D’Água, 1992.
__________. A Arte da Desaparição. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1997.
__________. O Sistema dos Objetos. São Paulo:Perspectiva, 2004.
MACHADO, A. Pré-Cinemas e Pós-Cinemas. Campinas:Papirus, 1997.
MELLO, H. A Cultura do Simulacro: Filosofia e Modernidade em Jean Baudrillard. São Paulo: Loyola, 1998.
PIETROFORTE, A. Semiótica Visual: Os Percursos do Olhar. São Paulo: Contexto, 2004.
Fonte:http://www.epublicacoes.uerj.br/index.php/polemica/article/view/6435/4861
Acesso:04.09.2015, acesso em 14/02/2017.

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Geografia
Ficha 1 – Mapa político do Brasil

MAPA POLÍTICO DO BRASIL

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Geografia
Ficha 2 – Tabela IDH
Estados IDH Em 2010

Distrito Federal 0,824

São Paulo 0,783

Santa Catarina 0,774

Rio de Janeiro 0,761

Paraná 0,749
Rio Grande do
0,746
Sul
Espírito Santo 0,740

Goiás 0,735

Minas Gerais 0,731


Mato Grosso
0,729
do Sul
Mato Grosso 0,725

Amapá 0,708

Roraima 0,707

Tocantins 0,699

Rondônia 0,690
Rio Grande do
0,684
Norte
Ceará 0,682

Amazonas 0,674

Pernambuco 0,673

Sergipe 0,665

Acre 0,663

Bahia 0,660

Paraíba 0,658

Piauí 0,646

Pará 0,646

Maranhão 0,639

Alagoas 0,631

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Geografia
Ficha 3 – Tabela “Médico por mil habitantes”

Médicos por
UF
1.000 habitantes
Rio de Janeiro 2,82
Distrito Federal 2,43
São Paulo 2,08
Espírito Santo 1,81
Pernambuco 1,67
Minas Gerais 1,47
Sergipe 1,45
Rio Grande do Sul 1,28
Mato Grosso do Sul 1,15
Tocantins 1,08
Acre 1,06
Paraíba 1,00
Santa Catarina 0,98
Paraná 0,96
Amazonas 0,86
Piauí 0,85
Bahia 0,84
Roraima 0,81
Ceará 0,76
Rondônia 0,69
Pará 0,67
Rio Grande do Norte 0,66
Goiás 0,51
Mato Grosso 0,46
Maranhão 0,41
Alagoas 0,41
Amapá 0,31

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Geografia
Ficha 4 – Tabela “taxa de mortalidade infantil”

Taxa de Mortalidade
Infatil
Estado
(Mortes por mil
nascidos)
Santa Catarina 9,2
Rio Grande do Sul 9,9
Paraná 10,8
São Paulo 11,4
Espírito Santo 12,0
Distrito Federal 12,6
Rio de Janeiro 13,2
Minas Gerais 14,6
Mato Grosso do Sul 17,0
Goiás 17,7
Roraima 18,4
Pernambuco 18,5
Tocantins 19,4
Mato Grosso 19,5
Ceará 19,7
Pará 20,3
Rio Grande do Norte 20,6
Acre 22,1
Amazonas 22,2
Sergipe 22,6
Rondônia 22,7
Paraíba 22,9
Bahia 23,1
Piauí 23,4
Amapá 24,6
Maranhão 29,0
Alagoas 30,2

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Geografia
Ficha 5 – Tabela “Expectativa de vida”

Expectativa de
Estado vida média
(ambos os sexos)
Santa Catarina 78,1 anos
Distrito
77,3 anos
Federal
São Paulo 77,2 anos
Espírito Santo 77,1 anos
Rio Grande do
76,9 anos
Sul
Minas Gerais 76,4 anos
Paraná 76,2 anos
Rio de Janeiro 75,2 anos
Rio Grande
75 anos
do Norte
Mato Grosso
74,7 anos
do Sul
Goiás 73,7 anos
Mato Grosso 73,5 anos
Ceará 73,2 anos
Amapá 73,1 anos
Acre 72,9 anos
Bahia 72,7 anos
Pernambuco 72,6 anos
Tocantins 72,5 anos
Paraíba 72,3 anos
Sergipe 71,9 anos
Pará 71,5 anos
Amazonas 71,2 anos
Rondônia 70,7 anos
Roraima 70,6 anos
Piauí 70,5 anos
Alagoas 70,4 anos
Maranhão 69,7 anos

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História
Atividade 1 –Textos para leitura mediada
Neoliberalismo
__ por Antônio Gasparetto Junior

Embora o termo tenha sido cunhado em 1938 pelo sociólogo e economista alemão
Alexander Rüstow, o Neoliberalismo só ganharia efetiva aplicabilidade e reconhecimento
na segunda metade do século XX, especialmente a partir da década de 1980. Nesta
época, houve um grande crescimento da concorrência comercial, muito em função da
supremacia que o capitalismo demonstrava conquistar sobre o sistema socialista. Mesmo
ainda no decorrer da Guerra Fria, as características do conflito já eram muito
diferenciadas das existentes nos anos imediatamente posteriores ao fim da Segunda
Guerra Mundial. A União Soviética já havia se afundado em uma grave crise que
apontava para o seu fim inevitável. Enquanto isso, o capitalismo consolidava-se como
sistema superior e desfrutava de maior liberdade para determinar as regras do jogo
econômico.

O crescimento comercial foi notório e, para enfrentar a concorrência, medidas foram


tomadas no Reino Unido e nos Estados Unidos. As principais características dessas
medidas foram a redução dos investimentos na área social, ou seja, no que se refere à
educação, saúde e previdência social. Ao mesmo tempo, adotou-se como prática
também a privatização das empresas estatais, o que se aliou a uma perde de poder dos
sindicatos. Passou-se a defender um modelo no qual o Estado não deveria intervir em
nada na economia, deixando-a funcionar livremente. Ou seja, considerando-se as
características do novo momento, uma releitura da forma clássica do Liberalismo.

O Neoliberalismo ganharia força e visibilidade com o Consenso de Washington, em 1989.


Na ocasião, a líder do Reino Unido, Margareth Thatcher, e o presidente dos Estados
Unidos, Ronald Reagan, propuseram os procedimentos do Neoliberalismo para todos os
países, destacando que os investimentos nas áreas sociais deveriam ser direcionados
para as empresas. Esta prática, segundo eles, seria fundamental para movimentar a
economia e, consequentemente, gerar melhores empregos e melhores salários. Houve
ainda uma série de recomendações especialmente dedicadas aos países pobres, as
quais reuniam: a redução de gastos governamentais, a diminuição dos impostos, a
abertura econômica para importações, a liberação para entrada do capital estrangeiro,
privatização e desregulamentação da economia.

O objetivo do Consenso de Washington foi, em certa medida, alcançado com sucesso,


pois vários países adotaram as proposições feitas. Só que muitos países não tinham
condições de arcar com algumas delas, o que gerou uma grande demanda de
empréstimos ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Logo, criava-se todo um sistema
de privilégios para os países desenvolvidos, pois as medidas neoliberais eram
implementadas sob o monitoramento do FMI e toda essa abertura econômica favorecia
claramente aos países ricos, capazes de comprar as empresas estatais e de investir
dinheiro em outros mercados. Por outro lado, o argumento de defesa do Neoliberalismo
diz que a abertura econômica é benéfica porque força à modernização das empresas.
No Brasil, o Neoliberalismo foi adotado abertamente nos dois governos consecutivos do
presidente Fernando Henrique Cardoso. Em seus dois mandatos presidenciais houve
várias privatizações de empresas estatais. Muito do dinheiro arrecadado foi usado para
manter a cotação da nova moeda brasileira, o Real, equivalente a do dólar.

(http://www.infoescola.com/historia/neoliberalismo/) acesso em 14/02/2017.

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O capitalismo liberal
__ por José Luís Fiori

A Inglaterra era uma potência secundária, dentro da Europa, até o século XVII.
Não teve recursos para participar da grande guerra europeia dos anos 30, entre
1618 e 1648, e, em 1688, o Rei James II ainda recebia uma mesada de Luiz XIV, para
poder fechar o seu orçamento. Por isto também, os ingleses só entraram na corrida
colonial europeia muito tarde, depois de 1660, primeiro no Caribe, e depois na Índia. Mas
desde então o poder da Inglaterra cresceu de forma rápida e contínua, permitindo que ela
impusesse supremacia colonial no mundo, e sua hegemonia na Europa, antes da sua
Revolução Industrial. E quando a Libra se transformou na moeda de referência
internacional, a partir de 1870, o Império Britânico já era o mais extenso e poderoso de
toda a história da humanidade.

Existe consenso entre os historiadores a respeito do papel que tiveram a Índia e os


Estados Unidos na história deste sucesso político e econômico da Grã Bretanha, mesmo
depois da Revolução Americana, que não interrompeu a expansão inglesa na América.
Pelo contrário, foi depois da independência norte-americana, e da vitória inglesa sobre a
França, em 1815, que os Estados Unidos se transformaram na fronteira de expansão do
capital financeiro e do capitalismo inglês, selando uma aliança estratégica, e criando um
“território econômico” quase contínuo. Sem esta aliança, por outro lado, seria impossível
entender a ousadia precoce e o sucesso do próprio expansionismo americano, que
começa praticamente no ano seguinte da independência.

Desde então, como no caso da Grã Bretanha, os Estados Unidos acumularam, de forma
contínua, territórios e posições de poder internacional. Um ano apenas depois da
assinatura do Tratado de Paz com a Grã Bretanha, em 1784, os comerciantes
americanos já estavam presentes nos portos da Ásia e da África. E logo depois, no início
do século XIX, o governo americano já se sentia autorizado a proteger seus comerciantes
enviando expedições punitivas para bombardear as cidades de Trípoli e Argel, em 1801 e
1815, uma prática que só era comum entre as velhas potências coloniais europeias. Da
mesma forma, os Estados Unidos participou e beneficiou-se, ao lado das grandes
potências europeia, de vários Tratados Comerciais os tratados infames impostos aos
países africanos e asiáticos, como no caso da China, em 1844, e do Japão, em 1854.

Além disto, dentro da América do Norte, os Estados Unidos expandiram seu território de
forma permanente, conquistando, de forma sucessiva, a Flórida, em 1819, o Texas, em
1835, o Oregon, em 1846, o Novo México e a Califórnia, em 1848, e mais os territórios
indígenas que só se renderam completamente depois de 27 guerras, feitas entre 1811 e
1891. Por fim, depois da formulação da Doutrina Monroe, em 1823, os Estados Unidos se
consideraram com direito à hegemonia exclusiva dentro do hemisfério ocidental, e em
nome desta supremacia intervieram em Santo Domingo, em 1861, no México, em 1867,
na Venezuela, em 1887, e no Brasil, em 1893. Logo depois declararam e venceram a
Guerra Hispano-Americana, em 1898, conquistando Cuba, Guam, Porto Rico e Filipinas,
para em seguida intervirem no Haiti, em 1902, no Panamá, em 1903, na República
Dominicana, em 1905, em Cuba, em 1906, e de novo no Haiti, em 1912. Assumindo,
entre 1900 e 1914, o protetorado militar e financeiro da República Dominicana, do Haiti,
da Nicarágua, do Panamá e de Cuba, e transformando definitivamente o Caribe e a
América Central em sua zona de segurança imediata e incontestável.

Como consequência, no momento da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos já


detinham a hegemonia inconteste da América, possuíam uma presença relevante na
Ásia, e tiveram uma participação decisiva para a vitória da Grã Bretanha e da França, na
Europa, e nas decisões da Conferência de Paz de Versailles, em 1919. Mas foi só depois

Caderno do Estudante – Ciências Humanas – 3º ano /4º bimestre 13


da 2ª Grande Guerra que os norte-americanos ocuparam o lugar da Grã Bretanha dentro
do sistema mundial, impondo sua hegemonia na Europa e na Ásia, e também no Oriente
Médio, depois da Crise de Suez, em 1956. A nova ordem mundial bipolar construída
depois da Segunda Grande Guerra manteve a velha aliança estratégica dos Estados
Unidos com a Grã Bretanha e com os demais povos de língua inglesa¿. Mas, além disto,
estabeleceu um férreo controle militar sobre a Europa e Ásia, e criou uma engenharia
econômica original e virtuosa com relação à Alemanha e ao Japão, que foram
transformados em protetorados militares dos Estados Unidos e em pivôs do processo de
reconstrução econômica da Europa e do Sudeste Asiático.
O que é importante é que foi só depois da consolidação definitiva deste poder global dos
Estados Unidos que se estabilizou o novo sistema monetário internacional dólar-ouro e
se acelerou o processo de internacionalização produtiva do capital, liderado pelas
grandes corporações multinacionais norte-americanas. Mas este processo de expansão
do poder americano não parou com a vitória da Segunda Guerra, e deu um novo salto
com o fim da União Soviética e da Guerra Fria, em 1991. E de novo aconteceu a mesma
coisa: depois desta nova vitória do poder global dos Estados Unidos, se acelerou a
globalização financeira e a moeda americana se transformou na primeira moeda
internacional sem referência metálica, sustentada apenas no poder dos Estados Unidos e
na credibilidade dos seus títulos da Dívida Pública.
Como se pode ver, as histórias da Grã Bretanha e dos Estados Unidos se fundem e se
prolongam numa mesma direção, mas não existe ainda uma explicação definitiva do
expansionismo destes Estados imperiais. Apesar disto, a sua história permite extrair duas
conclusões muito prováveis: i) a liderança econômica liberal da acumulação capitalista - a
escala mundial - sempre estará nas mãos de potências expansionistas; e ii) o
imperialismo não é a “fase superior do capitalismo”, pelo contrário, é seu ponto de
partida, ou pelo menos foi o ponto de partida do capitalismo liberal anglo-saxão.

Atividade 2 :Questão do ENEM


ENEM 2000: Questão 52

O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela algumas características de uma


determinada corrente de pensamento.
“Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto
da sua própria pessoa e posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele

Caderno do Estudante – Ciências Humanas – 3º ano /4º bimestre 14


mão dessa liberdade, por que abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio e
controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no estado de
natureza tenha tal direito, a utilização do mesmo é muito incerta e está constantemente
exposto à invasão de terceiros porque, sendo todos senhores tanto quanto ele, todo
homem igual a ele e, na maior parte, pouco observadores da equidade e da justiça, o
proveito da propriedade que possui nesse estado é muito inseguro e muito arriscado.
Estas circunstâncias obrigam-no a abandonar uma condição que, embora livre, está
cheia de temores e perigos constantes; e não é sem razão que procura de boa vontade
juntar-se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, para a
mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade. ” (Os
Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991)

Do ponto de vista político, podemos considerar o texto como uma tentativa de justificar:
a) a existência do governo como um poder oriundo da natureza.
b) a origem do governo como uma propriedade do rei.
c) o absolutismo monárquico como uma imposição da natureza humana.
d) a origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e aos direitos.
e) o poder dos governantes, colocando a liberdade individual acima da propriedade.

HTTP://WWW.HISTORIADIGITAL.ORG/QUESTOES/QUESTAO-ENEM-2000-LIBERALISMO/
acesso em 14/02 /2017.

Atividade 2 :Texto para leitura mediada


Adeus ao economicismo

A América Latina é uma região cuja imaginação social crítica ficou paralisada, passando
de um período extremamente rico, durante as décadas de 1950 e 1960 – com as “teorias
de dependência”, as análises do “capitalismo monopolista” de Baran e Sweezy, o
estruturalismo francês, a escola historicista alemã de economia, a macroeconomia
keynesiana e pós-keynesiana e as ideias de intelectuais próprios, como Mariátegui – para
um outro período intelectualmente estéril, depois da crise da dívida de 1982 e da queda
do Muro de Berlim. Embora isso tenha acontecido na maior parte do mundo, na América
Latina os processos de reafirmação do capital e de declínio do pensamento crítico foram
muito acentuados, enquanto o neoliberalismo – com suas sofisticadas tecnologias de
poder e com suas políticas econômicas nada sofisticadas – conquistava a região,
inclusive grande parte de sua intelligentsia progressista, tão completamente (e tão
ferozmente) quanto a Santa Inquisição conquistou a Espanha – transformando os
pensadores críticos numa espécie em extinção.

Nesse contexto, os artigos periódicos de José Luís Fiori (1), sobre geopolítica e
desenvolvimento econômico, constituem uma verdadeira exceção. Neles, Fiori propõe
uma discussão renovada sobre o tema e os desafios do desenvolvimento econômico a
partir de uma perspectiva histórica que privilegia o poder como uma dimensão com lógica
própria, a lógica determinante da trajetória do “sistema interestatal capitalista”. Aqui,
“poder” não é sinônimo de Estado e, por isto, a análise do autor vai muito além do velho
debate sobre a relação entre “Estado e mercado” no desenvolvimento capitalista. Na
abordagem de Fiori, a questão do poder vem antes e é muito mais ampla e complexa que
a do Estado. Por conseguinte, a questão da “acumulação de poder” precede,
logicamente, a da “acumulação de capital” e a própria aparição histórica dos Estados. Ao
mesmo tempo, Fiori defende a tese de que a formação dos “Estados-economias
nacionais” é a marca e o grande motor do “milagre europeu” – onde os Estados

Caderno do Estudante – Ciências Humanas – 3º ano /4º bimestre 15


nasceram e sempre coexistiram competitivamente, dentro de um sistema interestatal
inseparável do capitalismo.
Desse ponto de vista, segue-se que a economia capitalista está ligada de forma
inextricável ao processo de acumulação de poder – e ao modo como isso aconteceu na
Europa (e apenas na Europa) entre os séculos XII e XVI. Este livro usa a geopolítica
(mas não exclusivamente) como chave fundamental para a compreensão do sucesso do
desenvolvimento econômico em alguns países, e de sua falência em tantos outros. E
considera que a política econômica deve ser considerada como uma variável endógena e
dependente da macroestratégia de cada país; e por isto, seu sucesso varia de caso para
caso e de tempo histórico para tempo histórico. Nesse sentido, pode-se afirmar com toda
certeza (e felizmente) que este livro é um livro verdadeiramente herético com relação às
visões “economicistas” tradicionais do desenvolvimento e da história.
http://outraspalavras.net/posts/adeus-economicismo.

Atividade 3 : Texto leitura mediada


c
Do Neoliberalismo ao Desenvolvimentismo

__ por João Sicsú (*)

No início do segundo mandato de FHC, foi estabelecido o tripé: I) política fiscal - realizar
superávits primários necessários para reduzir a relação dívida/PIB; II) política monetária -
utilizar a taxa de juros como único instrumento de controle da inflação; III) política cambial
- estabelecer um regime de câmbio flutuante em que o mercado determinaria a taxa de
câmbio e, portanto, o BC não precisaria acumular reservas em grandes volumes. O tripé
macroeconômico de FHC era liberal e conservador.

Tal modelo era tratado como solução única, inquestionável. Entretanto, o país e o mundo
vivem hoje um momento diferente: a agenda foi desinterditada. Está sob agudo
questionamento o modelo liberal que se dizia estar apoiado nas boas práticas
internacionais.

Quais? Aquelas praticadas pelas autoridades responsáveis pela regulamentação do


sistema financeiro americano? Aquelas elogiadas e sugeridas pelo Lehman Brothers, AIG
e o Merrill Lynch?

Os liberais não entregaram o que prometeram. Argumentam que a causa do insucesso


foi que o modelo deveria ter sido aplicado em conjunto com reformas estruturais que não
foram realizadas - embora isto não seja verdade, porque países como Argentina e
Equador realizaram todas as recomendações. Dizem: "No caso dos países latino-
americanos faltaram as reformas". Mas o que dizer da economia americana em crise? Lá
o que faltou? Lá se revela o esperado. O capitalismo desregulado é indomável: o
mercado financeiro é capaz de cometer suicídio por overdose.

O modelo econômico vigente no Brasil, iniciado na era FHC, foi flexibilizado,


especialmente, a partir da instituição do PAC, em 2007. No Brasil, o pilar do regime
cambial que aceita acentuadas valorizações e desvalorizações mostrou-se inadequado
ao equilíbrio das contas externas e à estabilidade monetária. O pilar do sistema de
controle da inflação, baseado na utilização de um único instrumento, mostrou que precisa
ser ampliado. E o terceiro pilar, focado apenas na geração de superávits primários e na
redução da relação dívida/PIB, mostrou-se limitado diante das necessidades de
construção de infraestrutura pública, geração de empregos e universalização das
políticas sociais.

Caderno do Estudante – Ciências Humanas – 3º ano /4º bimestre 16


Nos dias de hoje, à chamada responsabilidade fiscal foram associadas as
responsabilidades social e com a geração de empregos. O equilíbrio orçamentário será
alcançado como resultado do vigor e da qualidade do crescimento - e não como fruto de
políticas e reformas de redução de direitos sociais. E esta melhor qualidade refere-se a
um tipo de crescimento que gera milhares de negócios e milhões de empregos formais. E
ainda a um quesito ímpar: a taxa de variação do investimento é superior entre duas e três
vezes a taxa de crescimento do PIB.

(*) João Sicsú é diretor de Estudos Macroeconômicos do IPEA e professor do Instituto de


Economia da UFRJ. É autor do livro "Emprego, Juros e Câmbio" (Campus-Elsevier, 2007)
e co-autor e organizador.

Caderno do Estudante – Ciências Humanas – 3º ano /4º bimestre 17


História
Atividade 3: Atividade de avaliação
AVALIAÇÃO DE HISTÓRIA

Nome_ __________________________________ número:_______ Turma_______

Regras e orientações:
- A atividade deve ser feita individualmente e com caneta;
- O tempo mínimo em sala é de 45 minutos e máximo de 60 minutos;
- Há um texto que serve como base para resposta;
- É permitido consultar registros produzidos nos tempos de EO;
- Não é permitido consultar colegas, caderno e demais escritos fora o citado anteriormente.

Prezados estudantes, nas últimas semanas debatemos a temática do Neoliberalismo e seus


impactos no mundo e no Brasil. Nesse percurso utilizamos diversos recursos, como leitura de
mapa, imagens, vídeos e textos didáticos e acadêmicos. Na sala, trabalhamos com registos e em
times como forma de aprender e sistematizar o conhecimento. Agora, o objetivo desta atividade é
trabalhar com o conteúdo bimestral discutido nas aulas, avaliando a capacidade de vocês de:
expressar com clareza opiniões e reflexões, analisar textos e fazer relações ligadas ao tema.
Bom trabalho!

1. Descreva, interprete e relacione a imagem com o tema neoliberalismo:

http://www.bernardopilotto.com.br/2015/03/19/a-austeridade-precisa-de-consenso/acesso em 14/02/2017.

2. Leia com atenção o fragmento de texto abaixo e interprete a relação com a Santa Inquisição a
partir de suas reflexões em sala sobre a temática do neoliberalismo.

Crítica ao economicismo
“... Enquanto o neoliberalismo – com suas sofisticadas tecnologias de poder e com suas políticas
econômicas nada sofisticadas – conquistava a região, inclusive grande parte de sua intelligentsia
progressista, tão completamente (e tão ferozmente) quanto a Santa Inquisição conquistou a
Espanha – transformando os pensadores críticos numa espécie em extinção. ”
Site: outraspalavras.org.com.br (Acesso em 12/09/2015)

3. um texto argumentativo com no mínimo 20 e máximo de 30 linhas utilizando os termos:


desregulamentação, flexibilização, austeridade e desigualdade social, relacionando-os com o
neoliberalismo. Na construção do texto inicie contextualizando o tema, em seguida desenvolva
com informações e argumentos ligados ao assunto e conclua com argumentos acerca do debate
apresentado.

Caderno do Estudante – Ciências Humanas – 3º ano /4º bimestre 18


Sociologia
Ficha 1 – Textos
Orientação para a leitura:
 Título.
 Identificação e significado de palavras desconhecidas.
 Do que trata o texto (explicação breve – assunto, ideias gerais).
 Questões de entendimento do texto. (Os estudantes trarão perguntas do que não
entenderam do texto para serem respondidas pelos colegas com ajuda do professor).
 Conceito de classes sociais na visão de dois pensadores do século XIX, Karl Marx e
Friedrich Engels.
 Fundamentação do conceito de classe social na visão marxista presente no Manifesto
comunista: Toda a história até os nossos dias é a história da luta de classes.

Apresentando Karl Marx

(...) Karl Marx, assim o como Durkheim, acreditava ser possível um conhecimento capaz
de levar à construção de uma sociedade mais justa. Durkheim, como já vimos,
considerava que o caminho era a ética do mercado, a ser regulada pelas corporações
profissionais. E Marx?
O pequeno ensaio intitulado Manifesto Comunista, que Marx escreve com seu grande
amigo Friedrich Engels, foi traduzido para centenas de línguas e é considerado um dos
tratados políticos de maior influência mundial. Tem até hoje servido de inspiração para
levantes políticos mundo afora, na medida em que sugere um curso de ação para
desencadeamento da revolução socialista com a tomada do poder pelo proletariado.
Embora o texto tenha sido escrito quando Marx e Engels eram muito moços, e seja
considerado um documento de propaganda política, alguns aspectos centrais do
pensamento de Marx já estão ali presentes. Há uma frase que costuma ser citada com
grande frequência: Toda a história até os nossos dias éa história da luta de classes”.
Essa frase só faz sentido se tivermos clareza sobre o que Marx entendia por sociedade.

Da cooperação à propriedade privada

(...) Marx vê a sociedade – e também a natureza – como uma composição entre o novo e
o velho, entre forças contrárias que se complementam e cooperam umas com as outras,
mas também se enfrentam. Esse embate provoca inevitavelmente uma série de
mudanças sociais. Para Marx, a história da humanidade é a história desse embate
constante entre o velho e o novo, entre os interesses dos que já foram e dos que ainda
estão por vir.
Pensar a sociedade humana como fruto da cooperação e do enfrentamento, da
solidariedade e do conflito, significa dizer que nada é estático, nada é para sempre. Os
seres humanos, como Marx os concebe, são animais sociais porque sempre dependem
da cooperação uns dos outros. Mas também são animais eternamente insatisfeitos. ´É na
busca da satisfação de suas necessidades e desejos que eles transformam suas vidas e
a natureza a seu redor. Transformam a si ao mundo porque são os únicos animais sobre
a Terra que trabalham – ou seja, que intervêm no mundo de forma criativa. Nós,
humanos, não apenas nos adaptamos às condições ecológicas, mas interferimos na
natureza – para o bem e para o mal.
Assim como Durkheim, Marx também recorre ao exemplo as “sociedades primitivas” para
contar a história dessas transformações, que, na sua concepção, marcariam a evolução
da humanidade. Os homens e mulheres dessas sociedades, para satisfazer suas
necessidades primárias – alimentação, abrigo, reprodução -. Engajavam-se em uma
sistema de cooperação harmônico. Não se produzia mais do que se era capaz de

Caderno do Estudante – Ciências Humanas – 3º ano /4º bimestre 19


consumir diariamente. Não havia nada que excedesse, ou seja, que ficasse acumulado.
E, porque não se produzia um excedente que pudesse ser apropriado por uns e não por
outros, não havia superiores e inferiores, não havia antagonismo e conflito de interesses.
No processo de transformação criativa da natureza os seres humanos foram sofisticando
suas ferramentas e sua maneira de trabalhar, e com isso foram se tornando capazes de
produzir mais. Produzindo mais, foram acumulando. As necessidades primárias foram
atendidas, e aí vieram outras necessidades – uma alimentação mais requintada, uma
casa maior, um parceiro mais interessante. Os excedentes, porém, não eram suficientes
para serem divididos igualmente entre todos. O que fazer? Em algum momento da
história da humanidade, alguns decidiram se apropriar desse excedente em detrimento
dos demais. Esse seria o princípio da propriedade privada.
Marx aliás, não foi o primeiro a levantar essa questão. Inspirou-se nesse ponto nos
filósofos iluministas do século XVIII, principalmente em Jean-Jacques Rousseau (1712-
1778), para quem a propriedade privada originou todos os males que se seguiram na
história da humanidade: crimes, guerras, mortes, misérias e horrores.

Nascimento da propriedade privada:


O primeiro que, tendo cercado um terreno, atreveu-se a dizer: Isto é meu, e encontrou
pessoas bastante simples o suficiente para acreditar nele, foi o verdadeiro fundador da
sociedade civil. Quantos crimes, guerras, assassínios, quantas misérias e horrores não
teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o
fosso, houvesse gritado aos seus semelhantes: “Evitai ouvir esse impostor. Estareis
perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos, e que a terra não é de ninguém! ”
(J.J. Rousseau, Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre
homens, 1754.)

As classes sociais

Se uns têm mais – mais bens, mais terras, mais moedas mais poder – do que os outros
uns mandam, e os outros obedecem. A cooperação característica das sociedades de
comunismo primitivo deixa de ser harmônica e torna-se antagônica. Os seres humanos
continuam dependendo uns dos outros, mas agora a divisão do trabalho estabelece uma
hierarquia, funda uma desigualdade que opõe os que têm e os que não têm e os que não
têm. É da divisão do trabalho que se originam as classes sociais. E são elas, segundo
Marx, os principais atores do drama histórico.
Todas as relações entre as pessoas, assim como todos os sistemas de ideias, são
concebidas por Marx como enraizados em períodos históricos específicos. Apesar de
afirmar que a luta de classes marca toda a história da humanidade, ele também enfatiza
que essas lutas diferem de acordo com os estágios histórico. Os protagonistas desse
enfrentamento não são sempre os mesmos. Ainda que possa haver semelhanças entre
escravo da Roma antiga, o servo da Idade Média e o operário da indústria, seus desafios
são outros, e sua luta não é a mesma. O regime de trabalho é penoso para os três, mas
servos não eram escravos, como operários não servos.
Qual é a diferença? O escravo não pactua, não é parte interessada em um contrato, não
tem direitos a serem respeitados. É apenas propriedade de alguém e, como tal, pode ser
vendido ou trocado de acordo com a vontade do proprietário. O servo, não; não é um
trabalhador livre, mas também não pertence ao senhor. Diferentemente do operário, que
pode trocar um emprego por outro, o servo está preso à terra – e isso marca sua
condição servil. Ao receber a terra para plantar, ele se compromete a nela permanecer,
viver e trabalhar. Há uma relação de dependência mútua, porque também o senhor
feudal está obrigado a manter sua palavra e não expulsar o servo da terra que lhe foi
destinada. Há, portanto, um conjunto de deveres e obrigações que o senhor e o servo
devem observar. Embora a balança penda muito mais para o lado do senhor, há a
expectativa de obrigações, de proteção do senhor para com os servos. O burguês

Caderno do Estudante – Ciências Humanas – 3º ano /4º bimestre 20


capitalista não tem essa mesma relação com seus empregados. Sua única obrigação é o
pagamento de um salário em troca de um número determinado de horas de trabalho.
São, portanto, as relações de propriedade que dão origem às diferentes classes sociais.
Assim como não podemos escolher quem serão nossos pais, não podemos escolher a
que classe social iremos pertencer. Esse ‘pertencimento está ligado ao lugar que
ocupamos na produção. Para Marx, a base da origem social de todas as sociedades
reside na produção de bens, na organização econômica. O que é produzido, como é
produzido, e como os bens são trocados é o que determina as diferenças de riqueza, de
poder e de status social entre as pessoas.
O pertencimento está ligado ao lugar que ocupamos na produção. Para Marx, a base da
ordem social de todas as sociedades reside na produção de bens, na organização
econômica. O que é produzido, como é produzido, e como os bens são trocados éo que
determina as diferenças de riqueza, de poder e de status social entre as pessoas.
O pertencimento de classe é, em larga medida, aquilo que nos define. É o que estabelece
os nossos valores e os princípios do nosso comportamento. A divisão da sociedade em
classes dá origem a diferentes percepções políticas, éticas, filosóficas e religiosas. Essas
percepções e visões de mundo – a ideologia, no vocabulário de Marx – tendem a
consolidar o poder e a autoridade da classe dominante. Isso não quer dizer, contudo que
os dominados não possam desafiar esse poder e essa autoridade. Mas, para virar o jogo,
é preciso que haja uma “tomada de consciência” por parte da classe dominada. É preciso
ocorra a convergência daquilo que Max Weber, em outro contexto, chamou de “interesse
material” e “interesse ideal” – ou seja, a combinação de demandas econômicas e
políticas com questionamentos morais e ideológicos.

BOMENY, H. MEDEIROS, F. B. Tempos modernos, tempos de sociologia, de Helena Bomeny e


Bianca Freire-Medeiros, pp. 58-9, o item “Apresentando Karl Marx”. Pp.58-62

Caderno do Estudante – Ciências Humanas – 3º ano /4º bimestre 21


Sociologia
Ficha 2 –Avaliação modelo
Avaliação modelo
Essa avaliação será desenvolvida no final da atividade Concentração de terra e violência.
Para desenvolvê-la é importante que os registros realizados durante as aulas e conceitos
(assentamento; desapropriação; grileiro; latifúndio; minifúndio; posseiros; usucapião;
concentração de terra) sejam retomados.

Nome____________________________________________nº______ turma:_________

1- Leia a questão 33 do ENEM de 2013

TEXTO I
A nossa luta é pela democratização da propriedade da terra, cada vez mais concentrada em nosso
país. Cerca de 1% de todos os proprietários controla 46% das terras. Fazemos pressão por meio
da ocupação de latifúndios improdutivos e grandes propriedades, que não cumprem a função
social, como determina a Constituição de 1988. Também ocupamos as fazendas que têm origem
na grilagem de terras públicas.
Disponível em: www.mst.org.br. Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado).

TEXTO II
O pequeno proprietário rural é igual a um pequeno proprietário de loja: quanto menor o negócio
mais difícil de manter, pois tem de ser produtivo e os encargos são difíceis de arcar. Sou a favor
de propriedades produtivas e sustentáveis e que gerem empregos. Apoiar uma empresa produtiva
que gere emprego é muito mais barato e gera muito mais do que apoiar a reforma agrária. LESSA,
C.
Disponível em: www.observadorpolitico.org.br. Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado).

Nos fragmentos dos textos, os posicionamentos em relação à reforma agrária se opõem.


Isso acontece porque os autores associam a reforma agrária, respectivamente, à:
A) Redução do inchaço urbano e à crítica ao minifúndio camponês.
B) Ampliação da renda nacional e à prioridade ao mercado externo.
C) Contenção da mecanização agrícola e ao combate ao êxodo rural.
D) Privatização de empresas estatais e ao estímulo ao crescimento econômico.
E) Correção de distorções históricas e ao prejuízo ao agronegócio.

http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2013/caderno_enem2013_sab_amarelo.pdf.>15/0
3/2016, acesso em 14/02/2017.
PARA RESOLVER A QUESTÃO:

a) Leia o texto I.
b) Retome os registros realizados na apresentação do grupo sobre a navegação no site do MST.
c) Responda: Qual é reivindicação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra? Como atuam?
Quais são os argumentos?
d) Leia o texto 2:
e) O que defende C. Lessa?
f) Quais são os seus argumentos?

g) Selecionem uma alternativa e justifique.

RESPONDA:
Em que a alternativa selecionada está de acordo com os argumentos dos textos do MST e de C.
Lessa? Justifique a sua resposta com dados do texto e dos estudos realizados nessa atividade.

Caderno do Estudante – Ciências Humanas – 3º ano /4º bimestre 22

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