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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
MEMÓRIAS E MUDANÇAS
CAMPINAS
2006
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
MEMÓRIAS E MUDANÇAS
CAMPINAS
2006
© by Elvira Luchini Gouvêa de Souza, 2006.
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Ficha catalográfica elaborada pela biblioteca
da Faculdade de Educação/UNICAMP
06-619
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ÍNDICE
APRESENTAÇÃO......................................................................................... 01
CAPITULO-1 MINHA VIDA ESCOLAR. ................................................... 02
CAPITULO-2 MINHA PRÁTICA COMO DOCENTE............................... 07
CAPITULO-3 A NOVA VISÃO COM O PROESF. .................................... 11
CAPITULO-3.1 APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA. ............................. 13
CAPITULO-3.2VALIAÇÃO. ........................................................................ 16
CONSIDERAÇÕES FINAIS. ........................................................................ 19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. .......................................................... 20
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Com todo amor e carinho
dedico este memorial ao meu
filho Caio.
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Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho...
(Saint Exupéry)
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AGRADECIMENTOS
de Pedagogia;
As amigas Dulcy Helena, Ana Cristina e Eliana por me ajudarem nessa minha
caminhada.
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APRESENTAÇÃO
Os temas que pretendo abordar são aqueles que mais contribuíram para reflexões
e mudanças no meu cotidiano na sala de aula. Aprendizagem Significativa e Avaliação.
Acredito que estes dois temas sempre me causaram inquietude, devido ao tipo de
aprendizagem que tive acesso no ensino fundamental e médio, onde o professor era o
dono do saber e seu ensino algo pronto e acabado, não dando oportunidades aos alunos
de se expressarem, e onde suas avaliações através de prova ou testes tinham como
finalidade a classificação.
Foi por esse motivo que fui em busca de novos conhecimentos, e pretendo aqui
estar relatando um pouco dessa vivência e as contribuições que o PROESF teve junto a
essa minha busca.
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Capitulo 1-Minha vida escolar
Nidelcoff, 1978
Minha vida escolar iniciou-se aos 7 anos de idade, lembro muito bem do meu
primeiro dia na escola, várias crianças correndo pelo pátio, alegres, outras como eu, só
observando. O cheiro de uniformes novos, bolsas novas, tudo era mágico! Deu o sinal e
fomos todos para fila. Lá estava ela, dona Mariazinha, a figura mais encantadora que já
tinha visto na vida, minha professora, minha primeira professora. Entramos na sala de
aula e eu não conseguia tirar os olhos dela, pensava que aquela pessoa que ali estava era
a dona de todo o saber do mundo. Quando ela me olhava meus olhos brilhavam e a
vontade que tinha era de abraçá-la e dizer o quanto a admirava. HILAL (1985, p.19) cita
que:
Outro momento que me foi muito especial foi quando recebi minha cartilha
“Caminho Suave” novinha, cheia de figura e letras. Dona Mariazinha disse que aquela
cartilha que nos ensinaria a ler e escrever e que tínhamos que cuidar dela com carinho.
Todo o dia lia a cartilha com suas famílias silábicas e a lição de casa era ler
“decorar” as palavras que ficavam na página ao lado do texto. Chegava em casa e minha
mãe me ajudava a decorar aquelas palavras e meu maior orgulho era quando dona
Mariazinha me pedia para ler e no final me dava os parabéns.
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O método utilizado pela minha professora da 1ª série retratava os fundamentos
de um modelo tradicional de educação, onde o papel do professor é dominante, um
transmissor de conhecimentos e informações e também onde a aprendizagem se dá
através da memorização de modelos fornecidos.
Realmente a aprendizagem não era significativa, parecia tudo muito mecânico. Não me
lembro de nenhuma vez a, minha professora perguntar-me sobre algo que estava
ensinando ou pedir que expressasse minha opinião. Ao contrário, todas as vezes que
algum aluno erguia a mão para dizer algo ou dar algum exemplo que estivesse
relacionado com o que estava sendo ensinado, a professora dizia: “Agora não é hora
para conversa, eu estou explicando, peço que façam silêncio ou atrapalharão a minha
aula”.
Apesar de suas aulas sempre iguais, Dona Mariazinha era muito boazinha, nos
tratava com muito carinho, seu tom de voz era calmo e suave.
Não acredito que ela não se preocupava em nos ensinar de maneira diferente,
mas talvez esse fosse o único método que os professores conhecessem.
Na segunda série minha professora era Dona Áurea, uma pessoa muito nervosa
da qual não trago nenhuma recordação boa. Gritava muito, exigia que sempre
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estivéssemos em silêncio e deixava bem claro a sua preferência por alunos que
possuíam um poder aquisitivo maior.
O seu método de ensino era igual ao de Dona Mariazinha, porém não havia
aquele carinho que se faz tão necessário nos nossos primeiros anos escolares. A
afetividade entre professor e aluno era vista como ato secundário, o importante era
transmitir o conhecimento. (SAVIANI, 1991, p.18), referindo-se á essa relação
professor-aluno na escola tradicional, mostra-nos que o professor: “Transmite, segundo
uma gradação lógica, o acervo cultural aos alunos. A estes cabe assimilar os
conhecimentos que lhes são transmitidos”.
Na terceira série estudei com Dona Natalina, ela assumiu a sala em março, pois a
professora da sala, Dona Ane, se aposentou. Dona Natalina era nova na profissão, mas
era muito competente, seguia o mesmo método da outras professoras, porém usando um
pouco do cognitivo (conteúdo total de idéias de um indivíduo e sua organização). Pedia
que escrevêssemos sobre nossas vidas e fizéssemos associação sobre o que estava sendo
dado. Ao lembrar-me hoje de suas aulas, acredito que às vezes ficava um pouco
insegura, mas não mudava sua postura, fazia trabalhos diversificados, nos dava bastante
atenção, perguntava nossas opiniões, era realmente uma pessoa fascinante.
Tive a felicidade de trabalhar com ela mais tarde como professora, e sempre que tinha
uma oportunidade lhe falava o quanto ela fora importante na minha vida. Até hoje
quando vou visitar minha mãe na cidade onde morava e a encontro fico muito feliz.
A professora da quarta série não gosto nem de lembrar, Dona Dulce, separava a
classe entre “fortes e “fracos”. Os fortes sentavam na frente e os fracos atrás. Naquela
época comecei a ir muito mal as aulas, copiava tudo errado da lousa e todos os dias ela
me humilhava, enchia meu caderno de vermelho, falava que eu não sabia nem copiar,
pedia para uma aluna da frente sentar em meu lugar e falar se enxergava daquele lugar
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ou não. As respostas eram sempre as mesmas: ”enxergo muito bem professora”. Isso
servia para que ela me humilhasse ainda mais. No meio do ano, teve um teste de visão
na escola e foi constatado que eu necessitava de óculos. Lembro até hoje quando entrei
na sala de óculos, ela me olhou deu um sorrisinho e disse: _ “Queridinha seu problema
era de visão, né”? Tive vontade de pular no pescoço dela, mas me controlei, dei-lhe
também um sorrisinho e respondi: _ “Pois é, vai ver não sou tão ruim assim”.
Em 1987 ingressei no Magistério, não por vontade própria, mas por sugestão de
minha mãe, que era secretária de escola e achava que ser professora era a melhor
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profissão que uma mulher poderia exercer. Minha vontade era fazer contabilidade, pois
sempre gostei de matemática, mas para agradar minha mãe e por achar que conseguiria
um emprego nessa área mais facilmente acabei por optar pelo magistério.
Após três anos de estudo, ainda não me agradava à idéia de lecionar, porém com
o diploma nas mãos e sem outra opção, pois a cidade em que eu morava era muito
pequena e a oferta de emprego menor ainda, comecei a lecionar como substituta
eventual.
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Capitulo 2-Minha prática como docente
Einstein
Minha primeira experiência como professora não foi nada agradável, fui dar aula
em uma fazenda e ao chegar em frente a sala de aula me deparei com uma vaca bem na
porta. Eu e os alunos pulamos a janela, pois a bendita na arredava o pé. No final da aula
me entra pela janela um urubu, que ficou sobrevoando a sala até o final da aula. Quase
morri do coração, voltei chorando para casa e falei a minha mãe que nunca mais iria dar
aula na minha vida.
Bem, não foi assim que aconteceu, dali alguns dias lá estava eu trabalhando.
Logo consegui uma vaga de estagiária por dois anos e comecei a pegar amor pela minha
profissão. Ao término do estágio passei em um concurso da prefeitura e comecei a
lecionar na Educação Infantil e concomitantemente como substituta no Estado.
Durante oito anos trabalhei na Educação Infantil, mas nunca me efetivei, fiz três
concursos e passei em todos, porém minha classificação nunca era suficiente para me
efetivar, pois eu não tinha QI ( quem indique), coisas de cidade pequena onde só passa
no concurso e tem uma boa classificação quem tem amigos que são ligados a
política.Isso me revoltava muito, mas tinha que trabalhar e acabava aceitando assumir a
sala de algum coordenador, desde que mantivesse meu emprego e pudesse estar junto
das crianças, que a essa altura já faziam parte da minha vida, proporcionando-me uma
enorme satisfação em fazer parte do aprendizado delas.
No Estado trabalhava como substituta eventual, cada dia em uma sala e às vezes
pegava a licença de alguma professora por alguns meses. Era muito ruim, quando estava
conhecendo bem os alunos e suas dificuldades a professora voltava e lá ia eu de novo
assumir outra sala.
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Em 1998, me casei e vim para Americana e já no começo do ano peguei aula na
Delegacia de Ensino pelo Estado. Fiquei lecionando como substituta eventual por mais
dois anos, até que assumi uma sala na Prefeitura de Santa Bárbara D’ Oeste de um
concurso que eu havia realizado em 1999.
Pegava um livro didático qualquer da série que estava trabalhando, dava cópias,
exercício dos livros e no final do bimestre aplicava provas para verificar se os alunos
tinham assimilado os conteúdos dados.
Quando os alunos iam mal às provas, preferia acreditar que era por não terem
estudado o bastante, mas no fundo sabia que o erro estava no método de ensino que eu
estava utilizando.
Esse fato sempre me causou uma grande angústia, até que um dia ouvi na minha
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escola uma diretora dizendo “temos que formar alunos críticos”.
Essa foi à deixa que faltava para que eu questionasse os conteúdos “prontos” e
“acabados” que nos eram impostos.
Muitas vezes não sabia como fazê-lo, pois na época eu era substituta eventual e
os cursos de capacitação eram oferecidos para professores efetivos, que depois
passariam para nós o que aprenderam, o que também não acontecia.
Lembro bem das falas dos meus colegas: “Ah! É o tal de construtivismo, não
deu para entender muito bem, acho que o aluno tem que construir sua aprendizagem”.
Decidi então mudar por conta própria, seguia o currículo escolar, mas como
estes conteúdos eram passados eu mesma tratei de torná-los mais interessantes.
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CAPITULO 3-A NOVA VISÃO COM O PROESF
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Lembro-me de uma professora da primeira série na época que eu era estagiária,
o caderno que ela utilizava já estava com as folhas amareladas, porém ela nunca aceitou
trabalhar de outra maneira a não ser aquela que dizia acreditar que era a certa. Quando a
diretora a questionava, dizia que sempre ensinou daquele jeito e deu certo, não via razão
para mudar.
Todas as matérias o PROESF foram de grande ajuda para que eu pudesse estar
mudando meu olhar diante do meu cotidiano em sala de aula, porém aqui pretendo
discorrer sobre duas que serviram de abertura para uma nova visão e uma reflexão mais
profunda da minha prática.
Como já deixei claro nos relatos anteriores, uma das minhas maiores
preocupações como educadora era meus alunos aprendessem significativamente fazendo
uma ponte entre o que ele já sabiam e o que precisavam saber. Para Leite e Tassoni,
“planejar o ensino a partir do que o aluno já sabe sobre o objeto em questão, aumenta as
possibilidades de se desenvolver uma aprendizagem significativa, marcada pelo sucesso
do aluno em apropriar-se daquele conhecimento” (2002, p.133).
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Atualmente para que uma aprendizagem ocorra, ela deve ser significativa, o que
exige que seja vista como a compreensão de significados, relacionando-se às
experiências anteriores e vivências pessoais dos alunos, permitindo a formulação de
problemas de algum modo desafiantes que incentivem o aprender mais, o
estabelecimento de diferentes tipos de relações entre fatos, objetos, acontecimentos,
noções e conceitos, desencadeando modificações de comportamentos e contribuindo
para a utilização do que é aprendido em diferentes situações.
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aula, como se esta fosse um laboratório vivo, um espaço de relações, questionamentos,
descobertas, construções e experiências individuais e coletivas. E pode vivenciar o
contexto, logo quando inicia a sua ação docente, utilizando atividades que facilitem um
situar-se diante da bagagem cultural, das experiências do aluno e dos acontecimentos,
dos fatos históricos e sociais da humanidade que afetam o processo ensino-
aprendizagem.
Com esse novo olhar mudei minha prática em sala de aula e hoje colho o fruto
dessas mudanças, vendo meus alunos mais participativos, minhas aulas mais
interessantes e os elogios de minha coordenadora e pais quanto ao interesse de seus
filhos pelos estudos.
CAPITULO 3.2-AVALIAÇÃO
“Conceber e nomear o fazer testes, o dar notas, por avaliação é
Jussara Hoffmam
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Quanto a Avaliação não acreditava que uma prova com perguntas decoradas
viesse acrescentar muito na aprendizagem de meus alunos, existe todo um
desenvolvimento durante o ano e este deveria ser levado em conta, como diagnóstico
dos avanços e dificuldades.
Porém sempre existiram aquelas inseguranças, “o que mostrar aos pais no dia da
reunião?”, “O que colocar nas papeletas?” e acabava por reduzir minhas avaliações a
medidas classificatórias.
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construção do currículo e se encontra intimamente relacionada à gestão da
aprendizagem dos alunos. Na avaliação da aprendizagem, o professor não deve permitir
que os resultados das provas periódicas, geralmente de caráter classificatório, sejam
supervalorizados em detrimento de suas observações diárias, de caráter diagnóstico. O
professor, que trabalha numa dinâmica interativa, tem noção, ao longo de todo o ano, da
participação e produtividade de cada aluno. É preciso deixar claro que a prova é
somente uma formalidade do sistema escolar. Como, em geral, a avaliação formal é
datada e obrigatória, devem-se ter inúmeros cuidados em sua elaboração e aplicação.
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acompanhamento das dificuldades de aprendizagem em determinados conteúdos, tenho
visto ser possível produzir critérios de avaliação muito mais justos.
A anotação com reflexão do que são abordados em sala, bem como sua
descrição, os momentos importantes, o que foi eficaz, adequado e o que não foi; colocar
o porquê usando a intuição e o sentimento é recurso precioso para a elaboração das
próximas estratégias da aula. O educador deve refletir diariamente em seu dia-a-dia para
que a educação e a construção do conhecimento sejam eficazes. Pensar naquilo que foi e
não foi eficaz e o que poderia ter sido feito em uma dada situação.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Referências Bibliográficas
AUSUBEL, D. P.Educational Psychology, a cognitive view. NY: Holt, Rinehart
&Winston, 1968
AUSUBEL, David P., Novak, Joseph, D. & Hanesian, Helen (1978). Educational
psychology: a cognitive view. 2a ed. New York: Holt, Rinehart and Winston. 733p.
1988. Mimeografado
1993.
Cortez, 2001.
Cortez, 2001.
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PERON, Sarah C. As condições institucionais para a organização do trabalho
2001.
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre, Artes
Médicas, 2000.
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