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CENTRO PAULA SOUZA

ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA


TÉCNICO – ADMINISTRAÇÃO

ANDRÉ LUIZ SIMÕES DE CARVALHO


BRUNA SILVA PAZ FORTUNATO
ESTELA RODRIGUES SILVA
RENATA DIAS DE ARAÚJO ALVES
SABRINA DOMINGOS NUNES
VICTÓRIA AMBRÓSIO SANTANA
VITORIA CERQUEIRA DO NASCIMENTO

MARKETING EDUCACIONAL: A HUMANIZAÇÃO DO PROCESSO DE


ENSINO COMO FATOR INFLUENCIADOR DA APRENDIZAGEM DO ALUNO

Diadema –SP

2022
ANDRÉ LUIZ SIMÕES DE CARVALHO
BRUNA SILVA PAZ FORTUNATO
ESTELA RODRIGUES SILVA
RENATA DIAS DE ARAÚJO ALVES
SABRINA DOMINGOS NUNES
VICTÓRIA AMBRÓSIO SANTANA
VITORIA CERQUEIRA DO NASCIMENTO

MARKETING EDUCACIONAL: A HUMANIZAÇÃO DO PROCESSO DE


ENSINO COMO FATOR INFLUENCIADOR DA APRENDIZAGEM DO ALUNO

Trabalho apresentado à Escola Técnica


Estadual Juscelino Kubitschek de
Oliveira, como requisito final à conclusão
do curso de Técnico de Administração.

Orientador:
Prof. Rodolfo Angelo Gerstenberger

Diadema- SP
2022
ANDRÉ LUIZ SIMÕES DE CARVALHO
BRUNA SILVA PAZ FORTUNATO
ESTELA RODRIGUES SILVA
RENATA DIAS DE ARAÚJO ALVES
SABRINA DOMINGOS NUNES
VICTÓRIA AMBRÓSIO SANTANA
VITORIA CERQUEIRA DO NASCIMENTO

MARKETING EDUCACIONAL: A HUMANIZAÇÃO DO PROCESSO DE


ENSINO COMO FATOR INFLUENCIADOR DA APRENDIZAGEM DO ALUNO

Trabalho de Conclusão de Curso – Escola Técnica Estadual Juscelino


Kubitschek

Diadema- SP
2022
AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus pelo dom da vida, por nos ter dado
saúde e sabedoria para realizarmos esta pesquisa.
O desenvolvimento deste trabalho de conclusão de curso contou com o
auxílio de diversas pessoas, dentre as quais agradecemos:
Ao nosso professor orientador Rodolfo Angelo Gerstenberger, que
durante os dois últimos módulos do curso nos acompanhou pontualmente,
dando todo o auxílio necessário para a realização do projeto.
A todos que participaram das pesquisas de campo, pela colaboração e
disposição no processo de obtenção de dados.
Aos nossos familiares, que nos incentivaram a cada momento e não
permitiram que nós desistíssemos.
Aos nossos amigos, pela compreensão das ausências e pelo
afastamento temporário.
“My days end best when this sunset gets itself
behind.”

Arctic Monkeys
Sumário
RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo apresentar a importância da


relação professor e aluno no contexto educacional e social do discente, bem
como, promover uma análise dos fatores socioemocionais no ambiente escolar,
além de defender a humanização no processo de aprendizagem, que muitas
vezes, é desconhecido pelos próprios profissionais da área. Entender que
estimular a motivação e curiosidade do aluno é um fator influenciador para o
sucesso escolar do educando, e a ausência dela pode resultar em uma queda
significativa no aprendizado, é essencial para que o processo de ensino seja
efetivo.
A partir das informações obtidas, foram realizadas duas pesquisas, onde
o primeiro se trata de uma pesquisa qualitativa destinada à professores e o
segundo quantitativa voltada para frequentadores de alguma instituição de
ensino.

PALAVRAS CHAVE: APRENDIZAGEM – PROFESSOR – ENSINO


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1. INTRODUÇÃO
No que diz respeito a educação, de acordo com Ramos apud. Brandão
(2011), o termo possui definição ampla considerando seus processos
educacionais e de formação, sendo esses exercidos em diversos espaços além
da escola, não necessitando de um modelo de ensino formal e centralizado.
Portanto, conforme Ecco e Nogaro (2013), nós como humanos, tendemos à
educação, pois pertence à nossa natureza o sentimento de potencialização da
espécie, uma vez que não nascemos formados. Então, o educar traz as
condições e processos para nossa evolução como projeto de “vir-a-ser”
humano.

Assim, entendemos que esse processo virá através da pedagogia, que


segundo Libâneo (2001) visa o estudo da Educação, não só em seus
processos, mas "no conjunto das tarefas educativas exigidas pela vida em
sociedade" (Ibid, 2001, p.
16).

Alguns teóricos, como Paulo Freire, defendem a necessidade de uma vivência


humanizada entre professor e aluno. A humanização em sala de aula presume
que os alunos têm diferentes ritmos de aprendizado. Nesse sentido, é muito
importante que os professores diversifiquem seus métodos de ensino para
conseguirem idealizar os conhecimentos com todos. Esta pode ser considerada
uma etapa crucial no processo da formação de um cidadão.

HARELI & WEINER (2002) apud BZUNECK e SUESON SALES (2011, p. 308)
apontam que o modo como os alunos são julgados interfere diretamente em
suas emoções e afirmam que se na percepção do professor a causa de um
mau desempenho pudesse ter sido evitada pelo aluno, o professor, com base
nesta hipótese, sentiria raiva do aluno. Esta emoção, por sua vez, acarretaria
reações comportamentais do professor, que incluem repreender, deixar de
atender e até punir. Por consequência, haverá uma reação do aluno, gerando
nele respostas emocionais. Quando um professor atribuir o sucesso de um
aluno a seu esforço, provocará nele provável sentimento de orgulho. Mas se
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atribuir ao fracasso, a falta de capacidade, a emoção será de vergonha e


humilhação.

Após essas evidências, é notório como a relação aluno-professor é de grande


importância no contexto educacional e social do aluno. Desse modo, faz-se
necessário que as relações sejam positivas para que haja um bom rendimento
no dia a dia escolar.

Ao refletir sobre a humanização no processo de aprendizagem, percebemos o


quanto essa temática passa despercebida ou até mesmo acaba sendo
ignorada por alguns professores. Partindo disto, temos a seguinte questão:
Como a sociabilização dentro do processo de ensino pode ser um fator
influenciador na aprendizagem do aluno?

1.1. Questão Problema


Como a sociabilização dentro do processo de ensino pode ser um fator
influenciador na aprendizagem do aluno?

1.2. Objetivos
Através da observação e estudo das relações interpessoais entre o corpo
docente e discente, temos como objetivos os seguintes tópicos:

- Analisar os fatores socioemocionais no ambiente escolar.


- Analisar a importância da relação professor – aluno.
- Influenciar na reflexão sobre os impactos na aprendizagem.

1.3. Justificativa
Após quase 2 anos reclusos, os alunos retornam às escolas com uma piora
histórica no índice do Saresp desde 2010. De acordo com Lacerda & Junior
apud. Garrison (2021), indica a presença do professor como fator crucial para o
engajamento e conectividade dos alunos. Já para Xiao e Li (2020), “há um
crescente impacto psicológico negativo nos alunos (...). Principalmente na falta
de proximidade com os colegas ao carecerem de incentivos para a interação
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física e a participação no ambiente virtual”. Através disso, houve a idealização


de um trabalho que, que visa analisar a importância da relação professor-aluno
e seus impactos socioemocionais e no aprendizado.

1.4. METODOLOGIA
A pesquisa a ser realizada neste trabalho de conclusão de curso, tem
como finalidade identificar a importância da humanização no processo de
aprendizagem do aluno, de forma exploratória, como pode ser definido por
Cervo; Bervian; da Silva (2007) A pesquisa exploratória realiza descrições
precisas da situação e quer descobrir as relações existentes entre seus
elementos componentes. Segundo Gil (2019), esse tipo de pesquisa tem como
propósito proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-
lo mais explícito ou a construir hipóteses.
Já à metodologia do trabalho, optamos pela utilização do método
hipotético-dedutivo que de acordo com Marconi e Lakatos (2017), é um modo
de investigação de pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação de
questões ou de um problema, com tripla finalidade: descrever hipóteses;
aumentar a familiaridade do pesquisador com o ambiente, fato ou fenômeno; e
clarear conceitos.
As ferramentas que serão utilizadas são dois questionários que seguem
o tipo estruturado, um com doze questões objetivas e uma aberta direcionadas
aos alunos como um todo, visando identificar a percepção que eles têm sobre
o método de ensino aplicado pelos professores, já em um segundo momento
teremos também um formulário com sete questões dissertativas e duas
objetivas direcionadas para os profissionais da educação, com o objetivo de
identificar sua metodologia em sala de aula e proximidade com os alunos.
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2.1. PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Neste capítulo iremos apresentar alguns dos conceitos necessários para o


entendimento do tema trabalhado em si, tratando sobre assuntos como ensino,
aprendizagem e a maneira como os fatores socioeconômicos e emocionais
afetam para com a metodologia e influência o trabalho docente. Daremos
ênfase, principalmente, através da intervenção pedagógica no processo de
aprendizagem e sua influência nos processos de ensino e aprendizado do
aluno. Além de como estes estão ligados ao desenvolvimento pessoal do corpo
docente e discente, e nas relações entre ambos.

Segundo NETO (2012), apud Kohl (1992), o aluno não nasce com o conteúdo
em sua mente, o conteúdo deve ser transmitido pelo professor, e a socialização
e troca de ideias e afeto é fundamental para que o conteúdo se fixe de forma
que o indivíduo elabore com suas palavras o que foi aprendido. A afetividade
no ambiente escolar auxilia no processo ensino-aprendizagem, uma vez que o
professor não transmite somente conhecimento, mas também entende seus
alunos e ainda se firma em uma relação de troca, onde deve ser traspassado
afeto. Não é preciso somente ensinar o conteúdo escolar, mas ensinar a ter a
empatia com o próximo, e isso só se tem por meio de afetividade. A afetividade
é indispensável no relacionamento do sujeito com o ambiente, e as relações
humanas ainda que complicadas são elementos fundamentais de um indivíduo.
O aprender se torna mais interessante quando o aluno se sente competente
para participar de forma ativa nas aulas.
Para compreender de que forma a afetividade ajuda no processo de ensino-
aprendizagem, busca-se uma especialização mais específica e teorizada, e
quando se fala em afetividade para ensino é preciso considerar os aspectos do
ambiente escolar, observando o intelecto de todos.

A aprendizagem sempre inclui relações entre as pessoas.  A relação


do indivíduo com o mundo está sempre medida  pelo  outro.  Não há
como aprender e aprender o mundo se não  tivermos  o  outro, 
aquele  que  nos  fornece  os  significados que  permitem  pensar  no 
mundo  a  nossa  vida.  Veja bem, Vygotsky  defende  a  ideia de 
que  não  há  um  desenvolvimento  pronto  e previsão  dentro  de 
nós  que  vai  se atualizando conforme o tempo passa ou recebemos
influência externa (BOCK, 1999, p 124). 
 
Assim, não basta apenas pensar, identificar ou investigar como trabalhar o
afeto nas escolas, pois ensinar é um esforço para ajudar o indivíduo, e isso não
depende somente de um único sujeito, mas da sociedade no total. 
É importante enfatizar que o sujeito precisa ser reconhecido, pois mostra
interesse da parte do professor, assim fazendo o aluno ter afeto pelo mesmo e
se sentir importante. Os professores têm um papel valioso no desenvolvimento
afetivo e social na vida do aluno, pois passam pelo processo de aprendizagem
com eles por toda a sua escolarização.
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A vontade de aprender não é uma ação espontânea nos alunos, para que isso
ocorra é preciso que o professor desperte a curiosidade deles, conduzindo
suas ações no desenvolver das atividades em aula. FREIRE, destaca que as
qualidades do professor envolvem os alunos afetivamente, afirma que: ‘’ o bom
professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do
movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma
cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem, cansam porque
acompanham suas idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas
pausas, suas dúvidas, suas incertezas’’ (1996, p. 96). 

É necessário que os professores entendam seu papel na sociedade, para que


eles possam influenciar e auxiliar seus alunos a obterem uma postura crítica,
pois uma pessoa sem ideologia e inconsciente só pode ajudar a criar um
cidadão preguiçoso, absorto as circunstâncias ao seu redor. GALVÃO afirma:
“se a criança está ao sabor de suas emoções, ela não tem condições
neurológicas de controlá-las” (1999, p. 3-9). Assim, destacamos o valioso papel
do professor na compreensão de maturidade do aluno para que considere
certas atitudes dentro da sala de aula como indisciplina, atrevimento ou
hipocrisia. Os professores devem ter consciência da importância da afetividade,
não somente no processo de ensino-aprendizagem, mas também, no
desenvolvimento emocional do aluno.

Cada fase da afetividade, quer dizer os sentimentos e as emoções infere o


desenvolvimento de certas capacidades. Portanto, quanto mais habilidades se
consegue na racionalidade, maior é o crescimento da afetividade. Então, o
aprendizado ocorre, primeiramente, no ambiente familiar e depois, no social
e na escola. Sendo assim, sabemos que o sentido da aprendizagem é
particular na vida de cada sujeito e que vários são os afetivos. Assim, o afeto
explica a velocidade ou a demora na formação das estruturas: velocidade
no caso de interesse e necessidade do aluno, demora quando a
situação afetiva é impedimento para o desenvolvimento intelectual do
indivíduo.

2.1.1 - CONCEITO DE ENSINO.


De acordo com Passmore apud Scheffler (1980), o ensino pode ser
definido como uma atividade que promove a aprendizagem, de modo a
respeitar a integridade e capacidade intelectual do aluno. Passmore ainda
complementa com o seguinte posicionamento: ensino e aprendizagem são
conceitos independentes. Sendo assim, é possível ensinar sem aprender ou
aprender sem ser ensinado. Isso porque, como explica Zeichner (2008 p. 542),
"Não se discute o contexto do trabalho docente", isto é, condições sociais de
ensino são negligenciadas para com a metodologia, mesmo influenciando o
trabalho docente em sala de aula mais assiduamente.
Esta é uma opinião compartilhada por grande parte dos estudiosos
sobre o assunto, com destaque para Scheffler, mas que está passível de
objeção, já que, por exemplo, para o sociólogo Paul Komisar (1968), há uma
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relação dialética entre ambos ensino e aprendizagem, onde, portanto, vê-se a


necessidade de um para a existência do outro. Entendido por Hist apud.
Komisar (2001), as atividades específicas de ensino compreendem aquelas
que em contexto, têm o intuito de ensinar, e, portanto, buscam a aprendizagem.
Onde, explica:

[...] Por que razão, exactamente, é que abrir uma janela ou afiar um
lápis não é ensinar? (...) Estamos perante actividades de ensino em
sentido específico e, no entanto, nenhuma delas é imediatamente
reconhecível como identificando o termo ensino. (..) E isto porque
muitas, se não todas as actividades específicas que acontecem no
ensino, também acontecem quando a pessoa não está a ensinar
(2001 p 67-68).

2.1.2 – PROCESSO DE APRENDIZAGEM.


Segundo o educador e psicólogo suíço Jean Piaget (1896 - 1980) a
aprendizagem, de forma semelhante ao desenvolvimento da inteligência, é um
processo contínuo que inclui maturidade, experiências, convívio social e
desenvolvimento do equilíbrio. A parte central de sua teoria é de que o
conhecimento não é uma imitação da realidade, e sim o resultado de uma
interrelação da pessoa com seu entorno.

Tradicionalmente, a aprendizagem está associada ao ato de participarmos de


algum processo que visa o ensino, como por exemplo, frequentar as aulas da
escola regular. Mas nem sempre isto significa de fato o aprendizado. Também
é preciso levar em conta que ele pode ocorrer e ocorre a qualquer momento e
praticamente em tudo que fazemos. Piaget descobriu que a base que sustenta
nossa lógica se inicia antes mesmo da aquisição da linguagem,
estabelecendose através da atividade sensorial e motora em interação com o
meio, especialmente com o meio sociocultural.

Podemos então afirmar que a aprendizagem, como de acordo com Pfron Netto
(1987), trata-se de um processo interno. Ela está ligada ao desenvolvimento
pessoal que engloba os valores e experiências que adquirimos ao longo da
vida e agrupa fatores cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e
culturais.

Weiten (2006) diz que grande parte de nossos hábitos são resultado de
aprendizagem. Através dela, competências, comportamentos, habilidades,
conhecimentos e preceitos podem ser obtidos ou modificados através do
estudo e do ensino.

Portanto, a melhor definição parece ser aquela que aponta para um processo
contínuo e ininterrupto em que descobrimos novas coisas e nos moldamos a
elas ou mudamos nossa maneira de agir em função deste novo conhecimento.
11

A teoria de Vygotsky (2001) considera que o desenvolvimento cognitivo


acontece por meio da interação social. Ainda acreditando que a conversação
entre os indivíduos possibilita a geração de novas experiências e aprendizado.
A formação se dá numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade a seu
redor - ou seja, o homem modifica o ambiente e o ambiente modifica o homem.

A relação da escola e do professor com o aluno, pode exercer um papel


fundamental na motivação escolar, selecionando experiências úteis para que
as
crianças construam conteúdos significativos, além de possibilitar condições
para o desenvolvimento.

Para Gomes (2006, p.233), uma prática pedagógica precisa ter dinâmica
própria, que dê espaço para o exercício do pensamento reflexivo, conduza a
uma visão política de cidadania e que seja capaz de integrar a arte, a cultura,
os valores e a interação, trazendo, assim, a recuperação da autonomia dos
sujeitos e de sua ocupação no mundo, de forma significativa. Os professores
precisam induzir seus alunos à reflexão. As discussões, as perguntas, as ideias
contrárias, inclusive, fazem parte do processo de aprendizado.

A motivação do aluno para os estudos é um fator imprescindível para o êxito


escolar e consequentemente também no processo de aprendizagem. É
possível definir motivação como uma força interior que estimula, alavanca,
mobiliza a pessoa de modo que determinada ação, seja realizada com
entusiasmo. A ausência dela pode representar uma queda significativa na
qualidade do resultado.

Um educando motivado a estudar está mais apto a se empenhar em atividades


que acredita que o ajudarão a aprender, como acompanhar minuciosamente a
instrução, organizar mentalmente e ensaiar o material a ser aprendido.

Dessa forma, para que o processo de ensino seja realizado de maneira efetiva,
é preciso que exista algum tipo de planejamento no sentido de direcionar o
indivíduo ao aprendizado. Mesmo que ele esteja implícito em muitas ocasiões
é mais habitual quando ele é planejado, provocado e conduzido a um
determinado objetivo.
[...] Toda motivação deve ser relacionada com objetivos, um bom
professor possui metas de ensino o que tornará o aluno motivado
para aprender. Diante desta ideia o professor influenciará o aluno no
desenvolvimento da motivação da aprendizagem, e quanto mais
consciente for o professor em relação a esse aspecto melhor será a
aprendizagem do aluno (MACHADO, 2012 p. 189).
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Na Filosofia, se estuda os “tipos de conhecimento”. E dentre estes, o ‘senso


comum’, que é uma forma de conhecimento vago, ingênuo, assuntos pouco
profundos, adquiridos ocasionalmente no cotidiano, sem uma procura séria e
reflexiva por parte das pessoas. É imprescindível que o sujeito consiga
atravessar esta fase superficial do conhecimento. Faz-se necessário avançar,
ultrapassar, romper com esta fase. É claro, todos passam em algum momento
de suas vidas por esta forma de saber. Entretanto, cabe a cada um avançar,
justamente, para não ficar preso neste formato ingênuo do conhecer. Mas
chegar ao Senso Crítico, ou seja, um conhecimento racional embasado no
raciocínio lógico, sistematizado, elaborado por uma reflexão profunda e aberta.
É aqui que Sócrates, famoso filósofo grego, tem um papel muito importante
para a docência, pois apresenta diretrizes capazes de alicerçar, fundamentar
e balancear o saber do docente. 

Segundo DOS SANTOS (2014), citando Sócrates, todo educador, no mais


íntimo do seu ser, sabe que precisa sempre buscar conhecimento a fim de
conseguir aplicar seus fundamentos na sala de aula. O problema é que nem
todos colocam isto em prática e se limitam apenas a “aulinha básica” e
superficial do dia-a-dia. Sócrates via muitos perigos eminentes que poderiam
prejudicar a qualidade de ensino. Dentre eles, estava a soberba, o orgulho, a
presunção do saber. Muitos professores pensam possuir todo o saber existente
no mundo. “Uma das condições necessárias a pensar certo é não estarmos
demasiado certos de nossas certezas” (FREIRE, PEDAGOGIA DA
AUTONOMIA, 1996, pag. 29). 

Primeiramente, aquele que se denomina professor deve possuir o talento para


criar situações inusitadas. Mas como, assim? Sócrates praticava uma técnica
chamada “maiêutica”, ou melhor, “parto das ideias”. Para torná-lo um método
de ensino, com certeza, muitas vezes abriu mão do lazer a fim de estudar,
observar, ver, rever, analisar, comparar, experimentar. Jamais alguém se torna
mestre sem ter esta labuta interior. Ele não se contenta com o trivial, com a
mesmice, com o superficial. O mestre não desiste facilmente. Ele tem um
compromisso com o ensino. Portanto, para desenvolver a arte do ensinar é
obrigatório o aprender. Nunca haverá tal mestre se não tiver no interior de sua
alma um desejo ardente de aprender. Aqui está a beleza da docência – um
eterno encontro e reencontro com o aprender e o reaprender. Sócrates tinha
isto de sobra. Pois quando ele formata sua metodologia de ensino – o método
maiêutico-, fica evidente que não foi do dia para a noite que tal método foi
criado, mas, após muita insistência, erros, acertos, comprometimento com o
ensino-aprendizagem. 

Segundo Comenius, a educação é semelhante a condição do homem e de uma


árvore. Uma árvore de fruto para dar frutos bons e doces tem necessariamente
que ser plantada, regada e podada por um agricultor perito, assim também
como o homem, que não cresce animal racional e sábio, se primeiramente nele
não se plantam os gérmens da sabedoria e da honestidade. Agora importa
demonstrar que esta plantação deve ser feita enquanto as plantas são novas
(COMENIUS,1657). De acordo com o educador: ‘’forma-se a inteligência para a
compreensão das coisas’’ (COMENIUS, DIDACTICA MAGNA, 1657, pag.
127). 
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2.1.3 - INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA


O processo de ensino/aprendizagem com ênfase na figura do professor, não
deve se tratar somente do conhecimento resultante através da absorção de
informações. De acordo com Bariani e Pavani (2008), nesse processo, a
relação professor-aluno deve ser marcada pela bi-direcionalidade, em outras
palavras, pela influência do professor sobre o aluno, assim como do aluno
sobre o professor, portanto tendo efeitos recíprocos.

No decorrer da vida, serão por meio desses dois elementos e das


consequências dessa relação que o homem conquistará sua evolução
intelectual e autonomia. Entretanto, percebe-se que nem todos os alunos
possuem a capacidade de se desenvolver para aprender da mesma forma no
mesmo período. Daí em diante, é possível reconhecer a importância da
intervenção pedagógica para o processo de aprendizagem.

A influência pedagógica é definida por Eulàlia Bassedas et al. (1996), que


defende que a ação interventiva é uma forma de compreender como o
processo educativo e a aprendizagem com verticalidade afetam o aluno,
constituindo significado, sentido e significância na construção do
conhecimento. Como resultado, é essencial que os alunos participem do
processo como participantes ativos.

Para Gomes (2006, p.233), uma prática pedagógica precisa ter dinâmica
própria, que lhe permita o exercício do pensamento reflexivo, conduza a uma
visão política de cidadania e que seja capaz de integrar a arte, a cultura, os
valores e a interação, propiciando, assim, a recuperação da autonomia dos
sujeitos e de sua ocupação no mundo, de forma significativa.

Segundo Freire (1996, p. 96), o bom professor é o que consegue, enquanto fala
trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento.

A dificuldade em aprender, pode ser fruto de uma desordem no processo


educacional ao longo da história particular do sujeito, fazendo-se necessário
um resgate no processo de ensino aprendizagem, alertando os educadores
sobre desconhecimento de problemas como a leitura e escrita.

A didática tem grande valor no processo educativo de ensino e aprendizagem,


pois ela contribui para que o orientador desenvolva métodos que melhorem o
14

desenvolvimento de habilidades cognoscitivas tornando mais simples o


processo de aprendizagem dos alunos.

O educador no processo de ensino e aprendizagem é a união entre o aluno em


formação e o meio social no qual está inserido; uma vez que ele vai através de
instruções, conteúdos e métodos para conduzir seus alunos a viver melhor
socialmente.

A desmotivação dos alunos e o desinteresse explicito por aquilo que o


professor pretende ensinar interferem no comportamento e são formas
inadequadas sobre os métodos de ensino ou sobre as estratégias de relação
aula que exigem do professor clareza na negociação naquilo pretende fazer
trabalhar com os alunos, quando não há regras que estejam em comum acordo
entre ambos, o resultado é a insatisfação e indisciplina. Por isso a escola deve
estar planejada de acordo com as necessidades dos alunos e com horários
adequados, que possam ser satisfeitas todas essas necessidades, pois se
alguns desses itens básicos não estiverem sendo suprido poderá haver um
dano na aprendizagem. (LEONARDO, 2002).
Conforme a teoria de Maslow, a motivação humana está sujeita a algumas
necessidades e tem sua origem nas necessidades primárias. A criança, por
estar em formação, apresenta um quadro de motivação adaptado a esta teoria,
sendo necessário que os seus responsáveis compreendam o que a motiva ao
aprendizado, devendo ainda entender que o seu comportamento pode variar de
acordo com o meio em que vive. Parte-se do pressuposto de que a
desmotivação interfere negativamente no processo de ensino-aprendizagem, e
entre as causas da falta de motivação, o planejamento e o desenvolvimento
das aulas realizadas pelo professor são fatores determinantes. O professor
deve fundamentar seu trabalho conforme as necessidades de seus alunos,
considerando sempre o momento emocional e as ansiedades que permeiam a
vida do aluno naquele momento.
15

2.3.1 Fatores socioemocionais no sistema escolar

Lucien Febrev acreditava que mais do que os problemas técnicos e os


econômicos, para o futuro da humanidade o problema que realmente conta, é o

problema humano (FEBVRE, 1989 ). A trajetória do pensamento educacional revela


um período que valorizou em excesso o saber lógico-racional em desfavor a
sensibilidade humana e o afeto no processo de ensino e aprendizagem. Uma das
falhas desta posição que se vê presente até hoje no ramo pedagógico está no ato de
julgar como verdadeiro apenas o conhecimento com valor lógico e racional,
desconsiderando a sua dimensão afetiva.

Tradicionalmente, de acordo com uma visão


racionalista e dualista do ser humano, considerou-
se a aprendizagem exclusivamente como um
processo consciente e produto da inteligência,
deixando o corpo e os afetos fora; mas se houve
humanos que aprenderam é porque não fizeram
caso de tal teoria e “fugiram” dos métodos
educativos sistematizados. (FERNÀNDEZ, Alicia. A
inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1990 pag. 17.)

A escola dos Annales, revista fundada em 1929 tendo como principais


mentores Marc Bloch e Lucian Febvre, tratou-se de um grupo que buscava uma
história maior e mais humana ( BURKE, 1992 ). A História deixa de ser uma
disciplina preocupada com os meandros políticos, para arcar com a questão do social.
Esse movimento entendia que as questões sociais eram tão relevantes para a história
quanto qualquer outro fator, pois o homem, que por si só é um ser social, é parte da
história e para entende-la é preciso também entende-lo.
16

“A dimensão afetiva inclui a motivação, os sentimentos, os interesses, os


valores, que se constituem como “fatores energéticos” das interações entre sujeito e
objeto que promovem o desenvolvimento cognitivo e a construção do
conhecimento” (PIAGET, 2005 ). Ainda que os fatores existentes no meio da
relação professor-aluno sejam fundamentais para o processo de ensino e limitem-se
a troca de conhecimento e a um tempo predeterminado, é a interação entre os
envolvidos a base para condução do processo educativo.

De acordo com Piaget, a afetividade é uma energia motivadora nas ações do


homem ( PIAGET, 2005 ). A aprendizagem não é um ato isolado e só pode ser
concebida num contexto de comunicação e de atenção compartilhada, o que só por si
só integra emoções variadas. As emoções são uma fonte essencial da aprendizagem,
na medida em que as pessoas procuram atividades e ocupações que fazem com que
elas se sintam bem, e tendem, pelo contrário, a evitar atividades ou situações em que
se sintam mal.

Platão diz que o homem nada mais é do que um animal cheio de mansidão, e
que torna-se manso por meio de uma verdadeira educação; se não recebe nenhuma ou
recebe falsa, se torna a mais feroz das criaturas ( PLATÃO, Leis, VI, 12, 766 a.).
Comenius, pai da didática, considerava o espaço escolar essencial para a educação do
homem, que a todos aqueles que nasceram homens é necessária a educação, porque é
necessário que sejam homens, não animais, defendendo assim o pensamento de
ensinar tudo a todos ( COMENIUS, 1657 ).

Ainda Comenius, acreditava que a educação transmitida no ambiente


adequado, valorizando o diálogo através da experiência, é o que formaria cidadãos
capazes e influentes no mundo ( COMENIUS, 1657). A escola é o espaço onde
acontece o diálogo entre os homens ( FREIRE, 1980). A interação social faz parte do
processo de ensino-aprendizagem, é o que torna esse processo mais humano, e facilita
na absorção do conhecimento que trocamos na vida e dentro da sala de aula.

O homem vem ao mundo como um ser frágil e dependente do meio ambiente


para sobreviver. Da perspectiva orgânica, o bebê precisa de alguém que o mantenha
seguro, limpo, alimentado. Do ponto de vista psíquico, este ser humano já no início
da vida precisa das relações que estabelece com os outros, para se formar como
sujeito ( WINNICOTT, 1975). Em outras palavras, nos constituímos enquanto seres
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humanos através da aprendizagem promovida pelas interações sociais.

Para Freire, o homem deve estar consciente do seu contexto social e ativo nas
discussões do seu mundo. A base do método educacional deve guiar o homem para a
forma-se como pessoa e transformar o mundo em que vive ( FREIRE, 1974) Para
Piaget e Inhelder ( 1995 ), as atribuições mentais, da mesma maneira que as
biológicas, tem como objetivo integrar o indivíduo no meio em que vive.

"Não só os alunos, mas também, e principalmente, os


professores devem desenvolver suas habilidades
socioemocionais. No grupo-classe, composto pelo docente e
seus alunos, o professor é um protagonista diferenciado:
cabe a ele configurar os contornos e as matizes das relações
pessoais para promover aprendizagens significativas e
duradouras em seus estudantes. O professor deve ser um
mediador que, intencionalmente, observa, avalia, planeja e
atua em prol da aprendizagem do outro." (Anita Lilian Zuppo
Abed, O DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES
SOCIOEMOCIONAIS COMO CAMINHO PARA A
APRENDIZAGEM E O SUCESSO ESCOLAR DE ALUNOS
DA EDUCAÇÃO BÁSICA, 2014, pag 21)

Segundo Wallon (1999), o indivíduo é composto pelo movimento,


afetividade, inteligência e pessoa ( formação do eu ). Essa concepção pregada por
Wallon afirma que a criança deve ser compreendida de forma completa. O ser
humano, habitualmente, carrega um arsenal de vivências e experiências por onde
quer que vá e isso deve ser levado em conta. Ao chegar a escola, os sentimentos,
alimentados por tais vivências, não podem ser invalidados e negligenciados pelo
professor e os demais agentes da instituição. É o componente emocional que
reconecta o cérebro com o fim de o acomodar continuamente ao processo contínuo.

2.3.2 AFETIVIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

No início da vida a fragilidade do ser humano inspira e requer cuidado. A


afetividade surge inicialmente como uma ressignificação dessa necessidade de
atenção. Percebe-se, então, que a afetividade é um processo relacional que se inicia a
partir do momento em que um indivíduo se liga a outro. Logo, a afetividade está
ligada a preocupação com o bem-estar do outro; a solidariedade não surgiu na história
18

como um sentimento altruísta, mas como uma etapa essencial na sua sobrevivência (
Antunes, 2008).

A afetividade permite que o indivíduo aprenda através dos sentimentos,


emoções e experiências que são trocadas com o outro, então, é certo afirmar que a
afetividade é um dos fatores que favorecem a aprendizagem e desenvolvimento
cognitivo. (Davis; Oliveira, 1994). De acordo com Kant, a determinação do homem
vem do desejo de fruir prazer e felicidade, e suas as ações são motivadas a partir
disso. O conhecimento tem origem em juízos universais, mas também possui
influência da sensibilidade ( KANT; 1788).

De acordo com Pilette (2004), a escola é onde a criança passa a fazer parte de
um novo meio social, é um ambiente de trocas de um com o outro. E é nesse
ambiente que a crianças irá encontrar novos amigos e formar vínculos afetivos que
podem influenciar no desenvolvimento de sua identidade. A interação social que o
espaço escolar promove é indispensável para o seu crescimento pessoal.

O clima afetivo escolar, que valoriza o aluno, respeita seu ponto de vista e
estimula suas ideias, está alimentando o desenvolvimento da sua autoestima e
criando no indivíduo o prazer em aprender. É a partir da relação afetiva com o
educador que o aprendente pode sentir-se valorizado ou menosprezado dentro da sala
de aula ( Charlita, 2001).

A autoestima é um fator importante na relação professor-aluno, porque é ela


que da confiança de pensar e se expressar, de desfrutar os resultados do próprio
esforço ( Tiba, 1996 ). Nas palavras de Chalita (2001, p. 153), “o professor é a
referência, o modelo, é o exemplo a ser seguido e, exatamente por causa disso, o
pouco que fizer afetuosamente, uma palavra, um gesto, será muito para o aluno com
problemas”.

A afetividade, quando presente na relação professor-aluno, favorece o


processo de ensino-aprendizagem, pois esse vínculo afetivo dá ao estudante maior
conforto e segurança nos processos e resultados. Quando o professor valoriza seu
desempenho na sala, o rendimento escolar do aluno também melhora. O sentimento
de insucesso e incapacidade dentro da sala de aula compromete o desempenho
escolar (Souza, 2012).

Arantes (2002, p. 164) afirma: “Na perspectiva genética de Henri Wallon,


19

inteligência e afetividade estão integradas: a evolução da afetividade depende das


construções realizadas no plano da inteligência, assim como a evolução da
inteligência depende das construções afetivas”.

Vygotsky ( 1999 ) entende que existe uma conexão entre o afeto que os
discentes têm pela matéria e/ou pelo professor, com a vontade de aprender e entender
o que é lecionado. Citando Comenius ( COMENIUS, 1657, Pag. 50): “Está
implantado também no homem o desejo de saber. Surge logo na primeira idade
infantil e acompanha-nos durante toda a vida”. Quando não existe prazer e vontade
em aprender, não estarão aptos o suficiente para entender a matéria, para raciocinar
de forma construtiva. Conclui-se, então, com base no que foi dito, que a afetividade e
a interação social presentes no ambiente escolar e na relação de mestre e aprendente
são essenciais para que aja uma verdadeira troca de conhecimento e compressão
quanto ao que está sendo ensinado. “Às escolas, porque, corrigido o método, poderão,
não só conservasse sempre prósperas, mas ser aumentadas até ao infinito” (
COMENIUS, 1657, Pag 30).

3.1. PESQUISA DE CAMPO


A pesquisa de campo foi realizada por meio de dois questionários. O
primeiro formulário possui caráter quantitativo, contendo 13 perguntas
20

direcionadas aos alunos, visando compreender o cotidiano desses e as


dificuldades encontradas por eles.
O segundo formulário possui 10 perguntas de cunho qualitativo, tendo
como público-alvo os profissionais pedagógicos.

3.1.1. ANÁLISE QUANTITATIVA

Através de formulários vinculados em uma plataforma do Google, realizamos


uma pesquisa de campo com o objetivo de compreender a relação do aluno
com o professor e seus métodos de ensino. Foram 13 perguntas, sendo 12
quantitativas e 1 aberta. Atingimos 150 respostas vindas de pessoas a partir
de 13 anos que frequentam alguma unidade de ensino sendo elas do gênero
feminino, masculino ou não-binário.

Com mais de 90% das respostas, a maioria dos respondentes diz observar
uma preferência da classe quanto ao professor que conduz a aula.

Dentro das opções oferecidas, 20,7% acreditam que é porque o método de


ensino do professor é dinâmico e mais atraente. 16% entende que é em razão
ao professor favorito prezar por uma relação cativante com o aluno. 11,3%
afirma que o empenho e a atenção do professor facilita o aprendizado. Por
último, sendo a maioria, 49,3% concorda com todas as opções.
21

Segundo NETO (2012), apud Kohl (1992), a socialização, troca de ideias e


afeto são essenciais no processo de aprendizagem do estudante e tais coisas
colaboram para que o conteúdo seja absorvido de forma que o indivíduo fale
com confiança sobre o assunto discutido. Com base nisso, é correto supor que
o ensino em que há uma interação e troca amistosa entre professor e
aprendiz, é mais atrativo para os estudantes e benéfico para seu aprendizado.

Somando juntos 79,3% dos resultados, 45,3% afirma ter uma boa relação com
seus professores e 34% uma relação excelente. 16% neutro e 4% uma relação
não muito agradável. O educador no processo de ensino e aprendizagem é a
união entre o aluno em formação e o meio social no qual está inserido. Na
relação do sujeito com o ambiente, as relações humanas são elementos
fundamentais na construção de uma pessoa. Aprender se torna uma atividade
mais prazerosa quando o aluno se sente acolhido e competente para participar
de forma ativa nas aulas.

Dentre as respostas, 48,7% prefere aulas práticas enquanto 35,3% as aulas


expositivas com interação dos alunos. Outros 30% divergem entre apenas
aulas expositivas e trabalhos em grupo realizados dentro da sala de aula. Em
predomínio, 54% optou por aulas mistas que agregam todos os tópicos
citados. A motivação dos alunos é indispensável para o êxito escolar e
também no processo de aprendizagem. Um educando motivado a estudar esta
22

mais apto a se empenhar nas atividades propostas. O interesse pelo o que se


passa dentro da sala de aula tem papel fundamental nesse processo.

Com o maior número, 34% dos respondentes escolheu 3 na escala de 0 a 5, o


que seria um meio termo. Outros 40% ficaram entre 4 e 5. Apenas 4%
escolheu 1. De acordo com Pfron Netto (1987), a aprendizagem está
diretamente ligada ao desenvolvimento pessoal que engloba os valores e
experiências que adquirimos ao longo da vida e agrupa fatores cognitivos,
emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. A dificuldade em aprender
pode ser fruto de desordem no processo educacional ao longo da história
particular do sujeito, fazendo-se necessário um resgate no processo de ensino
aprendizagem. O professor deve apoiar seu trabalho conforme as necessidade
de seus alunos, levando em conta sempre o momento emocional e as
ansiedades que vive o estudante naquele momento.

Com um número de, 64,8% de pessoas responderam que acham os métodos


bom ou excelente e 34,7% responderam que os métodos são neutros ou que
não agradam muito.
23

- Por favor, indique o seu nível de concordância com as seguintes declarações


em relação as suas experiências como aluno:

50% das respostas concorda parcialmente com a afirmação. 24% concorda


plenamente. Os outros 24% estão entre neutro e discordo parcialmente. Para
Gomes (2006, p.233), as discussões, as perguntas, as ideias contrárias
inclusive, fazem parte do processo de aprendizagem. A comunicação abre
espaço para o pensamento reflexivo, para a curiosidade, para o ato de
aprender.

Com 92% dos resultados, os dados apontam que dos participantes da


pesquisa, a maioria concorda que a relação de um professor com seu aluno
tem poder de influenciar no aprendizado do assunto discorrido. A teoria de
Vygotsky (2001) considera que o desenvolvimento cognitivo acontece por meio
da interação social. A aprendizagem fundamenta-se principalmente em
relações humanas. A afetividade no ambiente de ensino auxilia esse processo
uma vez que o professor transmite não só conhecimento, mas também
entende seus alunos e se firma em uma relação de troca, onde deve ser
traspassado afeto. Os professores devem entender a importância dessa
interação na jornada de ensino-aprendizagem e no desenvolvimento
emocional do aluno. A afetividade exercer um papel fundamental na motivação
escolar.
24

Dentro de 60% dos resultados, os maiores números divergem entre neutro e


concordo parcialmente. 26,7% discorda parcialmente e apenas 10% dos
dados. Concluindo que métodos de ensino inovadores dentro da sala de aula
ocorrem de média a pouca frequência.

Dos dados coletados, 40,7% concorda parcialmente com a afirmação feita.


49,3% varia entre os que concordam plenamente e os que optaram pelo
neutro. Weiten (2006) diz que grande parte de nossos hábitos são resultado de
aprendizagem. Sendo assim, é possível ensinar sem aprender ou aprender
sem ser ensinado. Jean Piaget (1896 - 1980) diz em sua teoria conhecimento
não é uma imitação da realidade, e sim o resultado de uma interrelação da
pessoa com seu entorno. O homem modifica o ambiente e o ambiente modifica
o homem.

3.1.2. ANÁLISE QUALITATIVA


O questionário em questão contou com a participação de 22 pessoas,
possuindo idade entre 27 e 68 anos e a maioria dos entrevistados, cerca de
63,6%, sendo do gênero feminino. Atuam na área aproximadamente há cerca
de 15 a 30 anos, sendo o menor período o de 2 anos e o maior de 36.
“A afetividade no ambiente escolar auxilia no processo ensino-aprendizagem".
Podemos notar a veracidade dessa frase ao compararmos com as respostas
de duas questões envolvidas em nosso questionário. A maior parte dos
25

professores responderam que lecionam por paixão e amor ao ensinar,


querendo dizer que amam o que fazem e fazem pelo simples prazer de
ensinar. Ao perguntarmos, também, sobre como reconheciam o
relacionamento professor-aluno, em sua sala de aula, grande parte obteve a
resposta de que é pessoal, mostrando que a afetividade é um fator
indispensável até mesmo para o próprio professor.
Ao perguntarmos sobre seus métodos de ensino, as respostas obtidas foram
que sempre buscam inovar, fazendo com que os métodos sejam os mais
práticos e aplicáveis no dia a dia. Como citado no referencial teórico: “A
vontade de aprender não é uma ação espontânea nos alunos, para que isso
ocorra é preciso que o professor desperte a curiosidade deles, conduzindo
suas ações no desenvolver das atividades em aula”. Assim, compreendemos
que o método de ensino adequado é aquele que instiga o aluno, fazendo-nos
concluir que os professores entrevistados optam pelo melhor.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista que esse trabalho pretendeu entender a humanização do
processo de ensino como fator influenciador na aprendizagem do aluno para
haver a idealização de um trabalho, que visa analisar a importância da relação
professor-aluno e seus impactos socioemocionais e no aprendizado, a partir
da metodologia apresentada no trabalho, que é o método hipotético-dedutivo,
26

definido por Marconi e Lakatos (2017) como um modo de investigação de


pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou de um
problema, com tripla finalidade: descrever hipóteses; aumentar a familiaridade
do pesquisador com o ambiente, fato ou fenômeno; e clarear conceitos. 
Para se atingir uma compreensão das relações interpessoais entre o corpo
docente e o discente, definiu-se três objetivos específicos: a análise dos
fatores socioemocionais no ambiente escolar, da importância da relação
professor-aluno e os impactos que esses fatores causam à aprendizagem.
Permita-se concluir que de acordo com Passmore apud Scheffler (1980), o
ensino pode ser definido como uma atividade que promove a aprendizagem,
de modo a respeitar a integridade e capacidade intelectual do aluno. 
Sendo assim, de acordo com a questão problema, o aluno não nasce com o
conteúdo em sua mente, o conteúdo deve ser transmitido pelo professor, e a
socialização e troca de ideias e afeto é fundamental para que o conteúdo se
fixe de forma que o indivíduo elabore com suas palavras o que foi aprendido
Neto apud Kohl (2012). Para compreender de que forma a afetividade ajuda no
processo de ensino-aprendizagem, busca-se uma especialização mais
específica e teorizada, e quando se fala em afetividade para ensino é preciso
considerar os aspectos do ambiente escolar, observando o intelecto de todos.
Os instrumentos de coleta dos danos permitiram compreender a relação do
professor com o aluno e seus métodos de ensino, utilizando formulários
vinculados a plataforma Google. 

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