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AFETIVIDADE NO AUXÍLIO DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DURANTE

O ERE EM UM CENTRO EDUCACIONAL

Bárbara Júlia da Silva Nazário 1


Fernanda Evellyn Ferreira da Silva 2
Josiany Deyse do Amaral Teixeira 3

RESUMO

Este estudo tem como objetivo analisar como a afetividade auxiliou o processo de avaliação da
aprendizagem durante o ensino remoto (ERE) no Centro de Aprendizagem Crescer no município de
Castanhal. Para isso, utilizou-se uma abordagem qualitativa e descritiva por meio da aplicação de um
questionário a duas professoras do 1º ano do ensino fundamental. Os resultados apontam que o uso
das tecnologias da informação e da comunicação foram essenciais durante o ERE, porém houve
necessidade de treinamento para utilização de recursos tecnológicos associado a compreensão do uso
das professoras da afetividade como auxílio na construção de uma aprendizagem mais efetiva,
destacando-se a presença da avaliação diagnóstica no processo avaliativo das professoras. Conclui-se
que a afetividade foi utilizada pelas docentes como um instrumento essencial para o auxílio da
avaliação da aprendizagem durante o ERE.

Palavras-chave: Afetividade; Avaliação; Ensino; Aprendizagem; Ensino remoto.

INTRODUÇÃO

Os dois últimos anos foram marcados pela pandemia de COVID-19 e isso resultou em
mudanças na rotina de diversos setores do mundo inteiro, incluindo a educação, que teve as
suas atividades presenciais suspensas, tendo em vista a alta taxa de contaminação do vírus
SARS-CoV-2. Diante disso, as práticas educativas nas instituições de ensino precisam se
readequar para continuar oferecendo os serviços educacionais à comunidade escolar.
Nesse cenário de inconstâncias, o ensino emergencial remoto (ERE) e as Novas
Tecnologias da Informação e da Comunicação e Sociedade (NTICs) foram alternativas
encontradas para que esse período não afetasse tanto a vida escolar dos alunos. Com isso, os
professores precisaram adaptar-se a uma nova forma de ensinar dentro dessa nova realidade,
pois apesar de estarmos na era da tecnologia, muitos instrumentos usados durante o ensino
remoto, como o google meet, o google forms, o google classroom, entre outros, não eram da
familiaridade dos docentes durante o ensino presencial por diversos fatores, principalmente a
falta de formação adequada, do acesso digital, da falta de recursos nas escolas.

1 Licenciando do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Pará - UFPA, feeh.evellyn@gmail.com;


2 Licenciando do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Pará - UFPA, barbara.nazario.s@gmail.com;
3 Licenciando do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Pará - UFPA, deyseamaralpd@gmail.com;
A avaliação escolar tem como dimensão de análise do desempenho do aluno, do
professor e toda situação de ensino (ROCHA, 2022). No ensino presencial, a maioria dos
procedimentos avaliativos é pautada nos exames, os quais buscam apenas classificar os
alunos mediante uma nota. Quando refletimos sobre o ERE, é perceptível que essa aplicação
de exames, que já não é a mais adequada presencialmente, torna-se extremamente falha
durante a situação de emergência da pandemia, tendo em vista os fatores de adaptações já
citados com relação às NTICs.
Assim, sabe-se que a afetividade pode estimular ou inibir o processo de aprendizagem
dos alunos: do ponto de vista negativo, a ausência desse fator aparece como a principal fonte
de dificuldades da aprendizagem dos sujeitos; e do ponto de vista positivo, a sua presença
favorece a relação do aluno com as disciplinas do currículo e com o professor, e assegura,
consequentemente, melhores desempenhos nos estudos (RIBEIRO, 2010). Quando trazemos
para o contexto do ERE a socialização configura-se como um dos pontos afetados pelo
isolamento causado pela pandemia e isso também prejudicou o processo de avaliação da
aprendizagem, tendo em vista que a relação professor-aluno é de fundamental importância
para o desenvolvimento cognitivo dos alunos.
Esse artigo se justifica pela relevância de se apresentar a relação existente entre a
afetividade e a avaliação no contexto do ERE, tendo em vista a necessidade de realizar um
debate acerca da importância que a afetividade possui em diversos âmbitos do processo
educacional, incluindo o processo avaliativo.
A questão que norteou a pesquisa foi: como a afetividade auxiliou no processo de
avaliação no ensino remoto no Centro de Aprendizagem Crescer? O presente artigo buscou
analisar como a afetividade auxiliou no processo de avaliação durante o ERE no Centro de
Aprendizagem Crescer.

REFERENCIAL TEÓRICO

A pandemia de COVID-19 (Corona Virus Disease - Doença do Coronavírus), causada


pelo vírus SARS-CoV-2, modificou o formato de educação que conhecíamos, inclusive a
avaliação que precisou ser repensada para que ocorresse de maneira significativa dentro do
ensino remoto.
A prática avaliativa permeia os processos de ensino e aprendizagem, tanto presencial
quanto remotamente. Entretanto, considera-se necessário haver mudanças no planejamento
das avaliações para nos atentarmos para as adaptações abruptas que a pandemia impôs a todas
as instituições de ensino e a todos os educadores. Foi preciso repensar o processo de ensino e
dar uma resposta às famílias e aos alunos para que não houvesse o sentimento de “abandono”
e de estar à mercê da própria sorte (SILVA; FREITAS; SANTOS, 2022, p. 210).
O contexto histórico em que a nossa sociedade está inserida favorece a utilização das
NTICs. Concordando com Brasil (2017, p. 61):

A cultura digital tem promovido mudanças sociais significativas nas


sociedades contemporâneas. Em decorrência do avanço e da multiplicação
das tecnologias de informação e comunicação e do crescente acesso a elas
pela maior disponibilidade de computadores, telefones celulares, tablets e
afins, os estudantes estão dinamicamente inseridos nessa cultura, não
somente como consumidores (BRASIL, 2017, p. 61).

As NTICs são bastante discutidas na atualidade, tendo em vista que estamos inseridos
em uma sociedade globalizada e tecnológica. Com isso, é de suma importância que a
educação encontre um meio de se relacionar com essa alternativa metodológica.
Rocha (2022, p. 17) enfatiza que “é possível concebemos uma perspectiva de
avaliação cuja vivência seja marcada pela lógica da inclusão, do diálogo, da construção da
autonomia, da mediação, da participação, da construção da responsabilidade com o coletivo”,
ou seja, a avaliação pode ser vista além do caráter meritocrático e classificatório, e sim a
partir de uma visão mais inclusiva que busca contribuir para o processo de ensino e
aprendizagem.
Assim, a afetividade e a aprendizagem são indissociáveis e dentro de um contexto de
isolamento e de pandemia, essa relação possui uma carga ainda maior na cognição dos
alunos, tendo em vista que a socialização está escassa nesse período.
Fortalecer a afetividade existente na relação professor-aluno, principalmente no
ensino remoto por meio das plataformas digitais é de suma importância, pois sabemos que
quando o assunto é tecnologia, o professor deve recriar suas práticas, refletir sobre o
potencial comunicacional e pedagógico do ambiente virtual de aprendizagem baseado nos
conceitos de interatividade e afetividade.
Ressaltando-se Azevedo et al (2014), refletir sobre práticas e avaliação educacional é
também “abrir os olhos” em relação ao tipo de sujeito que o professor forma, com laços de
afetividade, interatividade e dialogicidade.
METODOLOGIA

A metodologia dessa pesquisa ocorreu dentro de uma abordagem qualitativa e


descritiva (GUERRA, 2014, p. 15) buscando aprofundar-se na compreensão do fenômeno
investigado, interpretando-os segundo a perspectiva dos próprios sujeitos que participam da
pesquisa, além de levantamento bibliográfico de material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos.
Foi realizada uma pesquisa de campo, que segundo Gil (2002, p. 53), “é desenvolvida
por meio da observação direta das atividades do grupo estudado para captar sua explicações e
interpretações do que ocorre com o grupo”, por meio de questionários com 11 perguntas
abertas feitos às duas professoras do 1º ano, do Centro de Aprendizagem Crescer, por meio
da rede social Whatsapp. Os dados coletados foram transcritos e organizados em categorias
de análises.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir das perguntas enviadas às professoras de séries do 1º ano da escola Centro de


Aprendizagem Crescer, questionou-se sobre: 1) uso das NTICs no ERE, capacitação e
recursos; 2) avaliação e metodologias e 3) afetividade, que consideramos como categorias de
análises.

USO DAS NTICs NO ERE, CAPACITAÇÃO E RECURSOS


Considerou-se nesta categoria de análise, as questões 1 e 2 buscando-se entender
como as docentes procederam com as NTICs durante o ensino remoto e se a escola forneceu
capacitação e recursos para auxiliá-las. A Professora A, destaca que:

Foi um processo desafiador mudar toda metodologia e sair da sala de aula para
ministrar aulas online e tive bastante dificuldade no início, mas no decorrer do
tempo com as capacitações e pesquisas consegui desenvolver as atividades
propostas pela escola. (PROFESSORA A, QUESTIONÁRIO, 2022).

Observa-se que a Professora A se refere às NTICs e ao ERE como desafiador, visto


que não estava preparada para lidar com esta situação, porém, apesar disso, foi possível
alcançar os objetivos propostos mediante formação online, fornecida pela escola, com uma
especialista em Tecnologia da Informação e Comunicação e tutoriais de como utilizar as
plataformas de ensino que foram adotadas.
Com base nesse resultado, destaca-se que a evolução tecnológica e a melhoria do
acesso a internet, que tem reconhecidamente atingido e melhorado várias áreas do
conhecimento humano, e diante do atual cenário, possibilitou que várias instituições de
ensino, fossem obrigadas a se readequarem em sua maneira de mediar o processo de
ensino e aprendizagem, fazendo uso principalmente das ferramentas pedagógicas como
forma de cumprir um calendário letivo e promover a necessária interação entre família e
escola. (OLIVEIRA et al. 2020, p. 350).
A professora B, semelhante a professora A também concebe que:

As Tics sem dúvida foram de extrema importância para esse processo de ensino à
distância. A princípio foi um desafio muito grande, apesar de já conhecer um pouco
sobre essas tecnologias, elas nunca tinham sido usadas para ministrar aulas aos
alunos. Então, enquanto docente, precisei estudar e conhecer todas as possibilidades
que as TICs me ofereciam para poder criar novos métodos e maneiras de ensinar,
que pudesse alcançar todos os alunos (PROFESSORA B, QUESTIONÁRIO, 2022).

Como é possível observar, a professora B também destaca que se fizeram necessárias


mudanças principalmente nas metodologias que eram utilizadas em sala de aula, para que
fosse possível se adequar ao ambiente online, com professores e alunos distantes, e as TICs
tiveram um papel essencial nesse momento.
As professoras precisaram passar por uma capacitação para que pudessem exercer de
forma mais adequada suas funções apesar do ambiente online e de seus impasses para com a
socialização. Também é perceptível o interesse pessoal por parte das docentes de adequar
seus métodos pessoais para utilizar essas tecnologias e continuar incluindo os alunos.

SOBRE AVALIAÇÃO E METODOLOGIAS


Para esta categoria selecionamos as questões 3, 4, 5 e 6 que questionavam uma
possível necessidade de redefinir as avaliações e estratégias de metodologias,.
Os resultados apontam que foi perceptível que o modelo convencional de avaliar
quantitativamente se manteve, apesar das evidentes problemáticas que este modelo denota,
principalmente no ERE.
De acordo com a professora B,
[...] as avaliações tiveram que ser feitas partindo da participação e interação dos
alunos nas aulas diárias buscando sempre ter um olhar minucioso sobre cada um
deles. E para termos uma avaliação quantitativa a escola optou por fazermos provas
inteiramente interdisciplinares, onde os responsáveis buscavam essas avaliações na
escola e nós realizamos junto com os alunos durante as aulas remotas. [...] não
houve avaliação diagnóstica [...] Durante o ensino remoto, nossa rotina era
composta por um momento de interação entre os alunos e professores para manter
o vínculo e saber como cada um estava, atividades diárias utilizando sempre
recursos de imagens para prender mais a atenção dos alunos e atividades lúdicas.
(PROFESSORA B, QUESTIONÁRIO, 2022).

Segundo a professora B, não houve avaliação diagnóstica no início do ERE, portanto


não houve a adoção de possíveis medidas de intervenção e modificação de metodologia
baseadas em dados obtidos através delas.
As avaliações foram realizadas por meio da participação e interação dos alunos nas
aulas, então a professora B buscou manter uma rotina que fosse pautada nessa interação a fim
de manter o vínculo afetivo essencial para um bom processo de aprendizagem.
De acordo com a professora B, a escola ainda exigiu uma avaliação quantitativa dos
alunos, mas que fosse realizada através da interdisciplinaridade e da resolução em conjunto
durante as aulas remotas.
Diante disso, deve-se ter em mente, de acordo com Scatamburlo et al. (2020), que a
avaliação não apenas informa sobre quais objetivos já foram atingidos, o que os alunos já
adquiriram em relação a conhecimentos, atitudes ou aptidões, mas também quais dificuldades
ainda estão presentes.
Portanto, especialmente no contexto do ensino remoto, não se pode resumir a prática
avaliativa a notas, conceitos e estatísticas, mesmo que uma avaliação quantitativa seja
convencionalmente obrigatória por parte da instituição, para avançar ou reter os alunos.
Ainda sobre avaliação e metodologias no ERE, a professora A de maneira semelhante
à professora B, descreve:

As aulas eram ministradas com recursos de vídeos e slides para facilitar a


compreensão dos conteúdos, eram aulas voltadas para a interação e participação dos
alunos com o professor de modo a prender a atenção dos mesmos nas aulas [...] as
avaliações se davam a partir da participação nas aulas online e foram realizadas
também avaliações interdisciplinares onde os responsáveis buscavam na escola e os
alunos realizavam durantes as aulas remotas com o auxílio e orientação da
professora [...] não houve avaliação diagnóstica durante o ensino remoto
(PROFESSORA A, QUESTIONÁRIO, 2022).
Segundo a professora A também não houve uma avaliação diagnóstica que norteasse
os caminhos que ela deveria seguir durante o ERE e o uso das NTICs foi a principal
metodologia utilizada por ela para conduzir as aulas que pautavam-se na interação e
participação dos alunos.
Com relação às avaliações, a professora A afirmou que elas ocorriam mediante a
participação nas aulas remotas e que as avaliações quantidades ocorriam de maneira
interdisciplinar com o auxílio da professora.
É possível que a falta de uma avaliação diagnóstica tenha impedido um melhor
desempenho das turmas durante o período de ERE, pois, de acordo com Luckesi (2013, p.
59), a pedagogia que sustenta o exame se contenta com a classificação, seja ela qual for; a
pedagogia que sustenta o ato de avaliar não se contenta com qualquer resultado, mas somente
com o resultado satisfatório. Para o autor, mais que isso: não atribui somente ao educando a
responsabilidade pelos resultados insatisfatórios; investiga suas causas, assim como busca e
realiza ações curativas. O ato de avaliar dedica-se a desvendar impasses e buscar soluções.
Portanto, se os docentes não têm em mãos dados que diagnosticam conhecimentos
prévios do aluno e as causas de um possível resultado insatisfatório na aprendizagem para
intervir, torna-se muito mais difícil promover uma avaliação justa e inclusiva, respeitando a
subjetividade de cada aluno.

SOBRE A AFETIVIDADE
Esta categoria considerou a questão 07 buscando-se entender se as professoras A e B
se preocuparam em não perder o vínculo com as crianças enquanto não podiam estar
presentes pessoalmente e se também convocaram as famílias para participarem das aulas.
Desta forma, a professora B descreve que:

Um dos nossos principais objetivos era manter esse vínculo, esse contato e
preocupação, para que os alunos pudessem se sentir amados e queridos mesmo
estando distante (PROFESSORA B, QUESTIONÁRIO, 2022).

É importante salientar que a professora B demonstra preocupação com a afetividade e


a aprendizagem dos alunos. Pode-se inferir que para a professora B, os processos de
aprendizagem e de avaliação envolvem inúmeras questões, em que os alunos se sintam
amados, portanto é inegável que o indivíduo como um todo é participante desses processos
que envolvem a afetividade e não apenas o seu cognitivo. Acredita-se que a interação afetiva
auxilia mais na compreensão e na modificação das pessoas do que um raciocínio brilhante,
repassado mecanicamente (PAULA; FARIA, 2010, p. 3).
Ainda sobre a afetividade, a professora A relata que:

Até mesmo os alunos que não conseguiam acompanhar as aulas em tempo real
tinham o suporte pelos meios mais acessíveis, eram gravados vídeos em datas
comemorativas e mantínhamos o contato ligando e pelo WhatsApp para as crianças
que não estavam conseguindo acompanhar. (PROFESSORA A, QUESTIONÁRIO,
2022).

É perceptível que a professora A buscou manter o contato com as crianças a fim


contribuir para o processo de aprendizagem durante o ERE e também manter um vínculo
afetivo com os estudantes. De acordo com Paula e Faria (2012, p. 4), cabe ao educador
integrar o que amamos com o que pensamos, trabalhando de uma só vez, a razão e a emoção.
Só se aprende a amar, quando se é amado. Por isso a criança tem que se sentir amada, para
descobrir o que é amor.
Na questão de humanizar a avaliação da aprendizagem, o aspecto afetivo é muito
importante para a construção do conhecimento. As relações interpessoais existentes entre o
aluno e a professora, demonstraram o respeito, a atenção, a parceria, trocas com o outro, entre
outras coisas. Nessas relações, o professor é mediador, que anda lado a lado com seu aluno,
vem somar e contribuir para que este aluno se desenvolva de forma integral, onde seu
cognitivo e afetivo, se desenvolvem juntos (LIMA, 2020, p. 21).
Por fim, na questão 11, foi perguntado se as docentes acham que os resultados de
aprendizagem geral na turma, utilizando da afetividade com as avaliações, foram
significativos.
De acordo com a Professora B,

Os resultados não foram iguais para todos os alunos. Os que possuíam o


acompanhamento dos pais tiveram avanços como se estivessem na sala de aula. Já
os alunos que não possuíam esse acompanhamento, mesmo com os estímulos
diários não tiveram uma boa evolução. (PROFESSORA B, QUESTIONÁRIO,
2022).

Como foi possível observar, a afetividade é essencial para a construção de uma aprendizagem
mais efetiva, que poderia ter sido mais inclusiva com a adoção de uma avaliação diagnóstica,
mas que não deixou de ter um caráter afetivo e lúdico, onde inclusive algumas famílias se
fizeram presentes nas aulas online.
Segundo a professora A,

Posso dizer que os resultados variaram muito, tive alunos que se desenvolveram
perfeitamente como se estivessem na sala de aula presencial, já outros por não
terem o acompanhamento de um adulto orientando e se distrairem com facilidade
não tiveram resultados tão positivos (PROFESSORA A, QUESTIONÁRIO,
2022).

Mediante a fala da professora A foi possível analisar que a afetividade é um aspecto


crucial para a aprendizagem e não deve existir só dentro da escola, mas também na casa dos
estudantes por meio do apoio familiar. Podemos perceber que quando os pais se fazem
presentes, mostrando interesse pelo filho, pela escola, pelo que ele está aprendendo, pelas
coisas que está fazendo ou deixando de fazer e pelos seus progressos e necessidades, as
crianças apresentam maior motivação para aprender, pois se sentem orgulhosas de seus feitos.
(PAULA, FARIA, 2010, p. 4).
Dessa forma, a afetividade é um vínculo essencial que está presente na relação entre o
ensino e a aprendizagem, e consequentemente na avaliação. Utilizando-se da afetividade, o
educador pode fazer considerações sobre os progressos de cada educando e da turma como
um todo (MATTOS, 2008, p. 179).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos resultados analisados, foi possível perceber que o processo de avaliação
não parou mesmo diante da inconstância causada pela pandemia. As professoras A e B
expõem de que forma isso influenciou o processo avaliativo, pois ele precisou ser adaptado
ao novo contexto e à inserção do uso das novas tecnologias. O fato de a instituição fornecer
capacitação aos docentes, assim como acesso à rede de internet foram de grande valia
mediante o cenário adverso e bem explanado na forma da fala de cada docente.
A busca da inclusão da afetividade, aliada ao processo de avaliação, foi uma alavanca
propulsora a qual obteve resultados satisfatórios, tornando a avaliação humanizada possível.
Porém para que esse processo ocorresse, foi-se necessária a adaptação de metodologias
preocupadas com o processo de ensino e a aprendizagem.
A inclusão de ferramentas tecnológicas ao ERE, para a obtenção de conceitos
avaliativos qualitativos dentro da instituição educacional, foi necessária para atender aos
modelos tradicionais estimativos, os quais a sociedade cobra. Modelo este já ultrapassado,
pois não se levou em conta a discrepância entre examinar e avaliar.
Por fim, consideramos que o objetivo desta pesquisa foi alcançado, visto que a análise
da pesquisa, nos trouxe respostas de como a afetividade auxiliou o processo avaliativo
durante o ensino remoto, com todos os seus desdobramentos. O que todo esse contexto
histórico nos mostrou foi que apesar das adversidades, buscar novas formas de reinventar o
processo avaliativo junto com a afetividade foram fundamentais para que o objetivo do
processo fosse alcançado, e isso foi ascendido pelo fato de não ser desprezado um dos
atributos humanos mais perfeitos, a afetividade.
O ser humano é um ser social e dentro do processo avaliativo de ensino e
aprendizagem, essa relação professor-aluno é de suma importância para que haja a construção
de um laço de confiança e afetividade que deve ser indissociável dos processos formativos do
estudante.

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