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Fichamento 4
JusPodivm.
TÍTULO 5
CAPÍTULO II
( Ponto 10 ao 12)
De natureza:
10.3. Objeto
a) prender criminosos
"Logo, ao cumprir mandado de busca e apreensão, desde que não haja desvio
de finalidade, a polícia pode apreender qualquer objeto que contribua para as
investigações, ainda que seja de caráter pessoal e independentemente de ter
sido mencionado de forma expressa na ordem do juiz. Isso porque não há
necessidade de que a manifestação judicial que defere a cautelar de busca e
apreensão esmiúce quais documentos ou objetos devam ser coletados, até
mesmo porque tal pormenorização só poderia ser implementada após a
verificação do que foi encontrado no local. Portanto, supondo que a ordem
judicial diga respeito ao recolhimento de documentos relacionados aos fatos
investigados, é perfeitamente possível a apreensão de documento pessoal,
capaz de revelar detalhes da vida privada do indivíduo" (p. 758)
"De acordo com o art. 244 do CPP, a busca pessoal independe de mandado nas
seguintes hipóteses: a) no caso de prisão; b) quando houver fundada suspeita
de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que
constituam corpo de delito: caso a busca pessoal seja executada sem que haja
fundada suspeita, como no exemplo em que a autoridade a executa tão somente
para demonstrar seu poder, a conduta do agente policial pode caracterizar o
crime de abuso de autoridade (Lei n° 4.898/65, art. 3o, “a”); c) quando a medida
for determinada no curso de busca domiciliar: no cumprimento de busca
domiciliar, as pessoas que se encontrem no interior da casa poderão ser objeto
de busca pessoal, mesmo que o mandado não o diga de maneira expressa."
(p.758)
"Logo, se o art. 57, inciso II, alínea “e”, da Lei n° 4.117/62 foi tido como não
recepcionado pela Constituição Federal, todo e qualquer elemento probatório
colhido com base em interceptação telefônica judicialmente autorizada em
momento anterior à vigência da Lei n° 9.296/96 foi considerado como prova
ilícita, assim como as provas dele decorrentes (teoria dos frutos da árvore
envenenada), in verbis: “O art. 5o, XII, da Constituição, que prevê,
excepcionalmente, a violação do sigilo das comunicações telefônicas para fins
de investigação criminal ou instrução processual penal, não é autoaplicável:
exige lei que estabeleça as hipóteses e a forma que permitam a autorização
judicial. Precedentes, a) Enquanto a referida lei não for editada pelo Congresso
Nacional, é considerada prova ilícita a obtida mediante quebra do sigilo das
comunicações telefônicas, mesmo quando haja ordem judicial (CF, art. 5o, LVI).
b) O art. 57, II, a, do Código Brasileiro de Telecomunicações não foi
recepcionado pela atual Constituição (art. 5o, XII), a qual exige numerus clausus
para a definição das hipóteses e formas pelas quais é legítima a violação do
sigilo das comunicações telefônicas”." (p.761)
"A 5a Turma do STJ tem precedente bem atual no sentido de que, por ocasião
da autuação de crime em flagrante, ainda que seja dispensável ordem judicial
para a apreensão de telefone celular, as mensagens armazenadas no aparelho
estão protegidas pelo sigilo telefônico, que compreende igualmente a
transmissão, recepção ou emissão de símbolos, caracteres, sinais, escritos,
imagens, sons ou informações de qualquer natureza, por meio de telefonia fixa
ou móvel ou, ainda, por meio de sistemas de informática e telemática. Logo, a
fim de proteger tanto o direito à intimidade quanto o direito difuso à segurança
pública, incumbe à autoridade policial, logo após a apreensão do telefone,
requerer judicialmente a quebra do sigilo dos dados nele armazenados, nos
termos da Lei n° 9.296/96. Não o fazendo, ter-se-á como ilícita a prova assim
obtida." (p.773)
11.9.3. Quando a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis
"Nesse prisma, dispõe o art. 2o, inciso II, da Lei n° 9.296/96, que a interceptação
das comunicações telefônicas não será admitida quando a prova puder ser feita
por outros meios disponíveis. Dentre as medidas restritivas de direitos
fundamentais, deve o Poder Público escolher a menos gravosa, sobretudo
quando diante de insidiosa ingerência na intimidade não só do suspeito, mas
também de terceiros que com ele se comunicaram. Por isso, a interceptação
telefônica deve ser utilizada como medida de ultima ratio" (p. 784)
"Portanto, além dos requisitos dos incisos I, II e III do art. 2o, a decisão judicial
que decreta a interceptação telefônica também deve fazer menção à situação
objeto da investigação, com a delimitação fática (objetiva) do fato que se quer
comprovar. Assim, a título de exemplo, tratando-se de um delito de homicídio
(CP, art. 121), deve o magistrado descrever de maneira objetiva o local onde a
vítima fora morta, quem teria supostamente praticado o delito, quais indícios já
existem acerca do crime e da autoria e/ou participação, modus operandi do
agente, etc. " (p.787)
"Como se percebe pela própria redação do art. 7o, II, da Lei n° 8.906/94, caso
haja indícios de envolvimento do advogado com o crime objeto da investigação,
não há falar em proteção ao sigilo profissional, sendo plenamente válida a
interceptação de sua comunicação telefônica. Não se trata, pois, de imunidade
absoluta, mas sim de legítima prerrogativa, a ser preservada quando relacionada
ao exercício da função. Logo, não merece acolhida eventual alegação relativa à
violação da liberdade de exercício profissional, se sobressai que a medida foi
tomada devido à possível participação do advogado em ilícitos criminais. Ainda
que atuasse como advogado, as prerrogativas conferidas aos defensores não
podem acobertar delitos, sendo certo que o sigilo profissional não tem natureza
absoluta." (p.788)
11.12. Procedimento
"De acordo com o art. 9o, caput, da Lei n° 9.296/96, a gravação que não
interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a
instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério
Público ou da parte interessada. Ainda segundo a Lei n° 9.296/96 (art. 9o,
parágrafo único), o incidente de inutilização será assistido pelo Ministério
Público, sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante legal."
(p.800)
"O caso foi levado à Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que
concluiu ter havido violação do direito à vida privada, à honra e à reputação das
vítimas, reconhecidos nos arts. 11.1 e 11.2, combinados com os arts. 1.1, 8o e
25 do Pacto de São José da Costa Rica, porquanto não teria havido o
consentimento dos interlocutores no tocante à divulgação do material gravado, a
qual foi imputada ao Estado. A Corte também concluiu ter havido violação ao art.
16 da CADH porque as escutas telefônicas foram realizadas em desacordo com
a legislação e com posterior e indevida divulgação. Esses dois fatos foram
suficientes para abalar a imagem e a credibilidade das entidades e,
consequentemente, o direito ao livre e normal exercício de associação pelos
membros da COANA e da ADECON, violando-se, assim, o direito à liberdade de
associação previsto no art. 16 da CADH. Dentre outras sanções, o Estado
Brasileiro foi obrigado a pagar a Arlei, Dalton, Delfino, Pedro e Cellso o valor
equivalente a US$ 20.000,00 para cada um a título de dano imaterial (vida,
honra e reputação), e mais US$ 10.000,00 às vítimas." (p.801)