Neste documento, Foucault analisa as técnicas de interpretação de Nietzsche, Marx e Freud. Ele explica que no passado a interpretação se baseava em semelhanças, mas que esses três autores trouxeram novas formas de interpretar os símbolos, fazendo com que tenhamos que nos interpretar. Suas técnicas abriram precedentes, pois as interpretações são infinitas e podem até apagar o próprio intérprete. A interpretação precede o símbolo e é um processo cíclico e constante como o at
Descrição original:
Resenha do texto "NIETZSCHE, FREUD E MARX: THEATRUM PHILOSOFICUM", de Michel Foucault, resultado de um seminário em que o filósofo apresentou no Brasil.
Título original
RESENHA – NIETZSCHE, FREUD E MARX THEATRUM PHILOSOFICUM
Neste documento, Foucault analisa as técnicas de interpretação de Nietzsche, Marx e Freud. Ele explica que no passado a interpretação se baseava em semelhanças, mas que esses três autores trouxeram novas formas de interpretar os símbolos, fazendo com que tenhamos que nos interpretar. Suas técnicas abriram precedentes, pois as interpretações são infinitas e podem até apagar o próprio intérprete. A interpretação precede o símbolo e é um processo cíclico e constante como o at
Neste documento, Foucault analisa as técnicas de interpretação de Nietzsche, Marx e Freud. Ele explica que no passado a interpretação se baseava em semelhanças, mas que esses três autores trouxeram novas formas de interpretar os símbolos, fazendo com que tenhamos que nos interpretar. Suas técnicas abriram precedentes, pois as interpretações são infinitas e podem até apagar o próprio intérprete. A interpretação precede o símbolo e é um processo cíclico e constante como o at
DISCIPLINA: Introdução à Metodologia das Ciências Sociais PROFESSOR: Marilande Martins Abreu ALUNO: Ciro Leonardo Campos Pinheiro DATA: 24 de agosto de 2016
RESENHA – NIETZSCHE, FREUD E MARX: THEATRUM
PHILOSOFICUM (Michel Foucault)
Foucault, quando da participação de uma mesa redonda de onde
surgiu esse ensaio, se propôs a analisar as técnicas de interpretação de Nietzsche, Marx e Freud. Isso porque, na verdade, segundo diz, tinha o sonho de criar uma espécie de enciclopédia que abarcasse todas as técnicas de interpretação surgidas até o momento em que participara da dita mesa.
Ele diz que, se fizesse essa tal história das técnicas de
interpretação, diria, como introdução, que a linguagem produziria dois tipos de suspeita: por um lado, que essa linguagem não diz exatamente o que diz; e a segunda é que, em certo nível, a linguagem rebaixa a forma propriamente verbal, e que há muitas coisas que se fala e que não são propriamente linguagem.
Isso quer dizer, então, que, por exemplo, os gestos mudos, as
enfermidades e todos os tumultos que nos rodeiam também podem nos falar algo. Em cada forma cultural da civilização ocidental, o que se viu, portanto, foram sistemas de interpretação e métodos para resolver as suspeições sobre o que a linguagem quer, realmente, dizer. Fazer um apanhado das técnicas de interpretação seria, então, fazer um apanhado de todos esses sistemas ocidentais de interpretação.
No passado, em meados do século XVI, o que dava subsídios à
interpretação era a mera semelhança. Essa semelhança importava para a cosmologia, a botânica, a filosofia. Na modernidade, toda essa rede de semelhanças se torna um tanto quanto confusa. Naquela época, porém, essa rede de símbolos e semelhanças estava perfeitamente clara e organizada e fundamentavam todos os tipos de conhecimento possível. Essas técnicas, no entanto, ficaram suspensas a partir dos séculos XVII e XVIII, com o advento das críticas baconianas e cartesianas e, já no século XX, com as novas possibilidades de interpretação construídas por Marx. Nietzsche e Freud.
Essas três últimas técnicas abriram feridas no pensamento
ocidental, pois, o que antes servia para interpretar o mundo ao redor, nos obriga, agora, a interpretar a nós mesmos. Eles, no entanto, não trouxeram novos símbolos a serem interpretados, mas sim, trouxeram e mudaram a própria formar de interpretar esses símbolos.
Para eles, principalmente em Nietzsche, o aprofundamento das
interpretações leva-nos a um caminho quase que inicial porque retorna sempre ao reflexo do próprio mundo. Marx fala que não há monstros na investigação sobre a estrutura burguesa, o significado do valor, da moeda etc., porque estes estão cobertos de banalidade. O consciente, em Freud, foi apreendido como, em verdade, um reflexo do inconsciente. Isso abriu precedentes para algo terrível, quase como loucura, pois a verdade que existe é as interpretações são infinitas. Tão infinitas ao ponto de terem a chance de apagar até mesmo o intérprete delas.
Isso quer dizer que, no fundo, nada mais é do que simplesmente
interpretar. Cada símbolo não é algo a se interpretar, pois a própria interpretação é resultado de outro símbolo já interpretado. A ideia de interpretação, então, precede o símbolo. Na hermenêutica, como não há finitude quando da interpretação, ela acaba voltando a si mesmo em um processo cíclico.
De fato, parece-nos que a interpretação, nos termos propostos por
Foucault, é o próprio ato de viver. Tudo o que se faz é sempre um processo de significação feito intensa e constantemente. Talvez, então, o que chegue mais próximo de um ato de interpretação plena seja a morte, onde a vida, fato gerador da cadeia de significações, já não perpetua o constante quadro de designações.