Você está na página 1de 6

Crescimento excessivo do casco de animais confinados.

Os caprinos e ovinos são animais biungulados pois possuem duas unhas ou dedos. Na figura abaixo podemos observar
as regiões do casco dos caprinos e ovinos.

Figura 1 – Regiões do casco dos ruminantes.

O objetivo do nosso artigo não é discutir a anatomia do casco e a função de cada um dos tecidos ou regiões do casco.
Caso deseje obter mais informações sobre esse assunto, sugerimos a leitura do artigo:

Sistema Locomotor dos Ruminantes (2005), da UFMG.


Os cascos dos caprinos e dos ovinos crescem continuamente com certa velocidade para compensar o desgaste natural
que ocorre devido o seu contato com terrenos e pisos duros, pedregosos ou áridos. Quando os animais são criados em
sistemas extensivos ou pelo menos semi-intensivo, esse desgaste natural do casco geralmente ocorre porque os
animais andam bastante em busca de alimento.

Figura 2 – Desgaste adequado do casco em solo duro e pedregoso. Fonte:


freethumbs.dreamstime.com/54/big/free_547790.jpg.
Quando os caprinos e ovinos são criados confinados, em instalações com pisos macios ou ripados de madeira, o
crescimento dos cascos dos animais é maior e mais rápido do que o seu desgaste. É importante ressaltar que o
desgaste do casco dos animais criados a pasto com solo macio nem sempre é suficiente para assegurar as boas
condições dos cascos.

O solário com piso árido é uma boa alternativa para auxiliar no desgaste dos cascos dos animais confinados. Os
animais podem permanecer no solário durante todo o dia ou parte do dia para tomar sol, fazer exercícios e para que o
casco sofra o desgaste natural devido o atrito com o piso.

Figura 3 – Solário independente do aprisco com piso de cimento rústico


(LAPOC UFPR).
Outro ponto importante que favorece a velocidade de crescimento maior do que a de desgaste do casco de animais
confinados é que com o aumento do consumo de nutrientes, principalmente de proteína, os cascos tendem a crescer
mais rápido.

Por isso, é muito importante estar atento e realizar inspeções periódicas nos cascos dos animais para avaliar a
necessidade de casqueamento pois esse crescimento irregular e exagerado dos cascos poderá dificultar a locomoção e
o desenvolvimento de todas as atividades que exijam que o animal esteja de pé (alimentação, pastoreio, ingestão de
água, reprodução, entre outros). Além disso, quando o casco cresce muito e se deforma, o animal pode apresentar
dificuldade de apoiar o casco de forma adequada no chão, o pode provocar desvios dos eixos dos membros e,
conseqüentemente, graves defeitos nos aprumos.

Figura 4 – Casco apoiado de forma inadequada no chão devido ao seu crescimento irregular. Fonte: Daneke Club
Lamb
Além disso, o crescimento excessivo dos cascos facilita o acúmulo de matéria orgânica, umidade e fezes e cria um
ambiente favorável ao desenvolvimento de bactérias causadoras de inflamações e afecções podais (manqueiras).

Figura 5 – Acúmulo de matéria orgânica na dobra do casco devido o seu crescimento excessivo.

Mas afinal, com que freqüência devemos aparados os cascos (casquear) dos animais? A freqüência com que seus
animais irão necessitar do casqueamento irá depender das condições de manejo, do ambiente, do nível de exercício,
da velocidade de crescimento e desgaste do casco. Sugerimos que seja feita a avaliação dos cascos dos animais para
verificar a necessidade de casqueamento com intervalos não superiores a 2 ou 3 meses. Você poderá realizar essa
inspeção toda vez que manejar o seu rebanho para vacinação, desverminação, tosquia, etc. O aparo do casco deve ser
feito sempre que iniciar a formação de dobras ou de qualquer anormalidade anatômica nas unhas.

Figura 6 – Crescimento excessivo do casco e formação de dobras. Fonte: Baalands

Figura 7 – crescimento excessivo e formação de dobras no casco. Fonte: Hoof Trimming


Todas as dobras ou anormalidades anatômicas nas unhas devem ser retiradas, mas tome muito cuidado para não
cortar em excesso e sangrar!

Figura 8 – Casqueamento incorreto: as lesões provocadas durante o casqueamento além de dolorosas podem
comprometer a locomoção do animal e abrir portas para a entrada de bactérias. Fonte: Hoof Trimming

No final, as unhas devem estar simétricas e o mais próximo possível da normalidade anatômica.

Figura 9 – Aspecto do casco do animal da Figura 7 após o casqueamento. Fonte: Hoof Trimming
Atenção: quando o crescimento ou deformação do casco for muito grande, a correção deve ser feita em etapas,
aparando os excessos semanalmente até que o casco fique perfeito.

Você também pode gostar