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Sumário

Resumo ..................................................................................................................... 1
Introdução .................................................................................................................. 1
1. Correntes de pensamento ...................................................................................... 2
1.1. O humanismo ................................................................................................... 2
1.2. O existencialismo ............................................................................................. 3
1.3. A fenomenologia .............................................................................................. 4
1.4. A psicanálise .................................................................................................... 5
1.5. A análise reicheana do caráter ......................................................................... 6
1.6. A Psicologia da Gestalt .................................................................................... 7
1.7. A teoria de campo de Lewin ............................................................................. 8
1.8. A teoria organísmica de Goldstein.................................................................... 9
1.9. Taoísmo ......................................................................................................... 10
1.10. O Zen-Budismo ............................................................................................ 11
2. A concepção de homem da Gestalt-Terapia ........................................................ 12
3. As implicações da concepção de homem no processo psicoterápico .................. 18
Conclusão ................................................................................................................ 20
Referências bibliográficas ........................................................................................ 21
1

A CONCEPÇÃO DE HOMEM EM GESTALT-TERAPIA E


SUAS IMPLICAÇÕES NO PROCESSO PSICOTERÁPICO

RESUMO

Esta investigação consiste no desvendamento da concepção de homem implí-


cita na Gestalt-terapia e de suas implicações no processo psicoterápico. Toda e
qualquer forma de psicoterapia possui ou assume uma teoria de homem. Tal con-
cepção orienta e delimita o trabalho psicoterápico em todas as suas fases, desde
sua formulação teórica até sua prática efetiva. Contudo tal direção raras vezes é ex-
pressa.

A Gestalt-terapia localiza-se como uma prática psicoterápica no ponto de inter-


cessão de várias correntes de pensamento. Recebe influências do Humanismo, E-
xistencialismo, Fenomenologia, Psicanálise, Psicologia da Gestalt, Teoria de Campo,
Teoria Organísmica, Teoria Reicheana, Taoísmo e do Zen-Budismo. Compreender
qual a resultante do somatório de contribuições tão distintas é o objetivo deste traba-
lho. A natureza desta investigação é de característica teórica. Ela consiste no levan-
tamento, organização e avaliação dos conceitos relacionados à concepção de ho-
mem extraídos da obra de Fritz Perls, dos artigos publicados nos últimos cinco anos
no The Gestalt Journal e na bibliografia especializada publicada em português.

Os resultados indicam que para a Gestalt-terapia: o homem é um ser digno de


confiança, isto é, é responsável por si mesmo pois se escolhe ser o que é, é uma
totalidade que pode ser integrada, voltado para a consciência, auto-regulado, em
permanente energia de auto-realização e presentificação e em busca de dar um sen-
tido às suas percepções, às suas experiências, à sua existência. As implicações
desta concepção são também examinadas.

INTRODUÇÃO

Toda e qualquer forma de psicoterapia possui ou assume uma teoria do ho-


mem, quer de forma explícita quer implicitamente. Tal concepção orienta e delimita o
trabalho psicoterápico em todas as suas fases e dimensões, desde sua formulação e
construção teórica, passando pelo modo como se realizam suas investigações e
pesquisas, como é ministrada e supervisionada, pelo modo como se realizam, até
como são suas práticas, técnicas, etc.

A Gestalt-terapia, a nosso ver, localiza-se como uma filosofia de vida e como


uma prática psicoterápica (entre outras práticas possíveis, como a pedagógica, por
exemplo) no ponto de interseção de várias correntes de pensamento. Podemos lis-
tar, como fontes de influências marcantes na Gestalt-terapia, pelo menos dez destas
correntes: o Humanismo, o Existencialismo, a Fenomenologia, a Psicanálise de
Freud, a Análise Reicheana do Caráter, a Teoria Acadêmica da Gestalt, a Teoria
Organísmica de Goldstein, a Teoria de Campo de Lewin, o Taoísmo e o Zen-
budismo.
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Tais correntes de pensamento tão diversas provavelmente também possuem


ou assumem concepções de homem diversas ou quiçá antagônicas entre si. Será
possível a uma forma de fazer terapia, como a Gestalt-terapia, a harmonização de
tais correntes sem mudar-lhes o sentido, encontrando um fio condutor que as unifi-
que? Ou as reúne como uma Torre de Babel a demandar esforços para por fim a
confusão?

Refletir um pouco sobre tais questões é o escopo deste trabalho. Para tanto i-
remos sumariamente resenhar tais correntes de pensamento (não temos a preten-
são de aqui, neste trabalho, nos aprofundarmos no estudo das dez correntes de
pensamento listadas, quer pelo ingente esforço que seria necessário, quer pela nos-
sa impossibilidade de realizá-lo) e em seguida propor respostas para as questões
ensejadas no parágrafo anterior.

Como referências básicas utilizaremos as obras de Frederick Perls que julga-


mos caracterizar o seu pensamento enquanto gestalt-terapeuta: Gestalt-therapy ex-
citement of the human personality (1951), Gestalt-terapia explicada (1977), Escara-
funchando Fritz – dentro e fora da lata do lixo (1979), A abordagem gestáltica e tes-
temunha ocular da terapia (1981). Utilizaremos também os artigos pertinentes publi-
cados nos últimos cinco anos no The Gestalt Journal do New York Gestalt Institute e
como referências complementares os textos especializados publicados em portu-
guês.

1. CORRENTES DE PENSAMENTO

1.1. O humanismo

ou “o homem demasiadamente humano”

O Humanismo é uma concepção do mundo e da existência, cuja questão cen-


tral é o homem. O mundo só tem sentido se caminhar com o homem, o qual só pode
ser pensado a partir do homem. Para Maritain (1962), o humanismo “tende a tornar o
homem mais verdadeiramente humano, e manifestar sua original grandeza através
de sua participação em tudo aquilo que possa”, para que “o homem desenvolva as
virtualidades contidas em si mesmo, suas forças criadoras e a vida da razão, e tra-
balhar no sentido de fazer das forças do mundo físico, instrumento de sua liberda-
de”. (op. cit.)

Contudo parece necessário cautela acerca do que nos diz Maritain, pois, se por
um lado ele enfatiza a ação do homem, ou seja, seu ser-no-mundo, por outro lado
ele fala de uma grandeza original. O que implica em um humanismo, paradoxalmen-
te, além do homem.

O exame da literatura nos mostra a existência de mais de um tipo de humanis-


mo. Para Sartre (1978), há dois tipos de humanismo. Um deles é uma teoria que
toma o homem como um fim e um valor superior.
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Isso implicaria que poderíamos dar um valor ao homem segundo os atos de


certos homens o que, para ele, seria um absurdo. Outro entendimento de humanis-
mo é o que toma o homem como fim porque ele está sempre por se fazer, que re-
corda ao homem que não há outro legislador além dele próprio.

Parece haver, no tocante ao humanismo, duas facetas diversas. Uma de valo-


rização do homem, de seu ser-no-mundo; outra de idealização do homem, de sua
transcendência, ou, de como deveria ser seu vir-a-ser.

Assim, quando Maritain fala de grandeza original, está falando de algo além do
homem, ou de um humanismo que pressupõe um homem ideal e um ser transcen-
dental, e quando Sartre fala que não há outro legislador além do homem, está falan-
do da valorização do homem e de seu ser no mundo, aqui e agora. Dessa forma o
Humanismo assume uma concepção de homem em que o mesmo parece situar-se
em um contínuo de engrandecimento, que vai desde a sua valorização até a sua
idealização.

1.2. O existencialismo

ou “o homem exageradamente responsável”

Não existe um Existencialismo, mas diversos. Talvez tantos quanto o número


de homens que se detiveram em refletir sobre a existência humana. Entretanto pare-
ce-nos possível e adequado agrupar tais concepções da existência tomando Deus
como o divisor: o existencialismo da natureza humana e o existencialismo ateu. O
existencialismo teísta basicamente concebe o homem como um projeto de Deus. A
existência deste homem em que pese o livre arbítrio, é concebida e delimitada no
bojo do conceito de homem que já existe na mente de Deus. Sua essência, concebi-
da por Deus, precede sua existência. Para Kierkegaard (1979) o homem evolui para
uma existência autêntica ao poder galgar os estágios da carne, da razão e da fé;
essa é sua liberdade e seu destino. Em síntese, o existencialismo teísta afirma que a
existência do homem, concebida por Deus, é no sentido da evolução, em direção à
transcendência, em direção ao próprio Deus. Livre arbítrio ou liberdade arbitrada?

Alguns filósofos do século XVIII – Diderot, Voltaire, Kant, entre outros, tentaram
eliminar a existência de Deus, mas ainda assim continuaram a conceber o homem
como sendo determinado através da noção da natureza humana. Dessa forma, os
homens de qualquer cultura e de todos os lugares e épocas estariam unidos por um
substrato comum. O homem seria um exemplo particular de um conceito universal.
Dessa maneira a idéia de que o homem é a realização de um projeto continua; per-
manece a idéia de que a essência precede a existência. Posição inversa assume o
existencialismo ateu. Segundo ele, no início, o homem não é nada e posteriormente
será aquilo que se fizer de si mesmo. Não existe natureza humana por que não há
um Deus para concebê-la.

O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo: esse é o primei-
ro princípio do existencialismo ateu. Embutido neste princípio, está o conceito de
subjetividade.
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Este termo deve ser entendido como a afirmação de que a dignidade do ho-
mem é maior que a do objeto, porque ele nada mais é do que aquilo que se projeta
num futuro. O homem é um projeto que vive a si mesmo subjetivamente, ao contrário
dos objetos. Sendo assim, para o existencialismo ateu o homem é responsável pelo
que é.

O primeiro esforço do existencialismo é colocar todo homem na posse do que


ele é, e submetê-lo à responsabilidade total de sua existência. Assim, o homem não
é responsável apenas pela sua individualidade, mas é responsável por todos os ho-
mens.

Escolhendo-se, escolhe todos os homens. Quando criamos o homem que que-


remos ser, criamos uma imagem de homem tal como julgamos que deva ser. Esco-
lher significa atribuir um valor, assim crio a imagem do homem escolhido por mim.
Estas três visões do existencialismo colocam em realce as intrincadas questões da
liberdade, da responsabilidade e da escolha. De um lado o existencialismo teísta e o
da natureza humana de certa forma “cerceando” tais características, de outro lado o
existencialismo ateu exacerbando-as ao extremo.

O existencialismo teísta, assim como o existencialismo da natureza humana


(só que em menor grau) parecem conceber o homem como o desígnio de forças que
lhe são estranhas e o existencialismo ateu parece conceber o homem como um ser
extremamente responsável e único senhor de si mesmo.

Há um projeto de mim (feito por outro) ou uma natureza em mim que me dire-
ciona? Ou eu respondo por todas as escolhas e me faço a mim mesmo? O que pen-
sa acerca disto um psicoterapeuta? Como concebe a existência um gestalt-
terapeuta?

1.3. A fenomenologia

ou “o homem sem juízo”

A Fenomenologia surgiu como uma contestação ao método experimental. O


ponto de partida de Husserl (1980) é a crítica às teorias científicas, particularmente
as de inspiração positiva, apegadas à objetividade, à crença de que a realidade se
reduz àquilo que percebemos pelos sentidos e à noção de que o cientista e o objeto
que pretende conhecer são completamente separados e independentes.

Husserl nega a existência tanto do sujeito como do mundo, como puros e inde-
pendentes um do outro. Afirma que o homem é um ser consciente e que a consciên-
cia é sempre intencional, ou seja, ela não existe independentemente do objeto: “toda
consciência é consciência de alguma coisa”. Quer isso dizer que todos os atos psí-
quicos, tudo que se passa em nossa mente, visa um objeto, logo, não ocorre no va-
zio.

Fenomenologia gera-se de duas expressões gregas, phainomenon e logos.


Phainomenon (fenômeno) significa aquilo que se mostra por si mesmo, o manifesto.
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Logos é tomado como discurso esclarecedor a respeito daquilo que se mostra


por si mesmo. Para tanto se faz necessário “ir a coisa mesma”. Para que se possa
chegar a isso, Husserl propõe que o indivíduo suspenda todo o juízo sobre os obje-
tos que o cercam. Que nada afirme nem negue sobre as coisas, adotando uma es-
pécie de abandono do mundo e recolhimento dentro de si mesmo. Tal atitude, de-
nominada redução fenomenológica ou “epoquê”, leva-nos a um tipo particular de
conhecimento, em oposição ao conhecimento objetivo, o categorial.

A percepção categorial é imediata, espontânea, pré-reflexiva, própria da vida


cotidiana, do viver imediato – nela não há separação entre sujeito e objeto e este é
captado na sua totalidade por intuição – é a percepção própria das ciências do ho-
mem.

A concepção do homem subjacente à abordagem fenomenológica de Husserl é


a de que o homem é um ser-em-relação-com-o-mundo. Que só assim ele pode ser
entendido e ao mesmo tempo entender o mundo. Esta concepção de homem implica
também em um radical abandono da intelecção em favor da intuição, pois só esta é
capaz de captar a totalidade de uma vivência humana.

E a Gestalt-terapia, também faz uma opção pela intuição e pelo ser-em rela-
ção?

1.4. A psicanálise

ou “o homem dividido e rasurado”

A relação profunda e extensa de Fritz Perls com a Psicanálise, somada às for-


mulações próprias de Perls acerca de temáticas originalmente do universo psicanalí-
tico (Perls, 1969) e às críticas dele ao pensamento e práticas freudianas, intermedi-
am intensamente as influências do tipo “não deve ser assim” do que de aquisições
para o campo da Gestalt-Terapia.

A visão crítica “Perlsiana” da Psicanálise compreende, segundo Burow e S-


cherff (1985) sete pontos fundamentais:

1) Princípio da Causalidade X Pensamento Diferenciador – Enquanto o princí-


pio da causalidade constitui-se em uma procura unilateral das origens do comporta-
mento conturbado e do por que desse comportamento, Perls propôs através do pen-
samento por contrários ou diferenciador tentar evitar a unilateralidade e chegar a
uma descrição apropriada de seu objeto.

2) Psicologia Associacionista X Gestalt Psicologia – Perls considerava como


isolacionista e inadequada ao objeto, a psicologia associacionista, base da Psicaná-
lise, e contrapôs-se a isso com sua definição de campo.

3) Conceito Isolacionista X Imagem Humana Global – Perls afirmava que a psi-


canálise trata de realidades psíquicas como se elas existissem isoladas do organis-
mo, como se não houvesse uma unidade de Corpo, Alma e Espírito.
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4) Conceito de Pulsão X Conceito de Homeostase – O termo pulsão é geral e


designa complexos acontecimentos no organismo. Segundo Perls através da pertur-
bação do equilíbrio orgânico é que se originam as necessidades e as pulsões.

5) Críticas à Teoria da Libido – Perls achava que Freud superestimou a equiva-


lência da libido (energia específica que agia sobre o comportamento) com a sexuali-
dade e a sua retenção, na explicação de distúrbios psíquicos. Para Perls existiam
outras funções que desempenhavam papel maior (fome, funções do ego, etc.)

6) Orientação voltada ao Passado X Princípio do Aqui-e-Agora – Ocupar-se do


comportamento fora do presente, buscando conscientização de impulsos reprimidos
nas experiências infantis primárias, é para Perls, perda de tempo.

7) Técnica da Associação Livre X Terapia de Concentração – A associação li-


vre em busca do passado leva a um vaguear desorganizado e sem coerência. Con-
trapõe-se a isso com a concentração sobre o presente, o sintoma e a relação cliente-
terapeuta.

No tocante à visão de homem, o que há também é uma idéia de ruptura. De


acordo com Ribeiro (1985) “O que, entretanto, mais distingue Perls de Freud é a vi-
são do homem e do mundo apresentada pela teoria de ambos. A visão gestáltica é
uma visão humanística, existencial e fenomenológica, ao passo que a visão freudia-
na é uma visão mecanicista, biológica e psicodinâmica”. Dessa forma a Gestalt-
terapia como que “abandonou” a visão de homem oriunda da Psicanálise, conforme
esta era entendida por Perls. Mas, paradoxalmente, o ato de abandonar, ou de ne-
gar, traz influências. Ao negar o homem como um ser dividido, fendido; o que se as-
sume em seu lugar? Será o homem inteiro? É possível estar consciente de todo o
seu ser?

1.5. A análise reicheana do caráter

ou “o homem moldado pela sociedade”

Segundo Ribeiro (1985) “toda a obra de Reich é um apelo constante a uma


volta ao corpo, a uma compreensão cada vez maior da bioenergia das emoções (or-
ganobiofísica), a uma visão mais ampla e aberta da sexualidade, a uma compreen-
são do corpo como uma totalidade e como uma história escrita e reescrita dos mo-
mentos mais importantes da existência”.

Há entre o pensamento de Reich e a Gestalt-terapia ”um espírito comum no


que se refere ao homem, no que se refere ao corpo, no que se refere a uma postura
existencial mais solta” (Ribeiro – 1985). Como exemplo pode-se citar: a convicção de
que as lembranças devem ser acompanhadas dos afetos ligados a estas lembran-
ças; que o corpo deve estar presente no ato psicoterapêutico; que o trabalho tera-
pêutico pode ser desenvolvido através do uso da frustração; a valorização da forma
das comunicações do cliente em detrimento do conteúdo das mesmas; a crítica ao
uso abusivo das técnicas psicoterápicas.
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Para Polster e Polster (1979), Reich descreveu a formação da couraça corporal


como sendo o resíduo habitual do ato habitual de repressão, que para ele consistia
simplesmente na contração seletiva dos músculos.

A terapia era então devotada ao afrouxamento desta rigidez corporal restritiva,


de forma a liberar a excitação para o comportamento natural que o indivíduo havia
enterrado. Esta foi uma perspectiva surpreendentemente simples do homem, que
iluminou os aspectos básicos e simples do comportamento: a sensação, o orgasmo,
e a riqueza da expressão imediata e não distorcida.

De acordo com Tellengen (1984), Perls reteve fortes influências da primeira


fase de Reich; contudo dele também diverge em aspectos fundamentais. Por exem-
plo, para Reich o restabelecimento da função orgástica é o foco principal da terapia;
para Perls o resultado desejado do processo terapêutico coloca-se em termos de
auto-regulação, qualidade de contato e capacidade de ajustamento criativo.

Para Reich a sociedade molda o caráter e a personalidade do homem. O cará-


ter, como diz Reich (citado por Ribeiro, 1985), reproduz a ideologia social em massa
e, reflete sua própria supressão na negação da vida. Será que de fato o homem é
moldado pela sociedade? Não é ele quem constrói a sociedade? Será que o resulta-
do das inibições e repressões se materializa de forma simples nas couraças? É o
homem tão simples e singelo assim?

1.6. A Psicologia da Gestalt

ou “o homem em configuração”

Em oposição ao associacionismo e ao behaviorismo radical surgiu uma manei-


ra de “ver” os fenômenos humanos bastante singular. Capitaneadas por Max Wer-
theimer (1954), Wolfgang Kohler (1980) e Kurt Koffka (1982) uma série de investiga-
ções relacionadas com o estudo da percepção, da aprendizagem e da solução de
problemas foram realizadas. O resultado do conjunto destas investigações possibili-
tou a construção de uma teoria psicológica denominada Psicologia da Gestalt.

A Psicologia da Gestalt, como a própria nomenclatura em alemão sugere (for-


ma, configuração, reunião das partes de determinada forma e que a partir da qual
gera-se um todo que se distingue do somatório das partes) propõe que a aprendiza-
gem, por exemplo, não pode ser entendida como uma aquisição de conhecimentos
devidos a ensaio e erro sobre uma situação específica. Advoga, ao contrário, que tal
aquisição se faz pela percepção do campo visto como um todo. Isto nos conduz a
uma súbita alteração do campo perceptual e nos coloca em contato com uma série
de comportamentos novos.

Os teóricos da Gestalt, insistindo no estuda da percepção, propuseram uma


série de princípios que a regem, tais como: proximidade, similaridade, direção, dis-
posição objetiva, destino comum e pragnaz.
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Também como conceitos básicos destacam-se: o todo e a parte (onde ressalta-


se a concepção estruturalista desta escola – o problema para o gestaltista não é
como o dado é solucionado, mas como é estruturado), figura e fundo (do todo uma
parte emerge e transforma-se em figura, ficando o restante indiferenciado ou num
fundo) e aqui e agora (a experiência passada da percepção de um objeto ou forma
tem menor influência na visão de um objeto que se está vendo aqui e agora do que
a experiência da percepção aqui e agora).

Subjacente a estes e a outros conceitos oriundos da Psicologia da Gestalt está


a diferença entre a realidade psíquica (o que eu percebo) e a realidade objetiva (o
mundo das coisas) e a impossibilidade de compreender o homem sem uma visão
holística do mesmo, que agrupe numa Gestalt (numa configuração) as partes deste
homem bem como sua relação com os outros homens e com a natureza.

1.7. A teoria de campo de Lewin

ou “o homem função do meio e da energia”

Para Kurt Lewin (1973) a Teoria de Campo é um conjunto de conceitos por


meio dos quais se pode representar a realidade psicológica. Estes conceitos devem
ser bastante amplos para serem aplicáveis a todas as formas de comportamento e,
ao mesmo tempo, bastante específicos para representarem uma pessoa definida em
sua situação concreta.

As características principais da Teoria de Campo de Lewin podem ser assim


resumidas:

1) o comportamento é função do campo que existe no momento em que ele


ocorre;

2) a análise começa com a situação como um todo, e da qual são diferenciadas


as partes concretas;

3) a pessoa concreta, em uma situação concreta, pode ser representada ma-


tematicamente.

Por outro lado, Lewin fala também do princípio de concreção que afirma que só
os fatos concretos no espaço vital podem produzir efeitos e do princípio de contem-
poraneidade, segundo o qual só os fatos presentes podem criar um comportamento
atual. Além das noções (força presente no ser humano localizada em algum siste-
ma), tensão (estado alterado de uma região com relação a outra região), necessida-
de (que surge sempre que uma tensão ou energia se diferencia em uma determina-
da região), valência (valor que se dá a necessidade) e vetor (força que pode operar
mudança e que possui direção, energia e ponto de aplicação).

A visão Lewiniana de homem é de que o mesmo é produto do meio (campo)


presente e da energia que possui em determinado momento.
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Esta visão, que muito distante está das posturas idealistas, aproxima-se bas-
tante da visão do mundo comportamentalista e materialista.

Será o homem função de algumas poucas variáveis? É este o homem que re-
cebemos nos consultórios?

1.8. A teoria organísmica de Goldstein

ou “o homem, este ser regulado”

Estudioso da neurologia, Goldstein (1939) chegou à conclusão de que um sin-


toma não podia ser considerado ou compreendido a partir apenas de uma lesão or-
gânica, senão a partir da consideração do organismo-como-um-todo. “O organismo é
uma só unidade, o que ocorre em uma parte, afeta o todo”.

Uma Teoria Organísmica assume que:

1) a pessoa é una, integrada e consistente;

2) o organismo é um sistema organizado, com o todo diferenciado em suas


partes;

3) o homem possui um impulso dominante de auto-regulação pelo qual é per-


manentemente motivado;

4) o homem tem dentro dele as potencialidades que regulam seu próprio cres-
cimento, embora possa e receba influências positivas de crescimento do meio exte-
rior, as quais ele seleciona e utiliza;

5) a utilização dos princípios da Psicologia da Gestalt, enquanto funções isola-


das, como percepção e aprendizagem, ajudam na compreensão do organismo total;

6) se pode aprender mais em um estudo compreensivo da pessoa do que em


uma investigação exclusiva de uma função psicológica isolada e abstrata de muitos
indivíduos.

Goldstein, além dos conceitos estruturais de figura e fundo (onde distingue figu-
ra natural como aquela em que existe um comportamento ordenado, flexível e apro-
priado para a situação de figura não-natural como aquela que se apresenta isolada
do organismo total), apresenta alguns outros como: realização (atividades voluntá-
rias e conscientes), atitudes (sentimentos e outras experiências internas) e proces-
sos (funções orgânicas experimentadas indiretamente).

Os principais conceitos dinâmicos de Goldstein são os de:

equalização e centragem do organismo: processo de-re-distribuição de energia


pelo organismo, que o leva a um estado de tensão normal;
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auto-realização: é o motivo único do organismo, ou seja, é o princípio orgânico


pelo qual o organismo se desenvolve plenamente;

“por-se de acordo” (composição) com o ambiente: harmonização do organismo


compondo-se com o ambiente e a partir daí, num segundo momento, sobreposição
aos problemas que surgem a partir do contato com o mundo.

Para Goldstein o ser humano é regulado e tende ao equilíbrio. Realiza-se in-


tensamente atendendo às suas necessidades. Para tanto compõe-se com o ambien-
te e/ou redistribui intensamente sua energia pelo organismo.

É este o homem uno e integrado. Serão os homens assim mesmo? Parece que
em maior número não são assim. Se não são, será a maioria de nós desintegrada
e/ou desorganizada? É suficiente a noção de patologia para explicar todos os sofri-
mentos e dores que vemos pelo mundo afora?

1.9. Taoísmo

ou “o homem em unidade com todas as coisas”

O Taoísmo, com suas raízes provenientes da cultura chinesa, é baseado no


Tao, a causa primeira e fundamental de tudo. O Tao é invisível, ainda que através
dele se manifeste o mundo; sem forma, ainda que permeie todas as formas. É como
um grande rio cósmico que flui através de todas as coisas. “É o caminho, a verdade
e a meta. É a integração dinâmica do Yin e Yang, do positivo e negativo, do macho e
fêmea. É a mãe de todas as coisas” (Lao Tse, 1990).

Segundo Gagarin (1977) os escritores taoístas Lao Tse e Chuang Tse descre-
veram o homem perfeito como o sábio que aprende a fluir com o Tao. Ele é liberto
do Ego e um com o mundo. Com paz total e harmonia, ele não empurra, mas deixa a
onda cósmica levá-lo.

No livro do caminho perfeito, de Lao Tse (op. cit. pág. 13) o sábio percebe que:

“O céu e a terra são imperecíveis


Se são imperecíveis é porque não dão vida a si mesmos.
E sendo assim, tem longa duração.
Por isso o sábio coloca-se no último lugar
E chega na frente de todos
Quando esquece suas finalidades egoístas
Conquista a perfeição que nunca buscou”.

O sábio ensina pelo exemplo. O seu presente ao mundo é o Tao, e a paz que
ele traz por estar nele. Chuang Tse e Lao Tse deram várias instruções sobre como
viver, mas ambos reconheceram a mudança mais importante como a interna, como
uma questão de consciência.
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“Quando um letrado da mais alta classe ouve falar do Tao, ele o se-
gue com zelo. Quando um letrado médio ouve falar da Tao, em cer-
tos momentos o segue, em outros perde-o. Quando os letrados da
mais baixa classe ouvem falar de Tao, riem-se dele. Mesmo que não
se riam isso não significa que o sigam. Há uma tradição antiga que
diz: O Tao iluminado para muitos é obscuro” (Lao Tse, op. cit. pág.
78).

A concepção de homem subjacente ao taoísmo é a de um ser que para se rea-


lizar deve torna-se integrado, isto é, suas forças conflitantes devem ser trazidas a
balanço e harmonia. Assim ele passa a ser centrado, o que resulta em um estado
espiritual de esclarecimento: a unidade com todas as coisas para qual o homem flui
com o Tao.

Será esta concepção, que propõe um devir ao homem, compatível com a Ges-
talt-terapia?

1.10. O Zen-Budismo

ou “o homem, este ser despojadamente a caminho da iluminação”

Falar sobre o Zen é coisa difícil, senão impossível. Allan Watti em Meaning of
Happinen (citado por Azevedo, M. N. in Suzuki, 1969), para falar do Zen, metafori-
camente referia-se a alguém que, querendo examinar o vendo, prendia-o em uma
caixa, e o que tinha não era mais vento e sim ar estagnado. Para os Zen-Budistas o
Zen não se explica, pois é alógico, mas pode ser percebido (há o Zen, mas não há
mestres Zen).

O Zen, ou doutrina do coração de Buda, foi introduzido na China pelo monge


Bodhidharma, um dos grandes reformadores do budismo tradicional. Possui três es-
colas principais: Soto, Rinzai e Obaku.

As escolas Soto e Obaku enfatizam a meditação ou o Zen sentado: “Para pros-


seguir no caminho a coisa mais importante é o sentar-zazen” (Dodgen, retirado do
Shoto Genzo Zuimanki, e citado por Suzuki, 1969). Enquanto isto a escola Rinzai
enfatiza o Koan.

O Koan é uma frase oferecida a cada discípulo, de acordo com a sua natureza.
Essa frase é, muitas vezes alógica ou até rizível. Exemplo: quando batemos com
uma mão de encontro com a outra ouvimos um som. Qual é o som produzido por
uma só? Os Koans contudo não são apenas enigmas ou observações misteriosas.
Objetivam “ativar a circulação espiritual”, isto é, impulsionar o discípulo até o limite
último a fim de obter os segredos da mente.

O Zen, como uma técnica de descondicionamento para vencer a inércia, adota


os seguintes recursos: paradoxo, ultrapassagem dos opostos, contradição, afirma-
ção e repetição.
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“Um monge perguntou à Joshu: “o que direis se eu chegasse até vós sem nada
trazer?” Joshu respondeu: arremessai ao chão. Protestou o monge. Disse que não
tinha nada, como poderia então por no chão? “Neste caso, levai-o”, foi a resposta de
Joshu (op. cit. Pág. 76).

O objetivo último da disciplina Zen é a aquisição do satori, isto é, a adoção de


um novo ponto de vista para olhar a essência das coisas. Não consiste em produzir
uma certa condição pré-determinada, por pensar-se intensamente nela, mas sim
adquirir um novo ponto de vista ao olhar para as coisas. “Pouco adianta falar, muito
menos escrever. Os pássaros cantam e o sol surge diariamente, sem explicações.
Assim deve ser em todas as coisas”. Simplesmente.

A concepção de homem implícita no Zen é a de um ser em busca de ilumina-


ção. É a de alguém que precisa aprender ou reaprender a lidar com si e com o mun-
do de uma forma mais plena e total. Para que possa de fato, ser e encontrar a si
mesmo e ao mundo mesmo, pois a lua entranha-se nas profundezas do lago sem
deixar marcas na água.

A busca da iluminação consiste em, simplesmente, viver a vida com a consci-


ência do momento presente, com a consciência do aqui e agora.

Um discípulo, impaciente pela iluminação, mais uma vez pergunta ao mestre,


nesta ocasião na hora da refeição noturna: Mestre qual o caminho da iluminação? O
mestre olhou e perguntou ao discípulo: Já acabou de tomar sua sopa? O discípulo
disse sim e o mestre completou: então vá lavar sua louça. Ao que o discípulo saiu
irritado e sem compreender. Nesta ocasião o discípulo não entendeu que o mestre
lhe havia respondido, de maneira mais natural, sua questão. De fato, para os Zen-
budistas, o caminho da iluminação é viver o seu aqui e agora.

2. A CONCEPÇÃO DE HOMEM DA GESTALT-TERAPIA

A concepção de homem em Gestalt-Terapia não transparece de modo claro,


nítido e de fácil identificação. Ela ainda não foi tornada explícita e assumida consci-
entemente por seus praticantes. O exame da literatura pertinente revela praticamen-
te a inexistência de trabalhos sobre o tema e nem mesmo de temas correlatos. As-
sim, por exemplo, em todos os volumes dos últimos cinco anos do The Gestalt Jour-
nal não há referências sobre a temática em apreço. E frise-se que o The Gestalt
Journal, é a publicação periódica mais significativa no campo de Gestalt Terapia,
sendo editado por um dos institutos de Gestalt mais atuantes em pesquisas e aplica-
ções: o New York Gestalt Institute.

Da mesma forma, tampouco Fritz Perls, o formulador original da Gestalt Tera-


pia, ocupou-se deste assunto. Em toda a sua obra há apenas duas referências ao
tema dignas de nota. No seu livro Gestalt Therapy, no capítulo VI item 1, ele faz refe-
rência à natureza humana onde afirma”... a natureza humana é uma potencialidade.
Só pode ser conhecida da maneira como foi realizada nos feitos e na história, e de
maneira como cria a si própria hoje”.
13

Outra referência é no livro Gestalt Terapia explicada à página 33, Fritz critica as
concepções existencialistas que, desejando se libertar dos conceitos e trabalhar com
o princípio de presentificação, precisam no entanto de apoio de outro lugar.

Em nenhum outro livro acerca da Gestalt Terapia publicado no Brasil, (vide bi-
bliografia) há referência ao tema. Contudo esta ausência de referência na literatura
não nos indica uma menor importância ao tema, nem sua irrelevância. Ao contrário,
evidencia a necessidade de, no campo desta abordagem psicoterápica, um incre-
mento na realização de pesquisas que possam discernir seus pressupostos filosófi-
cos, sistematizar sua teoria e aprofundar sua prática. A presente investigação busca
configurar-se como uma contribuição, embora pequena, nesta linha.

Ao se buscar a concepção de homem implícita em uma posição teórica, embo-


ra óbvio, julgo necessário frisar que é imperioso manter-se rigorosamente fiel aos
conceitos teóricos assumidos pela abordagem, assim como a seus princípios filosó-
ficos.

Examinemos pois criticamente cada uma das correntes que influenciaram a


Gestalt terapia no que se refere à concepção de homem:

O Humanismo congruente com a Gestalt-terapia é o da valorização do homem


e não o de sua idealização. Em Gestalt-Terapia, assim como no Humanismo, a
questão central é o homem. Exatamente por se assim, parece-nos incoerente ao
homem e à sua humanidade a postura de idealização do homem, que, inexoravel-
mente, leva a uma idéia de transcendência do homem, a uma idéia de divindade, e,
mais do que isso, a um modelo de como deveria ser o homem. Assim, o humanismo
idealista assume uma visão apriorística do homem (pré-conceito), o que acabará por
não permitir que o homem se desvele tal qual ele é. Quando temos “a priori” o ho-
mem não tem opção, ele revela o que queremos ver.

O Existencialismo consentâneo com a Gestalt-terapia é o existencialismo ateu.


Não porque seja necessário à Gestalt-Terapia e para sua congruência teórica e filo-
sófica a inexistência de Deus. Deus pode continuar existindo, desde que com a idéia
subjacente de genuíno e verdadeiro livre arbítrio.

A questão central é a da liberdade, da responsabilidade, e da escolha humana.


Não é compatível com os conceitos básicos da Gestalt-Terapia uma concepção de
homem em que o mesmo seja privado de sua liberdade, eximido de sua responsabi-
lidade e subtraído de suas escolhas. O existencialismo teísta e o de natureza huma-
na, em maior ou menor medida, encarnam tal posição, pois ao falarem de Deus ou
de uma natureza do homem, indicam que o homem, no seu ser-no-mundo, é condu-
zido até certo ponto por tais forças. Sua liberdade e responsabilidade são arbitradas
por estas forças (Deus e natureza humana), que possuem um projeto de homem ou
um destino para o homem.

Já o existencialismo ateu, de modo radical, não assume tal “apriori” sobre o


homem. O homem é o que faz de si mesmo. Mesmo que não saiba disso, mesmo
que não queira as coisas assim.
14

Tal responsabilidade (response ability – resposta de aptidão) não deve ser con-
fundida com culpa mas sim com a capacidade de ser, de gerir a própria vida. Para-
doxalmente esta “exagerada” responsabilidade é um a priori; um a priori de que o
homem é mesmo o homem.

A fenomenologia de Husserl e a Gestalt-terapia possuem profundas e extensas


fontes de concordância. Ambas objetivam a observação, descrição, análise e aceita-
ção da relação entre organismo e ambiente, e ambas compreendem que o homem
tem sentido no contexto que o cria e que ele recria.

A concepção do homem como ser-em-relação-no-mundo é congruente com a


noção de Gestalt onde figura e fundo são interdependentes e onde um não pode ser
entendido sem o outro.

O aforisma de Perls “perca a cabeça e chegue aos sentidos” é enunciado no


contexto da Gestalt-Terapia como uma forma de suspensão do juízo em busca da
compreensão categorial. A Gestalt-Terapia e a Fenomenologia valorizam a experi-
ência de per si, assim como as manifestações de uma pessoa quer sejam verbais,
corporais, oníricas, etc. Gestaltistas e fenomenólogos objetivam não apenas enten-
der a palavra mas sobretudo captar o sentimento. A compreensão que ambas as
disciplinas possuem do homem é basicamente semelhante, quase idêntica.

A psicanálise de Freud e a Gestalt-Terapia de Perls não guardam identidade no


tocante a concepção de homem que possuem. A Gestalt-Terapia assume o homem
como um ser passível de tornar-se integrado pela reunião, tanto das partes com
quais ele se identifica, quanto das quais ele se aliena. Não há o constructo do in-
consciente, mas sim a idéia do não percebido, isto é, o fundo de uma figura e que
pode se tornar acessível através da obtenção de awareness. Não há um ser predo-
minantemente motivado pela libido, mas pela auto-realização, entre ouras diferen-
ças.

Além da ausência de pontos em comum entre a psicanálise e a Gestalt-


Terapia, no que tange à concepção de homem, pode-se afirmar mais. Tais aborda-
gens são díspares e muitas vezes antagônicas em suas assertivas sobre o homem.
Suas posições são algumas vezes excludentes, e pode-se mesmo intuir, que não é o
mesmo, o homem que ambas estudam.

As idéias de Reich, extensas e densas, percorrem uma trajetória de grande


transformação. Apenas parte de sua obra guarda correlação com a Gestalt-Terapia,
particularmente os trabalhos sobre a análise do caráter.

Ao se comparar a concepção de homem de ambas as abordagens encontra-


mos tanto pontos de concordância quanto pontos divergentes. Ambas concordam no
entendimento do corpo como uma totalidade e como um mapa da história de um
homem em particular. Ambas assumem uma visão mais ampla e aberta da sexuali-
dade e buscam a compreensão da bioenergia das emoções. Discordam, todavia,
acerca da influência da sociedade sobre o homem, entre outras diferenças.
15

Enquanto a Gestalt-terapia, em sua visão holística, busca mostrar a falácia da


dicotomia organismo-cultura, valorizando ambas as influências que são entendidas
como pólos de um campo, a visão reicheana neste particular parece enxergar uma
prevalência do social sobre o organismo.

Outra divergência refere-se aos pressupostos sobre a capacidade do homem.


Enquanto a Gestalt-terapia assume a crença de que o homem é capaz, de que o ser
humano é um organismo digno de confiança e de que a integração é possível, a
concepção reicheana deste potencial humano encontra-se permeada por um pessi-
mismo e ceticismo, provavelmente herança do universo freudiano. O próprio Fritz
Perls criticava o pessimismo da obra de Reich, que foi seu analista-didata, sugerindo
que a idéia da couraça pressupunha um meio hostil. Fritz via nestas idéias de Reich
o início de traços paranóides: doença que acometeu Reich no fim de sua vida.

A Psicologia da Gestalt assume uma concepção de homem um ser uno, total.


Mostra como a compreensão de aspectos isolados deste homem não permitem ila-
ções sobre o mesmo. Afirma que o homem só existe no todo, isto é, ele é um ser
bio-psico-social e que só assim pode ser de fato entendido. Para a Psicologia da
Gestalt o homem é este todo composto de partes, sendo a singularidade da vida in-
dividual produto da configuração de um dado homem, ou seja, de como em um ho-
mem em particular agrupam-se e arranjam-se suas partes.

Da mesma maneira concebe o homem, a Gestalt-terapia. Do mesmo modo, a-


firma o homem como uma totalidade. O homem não é só composto de partes, ele é
mais, é uma Gestalt.

Assim, tanto a Teoria da Gestalt quanto a Gestalt-terapia, assumem uma mes-


ma concepção de homem. Contudo a Gestalt-Terapia incorpora a tal concepção uma
série de contribuições de outras escolas de pensamentos.

As idéias de Kurt Lewin no que concerne à sua visão de homem evidenciam a


relevância do meio (campo) presente (vide princípios de concreção e de contempo-
raneidade) e da energia (força) presente. Tais idéias, tomadas em separado, talvez
denotem uma noção reducionista, comportamentalista e mecânica do ser humano.
Se assim ocorresse no pensamento lewiniano, seria incongruente à Gestalt-terapia
adotar esta mesma visão. Onde ficaria o homem como uma totalidade, como vimos
acima? Como compatibilizar tais idéias com a noção holística?

Contudo, a absorção que a Gestalt-terapia faz dos conceitos de Lewin, e seu


conseqüente agrupamento no contexto maior das outras influências que ela também
recebe, não se mostram incompatíveis, nem desviantes. Basicamente a Gestalt-
terapia absorve das idéias de Lewin a concepção de que o homem é um ser de e-
nergia e de presentificação.

Tais idéias mostram-se totalmente vinculadas ao contexto da Gestalt-terapia,


onde perdem seu suposto caráter reducionista e mecânico.

A Teoria Organísmica de Kurt Goldstein compreende o homem como um ser


em busca de equilíbrio (homeostase) para a obtenção da auto-realização.
16

A Gestalt-terapia compreende-o também assim. Apenas acrescenta que o ser


humano, ao se identificar com apenas algumas de suas partes que são por ele ou
pelo meio valorizadas, e, ao se alienar de outras partes, também suas, que são vis-
tas como inadequadas, gera em si mesmo um conflito de identificação X alienação
(por exemplo, eu não quero ver o meu egoísmo, então me alieno dele que para mim
passa a não existir, mas que contudo continua em mim a agir). A partir desta aliena-
ção, desta não percepção, o organismo fica dificultado na sua busca de equilíbrio
(homeostase) e na obtenção da auto-realização. Dessa forma, a integração e orga-
nização humanas, ficam comprometidas. Para a reversão desta situação faz-se ne-
cessário um trabalho de tomada de consciência continuada (awareness continuum)
que me colocará em contato com as partes que eu alienei de mim, tornando-me in-
teiro, e aí, se eu quiser, eu posso, de fato, mudar.

Verifica-se portanto como congruente com a Gestalt-terapia a concepção de


homem que advém da Teoria Organísmica de Goldstein. Para a Gestalt-terapia a
busca do equilíbrio e da auto-realização são condições normais e naturais do orga-
nismo.

Os taoístas preconizam a integração humana, isto é, a assimilação por parte do


homem de todas as coisas disponíveis e que conformam o Tao. Mostram que, fun-
damentalmente, tal integração se dá através de uma mudança interna que denomi-
nam de consciência, e frisam o desapego egoísta para que, em paz e harmonia, o
homem possa ser levado pela onda cósmica.

Esta visão do homem é bastante compatível com os conceitos centrais da Ges-


talt-terapia, podendo por ela ser assimilados. Apenas no que se refere ao devir do
homem, ao seu destino, é que se faz necessário um nítido entendimento a fim de
que tal idéia não se choque com os conceitos advindos do humanismo e do existen-
cialismo adotados pela Gestalt-terapia.

Quando um gestaltista nega o humanismo idealista busca contestar “um deve-


ria ser” para o homem. A negação, por outro lado, do existencialismo teísta ou da
natureza humana, prende-se à questão da escolha, da liberdade e da responsabili-
dade humanas. Tais posturas existencialistas são mais condizentes com uma liber-
dade arbitrada (por Deus ou pela natureza humana) do que com um verdadeiro livre
arbítrio.

Nisso parece ser diferente o taoísmo. O exame do conjunto desta tradição ori-
ental evidencia que se trata, tão somente, de deixar que as coisas aconteçam, dei-
xar vir a “onda cósmica”. Afirmam que há um sentido na vida: a integração, mas não
um devir para o homem, pois entendem que o homem é que se faz, e se faz o que
quiser. Dessa forma também o gestaltista entende a vida do homem como tendo um
sentido. O homem possui a necessidade de dar sentido às suas percepções, sentido
às suas experiências, sentido à sua existência.

O Budismo de feição Zen e a Gestalt-terapia possuem muitos pontos de conta-


to. O despojamento, a simplicidade e a naturalidade zen são bastante estimadas e
valorizadas na Gestalt-terapia.
17

O gosto por paradoxos e pelos “koans” permeia o trabalho de muitos gestaltis-


tas. Por exemplo, em seu artigo sobre a Teoria Paradoxal de Mudança, Arnold Beis-
ser (1980) afirma em um aparente paradoxo que “mudar é tornar-se o que já se é”.

No que concerne a concepção de homem, como a de um ser em busca da ilu-


minação e, para tanto, necessitando trilhar o caminho do aqui e agora, enfatizado
pelo Zen Budismo, os gestaltistas pensam o mesmo. Os gestaltistas concebem a
busca da iluminação como uma necessidade que o homem tem de dar sentido à sua
própria existência.

O exame de todas estas vertentes de influência na Gestalt-terapia conduzem-


nos a um entendimento da concepção de homem adotada por esta abordagem psi-
coterápica. Para a Gestalt-terapia o homem constitui-se a partir de algumas caracte-
rísticas que passamos a enumerar.

O homem como ser digno de confiança: O homem é tomado como um fim por-
que ele está sempre por se fazer. Não há outro legislador além dele próprio. “As coi-
sas são, só o homem existe” (Heidegger, 1979).

O homem como ser responsável: O homem é que fez de si mesmo, pois inexo-
ravelmente se escolhe ser o que é. “Não há desculpa para o ser humano” (Sartre,
1978).

O homem como ser de totalidades: O homem é composto por partes, mas é


uma Gestalt. É um ser biopsico-social e só pode ser entendido se o conhecermos
como um todo. O conhecimento de apenas partes deste homem leva a inúmeros
enganos.

O homem como ser voltado para a consciência: O homem pode estar perma-
nentemente ligado ao aqui e agora através de uma tomada de consciência continua-
da (awareness continuum). Isto é essencial para o funcionamento adequado do ser
humano que é um ser permanentemente à cata da consciência.

O homem como ser auto-regulado: O homem possui um impulso dominante de


auto-regulação pelo qual é permanentemente motivado e tende portanto ao equilí-
brio.

O homem como ser em permanente energia de auto-realização: O homem


possui uma força que o movimenta na direção da satisfação de suas necessidades
que, em última instância, é a auto-realização do ser, ou seja, o princípio orgânico
pelo qual o organismo se desenvolve plenamente.

O homem como ser de presentificação: O homem está em busca permanente e


contínua do seu momento existencial. Pode obter esta presentificação de várias for-
mas mas, particularmente, através do próprio corpo que constitui um discurso com-
pleto sobre ele mesmo.
18

O homem como ser em busca do sentido para sua existência: O homem está
em permanente busca de iluminação, isto é, em se integrar para se entregar à vida
através da contextualização das suas percepções, suas experiências, sua existên-
cia.

Destas características podemos extrair um conceito congruente com a aborda-


gem da Gestalt-Terapia:

O homem é um ser digno de confiança, isto é, é responsável por si mesmo pois


se escolhe ser o que é, é uma totalidade que pode ser integrada, voltado para a
consciência, auto-regulado, em permanente energia de auto-realização e presentifi-
cação e em busca de dar um sentido às suas percepções, às suas experiências, à
sua existência.

3. AS IMPLICAÇÕES DA CONCEPÇÃO DE HOMEM NO PROCESSO


PSICOTERÁPICO

Nós partilhamos da crença de que a concepção de homem adotada por uma


abordagem teórica orienta e delimita o trabalho que tal abordagem realiza em todas
as suas fases e dimensões. Assim, a abordagem da Gestalt-terapia, por assumir a
concepção de homem que acima mencionamos, é orientada e delimitada em suas
formulações teóricas, técnicas e práticas – incluindo sua docência e supervisão, pelo
conceito de homem a que chegamos no final do item anterior.

Vejamos as principais implicações desta concepção de homem:

O homem é um ser digno de confiança, ou seja, os gestalt-terapeutas possuem


uma profunda crença nas potencialidades humanas. Sua atitude básica é a de que o
homem é capaz de lidar e resolver suas dificuldades. Isto implica em que o homem
seja tomado como um fim, numa valorização dos aspectos positivos deste homem e
na confiança de que tais aspectos contaminem os aspectos que, segundo o julga-
mento deste mesmo homem, são inadequados. Para os Gestalt-terapeutas a saúde,
por exemplo, contamina a doença e a remove.

O homem é responsável por si mesmo, isto é, ele possui uma aptidão para
responder de modo a constituir sua individualidade, a constituir o seu ser. Uma das
implicações mais profundas desta concepção, na qual os gestalt-terapeutas encon-
tram-se ancorados, é a idéia da não prescrição. Nada prescrever para os outros,
pois eles sabem de si e se fazem, como podem se fazer, aqui e agora.

O homem é uma totalidade, ou seja, para os gestalt-terapeutas o homem só


pode ser entendido se tomado como uma Gestalt. Em uma Gestalt há uma parte
vívida que prende, em um dado momento, nossa atenção – a ela denominamos figu-
ra. Além dela há as partes restantes indiferenciadas, denominadas de fundo. Perce-
ber o homem como uma totalidade implica, em Gestalt-terapia, tanto estar atento
para a figura, quanto ao fundo e à articulação de ambas. Tal postura difere da psica-
nalítica que, a nosso ver, prioriza o fundo dando pouco valor à figura.
19

E difere também do comportamentalismo que, a nosso juízo, prioriza a figura


dando pouco valor ao fundo. A implicação básica de considerarmos em Gestalt-
terapia o homem como uma totalidade é a de assumirmos uma postura holística.

O homem pode ser integrado, ou seja, os gestalt-terapeutas percebem as pos-


sibilidades de superação do conflito humano de identificação X alienação, onde a
pessoa tende a assumir algumas de suas características e a banir de sua percepção
algumas outras. Isto implica em uma valorização da percepção do cliente, na aten-
ção constante do terapeuta em todas as formas de comunicação do cliente – quer
verbais, gestuais, oníricas, etc., e, em uma série de experimentos (propostas feno-
menológicas) que objetivam o incremento perceptual.

O homem é voltado para a consciência, isto é, o homem está propenso à aten-


ção acerca de si e do mundo que o cerca (a palavra é aqui empregada como uma
transposição do inglês awareness – qualidade ou estado de ser cônscio, ciente, a-
tento, advertido). A implicação básica disto, em Gestalt-terapia, é a de uma luta
constante no processo psicoterápico contra a alienação, para que o homem possa
entrar na posse de tudo aquilo que ele é.

O homem é auto-regulado, ou seja, o homem tende à homeostase, ao equilí-


brio. A idéia de auto-regulação implica em uma concepção distinta, em Gestalt-
terapia, de saúde e de doenças. Para os Gestalt-terapeutas as noções de saúde e
doenças são vistas em uma curva de energia (Zinker, 1979) onde a saúde corres-
ponde a um equilíbrio energético e a doença a um momento de desequilíbrio de e-
nergia. Vejamos a curva proposta por Zinker. Na parte exterior da curva encontra-se
o ciclo de saúde e na parte interior o ciclo de doença.

MOBILIZAÇÃO AÇÃO
DE ENERGIA CONTATO

INTRODUÇÃO
PROJEÇÃO SATISFAÇÃO
CONSCIÊNCIA RETROFLEXÃO
DEFLEXÃO
EGOÍSMO
RETRAIMENTO
SENSAÇÃO DESSENSITIZAÇÃO
CONFLUÊNCIA

O homem está em permanente energia de auto-realização, ou seja, o homem


busca ser o que necessita ser. Os gestaltistas, procurando examinar em profundida-
de tais necessidades, percebem ser singulares as necessidades de cada homem. A
implicação básica deste exame e desta percepção é a de que cada ser guarda sua
singularidade e de que não há possibilidades de generalização. Daí decorre uma
nítida idéia de não interpretar, pois a interpretação pode levar a enganos na medida
em que ela é feita com um referencial teórico e/ou vivencial estranho à unicidade e
singularidade de um cliente em particular.
20

O homem é um ser de presentificação, isto é, o homem busca continuamente


seu momento existencial. Isto implica numa ênfase ao aqui e agora. Os gestalt-
terapeutas percebem que o passado é revivido aqui e agora como frustração, ansie-
dade, etc e que o futuro é experienciado aqui e agora como expectativa, ansiedade,
etc. Vale mencionar no entanto, que o aqui e agora que é enfatizado na Gestalt-
terapia refere-se ao momento existencial do cliente (quer ele se refira ao passado,
ao futuro ou ao momento presente) e não ao seu momento cronológico.

O homem busca dar um sentido às suas percepções, às suas experiências, à


sua existência, ou seja, o homem busca sua contextualização. Daí decorre a ênfase
que a Gestalt-terapia propõe ao como e não ao porque. Para os gestaltistas o senti-
do da existência pode ser melhor captado através do exame da maneira como eu
vivo, do “modus faciende”, do modo como eu me faço. Os gestalt-terapeutas acredi-
tam também que uma postura que valorize as causas – os porquês – normalmente
retiram a pessoa da situação presente, o que leva geralmente a muitos enganos.

CONCLUSÃO

Como pudemos verificar no desenvolvimento deste trabalho, a abordagem psi-


coterápica inicialmente formulada por Perls, Goodman e Hefferline, recebeu influên-
cias ou buscou vinculação com pelo menos dez correntes de pensamento à época
difundidas. Corria o risco então de configurar-se como um amontoado de noções e
conceitos díspares, diversos ou antagônicos que apenas acrescentasse confusão à
uma área do conhecimento humano já tão envolvida com questões o suficientemen-
te intrincadas. Contudo, como demonstrado nos itens anteriores, a Gestalt-terapia
assimilou de tais correntes de pensamento, apenas os conceitos e noções que
guardassem coerência e congruência entre si. Assim, longe de edificar uma Torre de
Babel, julgamos que tal abordagem psicoterápica traz contribuições consistentes ao
campo psicoterápico. De acordo com Juliano (1991), em um trabalho apresentado
no III Encontro Nacional de Gestalt-terapia: “O que dá coerência a todos os concei-
tos alheios que Perls toma emprestados é a sua focalização na qualidade de vida no
presente”.

As correntes de pensamento que estão vinculados à Gestalt-terapia, tomadas


em separado, expressam concepções próprias acerca do homem e de sua existên-
cia. A Gestalt-terapia, ao assimilar partes dos conceitos de cada uma destas corren-
tes, constrói um conceito novo e próprio de homem. Senão vejamos como ilustração
a seguinte analogia: Se pegarmos alguma quantidade de materiais de construção
como exemplo, areia, brita, cimento, ferro, etc., e se os agruparmos de uma determi-
nada forma, poderemos ter uma casa; se o agrupamento for de outra forma, isto é,
se configurar-se de outra maneira, poderemos ter um campo de futebol, ou um de-
pósito de materiais de construção, etc. Da mesma maneira, a Gestalt-terapia, ao uti-
lizar-se de variados conceitos e noções de diversas correntes de pensamento a eles
conferiu uma “arrumação particular” que lhe dá singularidade. De fato, o conceito de
homem expresso pela Gestalt-terapia, em que pese assemelhar-se ao de linhas de
pensamentos que lhe são próximas, é particular a esta abordagem psicoterápica.
21

Tal particularidade é a de que Perls e a Gestalt-terapia se utilizam de conceitos


teóricos como lentes para examinar a dificuldade das pessoas em constatar a situa-
ção imediata. A medida de saúde para Perls é a habilidade de experimentar o que é
novo, como novo (Juliano, op. cit).

Julgamos que o conceito de homem a que chegamos neste trabalho expresse,


em uma síntese, a idéia de homem que é peculiar à Gestalt-terapia. Esperamos que
tal concepção de homem, que ousamos propor como imanente a Gestalt-terapia,
possa suscitar debates em nosso meio e aprofundar discussões acerca da contribui-
ção que nós Gestalt-terapeutas possamos prestar à humanidade.

Esta foi uma bela aventura. Como dizia Kierkegaard “Aventurar-se causa ansi-
edade, mas deixar de arriscar-se é perder a si mesmo... E aventurar-se no sentido
mais elevado é precisamente tomar consciência de si próprio”.

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COMPLEMENTAR

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STEVENS, B. (1979) Não apresse o Rio: ele corre sozinho. São Paulo: Summus.

STEVENS, J. O. (1977) Isto é Gestalt. São Paulo: Summus.

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