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Resumo ..................................................................................................................... 1
Introdução .................................................................................................................. 1
1. Correntes de pensamento ...................................................................................... 2
1.1. O humanismo ................................................................................................... 2
1.2. O existencialismo ............................................................................................. 3
1.3. A fenomenologia .............................................................................................. 4
1.4. A psicanálise .................................................................................................... 5
1.5. A análise reicheana do caráter ......................................................................... 6
1.6. A Psicologia da Gestalt .................................................................................... 7
1.7. A teoria de campo de Lewin ............................................................................. 8
1.8. A teoria organísmica de Goldstein.................................................................... 9
1.9. Taoísmo ......................................................................................................... 10
1.10. O Zen-Budismo ............................................................................................ 11
2. A concepção de homem da Gestalt-Terapia ........................................................ 12
3. As implicações da concepção de homem no processo psicoterápico .................. 18
Conclusão ................................................................................................................ 20
Referências bibliográficas ........................................................................................ 21
1
RESUMO
INTRODUÇÃO
Refletir um pouco sobre tais questões é o escopo deste trabalho. Para tanto i-
remos sumariamente resenhar tais correntes de pensamento (não temos a preten-
são de aqui, neste trabalho, nos aprofundarmos no estudo das dez correntes de
pensamento listadas, quer pelo ingente esforço que seria necessário, quer pela nos-
sa impossibilidade de realizá-lo) e em seguida propor respostas para as questões
ensejadas no parágrafo anterior.
1. CORRENTES DE PENSAMENTO
1.1. O humanismo
Contudo parece necessário cautela acerca do que nos diz Maritain, pois, se por
um lado ele enfatiza a ação do homem, ou seja, seu ser-no-mundo, por outro lado
ele fala de uma grandeza original. O que implica em um humanismo, paradoxalmen-
te, além do homem.
Assim, quando Maritain fala de grandeza original, está falando de algo além do
homem, ou de um humanismo que pressupõe um homem ideal e um ser transcen-
dental, e quando Sartre fala que não há outro legislador além do homem, está falan-
do da valorização do homem e de seu ser no mundo, aqui e agora. Dessa forma o
Humanismo assume uma concepção de homem em que o mesmo parece situar-se
em um contínuo de engrandecimento, que vai desde a sua valorização até a sua
idealização.
1.2. O existencialismo
Alguns filósofos do século XVIII – Diderot, Voltaire, Kant, entre outros, tentaram
eliminar a existência de Deus, mas ainda assim continuaram a conceber o homem
como sendo determinado através da noção da natureza humana. Dessa forma, os
homens de qualquer cultura e de todos os lugares e épocas estariam unidos por um
substrato comum. O homem seria um exemplo particular de um conceito universal.
Dessa maneira a idéia de que o homem é a realização de um projeto continua; per-
manece a idéia de que a essência precede a existência. Posição inversa assume o
existencialismo ateu. Segundo ele, no início, o homem não é nada e posteriormente
será aquilo que se fizer de si mesmo. Não existe natureza humana por que não há
um Deus para concebê-la.
O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo: esse é o primei-
ro princípio do existencialismo ateu. Embutido neste princípio, está o conceito de
subjetividade.
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Este termo deve ser entendido como a afirmação de que a dignidade do ho-
mem é maior que a do objeto, porque ele nada mais é do que aquilo que se projeta
num futuro. O homem é um projeto que vive a si mesmo subjetivamente, ao contrário
dos objetos. Sendo assim, para o existencialismo ateu o homem é responsável pelo
que é.
Há um projeto de mim (feito por outro) ou uma natureza em mim que me dire-
ciona? Ou eu respondo por todas as escolhas e me faço a mim mesmo? O que pen-
sa acerca disto um psicoterapeuta? Como concebe a existência um gestalt-
terapeuta?
1.3. A fenomenologia
Husserl nega a existência tanto do sujeito como do mundo, como puros e inde-
pendentes um do outro. Afirma que o homem é um ser consciente e que a consciên-
cia é sempre intencional, ou seja, ela não existe independentemente do objeto: “toda
consciência é consciência de alguma coisa”. Quer isso dizer que todos os atos psí-
quicos, tudo que se passa em nossa mente, visa um objeto, logo, não ocorre no va-
zio.
E a Gestalt-terapia, também faz uma opção pela intuição e pelo ser-em rela-
ção?
1.4. A psicanálise
ou “o homem em configuração”
Por outro lado, Lewin fala também do princípio de concreção que afirma que só
os fatos concretos no espaço vital podem produzir efeitos e do princípio de contem-
poraneidade, segundo o qual só os fatos presentes podem criar um comportamento
atual. Além das noções (força presente no ser humano localizada em algum siste-
ma), tensão (estado alterado de uma região com relação a outra região), necessida-
de (que surge sempre que uma tensão ou energia se diferencia em uma determina-
da região), valência (valor que se dá a necessidade) e vetor (força que pode operar
mudança e que possui direção, energia e ponto de aplicação).
Esta visão, que muito distante está das posturas idealistas, aproxima-se bas-
tante da visão do mundo comportamentalista e materialista.
Será o homem função de algumas poucas variáveis? É este o homem que re-
cebemos nos consultórios?
4) o homem tem dentro dele as potencialidades que regulam seu próprio cres-
cimento, embora possa e receba influências positivas de crescimento do meio exte-
rior, as quais ele seleciona e utiliza;
Goldstein, além dos conceitos estruturais de figura e fundo (onde distingue figu-
ra natural como aquela em que existe um comportamento ordenado, flexível e apro-
priado para a situação de figura não-natural como aquela que se apresenta isolada
do organismo total), apresenta alguns outros como: realização (atividades voluntá-
rias e conscientes), atitudes (sentimentos e outras experiências internas) e proces-
sos (funções orgânicas experimentadas indiretamente).
É este o homem uno e integrado. Serão os homens assim mesmo? Parece que
em maior número não são assim. Se não são, será a maioria de nós desintegrada
e/ou desorganizada? É suficiente a noção de patologia para explicar todos os sofri-
mentos e dores que vemos pelo mundo afora?
1.9. Taoísmo
Segundo Gagarin (1977) os escritores taoístas Lao Tse e Chuang Tse descre-
veram o homem perfeito como o sábio que aprende a fluir com o Tao. Ele é liberto
do Ego e um com o mundo. Com paz total e harmonia, ele não empurra, mas deixa a
onda cósmica levá-lo.
No livro do caminho perfeito, de Lao Tse (op. cit. pág. 13) o sábio percebe que:
O sábio ensina pelo exemplo. O seu presente ao mundo é o Tao, e a paz que
ele traz por estar nele. Chuang Tse e Lao Tse deram várias instruções sobre como
viver, mas ambos reconheceram a mudança mais importante como a interna, como
uma questão de consciência.
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“Quando um letrado da mais alta classe ouve falar do Tao, ele o se-
gue com zelo. Quando um letrado médio ouve falar da Tao, em cer-
tos momentos o segue, em outros perde-o. Quando os letrados da
mais baixa classe ouvem falar de Tao, riem-se dele. Mesmo que não
se riam isso não significa que o sigam. Há uma tradição antiga que
diz: O Tao iluminado para muitos é obscuro” (Lao Tse, op. cit. pág.
78).
Será esta concepção, que propõe um devir ao homem, compatível com a Ges-
talt-terapia?
1.10. O Zen-Budismo
Falar sobre o Zen é coisa difícil, senão impossível. Allan Watti em Meaning of
Happinen (citado por Azevedo, M. N. in Suzuki, 1969), para falar do Zen, metafori-
camente referia-se a alguém que, querendo examinar o vendo, prendia-o em uma
caixa, e o que tinha não era mais vento e sim ar estagnado. Para os Zen-Budistas o
Zen não se explica, pois é alógico, mas pode ser percebido (há o Zen, mas não há
mestres Zen).
O Koan é uma frase oferecida a cada discípulo, de acordo com a sua natureza.
Essa frase é, muitas vezes alógica ou até rizível. Exemplo: quando batemos com
uma mão de encontro com a outra ouvimos um som. Qual é o som produzido por
uma só? Os Koans contudo não são apenas enigmas ou observações misteriosas.
Objetivam “ativar a circulação espiritual”, isto é, impulsionar o discípulo até o limite
último a fim de obter os segredos da mente.
“Um monge perguntou à Joshu: “o que direis se eu chegasse até vós sem nada
trazer?” Joshu respondeu: arremessai ao chão. Protestou o monge. Disse que não
tinha nada, como poderia então por no chão? “Neste caso, levai-o”, foi a resposta de
Joshu (op. cit. Pág. 76).
Outra referência é no livro Gestalt Terapia explicada à página 33, Fritz critica as
concepções existencialistas que, desejando se libertar dos conceitos e trabalhar com
o princípio de presentificação, precisam no entanto de apoio de outro lugar.
Em nenhum outro livro acerca da Gestalt Terapia publicado no Brasil, (vide bi-
bliografia) há referência ao tema. Contudo esta ausência de referência na literatura
não nos indica uma menor importância ao tema, nem sua irrelevância. Ao contrário,
evidencia a necessidade de, no campo desta abordagem psicoterápica, um incre-
mento na realização de pesquisas que possam discernir seus pressupostos filosófi-
cos, sistematizar sua teoria e aprofundar sua prática. A presente investigação busca
configurar-se como uma contribuição, embora pequena, nesta linha.
Tal responsabilidade (response ability – resposta de aptidão) não deve ser con-
fundida com culpa mas sim com a capacidade de ser, de gerir a própria vida. Para-
doxalmente esta “exagerada” responsabilidade é um a priori; um a priori de que o
homem é mesmo o homem.
Nisso parece ser diferente o taoísmo. O exame do conjunto desta tradição ori-
ental evidencia que se trata, tão somente, de deixar que as coisas aconteçam, dei-
xar vir a “onda cósmica”. Afirmam que há um sentido na vida: a integração, mas não
um devir para o homem, pois entendem que o homem é que se faz, e se faz o que
quiser. Dessa forma também o gestaltista entende a vida do homem como tendo um
sentido. O homem possui a necessidade de dar sentido às suas percepções, sentido
às suas experiências, sentido à sua existência.
O homem como ser digno de confiança: O homem é tomado como um fim por-
que ele está sempre por se fazer. Não há outro legislador além dele próprio. “As coi-
sas são, só o homem existe” (Heidegger, 1979).
O homem como ser responsável: O homem é que fez de si mesmo, pois inexo-
ravelmente se escolhe ser o que é. “Não há desculpa para o ser humano” (Sartre,
1978).
O homem como ser voltado para a consciência: O homem pode estar perma-
nentemente ligado ao aqui e agora através de uma tomada de consciência continua-
da (awareness continuum). Isto é essencial para o funcionamento adequado do ser
humano que é um ser permanentemente à cata da consciência.
O homem como ser em busca do sentido para sua existência: O homem está
em permanente busca de iluminação, isto é, em se integrar para se entregar à vida
através da contextualização das suas percepções, suas experiências, sua existên-
cia.
O homem é responsável por si mesmo, isto é, ele possui uma aptidão para
responder de modo a constituir sua individualidade, a constituir o seu ser. Uma das
implicações mais profundas desta concepção, na qual os gestalt-terapeutas encon-
tram-se ancorados, é a idéia da não prescrição. Nada prescrever para os outros,
pois eles sabem de si e se fazem, como podem se fazer, aqui e agora.
MOBILIZAÇÃO AÇÃO
DE ENERGIA CONTATO
INTRODUÇÃO
PROJEÇÃO SATISFAÇÃO
CONSCIÊNCIA RETROFLEXÃO
DEFLEXÃO
EGOÍSMO
RETRAIMENTO
SENSAÇÃO DESSENSITIZAÇÃO
CONFLUÊNCIA
CONCLUSÃO
Esta foi uma bela aventura. Como dizia Kierkegaard “Aventurar-se causa ansi-
edade, mas deixar de arriscar-se é perder a si mesmo... E aventurar-se no sentido
mais elevado é precisamente tomar consciência de si próprio”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEVEDO, M. N. (1969) Zen budismo: O caminho direto in Suzuki, D. C. Introdução
ao Zen-budismo. São Paulo: Pensamento.
GAGARIN, C. (1977) Taoism and Gestalt Therapy in The Growing Edge of Gestalt-
therapy. Edited by Smith, E. W. L. Seacaucus: The Citadel Press.
MARITAIN J. (1962) Humanismo integral: uma visão da ordem cristã. São Paulo:
Editora Dominus.
(1979) Escarafunchando Fritz – dentro e fora da lata do lixo. São Paulo: Sum-
mus.
BIBLIOGRAFIA
BÁSICA
The Gestalt Journal volume XVI (SPRING e FALL, 1991), XIII (SPRING e FALL,
1990), XII (SPRING e FALL, 1989), XI (SPRING e FALL, 1988) e X (SPRING e
FALL, 1987) publicação semianual do The Center for Development Inc. do New
York Gestalt Institute. New York.
COMPLEMENTAR
STEVENS, B. (1979) Não apresse o Rio: ele corre sozinho. São Paulo: Summus.
www.gestalt.psc.br/artigos/