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À minha amada esposa, Catherine, Eu te amo. Muito obrigado por seu incrível amor e seu apoio resoluto. Muitas
mulheres são honradas, mas você a todas supera.
Para minhas queridas filhas, Christiana e Cara Grace, Muito obrigado pela paciência de vocês durante este projeto. Amo
vocês duas e oro para que vocês continuem crescendo no amor de nosso Senhor.
Como bem poderia um médico descartar os seus livros de anatomia e terapêutica, assim também
o pregador pode rejeitar seus livros sobre Teologia Sistemática, e visto que a doutrina é a
estrutura óssea da verdade revelada, a sua negligência deve resultar numa mensagem
caracterizada por incertezas, imprecisões e imaturidade.
– Lewis Sperry Chafer, Teologia Sistemática (vol. I), Prefácio.
INTRODUÇÃO
Tendo em vista que as Escrituras são o produto de uma única mente, parece que uma abordagem
adequada para compreender a sua mensagem resultará necessariamente em um sistema coeso e
consistente de teologia, que represente de forma precisa a Deus conforme o modo que ele
escolheu para se revelar. Este trabalho visa apresentar as bases para tal abordagem – a saber,
definição, objetivo, pré-requisitos (pilares), e método – e oferecer uma visão geral introdutória
das conclusões dessa abordagem.
Como uma introdução ao método teológico, este trabalho será construído sobre quatro
pilares, que são (1) a existência do Deus bíblico, (2) a sua revelação autoritativa das Escrituras,
(3) a incapacidade do homem natural de compreender (ou avaliar espiritualmente) a revelação, e
(4) a necessidade (ao se aproximar da revelação) de uma abordagem hermenêutica consistente,
que não viola nenhum dos três primeiros pilares. O método histórico-gramatical literal será
discutido como o único método interpretativo que pode funcionar dentro desta estrutura, e,
assim, conduzir naturalmente a um processo exegético indutivo que servirá de fonte para
processos sintético e sistemático, oferecendo efetivamente um arcabouço para a formação de
uma teologia bíblica.
Esta metodologia teológica parece que é melhor caracterizada por começar com a
epistemologia pressuposicional, resultando necessariamente em conclusões normativas
dispensacionais. Portanto, é aqui sugerido que dispensacionalismo pressuposicional seja a
descrição mais adequada deste sistema, enfatizando seus elementos particularmente distintivos.
Teologia é uma composição de theos (Deus) e logos (palavra, razão ou ideia) e representa um
discurso acerca de Deus[1] geralmente incluindo (mas não limitado a) os seguintes ramos:
teologia bíblica, que geralmente se refere ao desenvolvimento de temas teológicos direta e
exclusivamente a partir do registro bíblico em si, normalmente examinando a Bíblia “parte por
parte e escritor por escritor”;[2] teologia sistemática, que sistematiza por tópicos as informações
exclusivamente a partir do registro bíblico;[3] teologia histórica, que discute o desenvolvimento
histórico das doutrinas teológicas; teologia dogmática, como as definições tradicionais de
teologia bíblica, deriva seu corpo doutrinário das Escrituras somente, mas difere de tais
definições, pois trata de toda a Escritura, em vez de partes isoladas. W.G.T. Shedd usou o termo
para diferenciar a sua teologia do pensamento teológico liberal, bem como a partir de uma visão
parcial da Escritura.[4] Já a teologia natural é a observação necessariamente limitada das
informações a respeito de Deus como revelado na natureza (Rm 1.20). E, por fim, a teologia
prática discute a aplicação prática das doutrinas teológicas.
Este texto está preocupado principalmente com os aspectos gerais do método teológico
e a teologia como derivados exclusivamente da Escritura, sem considerações externas que afetam
a formulação, quer seja do método ou dos resultados. Com base nessa premissa, o estudo geral
da teologia será referido aqui como teologia bíblica – não definida no sentido tradicional como
parcial e isolada, nem em referência a qualquer movimento liberal, mas, em vez disso, fazendo
referência a um discurso sobre Deus, que é baseado completa e exclusivamente no registro
bíblico. Millard Erickson oferece uma excelente definição para este tipo de teologia bíblica, que
complementa o significado implicado por este texto quando o termo teologia bíblica é aqui
referenciado:
Um significado final da expressão “teologia bíblica” é simplesmente teologia que é bíblica,
isto é, baseada e fiel aos ensinamentos da Bíblia. Neste sentido, a teologia sistemática do
tipo certo será teologia bíblica. Não é simplesmente com base na teologia bíblica, é teologia
bíblica. Nosso objetivo é teologia bíblica sistemática[5]
Deus possui glória incomparável. Ele criou como uma expressão de sua glória (Ap 4.11). Ele se
revela à sua criação para que ela seja cheia com a sua glória (Nm 14.21) e a qual todos atribuirão
a ele a glória devida ao seu nome (1Cr 16.28-29; Sl 29.1-2, 96.7-8). A existência de todas as
coisas serve ao propósito divino de auto revelação, ou seja, autoglorificação (Rm 11.36), talvez
da mesma maneira que uma sinfonia reflete a habilidade do compositor, que a obra-prima reflete
o brilhantismo do pintor e as palavras penetrantes refletem o coração do poeta. O propósito
primordial de Deus revelado em todas as coisas é trazer glória a si mesmo. Salmos 86.9-10
afirma que as nações devem glorificá-lo por causa de seus grandes feitos. Apocalipse 15.3-4 diz
que seus feitos revelam sua santidade e glória. Todas as obras de Deus funcionam em conjunto
para alcançar isto, o seu propósito doxológico,[6] isto é, a sua autoglorificação. O propósito
doxológico de Deus é então, como Ryrie explica: “uma concepção básica e funcional do
propósito de Deus como a sua própria glória”.[7]
As grandes obras de Deus reveladas nas Escrituras servem todas ao propósito
doxológico (Sl 86.9-10; Ap 15.4); na realidade, a Escritura não identifica nenhum propósito
maior para cada um dos seguintes temas: predestinação e chamado (Ef 1.5-12; 2Pe 1.3); o
ministério de Cristo (Jo 13.31-32, 17.1-5, 21.19; 2Co 1.20; Hb 13.21); a criação (Sl 19; Is 40; Ap
4.11); a prática da sua palavra (Rm 3.1-7); a salvação (Sl 79.9; Rm 15.7, 16.25-27; Ef 1.14; 1Tm
1.15-17; 2Tm 4.18; Jd 24-25); a igreja (1Co 10.31; 2Co 4.15; Ef 1.12; Fp 1.11; 2Ts 1.11-12; 1Pe
4.11, 16); a frutificação dos crentes (Jo 15.8; 1Co 10.31); o reino (Fp 2.11; 1Ts 2.12; Ap 1.6.);
doença, morte e ressurreição (1Sm 6.5; Lc 17.11-18; Jo 9.1-3; 11.4); o juízo (Rm 3.7; Ap 14:7);
a libertação de Israel (Is 60.21, 61.3); o cumprimento das alianças e a concretização de todas as
coisas (Is 25.1-3, 43.20; Lc 2.14; Rm 4.20, 15.8-9; 2Co 1.20; 2Pe 1.3-4; Ap 19.7).
Este propósito doxológico está no centro da revelação de Deus ao homem e, portanto
não há propósito maior para o homem a não ser glorificar a Deus – que na verdade é o fim
principal do homem[8]. Mas neste momento temos que ter cautela porque esta finalidade
doxológica não é somente o maior chamado do homem, mas é o projeto pretendido de tudo o que
existe. Enfatizar o papel do homem em realizar esta tarefa ao ponto de excluir outros aspectos da
criação pode ser antropocêntrico – tirando a atenção de Deus e colocando-a erroneamente sobre
o homem. É, portanto, este propósito doxológico que proporciona a continuidade entre o Novo e
o Antigo Testamentos, as diversas alianças, as dispensações e tudo mais que foi revelado no
desenvolvimento do programa de Deus.
Portanto, o objetivo da teologia bíblica é comunicar a verdade sobre Deus, na medida
em que Deus se revelou na Escritura, e para seu próprio propósito doxológico. Compreender
corretamente a primazia do propósito doxológico é uma necessidade e, sem ela, nenhuma
teologia consistente e coerente pode ser extraída. Com este significado em vista, Ryrie inclui o
propósito doxológico como o terceiro elemento sine qua non[9] da teologia dispensacionalista,
identificando-o como uma concepção básica da realização do propósito de Deus, a sua própria
glória, em vez de um único propósito de salvação.[10]
Entendendo a dependência dos dois primeiros elementos do sine qua non de Ryrie (a
distinção entre Israel e a igreja e um princípio consistente de interpretação literal) sobre terceiro
elemento, este escritor sugere que o propósito doxológico consistentemente entendido e aplicado
é o princípio central sobre o qual uma verdadeira teologia bíblica deve ser construída, pois
fornece a base óbvia para o reconhecimento da realidade teocêntrica e definida por Deus. A
correta compreensão da revelação de Deus será acompanhada pelo sentimento de João 3.30 - ele
deve crescer, mas eu devo diminuir. Isso é a antítese da metodologia de auto exaltação daquele
que é mal (Gn 3.1-5; Is 14.13-16.) e levanta a questão: quem é o centro da teologia – o homem
ou Deus? A resposta biblicamente correta é facilmente identificável (Sl 16.5-11, 144.15, 86.9,
12; Is 12.2; Ez 39.13; Lc 2.10; Jo 17.3-4; Rm 11.36, 12.1-2; 1Co 6.20, 10.31; Ef 2.8-10; Fp 4.4;
1Tm 1.5; 1Pe 4.11; Is 6.3 e Ap 4.11, 21.3-4 etc.).
Apesar desta clareza, no entanto, com base numa interpretação variante, por exemplo,
de João 5.39 alguns veem o elemento cristológico redentivo como o centro da revelação bíblica.
Este é um fator significativo no desenvolvimento e formação de sistemas teológicos alternativos
(particularmente a teologia da aliança). Shedd diz sobre esta abordagem:
Ao passo que este método é interessante porque torna o pecado e a salvação o tema
principal e traz Cristo, o Redentor, em primeiro plano, no entanto, não é um método nem
natural nem lógico. Deus encarnado é apenas uma única pessoa da Trindade; a redenção é
apenas uma das obras de Deus, e o pecado é uma anomalia no universo, não um fato
original e necessário. O método cristológico, portanto, é fracionado.”[11]
A evidência bíblica sugere (a partir de Jo 17.4 e 1Pe 4.11, por exemplo), que o propósito
cristológico é primariamente doxológico por meio da metodologia redentiva. O redentivo
concretiza o doxológico. O redentivo é um meio para um fim – o fim doxológico. Essas
distinções precisas são importantes e vão surgir mais à frente na estrada teológica.
Com respeito ao objetivo da teologia bíblica de apresentar a verdade sobre Deus, é
evidente que mesmo três teorias predominantes da verdade demonstram a necessidade de certos
pré-requisitos ou pressupostos: a teoria da correspondência da verdade identifica como verdade
o que corresponde com os fatos de maneira objetiva e absoluta. Porém, como certos elementos
da realidade não são empiricamente demonstráveis, essa é uma teoria inadequada da verdade, a
não ser que seja baseada na pressuposição de que o fato começa com Deus (a abordagem
pressuposicional), nesse caso a teoria da correspondência se torna totalmente adequada para a
identificação da verdade. A teoria da coerência postula que quanto mais consistente for o
sistema, mais verdadeiro ele será. O teísmo bíblico é demonstrável por uma epistemologia
pressuposicional de ser o único sistema totalmente coerente e, portanto, por definição da teoria
da coerência, utilizando metodologia pressuposicional, o teísmo bíblico seria entendido nesta
abordagem como a verdade. A teoria pragmática sugere que o que funciona é o que é a verdade.
Como nas outras duas teorias, uma abordagem pressuposicional irá demonstrar que o teísmo
bíblico é verdadeiro, na medida que todas as coisas são reveladas cooperando para a glória de
Deus.
Toda verdade é verdade de Deus e o temor do Senhor é o princípio do conhecimento e
da sabedoria (Pv 1.7, 9.10). A devida atenção a uma teologia bíblica deve ser requisito para toda
busca pela verdade, quer filosófica, científica, ou de qualquer outra. Qualquer método de
aprendizagem ou conhecimento que não leva em conta as verdades da teologia bíblica irá
resultar em uma conclusão equivocada sobre a natureza da realidade e será, portanto, muito
menos produtiva (se não inteiramente destrutiva) do que se tivesse começado com o fundamento
correto – o temor do Senhor. Como Van Til observa, não há coisa alguma nesse universo que os
seres humanos possam ter informação completa e verdadeira a menos que a Bíblia seja levada
em consideração.[12]
Essa premissa convida o incrédulo (aquele que adora a criatura, ou seja, ele mesmo) a
abordar a Escritura como fundamento e autoridade, a fim de ver por um momento o que seu
mundo é realmente quando o véu da mentira e fingimento ateísta é removido. A premissa, da
mesma forma, exige que o crente (aquele que adora o Criador em espírito e em verdade)
mantenha firmeza no teísmo bíblico, sem submeter o seu intelecto às falácias de fundamentos
não bíblicas.
A teologia bíblica permanece como a base que fortalece e subscreve estudos como
filosofia, ciência, cosmovisão, epistemologia e ética.
A Escritura fornece informação definitiva de um caráter mais fundamental sobre todos os
fatos e princípios com os quais a filosofia e a ciência tratam. Para a filosofia ou ciência
rejeitarem ou mesmo ignorarem essa informação, significa que elas falsificam o retrato que
a Escritura fornece do campo que ela lida.[13]
A teologia bíblica nitidamente funciona como um sistema filosófico, ou devo dizer, como o
sistema filosófico. Pela própria definição, a filosofia é o amor da sabedoria, como o escritor de
Provérbios nos diz, "O temor do Senhor é o princípio da saber" (Pv 9.10). Assim, a busca
filosófica deve começar corretamente com o temor do Senhor. Plantinga aconselha pensadores
cristãos ao lembrar esse fator essencial, dizendo:
O filósofo cristão muito apropriadamente começa a partir da existência de Deus e pressupõe
isso no trabalho filosófico, quer ele, ou ela, possa, ou não possa, mostrar que isso é provável
ou plausível com relação às premissas aceitas pelos ... filosófos.[14]
A concordância de Plantinga com a sabedoria salomônica desvenda um contraste entre apenas
dois sistemas de pensamento, diretamente opostos um ao outro: um que começa com Deus e um
que começa sem Deus. A teologia tem sido influenciada através dos séculos por contribuições
filosóficas de ambos os sistemas de pensamento. Atualmente, parece que a teologia carrega
consigo uma marca significativa da segunda das duas abordagens, quando, na verdade, a teologia
adequada deve ser a luz que guia para a busca filosófica e não vice-versa. É notável que os vários
campos da filosofia, em muitos casos, trabalham sistematicamente em conjunto para fornecer
respostas teológicas. Por exemplo, as pressuposições que um traz em perspectivas metafísicas
direcionarão sistemas de epistemologia (e vice-versa) que, por sua vez, colocarão em disposição
talvez a base mais marcante nos princípios de ética.
A marca infeliz que a filosofia imprime na compreensão teológica é fácil de identificar.
Apesar desta influência, é profundamente evidente que uma teologia biblicamente sã forma a
base do método filosófico correto (uma vez mais, de acordo com as premissas de Salomão, Pv
1.7, 9.10 etc.). Filosofia, corretamente definida como afeto (e busca) pela sabedoria, deve operar
sob os limites da definição bíblica do processo de chegar a sabedoria. Finalmente, então,
corretamente aplicada, a filosofia deve ser considerada um aspecto da própria teologia, buscando
o fim último de melhor conhecimento de Deus.
Ciência, do latim scientia, que significa conhecimento, implica o conhecimento adquirido a partir
de estudo. Scientia não é independente dos laços pressuposicionais. É evidente que a estrutura da
cosmovisão adotada pelo cientista impacta profundamente as conclusões derivadas do estudo
(cosmovisão precede interpretação de observação). Um exame superficial da difundida tríplice
divisão de eras científicas (pré-moderna, moderna, pós-moderna) fornece uma ilustração do
impacto da pressuposição.
O mundo pré-moderno era de autoridades tradicionais – senhores feudais e hierarquias
eclesiásticas – que formaram a sociedade em todos os aspectos. Da economia à educação (na
maioria dos casos, a falta dela), o indivíduo não era uma unidade de impacto, em vez disso era
um meio para um fim. O problema, então, não era de autoridade, em vez disso eram autoridades
terrivelmente abusivas e falsamente assumidas.
Mas por volta dos séculos 15 e 16, a base de poder dessas autoridades começa a ceder,
em grande parte devido à Reforma, iniciada em 1517, e, é claro, dos desenvolvimentos pré-
Reforma, incluindo a prensa de Gutenberg (1445) e o seu uso (ilegal) por William Tyndale, na
medida que ele traduziu o Novo Testamento para o vernáculo em 1526. Cidadãos ingleses
conseguiram pela primeira vez ler a Bíblia em sua própria língua e o resultado foi um
reconhecimento abrangente de que o sistema religioso que dominava a sociedade não tinha
qualquer semelhança com o que era descrito nas páginas reais do livro sagrado. Também de
importância imensurável foi a viagem de Colombo em 1492 que, ao mesmo tempo que diminuiu
o mundo, fez o horizonte ser muito mais amplo. O que antes era impensável tornou-se plausível.
O mundo era de fato muito maior do que antes parecia.
No final do século 18, inspirado em grande parte pela Reforma e pelo progresso
científico de Galileu (1564-1642) e Newton (1643-1727), o Iluminismo trouxe uma nova
dinâmica que conduziu a "uma época distinta de desenvolvimento histórico marcando a
inauguração das rupturas econômicas e socioculturais que fundaram o capitalismo industrial e o
estado-nação."[15] O mundo moderno nasceu com uma visão voltada para o progresso do homem
em entendimento e, pelo menos em algum grau, da conquista do mundo ao seu redor.
A confiança coletiva tinha sido deslocada das autoridades tradicionais da pré-
modernidade para o poder da razão individual na era moderna. O cogito ergo sum de
Descartes[16] criou um convite epistemológico em que a razão ligava as diferenças culturais e
religiosas. A grande esperança agora estava fixada na ideia de progresso coletivo e concordância,
principalmente através do veículo da razão. Mas, mesmo que o progresso tecnológico
aumentasse em virtude da razão e do método científico, guerra mundial, holocausto, e inúmeras
outras falhas sociopolíticas, socioeconômicas e religiosas provaram que as duas ideias de
progresso e concordância eram inatingíveis pela mentalidade moderna.
Alimentada pela subjetividade de Kierkegard e rejeição dos absolutos de Nietzsche, a
geração pós-Segunda Guerra Mundial trouxe para a década de 1960 um rápido desenvolvimento
de ideias pós-modernistas e metodológicas, reconhecendo as falhas da era moderna. Derrida
(desconstrução), Foucault (sociedade e poder), Lyotard (teoria literária e crítica da metanarrativa)
e Baudrillard (teoria social) são apenas alguns colaboradores-chave do pós-modernismo, e esses
deram origem a uma nova era pós-moderna.
O pós-modernismo é uma forma de fazer ciência, de interpretar o mundo em uma
época de pós-modernidade. É decididamente não moderno e busca corrigir os erros da
modernidade. Como Vanhoozer coloca: o pós-moderno é em grande parte uma reação à distinção
sujeito-objeto e à sua suposição concomitante que a verdade pode ser descoberta por indução e
dedução.[17]
Rozzi, entre outros, proporciona uma perspectiva secular científica sobre as
delimitações entre as três eras, em particular no contexto da observação científica:
O pré-modernismo representa a ênfase na observação do mundo natural que começou por
estudiosos no fim da Idade Média. O modernismo, inclui o cientista, que já não percebe os
seres naturais como processos em si mesmos, mas sim como fenômenos representados na
sua mente, que podem ou não corresponder com o mundo material "externo". O pós-
modernismo, enfatiza as influências do contexto social e cultural sobre observações
científicas e explicações. (Rozzi et al, 1998)
Devido à sua consideração de fatores previamente enfatizada (a saber, o contexto social e
cultural), o pós-modernismo é percebido pelos seus adeptos como um caminho muito melhor –
disposto, é claro, de utilizar implementos da modernidade, mas indisposto a submeter-se às
ideias modernas de inevitável progresso através da racionalidade e da ciência[18] e, certamente,
recusando-se a se submeter a qualquer singularidade de verdade além das realidades relativas de
impacto cultural.
É neste ponto que a pós-modernidade e o pós-modernismo são mais facilmente
distinguíveis, onde a pós-modernidade se refere à era específica de perspectiva científica e o pós-
modernismo abrange um amplo e, de alguma forma, assistemático modo de interpretação. A
observação científica objetiva é, e deve ser, colorida por pressuposições e moldada pela
metodologia. A teologia bíblica afirma ser a verdade fundamental, ela deve ser vista, em última
instância, governando a ciência e, dessa forma, fornece a estrutura adequada da cosmovisão com
a qual começa estudo científico.
Fundacionalismo
Philips define fundacionalismo como:
a visão de que uma crença é uma convicção racional somente se ela está relacionada de
forma adequada a um conjunto de pressupostos que constituem as bases do que
acreditamos. É assumido, desde o início, que a crença em Deus não está entre estas
proposições fundamentais.[41]
Essencialmente, o fundacionalismo exige que, a fim de acreditar em qualquer coisa, primeiro
deve haver provas suficientes para fundamentar a crença. Em relação à existência de Deus, A.B.
Davidson reconheceu que os escritores bíblicos certamente não foram fundacionalistas na sua
abordagem, pensando que nunca ocorreu a nenhum profeta ou escritor do Antigo Testamento
prova da existência de Deus.[42]
Fundacionalismo ou destrói a premissa da revelação bíblica (que pressupõe a
existência de Deus), ou a revelação bíblica demonstra a falácia da abordagem fundacionalista.
Sugiro que o último. No entanto, essa epistemologia falha é fundamental no pensamento de
muitos teólogos, resultando em conclusões falhas, como a evolução teísta, o
antissobrenaturalismo, a teologia da substituição e uma abordagem evidencialista da verdade.
PESSOAL X IMPESSOAL
A explicação de Schaeffer sobre o pessoal versus impessoal traz uma luz valiosa na
epistemologia inicial:
O que está envolvido é a realidade do Deus pessoal em toda a eternidade em contraste com
o outro filosófico ou ao todo impessoal que é frequentemente o conceito de Deus entre os
teólogos do século 20. O que está envolvido é a realidade do Deus pessoal em contraste a
um motor teórico imóvel, ou a um pensamento de proteção humano puramente subjetivo...
Um princípio impessoal, contudo, gera dois problemas esmagadores, que nem o oriente e
nem o homem moderno, sequer chegaram perto de resolver. Primeiro, não há explicação
verdadeira para o fato de que o mundo externo não apenas existe, como também tem uma
forma específica...
Segundo, e mais importante, se começarmos com o universo impessoal, não há explicação
para a personalidade. Num sentido bastante real, a questão das questões para todas as
gerações – mas esmagadora para o homem moderno – é “Quem sou eu?”...
Em resumo, um princípio impessoal não explica nem a forma do universo nem a
personalidade do homem. Assim, não apresenta a base para a compreensão dos
relacionamentos humanos, construindo sociedades justas, ou o seu envolvimento em
qualquer tipo de empreendimento cultural.[59]
ABSOLUTO X RELATIVISMO
Protágoras, por causa de sua declaração de que: “o homem é a medida de todas as coisas; das
coisas que são, como são e das coisas que não são e como não são”[71] é comumente conhecido
como o pai do relativismo. Seu princípio ensinava que o homem é o padrão da verdade e que a
verdade pode variar de homem para homem. Em resumo, por causa de sua epistemologia
antropocêntrica, ele concluiu ilogicamente que não há absoluto, salvo para o absoluto de que
todas as coisas são relativas ao homem. Platão o citou ao dizer: “O modo como as coisas
aparecem para mim, desse modo elas existem para mim; e o modo como as coisas aparecem para
você, desse modo elas existem para você”,[72] ilustrando a natureza contraditória da crença – a
verdade é relativa a cada homem nesta opinião; e, portanto, para quem crer que o relativismo é
falso, ele é falso e se torna um argumento que se auto destrói. O teísmo bíblico, por outro lado,
oferece a única explicação para o absoluto. Cristo reivindica ser “O caminho, a verdade e a vida”
(Jo 14.6) Como resultado,
A reivindicação absoluta de Jesus de que Ele é o caminho, a verdade e a vida, significa
categoricamente que qualquer coisa que contradiz o que ele diz é, por definição, falsa.[73]
Mais uma vez, deve-se fazer uma escolha. O homem ou vai suprimir a verdade do Cristo
absoluto, ou Deus em sua misericórdia permitirá que o indivíduo chegue ao conhecimento
salvador dele.
É presunçoso oferecer a conclusão de que somente o teísmo bíblico é a explanação
plausível da verdade absoluta, quando outras religiões fazem reivindicações semelhantes? O
Alcorão, por exemplo, afirma com convicção: “A única fé verdadeira à vista de Deus é o Islã.[74]
Uma pesquisa da teologia bíblica vai mostrar que o Deus revelado no Antigo Testamento
(predatando o Alcorão entre 2200-1200 anos) é o mesmo Deus revelado no Novo Testamento em
Cristo, que faz uma reivindicação exclusiva de divindade e ao fazer isso contradiz as
reivindicações do Alcorão, resultando, portanto, em dois sistemas opostos e não
complementares. Um exame do teísmo bíblico contra qualquer outro sistema que reivindique
verdade absoluta terá o mesmo resultado que esse, pois a revelação bíblica de Deus é
mutuamente exclusiva (Jo 14.6; At 4.12 etc)
Walfield expressa isto de modo competente:
A religião da Bíblia anuncia-se assim, não como o produto da busca do homem por Deus,
como se porventura tateando pudessem tateá-lo e achá-lo, mas como a criação no homem
do gracioso Deus, formando um povo para si mesmo, para que possam proclamar seu
louvor. Em outras palavras, a religião da Bíblia se apresenta como uma religião
inconfundivelmente revelada. Ou antes, para falar com mais exatidão, ela se anuncia como a
religião revelada, a única religião revelada; e se coloca como tal contra todas as outras
religiões que são apresentadas como todas as consequências, num sentido no qual ela não é,
da arte e invenção do homem.[75]
Por causa desta exclusividade, há mais uma vez, somente duas opções – suprimir a verdade e
abraçar o relativismo (e o lado humanista dos dualismos universais), ou ser atraído pelo Pai
numa compreensão e conhecimento pessoais corretos do Cristo Absoluto – o caminho, a
verdade, e a vida.
O atributo de Deus mais enfaticamente atribuído a ele, tanto nos testamentos hebraico
como no grego, é a santidade (Is 6.3; Ap 4.8), que no seu âmago se refere a Deus como sendo
“totalmente outro e superior” do que ele criou (Os 11.9b). Cabe aqui então, que o teísmo bíblico
estaria em conflito direto com todas as formas de filosofia, religião e pensamento humanos e que
quaisquer acordos desses humanismos com o teísmo bíblico se devem ao fato que, nesse
exemplo em particular, eles estão se apropriando da cosmovisão bíblica. Toda a verdade é a
verdade de Deus e o homem, em sua depravação e supressão da verdade, tentará se agarrar a
qualquer verdade que possa apenas suprimir a verdade que ele conhece sobre o seu criador.
Essas supressões humanísticas da verdade (as epistemologias impessionista, pluralistas,
racionalistas e relativistas) ilustram o amor do homem pelas trevas e o desejo de evitar a
submissão à verdade de Deus. Elas mostram até onde o homem vai a fim de manter o equivalente
filosófico do menino que pensa que pode se esconder do perigo iminente, cobrindo simplesmente
os olhos. O homem deixado a seus próprios planos é na melhor das hipóteses um ateu. O Salmos
14.1 identifica o ateu como um tolo. Não só um tolo no sentido daquele que não é sábio, mas no
sentido de quem é ameaçador e depravado em suas atitudes em relação a Deus.
O tolo, um termo usado na Escritura significando um homem ímpio, é usado também pelos
filósofos pagãos para indicar uma pessoa perversa, “gabal” que vem de “nabal”, significa a
extinção da vida nos homens, animais e plantas; assim tomando a palavra “nabal”, uma
planta que perdeu toda a seiva que a torna amável e útil. Assim, um tolo é aquele que
perdeu a sabedoria e a noção certa de Deus e das coisas divinas que foram comunicadas ao
homem pela criação; alguém morto em pecado, mas não tão vazio das faculdades racionais
quanto de graça nessas faculdades, não alguém que queira argumentar, mas que abusa da
sua razão.[76]
Esse tipo de tolo rejeita não a noção de um ser supremo abstrato; pelo contrário, ele rejeita a
noção do Deus revelado na Escritura.
Não há Deus... Não é Jeová, cujo nome significa a essência de Deus, como o ser supremo e
superior; mas Eloahia, cujo nome significa a providencia de Deus, Deus como o líder e juiz.
Não que ele negue a existência de um ser supremo que criou o mundo, mas seu cuidado
para com as criaturas, seu governo do mundo e, consequentemente, sua recompensa ao justo
ou o castigo do ímpio.[77]
O contrário a este tipo de tolice não é simplesmente o teísmo, ao invés disso é o teísmo
bíblico. Uma teologia bíblica deve, portanto, ser construída não sobre a simples presunção da
existência de um deus, mas ao invés disso, deve permanecer firme sobre a pressuposição exigida
da existência do Deus que se revela na Escritura.
Deve ser entendido que a Escritura nunca tenta provar a existência de Deus, mas, em vez
disso, ela a admite. Consequentemente, os imperativos da apologética da Escritura se centralizam
ao redor do próprio evangelho – que estejamos prontos a defender o evangelho (Fp 1.7, 16; 1Pe
3.15).
PILAR 2: A AUTORREVELAÇÃO AUTORITATIVA
DE DEUS AO HOMEM
Deus fez a si mesmo conhecido ao homem por meio de uma autorrevelação divina. Salomão
reconhece tal fato em Eclesiastes 3.11: “Deus fez tudo formoso no seu devido tempo. Também
pôs a eternidade no coração do ser humano, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez
desde o princípio até o fim”. Deus revelou a si mesmo com
Autorrevelação divina, o propósito de disso é, pela intervenção na história e comunicação
em linguagem, o chamado dos homens para a comunhão com Deus[78].
Isso não é dizer que seu propósito divino em todas as coisas é antropocêntrico – entendemos seu
propósito divino como sendo doxológico – para trazer glória a si mesmo, i.e., para manifestar seu
caráter, mas, em vez disso, é para simplesmente dizer que em sua propósito revelatório ele
chama os homens a uma comunhão com ele próprio.
Deus revelou a si mesmo na revelação geral (natural) (At 14.14-17) divinamente pela (1) própria
obra criativa (Is 40), (2) outras atividades divinas maravilhosas usando a criação (Êx 15.1-21) e
(3) com a criação em si (Sl 19.1-6; Rm 1.20). Entretanto, a revelação geral somente provê
informação suficiente de Deus para apresentar a cada homem indesculpável (Rm 1) e fazer isso
de forma suficiente. A revelação geral não apresenta o conteúdo necessário para uma resposta
que resulte em regeneração. Portanto, mais revelação é necessária.
Ele também revelou a si mesmo em muitas vezes e muitas maneiras (Hb 1.1), através de homens
movidos pelo Espírito Santo de Deus (2Pe 1.21), na revelação especial (sobrenatural) pela
revelação progressiva da inspiração divina da Escritura (2Tm 3.16). Essa Escritura é inerrante (é
a palavra da verdade, 2Tm 2.15) em seu texto original e autoritativo em todos os aspectos da
vida, na medida que funciona como a autoridade final de Deus (sendo a revelação escrita de
Deus) para a vida nele. É, portanto, suficiente me apresenta-lo como ele deseja ser apresentado e
é clara e precisa nessa apresentação.
Essa revelação especial aponta em última instância para sua revelação pessoal (Jo 5.39) em seu
Filho, Jesus Cristo (Jo 1.18; Hb 1.1). Cristo, como a revelação pessoal de Deus é ao mesmo
tempo representativo (Cl1.13-18; Hb 1.3) e exortativo (Jo 1.18).
Como autoexplicativo, Deus naturalmente fala com absoluta autoridade. É em Cristo como
o Deus que fala na Bíblia. Portanto, a Bíblia não apela para razão humana como definitiva
para justificar o que ela diz. Ela chega ao ser humano com autoridade absoluta.[79]
Todos elementos da sua revelação requerem uma resposta humana, e o homem é tomado como
responsável por sua resposta. Chafer identifica a presunção da inspiração e autoridade da
Escritura como o primeiro dos seus requisitos para o estudo teológico.[80]
INSPIRAÇÃO
“Antigamente, Deus falou, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas,” (Hb
1.1). Apesar dos métodos variarem, o doador da revelação sempre é o mesmo. A alegação da
inspiração (2Tm 3.16) diz respeito à (1) origem da Escritura – procedendo da boca de Deus
(existem mais de 150 referências na Escritura para “O Senhor falou” ou “Deus falou” e mais
quatrocentas para “Assim diz o Senhor”, veja também Cl 3.16; Hb 1.1-2 etc); e com respeito ao
(2) propósito da Escritura – como treinamento para ser completamente equipado para o
ministério. A Escritura é a revelação de Deus, dada via inspiração de Deus. A revelação é o que
Deus disse; a inspiração é o instrumento da revelação.
A revelação do Antigo Testamento foi entregue aos profetas, apesar de não
exclusivamente, como Kuyper observa,
O pronunciamento divino não é limitado à profecia, Deus também falou a outros além dos
profetas, e.g., para Eva, Caim, Agar etc. Receber uma revelação ou uma visão não torna alguém
um profeta, a menos que seja acompanhada do comando de comunicar a revelação a outros. A
palavra “nabi”, o termo da Escritura para profeta, não indica uma pessoa que recebe algo de
Deus, mas uma que traz algo ao povo. Sendo assim, é um erro confinar a revelação divina ao
ofício profético. [81]
Tudo que é revelado na Escritura é revelação divina e é inspirado ou soprado
(theopneustos) pelo Espírito Santo. Há duas categorias distintas de revelação identificadas no
Antigo Testamento: discurso e sonhos/visões/transes.
Com respeito ao discurso como uma ferramenta reveladora, uma comparação de Isaías
6.1-10 e Atos 28.25 mostra que o Espírito Santo é igualado com Deus e é aquele que fala. É vital
para o entendimento que a interpretação literal desse método requereria comunicação audível em
terminologia linguística entendível pelo recipiente – em outras palavras, o uso de linguagem
humana e palavras (perceba Êx 19.9 e 1Sm 3.1-14).
Sonhos, visões e transes eram métodos válidos, apesar de secundários, para o
recebimento da revelação (Gn 20.3-7, 31.10-13, 24, 37.5-20, 40.5-16, 41.11-13, 15-32, 42.9 etc).
Deus especificamente identificou sonhos como um método válido de revelação (Nm 12.6). Em
contraste com os sonhos, visões compreendiam uma revelação dada normalmente enquanto o
recipiente estava acordado (1Rs 22.19; Is 1.1, 6.1; Ez 1.3 etc). Transes geralmente eram
simplesmente uma condição criada por Deus para facilitar a entrega da revelação através de
sonhos ou visões.
No Novo Testamento, há alguns propósitos específicos e limitações identificados no programa
revelatório de Deus: (1) a pessoa de Cristo é o ápice da revelação de Deus (Hb 1.1-2) e toda a
obra do Espirito Santo na revelação aponta para Cristo (Jo 5.39; 15.26). (2) A revelação através
da Escritura – na conclusão do texto do Novo Testamento (1Co 13.10; Ef 2.20-21, 4.12-13; Hb
2.2-3; Ap 22.18-19), a obra de revelação do Espírito Santo nessa dispensação – em termo de
nova revelação – está completa.
Enquanto revelação é o conteúdo da mensagem, inspiração é o meio do relato da
mensagem. Com respeito à Escritura, inspiração se refere à qualidade de ser soprada por Deus –
da própria boca de Deus. Deve haver, neste ponto, um lembrete que de fato as Escrituras em si
mesmas são inspiradas (2Tm 3.16), enquanto os homens que escreveram as palavras foram
movidos pelo Espírito Santo e assim falaram as palavras de Deus (Is 59.21; Jr 1.9; 2Pe 1.20-21).
Cristo afirmou o papel do Espírito Santo tanto na revelação, quanto na inspiração (Mt 22.42-43;
Mc 12.36), como também os apóstolos (At 1.16, 4.25, 28, 25; Hb 3.7, 9.6-8, 10.15). Apóstolos,
portanto, fazem alegações autoritativas para seus escritos (i.e., perceba a alegação de Paulo em
1Co 2.13, 14.37; Gl 1.7-8; 1Ts 4.2, 15; 2Ts 3.6, 12, 14).
Sem a obra do Espírito Santo, não poderíamos conhecer a revelação de Deus e qualquer
exame da identidade, caráter e obras de Deus seriam puramente especulativos. Ao passo que
temos uma revelação autoritativa vinda de Deus, por meio da obra de inspiração da Escritura do
Espírito Santo. Inspiração Verbal Plenária parece ser a descrição mais precisa desse
instrumento.
A inspiração é verbal no sentido de que o Espírito Santo fortemente influenciou a seleção
de cada palavra usada pelos escritores humanos, utilizando suas personalidades e vocabulários,
enquanto evitava a intrusão do erro[82]. A inspiração é plenária (da palavra latina plenus, que
significa completo) no sentido que a inspiração se estende a cada aspecto (não simplesmente com
respeito aos elementos “doutrinários”) e até mesmo cada palavra da Escritura.
Excurso: O delineamento da profecia como instrumento de inspiração pelo Espírito Santo.
Deus falou
(1) O conteúdo é revelação especial (Sl 19.7-11; Hb 1.1), o qual é a revelação por Deus
através do Espírito Santo, do seu Filho (Jo 5.39) que glorifica o Pai.
(2) O método é inspiração (2Tm 3.16).
(3) A forma final é a Escritura (2Tm 2.15, 3.16).
(4) O revelador é o Espírito Santo.
(a) As interações envolviam o mover do Espírito Santo dos homens (2Pe 1.20-21).
(b) Os recipientes eram os apóstolos e profetas (Jo 14.26; Ef 3.5).
(c) O conteúdo era a verdade e lembrança de Cristo, para a glória do Pai (Jo 14.26, 15.26-
27, 16.13).
(d) As características incluíam a palavra do Espírito (Ef 6.17; Hb 4.12) e o testemunho e
palavras do Espírito Santo (Is 59.21; Zc 4.6; At 21.11; 1Tm 4.1; Hb 3.7, 9.8, 10.15; Ap
2.7, 11, 17, 29, 3.6, 13, 22).
Eras proféticas no Antigo Testamento
(1) A era pré-abraâmica envolveu a revelação direta em vez de mensagens a serem
entregues a uma audiência (e.g., Adão e Eva, Caim, Enoque, Noé etc).
(2) A era abraâmica incluiu revelação direta de bênçãos pessoais e pactuais.
(3) A era mosaica foi caracterizada pela revelação direta com uma mensagem particular a
ser entregue a uma audiência específica.
(4) O tempo dos Juízes incluiu revelação ocasional (1Sm 3.1); os nomes dos profetas não
são geralmente relatados (exceto Débora, Jz 4.4).
(5) Durante as eras da Monarquia, do Exílio e do Pós-Exílio, a revelação é extensiva e
primariamente no contexto de mensagens a serem entregues; mensagens de
julgamento, restauração e esperança messiânica.
O ministério de Cristo
(1) Cristo alegou ser um profeta (Mt 13.57; Mc 6.4; Lc 4.24, 13.33).
(2) Ele foi reconhecido como um profeta (Mt 21.46, 21.11; Mc 6.15; Lc 7.16, 24,19; Jo
6.14; 7.40; 9.17).
(3) Ele é tanto o profeta da revelação quanto a revelação (Jo 5.39; Cl 1.15; Hb 1.1-3, 2.2-3).
(4) Ele é o profeta apontado que viria (Dt 18. 15-19; At 3.19-26).
A era apostólica
(1) Os apóstolos e profetas foram mandados em última instância para serem perseguidos e
mortos (Lc 11.49-51, perceba a implicação aqui que o ofício normativo profético seria
concluído com aquela geração). Com respeito à prioridade na igreja, apóstolos eram os
primeiros e os profetas os segundos (1Co 12.28).
(2) Homens eram apontados por Deus dentro da igreja como profetas (1Co 12.28).
(3) Eles deveriam falar no nome do Senhor (Tg 5.10).
(4) Eles deveriam profetizar de maneira ordenada (1Co 14.29-32).
(5) Apóstolos e profetas eram significativamente relatados (Ef 3.5; 2Pe 3.2; João, por
exemplo era tanto profeta quanto apóstolo, veja Ap 22.9) e ainda assim distinto (Ef
4.11).
(6) Apóstolos e profetas eram dados à igreja como fundamentais (Ef 2.20; 3.5; 4.11,
edificando sobre a rocha de Cristo (Mt 16.18; 1Co 3.11).
(7) Eles eram autenticados por sinais, milagres, maravilhas e dons do Espírito Santo (2Co
12.12; Hebreus 2.3-4).
(8) O ministério fundamental da profecia, no contexto do conhecimento revelado, seria
eliminado na vinda do perfeito ou o completo (1Co 13.10).
A palavra traduzida para perfeito, ou completo, em 1 Coríntios 13.10 é teleion e é um
adjetivo neutro (perceba o artigo to em vez de ton) que não se refere a Cristo, mas em vez
disso a uma coisa. A preposição ek (v.9) denota “que vem do que é parcial” (literalmente
divisão ou seção) ekmeous (não com nepios) e é contrastado com o estado eterno, a segunda
vinda de Cristo, ou a completude da revelação está em vista aqui. (Perceba o conceito
espelho de 1Co 12.13, 2Co 3.14-16 e Tg 1.23). Em contraste com o parcial, completo (em
vez de perfeito) é a melhor interpretação.
(9) Alguns são identificados como apóstolos, incluindo Paulo, Cristo (Hb 3.1), Pedro, os
Doze (Mt 10.2), Matias (At 1.26), Barnabé (At 14.14), Tiago (Gl 1.19), Silas (Silvano)
e Timóteo (1Ts 1.1; 2.6 etc).
(10) Alguns são identificados como profetas, incluindo, Ágabo, outros de Antioquia
(At 11.27), Barnabé, Simão (At 13.1), Judas, Silas (At 15.32) e Ágabo (At 21.10).
Falsos apóstolos e profetas
(1) Falsos apóstolos e profetas surgiram (2Co 12.11-15; 2Pe 2.1; 1Jo 4.1).
(2) Falsos apóstolos e profetas surgirão (Marcus 13.22), e falsos ensinos serão desejados
(1Tm 4.1-2; 2Tm 3.1-8).
Era da tribulação
(1) Os dois profetas são concedidos por autoridade requerida para profetizar (Apocalipse
11.3-10).
(2) O Falso Profeta ajuda a besta durante a tribulação (Apocalipse 16.13), fazendo sinais
para enganar (19.20) e é capturado e arremessado vivo no lago de fogo (19.20; 20.10).
Profetas, apóstolos e Inspiração
Profetas e apóstolos são ferramentas de revelação do Espírito Santo. Definições a esse respeito
impactam dramaticamente as doutrinas da inspiração, inerrância, infalibilidade e, portanto, a
autoridade da Escritura. Se esses papéis são mal representados, em última instância a autoridade
da Escritura é prejudicada, deixando o leitor ou com um texto humanizado, ou com um cânon
fluido para ser influenciado quer pelo corpo ecumênico, ou por figuras pseudo-autoritativas que
por capricho oferecem nova revelação. Se esses papéis são corretamente entendidos, o leitor
pode consequentemente apegar-se à necessidade de aprender a portar habilidosamente a espada
divina e irá, talvez, abandonar a tarefa infrutífera de tentar afiá-la.
Entretanto, nem todos os livros do Novo Testamento foram escritos por apóstolos. Esses
escritores que não tinham apostolado com mais certeza devem ter tido o dom de profecia
revelatória (como identificada em 1Co 12.8-13), e cada um tinha ministérios significativos em
associação direta com os apóstolos.
Escritor Livro do NT Identificado como apóstolo
João Marcos Evangelho de Marcos 2Timóteo 4.11; Paulo
Evangelho de Lucas
Lucas Atos 2Timóteo 4.11; Paulo
(Hebreus ?)
1Coríntios 16.12; Paulo
Apolo
Atos 4.46; os apóstolos
Barnabé?
Atos 11.24, 26; Paulo (Saulo)
Lucas?
Veja acima
Judas Judas Judas 1; Tiago
Porque os livros da Bíblia têm o selo da autoridade divina e foram reconhecidos como
autoritativos desde o começo, com o passar do tempo pela igreja, o Novo Testamento foi
finalmente reconhecido em sua forma atual pelo 3º Concílio de Cartago (397 d.C.). Bahnsen
reconhece a importância desse selo divino:
A fé cristã é baseada sobre a própria autorrevelação de Deus, não opiniões conflitantes ou
especulações não-confiáveis de homens. Como o Apóstolo Paulo escreveu: “para que a vossa fé
não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus” (1Co 2.5). O mundo em sua
própria sabedoria nunca entenderia ou buscaria a Deus (Rm 3.11), mas sempre suprime ou
distorce a verdade em impiedade (Rm 1.18, 21). Então Paulo concluiu que “o mundo não o
conheceu por sua própria sabedoria” (1Co 1.21) e ele coloca um grande contraste “não em
palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito” (1 Corintios 2.13) que
“Deus nos revelou pelo Espírito” (1Co 2.10). À luz desse contraste, precisamos ver que a
mensagem apostólica não se originou em palavras persuasivas de sabedoria humana ou em um
insight (1Co 2.4). A luz do conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo foi, como
dizem: “de Deus e não de nós mesmos” (2Co 4.6-7). Paulo agradeceu a Deus que os
Tessalonicenses recebessem sua mensagem “não como palavra de homens, e sim como, em
verdade é, a palavra de Deus” (1Co 2.13). Como Pedro escreveu, “porque nunca jamais qualquer
profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens falaram da parte de Deus, movidos
pelo Espírito Santo” (2Pe 1.21). Paulo disse que os escritos sagrados que nos fazem sábios para a
salvação que cada um deles é “soprado por Deus”, inspirado por Deus (2Tm 3.15-17). É por essa
razão que as Escrituras são confiáveis para nossa doutrina, correção e instrução.[88]
CRITICISMO BÍBLICO
O criticismo bíblico/textual examina evidências externas e internas para chegar em tais
conclusões, como as datas e autoria dos livros, e a legitimidade dos escritos textuais. Enquanto o
criticismo bíblico/textual pode ser uma ferramenta valiosa em entender onde os livros da Bíblia
se encaixam no contexto, alguns o utilizam para depreciar a autoridade da Escritura, possuindo
falsas motivações e usando métodos falhos resultando em uma supressão da autoridade da
Escritura. Essa abordagem é comumente identificada como criticismo liberal e não possui a
intenção de simplesmente entender os livros, mas em vez disso procura destruir a autoridade dos
livros em conjunto. Há geralmente duas escolas de criticismo bíblico: alto criticismo, abordando
assuntos de autoridade e definições etc; e o baixo criticismo que aborda os manuscritos em si
mesmos.
Alguns elementos do alto criticismo.[89]
(1) Com respeito à Torá
A autoridade de Moisés da Torá (ou Pentateuco – os primeiros cinco livros da Bíblia) é
afirmada através da Escritura, assim o literalista bíblico concluirá que Moises de fato era o
autor. Há várias reivindicações dentro da Torá da autoridade mosaica[90], assim como outros
livros do Antigo Testamento contém elementos da mesma[91], e o próprio Cristo identificou
Moisés como o escritor dos cinco livros em mais de quinze ocasiões relatadas[92]. De forma
mais siginificativa, em Lucas 24.44, ele se refere a todo o Antigo Testamento, dividido –
como os judeus da época entendiam – em três categorias: “a lei de Moisés, os profetas e os
salmos.”
Somente nos anos recentes a autoridade mosaica desses livros tem sido desafiada, mais
notavelmente por Julius Wellausen (1844-1918). Wellhausen argumentou em favor da
teoria documentária, também conhecida como teoria JEDP – uma teoria que sugere que
vários homens como sendo responsáveis pela autoria da Torah.
“J” é de “javista”, pelo suposto autor ter preferência por usar o nome de Jeovah (em
hebraico Yahweh) ao descrever Deus. Esse autor escreveu em aproximadamente 850 a.C.
Êxodo 34.10-26 é reivindicado como sendo de autoria de “J”, ainda assim, Êxodo 34.27 faz
uma clara reivindicação à autoria mosaica.
“E” é para “eloísta”, pelo suposto autor preferir a palavra hebraica Elohim quando se refere
a Deus. Sua escrita foi terminada em 750 a.C. Êxodo 17.8-13 e 20.22-23.33 são
supostamente exemplos do trabalho desse escritor e ainda assim novamente 17.14 e 24.4
reivindica a autoridade mosaica.
“D” é para “deuteronomista” – o escritor não nomeado de 650 a.C que editou e combinou
os documentos “J” e “E” para chegar ao relato deuteronômico de Deuteronômio 5-30 e
32.1-42 supostamente se encaixariam nessa categoria, mas Deuteronômio 31.9 e 32
evidenciam a autoridade de Moisés.
“P” é para o autor sacerdotal[93] - primariamente de Levítico – mas de outras seções
sacerdotais ou institucionais assim como Levítico 18.5 é supostamente um exemplo: mas
ainda assim, Romanos 10.5 demanda autoridade Mosaica. Também compare Números 33.3-
49 e Números 33.2.
Essa forma de criticismo presume que porque existem variações no “estilo” de escrita, e
porque é encontrado dentro desses livros um espectro amplo de assuntos, tempo e informação a
serem cobertos não poderia ser possível que fosse o trabalho de somente um autor e a teoria
ignora completamente a ideia da inspiração de Deus e obra reveladora.
Enquanto Wellhausen não foi o originador primário dessa teoria (Richard Simon, um
padre católico, estabeleceu uma hipótese em 1676 que haviam dois autores do Pentateuco.
Posteriormente, Jean Astruc (1684 – 1766] e Johann Eichhorn [1752 – 1827] avançaram a
teoria), pareceu ser seu proponente mais destacado. E o assunto em questão não é simplesmente
a questão de quem escreveu esses livros. O processo pelo qual Wellhausen e outros chegaram às
suas conclusões é perigoso, como Gleason Archer aponta:
A teoria documentária tem sido caracterizada por uma espécie sútil de raciocínio circular;
ela tende a postular suas conclusões (a Bíblia não é revelação sobrenatural) como suas
premissas secundárias (não pode haver tal coisa como revelação
sobrenatural)...Infelizmente...isso rendeu a impossibilidade de qualquer consideração justa
das evidências apresentadas pela Escritura da revelação sobrenatural. Além do mais, a
tornou absolutamente compelida a encontrar explicações racionalistas e humanistas de cada
episódio ou evento miraculoso ou de manifestação divina no texto da Escritura [94] .
É imperativo que o estudante da Bíblia reconheça o conflito entre as reivindicações bíblicas e as
reivindicações do criticismo liberal. Elas são mutuamente exclusivas e, como resultado, devemos
fazer uma escolha de ou reconhecer a soberania de Deus e sua obra sobrenatural ao revelar a si
mesmo, ou ignorá-la completamente. Porém, novamente, apesar de qualquer falta de clareza nos
argumentos ou intenções dos críticos da autoridade mosaica, a Bíblia permanece clara em seu
testemunho de que Moisés era o porta-voz escolhido por Deus para escrever a Torá.
(2) Com respeito a Isaías
Por causa da natureza preditiva do ministério de Isaías, alguns críticos modernos (tanto no
começo quanto do fim do século 18) promoveram uma teoria documentária com respeito à
autoridade de Isaías. É sugerido que em adição ao Isaías histórico, que é o autor dos
primeiros 39 capítulos, havia um redator que viveu na Babilônia depois da queda de
Jerusalém que completou a outra parte do livro (portanto justificando as menções proféticas
da queda da cidade) e que é comumente referenciado como Deutero-Isaías. Alguns até
mesmo fazem referência a um terceiro autor, Trito-Isaías. Esses métodos críticos são
injustificáveis e simplesmente procuram explicar os aspectos miraculosos da profecia
preditiva com a qual Deus revelou seu plano. Entretanto, tradições judaicas, como também
os escritores do Novo Testamento, reconheceram o caráter genuíno da autoridade de Isaías.
Mateus atribui Isaías 40.3 e 42.1 a Isaías (Mt 3.3 e 12.17-18). Lucas reconhece a autoridade
de Isaías de 40.3-5 (Lc 3.4) e 53.7-8 (Atos 8.28). Paulo também reconhece que Isaías
escreveu a porção posterior do livro, atribuindo 53.1 e 65.1 a Isaías (Rm 10.16, 20). A
autoridade e legitimidade da autoria de Isaías foi depois verificada pelo próprio Cristo, na
medida que ele citou a seção anterior do livro (Is 29.13 em Mt 15.3-9) e a posterior do livro
Isaías 61.1 em Mt 11.5), como autêntica e profética sobre ele mesmo.
(3) Com respeito a Daniel
Devido a precisão surpreendente das profecias de Daniel, críticos têm sugerido uma data
posterior da 167 a.C, citando a colocação do livro no ketuvi’im em vez do nebi’im (essa
conclusão passa por cima do fato que Daniel não ministrou como profeta como fez aqueles
escritores no nebi’im, em vez disso foi o cabeça do estado servindo aos caldeus). Keil diz
sobre o livro de Daniel que,
Seu lugar no cânon dentre o Kethubim corresponde com o local em que Daniel ocupou no
reino de Deus no Antigo Testamento, a suposta escassez de referências ao livro e suas
profecias em Zacarias e no livro [apócrifo] do Eclesiástico não é, quando examinado de
perto, o caso; não somente o autor do Eclesiástico e Zacarias sabiam e entendiam as
profecias de Daniel, mas até mesmo Ezequiel nomeia Daniel como um padrão brilhante de
sabedoria e justiça[95].
Há outras questões internas que preocuparam os críticos, como a presença de termos de
influência grega no texto, no entanto, a arqueologia (particularmente nos destroços de
Nínive) evidenciou que a influência grega era sentida antes mesmo do tempo de Daniel.[96]
Também preocupa o aparente erro de Daniel 1.1, que identifica a invasão de
Nabucodonosor como sendo no terceiro ano de Jeoaquim, enquanto Jeremias 46.2 indica
que ocorreu no quarto ano de Jeoaquim. Isso é facilmente explicado pela diferença entre os
calendários judaico e caldeu, no entanto, com Jeremias escrevendo a partir da perspectiva
do calendário judaico, enquanto Daniel escreveu desde a perspectiva do calendário caldeu.
É difícil para alguns aceitarem o livro de Daniel, pois descreve o futuro do mundo, é
comunicado com precisão e propósito e encontra seu derradeiro cumprimento no reino de
Jesus Cristo.
(4) Com respeito aos Evangelhos
Características distintas interligam Mateus, Marcos e Lucas, enquanto o evangelho de João
permanece em seu contexto. O primeiro dos três evangelhos lida com muitos dos eventos da
vida de Cristo em detalhe, enquanto o quarto foca em sete sinais específicos, demostrando a
deidade de Cristo. Os três primeiros provêm uma narrativa mais detalhada dos eventos
ministeriais de Jesus na terra, enquanto João declara claramente que sua intenção é relatar
somente a informação que resultaria numa crença salvífica em Cristo:
Na verdade, Jesus fez diante dos seus discípulos muitos outros sinais que não estão
escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que vocês creiam que Jesus é
o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham vida em seu nome. (Jo 20.30, 31)
É comumente sugerido em tempos modernos que Marcos escreveu primeiro porque sua
escrita foi mais curta que a de Mateus ou Lucas, porque muita informação no evangelho de
Marcos pode ser encontrada em Mateus e Lucas também, e por causa dos aparentes
refinamentos gramaticais em Mateus e Lucas. Parece que Marcos escreveu entre 50-60 d.C.
enquanto é possível que ele foi o autor mais antigo; isto não é provável. Muitos dos que
assumem a autoria mais antiga de Marcos também assumem que Mateus e Lucas tomaram
emprestado dele, devido às razões previamente mencionadas.
Mateus foi o único dos três primeiros escritores dos evangelhos a ter um testemunho ocular
de Jesus. Como alguém dos doze discípulos de Cristo, ele estaria bem equipado com os
ensinos e feitos do Salvador. Parece mais lógico que sua proximidade a Cristo teria
permitido que ele compusesse um evangelho “original” – ou pelo menos de uma perspectiva
humana, alguém que estava com Jesus não teria logicamente que tomar emprestado
informação de alguém que não era. É provável que Mateus, de fato, escreveu primeiro e que
sua informação veio de seu próprio testemunho ocular e da obra do Espírito Santo. Isso
também foi universalmente aceito na própria igreja primitiva e, como um resultado, sempre
esteve colocado em primeiro lugar no Novo Testamento[97]. Mateus poderia ter escrito tão
cedo quanto 37-39 d.C, mas com mais certeza não depois de 45 d.C., algo que predataria o
Evangelho de Marcos por pelo menos alguns anos.
Lucas claramente “tomou emprestado” informação, como ele declara enfaticamente no
começo de seu evangelho (1.1-3), provavelmente de Mateus, Marcos e possivelmente o
testemunho dos outros discípulos também. Ele não faz apologia por seu uso de fontes para
compilar seu evangelho. Mesmo assim, a autoridade dos seus escritos não é certamente
comprometida, na medida que ele toma emprestado a autoridade de um companheiro de
Paulo pelo menos, foi um missionário por excelência, e detém a marca inconfundível da
verdade sobre seu evangelho.
João escreve seu evangelho pelo menos antes da destruição de Jerusalém em 70 d.C, em
parte devido a uma referência presente à Jerusalém (5.2). Tem se tornado popular assumir
que Mateus e Lucas tomaram emprestado de Marcos, mas o criticismo moderno se estende
mais e é algo como isso:
De acordo com a teoria, Marcos escreveu o primeiro evangelho, baseado na autoridade de
Pedro e em paralelo com o documento hipotético conhecido como “Q”. Mateus, então,
escreve, tomando emprestado de fontes únicas, de Marcos e de Q. Finalmente, Lucas
escreveu, mas não usou as fontes únicas de Mateus, de fato ele não usou Mateus de forma
alguma, mas em vez disso usou Marcos e Q assim como suas próprias fontes únicas.
Essa teoria procura explicar as similaridades e semelhanças difíceis no relato do evangelho,
mas cria mais problemas do que resolve. Em primeiro lugar, ela admite que Deus não
inspirou as palavras desses indivíduos de forma independente, mas, em vez disso, usou
fontes humanas para coletar suas informações; enquanto Lucas proclama seu uso de fontes
(que muito bem poderia ter sido os outros evangelhos, assim como outras tradições orais
dos apóstolos que não foram relatadas nos evangelhos), Mateus e Marcos não fazem isso, o
que faz da hipótese documental um salto especulativo. Em segundo lugar, ela admite que
um testemunho ocular de Jesus (Mateus) tomou emprestado de alguém que não estava com
Jesus (Marcos), criando uma inconsistência lógica com essa hipótese. E, finalmente, ela
introduz “outras fontes”, incluindo a “Q”, para a qual não há evidência bíblica ou histórica,
novamente muito especulativa e presunçosa, e como resultado ataca a autoridade textual.
Considerando o alto criticismo: O relacionamento da autenticidade e autoridade[98]
John Locke habilmente identificou o problema central da autoridade bíblica: ele explicou
que se tudo do escrito santo deve ser considerado igualmente como inspirado por Deus, então há
muito a ser questionado com respeito a fé cristã[99], entretanto, se não deve ser considerado,
então a autoridade do texto pode ser questionada e em última instância enfraquecida, e assim a fé
cristã é desintegrada[100]. É um grande problema de fato que Locke desenterrou. Se o texto não é
autoritativo, então os exercícios hermenêuticos são bastante inconsequentes para qualquer outro
propósito que não seja a apreciação literária. Portanto, a autoridade do texto é central nesse
ponto. Como então o criticismo bíblico influencia a discussão? Além do mais, o que pode ser
dito da autoridade depois do texto ter sido submetido ao processo crítico?
Louis Wallis resumiu de forma sagaz o surgimento do criticismo bíblico, observando
corretamente que ele não se origina nas mentes dos eruditos alemães, mas em vez disso desfruta
de uma gênese mais eclética. Seus comentários traçaram o progresso do século 12 ao 18 e a sua
minuciosidade e concisão advertem a completa representação deles aqui. Ele descreve o
surgimento do criticismo bíblico da seguinte forma:
De forma distinta prefigurada por um judeu espanhol, Ibn Ezra, o erudito bíblico mais
eminente da Era Medieval, bem antes no século 12 d.C. A ideia foi retomada pelo erudito
inglês Hobbes, em seu livro, Leviatã, publicado em 1651; pelo francês La Peyerere, em seu
livro Prae-Adamitae, publicado em 1655, e pelo filósofo judeu Espinosa, de Amsterdã,
Holanda, em Tratado Teológico Político, que veio em 1670. No meio tempo, o francês
Louis Cappellus em 1650 publicou sua Crítica Sacra, demonstrando a condição imperfeita e
falível dos pontos vocálicos hebraicos. Em 1678, Richard Simon, outro francês, publicou
um volume intitulado História Crítica do Antigo Testamento, mostrando que a lei mosaica
foi compilada e editada séculos depois do tempo de Moisés. Em 1753, apareceu uma obra
de Astruc, um escritor francês, identificando os chamados documentos jeovistas e eloístas
em Gênesis. Em 1800, foi publicado Critical Remarks de Alexander Geddes, um escocês,
que negou a autoridade mosaica do pentateuco. E apesar dos eruditos alemães no século 19
terem feito mais para a interpretação bíblica que os outros eruditos em outros séculos, eles
foram inclusos de forma perspicaz durante aquele período por Renan, da França, Colenso,
da Inglaterra e Kuenen, da Holanda[101].
Notavelmente, dois dos críticos anteriores citados por Wallis (Ibn Ezra e Espinosa), construíram
sobre tradições anteriores. Fred G. Bratton sugeriu que eles tomaram emprestado dos
talmudistas, “que chamaram atenção para pontos de discrepâncias e contradições no Antigo
Testamento”[102].Bratton proveu uma série de exemplos, citando observações “como aquela em
que o dilúvio não foi uma catástrofe global, mas de caráter local, ou outra como a que Moisés ou
Elias não ascenderam ao céu e uma terceira que os pássaros que alimentaram Elias eram
humanos”[103].
No século 9, Hivi[104], considerou as dificuldades bíblicas, resolvendo algumas delas em
antecipação da “exegese racionalista”[105]. Outro erudito, cujo nome é desconhecido, mas cujo
trabalho do século 11 Schecter descreveu, deu atenção para todas discrepâncias
veterotestamnetárias[106]. Os talmudistas anteriores e esses dois críticos textuais posteriores (em
adição a Orígenes e sua hermenêutica apologética), demonstram que o criticismo bíblico não é
simplesmente uma preocupação moderna. Apesar disso, a modernidade deu ímpeto para tal grau
de refinamento no criticismo bíblico que a inspiração do texto – e consequentemente sua
autoridade como um suporte moral – tem sido amplamente duvidada.
Escrevendo no século 12, Abraham Ibn Ezra questionou a autoridade mosaica do
pentateuco baseado na linguagem retrospectiva que pareceu bem depois dos anos do tempo de
vida de Moisés. Adicionalmente, Ezra, foi o primeiro a falar da autoridade plural de Isaías,
citando, por exemplo, que a referência a Ciro (como o libertador de Israel) não poderia ter sido
escrita pelo Isaías do século 18.[107] A despeito do seu questionamento do texto em esses
contextos específicos, ele teve grande respeito por isso, considerando-o digno de estudo. Seu
entendimento preciso da língua hebraica permitiu que ele oferecesse tais graus de credibilidade
onde outros tiveram dificuldade, isso deu a ele um alto grau de credibilidade que ele é percebido
como tendo uma relação vital entre a erudição bíblica antiga e moderna.[108]
Hobbes resumiu a discussão em 1651 no capítulo 33 de seu Leviatã[109], no qual ele
questionou a autoridade de Moisés. Ele discutiu uns poucos casos específicos que pareciam
lançar dúvida sobre a autoridade de Moisés da Torá. Ele citou Deuteronômio 34, que inclui o
relato da morte de Moisés (i.e. como ele fez uma jornada a uma montanha para ver a terra
prometida, onde ele foi proibido de entrar, devido a um momento de rebelião, como ele morreu e
como Deus agiu com o corpo de Moisés e ele nunca foi descoberto). Hobbes afirmou que Moisés
não poderia ter escrito o relato da sua própria morte e sepultamento. Ele citou Gênesis 12.6 que
usa a frase “enquanto os cananeus estavam na terra”. Durante o tempo de vida de Moisés, os
cananeus não estavam na terra e não foi até a conquista nos dias de Josué que eles começaram a
serem removidos, assim Hobbes declarou que Moisés não poderia ter escrito essa passagem.
Além do mais, Números 21.14 faz referência ao Livro das Guerras do Senhor, que Hobbes
reconheceu como sendo os escritos de Moisés e assim Números foi escrito depois do tempo de
vida de Moisés. Hobbes não teve a intenção de demolir a autoridade do texto, entretanto, ele
indicou que tudo o que Moisés afirmou ter dito, de fato ele disse, portanto o texto não é
desonesto, Moisés apenas não é o autor de tudo que a tradição presume dele.
Enquanto a motivação de Hobbes não era redefinir Deus, a de Benedito de Espinosa era.
Ele enfatizou a imanência de Deus, sustentando que Deus era monista e impessoal, que ele era
revelado nas leis da natureza e deveria ser entendido pela razão. O método crítico de Espinosa é
aparente em seu Tratado Teológico Político (1670) e é caracterizado por um processo
hermenêutico triplo, que admite que as Escrituras deveriam ser estudadas da mesma forma que a
natureza, à luz da razão. Primeiro, ele focou sobre a análise linguística do tempo da escrita, o que
envolveu uma análise em profundidade do texto hebraico e desenvolvimentos na linguagem
hebraica em si mesma. Segundo, ele promoveu organizações tópicas e sistemáticas do texto sob
ouvintes, para que como interlocutores, eles teriam outras passagens relacionadas e similares
disponíveis para eles. Finalmente, ele concentrou intensamente sobre o método de formação
textual. O processo final constituiu sua conquista primária no criticismo bíblico, na medida que
ele considerou o contexto do autor, preparo, motivação, limitação, instrução e uma grande
quantidade de outros fatores. Espinosa fez da formação textual um passo crítico no processo de
determinação do que o texto significa.
Como resultado dessa investigação, Espinosa rejeitou a autoridade mosaica ao levar em
consideração o que ele julgou passagens retrospectivas e anacronismo. Ele afirmou que o
Pentateuco, em adição a Josué e Juízes, foi o trabalho de escritores posteriores, incluindo Esdras,
o escriba. Espinoza da mesma forma considera Neemias ter sido escrito possivelmente no século
2 a.C, Provérbios ter sido pós-exílico, Crônicas ter sido tão desconfiável ao ponto de ser
desamparado de ser incluído no cânon, Jeremias ter sido o produto final de autoria, Jó ter sido
inicialmente um poema gentílico e Daniel não ter sido autêntico[110].
Espinosa identificou dois tipos de escrituras: (1) teologia profética, que estava além da
razão e poderia ser entendida somente a partir das Escrituras em si mesmas e (2) narrativa, da
qual Espinosa foi decididamente crítico. Ele percebeu que os escritores da narrativa tem causas
secundárias em vez de uma causa imediata eficiente. Espinosa argumentou contra o dualismo de
Deus e natureza, sugerindo que não há dicotomia e nem distinção: Deus e a natureza são um.
Portanto, Espinosa também argumenta que não há começo nem fim, isto é, não há teleologia
(i.e., nenhum propósito e nenhuma causa) e assim seu criticismo bíblico leva (ou é baseado em)
uma redefinição significante de Deus. Levando em consideração as conclusões de Espinosa,
Bratton o credita como tendo impacto imensurável sobre o entendimento moderno da Bíblia,
particularmente em sua demonstração “que a Bíblia não é um livro, mas muitos, vindos de
diferentes períodos da história e exibindo diferentes graus de inspiração”[111].
A conclusão de Espinosa, de que o texto não tem uma só voz, é de particular importância
no contexto da discussão presente e se o argumento deve ser feito para a univocalidade e
consequentemente para a autoridade do texto, então o criticismo de Espinosa não pode ser
ignorado.
Richard Simon escreveu a obra Histoire Critique de Vieux Testament desde Paris em
1678, a qual ele publicou como uma versão mais completa sete anos depois. Sua Critique
consistiu em três livros: o primeiro foi um criticismo bíblico, focando nos métodos judaicos
históricos e na autoridade mosaica; o segundo foi um relato de várias traduções do Antigo
Testamento (ele se apoiou no texto massorético e na septuaginta grega, percebendo os
manuscritos anteriores do Antigo Testamento hebraico são tão obscuros na medida que tornam o
Sola Scriptura intangível); e, o terceiro, foi um relato da maioria dos comentadores do Antigo
Testamento. Adicionalmente, ele completou três críticas do Novo Testamento, mas, de todo seu
trabalho, sua conquista primária única foi em sua teoria que através da história judaica havia uma
tradição de análise que cumpriu esta tarefa. Simon estabeleceu uma hipótese que isso veio desse
grupo que Moisés e outros escritores bíblicos tomaram emprestado.[112]
Jean Astruc escreveu seu Conjectures sur la Genèse em 1753 para rebater, em particular,
as críticas de Hobbes e Espinosa da confiabilidade bíblica. Astruc usou métodos
contemporâneos, incluindo aqueles de Eichhorn e Wilhelm de Wette (pai da escola histórica-
crítica), para apresentar um seu próprio criticismo bíblico. Ele focou em duplicidades
(recontagens de narrativas históricas) e distinções estilísticas entre passagens que chamam Deus
de YHWH e aquelas que o intitulam Elohim, e, concluiu assim, que haviam dois autores de
Gênesis (um dos quais foi Moisés)[113]. As conclusões de Astruc foram constituintes para a
hipótese documentária de Wellhausen que viria depois de cem anos.
Julius Wellhausen propôs sua teoria documentária em seu Prolegomena zur Geschichte
Israels. Baseado nas considerações de Astruc de distinções estilísticas, a hipótese de Wellhausen
é tomada como teoria JEDP, um acrônimo para os autores distintos que Wellhausen percebeu
estarem envolvidos na transmissão inicial do texto. J é para jeovista (JHVH é a transliteração
latina de YHWH), E é para eloísta, D é para deuteronomista ou redator (talvez aquele
responsável por muitas duplicidades) e P é para o escritor sacerdotal que escreveu Levítico etc.
Wallis descreveu a crítica de Wellhausen como tão influente que o “estudo bíblico em toda parte
tomou um novo começo.”[114]
Portanto, a crítica de Hobbes encontra seu cumprimento na teoria de Wellhausen e, em
última instância, no valor prescritivo do texto – baseado nessa teoria – na medida que qualquer
coisa mais do que que um comentário cultural e (de alguma forma) histórico pode ser
legitimamente questionado. Enquanto a abordagem responde um aspecto das noções de
Locke[115], ao fazer isso ela em última instância deprecia a autoridade textual. Além do mais, o
criticismo bíblico avançou além de Wellhausen. Contra o plano de fundo da Primeira Guerra
Mundial, Willis interpretou o papel do criticismo bíblico no contexto de desenvolvimento social.
Em particular, Wallis considerou o texto bíblico – a despeito das alegações afirmadas contra os
críticos textuais – como um componente fundamental no desenvolvimento de uma consciência
social que estabeleceria um precedente por meio de uma mentalidade democrática (removendo o
poder interpretativo da autocracia e o dando ao povo), para essa geração devastada pela guerra
“avançar através das chamas de guerra”[116] para uma era mais promissora. O otimismo de
Wallis carrega com ele uma contradição interna que é notável. Ele sugere que alguém não
precisa de ortodoxia, mas de “um conservadorismo que mantenha todos os valores religiosos
consagrados nas Escrituras”[117], ainda assim o criticismo bíblico que ele enalteceu, criou uma
condição na qual os limites entre verdade e falsidade, em um sentido proposicional, são
ofuscados na melhor das hipóteses.
W.R Taylor diagnosticou o problema e tentou uma solução, e ao fazer isso de fato
somente ilustrou o problema. Ele sugeriu que “deveríamos estar prontos para abandonar o
indefensável e concentrar nossa atenção nas qualidades essenciais dos oráculos sagrados
conforme o tempo e a pesquisa os trazem numa compensação mais completa”[118]. A avaliação
de Taylor evoca várias questões. Quais valores deveriam ser mantidos e quais descartados?
Quais são indefensáveis e quais são essenciais? Sem uma abordagem proposicional – tal como a
empegada por James Nash – essa é uma questão impossível de ser respondida com qualquer
certeza. Taylor sugeriu que o criticismo bíblico tem resultado na morte da “crença na inspiração
verbal, na inerrância bíblica em todos as partes na ciência e história, e sua infalibilidade em
assuntos morais e religiosos”[119] e que melhores concepções de Deus agora são possíveis.
A observação de Taylor representa um grau supremo de inconsistência, exigindo um
grande grau de fé para suportar o que é requerido para aceitar a legitimidade do texto como um
todo. Ele sugeriu que a Bíblia não é a revelação, mas simplesmente o relato de algo[120].
Entretanto, onde a revelação termina e onde o relato começa? Taylor argumentou que apesar de
ideias antigas do que constitui uma advertência adequada para a autoridade terem cessado, o que
emergiu deveria incutir confiança no leitor. “Em resumo, podemos dizer que a pesquisa recente
tem trazido em alta confiança (a) a significância única da Bíblia no processo cultural, (b) a
superioridade qualitativa da literatura bíblica comparativamente e (3) a Bíblia como um corpo de
documentos verdadeiros e vitais”[121]
Ainda que suas três ideias sejam comumente sustentadas, o assunto de se o texto é digno
de confiança permanece em debate, talvez em parte devido à uma intenção persuasiva em
detalhar por parte dos apologistas-textuais-autoritativos, como ilustrado posteriormente, pela
exortação conclusiva de Taylor: “devemos ser cuidadosos em mostrar que as verdades essenciais
que nós, por nossos métodos, alcançamos nas Escrituras, podem e devem se tornar significativas
para nossa geração”[122]. Infelizmente, para a tese de Taylor, essa geração – como qualquer outra
– pode ter dificuldade em aceitar verdades essenciais a partir de uma fonte, cujas aparentemente
não essenciais, não são verdades. parece, então, apenas consistente (consistência sendo um fator
decisivo e importante no critério desse autor), abandonar todas as ideias de revelação e,
consequentemente, o otimismo e até mesmo as supostamente melhores concepções de Deus
derivadas do texto, se o texto em si for desvalorizado, e rejeitar os valores consagrados no texto
por não serem adequadamente autorizados a partir do texto ou, alternativamente, considerar o
texto de maneira prima facie – interpretando-o no sentido mais simples ou natural – e em
resposta, alguém pode considerar o valor do conteúdo baseado não somente nas partes
individuais, mas também na soma dessas partes. Tal consideração não é estranha para aquelas
representadas na Bíblia e parecendo ser a resposta esperada que os escritores procuraram de seus
leitores.
A verdade que Moisés escreveu os primeiros cinco livros, por exemplo, é a representação
da própria Bíblia e é atestada pela tradição interpretativa mais antiga. Josué 8.31-32 distingue
entre lei de Moisés (v.32) e o livro da lei de Moisés (v.31), como a lei geralmente fazendo
referência ao livro inteiro das estipulações pactuais, incluindo todos os 632 mandamentos (o
mizvot) e foi geralmente representada pelos dez primeiros[123]. Formas da frase livro da lei são
usadas por volta de 21 vezes na Bíblia hebraica (Dt 28.58; 28.61; 29.20; 30.10; 31.24; 31.26; Js
8.31; 8.34; 23.6; 24.26; 2Rs 14:6; 22:8; 22:11; 23:24; 2Cr. 17:9; 34:14, 15; Ne 8:1, 3, 18; 9:3) e
notavelmente o termo não aparece até a conclusão do livro final de Moisés. Jesus depois aplica o
termo (Mt 20.26) quando ele faz referência aos eventos em Êxodo como estando contidos no
livro de Moisés e como “Escritura”. Jesus diretamente reconheceu Êxodo (cf. Mc 7.10 e Êx
20.12; também Marcos 12.26 e Êx 3.6), Levítico (cf. Mt 8.4 e Lv 13.49; 14.2ss), Números (cf. Jo
3.14 em Nm 21.9) e Deuteronômio (cf. Mt 19.7-8 e DT 24.1-4) sendo mosaicos e referenciou
Gênesis como genuíno e legitimamente incluído na Bíblia hebraica.[124]
Não somente Jesus considerou Gênesis genuíno, mas ele também o considerou mosaico.
Ele fez referência à Bíblia hebraica como “a Lei de Moisés e dos Profetas e dos Salmos” (Lc
24.44), um paralelo estrutural ao texto massorético da Torá (lei), Nevi’im (profetas) e Ketuvim
(escritos, dos quais Salmos é o primeiro livro). Também, em Lucas 11.49-51, Jesus detalhou uma
cronologia de profetas mártires desde a fundação do mundo até aquele ponto. Ele referenciou
Abel como o primeiro e Zacarias como o último. A morte de Abel ocorre em Gênesis (o primeiro
livro da Tanakh) e a de Zacarias em Crônicas (o último livro da Tanakh). Parece mais certo que
Jesus entendeu toda a Bíblia hebraica sendo genuína e os livros individuais contidos sendo
organizados como como alguém observa no texto massorético. Ele entendeu que a Lei (ou Livro
da Lei) de Moisés – a Torá – era tanto genuína e mosaica.
Porém, e a teoria refinada dos múltiplos autores de Wellhausen? Representante
emblemático de uma tradição influente de erudição bíblica, Timothy Lin reputou a hipótese
documental como falaciosa e inoperante.
A crítica de Lin é potente e digna de consideração aqui: “Essa hipótese está longe de ser
viável. Por exemplo, em certas passagens de J, “Elohim” que é característico de E, está presente
(3.1, 3, 5; 4.25; 7.9, 16; 9.27 etc) e em certas passagens de E e P, Yahweh, que é característico de
J, é encontrado (17.1; 22.11 etc). Para cobrir essa embaraçosa situação, os críticos cortaram
alguns versos e sentenças do seu contexto e os designaram para outro documento. Eles cortaram
5.29 de P e designaram para J, porque o nome divino de Yahweh (que é traduzido “o SENHOR)
está presente. Ainda assim deixaram 4.25 em J, apesar de “Elohim” estar nesse verso. Separaram
7.16b que tem “Yahweh” do meio de P, e designaram para J. Entretanto, eles deixaram 9.26 e
16.13 sem divisão em J, mas ambos possuem “Yahweh” e “Elohim”. Gênesis 21.1 é um dilema
para os críticos porque ambas sentenças possuem “Yahweh”.
De acordo com a teoria das “duplicidades” eles deveriam separá-los. Ainda assim, de
acordo com o uso deles dos nomes divinos para designar autores diferentes, eles têm que juntar
as duplicidades. Para cortar o nó, designaram 21.1a para J e 21.b para P. Que absurdo! Gênesis
21.33 foi designado para J, sem levar em conta a presença de “Elohim” em 33b. Gênesis 22.11,
14 ambos designados para E, ainda que ambos tenham “Yahweh”. Gênesis 28.21 é designado
para E ainda que “Yahweh” também seja encontrado aqui. Esse são exemplos suficientes para
mostrar a falácia dessa hipótese (Gn 27-28).
Com considerações detalhadas de problemas internos com a hipótese, Lin argumentou
que o método analítico que os críticos textuais se propõe a usar, não está sendo consistentemente
aplicado a essas passagens, e que uma aplicação consistente do método não proveria a base para
a conclusão multiautoral. Gary Rendsburg criticou a teoria baseado na afirmação que ela falha
em contar com estruturas quiasmáticas e outros paralelos encontrados no texto[125], apesar de
Marc Brettler, que acredita nas afirmações de Rendsburg falhar em resolver adequadamente
todos os assuntos que a teoria de múltiplos autores propõe, perder seu argumento[126]. As
considerações dignas por ambos escritores são emblemáticas para o presente debate com respeito
a coerência da teoria dos múltiplos autores, isto é, o assunto não está resolvido com respeito a
identificar qual é o genuíno resultado do método crítico.
Benjamin Mazar entendeu Gênesis como sendo “uma composição historiográfica
monumental, o produto de um rico e variado material coletado, combinado, arranjado e
trabalhado em um harmonioso trato, com o propósito de retratar tanto o começo da humanidade,
as origens de Israel e o espírito do conceito monoteísta, e com um alvo didático”[127]. Mazar, não
diferente de Umberto Cassuto, baseou seu criticismo da autoridade mosaica não sobre formas
literárias, mas sobre vários fatores históricos que ele reconheceu como anacronismos no texto, os
quais acreditou indicarem uma data muito posterior do que aproximadamente 1400 a.C, a data
demandada pelo texto em si[128]. Sua tese é semelhantemente baseada em grande parte na
pressuposição que não há (inspiração divina) afirmação profética (i.e., que os profetas hebreus
não estavam falando em nome de Deus e que não há revelação divina legítima). Perceba as
seguintes frases usadas por Mazar: “é razoável” (usada duas vezes)[129], “podemos
presumir”[130], “Alguém pode aparentemente, também contar entre esses...”[131], “parece para
mim” [132], “a meu ver é mais razoável”[133], “Alguém pode achar nos relatos...”[134] e “não há
necessidade...de designar uma data posterior”[135]. As conjecturas parecem ser uma influência
significativa em suas afirmativas.
Ele também sugeriu que as similaridades etnográficas entre Gênesis 16 e Salmos 83 (a
data a qual ele diz que é razoavelmente entendida como sendo durante o fim do período dos
Juízes) sugerem uma data para Gênesis[136]. Ele notou que as características do relato de Js “são
tais que nos fazem pensar que as tradições e temas se juntaram nesse quadro singular...
recebendo sua sofisticada forma literária romancista não antes do que o começo da
monarquia”[137]. Talvez a mais notável seja, porém, que ele argumentou que a bênção de Gênesis
49.10 de Judá não era profética, mas que foi uma apologia desenvolvida posteriormente pelo
direito de Judá de governar (um direito que é destacado e defendido de maneira proeminente
durante o período inicial da monarquia).
Enquanto isso é uma exemplo significativo de anacronismo presumido (como parece não
ter outra base para isso além da pressuposição não-profética), à parte dessas numerosas defesas
do reinado de Davi, Mazar citou vários supostos anacronismos em Gênesis. Notavelmente, no
contexto, a maioria está relacionada com o direito davídico, e alguém pode imaginar se esses
poderiam ser anacronismos de toda forma, se o direito davídico foi de fato um resultado de um
cumprimento profético. Todavia, esses precisariam ser apontados porque qualquer um que
defenda uma data mais antiga coerente com a autoria mosaica, e Mazar sugeriu (sem, nesse
contexto, qualquer explicação particular do motivo) que os que tem tentado resolver esses
assuntos à luz de várias fontes externas (tais como as fontes acádias, documentos mari, tábuas
nuzi e várias fontes datadas no Egito) têm “ido longe demais”[138], apesar de admitir que há
“certo espaço para um pensamento e reconsideração das visões conflitantes, como a datação do
“período patriarcal” no primeiro, segundo e terceiro quartos do segundo milênio a.C”[139].
Em suma, as conclusões de Mazar não são apresentadas como necessárias, apesar de ter
preferido (é claro) elas em vez da alternativa. Em todo caso, é pelo menos evidente a partir dos
escritos de Mazar que – como o caso com a hipótese JEDP – a teoria da datação posterior está
longe da certeza. Também, parece que a teoria da datação posterior e JEDP se baseiam em
pressupostos que a revelação divina e cumprimento profético não são legitimamente possíveis.
Paul Minear reconheceu os desafios do criticismo bíblico com respeito aos pressupostos e
primeiros princípios.[140]Minear sugeriu, citando Croce, que nessa época o quadro prevalecente
de referência, isto é, “o coração e cérebro (da historiografia recente) (...) é o naturalismo”[141]. O
comprometimento prévio com o naturalismo provê um arranjo de diretrizes que não podem ser
facilmente descartadas[142]. Em particular, Minear sugere que os historiadores bíblicos (poucos
daqueles que são “declarados naturalistas”[143]) utilizam um método que é desenvolvido a partir
do (ou pelo menos implica) naturalismo. Qual resultado então deve ser esperado de um método
com base naturalista? Certamente a tensão entre uma metafísica assumida e um método que nega
a metafísica não é favorável para um alto grau de consistência no fim. Todavia, é essa tensão que
Locke (por exemplo) reconhece como estando presente na discussão.
Considerando, por exemplo, o relato de Deuteronômio 34 da morte de Moisés, alguém
pode notar que Hobbes percebeu que isso é uma evidência contra a autoridade mosaica do
Pentateuco como uma unidade, mas ainda há duas possibilidades dignas de consideração e que
podem apresentar uma resolução para o assunto. Em primeiro lugar, se isso foi de fato revelação,
em vez de mero produto da invenção humana, então teoricamente Deus poderia ter informado
Moisés do que poderia ocorrer. Relatos de profecia preditiva (se tal possibilidade é permitida)
por quase um terço da Bíblia hebraica (se um senso hermenêutico simples ou natural é aplicado
de forma coerente). Diminuir casualmente a possibilidade da revelação divina, parece ser mais
baseado em pressuposições naturalistas e uma intenção de tornar a Bíblia um mito, do que um
criticismo textual imparcial.
Em segundo lugar, entretanto, não é uma necessidade para autenticidade que Moisés
escreveu seu próprio obituário. Pode ter sido um escritor separado (talvez Josué) que escreveu o
epílogo de Deuteronômio e isso não negaria a autoridade mosaica do Pentateuco como uma
unidade, da mesma forma como Jesus se referiu ao Ketuvim (a seção dos Escritos da Bíblia
hebraica) como “os Salmos” não implica que o livro de Salmos foi o único componente do
Ketuvim e da mesma forma que alguém pode se referir a epístola aos Romanos como paulina,
apesar de alegar, de fato, ter sido escrita por Tércio (amanauense de Paulo, Rm 16.22). A
evidência interna do texto hebraico (AT) e do grego (NT) são em si genuínas, eles argumentam
pela autenticidade da autoridade mosaica de Gênesis. As evidências externas mais antigas da
mesma forma não deixam dúvida.
O livro pseudoepígrafo do século 2 a.C, o Livro do Jubileu, apresenta o relato da criação
de forma similar (apesar de não idêntica) àquela de Gênesis, mas diferente de Gênesis, Jubileu
contém um prefácio afirmando a autoria da história da criação.[144] O relato de Jubileu não
somente afirma a autoridade mosaica, mas também narra como ele veio a escrever o relato da
criação. De forma similar, Filo de Alexandria, um notável filósofo judeu do século 1 d.C,
entendeu Gênesis como sendo de origem mosaica, exaltando, por exemplo, a proeza filosófica
que Moisés demonstrou no começo de suas leis com um relato da criação[145]. Entender que Filo
reconheceu a autoria mosaica é importante não simplesmente como uma consequência de sua
afirmação filosófica das motivações de Moisés, mas também porque Filo foi um pioneiro em
criticismo bíblico. Ele foi um importante desenvolvedor da hermenêutica alegórica, a qual
utilizou frequentemente para resolver aspectos do texto que ele percebeu serem inconsistentes
com a filosofia helenística do seu tempo. Filo, poderia parecer, não considerou a autoridade
mosaica ser um problema de forma alguma. Ao contrário, ele a considerou ser um aspecto
importante e um que conectou a teoria cosmológica e ética.
Apesar de sua objetividade como historiador ter sido questionada[146], Josefo entretanto
oferece uma importante perspectiva judaica do século 1 d.C. sobre muitos aspectos da história de
Israel. Ele discutiu (de forma similar a Filo) a abordagem única de Moisés à legislação,
reconhecendo a perspicácia com a qual Moisés dirige as mentes a Deus antes de dirigir a atenção
às leis[147] Ele também falou do relato da criação como sendo inteiramente mosaico [148]. Ao
resumir verso a verso do relato da criação de Gênesis 1, Josefo afirmou a autoria Mosaica não
menos que 4 vezes (“Moisés disse” [1.1.29] ; “Moisés disse” [1.1.33]; “Moisés...começa a falar
filosoficamente” [1.1.34]; e “Moisés diz posteriormente”[ 1.1.37]).[149]
Josefo, Filo e o Livro de Jubileu representam evidências externas antigas que
complementam as afirmativas bíblicas da autoria mosaica de Gênesis e eles não são
inconsistentes com as visões mais recentes. Moisés Maimônides (século 12), por exemplo, não
foi apologético acerca da autoria mosaica. Ele incluiu, como um dos Treze Princípios, o seguinte:
“Acredito com perfeita fé que toda a Torá que temos agora é aquela que foi dada a Moisés”[150].
Uma enciclopédia judaica contemporânea argumenta em favor de uma autoria singular e desafia
certas premissas da hipótese documentária, incluindo os anacronismos alegados, princípios
historiográficos e duplicidades[151]. Além do mais, a enciclopédia diretamente rebate o criticismo
textual em sete pontos: (1) não há prova externa de compilação; (2) interpretações da chamada
evidência interna para esse fim é “instável e enganosa”; (3) o processo de levar à conclusão de
compilação é complexo além de consistência; (4) mesmo se as contradições alegadas e repetições
existirem, elas não provam a autoria plural, assim como esse processo aplicado ao trabalho de
outro autor singular resultaria na mesma falha; (5) a teoria é desnecessária e baseada em
múltiplos desentendimentos de ideias, tendências e temas; (6) argumentos baseados em variações
de linguagem são circulares e (7) uma exegese mal feita é necessária para o entendimento da
compilação[152].
Apesar das evidências internas e externas apresentadas aqui poderem não satisfazer
alguns leitores a respeito da certeza da autoria mosaica, talvez tenha sido mostrado evidência
suficiente para advertir uma consideração razoável da mera possibilidade. Se o leitor desejar dar
algo mais a isso, então a possibilidade que o texto provenha alguma fundação ética válida
permanece. Se não, então a discussão não precisa progredir, na medida que a Bíblia não
ofereceria coisa alguma de qualquer valor ético real além do que alguém possa esperar de uma
fábula ou lenda. Como Isaac Abravanel argumentou, se o texto bíblico (e a Torá em particular) é
presumido como sendo autoritativo, então deve ser acreditado em sua totalidade e não duvidado.
[153]
Afirmar que o relato de Gênesis não é genuíno requer que alguém diminua sua
contribuição ética como autoritativa. Portanto, se alguém for discutir o livro como
potencialmente autoritativo, alguém deve considerá-lo como, pelo menos, potencialmente
genuíno e se alguém não pode afirmar essa potencialidade (pelo menos), alguém pode confiar no
aviso de Callicott para não perder o ponto que muitos judeus e cristãos consultaram o texto
bíblico como um guia ético[154]. Alguém achará, então, que o texto ou é eticamente autoritativo,
ou, pelo menos, um número significativo de pessoas percebem que ele é – quer com a
advertência apropriada ou não – e aqueles que procurarão seguir o aviso significativo
encontrados em suas páginas. Como Henry Morris lembrou seus leitores, Gênesis é a base de
todos os livros bíblicos e assim a porção mais crítica do livro “que tem exercido a maior
influência sobre a história de qualquer livro já produzido”[155].
Alguns elementos do baixo criticismo
Porque não possuímos os manuscritos originais da Escritura e as cópias que contém as variantes,
o propósito primário do baixo criticismo (ou criticismo textual) é reconstruir a escrita original do
texto bíblico original[156]. A credibilidade objetiva dos manuscritos das Escrituras, conforme
revelada pela crítica textual, sugere que temos uma Bíblia com mais de 99% de precisão e que
existem pontes que lidam com supostas lacunas. Ainda assim, atenção precisa ser dada para a
transmissão e tradução do texto com o passar dos anos para entender como podemos confiar na
Palavra de Deus como tem sido passada pelas gerações.
TRANSMISSÃO
Há várias eras de transmissão para os manuscritos do Antigo Testamento. A era talmúdica (300
a.C. – 500 d.C.) inclui os manuscritos do Mar Morto (167 a.C. – 133 d.C.) – que servem para
confirmar a precisão dos textos massoréticos. A era massorética (500 – 1000 AD) continuou a
reverenciar o texto, as regras para abordá-lo e também desenvolveu o sistema vocálico. A
tradução grega do Antigo Testamento, conhecida como Septuaginta (LXX) veio depois (250
a.C.) e foi geralmente, mas não exclusivamente, referenciada por Jesus e seus discípulos.
Da mesma forma, os manuscritos do Novo Testamento também viram períodos de
evolução e desenvolvimento. Os primeiros três séculos dão uma tremenda evidência para a
precisão do texto que possuímos hoje. A legalização de Constantino do cristianismo através do
quarto e quinto séculos aumentou a cópia dos manuscritos, enquanto o sexto século trouxe
menos cuidado, porém mais volume de reprodução. Depois do décimo século os manuscritos
aumentaram rapidamente[157].
A igreja primitiva copiou os manuscritos em códexes, páginas de papiro de dois lados
unidas como um livro. Incialmente, e até o século 9, o Novo Testamento foi copiado em letras
maiúsculas sem espaço ou pontuação. Esses manuscritos são chamados de uniciais. Manuscritos
posteriores, que demonstram um desenvolvimento no estilo de escrita, são conhecidos como
minúsculos. Da mesma forma, inicialmente, o Antigo Testamento Hebraico não tinha vogais até
o texto massorético do século 10. O texto massorético veio a ser o texto recebido do Antigo
Testamento hebraico, diferindo em algum grau com a interpretação da Septuaginta, ainda assim,
validada pelos manuscritos do Mar Morto mil anos antes.
Alguns manuscritos importantes
O Papyrus 46 (P46), 200 d.C, proveu um testemunho mais antigo para as epístolas de Paulo,
incluindo muito de Romanos, 1 e 2Coríntios, Efésios, Gálatas, Filipenses, Colossenses e 1 e
2Tessalonicenses. O P46 também inclui o livro de Hebreus (por essa razão alguns reconhecem a
epístola como paulina, a despeito das evidências internas contrárias). O Papyrus 66 (P66), por
volta de 200 d.C, inclui Judas e 1 e 2Pedro. O Papyrus 75 (P75), 175-225 d.C, inclui João e a
cópia mais antiga conhecida de Lucas.
O Codex Vaticanus (Identificado com “B”) é um uncial do começo do século 4, contendo muito
da LXX e uma porção significativa do Novo Testamento. O Vaticanus provê a maior evidência
manuscrita para a autenticidade do NT. O Codex Sinaiticus (comumente identificado
simplesmente como “ ”אa letra hebraica, Aleph) é um uncial do século 4 que contém o texto
grego de muito do Antigo Testamento e todo o Novo, juntamente com alguns escritos bíblicos
extra (incluindo a Epístola de Barnabé e seções do Pastor de Hermas). O Sinaiticus está em
segundo lugar de importância somente para o Vaticanus. O Codex Alexandrinus (identificado
como “A”) é um uncial da metade do século 5 de Alexandria e provê, juntamente com o
Vaticanus e o Sinaiticus, evidências significativas para a autenticidade do NT. O Alexandrinus
contém aproximadamente todo o AT (faltando somente pequenas porções) e a maioria do NT.
Tradução
Há várias traduções sobreviventes notáveis até mesmo dos primórdios da história da igreja.
Orígenes produziu a Hexapla (240-250), um paralelo bíblico com as seguintes seis colunas:
Hebreus, Hebreus traduzido para o grego, a tradução literal de Aquila, a revisão de Símaco, a
revisão de Orígenes da LXX e uma revisão grega de Teodócio. No século 6 o NT siríaco estava
completo.
Por volta de 200 d.C, veio uma tradução da LXX para o latim defeituosa.
Jerônimo foi o primeiro pai da igreja ser fluente em hebraico e grego, e definitivamente
reconheceu o texto hebraico como a autoridade final. Sua tradução variou em algumas instâncias
das Escrituras, devido ao seu apelo ao hebraico, causando um tipo de agitação dentre muitos,
incluindo Agostinho, que estava preocupado que a autoridade da Septuaginta estivesse sendo
ameaçada. A despeito da controvérsia primitiva, a Vulgata Latina de Jerônimo (382-405) se
tornou uma tradução popular. Assim, o que Jeronimo procurou cumprir – um retorno às
linguagens autoritativas originais – foi ironicamente dificultado por uma dependência da sua
tradução latina.
Versões parciais inglesas entre o século 5 e 15 incluíam aquelas de Caedmon, Aldhelm,
Agbert, o Venerável Beda, Alfredo o Grande, Aldred, Aelfric, Ormim, William de Shoreham e
Richard Rolle, todos traduziram partes da Bíblia para o inglês primitivo. John Wycliffe traduziu
o Novo Testamento (1380) e o Antigo Testamento (1388) da Vulgata. John Purvey, secretário de
Wycliffe, revisou a versão de Wycliffe em 1395.
Erasmo, em 1516, publicou um paralelo grego-latim (não da Vulgata, mas seu próprio)
do NT; ele procurou corrigir os erros da Vulgata. Sua tradução representou uma quebra com a
tradição estabelecida e um retorno às linguagens originais. A tradução de Erasmo e outras
edições, incluindo a 3ª edição de Robert Stephanus de 1550, as edições de Beza (publicadas de
1565 a 1611) e o texto de Elzivir de 1624-1633, foram vistos como o Textus Receptus[158] do
qual viria a Versão Autorizada (KJV). Ironicamente, como Jerônimo, ele procurou restaurar as
línguas bíblicas, ainda que sua tradução viesse depois do padrão na medida que quaisquer
traduções alternativas poderiam ser contestadas, muito parecido como Erasmo contestou a de
Jerônimo.
William Tyndale traduziu uma impressão do NT do grego (1525), do Pentateuco (1530) e
do livro de Jonas (1536) do hebraico. Miles Coverdale, assistente e revisor de Tyndale,
completou a primeira edição impressa da Bíblia inglesa em 1535, apesar de não diretamente do
hebraico e grego, Thomas Matthew, outro assistente de Tyndale, combinou as versões de
Tyndale e Coverdale (1537), Richard Taverner em 1539 revisou a Bíblia de Mateus. A Grande
Bíblia, por Coverdale (1539) tornou-se a versão padrão autorizada para igrejas. A Bíblia de
Genebra (NT em 1557, NT revisado e AT em 1560), seguiu mais de perto o hebraico e
introduziu as divisões por versículos. A versão Rheims-Douay (1589, 1609) confiou
exclusivamente na Vulgata Latina.
A Bíblia King James (1611) na verdade foi uma tradução (um trabalho a partir das líguas
originais, em oposição à uma versão, que é uma revisão de uma tradução em uma linguagem
receptora diferente), seguiu o texto grego de Erasmo, entre outros. A Nova Versão King James
(1979) retém muito da base do Textus Receptus enquanto atualiza uma larga porção da
terminologia inglesa.
A despeito da popularidade do Textus Receptus, que confia em um pequeno número de
manuscritos posteriores, a necessidade de uma abordagem mais crítica para uma verificação de
manuscritos foi trazida para o primeiro plano por B.F. Westcott e F.A Hort, que identificou a
história da transmissão do NT como uma justificação primária para a necessidade de criticismo
bíblico:
Os livros do Novo Testamento tem tido que compartilhar o destino de outros escritos
antigos ao ser copiado continuamente... Cada transcrição de qualquer tipo de escrito
envolve a chance da introdução de alguns erros... transcrições repetidas envolvem
multiplicação de erros; e consequentemente a presunção que um texto relativamente
posterior é um texto relativamente corrompido, é considerada como verdade na aplicação de
todos os testes disponíveis...[159]
Westcott e Hort apontaram diretamente no Textus Receptus que foi baseado
primariamente na edição de Erasmo de 1516, citando sua celeridade em ser o primeiro editor a
conduzir a um “estranho descuido”[160] ao lidar com o texto. Sua abordagem alternativa
resultante é o método crítico, estabelecendo uma série de evidências internas e externas para a
validade do Texto Crítico (publicado em 1881) que em sua maior parte apelou para os
manuscritos mais antigos e poucos como mais confiáveis.
Em anos recentes, como uma alternativa às abordagens do Textus Receptus e do Texto
Crítico, a abordagem do Texto Majoritário tem apareceido. Enquando o Texto Majoritário utiliza
manuscritos posteriores e mais escassos, e o Texto Crítico uma abordagem mais eclética,
considerando todos, mas confiando em geral nos manuscritos mais antigos e mais escassos, o
Texto Majoritário confia na grande pluralidade de todos os manuscritos gregos e, ao fazer isso,
encontra-se em concordância com o Textus Receptus (na medida que a grande pluralidade é
geralmente encontrada em manuscritos posteriores) muito mais do que com o Texto Crítico. Em
1982, Hodges e Farstad publicaram o Novo Testamento Grego baseado no Texto Majoritário e
fundaram duas premissas metodológicas.
(1) Qualquer leitura atestada de forma esmagadora pela tradição dos manuscritos é mais
provável ser a original que sua rival...(2) Decisões finais acerca das leituras devem ser
feitas na base de uma reconstrução da sua história e na tradição do manuscrito. Isso
significa que para cada livro do Novo Testamento uma genealogia de manuscritos deve
ser construída.[161]
Robinson e Pierpont também produziram um Texto Majoritário baseado no NT grego
(1991, revisado em 2005).
A partir do Texto Crítico, várias traduções têm surgido, desenvolvidas primariamente a
partir de dois métodos básicos: equivalência verbal e equivalência dinâmica.
A American Standard Version (1901) atingiu um alto nível de fidelidade às línguas
originais através da equivalência verbal (a representação de cada palavra no texto original com a
palavra mais comparável na língua receptora – isto é, o tanto quanto possível, uma abordagem
palavra-a-palavra) e foi posteriormente revisada para se tornar a New American Standard
Version (originalmente publicada em 1971 e posteriormente atualizada em 1995), que a Lockman
Foundation[162] (sem argumentos desse escritor) que é a tradução mais literal a partir das líguas
originais[163]. A despeito da escrita algumas vezes difícil da NASB, por causa do
comprometimento com equivalência verbal, a tradução é bem confiável.
Em 1946 (NT) e em 1952 (VT) a Revised Standard Version [164] foi publicada e
posteriormente atualizada (1971), e foi o trampolim para a English Standard Version[165] (2001).
A ESV e a RSV em sua maioria utilizam equivalência verbal, mas dessas duas, a ESV é mais
respeitada por ser, como seu editor alega, uma “tradução essencialmente literal”[166].
Utilizando a equivalência dinâmica (a representação de cada conceito ou ideia no texto
original com a ideia ou o conceito mais comparável na língua receptora, essa é uma abordagem
frase-a-frase) é a Zondervan’s New International Version (NT, 1973; VT, 1978), que, enquanto
em muitos casos comunica conceitos gerais mais claros que a equivalência verbal, parece a esse
autor inadequada por causa do grande papel de interpretação no processo de tradução, e na
inevitável omissão de palavras-chave que necessariamente são a derivação de conceitos-chave.
Em adição, edições posteriores (especificamente neutralização de gênero) na NIV possuem mais
distanciamento da precisão da tradução.
Em adição às metodologias de tradução das equivalências verbal e dinâmica, um terceiro
tipo de texto é a paráfrase, que na verdade não é tradução de forma alguma. A mania da
paráfrase começou (talvez sem intenção) em 1971 quando Kenneth Taylor (e Tyndale House)
produziu a Living Bible (primariamente a partir da ASV) com a honrosa intenção de ajudar a
facilitar a leitura para seus filhos – e, portanto, também para outros pais e seus próprios
filhos[167]. A bíblia de Taylor cresceu em popularidade de forma estável e, posteriormente, serviu
como pelo menos a base conceitual para a posterior New Living Translation (1996), uma
paráfrase a partir das línguas originais. Essas (e outras) paráfrases admitem que não tentam
representar de forma precisa as palavras da Bíblia, e constituem uma tendência preocupante na
transmissão da Bíblia.
PILAR 3: A INCAPACIDADE DO HOMEM NATURAL
EM COMPREENDER A REVELAÇÃO DE DEUS.
Uma vez que alguém tem uma perspectiva e um entendimento apropriados da realidade de
Deus, pode começar a ter um entendimento apropriado de si mesmo. Como o homem é um
reflexo de seu Criador, ele não pode compreender com sucesso sua própria natureza sem ter
primeiro apurado isso do seu Criador. Assim, o entendimento da incapacidade do homem natural
em compreender a revelação de Deus deve vir após o reconhecimento do Deus bíblico, que
obviamente presume a autoridade da Escritura. Como o homem responde às Escrituras? Como
ele pode responder à revelação divina?
Lynn White, em seu inovador artigo de 1967 demonstra essa hermenêutica responsiva
quando faz a seguinte declaração:
Deus planejou tudo isso [criação] explicitamente para o benefício do homem e para que ele
governasse; nenhum item na criação física teve qualquer propósito exceto servir o propósito
do homem...o cristianismo é a religião mais antropocêntrica que o mundo já viu...[e] o
cristianismo fez isso ser possível para explorar a natureza em um sentimento de indiferença
aos sentimentos dos objetos naturais...[262]
Essas conclusões podem ser extraídas a partir de uma resposta hermenêutica próxima da cultura
e da história, mas permanece em contraposição às conclusões necessárias da hermenêutica
histórico-gramatical (aplicadas a tais passagens como Salmos 24.1; Is 2.22, 40.15-17; João 3.30;
Rm 1.20; Cl 1.16 etc).
As alegações de White são significativas para sua premissa maior que a ideia moderna
(falida) de progresso está “enraizada e inaceitavelmente à parte da teleologia judaico-cristã” e ela
serve como justificativa para sua tese:
Devemos continuar a ter uma crise de deterioração ecológica até que rejeitemos o axioma
cristão que a natureza não tem razão para existência a não ser servir ao homem.[263]
Indiscutivelmente esse é um assunto hermenêutico cujo impacto é verdadeiramente monolítico.
A perspectiva hermenêutica é caracterizada por uma rejeição inflamada de certos
fundamentos da era moderna. Os problemas (reais e visíveis) do mundo atual são colocados aos
pés da era moderna. White descreve sua solução para a crise ecológica ao dizer:
De início, deveríamos clarificar nosso pensamento olhando, com alguma profundidade
histórica, para as pressuposições que destacam a tecnologia moderna e a ciência. A ciência
era tradicionalmente aristocrática, especulativa e intelectual em suas intenções; tecnologia
era de uma classe inferior, empírica e pragmática. A fusão quase repentina desses dois rumo
à metade do século 19 certamente está relacionada às revoluções democráticas ligeiramente
precedentes e contemporâneos, ao reduzir as barreiras sociais, tendem a afirmar uma
unidade funcional do cérebro e das mãos. Nossa crise ecológica é o produto de uma cultura
democrática emergente totalmente inédita. A questão é se um mundo democratizado pode
sobreviver às suas próprias implicações. Presumivelmente, não podemos a menos que
repensemos nossos axiomas.[264]
Pressuposições e axiomas fundamentais são culpados e, obviamente, White os vincula aos
fundamentos judaico-cristãos que, portanto, devem ser dispensados e substituídos por algo mais
efetivo para lidar com tais problemas como o ecológico.
Além disso, a globalização trouxe uma advertência intensificada de diversos sistemas de
crenças, na medida que interações com sistemas religiosos distintos se tornam mais viáveis
devido ao avanço tecnológico, a facilidade de viagens e mais necessidade de manutenção da
selva fabricada[265]. O diálogo não está completo sem uma pluralidade de vozes. Como Ott
argumenta em sua discussão sobre a importância de uma revisão perscrutadora na construção do
consenso teológico,
Não somente os resultados de uma teologia forjada em um diálogo global serão
potencialmente mais ricos, mas a comunidade de crentes deverá ser melhor servida por tal
teologia.[266]
Presumivelmente, no sempre globalizado mercado de ideias, a teologia deve servir ao seu
eleitorado. Deve resolver problemas – pelo menos não deve contribuir para eles. (Mas em uma
teologia centrada na revelação, a teologia deve simplesmente seguir aquilo que é revelado. Tais
coisas como eleitorado e resolução de problemas não estão em perspectiva – mais uma vez, a
natureza da revelação é um assunto essencial.)
A partir dessa pluralização de vozes de autoridade em assuntos teológicos, tem surgido
um importante subproduto: A identificação e caracterização do fundamentalismo. Essas vozes
que parecem rejeitar a mudança para a pós-modernidade, e consequentemente a globalização, são
categorizadas como fundamentalistas devido seu desejo de resistir à mudança, reter princípios
básicos do seu particular sistema de crenças, e são sumariamente desconsideradas como vozes
válidas no mercado de ideias. Evidentemente, não é simplesmente a pluralidade de vozes que é
desejada, mas em vez disso a pluralidade de vozes compartilhando um grau particular de
diversidade, e a ausência de resistência às mudanças particulares que vem com um programa de
globalização/pós-modernista. Certas vozes não são bem-vindas na opinião pública – mal
representadas ou não.
A autoridade e a pedagogia são fortemente impactadas. Na crítica de Freire acerca do
conceito bancário[267] de educação, ele oferece uma definição que dá ímpeto para uma nova
pedagogia:
Implicitamente no conceito bancário está a presunção de uma dicotomia entre seres
humanos e o mundo: uma pessoa está meramente no mundo e não com o mundo de outros;
o indivíduo é espectador, não recriador. Nessa perspectiva, a pessoa não é um ser consciente
(um corpo consciente); ele ou ela são, em vez disso, possuidores de uma consciência: uma
“mente” vazia passivamente aberta para receber depósitos de realidade do mundo exterior.
[268]
Freire censura a abordagem narrativa, ao invés de preferir uma abordagem problema-
proposição[269], que, alega, servir como uma prática libertadora, sobrepujando tais coisas
indesejadas como falsas percepções da realidade, autoritarismo e intelectualismo da elite. A
pedagogia emancipatória de Freire serve como plataforma de lançamento de modelos para
metodologias pedagógicas pós-modernas. As respostas residem no processo de continuar
fazendo perguntas. [270] O diálogo dentro do contexto cultural é primordial e a narração não é
enfatizada.
Com o crescimento epistemológico e a ênfase pedagógica na cultura, a questão da base
de autoridade deve ser abordada – particularmente a relação entre revelação e cultura. Ott
identifica três abordagens diferentes para essa questão: (1) revelação e cultura em oposição, (2)
revelação e cultura são iguais, e (3) revelação é determinante e a cultura reflexiva.[271] Ott
prefere o terceiro ao dizer:
Nesse processo, idealmente, tudo irá refletir juntamente a glória de Deus e realizar a missão
de Deus de formas maiores, mais claras e melhores que o possível a partir de simplesmente
um ponto de referência cultural singular. Teologia globalizada, nesse sentido, não é
homogeneizante, mas harmonizadora de expressões locais e aplicações da preocupação
dominante.[272]
No pensamento pós-moderno, elementos culturais do contexto carregam o maior peso, e tal
“revelação” é desmerecida como sendo superstição pré-moderna. A globalização revela muitas
tradições mundiais que pareciam justificar tal desmerecimento. As metodologias pedagógicas e
fundações refletem cada vez mais essa perspectiva acerca da autoridade. A teologia, como um
resultado, evita tocar em assuntos de autoridade e se torna um veículo de um enriquecimento
quase cultural e de aplicação pedagógica.
Trajetória/Hermenêutica redentiva
Essa hermenêutica opera sob a pressuposição básica que o texto deve ser gradualmente
redefinido (até mesmo melhorado) como garantia de circunstância cultural. Ao promover essa
visão, William Webb sugere uma abordagem XYZ.[273] X representa a perspectiva cultural, Y, a
declaração bíblica em seu estágio presente de desenvolvimento (relativo a X) e Z é o ideal de
Deus ao qual Y aponta. Assim, quando se fala de um assunto como escravidão, a trajetória
poderia ser ilustrada como a seguinte:
Essa trajetória é crítica primariamente entre Y e Z, na medida que Y deve ser alterado
(melhorado) para se mover mais efetivamente em direção a Z. Em outras palavras, Y é um tipo
de retrato ético, ou mesmo um compromisso – encontrando a cultura onde ela está – e não provê
o ideal, mas, em vez disso, um trampolim em direção ao ideal. Y, portanto, deve ser visto como
um fundamento sobre o qual o intérprete deve construir para que continue a trajetória em
progressão até Z. Ignorar isso é uma falha significativa segundo a visão de Webb, como ele diz:
Parar onde a Bíblia pára (com palavras isoladas) falha, em última instância, em reaplicar o
espírito redentivo do texto conforme ele fala à audiência original. Falha em ver que uma
reforma posterior é possível...deveríamos tomar esse espírito redentivo e nos mover para
uma ética ainda melhor e realizada de forma mais completa hoje.[274]
Enquanto a trajetória hermenêutica tenta lidar com questões éticas importantes (tais como
igualdade de gênero, igualdade social etc) através da sua (no mínimo) negação inferencial da
suficiência da Escritura, ela derrota a autoridade ética do texto. Nessa visão, o texto bíblico serve
como um guia ou intermediário além do qual o intérprete deve avançar. A Bíblia não contém
mandamentos éticos ideais, mas em vez disso o espírito redentivo por trás dos mandamentos é
ideal.
Também é digno de nota que os proponentes desse tipo de hermenêutica geralmente falham em
distinguir entre a economia da lei mosaica e a igreja, criando dilemas éticos desnecessários e não
intencionais, que parecem encontrar sua resolução somente através da aplicação da hermenêutica
redentiva. Assim, o erro hermenêutico não começa com o processo trajetória/redentiva, mas
começa com a falha em perceber as distinções facilmente detectadas através da abordagem do
senso simples.
Finalmente, na medida que a trajetória/redentiva hermenêutica considera em “parar onde a Bíblia
pára” como uma falha, talvez seja apropriado lembrar aqueles a quem essa hermenêutica apela da
advertência de Paulo aos Coríntios de não irem para além do que está escrito (1Co 4.6).
Hermenêutica alegórica
Tendo a popularidade primeiramente encontrada com os teólogos/filósofos judeus de Alexandria,
a hermenêutica alegórica foi uma justificação de inconsistências consideradas dentro do Antigo
Testamento com respeito, em particular, a como Deus se relacionou e se comunicou com a
humanidade (antropomorfismos e teofanias). Os filósofos gregos que influenciaram os judeus de
Alexandria, incluindo o dualismo do gnosticismo, tornaram uma interpretação literal do texto
praticamente impossível. Entretanto, ao alegorizar o texto – como a simples incorporação de
lições morais e espirituais – a congruência poderia ser encontrada sem violar os princípios dos
filósofos gregos.
O método alegórico, então, em origem, foi uma submissão do texto divino às filosofias
predominantes da época para justificar o texto com o mundo que é interpretado à sua volta. Em
vez de se inclinar de maneira sólida sobre as palavras das Escrituras para prover uma base de
interpretação para entender epistemologia e filosofia, esse método forneceu meios pelos quais a
atual abordagem epistemológica (especialmente a grega) não é desafiada.
Exemplos de uma hermenêutica alegórica podem ser vistos frequentemente em Filo (comumente
reconhecido como o pai da hermenêutica alegórica). Filo viu Moisés como tendo “alcançado os
picos da filosofia”[275], caracterizando o relato da criação como se Moisés tivesse “notoriamente
preparado diante de nós ideias não corporais”,[276] em vez de verdades proposicionais e
apresentando “cinco das mais belas lições”,[277] em vez de expressar a narrativa simples da
origem. A abordagem de Filo é evidente em sua discussão sobre a identificação de Moisés dos
quatro rios em Gênesis 2.10-14:
Nessas palavras, Moisés tem a intenção de esboçar as virtudes particulares. E elas também
são quatro em número, prudência, temperança, coragem e justiça. O rio maior do qual as
vertentes fluem é a virtude genérica, que já temos chamado de bondade; e as quatro
vertentes são a mesma quantidade de virtudes. A virtude genérica, portanto, deriva seu
início do Éden, que é a sabedoria de Deus; cujas alegrias e exultações e cujos triunfos são
deleitados e honrados em relação a nada mais, senão o seu Pai, Deus, e as quatro virtudes
particulares são vertentes da virtude genérica, que como um rio, irriga todas as boas ações
de cada uma abundante torrente de benefícios.[278]
A abordagem alegórica funciona no mundo das ideias em vez do reino das palavras, resultando
em várias interpretações de qualquer verso particular, rejeitando o sentido literal onde quer que
seja percebida uma contradição filosófica.
Ironside faz uso da abordagem de múltiplas interpretações em suas notas em Cânticos:
Portanto, podemos pensar sobre o livro de quatro pontos de partida. Olhando para ele
literalmente, vemos a glorificação do amor do casamento. Olhando para ele de um ponto de
vista dispensacionalista, vemos a relação entre Jeová e Israel. De forma redentiva,
encontramos a maravilhosa relação entre Cristo e a Igreja. E estudando de um ponto de vista
moral e espiritual, o vemos como o livro de comunhão entre a alma de um indivíduo e o
bendito, glorificado e ressurreto Senhor.[279]
Enquanto reconhece o sentido literal, ele vê um sentido mais profundo através do uso alegórico e
espiritual.
Keil e Delitzch reconhecem os problemas criados pela abordagem alegórica de Cânticos
sugerindo que essa abordagem
Apesar do trabalho de dois mil anos ainda não ter trazido resultados precisos, mas somente
incontáveis absurdos, especialmente onde Cânticos descreve os amantes de acordo com seus
membros da cabeça aos pés e dos pés à cabeça.[280]
Fruchthenbaum explica que ele
Prefere a interpretação literal, já que ela é a perspectiva mais autoconscistente e não permite
imaginação furtiva. Essa visão interpreta o livro normalmente como a relação amorosa entre
um homem e uma mulher.[281]
Com respeito a profecia de Ageu 2.5-9[282], Agostinho identifica o cumprimento não em um
sentido literal (raciocinando que a glória de Deus nunca encheu o templo pós-exílio), mas em vez
disso cumpre-se na igreja de Cristo.[283] Ele não considera a possibildade de um terceiro templo
(um sentido claro de significado sugerido pelo tempo futuro na passagem).
Com respeito a Ezequiel 37-48, John Taylor identifica a interpretação simbólica cristã, dizendo
que essa interpretação foi “favorecida por muitos comentaristas antigos. Eles sustentaram que
essa visão tinha seu cumprimento simbolicamente na igreja cristã.”[284]
Na referência de Mateus ao reino dos céus em Mateus 4.17, Agostinho iguala o reino dos céus à
igreja,[285] e defende sua visão com uma interpretação alegórica de Apocalipse 20.1-6 dizendo:
Mas enquanto o demônio está amarrado, os santos estão reinando com Cristo durante os mesmo
mil anos, entendido da mesma forma, isto é, do tempo da sua primeira vinda...a igreja não
poderia ser agora chamada de seu reino ou reino dos céus a menos que os santos estivessem
mesmo agora reinando com ele.[286]
Interpretando Apocalipse 12.1-6, Matthew Henry apresenta esses versos como a tentativa de
Satanás de prejudicar a igreja:
A igreja é representada, (1) como uma mulher, a esposa de Cristo e a mulher dos santos. (2)
Vestida com o sol. Tendo colocado Cristo, que é o sol da justiça, ela brilha seus raios. (3)
como tendo a lua debaixo do seu pé. Seu coração e esperança não estão colocados sobre
coisas sublunares, mas sobre as coisas que estão nos céus, onde sua cabeça está. (4) Tendo
na sua cabeça uma coroa com doze estrelas, isso é a doutrina do evangelho pregada pelos
doze apóstolos. (5) Estando em trabalho de parto e agora em dor para trazer uma santa
geração para Cristo.[287]
Sobre a interpretação de Apocalipse 20.1-6, C.H. Little ilustra a alegorização do reino milenar,
primeiro por criticar o quiliasmo (pré-milenismo):
É com esse aprisionamento de Satanás por mil anos que os quiliastas começam a prolongar
suas teorias milenaristas. Tomando os mil anos como um número literal, eles mantém que
durante esse período Satanás está absolutamente preso...que Cristo e seus santos durante
esse período reinam pacificamente e sem interrupção na terra; que os judeus serão
convertidos e tudo será amável enquanto os mil anos durarem...[288]
Ele então oferece a solução alegórica:
Na verdade, os mil anos nesse capítulo de Apocalipse começam com a manifestação de
Satanás ou, em outras palavras, com o advento do cristianismo, quando o poder de Satanás
estava restrito, para que ele não mais pudesse enganar as nações com o sucesso que foi seu
antecedente à proclamação do glorioso evangelho da salvação humana.[289]
A interpretação não literal é substanciada aqui pela “imagem na qual ele [o período de mil anos]
é envolvido”[290]. A abordagem não-literal deve ser tomada aqui porque outras referências em
seu contexto também são não-literais. E como a abordagem não-literal é substanciada ao
contexto? A base é um pensamento circular empregado aqui para limitar o que é identificado
como “certas opiniões judaicas”[291] que são inaceitáveis ao escritor.
O mesmo tipo de pensamento circular é visto na abordagem de Berkchof da mesma passagem.
Berkhof argumenta contra o milênio literal ao dizer:
A única base da Escritura para essa teoria é Apocalipse 20.1-6, depois de um conteúdo do
Antigo Testamento ter sido derramado sobre ele. Essa é uma base bastante precária para
várias razões. (1) Essa passagem ocorre em um livro altamente simbólico e
reconhecidamente muito obscuro, como pode ser inferido das diferentes interpretações dele.
(2) A interpretação literal... leva a uma perspectiva que não encontra suporte em nenhum
outro lugar na Escritura, mas é até mesma contraposta pelo restante do Novo Testamento.
[292]
Novamente, é dito que a abordagem literal é implausível devido a “obscuridade” da passagem.
Mas a passagem só é obscura devido um pressuposto alegórico.
Berkhof argumenta que “a igreja do Antigo Testamento” é encontrada em Isaías 49.14; 51.3;
52.1-2 e que “o termo perpassa até o Novo Testamento, Gálatas 4.26; Hebreus 12.22; Apocalipse
3.12, 21.9”[293]. Usar uma abordagem alegórica à passagem do Antigo Testamento cria
oportunidade para a mesma abordagem no Novo, mas a motivação é uma clara substituição de
Israel com a igreja. A Confissão de Augsburgo de 1530 d.C, baseada nesses princípios fala
fortemente condenando aqueles que
Estão disseminando certas opiniões judaicas que, antes da ressurreição dos mortos, os justos
tomarão posse do reino do mundo, os injustos serão subjugados por toda a parte.[294]
Uma aplicação contemporânea popular do método alegórico é o preterismo. Vindo do latim,
praeteritus, significando passado, o preterismo é uma abordagem interpretativa alegórica que vê
os eventos proféticos da Escritura como já ocorridos no passado. O preterismo moderado afirma
que, por exemplo, a maior parte do livro de Apocalipse (e consequentemente outras profecias
bíblicas) foram cumpridas em 70 d.C com a destruição de Jerusalém, ainda que deixe espaço
para uma segunda vinda de Cristo. O preterismo moderado é geralmente pós-milenista. O
preterismo radical diz que todas as profecias foram cumpridas no passado.
Preterismo, em geral, enfatiza o gênero da literatura apocalíptica como caracterizando o
Apocalipse em particular. Talvez a passagem chave usada para justificar o preterismo seja
Mateus 24.34, ao ser entendido como referência à presente geração (i.e os discípulos) quando
essas palavras foram faladas (à luz da referência contextual de Mt 23.36). É notável que “essa
geração” é usada na Escritura para gerações não pertencentes à audiência específica do escrito
(Hb 3.10) e que a passagem de Mateus 24.34, tomada em seu contexto imediato de 24.4-31 e
interpretada literalmente, requer um entendimento futurista.
Se um sistema hermenêutico tem como sua conclusão lógica a desenfatização de Israel no plano
de Deus e, em última instância, a degradação do povo judeu, naturalmente alguém poderia
questionar a motivação por trás da hermenêutica. Particularmente, à luz de Apocalipse 12, essa
abordagem é bastante perturbadora. O comprometimento da autoridade das Escrituras através da
falha hermenêutica tem um impacto profundo único na perspectiva com respeito a Israel.
Hermenêutica mística/espiritualizante
Apesar de ter uma relação próxima à hermenêutica alegórica, a hermenêutica espiritualizante
difere em motivação. Enquanto a hermenêutica alegórica procura em seu âmago resolver
dificuldades textuais decorrentes da interpretação literal, a hermenêutica espiritualizante procura
um significado mais profundo no texto e usa métodos alegóricos para cumprir esse fim.
Clemente de Alexandria demonstrou uma hermenêutica mística ao se aproximar da lei mosaica,
entendendo um sentido quádruplo (três em adição ao natural): natural, místico, moral e profético:
O sentido da lei deve ser tomado em três formas – quer exibindo uma simbologia (místico),
ou dispondo um preceito para conduta correta (moral), ou pronunciando uma profecia
(profético)...Porque toda a Escritura não é em seu sentido uma simples Míconos, como na
expressão proverbial; mas aqueles que buscam a conexão do ensino divino devem se
aproximar dela com a maior perfeição da faculdade lógica. [295]
Orígenes acreditou que as Escrituras detinham três sentidos: literal, moral e espiritual. Durante a
Idade Média, o espiritual foi dividido em alegórico e analógico, assim fornecendo um sentido
quádruplo. Tan ilustra esse sentido quádruplo aplicado em Gênesis 1.3 (“Que haja luz...”)
durante a Idade Média:
Clérigos medievais interpretaram essa sentença como (1) histórica ou literal – Um ato de
criação; (2) moral – que sejamos mentalmente iluminados por Cristo; (3) alegórica – Deixar
que Cristo seja amado; e (4) analógica – que sejamos levados por Cristo para glória.[296]
Swedenborg identificou três níveis baseado nos três céus: o natural (o mais baixo), espiritual (o
do meio) e o celestial (o mais alto). Perceba a classificação do ultra espiritual como fundamental,
com o natural no degrau mais baixo.
Kant acreditou que o valor das Escrituras era encontrado na melhoria moral da humanidade e,
portanto, se o entendimento literal da passagem não revela nenhuma verdade moral particular, a
interpretação alegórica deveria ser desenfatizada em favor de uma abordagem alegórica a partir
da qual surge uma verdade moral.
Enquanto o processo espiritualizante utiliza uma abordagem alegórica, devido a distinção na
motivação, a espiritualização pode também originar-se de uma hermenêutica ultra-literalista. A
grande ênfase das palavras nelas mesmas tem trazido uma abordagem quase ritualista da
hermenêutica espiritualizante. O código bíblico, a teomática e a tipologia super-enfatizada são
exemplos de uma espiritualização ou hermenêutica bíblica.
A teologia dispensacional tradicionalmente dá grande ênfase a tipos e geralmente tem sido
criticada por fazer isso. O.T. Allis tem uma crítica justificável nessa abordagem:
É uma anomalia singular que não pode deixar de impressionar o estudante cuidadoso do
ensino dispensacional, como representado, por exemplo, na Bíblia de Referência Scofield,
que enfatiza e conduz para tais extremos esses dois princípios distintos, ao interpretar as
Escrituras. Ao lidar com a história do Antigo Testamento seu tratamento é altamente
figurativo. De fato, nós algumas vezes temos a impressão que os eventos da história têm
pouco significado para nós neles mesmos; é seu significado característico, um significado
que somente aqueles “com profundo conhecimento” nas Escrituras estão aptos para
apreciar, aquilo que é realmente a coisa importante acerca dele. Ao lidar com a profecia,
esse tratamento é marcado por um literalismo...[297]
Hermenêutica da forma literária/Gênero
A hermenêutica do gênero, ou da forma literária, vê o reconhecimento das formas literárias como
superando os fatos no processo hermenêutico. Ao redefinir a estrutura de vários livros, a
hermenêutica do gênero provê um meio por onde a abordagem histórico-gramatical literal pode
ser abandonada.
Marshall Johnson declara seu princípio de definição da hermenêutica de gênero (meu termo, não
dele) que:
Todos os escritos devem ter tido um sentido para seus primeiros leitores, ou pelo menos, o
autor pensou que tivesse.[298]
Esse é um erro clássico, como é evidente que em algumas instâncias os escritores da Bíblia não
tinham entendimento do que estavam escrevendo e, assim, não poderiam ter a expectativa que
seus leitores tivessem qualquer sabedoria adicional com a qual processar a informação, mas
devido a obediência eles simplesmente escreveram o que lhes foi dito. Mesmo intérpretes
aliancistas concordam que os profetas não estavam sempre cientes do significado de suas
profecias.[299]
Ironicamente, vemos isso em dois livros que são os mais descaracterizados pela hermenêutica do
gênero, Daniel (12.8-9) e Apocalipse (22.8-11). Perceba que por Apocalipse 22, João já tinha
escrito a maior parte do “livro desta profecia” e ainda assim não sabia como responder a ela ou o
que fazer com ela. O anjo teve que explicar para ele o propósito do livro e como responder
adequadamente. É bastante claro que João não tinha audiência em particular em mente,
especialmente nos capítulos 4 a 22. A partir de 1.11, é claro que João recebeu de Cristo esse
imperativo e o conteúdo do que escreveu. Não cabia a João fazer seu escrito “compreensível” à
sua audiência.
Apesar de parcialmente influenciado pela tradição profética e sapiencial, a literatura
apocalíptica, tendo emergido depois do exílio babilônico é única em vários aspectos e não
deveria ser confundida com qualquer uma das anteriores.[300]
Perceba a humanização que o escritor fez do texto – ele está enfatizando as influências culturais
em vez da inspiração de Deus. Esse é o erro da hermenêutica de gênero e resulta em conclusões
tremendamente falhas acerca da natureza do texto e, portanto, acerca da mensagem.
Vinkler identifica o propósito apocalíptico como “a reavaliação do que foi escondido,
particularmente com respeito ao fim dos tempos”[301]. Posteriormente sugere que a literatura
não-canônica compartilha uniformidade com a canônica e identifica seções de Daniel, Joel,
Amós, Zacarias e Apocalipse como apocalíptica.
Johnson diz que Daniel escreve “em um estilo tipicamente apocalíptico”[302]. Ele também
identifica Apocalipse 4 a 22 como literatura apocalíptica,[303] repousando seu argumento no uso
que João faz da palavra apokalupsis em 1.1. Isso é um erro em entender o fato que João
caracteriza seu escrito como profecia (22.18-19 etc), pela definição do próprio Cristo (22.7) e
não como literatura apocalíptica; e que a referência de 1.1 a apokalupsis é uma referência literal
à relação de Cristo – referindo-se a todo o plano do livro profético culminando com o
aparecimento final de Cristo em glória.
Cate da mesma forma reconhece elementos de Daniel como apocalípticos ao dizer que:
material apocalíptico pode ser estranho de alguma forma. O material apocalíptico é
visionário e altamente simbólico. Exemplos na Bíblia são parte de Daniel no Antigo
Testamento e Apocalipse no Novo Testamento, juntamente com algumas passagens de
outros livros em ambos Testamentos.[304]
A dificuldade não é tanto o uso da palavra apocalíptico. O problema surge quando o termo é
usado para substituir a descrição interna do livro. Daniel é um livro de história, visões e
cumprimentos. E é notável que todo cumprimento que acontece no livro (i.e., a humilhação de
Nabucodonosor no capítulo 4 e a morte de Belsazar no capítulo 5) é um cumprimento literal
(com o óbvio reconhecimento da metáfora dentro de profecias específicas). Mesmo aquelas
profecias no livro que ainda possuem cumprimento futuro são muito específicas e requerem um
cumprimento bastante específico. Alguns caracterizam Daniel como profecia apocalíptica[305].
Outros estão aptos a lidar com Daniel arqueologicamente e linguisticamente sem recategorizar
sua profecia como apocalíptica.[306] A. C. Gaebelein é enfático com respeito ao impacto da
profecia de Daniel, identificando-a com uma previsão altamente profética:
Ela é a chave para toda profecia; sem um conhecimento das grandes profecias contidas nesse
livro a porção completa da palavra de Deus deve permanecer um livro fechado...As grandes
proções proféticas do Novo Testamento, um discurso no Monte da Oliveiras...e...o livro de
Apocalipse, só podem ser entendidos através das profecias de Daniel.[307]
Ao substituir identificações internas e caracterizações de Daniel com o gênero apocalíptico, a
mensagem profética completa de Daniel pode ser velada. E como Gaebelein apontou, a profecia
do Novo Testamento é tão interligada com Daniel, e Daniel com as alianças do Antigo
Testamento que com uma só substituição de gênero, a previsão profética de Deus se torna
inacessível ao intérprete.
O livro de Apocalipse da mesma forma não cai em uma categoria apocalíptica, na medida que
faz repetidamente a auto-caracterização como sendo profecia (1.3; 11.6; 22.7, 10, 18, 19). É
profecia com respeito ao apokolupsis.
A interpretação literal de Gênesis 1-11 é cada vez mais contestada numa base formal literária.
Perceba a caracterização de Bierlein:
A Bíblia contém uma ilustração excelente do poder restritivo do mito civil, assim como o
que acontece quando o mito se quebra. Ser um judeu no Israel antigo significa aceitar o rei e
a Torá como autoridades morais, civis e religiosas. Alguém tinha de identificar-se com a
história sagrada do povo judeu e aceitar que a nacionalidade era definida pelo pacto com
Deus. O Antigo Testamento estabelece que Israel prosperou quando a nação foi fiel à
aliança; quando a aliança foi abandonada e o povo adorou os deuses dos povos vizinhos, a
sociedade quebrou e os judeus foram enviados para o exílio. Esse é o poder do mito em
ação.[308]
Van Til identifica acuradamente uma consequência essencial de uma abordagem falha de
Gênesis:
Se negarmos a historicidade da narrativa do Gênesis seremos compelidos a reduzir a
responsabilidade humana pelo pecado tão drasticamente que, na realidade nada resta dela...
[os homens] que praticamente reduziram a narrativa de Gênesis ao status de mito,
encontram-se compelidos a negar também a visão histórica cristã do pecado, de Cristo e da
expiação.[309]
O que a hermenêutica do gênero começa em Gênesis não é completo até que toda a autoridade
das Escrituras seja minada, colocando o intérprete acima da revelação e assim colocando a
critura acima do Criador (assim violando o pré-requisito #2: Deus se revelou autoritativamente
na Escritura).
Leupold descreve alguns elementos de preconhecimento da parte dos intérpretes do gênero de
Gênesis:
Pressuposições fortemente dogmáticas também são demonstradas definidamente por esses
eruditos: milagres são considerados praticamente impossíveis; assim como a inspiração
plena; a história de Israel não pode ter maior prioridade do que a babilônica ou a egípcia;
um padrão evolucionário arbitrário deve ser empregado para medir a evidência bíblica.[310]
Para essas poucas pressuposições existem até mesmo mais posições contrárias em apoio da
historicidade de Gênesis:
Os seguintes fatos da história de Israel são negligenciados: a) a completa disparidade do relato de
Gênesis e das lendas das nações... b) a clara distinção preservada pelos relatos sagrados dos
sucessivos estágios da revelação... c) a precisão da tradição histórica de Israel... d) esforços
distintos pelos patriarcas para persuadir a lembrança dos eventos de importância religiosa
excepcional...e) o tom sóbrio demonstrado em preservar a revelação mais importante... f) a
completa imparcialidade demonstrada em preservar a história daqueles que são os patriarcas e
pais das tribos... uma avaliação própria dos fatos enumerados acima leva definitivamente à
conclusão que Gênesis provê um relato moderado, preciso e histórico dos eventos...”[311]
A forma literária é de fato uma consideração no processo hermenêutico, entretanto, dois
princípios presidem sobre a forma literária: (1) a forma literária não deveria ser uma razão para
evitar a hermenêutica literal. Apesar do gênero, o texto deve ser entendido literalmente. (2) As
Escrituras são únicas e, portanto, a identificação da forma literária não deveria ser baseada em
documentação secular, tais como mitos e literatura apocalíptica.
As cinco formas literárias das Escrituras são autoevidentes, com alguma sobreposição:
(1) Narrativa histórica primária – a história narrativa carrega de maneira deliberada a
cronologia histórica bíblica: inclui Gênesis, Êxodo, Números, Josué, Juízes, 1 e
2Samuel, 1 e 2Reis, Esdras, Neemias, os Evangelhos e Atos.
(2) Narrativa histórica complementar – Livros narrativos históricos complementam a
narrativa histórica bíblica (na medida que são contemporâneos a ela). Essa categoria
inclui Jó, Levítico, Deuteronômio, Rute, 1 e 2Crônicas e Ester.
(3) Poesia ou oração – inclui Salmos, Provérbios, Ecleciástes, Cantares de Salomão e
Lamentações;
(4) Profecia – intercalada com a narrativa histórica e poesia, essa forma apresenta,
geralmente, a revelação de Deus do juízo e restauração. Isaías, Jeremias, Ezequiel,
Daniel (apesar de não incluir na seção Nebi’im do Antigo Testamento hebraico, sua
forma é profética e historicamente complementar) e os doze profetas menores.
(5) Epístolas – cartas incluem as paulinas e as gerais (Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3
João e Judas).
Dentro dessas várias formas há usos de alegoria, simbolismo, tipologia, parábolas e outras
figuras de linguagem; e é importante reconhecer o contexto básico no qual essas ferramentas
literárias são usadas a fim de entendê-las no sentido mais natural, e como elas contribuem para o
sentido geral do escrito.
Hermenêutica canônica
A hermenêutica canônica é distinguível em pelo menos duas formas: (1) canônica em respeito ao
cânon ou dogma da igreja e (2) canônica em respeito ao cânon da Escritura. A hermenêutica
dogmática canônica é o pré-entendimento da Escritura que repousa na declaração anterior da
doutrina eclesiástica como o fator primário de interpretação. Enquanto há certamente outros
exemplos, o catolicismo exemplifica essa abordagem proeminentemente. Ramn explica:
O intérprete católico obedientemente aceita o que quer que a igreja católica tenha sito
especificamente acerca de assuntos sobre introdução bíblica e autoridade dos livros bíblicos.
O intérprete católico aceita todos os versos que a igreja católica interpretou oficialmente.
[312]
O Catecismo da Igreja Católica ressalta a causa principal por detrás da observação de Ramm:
Leia a Escritura dentro da “viva tradição da Igreja”. De acordo com uma frase dos pais [da
igreja], a Sagrada Escritura é escrita principalmente no coração da igreja em vez de em
documentos e relatos, pois a igreja carrega em sua tradição o vivo memorial da palavra de
Deus e seu Espírito Santo que dá a ela a interpretação espiritual da Escritura (“concordando
com o significado espiritual que o Espírito garante à igreja”).[313]
Isso pode ser demonstrado pela adesão de várias confissões e concílios para além do que o texto
fala por si mesmo. Chafer enfatiza que isso é um problema significativo:
Um dos grandes erros da Igreja de Roma é fazer da igreja, e não da Bíblia, a autoridade
final e imediata em assuntos de revelação divina (...)
Ela argumenta que houve muitas coisas que Cristo e os apóstolos falaram que não estão
escritas na Bíblia...mas essas coisas...tem sido preservadas pela igreja e estão vinculadas
assim como estão os preceitos que estão escritos.[314]
O processo canônico hermenêutico representa uma constante redefinição na Escritura – um
entendimento super enfatizado e ligeiramente alterado da revelação cumulativa. Waltke define
isso da seguinte forma:
Por processo de abordagem canônica me refiro ao reconhecimento que a intenção textual se
torna mais profunda e mais clara, conforme os parâmetros do cânon foram expandidos.
Assim com a redenção em si tem uma história progressiva, assim também textos mais
antigos no cânon sofrem uma percepção progressiva correlativa do seu significado,
conforme se torna parte de uma literatura canônica em crescimento.[315]
De forma semelhante, essa visão soa compatível com a hermenêutica literal e a ideia necessária
da revelação cumulativa; entretanto, Waltke lê a revelação cumulativa dentro da revelação mais
recente, assim interpretando o Antigo Testamento à luz do Novo, em vez de ser o contrário. O
resultado é, por exemplo, a conclusão da teologia da substituição; particularmente que as alianças
de Israel são cumpridas, em última instância, na igreja.
Bock e Blasing utilizam essa abordagem também (em essência ela está bem relacionada à
hermenêutica complementar deles). Eles sugerem que o nível canônico-sistemático de leitura do
texto bíblico:
Toma a passagem à luz do todo, quer seja através de todo o escrito do autor, através das
lentes de um dado período, ou, de forma mais abrangente, à luz de todo o cânon.[316]
Aqui, como na abordagem de Waltke, o Novo Testamento é lido dentro do Antigo, distorcendo
assim a revelação cumulativa (um resultado declarado que eles certamente não concordam).
Bevard Childs demonstrou a abordagem na medida que insistiu que o Antigo Testamento recebe
um novo significado devido ao cânon como um todo.[317] Ladd aborda bem esse assunto quando
diz:
Este então é o evento marcante básico entre uma teologia dispensacional e não
dispensacional. O dispensacionalismo forma sua escatologia através de uma interpretação
literal do Antigo Testamento e então encaixa o Novo Testamento nela. Uma escatologia não
dispensacionalista forma sua teologia a partir do ensino explícito do Novo Testamento. Ela
confessa que não pode estar certa de como as profecias do Antigo Testamento acerca do fim
devem ser cumpridas, pois (a) a primeira vinda de Cristo foi cumprida em termos não
previstos por uma interpretação literal do Antigo Testamento, e (b) há indicações inevitáveis
que as profecias do Antigo Testamento para Israel são cumpridas na igreja cristã.[318]
Hermenêutica complementar
Ao identificar a hermenêutica não dispensacional (teologia da aliança), Saucy sugere que a
abordagem é basicamente a mesma que a dispensacionalista:
Uma análise dos sistemas não dispensacionalistas... revela que sua abordagem menor que a
literal nas profecias do Antigo Testamento não surge realmente de uma hermenêutica
espiritualizante ou metafórica, a priori. Em vez disso, resulta da sua interpretação do Novo
Testamento usando a mesma hermenêuntica histórico-gramatical dos dispensacionalistas.
[319]
Saucy posteriormente minimiza a distinção entre a hermenêutica dispensacional e a não
dispensacional, ao caracterizar a diferença mais fundamental entre dispensacionalistas e não
dispensacionalistas como “nem um princípio básico hermenêutico, nem o propósito mais
importante da história humana”.[320]
Para garantir que não haja mal entendido da parte dos seus leitores, ele enfatiza depois,
Não retraímos nossa afirmativa anterior que o procedimento hermenêutico básico,
especialmente nesses princípios iniciais, é essencialmente o mesmo tanto para os eruditos
dispensacionalistas quanto para os não dispensacionalistas. Ambos afirmam uma
hermenêutica histórico-gramatical.[321]
Saucy se refere a essa abordagem como o “entendimento natural”[322]. Essa é uma descrição que
ele ecoa em um posterior tratado como um princípio geral da interpretação bíblica.[323] Gerstener
afirma a mesma premissa:
A despeito de todas as controvérsias que os dispensacionalistas sejam literalistas
consistentes, eles começam em sua interpretação bíblica quase como todo mundo. Eles
seguem o método indutivo, gramatical e histórico como os outros fazem.[324]
Um exemplo do “entendimento natural” do dispensacionalismo progressivo é evidente no
entendimento de Saucy da destra de Deus no Salmos 110 e Atos 2:
O salmo inteiro, portanto, adequa a imagem da esperança messiânica veterotestamentária, o
reino do Messias na terra. A “destra de Deus” é a posição de autoridade messiânica.
Considerando “trono” em seu sentido metafórico como um “símbolo de governo”, a destra
de Deus também é o trono do Messias. É provavelmente nesse sentido que devemos
entender a referência de Pedro a Cristo como tendo sido ressuscitado para sentar no trono de
Davi.”[325]
A certeza da posição é esclarecida nesta declaração: "O significado da 'destra de Deus' em
Salmos 110.1 e Atos 2.33 é, portanto, a posição da autoridade messiânica. É o trono de Davi.[326]
Esse exemplo de “entendimento natural” não é claramente a abordagem histórico-
gramatical utilizada pelo dispensacionalista clássico. Então qual é? O escritor explica:
A decorrência da esperança profética veterotestamentária necessariamente envolve alguns
novos aspectos que não foram vistos claramente antes. O que foi retratado no Antigo
Testamento como um simples movimento messiânico foi dividido em duas fases de
cumprimento no Novo Testamento. A ascensão do Messias durante a primeira fase não foi,
portanto, claramente evidente no Antigo Testamento. Mas essa realidade não cancela um
cumprimento futuro no sentido completo do salmo.[327]
Esse é o conceito em que o NT faz mudanças complementares ao AT. Blaising e Bock
posteriormente explicam o conceito dizendo:
A inclusão adicional de alguns na promessa não significa que os recipientes originais são deste
modo excluídos. A expansão da promessa não precisa significar o cancelamento dos antigos
compromissos que Deus fez.[328]
Eles se referem a esse princípio como o “princípio complementar”.[329]
Aqueles que aderem à hermenêutica complementar podem algumas vezes parecer
perplexos devido a distinções em conclusões exegéticas, atribuindo as diferenças a outros fatores
(tais como a personalidade do intérprete[330]), mas na realidade há claramente uma diferente
hermenêutica em jogo aqui.
Se Saucy é reticente em admitir uma diferença na abordagem hermenêutica, Blaising e
Bock parecem um pouco orgulhosos da distinção, identificando o sistema como talvez mais
refinado do que a abordagem histórico-gramatical literal:
Deveria ser notado que o dispensacionalismo progressivo não é um abandono da
interpretação “literal” pela interpretação “espiritual”. O dispensacionalismo progressivo é
um desenvolvimento [ênfase minha] da interpretação “literal” em uma interpretação
histórico-literal mais consistente. [331]
Bock elabora:
Quando progressivos falam, de relação complementar entre os textos do Antigo Testamento
e do Novo Testamento, eles estão alegando que uma leitura normal e contextualmente
determinada geralmente trazem conceitos das Escrituras hebraicas, juntamente no Novo
Testamento de uma maneira que completa e expõe o que já estava presente na porção antiga
da palavra de Deus.[332]
Enquanto o sistema de dispensação progressiva afirma fortemente tais ideias como um
significado seguro nos textos, dupla autoridade e progresso da revelação,[333] é evidente,
entretanto, como observa Elliot Johnson, que “o que é afirmado é lançado em questão pelo que é
feito com os textos”[334]. E aquilo que é alcançado pela posição se distancia do que é dito.[335]
Hermenêutica teológica
Enquanto pela necessidade deve haver certo grau de pré-entendimento no processo
hermenêutico, elementos que deveriam ser pré-entendidos são aqueles com respeito ao texto em
si (i.e., palavras possuem significado baseado no seu uso histórico gramatical) e como abordar o
texto (o método hermenêutico), mas esse pré-entendimento não deveria se estender para
conclusões doutrinárias a priori.
É digno de nota que os pré-requisitos que formam os pilares da metodologia teológica
empregados no dispensacionalismo pressuposicionalista, não são inconsistentes com uma
hermenêutica não-teológica. Esses pré-requisitos derivam de uma hermenêutica histórico-
gramatical literal e formam uma base a posteriori como sendo sine qua non, ou mais
especificamente – as conclusões identificadoras do sistema teológico.
A teologia hermenêutica nesse contexto faz referência à uma rede eisegética usada como
um fator de sobreposição no processo hermenêutico. João Calvino lidando com a Nova Aliança
de Jeremias 31 demonstra a eisegese teológica quando explica a razão para sua conclusão
interpretativa com respeito à natureza da aliança:
Consequentemente, nós vemos que essa passagem necessariamente se refere ao reino de
Cristo, pois sem Cristo nada poderia ou deveria ser esperado pelas pessoas, superiores à Lei;
pois a Lei era uma regra da mais perfeita doutrina. Se então Cristo for de nós, certamente
devemos permanecer na Lei.[336]
Observe seu uso da palavra nós, incluindo a igreja em submissão à Lei, em contraste com a
leitura literal de Jeremias 31, que indica que a Antiga Aliança (e a Nova) foram feitas com Israel.
A teologia hermenêutica de Calvino toma a forma de uma teologia da substituição a priori – a
visão que a igreja substituiu Israel.
A teologia hermenêutica é a base da hermenêutica católica romana (a dogmática
canônica). O pré-entendimento teológico nesse caso específico lida com a crença que a igreja é
mediadora no processo de revelação:
O teólogo irá apelar primeiro para a presença do evento da revelação de Cristo em sua vida.
Assim, ele fala e quer dizer, “eu creio em Jesus Cristo”. Segundo, essa fé pessoal também é
reconhecida como sendo mediada a um indivíduo através da comunidade eclesiástica (tanto
a comunidade local concreta, quanto a comunidade centenária abstrata da tradição cristã).
[337]
Outras considerações hermenêuticas
O círculo hermenêutico se refere à ideia que para que seja entendido qualquer aspecto da
revelação, o todo deve ser completo. No diagrama abaixo, para que #1 seja corretamente
interpretado, #4 deve se entendido; para que #2 seja entendido, #3 deve ser compreendido.
Regra de Hodge
(1) Palavras devem ser tomadas em seu sentido histórico claro.[344]
(2) A Escritura é o trabalho de uma mente (não contradição).
(3) É necessária a orientação do Espírito.
O PROCESSO EXGÉTICO
OS BLOCOS CONSTRUTORES DA TEOLOGIA BÍBLICA
O primeiro procedimento do teólogo é exegético[355]
O termo exegese é derivado de um composto do termo significando “conduzir para fora” e
se refere à aplicação dos princípios hermenêuticos. Ao passo que hermenêutica se refere aos
princípios em si, a exegese os conduz para fora. Hermenêutica é a teoria. Exegese é a
prática. Gordon Fee usa o termo em referência à:
Investigação histórica no interior do significado do texto bíblico. Exegese, portanto,
responde a questão: “O que o autor bíblico quis dizer?”. Ela tem que fazer tanto o que ele
disse (o conteúdo em si) e o porquê dele ter dito isso em determinado ponto (o contexto
literário). Além disso, a exegese é primariamente comprometida com intencionalidade: “O
que o autor quis que seus leitores originais entendessem?”[356].
Aqui deveria ser notado que o estudo nas línguas originais é necessário para a precisão do
entendimento. O processo exegético pode somente ser conduzido nas línguas originais e assim o
estudo exegético na Bíblia em português é limitado em efetividade. É notável que eras de
crescimento significativo na história da igreja têm sido acompanhadas por uma ênfase renovada
no estudo bíblico nas línguas originais, e que eras de estagnação geralmente não enfatizavam.
É a intenção desse autor encorajar o leitor a perseguir tais tipos de estudos, na medida
que essa busca fornece ao estudante bíblico uma profundidade muito maior no estudo bíblico.
Milton Terry é da mesma forma enfático que sem tal busca o entendimento histórico-gramatical
é insustentável. Ele diz:
O exegeta histórico-gramatical...irá investigar a linguagem e importar de cada livro com
independência destemida. Ele irá dominar a linguagem do escritor, o dialeto particular que
ele usou, seu estilo particular e formas de expressão. Ele investigará circunstâncias sob as
quais ele escreveu, as maneiras e costumes da sua era e o propósito ou objetivo que ele tinha
em vista.[357]
O processo exegético envolve a condução de uma análise detalhada e minuciosa do texto para
que se chegue a uma interpretação correta e utilização apropriada da passagem. O processo pode
ser trabalhoso e algumas vezes até mesmo entediante (não sem razão que Paulo exige diligência
de Timóteo em 2Tm 2.5), ainda assim, manejar precisamente a palavra da verdade é um processo
bastante recompensador.
Exegese não é uma tarefa simplesmente para o erudito, mas é uma tarefa necessária para
desenvolver um relacionamento mais profundo com o Senhor e resultar numa cosmovisão
adequada – uma cosmovisão bíblica. O processo é desafiador e certamente prazeroso. O exegeta
deveria estar constantemente ciente, enquanto estuda as páginas da Escritura, do encontro direto
com Deus. Deus falou, então ouvir e estudar sua palavra deveria ter um efeito profundo no
estudante da Escritura. Como Schreiner diz:
Se o coração de alguém nunca louvou ao fazer exegese, então o processo não alcançou seu
apogeu. E se alguém nunca tremeu ao fazer exegese (Is 66.2), então alguém não está
ouvindo a voz de Deus.[358]
O processo começa, então, com empolgação, sobriedade, diligência e constante consideração
mediante a oração durante todo o processo conforme os nove passos fundamentais são
executados: (1) Verifique o texto e a tradução; (2) entenda o plano de fundo e o contexto; (3)
identifique a estrutura; (4) identifique as chaves gramaticais e sintáticas; (5) identifique as chaves
lexicais; (6) identifique o contexto bíblico; (7) identifique o contexto teológico; (8) verificação
secundária e (9) desenvolvimento da exposição.
(1) Teste verificador e tradução
(a) Verifique os limites do texto. Tente lidar com a passagem como uma unidade
proposicional ou um pensamento completo. Evitar divisões não naturais e confusas
envolve reconhecer e identificar as que são naturais e bem estruturadas. Perceba a
divisão não natural de Habacuque 2.1. O verso inicial é uma continuação de uma
unidade de diálogo anterior que começa em 1.12. Também, compare o contexto de
Marcos 9.1-2 com a divisão entre Mateus 16 e 17. Conforme é o caso em cada passo do
processo exegético, acesso ao texto na língua original é crucial.
(b) Verifique a melhor leitura/texto baseado nas seguintes evidências para uma leitura do
manuscrito:
Evidências externas:
(1) Aquelas que possuem suporte em fontes externas mais antigas é geralmente autêntica.
(2) Idade, localização e caráter, em vez de quantidade, dos manuscritos é mais determinante
de autenticidade.
(3) Quando existe um conflito de evidências amplo, uma atenção especial deveria ser dada
na concordância entre os manuscritos originalmente separados pelas maiores distâncias.
(4) Cuidado e atenção especiais aos detalhes devem ser utilizado ao seguir essas evidências.
Evidências internas:
(1) A leitura que é congruente com o estilo de um escritor, natureza e o contexto devem ser
preferidos sobre aqueles que tem carência dessas evidências.
(2) Leitura curta é preferível sobre a longa.
(3) A leitura difícil é preferível sobre a mais simples.
(4) A leitura de onde outras leituras são mais provavelmente desenvolvidas deve ser
preferida (e.g., 1Ts 2.7 nepioi vs epioi).[359]
Note também que as leituras do Textus Receptus/Texto Majoritário de João 7.53-8.11; 1
Timóteo 3.16 e João 3.13. Perceba a frase “paz na terra entre os homens” em Lucas 2.14. O
seu corpo foi quebrado ou não (veja 1Co 11.24) ?
Compare Marcos 3.20 com Mateus 8.20. Marcos indica que Jesus tinha uma casa? Ou casa
não é nada menos que uma tradução desejável para oikon?
Para estudar numa bíblia em português, estude a passagem em várias traduções diferentes e
identifique qualquer chave ou assuntos nas traduções. Perceba as diferenças essenciais nas
passagens a seguir:
Oséias 6.7 – NVI e ACF: Com Adão ou sem Adão? Isso implica uma aliança adâmica?
Amós 4.4 – Compare NVI com a King James. Três dias vs. três anos.
Lucas 9.44 – Compare NVI com King James – perceba o uso de equivalência dinâmica da
NVI.
João 3.10 – Na NASB[360] Cristo faz referência a Nicodemos como o professor em Israel,
enquanto na King James Cristo identifica-o como um mestre em Israel. Perceba as
diferenças no artigo (definido contra indefinido). Em português há uma diferença
significativa entre um mestre e um professor. E sobre o dia de Jesus? Qual a tradução mais
precisa?
João 3.36 – Não creem (King James) contra não obedecem (NASB). Esse é um exemplo de
uma disputa de tradução que somente surge na tradução do grego para o inglês/português.
João 6.47 – em mim (King James) contra outras traduções que omitem a frase. Isso é um
exemplo de uma disputa textual. Nesse caso há variação nos manuscritos dessa passagem.
Atos 12.4 – Páscoa (King James) ou Passagem[361] (NASB) ?
Filipenses 2.5 na NASB relata a ordem ter a atitude em vocês mesmos, enquanto na King
James diz ao leitor para deixar essa mente estar em vocês. Há uma diferença significativa
entre atitude e mente? Qual é a melhor tradução?
1 João 5.7 – compare as diferenças significativas entre as traduções disponíveis.
(c) Escreva seu panorama da passagem identificando os seguintes elementos:
(1) Identifique as variantes e/ou diferenças de tradução no texto.
(2) Resuma brevemente a passagem.
(3) Resuma seu entendimento vigente do impacto teológico da passagem.
(4) Identifique pressuposições doutrinárias que você tem ao se aproximar da passagem.
Esse período é único e separado da era anterior, claramente delineada pelo progresso de
Jesus as sua missão e alteração dos seus ensinos e métodos (começando com o ensino às
multidões exclusivamente em parábolas, veja Mt 13). A leitura mais simples da Escritura
demanda um entendimento que o reino foi postergado e sem esse entendimento a clareza até
mesmo do ministério terreno de Jesus é comprometida. Peters caracteriza esse entendimento
de significante importância dizendo:
A rejeição da postergação do reino é uma rejeição da única chave que pode abrir os
singulares e de outro modo misteriosos dizeres de Jesus.[394]
Esse aspecto do ministério terreno de Jesus parece no mínimo caracterizar essa como uma
dispensação completamente única no plano de Deus. Adicionalmente, essa era é distinta da
próxima particularmente sendo definida pela ascensão de Cristo e o papel do Espírito Santo.
Em última instância, a glória de Deus é profundamente manifesta nesse curto intervalo, na
medida que tantos elementos estão reunidos nesse estágio para trazer continuidade e coesão
ao plano revelador de Deus.
Essa era oferece uma característica única em todas as dispensações subsequentes que são
pré-anunciadas por Cristo durante esse tempo: em Mateus 16.18, a Era da Participação (A
Era da Igreja), junto com João 14-16, descrevendo o papel futuro do Espírito Santo durante
esse tempo; em Mateus 24.1-23, a Era da Purificação, (O Período da Tribulação); em
Mateus 24.29-31, a Era das Promessas Executadas (O Reino Iniciado); e em Lucas 18.29-30
e João 6.40, 54 (em conjunção com seu ensino agregado sobre vida eterna e condenação
eterna) o Posfácio (Eternidade Futura) está certamente em perspectiva. Particularmente à
luz do ministério profético de Cristo durante esse tempo, essas divisões parecem bem
naturais.
(9) Participação: A Era da Igreja (At 2.1 – Ap 3.22)
Talvez essa era sirva como a mais surpreendente das dispensações na medida que sua
senhora principal (a igreja) não é encontrada em nenhum outro lugar da profecia do Antigo
Testamento (a despeito das alusões para um foco sobre os gentios, como é encontrado em
tais passagens como Gn 12.3b; Dt 32.20-12, 43; 2Sm 22.50; Sl 18.49, 117.1; Is 11.10; e
posteriormente em Lc 21.24 etc). A igreja aparece primeiramente nominalmente em Mateus
16.18, é visivelmente ausente da perspectiva terrestre em Apocalipse 4.1 – 19.10 e
reaparece (por uma forte implicação e em correlação com Ap 19.7-8) em Apocalipse 19.14.
O escopo da benção da igreja e o foco está, durante essa era, nas regiões celestiais em Cristo
(Ef 1.3).
Os aspectos misteriosos da igreja incluem (1) o translado (arrebatamento) dos santos no fim
da era da igreja (1Co 15.51); (2) o endurecimento parcial de Israel (i.e., promovendo a
rejeição da oferta do reino, veja Mt 13.10-17 etc) para que a plenitude dos gentios possa ser
cumprida (Rm 11.25); (3) a subsequente auto-revelação de Deus para todas as nações (Rm
16.25-26); (4) a unidade dos gentios e judeus juntos no corpo de Cristo (i.e., a igreja, Ef
2.11-3.12); (5) o relacionamento de Cristo como noivo da igreja (Ef 5.32) e (6) o habitar de
Cristo por meio do Espírito Santo no crente (Cl 1.27).
A herança da igreja reside na promessa (singular, veja Ef 3.6; 2Tm 1.1; 1Jo 2.25 etc),
destacando uma área significativa da distinção de Israel, cuja herança é encontrada nas
alianças e promessas (plural, veja Rm 15.8; Gl 3.16; Ef 2.12; Hb 6.12; 7.6; 8.6; 11.17). Há
pelo menos vários elementos-chave a serem considerados nesse contexto que contribuem
significativamente para o entendimento dessa dispensação, e aqueles tratados aqui são: (1) a
nova aliança e sua relação ou não relação com a igreja, (2) o problema do parêntesis e (3) a
ilustração da oliveira.
A nova aliança e a igreja
A Escritura contém por nome oito referências diretas (e outras menos diretas, mas igualmente
definidas) à Nova Aliança:
(1) Jeremias 31.31 – Aqui a Nova Aliança é identificada como incluindo pelo menos os
seguintes elementos específicos: é feita diretamente com as casas de Israel e Judá
(31.31); é distinta e diferente da aliança mosaica (31.32); é profetizada como ainda
sendo futura (31.31); é caracterizada por Deus em um tempo futuro escrevendo sua lei
nos corações dos recipientes (31.33); significou uma relação de possessão entre Deus e
Israel/Judá (31.33); resultou em um conhecimento universal de Deus dentro de
Israel/Judá (31.34); implicou perdão dos pecados (31.34) e incluiu tanto a restauração
física quanto eterna de Israel/Judá (31.27-28, 37-40)
(2) Lucas 22.20 (Mt 26.28; Mc 14.24) – nessa iniciação da Nova Aliança, o sangue de
Cristo é pré-anunciado como a ratificação da Nova Aliança, que seria inaugurada com a
vinda do reino (Lc 22.18).
(3) 1Coríntios 11.25 – Paulo aqui reconta à igreja dos coríntios a iniciação (Ceia do
Senhor) da Nova Aliança apontando para a ratificação de Cristo (morte e ressurreição).
(4) 2Coríntios 3.6 (Rm 11.25-32) – Essa passagem define “nos” (o antecedente específico
é identificado em 1.19 como Paulo, Silvano e Timóteo) como servos (diakonous) de
uma nova aliança. É notável que enquanto esses servos da Nova Aliança são da igreja,
não há indicação assertiva ou contextual que a Nova Aliança é feita com a igreja. Em
vez disso é mais apropriado entender que como ministros do evangelho, os apóstolos
serviram para facilitar a Nova Aliança, assim como a igreja serve como um instrumento
para provocar ciúmes em Israel – dessa forma fixando a inauguração da Aliança.
(5 e 6) Hebreus 8.6-13 (7.22) – Ao descrever a superioridade do ministério de Cristo, aqui o
contraste é levado a estar entre a Lei (8.4) e a aliança melhor (8.6). O foco aqui está sobre Jesus e
sua superioridade como exemplificado pelo seu papel como mediador da Nova Aliança – o
contexto da Nova Aliança aqui então está em relação com ele e não com a igreja. Ele é o
(imensamente qualificado) Sumo Sacerdote do crente (8.1). Aqui está a conexão entre a Nova
Aliança e a igreja: o mesmo mediador da Nova Aliança é o Sumo Sacerdote do crente e, como
resultado, o crente é um beneficiário de certos elementos da Nova Aliança (e.g., perdão de
pecados e vida eterna, Is 55.5; Jr 31.34; 1Jo 2.25); entretanto, a restauração de tais benefícios
para a igreja não está conectado com a Nova Aliança (desde que foi feita somente para
Israel/Judá, Is 55.1-11; 59.21; 61.8-9; Jr 31.31; 32.37-42; 50.4-5; Ez 16.59-63; 34.22-31; 37.21-
28), mas, em vez disso para o mediador que garante perdão, justiça e vida baseada na escolha de
Deus, para sua glória.
(7) Hebreus 9.15 – devido à morte do mediador, a promessa da herança eterna pode ser recebida,
pois sem a vida eterna, nenhuma das promessas poderia ser desfrutada. Essa promessa magnifica
o significado da Nova Aliança, na medida que provê para o povo o elemento da aliança
abraâmica. Sem esse elemento literalmente cumprido, a aliança abraâmica se torna vazia.
(8) Hebreus 12.24 (10.15-18, 29; 13.20) – essa passagem fala sobre a eficácia do sangue de
Cristo, novamente enfatizando sua identidade como o mediador dessa aliança melhor. O
significado da Nova Aliança em cada uma das passagens de Hebreus reside em sua relação com
Cristo, não com a igreja.
O problema dos parênteses
O.T. Allis reconhece que a base de distinção entre Israel e a igreja é, de fato, a interpretação
literal da profecia do Antigo Testamento, ao dizer,
A perspectiva dos parênteses da Igreja é o resultado inevitável da doutrina que a profecia do
Antigo Testamento deve ser cumprida literalmente para Israel[395]
A menção de Allis da perspectiva dos parênteses faz referência ao entendimento sobre a parte de
um número de teólogos dispensacionais que a igreja é parentética – que ela é uma interrupção do
plano de Deus com Israel. Esse entendimento, enquanto apropriadamente reconhece uma
distinção entre Israel e a igreja, não parece ser uma perspectiva inteiramente precisa.
Há, de fato, uma clara distinção entre Israel e a igreja, mas a igreja não representa um
parêntese, mas, em vez disso, simplesmente um estágio ou aspecto do plano redentivo de Deus,
servido como engrenagem no seu plano doxológico. A aplicação do termo parênteses para a
igreja implica uma descontinuidade no plano eterno de Deus, que, na visão desse autor, não
existe e que parece fazer injustiça inteiramente para o plano doxológico.
A oliveira
Em Rm 11.16-24, Paulo apresenta o exemplo de uma oliveira, identificando (ou pelo menos
fazendo alusão) vários elementos-chave: A oliveira brava (os gentios que foram enxertados,
11.17); os ramos (os judeus, 11.16); a raiz (o Messias[396] 11.16-18; 15.12; Ap 5.5 – riza como
em LXX Is 11.10; 53.2). Nesse quadro, Paulo demonstra que os gentios possuem acesso ao
Messias (e consequentemente às suas bênçãos de salvação) diretamente devido à rejeição inicial
de Israel do Messias. Os gentios, nesse quadro, são enxertados não em Israel, nem em todas as
promessas da aliança, mas ao próprio Cristo, colhendo os profundos benefícios de sua obra
salvífica. É aqui que vemos o cumprimento magnífico do sétimo elemento da aliança abraâmica
(Gn 12.3b) – todas as famílias da terra abençoadas em Abraão – através de Cristo.
Assim, o mistério do endurecimento parcial é revelado (11.25) como um elemento
predeterminado do grande plano de Deus: Essa reviravolta marcante e inesperada (apesar de ter
sido de alguma forma pré-anunciada) em seu plano redentivo serve ao seu propósito doxológico,
demonstrando sua sabedoria superlativa – deixando Paulo maravilhado com o pensamento
(11.33-36).
Essa era de participação preenche um espaço de tempo limitado, constituindo o espaço entre
a 69ª e a 70ª semana de Daniel (Dn 9.26-27) e o início dos tempos dos gentios (Lc 11.24)
levando à plenitude dos gentios (Rm 11.25) – elementos que são consumados na próxima
dispensação.
(10) Purificação: A tribulação, a angústia de Jacó (Ap 4.1- 19.10 [ Jr 30.7])
Retornando o foco para a nação de Israel e provendo uma continuação do cronograma de
Daniel 9, essa era de sete anos será inaugurada como uma aliança é feita com muitos pelo
príncipe (romano[397]) que está porvir (Dn 9.27). Essa aliança é quebrada na metade (três
anos e meio), no tempo que a grande tribulação (um período de provação mais severa, veja
Mt 24.25-22[398]) começa, culminando com o abalo dos céus na segunda vinda do Rei
Messias (Mt 24.29-30). Esse é o tempo da angústia de Jacó (Jr 30.7), precedendo a
restauração da nação.
A glória de Deus é demonstrada durante esse período de pelo menos três formas principais:
(1) sua santidade é expressa na medida que ele fielmente julga (sem qualquer retrocesso) a
nação pelas falhas dela (Jr 30.24); (2) sua proteção da nação, mesmo enquanto ele
supervisiona o povo “para arrancar, e para derrubar, e para transtornar, e para destruir, e
para afligir” (Jr 31.28), provê um testamento para manter sua aliança e fidelidade; (3) como
um propósito secundário para esse período de tribulação, a ira do Cordeiro assola as nações
(Ap 6.16-17), ilustrando sua dignidade como Juiz e, em última instância, como Rei.
O período imediatamente seguinte é pré-anunciado em vários contextos-chave,
primariamente (1) Jeremias 31.27-34 – o tempo do julgamento e refinamento será seguido
por uma restauração espiritual e física da nação; e (2) Apocalipse 19-20 – o Rei retornará
triunfante com o seu redimido, iniciando o cumprimento da promessa davídica de um trono
eterno (2Sm 7).
1. Planejamento: Eternidade
passada
2. Prelúdio 1. Inocência
Inocência do homem Gênesis 1.1- 3..6
Gênesis 1.1- 3..5
3. Crise 1. Preparação
2. Consciência
A queda do homem Começando em
Gênesis 3.6-8.14
Gênesis 3.6-6.7 Gênesis 3.15
4. Preservação e Provisão 3. Governo
4. Promessa
5. Promessas pronunciadas
Gênesis 11.10-
Gênesis 11.10- Êxodo 18.27
Êxodo 18.27
6. Pré-requisito retratado
5. Lei
A aliança quebrada: O tutor
Êxodo 19.1 – João
Êxodo 19.1 – Malaquias 4.6;
14.30
Gálatas 3.24-25
7. Promessas proferidas
O reino oferecido
Mateus 1.1 – 12.45
8. Postergação e propiciação
9. Participação 6. Graça
2. Participação
A era da igreja Atos 2.1 –
Começando em Atos 2
Atos 2.1 – Apocalipse 3.22 Apocalipse 19.21
10. Purificação
12. Posfácio
Eternidade futura
Apocalipse 20.7 – 22.21
O PROCESSO SISTEMÁTICO
DELINAMENTO DA TEOLOGIA BÍBLICA
A exegese considera a Escritura e analisa cada parte dela detalhadamente. A teologia bíblica
considera os frutos da exegese, os organiza em várias unidades e traça a revelação de Deus na
Escritura em seu desenvolvimento histórico. Ela mostra a teologia de cada parte da Palavra de
Deus como tem sido trazida para nós em estágios diferentes, por meio de vários autores. A
teologia sistemática, então, usa os frutos do trabalho exegético e da teologia bíblica e os reúne
em um sistema concatenado.[402]
A abordagem sistemática para uma Teologia Bíblica revela onze tópicos básicos (A
doutrina de Deus consiste em três categorias, com os outros estudos numerando oito):
(1) A Doutrina de Deus: Teologia propriamente dita
Enfatiza a santidade de Deus (Is 6.3; Apocalipse 4.8), sua triunidade (como Pai, Filho e
Espírito) e sua interação pessoal com sua criação, uma investigação sobre a doutrina de
Deus discutirá seus atributos e esses geralmente em duas categorias, como está a seguir:
(I) Os independentes de sua criação, incluindo:
(A) Sua auto-existência e
(B) Santidade
(II) Os relativos à sua criação (natureza divina, eterno poder e atributos invisíveis, veja
Rm 1.20).
(A) Natureza divina – grandeza, eternidade, imensidade, imutabilidade,
incompreensibilidade, cognoscibilidade etc.
(B) Eterno poder – transcedência, imanência, onipotência, onisciência, soberania etc,
(C) Atributos invisíveis – justiça, ira, paciência, fidelidade, misericórdia, graça, benignidade
etc.
Em adição de refletir sobre seus atributos, uma boa teologia refletirá acerca das obras de Deus,
incluindo seu propósito doxológico como uma estrutura, e suas obras de criação, de redenção e
do reino.
Como soberano criador, ele tem todos os direitos soberanos para governar sua criação. O
reino tem os seguintes elementos: autoridade (o direito de Deus de governar), extensão (o reino
no qual a autoridade é manifestada), e o exercício de autoridade. A soberania de Deus não possui
começo (Sl 10.16; 145.13; Jr 10.10; Lm 5.19) e a extensão da sua autoridade abrange tudo (1Cr
29.11-12; Sl 103.19).
Ele manifesta essa autoridade de qualquer maneira que desejar e tem comunicado o
exercício de sua autoridade, em seu reino eterno, por meio de dois elementos distintos. Primeiro,
o reino celestial representa o governo soberano eterno de Deus, em especial com relação à
criação. A extensão é celestial (Ef 1.3; Fp 3.20; 2Tm 4.18; Hb 3.1; 9.24; 1Pe 1.4), com o ponto
focal eterno (futuro) sendo Nova Jerusalém (Gl 4.26; Hb 12.22; Ap 3.12). É dito que essa cidade
virá do céu (katabainousin ek to ouranou, Ap 21.10). A frase é usada anteriormente (10.1-3) para
descrever um anjo que ficou de pé sobre a terra e o mar, e novamente (13.13) para descrever o
fogo vindo do céu para a terra. A frase também é usada por João em seu evangelho ao relatar a
descrição de Cristo de sua encarnação (6.41-42, 50-51, 58). Observe Ezequiel 37.28; 43.7.
Os beneficiários secundários são crentes de todas as dispensações. A qualificação para a
entrada é a justiça de Deus. Em oposição infrutífera ao reino está a estrela da manhã (Is 14.12-
15), o rei de Tiro (Ez 28.12-19), o deus dessa era (2Co 4.4), o príncipe das potestades do ar (Ef
2.2), as forças espirituais de impiedade (Ef 3.10; 6.12) e o dragão (Ap 12).
Em segundo lugar, a aliança terrestre do reino é o cumprimento da aliança davídica (2Sm
7), como oferecida por Cristo nos evangelhos. A frase “reino dos céus” (enfatizando sua origem,
em contraste com sua extensão não se originar na terra) ocorre somente em Mateus (31 vezes),
direcionada aos judeus, como a manifestação terrestre da autoridade de Deus sobre tudo
conforme foi delineado pela aliança davídica. Perceba o uso de “reino de Deus” em Mateus
12.28 (e novamente em 1924; 21.31, 43) – o reino não é identificado como tal (por Mateus) até
que Israel tenha rejeitado a oferta. O reino será iniciado pela autoridade do Messias, o rei digno e
o filho de Davi, cumprindo a aliança davídica. A extensão é terrena com o ponto focal (futuro)
em Jerusalém (Ez 43.7) – o trono de Davi é da casa de Davi e estará literalmente na Jerusalém
física. Depois do reino milenar, a Nova Jerusalém substitui a antiga, ainda que as promessas
ainda tenham cumprimento físico literal (2Sm 7.13; Hb 11.10-16; Ap 21.22).
Os beneficiários primários são aqueles identificados como os verdadeiros Israelitas (Rm
9.6; 11.5-7). A qualificação para a entrada é a justiça de Deus – os evangelhos apresentam aos
judeus a justiça necessária – os frutos do coração regenerado – para entrar no reino. Os
evangelhos, portanto, detém a aplicação direta para os judeus a esse respeito, mas desde que a
manifestação da autoridade de Deus detém o mesmo requerimento como o sua outra (justiça), os
evangelhos, portanto, apresentam a aplicação da justa característica de todas as dispensações. Em
oposição infrutífera a esse reino está o dragão (Ap 12.13, 17)
(2) A Doutrina de Deus: Cristologia
Ao discutir a pessoa de Cristo, a cristologia lida com tais assuntos como a pessoa e obra de
Cristo. Com respeito à sua pessoa, os estudos incluem sua divindade, sua natureza pré-
encarnada (aparições que incluem aquela a: Hagar, Gn 16.7, 11, 13; Abraão, Gn 18.2, 22;
22.11-15; Moisés, Êx 3.2; Balaão, Nm 22.22-35; Josué, Js 2.1-4; Gideão, Jz 6.11-24), sua
dupla natureza encarnada (tanto Deus como homem[403]), seus nomes, seu papel como
eterno membro da Trindade e sua qualificação como salvador.
A respeito da sua obra, as considerações incluem sua identidade como Messias funcionando
como Profeta (Dt 18.15; Jo 5.46; At 3.22-26), sacerdote (Sl 110.4; Hb 5.6; Zc 6.12-13; 1Tm
2.5; Hb 2.14-18; 4.14-16; 5.1-10; 6.19-20; 7.11-28; 8.1-13; 10.1-31; Fp 2.5-11; Hb 5.9) e rei
(2Sm 7.12-16; Is 9.6-7; Mq 5.2; Lc 1.32-33) que irá governar por fim sobre tudo.
(3) A Doutrina de Deus: Pneumatologia
Da palavra grega, pneuma (espírito), a pneumatologia é uma discussão sobre o Espírito
Santo (Jo 14.16; 15.26-27; Rm 8.9; Tt 3.5; 1Pe 3.21; Ef 1.13-14 etc). De modo similar aos
estudos anteriores da teologia propriamente dita e cristologia, os dois elementos da pessoa e
obra são destacados.
O estudo da pessoa do Espírito Santo lida com tais assuntos como sua divindade (e
consequente alegações aos atributos de Deus) e personalidade evidenciada pelo uso de
pronome pessoais, e.g., João 15.26, e várias outros elementos demonstrativos de
personalidade, nomes, papel como eterno membro da Trindade, sua processão (enviado do
Pai: Sl 104.30; Is 48.16; Jo 15.26; do Filho: Jo 15.26; Gl 4.6; Rm 8.9).
Um exame da obra do Espírito Santo incluirá tais elementos como sua obra na criação (Gn
1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl 33.6; 104.30); inspiração da Escritura (2Tm 3.15-16; 2Pe 1.20-21),
luta, restrição e convicção (Gn 6.3; Jo 16.7-11; 2Ts 2.6-8), provisão de regeneração e novo
nascimento (Mt 19.28; 1Co 15.24-28; Tt 3.5; Jo 3.6; 10.10; 2Co 5.17 1Pe 1.23), santificação
( 2Ts 2.13; 1Pe 1.2), justificação (1Co 6.11), habitação (Jo 7.37-39; At 11.17; Rm 5.5; 8.9-
11; 1Co 2.12; 3.16; 6.19-20; 12.13; 2Co 5.5; Gl 3.2; 4.6; Ef 2.22; 2Tm 1.14; Tg 4.5 1Jo.
3:24; 4:13), selamento do crente (2Co 1:22; Ef 1:13; 4:30), batismo (Mt 3:11; Mc 1:8; Lc
3:16; Jo 1:33; At 1:5; 2:2-3, 11:16; Rm 6:1-4; 1Co 12:13; Gl 3:27; Ef 4:5; Cl 2:12), dádiva
(At 2:38; 10:45, Rm 12:6-8; 1Co 12-14; Hb 2:4), preenchimento (At 2:4; 4:8, 4:31; 9:17;
13:9; 13:52; Ef 5:18), iluminação (Jo 16:12-15; 1Co 2:9-12), ajuda/conforto (Jo 13:1-
17:26), intercessão (Rm 8:26-27), geração do Filho encarnado (Lc 1:35), e sua função geral
dentro da Trindade.
(4) Bibliologia
Bibliologia é o estudo da Bíblia (Sl 19; 2Tm 2.15; 3.16; Hb 4.12; 2Pe 1.20-21) e pondera tais elementos como a natureza
da revelação, as distinções e definições da revelação natural e especial, assim como a inspiração inerrância, canonicidade,
transmissão e suficiência da Bíblia. Elementos do alto e baixo criticismo são geralmente examinados sob essa categoria
também.
Ainda outra importante consideração aqui é a interpretação bíblica. A Teologia Básica de Ryrie é exemplar por
incluir um minucioso tratamento da hermenêutica no seu capítulo devotado à bibliologia.
(5) Angelologia
O estudo do anjos (Gn 19.1; 28.12; Sl 91.11; 148. 2; Is 14; Ez 28) incluem uma inquisição
acerca da natureza, origem, queda, classificação, função e futuro dos seres angelicais.
Discussões sobre Satanás e os demônios também se encaixam nessa categoria.
(6) Antropologia
A palavra deriva do grego anthropos (homem), antropologia se refere ao estudo do homem
(Gn 1.26-27; Rm 9.16-21) e inclui tais elementos como origem (criação), natureza (imagem
de Deus, imagem de Adão), propósito, queda (incluindo as consequências tanto imediatas
quanto a longo termo) e o futuro (ressurreição, céu/inferno etc). Também são consideradas
as controvérsias sobre livre-arbítrio, natureza da alma e tanatologia (do grego thanatos, que
significa morte), que sonda a origem, extensão e natureza da morte.
(7) Hamartiologia
Da palavra grega hamartia (pecado), hamartiologia é o estudo do pecado (Gn 2.16-17; Rm
5.12-14, 19; Is 64.6; Rm 3.23; 6.23). Assuntos importantes nesse campo incluem definição,
origem, imputação e impacto do pecado na criação em geral e na humanidade em particular,
demonstrando a incapacidade do homem de se aproximar de Deus sem a obra divina de
afastar as consequências do pecado.
(8) Soteriologia
Da palavra grega soterion (libertação ou salvação), soteriologia é o estudo da salvação (Gn
3.15; Is 53.5-6; Gn 12.3; Jr 31.34; Jo 3.16; Rm 5.6; Ef 2.8-10; 1Pe 1.3-5). Conceitos
ponderados aqui incluem a definição de salvação (a natureza da justificação), necessidade,
provisão (graça através da fé) e resultados da salvação (incluem regeneração, reconciliação,
batismo e santificação) a atividade de Deus em respeito ao cumprimento da obra de
salvação do Pai, o perdão, a redenção e a expiação do Filho e o selamento e batismo do
Espírito Santo), a posicional (tal como a eterna segurança e santificação posicional) e
prática (tal como a santificação progressiva e o caminhar cristão) realidade de salvação e a
eterna (toda benção espiritual e segurança etc) e eterna herança dos salvos.
(9) Israelologia
O estudo de Israel (Gn 12.1-3; Êx 20; Dt 30; 2Sm 7; Jr 31; Dn 9; Rm 9-11; Ap 20.1-6), a
israelologia lida com tais assuntos como a definição, identidade, origem, propósito, passado,
presente e futuro de Israel. Arnold Fruchtenbaum merece muito crédito por nos lembrar da
relevância de Israel no plano de Deus. Fruchtenbaum certa e precisamente afirma a
centralidade de Israel no plano de Deus através das eras e observa que pouco esforço
sistemático tem incluído a ênfase apropriada em israelologia[404]. Se deve existir uma
categoria de estudo dedicada à igreja, então certamente deve haver igual atenção – senão
maior – comprometida com a nação de Israel.
(10) Eclesiologia
Do grego ekklesia (igreja ou assembleia), esse termo se refere ao estudo da igreja (Mt
16.18; At 2; Dn 9; Lc 21.24; 1Ts 4.13-18; Ap 1-3, 19). Eclesiologia lida com tais assuntos
como a definição e identidade da igreja, as distinções entre Israel e a igreja (perceba as
passagens tais como Ef 2.12-21); a oliveira (Rm 11; Hb 3.5-6 e Nm 12.7; Hb 12.22-13; Mt
21.43; Lc 12.32; Jo 10.16; Gl 6.16; 1Pe 1.1; Tg 1.1; 2.2 etc), a origem da igreja (em
profecia – como referenciado em Mt 16 – e, na verdade, como discursado em At 2), a
economia, propósito e o futuro da igreja como um organismo espiritual – o corpo de Cristo,
características organizacionais da igreja (com destaque para liderança, política e serviços) e
a função da igreja (incluindo papeis primordiais como adoração, instrução, comunhão e
edificação).
Também são considerados os aspectos da participação pessoal na igreja, incluindo a guerra
espiritual (perceba os três elementos: (1) o mundo – Ef 2.1-3; 6.12; 1Co 3.19; Tg 4.4; 1Jo
2.15-17; (2) o diabo – Ef 2.1-3; Gn 3.1-5; Ef 4.26-27; 1Tm 3.6-7; 2Tm 2.26; 1Pe 5.8 e (3) a
carne – Ef 2.1-3; Rm 7.24-25; Gl 5.17-19), provisão (Ef 6.13-20; 2Co 6.7; 10.3-5; Sl 119.9-
11; 1Co 10.12-13; Mt 4.1-11; contra a carne – Rm 12.2; contra o diabo – Tg 4.7; contra a
carne – Gl 5.16; Rm 6; 1Co 6.18; 10.14; 2Tm 2.22), dons e crescimento.
(11) Escatologia
Da palavra grega eschatos (final ou último) o objeto aqui é o estudo das últimas coisas e a
profecia bíblica (Gn 12, 15, 17, 49; Dt 30; 2Sm 7; Jr 30-31; Dn 9; Mt 24-25; 1Co 3; 2Ts 4;
Ap 1-3, 4-18, 19, 20, 21-22). Escatologia tem em sua raiz nas alianças bíblicas e inclui o
estudo de tais eventos futuros como o arrebatamento (comparando as visões de pós-
tribulação, meso-tribulação, arrebatamento parcial, pré-ira e pré-tribulação), a tribulação
(com ênfase sobre seu propósito identificado com a angústia de Jacó e as setenta semanas
de Daniel, e sua duração dos sete anos que é significativamente divisível em duas partes: os
primeiros três anos e meio e os últimos três anos e meio – sendo referenciados por Cristo
como a Grande Tribulação) a batalha do Armagedom, a segunda vinda de Cristo, as várias
ressurreições, o reino milenar, os vários julgamentos, os novos céus e nova terra, e a Nova
Jerusalém, e, finalmente, a condução para a eternidade. De maior importância nesse estudo
está uma análise das promessas proféticas feitas, e seus cumprimentos literais através da
história e o futuro que ainda está para acontecer.
ÚLTIMA PALAVRA
É minha esperança que esse texto dê ao estudante da Bíblia muito a ser considerado. Para
resumir, o leitor deveria focar em seis exortações:
(1) O estudante da Bíblia deveria deliberar em entender os pré-requisitos necessários da
doutrina bíblica. Pressuposições não deveriam ser ignoradas e atenção deveria ser dada
para tais assuntos introdutórios para garantir que o estudante da Bíblia esteja começando
com fundamentos sólidos.
(2) O estudante da Bíblia deveria estar atento aos métodos disponíveis de interação com a
doutrina bíblica, deve manter uma abordagem coerente e apropriada na hermenêutica e
exegese.
(3) O estudante da Bíblia deveria estar atento ao desenvolvimento do hábito pessoal da
exegese bíblica. Longe de ser um simples exercício acadêmico, a exegese bíblica forma
uma disciplina espiritual vital.
(4) O estudante da Bíblia deveria ser diligente para sistematizar e sintetizar os temas
centrais da Bíblia, relembrando a importância do contexto.
(5) O estudante da Bíblia deveria estar sempre ciente do propósito doxológico de Deus,
reconhecendo sua majestade e respondendo a ele com temor apropriado, humildade e
amor,
Finalmente, (6) o estudante da Bíblia deve se lembrar que o estudo bíblico deveria resultar
em uma vida impactada. Conforme Paulo lembra o leitor em 1Timóteo 1.5, o objetivo da
instrução bíblica é o amor de um coração puro, uma boa consciência e uma fé sincera.
Que a palavra de Cristo habite ricamente em vocês...
Colossenses 3.16
[1] Charles Hodge, Systematic Theology, (Peabody, MA: Hendrickson, 2001), 1:19 [Publicado no Brasil pela Editora Hagnos,
sob o título Teologia Sistemática].
[2] W.G.T. Shedd, Dogmatic Theology, (Nashville, TN: Thomas Nelson, 1980), 1:11.
[3] Alguns poderiam sugerir que a teologia sistemática também lida com a informação de outras fontes fora do registro bíblico
(por exemplo, The Moody Handbook of Theology), entretanto, esse escritor não segue tais definições aqui, na medida que esse
texto tratará teologia sistemática como sendo uma decorrência direta da teologia bíblica e, portanto, encontrando sua origem
estritamente no registro bíblico.
[4] W.G.T. Shedd, Dogmatic Theology (Nashville, TN: Thomas Nelson, 1980), 1:11.
[5] Millard Erickson, Christian Theology (Grand Rapids, MI: Baker Books, 2001), 26 [Publicado no Brasil por Edições Vida
Nova, sob o título Teologia Sistemática].
[6] Do grego doxa (honra, glória) e logos (palavra ou discurso), falar ou atestar a glória.
[7] Charles Ryrie, Dispensationalism Today (Chicago, IL: Moody Press, 1965), 48.
[8] Breve Catecismo de Westminster, Q. 1.
[9] Latim: sem o qual não pode ser, significando aspectos indispensáveis.
[10] Charles C. Ryrie, Dispensationalism Today (Chicago, IL: Moody Press, 1965), 48.
[11] W.G.T. Shedd, Dogmatic Theology (Nashville, TN: Thomas Nelson, 1980), 1:5.
[12] Cornelius Van Til, Christian Apologetics (Philipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing, 2003), 20 [Publicado no
Brasil pela Editora Cultura Cristã, sob o título Apologética Cristã].
[13] Ibid., 61.
[14] Michael Beaty, org., Christian Theism and the Problems of Philosophy (Notre Dame: IN: Notre Dame Press, 1990), 24.
[15] Robin Usher e Richard Edwards, Postmodernism and Education (Nova York: Rutledge, 1994), 8.
[17] Kevin J. Vanhoozer, “One Rule to Rule Them All,” Craig Ott and Harold A. Netland, org., Globalizing Theology (Grand
Rapids, MI: Baker Books, 2006), 89.
[19] James W. Sire, The Universe Next Door (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1988), 17 [Publicado no Brasil pela Editora
Monergismo, sob o título O Universo ao Lado].
[20] Sigmund Freud, “The Question of Weltanschauung,” em New Introductory Lectures on Psycho-Analysis (Nova York:
Norton, 1965), Lecture XXXIV [Publicado no Brasil pela Imago Editora, sob o título Novas Conferências Introdutórias à
Psicanálise e Outros Trabalhos].
[21] Freud inicialmente sustentou que o desejo de suprir impulsos sexuais cobrem todas as aspirações humanas, enquanto
posteriormente expandiu sua visão de tais impulsos fundamentais para incluir o instinto de morte etc.
[22] Tradução: Ópio do povo.
[23] Sigmund Freud, “A Philosophy of Life,” em New Introductory Lectures on Psycho-Analysis (Nova York: Norton, 1965),
Lecture XXXV.
[24] Robert Knudsen, “Progressive and Regressive Tendencies in Christian Apologetics,” em E.R. Geehan, org., Jerusalem and
Athens: Critical Discussions on the Theology and Apologetics of Cornelius Van Til (Philipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed
Publishing, 1980), 281.
[25] Steven Jay Gould, Rocks of Ages (NY: Ballantine, 1999), 5, 49-67.
[26] Carl Sagan, The Cosmos (NY: Ballantine, 1980), 1 [Publicado no Brasil pela Editora Companhia das Letras, sob o título
Cosmos].
[27] Richard Lewontin, “Billions and Billions of Demons,” New York Review of Books, January 9, 1997.
[28] Perceba a reivindicação contrária a Gênesis 2.15-17.
[29] Charles Darwin, The Voyage of the Beagle, edited by Charles Eliot (Nova York: PF Collier and Sons, 1909), 228-246
[Publicado no Brasil em dois volumes por L&PM Editores, sob o título A Viagem de um Naturalista ao Redor do Mundo].
[30] Charles Darwin, The Descent of Man (1871 reprint, New Jersey: Princeton University Press, 1981), 179.
[31] Erasmus Darwin, Zoonimia, (Nova York: AMS Press, 1974), 2:245-246.
[32] George Smith, Atheism: The Case Against God (Nova York: Promotheus Books, 1989), 7.
[33] Smith, 15 e 16.
[34] Karen Armstrong, The Battle for God (Nova York: Ballantine, 2000), xi [Publicado no Brasil pela Editora Companhia das
Letras, sob o título Em Defesa de Deus].
[35] Paul Enns, Moody Handbook of Theology, (Chicago, IL: Moody Press, 1989), 613.
[36] Charles Darwin, The Origin of Species (1859 reimpressão, Nova York: Modern Library, 1993), 374 [Publicado no Brasil
pela Editora Lafonte, sob o título A Origem das Espécies].
[37] George Smith, 234.
[38] Sagan, 286.
[39] Do hebraico yirah, as definições incluem temor e terror. Perceba a declaração de Calvino acerca do temor do Senhor:
“Consequentemente, que o temor e o assombro com os quais a Escritura comumente representa os santos como sendo afetados e
sobrepujados onde quer que tenham sentido a presença de Deus. Assim, acontece que vemos os homens que em sua ausência
normalmente permanecem firmes e constantes, mas quem, quando ele manifesta sua glória, é abalado e emudecido de tal forma
para estar abatido pelo temor da morte – é, de fato, absorto por isso e quase aniquilado.” (João Calvino, Institutes (Philadelphia:
Westminster, 1940), 38-39, tradução livre).
[40] James Emery White, What Is Truth? (Nashville: Broadman and Holman, 1994), 44.
[41] D.Z. Phillips, Faith After Foundationalism (Londres: Routledge,1988), 3.
[42] A.B. Davidson, Theology of the Old Testament (Edinburgh, 1904), 30.
[43] Carl Sagan, The Cosmos, 1.
[44] George Smith, Atheism: The Case Against God (Nova York: Promotheus, 1989), 223-225.
[45] Ibid., 234.
[46] Robert Knudsen, “Progressive and Regressive Tendencies in Christian Apologetics,” em E.R. Geehan, org., Jerusalem and
Athens: Critical Discussions on the Theology and Apologetics ofCornelius Van Til (Philipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed
Publishing, 1980), 281.
[47] Van Til, Christian Apologetics, 27.
[48] John T. McNeill, org., Ford Lewis Battles, trad., João Calvino, Institutes of the Christian Religion, (Philadelphia, PA:
Westminster Press, 1940), 1:38-39.
[49] O conceito das quatro colunas debatido aqui é adaptado de Christopher Cone, Presuppositional Dispensationalism” em The
Conservative Theological Journal, 10/29 (May/June 2006).
[50] Abrahan Kuyper: “Principles of Sacred Theology” (Grand Rapids: Baker Book, 1980), 48.
[51] Agostinho: “City of God”, 11:26, Traduzido por Marcus Dods, no livro “Nicene and Post – Nicene Fathers of the Christian
Church”, editado por Philip Schaff (1886 reedição, Grand Rapids: Eerdmans, 1988), 2: 220 [Publicado no Brasil em dois
volumes pela Editora Paulus, sob o título A Cidade de Deus].
[52] João Calvino, Institutes of the Christian Religion, 1:43 [Publicado no Brasil pela Editora Fiel, sob o título Institutas da
Religião Cristã].
[53] Cornelius Van Til,A Christian Theory of Knowledge (Philipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed).
[54] Essencialmente esta é a acusação de Hume (Hume’s Stopper) que qualquer argumento baseado unicamente na teologia
natural não prova o Deus bíblico.
[55] “The Great Debate: Does God Exist?” Dr. Greg Bahnsen versus Dr. Gordon Stein na Universidade da California, Irvine,
1985.
[56] Cornelius Van Til, Why I Believe in God (Philadelphia, NJ: Presbiterian and Reformed, 1994), 20.
[57] John Frame, Apologetics to the Glory of God (Philipsburg, NJ: Presbiterian and Reformed, 1994), 114
[58] Robert Knudsen: “Progressive and Regressive Tendencies in Christian Apologetics, em E.R. Geehan, org., Jerusalem and
Athens (Philipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed, 1980), 340.
[59] Francis Schaeffer, The Complete Works of Francis Schaeffer, Vol.2, Genesis in Time and Space (Wheaton, IL. Crossway
Books, 1982) 9 e 11 [Publicado no Brasil pela Editora Monergismo, sob o título Gênesis no Espaço-Tempo].
[60] Francis Schaeffer, The Complete Works of Francis Schaeffer, Vol.5, A Christian Manifesto (Wheaton, IL. Crossway Books,
1982) 428.
[61] Ibid.
[62] P. Zachary Hayes, The General Doctrine of Creation in the Thirteenth Century (Germany: Verlag Fernand Schoningh,
1964), 63.
[63] Rousas John Rushdoony, The One and Many Problems – The Contribution of Van Til, em E.R. Geehan, org., Jerusalem and
Athens (Philipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed, 1980), 340.
[64] Cornelius Van Til, The Defense of the Christian Faith (Philipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing, 1967), 24.
[65] Rousas John Rushdoony, “The One and Many Problems – The Contribution of Van Til”, 341.
[66] Cornelius Van Til, The Defense of the Christian Faith, 26
[67] Ibid., 27.
[68] As pluralidades não devem ser assumidas sem necessidade.
[69] Bernard Ramm, Protesrant Biblical Interpretation (Grand Rapids: Baker Book House, 1995), 63.
[70] Francis Schaeffer, The Complete Works of Francis Schaeffer (Wheaton, IL. Crossway Books, 1982), 1: 124.
[71] Kathleen Freeman, Ancilla to the Pre-Socratic Philisophers” (1952 reimpressão, Cambridge: Harvard Univ. Pre., 1983) 125.
[72] Theaetetus 152 a.
[73] Ravi Zacharias, Can Man Live Without God (Word Publishing, 1994), 101 [Publicado no Brasil pela Editora Mundo
Cristão, sob o título Pode o Homem Viver Sem Deus?].
[74] “Alcorão”, Sura 3:19
[75] B.B. Warfield, The Works of Benjamin Warfield Vol. 1, Relation and Inspiration (Grand Rapids. Baker Book House, 2003),
4)
[76] Stephen Charnock, Discourses Upon the Existence and Attributes of God (Grand Rapids: Baker Book House, 1993), 23
[77]Ibid., 24.
[78] Clark Pinnock, Biblical Revelation (Chicago, Moody Press, 1971), 29.
[97] Jamieson, Fausset, and Brown, Bible Commentary (Peabody,MA: Hendrickson, 2002), 3:xxvii.
[98] Reimpresso com permissão de Christopher Cone “Considering Higher Criticism: The Relationship of Authenticity to
Authority” em Journal of Dispensational Theology, Vol. 16, No. 47 (Apr. 2012), 7-22.
[99] E. S. de Beer, org., The Correspondence of John Locke, 8 vols. (Oxford: Clarendon Press, 1979) 2:748-51.
[100] John Marshall, John Locke: Resistance, Religion and Responsibility (Cambridge, MA: Cambridge University Press, 1994)
340.
[101] Louis Wallis, “The Paradox of Modern Biblical Criticism,” The Biblical World 52 (July 1918): 42-43.
[102] Fred G. Bratton, “Precursors of Biblical Criticism,” Journal of Biblical Literature 50 (1931): 180.
[103] Ibid. 180.
[104] Talmudista citado por Ibid, 180.
[105] Ibid.
[106] Ibid.
[107] Ibid.
[108] Ibid.
[109] Thomas Hobbes, Leviathan, org. Richard Tuck (Cambridge: Cambridge University Press) 260-68 [Publicado no Brasil pela
Editora Martin Claret, sob o título Leviatã].
[110] Bratton, “Precursors of Biblical Criticism,” 183.
[111] Ibid., 184.
[112] Wallis, “The Paradox of Modern Biblical Criticism,” 43.
[113] Ana M. Acosta, “Conjectures and Speculations: Jean Astruc, Obstetrics, and Biblical Criticism in Eighteenth Century
France,” Eighteenth-Century Studies 35 (Winter 2002): 257-59.
[114] Wallis, “The Paradox of Modern Biblical Criticism,” 46.
[115] O texto é completamente e igualmente inspirado ou não. A teoria de Wellhausen conclui que não é e consequentemente
subestima o valor ético da Bíblia.
[116] Wallis, “The Paradox of Modern Biblical Criticism,”49.
[117] Ibid.. 49.
[118] W. R. Taylor, “Biblical Criticism and Modern Faith,” The Journal of Religion 23 (October 1943): 229.
[119] Ibid., 230.
[120] Ibid., 231.
[121] Ibid., 239-40.
[122] Ibid. 240.
[123] Provavelmente, foi essa lista mais curta que Josué escreveu nas pedras nos eventos de Josué 8.
[124] Timothy Lin catalogou as afirmações de Jesus da seguinte forma: “Ele confirmou o caráter genuíno dos dois primeiros
capítulos de Gênesis ao testificar a criação de Adão e Eva como um fato histórico e não um mito ou lenda (Mt 19.4-6; Mc 10.5-
9). Quando ele censurou os escribas e fariseus, mencionou o “sangue de Abel” como o começo da culpa dos judeus (Mt 23.35).
Ele confirmou que o dilúvio de Noé foi uma destruição histórica (Mt 24.27-39) e a devastação de Sodoma e Gomorra como o
juízo de Deus (Mt 11.23-24). Ele descreveu o tempo de Ló em Sodoma e o julgamento de sua esposa como um aviso histórico
com respeito aos últimos dias (Lc 17.28-32). Em sua pregação e ensino, ele geralmente falou de Abraão, Isaque e Jacó (Mc
12.26) e suas vidas antes de Deus (Mt 8.11; 22.32). As referências acima indicam que Cristo testificou a veracidade de
essencialmente todo o livro de Gênesis”. (Timothy Lin, Genesis: A Biblical Theology, 4th ed. (Carmel, IN: Biblical Studies
Ministries International, 2002) 29-30).
[125] Gary A. Rendsburg, The Redaction of Genesis (Winona Lake, IN: Eisenbraun, 1986) 104ff.
[126] Marc Brettler, “Rendsburg’s The Redaction of Genesis”, The Jewish Quarterly Review 78 (July-October 1987): 113-19.
[127] Benjamin Mazar, “The Historical Background of the Book of Genesis,” Journal of Near Eastern Studies 28 (April 1969):
74.
[128] Mazar escreveu: “é razoável que Gênesis foi dado à sua forma escrita original durante o tempo quando o império de Davi
estava começando a ser estabelecido e que as adições e suplementos de autores posteriores tinham somente a intenção de ajudar a
ligar o lapso temporal para leitores contemporâneos, e não tinha efeito decisivo no seu conteúdo de caráter global” (ibid).
[129] Ibid.
[130] Ibid., 75.
[131] Ibid., 76.
[132] Ibid.
[133] Ibid., 77.
[134] Ibid., 78.
[135] Ibid.
[136] Ibid., 79.
[137] Ibid., 82-83.
[138] Ibid., 76.
[139] Ibid.
[140] Paul S. Minear observou, “O historiador reflexivo deve conscientemente orientar sua pesquisa técnica com um ‘articulado
quadro de referência’, uma visão da história que determina seus pressupostos, define seu método e circunscreve suas conclusões.
Tal orientação é particularmente importante em uma época quando perspectivas de pensamento mudam tão rapidamente. Cada
mudança sucessiva na cosmovisão estimula novos concepções da história, levanta novas questões para o historiador responder e
provoca novos ataques sobre a metodologia prevalecente” (“How Objective Is Biblical Criticism,” Journal of Bible and Religion
9 [November 1941]: 217).
[141] Ibid., 218.
[142] Minear sugeriu, “a função dos historiadores é estabelecer generalizações aplicáveis para todos dos tempos e lugares. O teste
de suas conclusões é sua precisão preditiva. Uma novidade, particularmente, se torna um escândalo. Confrontado pelo que é
único, o historiador pode somente gaguejar, ‘Não pode ser!’ Assim, a história que é ditada por uma cosmovisão naturalista
termina negando a si mesma”. (Ibid)
[143] Ibid., 219.
[144] Jubileu 2.1 diz o seguinte: “E o anjo da presença falou a Moisés de acordo com a palavra do Senhor, dizendo: ‘Escreva
todas as palavras da criação, como em seis dias o Senhor Deus terminou toda sua obra e tudo que ele criou, e descansou no dia de
sábado e o santificou por todas as eras, e o apontou como um sinal para todas as suas obras”. R. H. Charles, “A New Translation
of the Book of Jubilees. Part I,” The Jewish Quarterly Review 6 (October 1893): 187
[145] Filo comentou: “Mas Moisés...fez o começo de suas leis inteiramente belo e admirável em todos aspectos, nenhuma uma
vez declarando o que deveria ser feito ou o contrário, nem (desde que foi necessário modelar de antemão as disposições daqueles
que deveriam usar suas leis) inventando de si mesmo fábulas ou adotando aquelas que foram inventadas por outros. E seu
exórdio, como já havia dito, é mais admirável; abraçando a criação do mundo, sob a ideia que a lei corresponde ao mundo e o
mundo à lei, e que um homem que é obediente à lei, sendo, ao fazer isso, um cidadão do mundo, ordena suas ações com
referência à intenção da natureza em harmonia com o que todo o mundo universal é regulado ... Desde que, então, esse mundo é
visível e o objeto de nossos sentidos externos, segue-se a necessidade que deve ter sido criado; segundo o relato que não foi sem
um sábio propósito que ele relatou sua criação, dando um relato venerável de Deus...e ele diz que o mundo foi feito em seis
dias...” (Filo, “On the Creation,” em The Works of Philo, org. C. D. Yonge [Peabody, MA: Hendrickson, 1993] 3).
[146] Para uma discussão completa da apologética de Josefo veja: Louis H. Feldman, “Josephus’ Portrait of Moses,” The Jewish
Quarterly Review 82 (January-April 1992): 285-328.
[147] Josefo escreveu: “Agora quando Moisés estava desejoso de ensinar sua lição a seus compatriotas, ele não começou o
estabelecimento dessas leis depois da mesma maneira que outros legisladores fizeram; quero dizer, por contrastes e outros ritos
entre um homem e outro, mas ao elevar suas mentes em direção a Deus e sua criação do mundo; e por persuadi-los, que nós
homens somos a mais excelente das criaturas de Deus na terra.” (Flavius Josephus, Antiquities of the Jews, in The Works of
Josephus, trans. William Whiston [Peabody, MA: Hendrickson, 1987]
[148] Josefo comentou brevemente: “Não devo refugiar-me agora à história anterior a mim, depois de ter mencionado o que
Moisés diz da criação do mundo, a qual achei descrita nos livros sagrados depois
[149] Josephus, Antiquities, 1.1.29-37.
[150] Moisés Maimônides, Commentary on the Mishnah, Tractate Sanhedrin, trad. Fred Rosner (Nova York: Sepher- Hermon
Press, 1981) ch. 11, principle 8.
[151] Anacronismos tais como os vários alegados em Gênesis não existem na realidade e sua presunção é baseada em um mal
entendimento dos princípios historiográficos do livro...nem são repetições ou duplicidades desnecessárias” Benno Jacob and Emil
Hirsch, “Genesis, The Book of” [artigo online] [The Jewish Encyclopedia, 1912, acessado em 30 de Janeiro de 2010] disponível
em http://www.jewishencyclopedia.com/articles/6580-genesis-the-book-of).
[152] Ibid.
[153] Abravanel sugeriu, “não é apropriado postular princípios para a Torá divina, nem fundamentos em questão de crenças, pois
somos obrigados a acreditar em tudo que está escrito na Torá. Não temos a permissão de duvidar mesmo na menor coisa que
esteja nela...” (Isaac Abravanel, Principles of Faith, Rosh Amanah, trans. Menachem Kellner [Oxford: Littman Library of
Jewish Civilization, 2000]195).
[154] J. Baird Callicott lembrou seus leitores: “Judeus e cristãos contemporâneos, procurando por conselhos significativos sobre
como viver no mundo no qual hoje se encontram, consultarão a Bíblia e irão inevitavelmente ponderar no que lerão (na tradução)
à luz das suas preocupações contemporâneas, suas experiências pessoais e seus próprios lugares” (“Genesis Revisited: Murian
Musings on the Lynn White, Jr. Debate,” Environmental History Review 14 [Spring-Summer 1990]: 85).
[155] Henry M. Morris, The Genesis Record: A Scientific and Devotional Commentary on the Book of Beginnings (Grand
Rapids:Baker, 1976) 17.
[156] Richard Soulen, Handbook of Biblical Criticism, (2nd Ed., Atlanta, GA: John Knox Press, 1981), 192.
[157] Geisler e Nix, 354-355.
[158] Do latim, texto recebido, do comentário de Bonaventure e Elzivir "Textum ergo habes, nunc ab omnibus receptum", que faz
referência ao texto que "todos agora recebem".
[159] BF Westcott and FJA Hort, Introduction to the New Testament in the Original Greek (Peabody, MA: Hendrickson, 1988),
4-6.
[160] Ibid., 11.
[161] Zane Hodges and Arthur Farstad, The Greek New Testament According to the Majority Text (2nd Ed., Nashville, TN:
Thomas Nelson, 1985), xi-xii.
[162] The Lockman Foundation detém o copyright sobre a NASB.
[163] Veja http://www.lockman.org/nasb/.
[164] The National Council of Churches detém copyright sobre a RSV.
[165] Publicada pela Crossway Books
[166] Veja http://www.esv.org/about/intro.
[167] Harold Myra, "Ken Taylor: God's Voice in the Vernacular," Christianity Today, October 5, 1979.
[168] Milton Terry, Biblical Hermeneutics (Grand Rapids: Zondervan, 1976), p. 69.
[169] J.I. Packer, “The Adequacy of Human Language,” in Inerrancy, Norman Geisler, editor, 202-205.
[170] Apesar de estarem usando vários níveis de entendimento com vários níveis de usos e desusos (Ne 8.8; Mt 21.45; Lc 20.19;
Fp 1.15-17; 1Tm 1.6-7; 2Tm 3.5-7; Tg 1.22, Jd 4).
[171] Observe que seus oponentes entenderam claramente suas afirmações, mas falharam em reconhecê-las como verdade
(Jo 5.18,39-40, 8.57-59).
[172] O termo ginosko é definido como um relacionamento envolvendo vida eterna em João 17.3 em contradição com o ginosko
de Romanos 1:21.
[173] Cornelius Van Til, An Introduction to Systematic Theology, (Philipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed, 1974), 15-16.
[174] Van Til, The Defense of the Faith, 109.
[175] Blaise Pascal, Thoughts (Nova York: PF Collier and Son, Co.,1910), 23 [Publicado no Brasil pela Editora Martin Claret,
sob o título Pensamentos].
[176] Note partícula de propósito hina de 1 Coríntios 2:12.
[177] Eidomen em vez de ginoskomen, destaca cognição acurada em vez de um entendimento experimental, revertendo a
escravidão dos efeitos noéticos do pecado, dando ao crente a mente de Cristo (1Co 2.12-16).
[178] Chafer, Systematic Theology, 6:37.
[179] John C. Whitcomb, “Contemporary Apologetics and Christian Faith, Part 1,” Bibliotheca Sacra 134 (April-June 1977):
104.
[180] Clinton Lockhart, Principles of Interpretation (Delight: AR: Gospel Light, 1915), 35.
[181] Ibid., 33
[182] Ver Atos 8.28-38, o eunuco etíope após ser guiado corretamente ao entendimento do significado da Escritura, reage de
modo certo a Deus.
[183] John Gerstner, Wrongly Dividing the Word of Truth (Morgan, PA:Sole Deo Gloria, 2000), 93, 96 e 110.
[184] Gerald Bray, Biblical Interpretation Past and Present (Downers Grove: Intervarsity Press, 1996), 15 [Publicado no Brasil
por Edições Vida Nova, sob o título História da Interpretação Bíblica].
[185] Cornelius Van Til, A Christian Theory of Knowledge, 28.
[186] John S. Feinberg, “Systems of Discontinuity,” em Continuity and Discontinuity: Perspectives on the Relationship Between
the Old and New Testaments, org. John S. Feinberg (Wheaton, IL: Crossway, 1988), 73-74.
[187] Ibid., 73.
[188] Adaptado de Mike Stallard, Literal Hermeneutics,Theological Method, and the Essence of Dispensationalism, não
publicado.
[189] Charles Ryrie, Basic Theology, 114.
[190] Ibid.
[191] Charles Ryrie, Basic Theology (Wheaton, IL: Victor Books,1986), 14 [Publicado no Brasil pela Editora Mundo Cristão, sob
o título Teologia Básica].
[192] Robert Saucy, The Case for Progressive Dispensationalism (Grand Rapids, Zondervan, 1993), 20.
[193] A.H. Strong, Systematic Theology (Philadelphia, Judson Press, 1947), 1008 [Publicado no Brasil em dois volumes pela
Editora Hagnos, sob o título Teologia Sistemática].
[194] Ibid., 1012.
[195] Ibid., 175.
[196] Louis Berkhof, Systematic Theology (4th revised and enlarged edition, Grand Rapids: Eerdmans, 1941), 715 [Publicado no
Brasil pela Editora Cultura Cristã, sob o título Teologia Sistemática].
[197] Ibid.
[198] Abraham Kuyper, Principles of Sacred Theology (Grand Rapids, Baker Book House, 1980), 461.
[199]O.T. Allis, Prophecy and the Church (Philipsburg, NJ: 1945), 48.
[200] John Gerstner, 93.
[201] Louis Berkhof, Systematic Theology, 712.
[202] Deve-se notar que ele também acusa os dispensacionalistas de inconsistência, particularmente em relação à tipologia.
Discutiremos isto mais tarde.
[203] O.T. Allis, 16, 18-19.
[204] Charles Ryrie, Dispensationalism, Revised and Expanded(Chicago, IL: Moody Press, 1995), 85.
[205] Kenneth Gentry, Jr., Postmillennialism: Wishful Thinking Or Certain Hope? (de www.cmfnow.com, data de acesso
desconhecida).
[206] Louis Berkhof, Systematic Theology, 708.
[207] Charles Ryrie, The Basis of the Premillennial Faith (Neptune, N.J.: Loizeaux Brothers, 1953), 17.
[208] Millard Erickson, Christian Theology (Grand Rapids, MI: Baker, 1983), 1213.
[209] Westminster Confession, 7:3 [Publicado no Brasil pela Editora Cultura Cristã, sob o título A Confissão de Fé de
Westminster].
[210] Louis Berkhof, Systematic Theology, 211.
[211] J. Marcellus Kik, An Eschatology of Victory (Nutley, NJ: Presbyterian and Reformed, 1975), 4.
[212] John Walvoord, The Millennial Kingdom (Grand Rapids, MI: Academie, 1959), 6.
[213] Como defendido por George Eldon Ladd.
[214] Resumido de H.A. Ironside, Wrongly Dividing the Word of Truth, 4th Ed.(Neptune, NJ: Loizeaux Brothers, 1989), 9-10.
[215] Ver Cornelius Stam, Things That Differ (Chicago, IL: Berean Bible Society, 1959).
[216] Charles C. Ryrie. “Update on Dispensationalism,” em Issues in Dispensationalism, org. Wesley R. Willis, John R. Master,
e Charles C. Ryrie, (Chicago, Il: Moody Press, 1994), 23.
[217] Robert Saucy, The Case For Progressive Dispensationalism, 27-28.
[218] Craig A. Blaising e Darrell L. Bock, Progressive Dispensationalism (Grand Rapids: Baker Books, 1993), 120.
[219] Saucy, The Case for Progressive Dispensationalism, 73.
[220] Bruce A. Ware, “The New Covenant and the People(s) of God,” em Dispensationalism, Israel, and the Church, org, Craig
A. Blaising e Darrell L. Bock, (Grand Rapids, MI: 1992), 84-97.
[221] Saucy, 27-29.
[222] Blaising e Bock, Progressive Dispensationalism, 103.
[223] Ibid.
[224] Blaising e Bock, Progressive Dispensationalism, 96-100.
[225] Como identificado por Mike Stallard, Literal Hermeneutics, Theological Method, and the Essence of Dispensationalism
[226]Charles C. Ryrie, Dispensationalism Today (Chicago: Moody Press, 1965), 43-47.
[227] A.C. Gaebelein, “The Dispensations” Our Hope 37 (Dec. 1930), 341-346.
[228] Mike Stallard, The Theological Method of AC Gaebelein, a Dissertation, 1992, 204.
[229] Embora Scofield originalmente comunicasse sua soteriologia dispensacional com alguma confusão (ver Scofield Reference
Bible,1917, p. 1115), os dispensacionalistas concordam que a salvação sempre foi pela fé, com o conteúdo variando de acordo
com a dispensação – a saber, uns olham adiante no tempo até a redenção através do Messias, outros olham para trás.
[230] Defendidas por este escritor, baseado num panorama sintético da Escritura, unindo os elementos soteriológicos e do reino
sob o propósito doxológico.
[231] A maioria das divisões dispensacionalistas não inclui a eternidade passada nem a futura. Contudo, as dispensações não se
limitam a períodos de tempo, mas à declinações de várias economias no propósito e plano de Deus. Portanto, negligenciar as
dispensações fora do tempo (i.e. eternidade passada e futura) parece focar demais no homem – quase se inclinando na direção de
um centro redentor ou, pelo menos, um centro no homem – em vez de focar nos propósitos doxológico e eterno de Deus. A fim
de perceber corretamente as economias ecléticas na estrutura do tempo, parece necessário reconhecer eventos que acontecem nas
eternidades, os quais trazem o próprio planejamento e cumprimento das economias distribuídas no tempo. Ver discussão sobre a
definição e delineação das dispensações.
[232] Wayne Grudem, Systematic Theology (Grand Rapids, Mi: Intervarsity Press, 1994), 863 [Publicado no Brasil por Edições
Vida Nova, sob o título Teologia Sistemática].
[233] C.I. Scofield, The Biggest Failure of the Church Age, from http://www.biblebelievers.com/scofield/scofield_church-
age.html, data de acesso desconhecida.
[234] C.I. Scofield, Rightly Dividing the Word of Truth (Nova York: Loizeaux Brothers, Inc., 1896), 12.
[235] Para uma perspectiva (certos aspectos com os quais este escritor não concorda) sobre esses assuntos dignos de
consideração, ver o ensaio de Gerard S. Sloyan “Christian Persecution of the Jews over the Centuries.”
[236] Ronald Diprose, Israel and the Church, The Origin and Effects of Replacement Theology (Waynesboro, GA: Authentic
Media, 2004), 169-170.
[237] Arnold Fruchtenbaum, Israelology (Tustin, CA: Ariel Ministries Press, 1989), 680-683.
[238] Chafer, Systematic Theology, 4:47.
[239] Ibid., 4:47-53.
[240] John Whitcomb e Henry Morris, The Genesis Flood (Grand Rapids, Baker Book House, 1961), 241-242.
[241] H. C. Leupold, Exposition of Genesis, (1942 reimpressão, Grand Rapids: Baker Book House, 1987), 1:113-114.
[242] Paul Lee Tan, The Interpretation of Prophecy (Dallas: Bible Communications, Inc., 1993), 83-84.
[243] Josh McDowell, Evidence That Demands a Verdict (San Bernadino, CA: Here’s Life Publishers, 1979), 1:267-320.
[244] Ibid., 267.
[245] Sir Robert Anderson, The Coming Prince (Grand Rapids, MI: Kregel, 1984), 129.
[246] Floyd Hamilton, The Basis of Christian Faith (Nova York: Harper and Row, 1964), 160.
[247] Anderson, 147-148.
[248] Ibid., 148.
[249] Ramm, Protestant Biblical Interpretation, 25.
[250] J. Tate, “On the History of Allegorism,” Classical Quarterly 28(1934): 105.
[251] Ibid., p. 32.
[252] Justino Mártir, Dialogue with Trypho, Chapter XC in The Ante-Nicene Fathers, editado por Alexander Roberts e James
Donaldson (1885 reimpressão, Grand Rapids: Eerdmans, 1989), 1: 244 [Publicado no Brasil pela Editora Paulos, sob o título I e
II Apologias – Diálogo com Trifão].
[253] Joseph W. Trigg, Origen. (Londres: SCM Press, 1983), 120.
[254] Muitos exemplos disso estão presentes em On First Principles, Livro 4.
[255] Tan, The Interpretation of Prophecy, 50.
[256] Ramm, Protestant Biblical Interpretation, 28.
[257] Gerald Bray, Creeds, Councils and Christ: Did the Early Christians Misrepresent Jesus? (1984, Fearn, Ross-Shire: Mentor,
1997), 49 e 51.
[258] Ramm, Protestant Biblical Interpretation, 63.
[259] Mal Couch, ed., An Introduction to Classical Evangelical Hermeneutics (Grand Rapids, MI: Kregel, 2000), 108-127.
[260] Paul Shockley, “The Postmodern Theory of Probability on Evangelical Hermeneutics” Conservative Theological Journal,
4/11 (March 2000), 70.
[261] Ou pelo menos o “pós-modernismo positivo” de Westphal, et al.
[262] Lynn Townsend White, Jr., “The Historical Roots of Our Ecological Crisis,” Science 155/3767 (March 10, 1967).
[263] Ibid.
[264] Ibid.
[265] Termo de Gidden semelhante à desordem do novo mundo.
[266] Craig Ott and Harold Netland, Globalizing Theology (Grand Rapids, MI: Zondervan, 2006), 331.
[267] O professor narra, depositando informações sem objeções e de imaginação inquestionável.
[268] Paulo Freire, Pedagogy of the Oppressed (Nova York: Continuum, 2002), 75 [Publicado no Brasil pela Editora Paz &
Terra, sob o título Pedagogia do Oprimido].
[269] Essa abordagem faz do estudante um co-investigador, dialogando com o educador.
[270] Robin Usher e Richard Edwards, Postmodernism and Education (Nova York: Rutledge, 1994), 213.
[271] Ott e Netland., 324-326.
[272] Ibid., 325.
[273] William J. Webb, Slaves, Women and Homosexuals (Downers Grove: InterVarsity Press, 2001), 31.
[274] Ibid., 247.
[275] Filo, The Works of Philo, translated by C.D. Yonge (New Updated Version, Peabody, MA: Hendrickson, 1993), 3.
[276] Ibid., 18.
[277] Ibid., 24.
[278] Ibid., 32.
[279] H.A. Ironside, Proverbs and The Song of Solomon (Nepture, NJ: Loizeaux Brothers, 1989), 11.
[280] Keil and Delitzsch, Commentary on the Old Testament, Ecclesiastes and Song of Solomon (Peabody,MA: Hendrickson,
1989), 2.
[281] Arnold Fruchtenbaum, Biblical Lovemaking (Tustin, CA: Ariel Ministries Press, 1995), 2.
[282] Segundo a aliança que fiz com vocês, quando saíram do Egito, o meu Espírito habita no meio de vocês. Não tenham medo.
— Pois assim diz o Senhor dos Exércitos: Daqui a pouco, mais uma vez eu farei tremer o céu, a terra, o mar e a terra seca. Farei
tremer todas as nações, e serão trazidas as coisas preciosas de todas as nações, e encherei este templo de glória, diz o Senhor dos
Exércitos. Minha é a prata, meu é o ouro, diz o Senhor dos Exércitos. A glória deste novo templo será maior do que a do
primeiro, diz o Senhor dos Exércitos; e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos.