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NOSSA ESPERANÇA:

O Aparecimento de Jesus Cristo e a Redenção de Nossos Corpos


Título original em inglês: Our Hope: The Appearing of Jesus Christ / Our Hope:
The Redemption of Our Bodies
Publicado originalmente em 1986 por John Piper
© Desiring God Foundation
www.desiringGod.org

Publicado no Brasil com a devida autorização por:


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Para os textos bíblicos, foi usada a versão A21 (Almeida Século 21), salvo quando
indicado ao contrário.

PEQUENOS TRECHOS DESTE TEXTO PODEM SER CITADOS OU


REPRODUZIDOS, DESDE QUE MENCIONADA A FONTE, COM ENDEREÇO
POSTAL E ELETRÔNICO.

Tradução: Gabriel Brum / Priscila Carmanhan Lima


Edição: Christopher Walker
Revisão: Elisabete Fonseca
Capa: Leonardo Beijo
Diagramação: Eduardo C. de Oliveira
Formatação para e-book (kindle): Luiz Roberto Cascaldi
NOSSA ESPERANÇA:
O APARECIMENTO DE JESUS
CRISTO

Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a


todos os homens e ensinando-nos, para que, renunciando à
impiedade e às paixões mundanas, vivamos neste mundo de
maneira sóbria, justa e piedosa, aguardando a bendita
esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e
Salvador, Cristo Jesus, que se entregou a si mesmo por nós
para nos remir de toda a maldade e purificar para si um povo
todo seu, consagrado às boas obras.
- Tito 2.11-14
A ntes de focar a esperança específica da volta de Jesus, quero
responder rapidamente algumas perguntas para lançar uma
base sobre o assunto.

Qual é a característica especial da esperança bíblica?


Resposta: não é uma esperança vaga, como quem cruza os dedos
e deseja que algo aconteça; pelo contrário, é a expectativa confiante
de que coisas boas virão. O livro de Hebreus a define como “a
completa certeza da esperança” (6.11).
Por que pecadores como nós podemos ter a confiança de que
um Deus santo age em nosso favor e nos prepara um futuro
promissor?
A resposta pode ser expressa em duas palavras: graça e evangelho.
Paulo diz que “Deus nosso pai nos amou e pela graça nos deu uma
eterna consolação e boa esperança” (2 Ts 2.16). E nos exorta a não
nos apartarmos da esperança do evangelho (Cl 1.23). Portanto, a
graça de Deus e as boas novas de Cristo crucificado pelos nossos
pecados e ressuscitado dentre os mortos são as razões por que
pecadores como você e eu podemos esperar em Deus e viver com
a expectativa confiante de que teremos um futuro.
Então, depois de respondidas as perguntas “Qual” e “Por
quê?”, precisamos responder à pergunta “Como?”.
Como posso esperar em Deus se, pela minha natureza, eu não
confio nele, tampouco o amo ou desejo obedecer-lhe?
Resposta: nascendo de novo. “Nosso Senhor Jesus Cristo nos
regenerou para uma viva esperança, segundo a sua grande
misericórdia” (1 Pe 1.3). Deus resolve o problema da nossa rebeldia
e nos dá um novo coração: um coração cuja natureza deseja
esperar em Deus.
Como podemos esperar em Deus se desconhecemos as suas
promessas?
A resposta está em Romanos 15.4: “Porque tudo o que foi escrito no
passado foi escrito para nossa instrução, para que tenhamos
esperança por meio da perseverança e do ânimo que provêm das
Escrituras”. Na realidade, sabemos sim quais são as promessas de
Deus: toda a Bíblia. As Escrituras foram escritas para que tenhamos
esperança. Abra a sua e leia!

EM QUE CONSISTE A NOSSA ESPERANÇA?


Esta pergunta será respondida em várias partes, já que a nossa
esperança, de acordo com as promessas de Deus, é bem ampla.
Focaremos inicialmente o texto encontrado em Tito 2.13.
“(...) aguardando a bendita esperança e o aparecimento da
glória do nosso grande Deus e Salvador, Cristo Jesus.”
O que é exatamente a nossa bendita esperança de acordo
com esse versículo? O aparecimento do nosso grande Deus e
Salvador, Jesus Cristo. Nós depositamos a nossa esperança na
segunda vinda do nosso Senhor.
A REJEIÇÃO DA SEGUNDA VINDA
Poderíamos, neste ponto, abordar algumas controvérsias a respeito
do momento em que esse grandioso evento ocorrerá em relação a
outros acontecimentos proféticos, como o milênio e a grande
tribulação. São assuntos importantes que devem ser discutidos em
momentos e ambientes oportunos, de preferência dentro de
comunidades e círculos mais íntimos, para não criar barreiras com
aqueles que pensam de maneira diferente.
Existe, porém, outro debate que considero mais premente. E
quero mencioná-lo aqui, pois precisamos ter em mente que a crença
no aparecimento do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo, é
considerada por muitos inteiramente fantasiosa, um mito
ultrapassado e cientificamente insustentável.
Já estamos preparados para as críticas de Carl Sagan (1934-
1996, astrônomo norte-americano da Universidade Cornell), que
colocava a segunda vinda de Cristo na mesma categoria folclórica
da cantiga popular que fala de uma vaca que pulou por cima da lua.
Nós entendemos que ele negava por completo qualquer aspecto
relacionado à manifestação religiosa. Se algo não fosse científico,
logo não era real.
Entretanto, nosso maior desafio é a rejeição da segunda vinda
por parte de pessoas de dentro da Igreja, pois esse ataque poderá
nos abalar e nos levar a perder nosso equilíbrio doutrinário. Por
exemplo, em 1950, William Neil, da Universidade de Nottingham,
escreveu no comentário do Novo Testamento de Moffatt:
[O dia do Senhor] é o juízo atemporal de Deus, que é passado,
presente e futuro. De certo modo está sempre por vir, de certo
modo é sempre presente e de certo modo já passou. Portanto,
a Parousia [um termo técnico do grego que descreve a
segunda vinda], assim como a Criação, é verdadeiramente
atemporal; não é um evento histórico, mas o propósito que
permeia toda a história e faz convergir todas as coisas em
Cristo. (Tessalonicenses, London, 1950, pp. xli-xlii) [tradução
livre]
Em outras palavras, a segunda vinda tem um significado
simbólico, mas não será um evento histórico.
Um dos estudiosos do Novo Testamento mais influentes do
nosso século, Rudolf Bultmann, escreveu:
A escatologia mítica é insustentável pela simples razão de que
a Parousia de Cristo jamais ocorreu tal qual predita no Novo
Testamento. A história não chegou ao seu fim, e até as
crianças sabem que ela continuará a seguir seu curso. Ainda
que acreditemos que o mundo tal como o conhecemos acabará
algum dia, imaginamos que seu fim se dê em decorrência de
uma catástrofe natural, não de um evento mítico, como o que
está predito no Novo Testamento. (Kerygma and Myth, London,
1953, p.5) [tradução livre]
E ainda mais uma citação. No seu grande comentário das
epístolas aos tessalonicenses, publicado em 1972, Ernst Best,
professor de divindade e crítica bíblica da Universidade de Glasgow,
escreveu:
Temos de concluir que o Fim é algo com o qual a humanidade
jamais terá de enfrentar em termos práticos – novamente
excluída a possibilidade de destruição do nosso planeta – e
que é equivocado pensar num Fim efetivamente físico no qual
Deus aparece de maneira pública, assim como é equivocado
pensar na Criação como um evento fisicamente real. (London,
p.353) [tradução livre]
O fato de Carl Sagan defender essa posição, nós entendemos.
O estranho é que professores de teologia que estudam a Bíblia e de
alguma maneira querem honrar a Jesus o façam. O principal
problema com o que eles defendem não é meramente o fato de
contradizer dezenas de citações bíblicas, mas de propor um ataque
a Cristo. Estão negando o verdadeiro centro do cristianismo.
ATAQUE AO CENTRO DO CRISTIANISMO
O cerne do cristianismo é a vinda do Filho de Deus ao mundo, como
um homem de carne e osso, para destruir as obras de Satanás e
criar um novo povo para sua própria glória. A verdadeira essência
da nossa fé é que ele fez isso obedecendo à lei de Deus, morrendo
pelos pecados do seu povo, levantando-se vitoriosamente da morte,
ascendendo à destra de Deus, com todos os seus inimigos sob os
seus pés. A segunda vinda de Cristo é a finalização da sua obra de
salvação. Sem esse elemento, toda a estrutura da sua obra
redentora se desfaz.
Considere isto: uma encarnação física do Filho de Deus, uma
morte física, uma ressurreição física, uma ascensão física. E,
depois, puft! Ele desaparece! Nunca mais é visto na Terra. Observe
o que realmente está por trás da negação de uma segunda vinda
literal: a negação da encarnação e da ressurreição físicas e literais.
Por quê? Porque, usando a citação de Bultmann, até as
crianças sabem que se um príncipe de verdade chegasse a um país
de verdade para conquistá-lo e reivindicá-lo para seu pai, o rei, e se
esse príncipe morresse e efetivamente ressurgisse dos mortos com
todo o poder nos céus e na terra e concedesse armas de guerra
espiritual a seus seguidores revolucionários, e retornasse a seu pai,
então você poderia ter certeza de que ele voltaria para estabelecer
seu trono e ser aclamado pelo seu povo vitorioso como o soberano
sobre os domínios do seu pai.
Ele veio para conquistar! E ele há de conquistar! O fruto do seu
penoso trabalho não lhe será negado. A Terra em sua plenitude
pertence ao Senhor. Ele a criou e a redimiu. Ela será dele. Ele não
se retirou para um domínio espiritual onde jamais pudesse ser
tocado novamente. Ele está reinando à destra do Pai até o tempo da
restauração de todas as coisas.
Não sei qual é a maior tragédia: que um homem tão brilhante
como Carl Sagan se contente em achar o sentido da vida na
evolução do “sistema límbico” (região cerebral responsável pelas
emoções e pelo comportamento social) e do neocórtex do cérebro
humano ou que aqueles que professam ser cristãos retirem de
Cristo a sua vitória final.
De qualquer modo, oremos pelos cientistas do nosso tempo,
para que possam enxergar os limites de seus métodos e materiais e
considerar a autenticidade de Cristo. E oremos pelos teólogos
liberais do nosso tempo, para que vejam a tolice de olhar para um
Deus sobrenatural com uma lente secular.
A BENDITA ESPERANÇA DOS QUE CREEM
Que a leitura deste texto encoraje o seu coração com a bendita
esperança de todos os que creem: o aparecimento do nosso
poderoso Deus e Salvador, Jesus Cristo!
As duas vindas de Cristo
Observe, pela leitura do texto de Tito 2, que há dois aparecimentos
de Cristo: um pode ser chamado “o aparecimento da graça” e o
outro, “o aparecimento da glória”.
“Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a
todos os homens” (v.11). Essa é a primeira vinda de Cristo: o
aparecimento da graça.
Depois, no versículo 13: “aguardando a bendita esperança e o
aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador, Cristo
Jesus”. Essa é a segunda vinda de Cristo: o aparecimento da glória.
Primeiro a graça, depois a glória. Na mente de Paulo, as duas
são inseparáveis. É por isso que a rejeição de uma segunda vinda
literal e física é um ataque à verdadeira essência da nossa fé, ou
seja, à primeira vinda de Cristo para morrer pelos nossos pecados.
O Cristo que virá em glória é o Cristo que veio em graça.
O versículo 14 descreve exatamente como essa graça
apareceu: “[Cristo] se entregou a si mesmo por nós para nos redimir
de toda a maldade e purificar para si um povo todo seu, consagrado
às boas obras”. Portanto, quando a graça de Deus apareceu na
história, há aproximadamente 2 mil anos, ela apareceu na forma de
um homem real, que de fato morreu para nos redimir do pecado e
nos tornar pessoas dedicadas, ou apaixonadas, pelas boas obras.
Esse foi o propósito do aparecimento da graça de Deus na pessoa
de Jesus Cristo.
Esse mesmo propósito da graça é descrito no versículo 12
também. “[A graça de Deus se manifestou] ensinando-nos para que,
renunciando à impiedade e às paixões mundanas, vivamos neste
mundo de maneira sóbria, justa e piedosa.” Isso é o mesmo que
dizer (no versículo 14) que Cristo almejou nos purificar e nos tornar
pessoas dedicadas às boas obras.
Portanto, os versículos 12 e 14 são como um sanduíche que
envolve o versículo 13. Os dois versículos descrevem o propósito e
o efeito da graça de Deus manifestados na primeira vinda de Jesus
Cristo. A carne no recheio do sanduíche é a nossa bendita
esperança. A obra de Deus em nossa vida, por meio da graça da
primeira vinda de Cristo, será completada pela glória da segunda
vinda.
Olhando para trás e para frente
Penso que seria justo dizer, com base nesses 4 versículos (11-14),
que a motivação e o poder para viver uma vida cristã que seja
agradável a Deus vêm, na realidade, de duas direções: um olhar
para trás com gratidão a Deus pela graça revelada em Jesus Cristo
na sua primeira vinda, quando ele conquistou a nossa redenção, e
um olhar para frente com esperança na glória de Deus que se
revelará na segunda vinda, quando ele completará a nossa
redenção.
Um texto de Hebreus descreve a conexão entre a obra passada
e a obra futura de Cristo mais claramente do que qualquer outro
texto bíblico:
E, como está ordenado aos homens morrerem uma só vez,
vindo depois o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma
só vez para levar os pecados de muitos, aparecerá a segunda
vez, não por causa do pecado, mas para a salvação dos que
esperam por ele. - Hebreus 9.27,28
Essa passagem ensina claramente que a obra redentora de
Cristo começou com sua primeira vinda, quando ele levou sobre si
nossos pecados na cruz, e será finalizada na sua segunda vinda,
quando ele nos salvará da ira final de Deus e nos concederá
descanso em seu reino. Anular a segunda vinda é rasgar a salvação
ao meio. (Veja também 1 Ts 1.10 e Rm 5.9,10.) E metade da
salvação não é salvação alguma.

QUEM SERÁ SALVO NA SEGUNDA VINDA?


Observe quem será salvo na segunda vinda de Cristo. Diz o fim do
versículo 28: “...para a salvação dos que esperam por ele”. Eu me
questiono se Ernest Best, William Neil e Rudolf Bultmann já
tremeram ao ler essas palavras. Ele salvará aqueles que o estão
aguardando. As ovelhas e os bodes serão separados, e as ovelhas
representam aqueles que esperaram por ele. Não é a espera do
criminoso que está no corredor da morte pelo dia de sua execução,
mas a de um estudante que aguarda o último dia de aula para o
início das férias.
Não será uma coisa totalmente aterradora quando esses
pastores e teólogos liberais, modernistas e secularizados estiverem
diante do tribunal de Cristo no grande dia e olharem enquanto ele
abrir diante deles os seus próprios livros e sermões e ler os
parágrafos que ensinaram a noiva de Cristo a NÃO esperar sua
vinda e a sequer acreditar nela? Só posso pensar que será de fato
um momento assustador porque a Escritura diz: “Ele virá para salvar
os que o esperam”.

VOCÊ ANSEIA PELA VINDA DE CRISTO?


Agora olhe para si mesmo. Você espera ansiosamente pela vinda de
Cristo? E com isso não estou perguntando se você crê na doutrina.
Você de fato anseia por ele? Essa pergunta é crucial para testar a
autenticidade da sua fé. Pedro disse em sua primeira epístola (2.7):
“... para vós, os que credes, ela é preciosa [a pedra angular]”.
Portanto, a preciosidade de Cristo é a evidência da sua fé. E a
expectativa da sua vinda é a evidência da preciosidade dele para
você. Por isso, você pode testar a realidade da sua fé pelo grau de
fervor e expectativa que você tem em relação à vinda de Cristo.
Com isso, não quero dizer que você tenha que pensar na
segunda vinda o tempo todo. Mesmo quando está apaixonado, você
não pensa no seu amor toda hora. Mas faça a si mesmo estes três
questionamentos:
1. A sua mente se volta frequentemente para a verdade da
vinda de Cristo?
2. Quando a sua mente se volta para a verdade da vinda de
Cristo, o seu coração anseia por isso – há um fervor, um
desejo ardente de vê-lo?
3. Você ora pela vinda dele? Maranata – era assim que a
igreja primitiva louvava e cantava. Vem, Senhor Jesus!
Se você hesitou ao responder essas três perguntas, há três
possíveis explicações. São elas, começando a partir da menos
grave:
1. Você pode ter aceitado a Cristo como seu Senhor e
Salvador, mas como ainda não foi ensinado sobre a
segunda vinda, a ignorância o impede de experimentar
essa expectativa ardente no seu coração e nas suas
orações.
2. Você pode ter aceitado a Cristo como Senhor e Salvador,
pode conhecer mentalmente a verdade sobre a segunda
vinda, mas se esfriou e se distanciou dela. Há algum tempo,
você não tem sentido o quanto Cristo é precioso e perdeu
de vista a expectativa de que seu aparecimento satisfará
todos os anseios humanos.
3. Você pode ainda não ter submetido sua vida ao senhorio de
Cristo e crido que ele é o Salvador, e pode estar precisando
desesperadamente de um novo nascimento.

A VINDA DE CRISTO É DIGNA DA NOSSA ARDENTE


EXPECTATIVA
Se alguma dessas condições se aplica a você, observe atentamente
a conclusão, na qual pretendo mostrar, com base em Tito 2.13, que
a vinda de Cristo é digna da sua mais vívida e ardente expectativa.
Oro para que Deus toque o coração de cada leitor e o desperte para
amar a sua vinda.
Paulo diz que o aparecimento da graça de Deus na primeira
vinda de Cristo nos ensina a ansiar com todo nosso coração pela
nossa “bendita esperança e o aparecimento da glória do nosso
grande Deus e Salvador Cristo Jesus”. Observe três coisas
brevemente:
1. É uma bendita esperança
Devemos esperar ansiosamente o aparecimento do nosso grande
Deus e Salvador, Jesus Cristo, porque se trata de uma BENDITA
esperança. Uma bendita esperança é o oposto de uma maldita
esperança. Portanto, a primeira razão para ansiar por este grande
dia é que ele trará consigo bênção e não maldição.
“Portanto, agora já não há condenação alguma para os que
estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). Há bênção apenas para aqueles
que estão em Cristo Jesus. Por mais assombrosa que seja a vinda
de Cristo, não haverá nenhuma maldição para quem realmente
nasceu de novo.
Observe como Cristo é chamado neste verso: “o grande Deus
e SALVADOR”! Salvador! Não meramente Juiz. Portanto, “sejamos
sóbrios, vestindo a armadura da fé e do amor, tendo por capacete a
esperança da salvação. Porque Deus não nos destinou para a ira,
mas para alcançarmos a salvação por nosso Senhor Jesus Cristo”
(1 Ts 5.8, 9).
Trata-se de uma bendita e não de uma maldita esperança.
Nossa esperança é uma expectativa confiante de salvação e não de
ira.

2. É uma esperança visível


Trata-se do APARECIMENTO da glória do nosso grande Deus e
Salvador, Jesus Cristo. Desde que o Filho de Deus se tornou
homem, as pessoas têm desejado ver Jesus. Filipe disse a
Natanael: “Venha e veja!”. Zaqueu subiu numa figueira porque
queria vê-lo. Os gregos disseram a um dos discípulos: “Senhor,
queremos ver Jesus!”. O apóstolo Paulo escreveu: “Porque agora
vemos como por um espelho, de modo obscuro, mas depois
veremos face a face”. E João parece fazer tudo depender dessa
esperança: “... ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas
sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a
ele, pois o veremos como ele é”.
Eu não quero fazer um mero telefonema para Jesus. Quero ver
os lábios dele se moverem naquele grande dia, quando a graça do
seu coração transbordar com as palavras: “Muito bem, servo bom e
fiel”.

3. É uma esperança gloriosa


Trata-se “do aparecimento da GLÓRIA do nosso grande Deus e
Salvador, Cristo Jesus”. Ouça a tentativa de João de pôr isso em
palavras no Apocalipse:
Vi... alguém semelhante a filho de homem, vestindo uma túnica
longa e uma faixa de ouro na altura do peito. Sua cabeça e os
cabelos eram brancos como a lã, tão brancos como a neve, e
seus olhos, como uma chama de fogo. Seus pés eram
parecidos com metal brilhante, refinado em uma fornalha, e sua
voz era como a voz de muitas águas. Na mão direita ele
segurava sete estrelas, e da sua boca saía uma espada afiada
de dois gumes. Seu rosto brilhava como o sol no seu fulgor. -
Apocalipse 1.13-16
Eis que ele vem sobre as nuvens do céu com poder e grande
glória! Ele enviará seus anjos com um alto som de trombeta, os
quais reunirão os seus escolhidos desde os quatro cantos da Terra,
de uma à outra extremidade do céu. E glorificaremos o Senhor e
desfrutaremos sua grandeza para todo o sempre.
Que a palavra final fique com o grande apóstolo da esperança:
Desde agora a coroa da justiça me está reservada, a qual o
Senhor, justo juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim,
mas a todos os que amarem a sua vinda. - 2 Timóteo 4.8
Você ama a vinda de Cristo? Se não, confesse o seu pecado;
ore pelo despertar do seu coração; e dedique-se a meditar sobre a
bênção, a visibilidade e a glória da vinda do nosso grande Deus e
Salvador, Jesus Cristo!
NOSSA ESPERANÇA:
A REDENÇÃO DE NOSSOS CORPOS

Considero que os sofrimentos do presente não se podem


comparar com a glória que será revelada em nós. Pois a
criação aguarda ansiosamente a revelação dos filhos de Deus.
Porque a criação ficou sujeita à inutilidade, não por sua
vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança
de que também a própria criação seja libertada do cativeiro da
degeneração, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
Pois sabemos que toda a criação geme e agoniza até agora,
como se sofresse dores de parto; e não somente ela, mas
também nós, que temos os primeiros frutos do Espírito,
também gememos em nosso íntimo, aguardando ansiosamente
nossa adoção, a redenção do nosso corpo. Porque fomos
salvos na esperança. Mas a esperança que se vê não é
esperança; pois como alguém espera o que está vendo? Mas,
se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos.
- Romanos 8.18-25
E stamos respondendo às perguntas: Em que consiste a nossa
esperança? Qual é o seu verdadeiro teor? Como cristãos, o que
esperamos?
A primeira parte da resposta a essas perguntas foi tratada no
primeiro capítulo: O aparecimento da glória do nosso grande
Deus e Salvador, Cristo Jesus (Tt 2.13).
A segunda parte, que é o tema deste capítulo, é: Nossa
esperança é a redenção de nossos corpos. Veja o texto: “e não
somente ela, mas também nós, que temos os primeiros frutos do
Espírito, também gememos em nosso íntimo, aguardando
ansiosamente nossa adoção, a redenção do nosso corpo” (Rm
8.23).
Vejamos o contexto desse versículo.
O SOFRIMENTO PRESENTE COMPARADO COM A GLÓRIA
FUTURA
A primeira coisa que Paulo diz nesse trecho é que o sofrimento, a
dor, a frustração e a decepção que um filho de Deus enfrenta no
tempo presente, tudo isso parecerá nada quando comparado com a
glória de Deus que você experimentará na era vindoura. “Considero
que os sofrimentos do presente não se podem comparar com a
glória que será revelada em nós.”
Se não conhecêssemos os sofrimentos de Paulo, poderíamos
pensar que essas palavras representam um consolo barato – uma
espécie de tentativa ilusória de confortar os santos. Porém, nós
conhecemos os sofrimentos de Paulo:
Cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove chicotadas. Três
vezes fui espancado com varas, uma vez fui apedrejado, três
vezes sofri naufrágio, passei um dia e uma noite em mar
aberto. Muitas vezes passei por perigos em viagens, perigos
em rios, perigos entre bandidos, perigos entre os do meu
próprio povo, perigos entre gentios, perigos na cidade, perigos
no deserto, perigos no mar, perigos entre falsos irmãos; em
trabalho e cansaço, muitas vezes em noites sem dormir, com
fome e com sede, muitas vezes sem comida, com frio e com
falta de roupas. - 2 Coríntios 11.24-28
Não é preciso muita imaginação para reconhecer o alto preço
que Paulo pagou, em seu corpo, pelo estilo de vida escolhido.
Ouvimos um eco de sua miséria quando ele diz: “Nosso homem
exterior está se desgastando” (2 Co 4.16). Ele quis dizer que seu
corpo se desgastava. A palavra “desgastar” no texto original é usada
para se referir à ferrugem que consome o ferro, às traças que
devoram o tecido ou ao emagrecimento do corpo decorrente da
fome. “Nosso homem exterior está se desgastando.”
Mas, ainda nesse contexto (2 Co 4.16-18), ele apresenta o
mesmo argumento encontrado no texto principal: “nossa tribulação
leve e passageira [um eufemismo incrível] produz para nós uma
glória incomparável, de valor eterno” (ou “um eterno peso de glória”,
ARA). Um peso de glória incomparável é o que Paulo quis dizer em
Romanos 8.18 quando afirmou que “os sofrimentos do presente não
se podem comparar com a glória que será revelada em nós”.
POR QUE PAULO ESTÁ TÃO CONFIANTE DE QUE
RECEBEREMOS TAL GLÓRIA
A partir desse ponto inicial, em que a esperança da glória torna o
sofrimento tolerável, Paulo retorna para explicar por que pode ter
tanta certeza de que tamanha glória está realmente nos
aguardando. O versículo 19 diz: “Pois a criação aguarda
ansiosamente (ou com ardente expectativa) a revelação dos filhos
de Deus”. Observe duas coisas neste versículo.
Os filhos de Deus ainda não foram revelados
A primeira é que os filhos de Deus ainda não foram revelados. A
criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Ou seja, agora está
oculto o que seremos quando compartilharmos a glória de Deus.
Hoje, parecemos fracos e imperfeitos como todo o restante da
humanidade. Sofremos como os demais. O dia da glória ainda não
chegou.
A criação aguarda ansiosamente por aquele dia
Outra coisa a ser observada no versículo 19 é que toda a criação –
árvores, vegetação, nuvens, lagos, ovelhas, vacas, cavalos, leões,
macacos, lua, estrelas – está aguardando ansiosamente o dia em
que os filhos de Deus aparecerão como realmente são, em plena
glória. A expectativa da criação se assemelha a uma criancinha
sentada na plateia, antes de começar a peça, que pergunta
incansavelmente: “Quando é que vai começar, mamãe? Já
começou?”.
Por que Paulo fala da criação como se ela pudesse sentir
anseio ou tivesse grande expectativa? A resposta está no versículo
20: “Porque a criação ficou sujeita à inutilidade [ou vaidade], não por
sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança
de que...”.

A VAIDADE DA CRIAÇÃO E A ESPERANÇA


Duas coisas foram embutidas na criação.
Uma delas é a vaidade. “Toda a criação foi submetida à
inutilidade [ou vaidade]”. Há frustração, dor e imperfeição em toda a
criação.
A outra é a esperança. A vaidade está lá “pela vontade
daquele que a sujeitou, na esperança de que...”. A frustração, a dor
e a imperfeição não constituem o estado final da criação. Elas são
temporárias.
Deus sujeitou a criação à vaidade, mas ele fez isso “na
esperança”! Isto é, Deus sujeitou a criação à maldição da vaidade
com um propósito de esperança. Deste modo, Paulo pode falar que
a criação tem um ardente anseio, no sentido de que sua vaidade
serve o propósito de Deus que é cheio de esperança.
É como se eu olhasse pela janela da minha cozinha algumas
semanas atrás, visse os galhos desnudados de minha árvore e
dissesse: “Aquela pobre árvore sem folhas espera ansiosamente
pelo calor e brilho da primavera”. Deus a sujeitou à vaidade de
galhos retorcidos e sem folhas, mas ele fez isso na esperança, na
esperança da primavera. Eu acredito que a primavera seja um
lembrete anual para não desanimarmos, porque um dia virá a
primavera eterna.

O QUE A CRIAÇÃO ESPERA


O versículo 21 nos diz, em seguida, qual é a esperança da criação:
“a própria criação seja libertada do cativeiro da degeneração [ou
corrupção], para a liberdade da glória dos filhos de Deus”. Em
outras palavras, a esperança que Deus tem reservado para a
criação é que ela participe ou compartilhe da liberdade que faz parte
da glória dos filhos de Deus. Quando os filhos herdarem a glória,
toda a criação a herdará também.
“Bem-aventurados os humildes [ou mansos], pois herdarão a
terra” (Mt 5.5). E Deus planejou que a herança de seus filhos fosse
uma herança gloriosa, não algo fútil.
Toda a terra será glorificada quando chegar o dia em que os
filhos de Deus receberão sua herança.

DECIFRANDO O PENSAMENTO DESSES VERSÍCULOS


Agora vamos resumir os versículos 18-21, indo de trás para frente.
No versículo 21: toda a criação fará parte da glória dos filhos de
Deus algum dia. Portanto, no versículo 20: a vaidade que vemos na
criação não é um beco sem saída; está carregada de esperança.
Por isso, no versículo 19: a criação é como uma criancinha que fica
na ponta dos pés, na calçada, inclinando-se sobre o cordão de
segurança, esperando ansiosamente o desfile começar. E,
finalmente, no versículo 18: temos o consolo de saber que as
aflições deste tempo presente não se podem comparar com a glória
que em nós há de ser revelada.
A DURA VERDADE SOBRE O TEMPO PRESENTE
Agora, com esse conhecimento, estamos preparados para ouvir a
dura verdade a respeito da época em que vivemos. Nos versículos
22 e 23 de Romanos 8, Paulo diz:
Pois sabemos que toda a criação geme e agoniza até agora,
como se sofresse dores de parto; e não somente ela, mas
também nós, que temos os primeiros frutos do Espírito,
também gememos em nosso íntimo, aguardando ansiosamente
nossa adoção, a redenção do nosso corpo.
A dura verdade sobre este tempo presente é que, enquanto
durar, toda a criação, incluindo os cristãos, gemerá sob o peso dos
corpos não redimidos. Vamos dizer de novo: a redenção de nossos
corpos (v. 23) ainda não é uma realidade atual. Teremos de
AGUARDAR isto. Até a redenção, nós continuaremos gemendo.
Estamos sujeitos ao cansaço, às doenças e ao desânimo.
Toda essa vaidade da criação não se limita ao mundo não
regenerado, mas também atinge nossas vidas, apesar de sermos
habitação do Espírito Santo. “Também nós, que temos os primeiros
frutos do Espírito, gememos em nosso íntimo, aguardando
ansiosamente nossa adoção, a redenção do nosso corpo.” Isto
significa que o Espírito Santo durante esta era presente não remove
completamente o gemido dos corpos não redimidos. Nele, temos as
primícias, o selo e o adiantamento da redenção. Mas ele não
remove por enquanto toda essa dor, sofrimento e frustração.
Pelo contrário, ele é o Espírito de esperança. “Porque fomos
salvos na esperança. Mas a esperança que se vê não é esperança;
pois como alguém espera o que está vendo? Mas, se esperamos o
que não vemos, com paciência o aguardamos” (vv.24,25).
Sabemos que a paciência é um fruto do Espírito. E sabemos
também que é fruto da esperança. Portanto, a obra do Espírito é nos
inspirar continuamente a ter esperança em meio às aflições. Ele nos
dá a paciência para perseverar até o fim, lembrando-nos e fazendo-
nos sentir que o sofrimento deste tempo presente não pode ser
comparado com a glória que será revelada nos filhos de Deus.

A ESPERANÇA DOS CORPOS REDIMIDOS


A seguir, quero refletir um pouco mais sobre outro aspecto de nossa
esperança, a saber, que haverá um dia em que nossos corpos serão
redimidos e não haverá mais gemidos.
Um perigo imediato
Quando comecei a meditar sobre esse aspecto da nossa esperança
como cristãos, logo percebi que havia uma perigosa armadilha ali.
Se puséssemos a esperança em nossos próprios corpos redimidos,
que estarão livres da dor e do sofrimento, das limitações e dos
gemidos, não correríamos o risco de colocar a nós mesmos no
centro de nossa esperança? Não correríamos o risco de exaltar o
conforto físico como o centro de nossa esperança quando o próprio
Deus deveria estar no centro?
O perigo é muito real. Há muitas pessoas que abraçam a
religião cristã (ao menos, exteriormente) por ter medo da dor física
do inferno e por almejar o conforto físico do céu, sem, contudo, ter
um coração voltado para Deus. Deus nem precisaria estar lá no céu,
contanto que elas desfrutassem de boa forma física e pudessem se
divertir. Deus não é o centro da sua esperança. Estão enganando a
si mesmas pensando que verão o reino.
Portanto, devemos colocar nossa esperança em um corpo
redimido ou isso é físico demais? Você pode ter a expectativa de
ganhar um corpo redimido e, ainda, centralizar a sua esperança em
Deus?

Por que temos corpos físicos?


Ao refletir sobre essa questão, ocorreu-me uma ideia ainda mais
básica: Por que, afinal, temos corpos físicos? Por que Deus não nos
criou apenas como espíritos? Por que ele criou um mundo material
e físico e seres humanos com corpos físicos para viver nele? Se
pudermos responder a essa pergunta, saberemos por que ele
pretende redimir estes corpos e, consequentemente, por que
devemos esperar que ele assim o faça.
Para isso, vamos perguntar: No Novo Testamento há algum
ensinamento que explique por que temos corpos? Qual foi o
propósito de Deus ao nos criar com corpos físicos? Avalie os textos
a seguir e veja se, de fato, o Novo Testamento não nos oferece uma
resposta.
“O corpo não é para a imoralidade, e sim para o Senhor”. - 1
Coríntios 6.13b
Podemos começar, então, dizendo que, qualquer que seja a
razão de termos recebido corpos físicos, o objetivo é PARA O
SENHOR! Nós existimos não apenas em nossas almas, mas
também em nossos corpos, e o propósito de ambos é PARA DEUS.
Em que sentido?
Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo,
que habita em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não
sois de vós mesmos? Pois fostes comprados por preço; por
isso, glorificai a Deus no vosso corpo. - 1 Coríntios 6.19,20
Como, então, podemos entender que o corpo é “para o
Senhor”? Neste sentido: o propósito original para os nossos corpos
na criação e, depois, na redenção do pecado, é: ser uma morada
especial do Espírito e expressar a glória de Deus.
Paulo nos dá uma ilustração específica disso, a partir de sua
própria experiência, em Filipenses 1.20. Ele encara a expectativa de
tortura e morte, dizendo: “Segundo a minha intensa expectativa e
esperança de que em nada serei decepcionado; pelo contrário, com
toda a ousadia, tanto agora como sempre, Cristo será engrandecido
no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte”.
Portanto, a razão de ter corpos físicos é que Cristo seja
engrandecido e Deus seja glorificado neles. Em certo sentido,
nossos corpos são como instrumentos musicais destinados a tocar
canções de adoração a Deus. Ou como ferramentas destinadas a
trabalhar para os propósitos de Deus. Ou, ainda, como armas
destinadas a lutar pela causa de Deus.
Considere o conhecido texto de Romanos 12.1:
Portanto, irmãos, exorto-vos pelas compaixões de Deus que
apresenteis o vosso corpo como sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
Nesse texto, nossos corpos são retratados como sacrifícios
que oferecemos a Deus em um ato de adoração. Assim, a razão de
ter um corpo é para podermos adorar a Deus de um modo que não
seria possível se fôssemos espíritos desencarnados.
Ou, então, considere Romanos 6.13:
Tampouco apresenteis os membros do vosso corpo [ou seja, as
partes do corpo] ao pecado como instrumentos do mal; mas
apresentai-vos a Deus como vivificados dentre os mortos, e os
membros do vosso corpo a Deus como instrumentos de justiça.
Aqui, vemos que o corpo nos fornece instrumentos para
obedecer a Deus que não teríamos se fôssemos espíritos
desencarnados. Nossos corpos nos permitem tornar a obediência e
a adoração visíveis e palpáveis.
Se fôssemos apenas espíritos sem corpos, ainda poderíamos
adorar e obedecer como os anjos fazem no céu. Mas Deus é tão
zeloso em mostrar a sua glória que idealizou uma dimensão de
realidade não existente anteriormente, ou seja, a do universo
material e físico. Ele criou a Terra e colocou os seres humanos nela
com corpos físicos para proporcionar possibilidades adicionais para
a riqueza inesgotável de sua glória ser revelada e desfrutada por
suas criaturas.
Portanto, ele está dizendo que nossos corpos nos
proporcionam maneiras de exaltá-lo em adoração e obediência; e
isso não seria possível se não tivéssemos corpos físicos.
Essa é a resposta, portanto, para a questão que levantamos
anteriormente, ou seja: Para que existem corpos físicos? Por que
Deus não nos criou apenas como espíritos? A resposta é que temos
corpos físicos para agradar ao Senhor. “O corpo é para o Senhor!”
Temos corpos físicos porque Deus é comprometido, de maneira
apaixonada e criativa, em mostrar a glória de sua justiça na maior
variedade de formas possível.

DEVEMOS COLOCAR NOSSA ESPERANÇA EM CORPOS


REDIMIDOS?
Agora voltemos ao texto de Romanos 8.23 e à pergunta original, se
devemos ou não colocar nossa esperança em corpos redimidos.
E não somente ela, mas também nós, que temos os primeiros
frutos do Espírito, também gememos em nosso íntimo,
aguardando ansiosamente nossa adoção, a redenção do nosso
corpo.
Paulo nos ensina a esperar a redenção de nossos corpos. Ele
diz que não há nada de errado em não querer sentir dor. Tampouco
é errado querer deixar de usar uma cadeira de rodas ou muletas,
tomar corticoides e Tylenol.
Não é errado o desejo de ter a mesma visão e audição de 20
ou 50 anos atrás. Não é errado querer ser bonito, ativo, cheio de
energia e forte.
Esta é a promessa de um corpo redimido quando a glória
substituir o gemido. A promessa é dividida em pelo menos três
partes:
1. Toda dor, doença, deformidade e incapacidade
desaparecerão.
2. Todo pecado, que muitas vezes domina o corpo como sua
base de operação, desaparecerá.
3. E isto não é porque ficaremos livres de nossos corpos, mas
porque, espiritual, misteriosa e maravilhosamente, teremos
corpos novos e gloriosos que serão capazes de tocar,
cheirar, saborear, ouvir e ver.
Deveríamos, então, colocar nossa esperança em um corpo
redimido ou isso é físico demais? Você pode ansiar por um corpo
redimido e ainda ter sua esperança centralizada em Deus?
A resposta bíblica é: Sim, devemos ter uma esperança
específica de um corpo redimido. “Nesta esperança fomos salvos.”
Vamos esperar por isso com paciência.
E, sim, podemos esperar por um corpo redimido e continuar
centralizados em Deus.
Por quê? Porque vimos que a razão de Deus nos ter criado
com corpos é nos prover instrumentos novos e surpreendentes de
sacrifício, adoração e obediência.

O QUE ESPERAR NA RESSURREIÇÃO


Quero concluir falando com as crianças e com aqueles que ainda se
sentem crianças. Quando eu era criança, tinha dificuldade de me
entusiasmar com o céu. Parecia-me que ir para o céu significava
deixar um mundo maravilhoso de entusiasmo e entrar num mundo
monótono, tedioso e irreal.
Tenho certeza de que isso foi em grande parte culpa minha. Eu
provavelmente não amava Jesus o suficiente para querer estar com
ele a qualquer custo. Mas teria ajudado se eu conhecesse melhor o
que a Bíblia diz sobre a ressurreição. Por isso, quero deixar bem
claro o que podemos esperar.
O propósito final de Deus para você não é ter sua alma ou seu
espírito flutuando por aí, sem corpo e em algum tipo de mansão
fantasmagórica no céu. O propósito de Deus para você é ressuscitar
seu corpo dos mortos e o tornar novo, belo, saudável e forte. Seu
propósito final não é tirar você da terra para passar a eternidade no
céu, mas fazer um novo céu e uma nova terra onde você viverá em
felicidade para todo o sempre.
E se essa nova terra, onde viveremos eternamente, for
completamente diferente de nossa terra presente, por que Deus
teria o trabalho de ressuscitar nossos corpos dos mortos? Por que
não começar de novo com corpos completamente diferentes, se ele
vai recomeçar com um mundo completamente diferente? Bem, a
resposta é que o mundo não será completamente diferente. Esses
nossos velhos corpos serão renovados na ressurreição e a nossa
velha terra será completamente renovada quando Jesus vier.
Portanto, posso dizer com grande certeza que, se você confiar
em Jesus Cristo como seu Salvador e segui-lo como seu Senhor,
nada do que é bom e encorajador em sua vida nesta terra se
perderá. Tudo o que é ruim será removido, mas as experiências
boas e encorajadoras serão conservadas na nova terra para
sempre.
Você terá o melhor corpo imaginável e poderá jogar, escalar,
nadar, correr, saltar, balançar, esquiar, andar de patins e de skate,
fazer passeios de bicicleta, caminhadas, dar pulos e cambalhotas e
saltitar – e tudo aquilo que você faz quando está muito, muito feliz.
Portanto, sempre que você pensar sobre o futuro e o que você
fará por toda a eternidade depois de morrer e depois que Jesus
voltar, lembre-se dessas coisas. Mas lembre-se também disto: a
razão pela qual tais coisas o farão realmente feliz, sem nunca mais
sentir tristeza, é que em todas as suas atividades, seja escalar,
nadar, correr, saltar, pedalar, fazer caminhadas, pular, dar
cambalhotas e saltitar, você estará usando seu corpo para obedecer
a Deus e louvar seu grande e maravilhoso nome. Deus estará no
centro de sua vida, e é por isso que você nunca mais ficará triste por
toda a eternidade.
Portanto, faz todo o sentido que comecemos desde agora a
nos preparar para esse grande momento usando nossos corpos
como sacrifícios vivos de adoração e instrumentos de justiça para a
glória de Deus!

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