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LEI ANTICORRUPÇÃO E

ACORDO DE LENIÊNCIA
Desafios ao Compliance Empresarial

Prof. Frederico de Moraes
frederico.moraes@hotmail.com
2019
RESUMO
•  Cenário de corrupção disseminada
• Lei Anticorrupção
•  Acordo de Leniência
• Papel da Controladoria Geral da União
• Papel do Ministério Público
•  Integridade e Compliance
• Propostas para uma Política Anticorrupção
Cenário de Corrupção Disseminada

AMBIENTES EM QUE A CORRUPÇÃO PROSPERA:

• Baixa capacidade de detecção de ilícitos;

• Percepção de Impunidade;

• Pouca transparência e controle social;

• Percepção da corrupção como padrão ou até necessária para
“fazer” negócios.
Cenário de Corrupção Disseminada

Em um ambiente com corrupção disseminada, a


competição deixa de depender de fatores econômicos
ligados ao preço e à qualidade dos produtos, e passa a
ser pautada pelo pagamento de propinas.
Cenário de Corrupção Disseminada
IGUALANDO AS CONDIÇÕES DE COMPETIÇÃO

Aumentar a capacidade de detecção de ilícitos

Punir de forma dissuasiva

Incentivo forte para a cessação do pagamento de propinas

Competição passa a basear­se em elementos econômicos
Lei Anticorrupção

Objeto da Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/13)

• Se insere no rol do sistema brasileiro de combate à corrupção

• Responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas


jurídicas pela prática de atos contra a administração pública,
nacional ou estrangeira

• Estimular a adoção de uma cultura empresarial de prevenção e


controle (compliance)
Lei Anticorrupção
Trecho do voto do Relator da Comissão Especial
destinada a proferir Parecer ao PL 6.826/2010, que deu
origem à Lei Anticorrupção:

“A pesquisa da FGV permitiu que se optasse por uma proposição


legislativa que autoriza o Estado a responsabilizar as pessoas
jurídicas por atos de corrupção e suborno contra a Administração
Pública com um conjunto de sanções administrativas e cíveis,
aplicadas em processos perante a Administração Pública,
preservadas as competências do Judiciário, do
Legislativo, dos Tribunais de Contas, do Ministério
Público e demais órgãos e instituições atuantes no
combate à corrupção.” (sem grifos no original)
Lei Anticorrupção
RESPONSABILIZAÇÃO

• Responsabilidade  Objetiva

• Atos lesivos contra a Administração Pública Nacional e


Estrangeira

• Responsabilidade Administrativa e Civil (judicial)

• Acordo de Leniência
Lei Anticorrupção
RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
Processo Administrativo de Responsabilização ­ PAR

SANÇÕES ADMINISTRATIVAS CARACTERÍSTICAS

1) Multas (dissuasivas e severas) ▪ Desconsideração da personalidade


jurídica
2) Publicação Extraordinária ▪ Possibilidade de acordo de
     da decisão condenatória leniência
     (name and shame) ▪ Registro no Cadastro Nacional de
Empresas Punidas – CNEP
3) Desconsideração da ▪ Possibilidade de instauração de
     Personalidade Jurídica processo administrativo específico
    (inovação na esfera administrativa) para a reparação integral do dano.
Lei Anticorrupção
Apuração do Dano ao Erário

Aplicação de sanções
Não excluem  a
obrigação de
reparação integral
Celebração de do dano  causado
Acordo de Leniência

• A apuração do dano causado se dará em processo


administrativo específico.

• Concluído o processo e não havendo pagamento, o


crédito apurado será inscrito em dívida ativa.
Lei Anticorrupção
Responsabilização Civil (Judicial)
. Sanções Civis:

• Perdimento de bens, direitos ou valores
• Suspensão ou interdição parcial das atividades
• Dissolução compulsória da PJ
• Proibição de incentivos públicos, subsídios de 1 a 5 anos

. Legitimidade Ativa: Administração Pública e MP

. Rito Processual: O mesmo da Ação Civil Pública

. Prescrição quinquenal: exceto para ressarcimento ao
erário (art. 37, § 6º da CR)
Lei Anticorrupção
RESUMO

• Responsabilidade Objetiva da Pessoa Jurídica

• Atos lesivos contra a Administração Pública Nacional e Estrangeira

• Penalidades dissuasivas
Administrativa: multas e publicação
extraordinária da decisão condenatória “name
• Penalização mais célere and shame”.

• Ampla defesa Judicial: perdimento de bens e direitos,


suspensão ou interdição de atividades,
dissolução compulsória, proibição de
incentivos públicos.

• Possibilidade de Acordo de Leniência
Acordo de Leniência

ESCOPO

• Efetividade  da colaboração e resultado útil do processo

• Requer ambiente de confiança
Acordo de Leniência
Características

• Competência: Autoridade máxima de cada órgão ou entidade


(obs: no âmbito doExecutivo Federal, a CGU é competente)

• Sigilo: O acordo se torna público somente após a sua efetivação

• Efeitos: a) isentará a PJ da publicação extraordinária da decisão


e reduzirá a multa em até 2/3,

b) poderá isentar ou atenuar as sanções previstas nos arts. 86 a


88 da Lei nº 8.666/1993, e

c) poderá isentar a proibição de receber de órgãos ou entidades


públicas incentivos, empréstimos etc.
Acordo de Leniência
PRESSUPOSTOS

• A colaboração da PJ deve resultar  na:

I ­ a identificação dos demais envolvidos na infração, quando
couber; e

II ­ a obtenção célere de informações e documentos que
comprovem o ilícito sob apuração.
Acordo de Leniência
REQUISITOS CUMULATIVOS

I ­ a pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre


seu interesse em cooperar para a apuração do ato ilícito;

II ­ a pessoa jurídica cesse completamente seu


envolvimento na infração investigada a partir da data de
propositura do acordo;

III ­ a pessoa jurídica admita sua participação no ilícito e


coopere plena e permanentemente com as investigações e o
processo administrativo, comparecendo, sob suas expensas,
sempre que solicitada, a todos os atos processuais, até seu
encerramento.
Papel da Controladoria Geral da União
Qual o papel da CGU na prevenção e combate à
corrupção no setor privado?
• Mais Transparência
• Acesso a Informação
Aumentar a capacidade • Auditorias mais efetivas
de detecção de ilícitos • Uso de tecnologias para
identificação de “red flags” ou
irregularidades
• Investigações conjuntas
• Estímulo ao controle social

• Processos mais céleres de


Punir de forma punições administrativas (12.846;
dissuasiva 8.666 e 10.520)
• Punição Civil (Lei 12.846)
Papel do Ministério Público
Qual atuação proativa o Ministério Público pode
adotar?

• Recomendações: autoridades reguladoras devem promover meios


para que empresas reguladas adotem programa adequado de Ética e
Compliance. O CNJ e o CNMP devem adotar procedimentos comuns
nas diversas instâncias para inibir subornos.

• Consultas: com associações empresariais: entidades podem, em


parceria, fomentar a cultura de compliance entre as corporações; com
autoridades: federais e locais para melhoria de ferramentas.

• Ações setoriais: esforços para estabelecimento de práticas coletivas


para promover integridade do mercado.
Papel do Ministério Público
• Ajuste de Conduta: possibilidade de o MP propor à empresa que
implemente programa de ética e compliance ou melhore um já
existente.

• Ações judiciais: processos para perda de bens e direitos, suspensão


ou proibição de atividades, dissolução forçada, e proibição de acesso
aos incentivos públicos, inclusive desconsideração da personalidade
jurídica.

• Omissão das autoridades: providências judiciais.
Integridade e Compliance
Estruturação do Programa de Integridade  nas Empresas

• Apoio e comprometimento da alta administração
• Existência de padrões de conduta, código de ética, políticas e
procedimentos de integridade
• Análise periódica de riscos
• Controles internos
• Treinamento e orientação de funcionários
• Canais internos de denúncia
• Controles contábeis  confiáveis
Integridade e Compliance
• Verificação prévia à contratação de agentes, consultores,
intermediários etc., e a sua devida supervisão
• Devida diligência antes e durante fusões e aquisições
• Aplicação de medidas disciplinares em caso de violação do programa
de integridade
• Remediação de irregularidades e prevenção de atos ilícitos
• Procedimentos para prevenir fraudes em licitações e contratos com
a Administração Pública
• Transparência em relação a doações para políticos
Integridade e Compliance

Cadastro Empresa Pro­Ética

Iniciativa da CGU e do Instituto Ethos


na criação de cadastro nacional
voluntário de empresas públicas e
privadas comprometidas com a ética e a
integridade
Integridade e Compliance

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Integridade e Compliance
Áreas avaliadas no Cadastro Empresa Pro­Ética

• Ética e conduta
• Controle interno
• Relacionamento com setor público (ou com setor privado, caso a
empresa seja uma estatal)
• Capacitação e treinamento
• Transparência
• Ações coletivas
Integridade e Compliance
Propostas para uma Política Anticorrupção
• Plano nacional anticorrupção: papel da CGU na concepção de
um plano nacional para a aplicação da lei. Bases (compromissos
apartidários): uso eficiente dos recursos públicos; ética como
padrão de governança pública e privada; campanhas publicitárias
pela integridade do mercado; capacitação de pessoal.

• Prevenção de conflitos entre autoridades públicas:


necessidade de delimitação de competência para instaurar processo
e celebrar acordos de leniência. Procedimento de comunicação
entre as autoridades e controle mínimo.
Propostas para uma Política Anticorrupção

• Coordenação de iniciativas: estados e municípios (acima de


200.000 habitantes) devem ser estimulados a regulamentar a lei
federal. Esforços para que todas as esferas de governo possam
aprimorar seus regulamentos.

• Parâmetros de programa de ética e compliance.


Implantação orientada por critérios objetivos. Ética e compliance
para empresas do governo e mercados regulados.
Propostas para uma Política Anticorrupção

• Atenção para pequenas empresas: necessidade de facilitar


adoção de boas práticas no âmbito das micro, pequenas e médias
empresas; evitar custos desproporcionais.

• Cooperação entre os Poderes: troca de experiências para


reforçar políticas de compliance, incluindo organismos
internacionais.
OBRIGADO
Frederico Antonio Carneiro de Moraes
Procurador Municipal
Professor Universitário

frederico.moraes@hotmail.com

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