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Aprendizagem contínua de adulto-idosos e qualidade de vida...

Aprendizagem contínua de adulto-idosos e qualidade de


vida: refletindo sobre possibilidades em atividades de
extensão nas universidades1
Flávia Diniz Roldão*

Resumo
Este é um trabalho que discute o tema da de um modo que lhe proporcione eficaz
importância da aprendizagem contínua de qualidade de vida durante todo o seu ciclo
adulto-idosos para uma boa qualidade de vital. Considera que para o ser humano os
vida. Trata-se de uma reflexão teórica que processos de aprendizagem são fundamen-
aborda o assunto a partir da oferta atual tais não apenas para a sua sobrevivência,
de participação de adulto-idosos em ativi- mas também para uma existência com uma
dades de extensão ofertadas por diversas boa qualidade. Por fim, na última parte
universidades em nosso país. Na primei- discute-se a participação dos adulto-idosos
ra parte trata dos primórdios da ideia de nas atividades de extensão ofertadas pelas
qualidade de vida até chegar a conceitos universidades como uma questão de op-
postulados na atualidade, incluindo a de- ção e livre decisão pessoal, de acolhimen-
finição de qualidade de vida formulada to de oportunidades oferecidas e de acesso
atualmente pela Organização Mundial de e implicação com essas possibilidades de
Saúde. A segunda parte apresenta cinco envolvimento educacional, mantendo-se
motivos pelos quais a educação contínua comprometido com um processo de edu-
é importante e pode possibilitar uma boa cação contínua.
qualidade de vida aos adulto-idosos que
nela se implicam e a ela se abrem. Ao tra- Palavras-chave: Educação contínua. Ido-
tar da aprendizagem contínua, destaca a sos. Qualidade de vida. Envelhecimento.
necessidade do ser humano de aprender Atividades de extensão.
a comprometer-se e implicar-se para com
o seu próprio processo de viver, importan-
do-se com esse processo e construindo-o

*
Teóloga e Pedagoga. Mestra em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná. Especialista em Artete-
rapia e em Fundamentos do Ensino das Artes. Professora Adjunto da Faculdade Evangélica do Paraná,
do Programa de Assistência Integral ao Idoso. Endereço para correspondência: Flávia Diniz Roldão, Rua
Capitão Leônidas Marques, 1746, Sobrado 10, Bairro Uberaba, CEP 81550-000, Curitiba - PR, E-mail:
aquarelavirtual@hotmail.com.
1
Uma versão inicial e preliminar deste trabalho foi apresentada no VII Congresso Nacional de Edu-
cação – EDUCERE, Curitiba, de 5 a 8 de novembro de 2007.
Recebido em fevereiro de 2008 - Avaliado em agosto de 2008

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Flávia Diniz Roldão

Qualidade de vida e processos de mas é bastante antiga, podendo remon-


tar suas raízes ao tempo de Aristóteles,
aprendizagem quando fala da “boa vida” ou “vida
eudemônica – a que está de acordo com
Pouco importa que venha a velhice,
as virtudes, com o bem maior, o bem
que é a velhice ?
Teus ombros suportam o mundo
supremo.” A autora nos mostra ainda
e ele não pesa mais que a mão de que a ideia ficou, por um longo período
uma criança [...]. depois da Segunda Guerra Mundial,
Carlos Drummond de Andrade ligada à conquista de bens materiais,
conforme defendiam alguns economistas
O ser humano é um ser aprendiz. e sociólogos dessa época. Apoiada em
Desde o momento do nascimento até o literatura americana, Nucci explica que
seu momento final, a vida lhe cobra uma o termo “qualidade de vida” foi usado
constante aprendizagem, seja para que pela primeira vez em 1960.2 Foi a partir
possa sobreviver, seja para viver com dessa década que as Nações Unidas se
qualidade. interessaram pelo conceito e diversas
A questão da qualidade de vida investigações começaram a surgir.
de adulto-idosos que se encontram na Numa outra tentativa de demonstrar
idade madura ou velhice é controversa. que a ideia de qualidade de vida não é
Quando se fala em qualidade de vida, algo recente, Moreira (2001, p. 12-13)
os autores concordam que a expressão lembra Comênius, que viveu entre 1592
tem sido utilizada com diferentes signi- e 1670 e em sua obra Didática magna
ficados (PEREIRA et al., 2006; SANTOS relaciona saúde, higiene e educação como
ET al., 2002; NUCCI, 2003; FLECK, fundamentos para o prolongamento da
2000; RIBEIRO et al., 2002), desde uma vida, já trazendo, pois, esta ideia. Segun-
perspectiva do senso comum até uma do este autor, essa ideia se apresenta em
perspectiva científica, sendo estudada Comênius de uma forma bastante apro-
por diferentes áreas do conhecimento priada, pois afirma que prolongar a vida
científico, como medicina, psicologia, está relacionado ao sentido do uso ou
enfermagem, dentre outras. Pode-se utilização que fazemos da vida. Assim,
perceber que, no domínio da ciência, se soubermos fazer bom uso da vida, ela
diferentes modelos têm sido construí- será longa ou suficiente; ao contrário, se
dos para compreender e explicar esse a gastarmos de forma perdulária, será
fenômeno. (LAWTON; BALTES, apud curta ou insuficiente.
LIBERALESSO, 2001; CALMAN, apud O conceito “qualidade de vida” é
NUCCI, 2003). definido pela Organização Mundial de
Nucci (2003, p. 39) traça um pano- Saúde como “a percepção do indivíduo
rama do conceito de qualidade de vida de sua posição na vida no contexto da
ao longo do tempo e mostra que a ideia cultura e sistema de valores nos quais
preconizada por este conceito não tem ele vive e em relação aos seus objetivos,
merecido atenção apenas recentemente, expectativas, padrões e preocupações”.

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(The WHOQOL Group, 1995, apud sua existência. Menciona que “todos são
FLECK, 2000). Outras definições inte- seres vivos que procuram se realizar”,
ressantes de qualidade de vida também ou seja, as pessoas buscam uma boa
merecem destaque para fins da reflexão qualidade de vida.
proposta neste trabalho. Em artigo so- Contudo, normalmente, como desta-
bre a qualidade de vida do adulto idoso, ca Moreira, essa qualidade de vida não
Santos et al. (2002) trazem a definição é algo que acontece naturalmente, pois
de Ruffino: exige compromisso (para consigo e para
A Qualidade de Vida boa ou excelente é com os outros), altruísmo e implicação
aquela que oferece um mínimo de condições para com “a arte de viver e conviver”.
para que os indivíduos possam desenvolver Qualidade de vida é o resultado de uma
o máximo de suas potencialidades, vivendo, construção social – pessoal e comunitá-
sentindo ou amando, trabalhando, produ- ria. Viver e con-viver são concebidos aqui
zindo bens ou serviços; fazendo ciência ou
como uma arte, e a ideia de qualidade
artes; vivendo [...] apenas enfeitando, ou
simplesmente existindo. Todos são seres de vida estaria em buscar aprimorar
vivos que procuram se realizar. esta arte – que, diga-se de passagem,
está durante todo o ciclo vital em pleno
Outra definição que merece destaque
processo de construção/criação.
é a de Moreira (2002, p. 24):
Quando se fala em qualidade de vida
Atentar para Qualidade de Vida provavel- e da vida como uma arte, parece impor-
mente exigirá de todos nós a consciência de
tante fortalecer a questão da atividade
cultivar o interesse pela vida das outras pes-
soas e do nosso planeta, quer no momento humana, de uma atitude pró-ativa e
presente, quer nas gerações futuras. Quali- aprendiz no processo de viver e convi-
dade de Vida é compromisso em aperfeiçoar ver, e contestar a ideia da passividade,
a arte de viver e conviver. que é, por exemplo, tão bem expressa
Essas três definições, a nosso ver, poeticamente na belíssima frase de Cla-
merecem atenção especial, pois desta- rice Lispector (apud ALBERNAZ, 2002,
cam aspectos diferentes, importantes e p. 4): “Pensar não lhe era natural [...].
complementares do que entendemos sig- Conhecia o susto de estar viva, tendo
nificar qualidade de vida. A definição da como único amparo apenas o desamparo
OMS destaca a percepção pessoal como de estar viva [...].”
um critério central do que seja qualidade Como ser pensante e “ser aprendiz”
de vida, ou seja, como cada pessoa, com que é, o ser humano necessita aprender
base em seu contexto específico, avalia a comprometer-se e implicar-se para com
sua posição na vida, como ela se sente seu próprio processo de viver (e de con-
diante desta vida vivida. Por sua vez, viver), importando-se com esse processo
a definição de Ruffino destaca o que é e construindo-o de modo que lhe propor-
qualidade de vida boa ou excelente: a que cione eficaz qualidade de vida durante
oferece “um mínimo de condições”, mas todo o seu ciclo vital. Sabe-se, porém, que
que permite ao indivíduo “desenvolver nem tudo o que necessita ser feito para
o máximo de suas potencialidades” em uma melhor qualidade de vida depende

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apenas de uma atitude pró-ativa do ser bem equipada para viver em sociedade
humano individualmente, pois ele está e quanto mais atualizada e conectada
inserido dentro de um contexto mais com as rápidas mudanças que aconte-
amplo. cem na contemporaneidade, mais apta
Há atitudes, ações e comportamentos a pessoa se encontra para desfrutar das
que dependem de uma escolha e de um possibilidades da vida que lhe são ofe-
movimento pessoal seu. Naquilo que recidas. Como a vida é dinâmica, o ser
extrapola a si próprio e depende de uma humano está em constante movimento
ação do coletivo ou de outros organismos, (LANE; CODO, 1993; LIMA, 2001) e a
muitas vezes se fazem importantes a cultura sofre um processo de constante
busca e a luta pela conquista de direitos alteração, a pessoa deve manter-se atua-
junto às entidades responsáveis. Contu- lizada, pois “a cultura forma e possibilita
do, mesmo aqui é preciso superar uma o funcionamento de uma mente distin-
atitude de passividade, pois a qualida- tamente humana [...] a aprendizagem
de de vida não advém naturalmente; é e o pensamento estão sempre situados
conquista, fruto de uma construção (e em um contexto cultural e dependem da
aprendizagem). utilização de recursos culturais”. (BRU-
NER, 2001, p. 17).
Cinco motivos para a manutenção Se a sociedade e a cultura mudam
constantemente, viver exige um processo
de uma aprendizagem contínua de constante aprendizagem a fim de me-
durante “todo” o ciclo vital lhor compreender e agir assertivamente
na sociedade na qual se está inserido.
Há vários motivos pelos quais se
Este é o primeiro motivo pelo qual se
entende que a aprendizagem contínua
acredita que a aprendizagem contínua
é um processo fundamental na vida em
é fundamental: para que o idoso possa
todas as suas etapas. Já temos destacado
melhor compreender e agir assertiva e
que é fundamental para o adulto-idoso
atualizadamente sobre o contexto socio-
encontrar espaços que lhe possibilitem
cultural.
abrir caminhos criativos para a sua
Entretanto, há ainda outros motivos
inserção na sociedade e lhe construir
pelos quais consideramos a aprendiza-
uma leitura mais ampla de mundos
gem contínua como fundamental. Con-
possíveis. (ROLDÃO; BULGACOV, 2004;
forme Lima (2001, p. 15-25), com a qual
ROLDÃO; BULGACOV, 2006; ROLDÃO,
concordamos, este é um momento, “[...]
2003; ROLDÃO, 2004). Aqui destacare-
um século de reformas paradigmáticas
mos especialmente cinco motivos para
sobre a velhice”.3 Muitas “descobertas
a manutenção de uma aprendizagem
cientificas estão modificando a nossa
contínua durante todo o ciclo vital.
maneira de ver, pensar e interferir no
Entende-se que, como um ser socio-
mundo”. (p. 16). Inclusive nossa ma-
cultural que é o ser humano, a aprendi-
neira de ver, conceber e intervir sobre
zagem é um fenômeno central em seu
o complexo processo de envelhecimento
processo de existência. Quanto mais

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e a velhice está se transformando. Uma com o prolongamento da vida. “Depois


dessas descobertas que têm causado dos 65 anos, a prevalência de demência
grande impacto sobre a compreensão dobra a cada cinco anos de vida.” Assim,
e reconstrução da ideia de velhice é da o prolongamento da vida (tão desejado na
neurogênese e plasticidade cerebral. A contemporaneidade) acompanha certos
autora assim expressa essa nova com- problemas de saúde e, no caso das de-
preensão: mências, conforme o autor, constituem
O mito de que nascemos com um cérebro hoje uma “epidemia silenciosa”. (p. 78).
cujo tamanho e potencial são genericamente No que tange a este assunto, para
determinados e nada alterará sua capacida- os educadores o destaque deve estar no
de e funcionamento, portanto, possibilidades fato de que “é consenso que a atividade
de modificações são inexistentes, está sendo intelectual permanente parece protelar
derrubado pela nova realidade cientifica: o a idade de aparecimento das demências
cérebro é um órgão em crescimento e mu-
por que permite a formação contínua
dança; sua capacidade e vitalidade depen-
dem, em grande parte, de como o nutrimos e de novas sinapses, promovendo o que
tratamos. Desta maneira podemos influen- se conhece por reserva cerebral”. Isso
ciar o funcionamento do cérebro, moldado funciona como uma forma de “poupan-
por influências externas e internas [...]. Uma ça de sinapses” (p. 82), que possibilita
pessoa pode influenciar os fatores que con- uma reserva da qual será lançada mão
trolam o funcionamento mental – através de no funcionamento cognitivo em casos de
alimentos, suplementos e mudanças simples
perdas ou danos dos neurônios.
no estilo de vida, inclusive exercícios físicos
e mentais [...]. Ao envelhecermos precisamos
Nesse sentido, Caixeta (2007) cita,
encontrar meios de aumentar a eficiência do dentre outros estudos, um registro sueco
funcionamento cerebral [...]. Na ausência de feito com gêmeos, dos quais um tinha
doença, o envelhecimento, em si, não leva curso superior e o outro era analfabeto.
ao declínio e a perda das atividades cogni- O caso comprova a ideia da reserva ce-
tivas e intelectuais [...]. Não há uma perda rebral pelo fato de que o irmão analfa-
maciça, mas sim uma diminuição do ritmo: beto começou a manifestar a doença de
na velocidade de processamento da informa-
Alzheimer aos 65 anos, ao passo que o
ção. Todas estas descobertas exigem novas
formas de pensar sobre o cérebro [e sobre o que possuía estudo superior manifestou
envelhecimento e a velhice]. Os especialis- a doença mais tardiamente.4
tas não acreditam que os genes determinam Diante de tais descobertas, concor-
o destino do cérebro. Fatores ambientais, damos com Lima (2001, p. 22) ao dizer:
entre eles alimentação, educação, estilo de “[...] abre-se um novo caminho que o
vida, também tem grande influencia sobre idoso pode percorrer: ir ou voltar aos
o funcionamento mental. É provado que as
bancos escolares, como uma estimula-
pessoas têm grande responsabilidade pela
ção para desenvolver sua inteligência
sua velhice. (LIMA, 2001, p. 18-21).
e seu cérebro. A questão hoje é: use o
Conforme alerta Caixeta (2007, cérebro ou perca-o.” Para os educadores
p. 76) em artigo recente, a longevidade fica o alerta de que é preciso investir no
tem trazido outra preocupação: os casos adulto-idoso, tal qual já investimos an-
de demências, que tendem a aumentar teriormente nas crianças, adolescentes

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e jovem-adultos. É preciso redescobrir o Um terceiro motivo para se manter


idoso na educação. a aprendizagem contínua, especialmente
• Qual o seu espaço? em adulto-idosos, é a função protetora
• Que possibilidades as instituições que a educação pode ter sobre a saúde.
educacionais podem oferecer? Isso ocorre mantendo-se o cérebro ati-
• Que contribuições os profissionais vo e exercitando-o e também por outro
da educação podem oferecer para mecanismo: o de possibilitar atividades
uma velhice com maior QV? e espaços para o desenvolvimento da
• Estão esses profissionais prepara- personalidade.
dos e alertas para responder ao de- Em contato com outras pessoas de
safio que a longevidade apresenta sua faixa-etária reunidas em torno do
à sociedade? objetivo comum de aprender, novas in-
• Estão as instituições educacionais formações podem ser recebidas, as quais,
preparadas para responder a esses quando processadas, resultlam em cres-
desafios? cimento pessoal e desenvolvimento da
• Que espaços para a discussão des- personalidade, modificação de comporta-
sas questões têm sido ocupados, mentos e assunção de comportamentos
por exemplo, nos congressos de mais saudáveis. Cabe destacar aqui que
educação? apenas obter a informação não garante
Uma breve reflexão sobre essas transformação concreta e palpável na
questões parece indicar que na área da vida das pessoas. Se apenas obter a
educação há ainda muito por se fazer no informação bastasse, estaria sempre
sentido de dar respostas eficazes a esses presente o sucesso nas campanhas de
novos desafios da contemporaneidade.5 saúde, o que não ocorre. Basta ver a
Assim, um segundo motivo que destaca atual epidemia da dengue, que tem se
a importância da aprendizagem contínua alastrado por vários locais em nosso país,
é a conscientização dos próprios idosos por falta de atitudes sanitárias muito
sobre potencialidades presentes e outras simples em relação ao acúmulo de água
possíveis de serem desenvolvidas, com a parada, a serem colocadas em prática
consequente derrubada de mitos sobre a nas residências e pelos agentes sanitá-
velhice, os quais contribuem para tornar rios responsáveis nos municípios.
o idoso passivo, inoperante e improdu- Nas palavras de Rey (2004, p. 28),
tivo.6 Esses mitos, como, por exemplo, “[...] nenhum projeto social adquire
o da cadeira de balanço – que semeia a sentido por si só, fora de seu sentido
ideia de que o idoso, após se aposentar, para o indivíduo concreto, o qual deve
deve se sentar numa cadeira de balanço, transformar-se em sujeito deste proces-
ver a vida passar e esperar lentamente a so”. Para o autor, a saúde é expressão do
morte chegar –, precisam atualmente ser organismo completo, da pessoa como um
superados, pois se têm bases científicas todo. Por isso, o nível de desenvolvimen-
que possibilitam a disseminação de uma to da personalidade está, segundo ele,
nova representação do adulto-idoso. ligado aos processos de saúde. Assim,
entende-se que programas voltados para

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a aprendizagem contínua possibilitam a analisar e encontrar soluções. E isso deve


o desenvolvimento da personalidade e ser realizado em conjunto com outros idosos
são, nesse sentido, fundamentais – ainda e professores, criando uma dinâmica em que
se discute vida e possibilidades de mudança.
que de um modo indireto – em termos de
Somente assim haverá uma reforma no seu
prevenção em saúde. Segue o autor: pensamento. (2001, p. 23).
Associado ao condicionamento social, o
Seguindo as ideias de Rey e Lima
individuo também tem um papel ativo no
seu modo de vida, condicionado pelo nível de apresentadas, pode-se dizer que nestes
desenvolvimento de sua personalidade, pela processos de aprendizagem a pessoa tem
cultura e por sua experiência, sendo que a possibilidade de ir alcançando maiores
tudo isso aumenta suas potencialidades de níveis de desenvolvimento de sua per-
tornar-se sujeito ativo do seu comportamen- sonalidade, o que acaba por influenciar
to [...]. A educação para a saúde não é aspec- positivamente na sua saúde. Indo mais
to alheio a educação integral da personali-
além, entende-se que isso tende a me-
dade, na qual se manifesta a cultura de uma
determinada população [...]. O problema de
lhorar também sua qualidade de vida.
bons hábitos de vida não pode ser separado A qualidade de vida torna-se melhor à
do desenvolvimento da cultura de um povo, medida em que os participantes podem
a qual repercute no desenvolvimento da per- desenvolver as capacidades cognitivas
sonalidade [...] por sua vez o desenvolvimen- e intelectuais, melhorar a autoestima,
to de hábitos sadios está muito relacionado exercitar e desenvolver potencialidades
com a organização sadia da personalidade
pessoais, a capacidade de interação com
[...]. A orientação passiva da personalidade,
que por sua vez é expressão de sua pobreza,
outras pessoas e aumentar sua capaci-
guarda um estreito relacionamento com um dade de se sentirem parte e integrados a
modo de vida pobre e com o desenvolvimento um grupo social, bem como possibilitar o
de hábitos inadequados para a saúde. Este desenvolvimento de relações de amizade.
quadro revela uma extraordinária pobreza Estas últimas, comprovadamente, são
cultural relacionando-se estreitamente muito importantes e valorizadas nesta
com uma falta de amor a leitura e a outras
fase da vida (a respeito ver autores que
atividades da evolução cultural do homem.
(2004, p. 17-25 - grifo nosso).
destacam a importância central das re-
lações de amizade e da participação em
Segundo essa perspectiva, quanto grupos na vida de idosos: DEPS, 1993;
mais desenvolvida for uma personalida- STANO, 2001; ABRAMOWICZ, 2001;
de, maior chance de atuar pró-ativamen- BORGES, 2006).
te em relação a comportamentos ativos e Os avanços das pesquisas e descober-
saudáveis,7 o que poderá contribuir para tas na área de prevenção e promoção da
uma saúde melhor. Nesse sentido, Lima saúde são constantes. A pessoa envolvida
também alerta: em processos de aprendizagem contínua,
É importante atentar que somente a in- integrada a programas específicos para
formação não muda ninguém. É preciso idosos, especialmente nas universidades,
discutir situações problematizadoras de tem maior probabilidade de ter acesso a
reais necessidades de sua vivência, para
essas descobertas de ponta mais rapi-
que ele [o idoso] reflita, pondere, aprenda
damente, visto que são normalmente di-

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vulgadas primeiramente no ambiente da tamento de adversidades (ou a aquisição


academia para depois se popularizar. de condutas resilientes), quando esta
Por fim, um quinto motivo pelo qual aprendizagem ocorrer dessa forma, ou
a aprendizagem contínua é importante, seja, visando trazer presentes esses ele-
especialmente na terceira idade (idade mentos que possibilitam a resiliência,
na qual costumam ocorrer múltiplas per- entende-se que pode funcionar como
das que as pessoas precisam enfrentar) instrumento de promoção de resiliência,
e, especialmente, quando é organizada saúde mental e boa qualidade de vida.
como atividade grupal, que possibilita o Essa relação entre todos os elementos
contato com outras pessoas, é o fato de não se dá de modo mecânico ou automá-
possibilitar apoio e relações com outras tico, mas pode funcionar como um fator
pessoas, além de aprendizagem voltada de possibilidade.9
para questões específicas de interesse
do idoso. Tais fatores podem promover Atividades de extensão voltadas
resiliência e favorecer a adoção de con-
dutas resilientes.8
para a aprendizagem contínua
Resiliência é um conceito da área do adulto-idoso: uma questão
de saúde mental de grande importân- de opção, oportunidade e
cia e que merece ser destacado quando
possibilidade
se pensa sobre o envelhecimento e a
velhice. Resiliência tem em vista que Como já destacamos, as pessoas são
a pessoa possa não apenas enfrentar diferentes; logo, o impacto dos progra-
adversidades, mas sair mais fortalecida mas e atividades dos quais elas partici-
e crescida delas, tendo aprendido algo. pam sobre a sua vida também é diferente
Isso tem a ver com a saúde mental, pois e alcança níveis diferentes em cada uma.
a afeta positivamente. Assim, resiliência O participar de uma atividade grupal
é um conceito que tem também a ver com causa repercussões diferentes em cada
uma boa qualidade de vida, pois, confor- participante desta atividade. Assim,
me Seligman e Czikszentmilhaly (apud quando uma instituição se programa
GROTEBERG, 2005, p. 19), é promotora para oferecer uma atividade voltada à
de qualidade de vida. aprendizagem contínua do adulto-idoso
Como se pode notar, o conceito de (e aqui vamos nos deter nas propostas
resiliência não está ligado ao conceito de atividades de extensão ofertadas
de aprendizagem contínua de um modo pelas universidades a esta população),
direto e linear. Contudo, diante da con- a acolhida (ou não) desta atividade
dição de a aprendizagem contínua ser acontecerá de modo peculiar e singular
organizada como uma experiência em pela pessoa.
grupo, possibilitando a relação com ou- Inicialmente, o fato de integrar
tras pessoas e o apoio mútuo entre elas, um grupo quando essas atividades são
bem como a possibilidade de aprendiza- oferecidas e colocadas à disposição da
gem de novas habilidades para o enfren- comunidade é uma escolha – uma opção.

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Muitas vezes fazer o esforço de sair do Não se trata de uma obrigação; mas
comodismo de ficar no seu lar e juntar-se de uma oportunidade que as universi-
a um grupo para juntos aprender é um dades colocam à disposição da pessoa
movimento que exige: idosa,11 a qual tem diferentes faces:
• esforço físico de deslocar-se até o • oportunidade de desenvolvimento
local onde as atividades são ofere- pessoal amplo em diversas áreas
cidas; da vida: cognitiva, intelectual,
• implicação para com a atividade e afetiva, social, etc.;
as solicitações que são feitas pelos • oportunidade de fazer parte de
professores;10 um grupo voltado a um objetivo
• aceitar o desafio de exercitar a comum: exercitar a possibilidade
mente, abrindo-se para a reali- de aprendizagem contínua e am-
zação de atividades intelectuais pla, voltada para conhecimentos
e cognitivas, como a reflexão, o que podem proporcionar ao idoso
exercício crítico, a assimilação e atualização de conhecimentos,
acomodação de novos conteúdos, aprendizagem de novas habilida-
etc.; des e conhecimentos que até então
• exercitar ou desenvolver a alteri- ele não tinha tido oportunidade de
dade e a abertura as outras pes- desenvolver;
soas com as quais vai conviver; • oportunidade de socializar-se com
• saber ouvir e avaliar as contribui- outras pessoas e de desenvolver
ções trazidas pelos demais partici- vínculos mais profundos com al-
pantes, sem anular a sua própria gumas delas;
participação ativa no grupo e sem • oportunidade de manter o cérebro
querer impor exclusivamente as em atividade enquanto amplia
próprias opiniões, num rico exer- seu senso crítico e sua capacidade
cício de troca e relação interpesso- reflexiva, revendo conceitos e am-
al. pliando percepções das questões do
Cada atitude ou comportamento li- mundo e da vida.
gado aos itens anteriores exige da pessoa Ingressar num desses grupos que
fazer uma escolha, optar por participar possibilitam a aprendizagem contínua
e assumir uma postura mais ativa, cum- é também uma questão de possibilida-
prindo com o compromisso de horários e de. Há inúmeros programas específicos
realização de atividades ou não. Afinal, para os idosos que estão sendo ofertados
o processo de aprendizagem que ocorre pelas faculdades e universidades deste
nesses grupos depende de uma participa- país. Conforme Prado e Sayd (2006,
ção completamente voluntária da pessoa. p. 498), em 2002 o Centro de Referência
É a pessoa que tem de tomar livremente e Documentação sobre o Envelhecimen-
a decisão de dispor do seu tempo dessa to da Universidade Aberta da Terceira
forma ou não, visto que não se trata de Idade da UERJ identificou cerca de 150
uma obrigação. programas. Apesar do grande crescimen-

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to, estimamos que a oferta seja pequena


para atender a uma população que cresce
À guisa de um fechamento
a cada ano em nosso país e que até 2025 desta reflexão
contará com 25 milhões de idosos, con-
Como vimos, a aprendizagem con-
forme dados do IBGE. (apud PEREIRA
tínua é fundamental e pode ligar-se à
et al., 2006, p. 27). Mas indaga-se: Se a
questão da qualidade de vida do adulto
oferta aumentar, haverá procura?
idoso por diferentes caminhos. Explicita-
Essa questão tem sentido se conside-
mos neste trabalho cinco desses:
rarmos o contexto educacional de nosso
• possibilitando uma melhor com-
país na educação formal, bem como que
preensão e ação assertiva e atua-
ir ou voltar à universidade para integrar
lizada ao adulto-idoso do contexto
esses programas é uma questão de livre
sociocultural;
escolha, não uma obrigação. Nesse sen-
• possibilitando a conscientização
tido, indaga-se: Estão os idosos cientes
dos próprios idosos das poten-
dessa possibilidade que lhes é colocada
cialidades presentes e de outras
à disposição pelas universidades? Esses
possíveis de serem desenvolvidas,
programas estão sendo suficientemente
com a consequente derrubada de
divulgados para atingir a “toda” a popu-
mitos sobre a velhice;
lação? Desejam as universidades atingir
• através da função protetora que a
inclusivamente a “todas” as pessoas ido-
educação pode ter sobre a saúde ao
sas, ou voltam-se apenas para um grupo
manter o cérebro ativo, exercitan-
seleto e privilegiado em algum aspecto?
do-o;
Estão os idosos sabendo valorizar essa
• possibilitando a realização de
possibilidade que lhes tem sido oferecida
atividades e espaços para o desen-
por várias faculdades e universidades
volvimento da personalidade;
na atualidade? Eles estão se integrando
• quando é organizada como ati-
e participando ativamente de tais pro-
vidade grupal que possibilita o
gramas?
contato com outras pessoas, bem
Essas são questões para as quais
como apoio e relações com outras
não tenho respostas e que exigiriam
pessoas, pode promover resiliência
novas pesquisas. Contudo, parecem ser
e favorecer a adoção de condutas
de relevância atual e que merecem nossa
resilientes.
reflexão e pesquisas, pois, se respon-
Muitas faculdades e universidades,
didas, podem ajudar as universidades
por meio dos seus programas de exten-
e os educadores a avançarem em seus
são, estão oferecendo a oportunidade
planejamentos e estratégias de avanço
de aprendizagem contínua por meio da
nesta área.
oferta de atividades especificas para o
público idoso. A integração do idoso nes-
sas atividades é uma questão de opção e
livre decisão pessoal, de acolhimento de
oportunidades oferecidas e de ter acesso

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Aprendizagem contínua de adulto-idosos e qualidade de vida...

e acolher essa possibilidade de educação the last part, the participation of the adult-
contínua que muitas universidades têm elders in the extension activities presented
colocado a sua disposição. Estão os idosos by the universities as an optional subject
and free personal decision is discussed,
e os educadores sabendo ler os sinais and also the reception of the opportunities
dos tempos atuais e aproveitando as offered, and the access and implication to
possibilidades que esse tempo oportuno those possibilities of education involve-
tem ofertado para o crescimento e o ment, getting committed with a process of
desenvolvimento pessoal e social, pela continuous education.
manutenção aberta de canais para uma
Key words: Continuous education. Elders.
contínua aprendizagem, que possibilite Life quality. Aging. Extension activities.
uma vida com uma boa qualidade duran-
te todo o ciclo vital?
Notas
Adult-elder continuous learning and 2
Conforme Nucci, o termo foi usado pela pri-
quality of life: reflecting on possibilities meira vez pela Comission on National Goals.
in extension activities in the universities Este dado contradiz entretanto, dados do site
da Divisão de Saúde Mental Da OMS - GRUPO
WHOQOL UFRGS (http://www.ufrgs.br/psiq/
Abstract whoqol1.html#1), onde se lê: “A expressão qua-
lidade de vida foi empregada pela primeira vez
This paper discusses the theme of the im- pelo presidente dos Estados Unidos, Lyndon
portance of the adult-elder continuous lear- Johnson em 1964...” O fato é, entretanto, que
foi na década de 1960 que o conceito começou
ning for good life quality. It is a theoretical
a atrair o interesse de pesquisadores.
reflection. It approaches the subject starting 3
Utiliza-se aqui o termo “velhice” no sentido
from the current supply of adult-elder par- técnico do termo, ou seja, para referir-se à fase
ticipation in extension activities presented na qual se encontra o adulto-idoso com sessen-
by several universities in our country. In ta ou mais anos de vida. Toma-se a idade de
the first part it talks about the origins of the sessenta anos como base de delimitação desta
idea of Life Quality, to get to the concepts fase conforme o Estatuto do Idoso (instituído
postulated at the present time, including em outubro de 2003).
4
the definition of Life Quality formulated Este autor indica ainda que não é apenas o
now by the World Health Organization. exercício intelectual que comprovadamente
traz benefícios para o cérebro (CAIXETA, 2007,
The second part presents five reasons why
p. 82), o qual, a nosso ver, deve ser cuidadosa-
continuous education is important and can mente considerado por aqueles que estudam e
make good Life Quality possible for adult- intervêm nas questões do envelhecimento, bem
elders who are implicated in it and who are como pelos educadores, mas também a ativi-
open to it. Dealing with continuous lear- dade física é muito importante. Corrobora com
ning highlights the human being need to esta ideia também o recente artigo da pesquisa-
learn to commit and to implicate himself dora do Laboratório de Mapeamento Cerebral
to his own process of living, caring about e Integração Sensório-Motora do Instituto de
this process, and building it in a way that Psiquiatria (IPUB) da Universidade Federal
provides effective Life Quality during all do Rio de Janeiro Camila Ferreira - Vorkapic.
Cf. FERREIRA- VORKAPIC, Camila. Cérebro
his vital cycle. It is considered that for the
em forma. Viver Mente-Cérebro, São Paulo, ano
human being, the learning processes are XIV, n 170, 2007.
fundamental not only for their survival, but
also for a good quality existence. Finally, in

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Flávia Diniz Roldão

5
Contudo, parece importante destacar que não
é apenas na educação que parece haver muito Referências
ainda que se fazer, pesquisar, refletir, discutir
e aprofundar sobre a velhice, conforme desta- ABRAMOWICZ, M. Tempo de ser: envelhe-
cam PRADO, S. D. e SAYD, J. D. A geronto- cimento e a trama das interações sociais em
logia como campo do conhecimento científico: um grupo de voluntárias. In: KACHAR, V.
conceito, interesses e projeto político. Ciência
(Org.). Longevidade: um novo desafio para
& Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2,
p. 491-501, 2006.
a educação. São Paulo: Cortez, 2001. p. 11-
6
Produtividade não é entendida aqui num 14.
sentido capitalista do termo; é produtivo não ALBERNAZ, B. Do dia-a-dia à vida-a-vida:
apenas aquele que produz bens de consumo um poema pedagógico. Garrafa, n. 2, p. 1-10,
e capital financeiro, mas também aquele que jan./abr. 2004.
produz capitais culturais, emocionais e cogni-
tivos. Aquele que produz vida no sentido mais BORGES, L. C. Os grupos de convivência na
amplo, sensível e profundo deste termo com a terceira idade: suporte social e afetivo. In:
sua inserção ativa e ação na sociedade. DIAS, C. M. S. B. (Org.). Maturidade e velhi-
7
Também, maior riqueza de interesses e ativa- ce: pesquisas e intervenções psicológicas. São
ção intencional das potencialidades individuais Paulo: Casa do Psicólogo, 2006. p. 151-165.
em direções concretas que contribuem para
eliminar o tédio, a passividade improdutiva e BRUNER, J. A cultura da educação. Porto
atividades dispersivas e evasivas prejudiciais Alegre: Artmed, 2001.
à saúde, tais como beber, descansar e fumar
CAIXETA, L. Velho mal do novo milênio. Vi-
exageradamente. (REY, 2004, p. 20).
8
Resiliência foi definida por Groteberg (2005,
ver Mente-Cérebro, São Paulo, a. XIV, n. 172,
p. 15) como “a capacidade humana para enfren- p. 76-83, 2007.
tar, vencer e ser fortalecido ou transformado DEPS, V. L. Atividade e bem estar psicológico
por experiências de adversidade.” na maturidade. In: NERI, A. L. (Org.). Qua-
9
Não se deve esquecer, contudo, que as pessoas lidade de vida e idade madura. Campinas:
são seres diferentes, de modo que as atividades
Papirus, 1993. p. 57-82.
têm impactos e níveis de impactos diferentes
sobre cada vida singular. FLECK, M. P. A. O instrumento de avaliação
10
Nestes casos funcionam mais como facilitado- de qualidade de vida da Organização Mundial
res de troca, recriação ou ressignificação de da Saúde (WHOQOL-100): características e
conhecimentos obtidos, possibilitando a socia- perspectivas. Ciênc. Saúde Coletiva, Rio de
lização e a formação de vínculos, ao passo que Janeiro, v. 5, n. 1, p. 33-38, 2000.
os conhecimentos são atualizados, discutidos e
reorganizados por meio das atividades grupais GROTBERG, E. H. Introdução: novas
propostas pelos estudantes e pelos professores tendências em resiliência. In: MELILLO,
em consonância. A.; OJEDA, E. N. S. (Org.). Resiliência:
11
Contudo, cabe destacar que só será possível descobrindo as próprias fortalezas. Trad.
falar em oportunidade se todas as pessoas Valério Campos. Porto Alegre: Artmed, 2005.
tiverem acesso à atividade proposta e puderem p. 11-15.
livremente optar por se integrarem a ela ou
não. Para isso, num país empobrecido como o LANE, S.; CODO, W. (Org.). Psicologia social:
nosso, no qual os idosos sofrem muitas vezes o homem em movimento. 11. ed. São Paulo:
com o baixo poder aquisitivo, é preciso pensar Brasiliense, 1993.
em mecanismos de acessibilidade a “todos” os
idosos a esses programas. Também as dife- LIMA, M. P. Reformas paradigmáticas na
renças culturais e de educação anterior irão velhice do século XXI. In: KACHAR, V. (Org.).
influenciar no andamento dos grupos. Pensar Longevidade: um novo desafio para a educa-
em mecanismos de resolver tais problemáticas ção. São Paulo: Cortez, 2001. p. 15-26.
é outro ponto fundamental para se evitar a
exclusão.

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Aprendizagem contínua de adulto-idosos e qualidade de vida...

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