Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O texto “Mundos nuevos em las fronteras del nuevo mundo” procura abordar
alguns conceitos do campo da História Indígena, particularmente no que tange ao
encontro ou “encontrão” das culturas indígenas e europeias, e em decorrência disso as
dinâmicas identitárias dos povos: suas continuidades, mudanças e ressignificações. Há
um interessse especial para os espaços de fronteiras do mundo colonial, visto que nele se
observam relações dialéticas entre as diferentes culturas por meio de trocas comerciais ou
culturais, assim como conflitos. São questionados também alguns dos paradigmas
considerados dados no passado quanto ao estudo da história das comunidades indígenas,
como as noções de aculturação, barbárie, selvageria e resistência, assim como são
apresentados quatro exemplos de etnias, as quais se desenvolveram posteriormente à
chegada dos europeus, cuja história é marcada pela ressignificação, modificação e
mestiçagem. O texto é de Guillaume Boccara, pesquisador, antropólogo, etnólogo, o qual
desenvolveu trabalhos sobre a história dos Mapuche, processos de etnogênese,
etnodesenvolvimento e os movimentos indígenas.
Os espaços de fronteira, definidos aqui como regiões que marcam o limite entre o
mundo colonial e o mundo indígena, não consistem em linhas arbitrárias ou limites físicos
que separam dois ambientes radicalmente diferentes, mas sim em espaços dotados de
características próprias. Nesses espaços se desenvolve o contato entre as diferentes
sociedades, portanto a dinâmica de intercâmbio, desigual, entre ocidentais e indígenas,
em que por um lado pode haver o esforço de domínio e supremacia por parte da
colonização, mas também a reivindicação e a reinvenção por parte dos habitantes locais.
Tais espaços são profundamente diversos, se encontram por todo o continente, mas as
relações desenvolvidas neles devem ser observadas a fim de se compreender o
“encontrão” entre as civilizações. O autor aborda casos como o dos Jumanos, povo do
atual estado do Texas, o qual moldou sua identidade em referência à questão comercial,
desenvolvendo seu modo de vida operando nessas fronteiras entre dois mundos e
mediando as relações. Como se pode observar, espaços fronteiriços refletem e
manifestam as relações do mundo colonial e da atuação indígena, é neles que se
desenvolvem os “novos mundos” propostos por Boccara, aonde se faz presente o diálogo
e o conflito entre as culturas, e as formações de identidades e significados em decorrência
disso.