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Reflexões sobre o livro “Pedagogia da Autonomia”, de Paulo Freire

Afonso Corrêa Cavagnoli Soares – 00302623


Seminário de Ensino de História

No seu livro “Pedagogia da Autonomia”, Paulo Freire aborda diversos pontos

acerca da prática docente, no campo do papel do professor e suas atitudes com relação

aos discentes. São nele expostas noções necessárias aos docentes, a fim de que seja

possível um ensino que valorize e respeite o conhecimento e a autonomia dos educandos,

assim como seja dotado de bom-senso, competência, comprometimento, humildade e

tolerância.

Dentre os pontos que Freire elucida, chama a atenção, por exemplo, a necessidade

de, como dito por ele mesmo, haver “respeito à autonomia do ser educado”. Na aplicação

do processo pedagógico é necessário o respeito ao conhecimento o qual os educandos já

detêm, oriundo das suas vivências em comunidade e família, sendo isso uma forma de

reconhecimento do valor dos saberes adquiridos fora de salas de aula. Também é

interessante que o professor possa traçar paralelos, realizar comparações e relações entre

o conhecimento teórico, da escola, e o prático, das experiências dos alunos.

A famosa expressão “mas para quê eu vou usar isso na minha vida? ”, proferida

comumente por estudantes em salas de aula, pode ajudar a ilustrar o distanciamento que

por vezes ocorre entre o conteúdo ensinado nas escolas e as experiências práticas de vida

dos discentes. O respeito e a consideração, por parte do docente, dos conhecimentos

prévios dos alunos, pode servir, assim, como um auxílio no processo do ensino, uma vez

que o torna mais acessível e prático a quem aprende.

A necessidade de tolerância e aceitação, no ofício do professor, é outro ponto

fundamental discutido no livro. Como citado pelo próprio autor, “a prática preconceituosa
de raça, de classe, de gênero ofende a substantividade do ser humano e nega radicalmente

a democracia”. É muito importante o combate à discriminação e o preconceito, e que

prevaleça a tolerância por parte do professor com relação a qualquer uma das identidades

dos alunos, jamais sendo cabível qualquer forma de preconceito, seja ele racismo,

homofobia, machismo, ou outro, por parte do professor.

Um dos pontos bastante pertinentes sobre a prática pedagógica, em Freire, se trata

da relação entre autoridade e liberdade, enfrentada pelo professor. Uma atitude muito

autoritária por parte do docente é vista como negativa, já que pode negar e impedir o

próprio desenvolvimento da autonomia do aluno. Entretanto, é negativo, para Freire, o

professor licencioso, aquele que confere um excesso de liberdade aos alunos, mesmo que

isso afete o desenvolvimento do processo de ensino e do próprio aprendizado do discente.

Para o autor é necessário o equilíbrio. Nas suas palavras, “a autonomia, enquanto

amadurecimento do ser para si, é processo, é vir a ser. Não ocorre em data marcada. É

neste sentido que uma pedagogia da autonomia tem de estar centrada em experiências

estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas

da liberdade”.

O professor tem o papel de guia. A sua autoridade se mantem presente uma vez

que é a partir dela que podem se desenvolver os estímulos necessários ao aprendizado do

aluno. Na visão do autor, a educação deve ser por essência democrática, e a liberdade é

nela um componente essencial. Entretanto, a figura de autoridade não deixa de existir, ela

é legítima, pois sem ela não seria possível alcançar a liberdade almejada no ensino.

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