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WBA0494_v1.

Currículo e Planejamento
no Ensino Superior
Organização curricular
no ensino superior
Bloco 1
Neide Rodriguez Barea
Você já prestou atenção em imagens deste tipo?
Figura 1 – Ilusão de ótica

• Observe bem a imagem. O que você vê?


• Rostos ou uma taça?
• Observe bem até enxergar as duas possibilidades.

• Toda ilusão de ótica nos


indica que há sempre algo
a mais a observar, algo
sutilmente escondido, algo
por baixo.

Fonte: tomozina/Istock.com
O que isso quer nos dizer?
• Assim como ilustradores são capazes de criar mensagens que
confundem nossa visão, a sociedade em geral também é capaz de
enviar mensagens que não estão muito claras.
• E o mesmo ocorre na escola.

Documentos de
planejamento e
organização.
Currículo
Ações, mensagens
implícitas,
vivências.
Veja que interessante!
Figura 2 – Rostos e taça
• Você conseguiu identificar a
taça e os rostos com mais
facilidade?
• Parece que você entendeu o
mecanismo dessa ilusão de
ótica?

• O mesmo acontece com os


mecanismos ocultos de
reprodução social na escola:
uma vez entendidos, é fácil
localizá-los e combatê-los.
Fonte: Evgeny Gromov/Istock.com.
Currículo? De onde vem isso?
Marco: Guerra Franco-Prussiana (Napoleão Bonaparte)
Ideias associadas:
• França versus Prússia (Império Alemão forte).
• Unificação de cada nação.
• Criação de um exército forte, disciplinado e obediente.
• Modelo escolar que prepara jovens para as ordens militares.

1760 1870
1840 1871
Escola tradicional

Figura 3 – Sala de aula


• Conhecimentos organizados.
• Conhecimentos hierarquizados.
• Conhecimentos transmitidos.
• Alunos passivos.
• Conhecimentos memorizados.
• Reprodução das regras sociais.
• Obediência.
Fonte: shaunl/Istock.com
E a escola continua a mesma...

Valorização dos mais inteligentes Melhores empregos.


Regras a seguir Regras do mercado de trabalho.
Nota final Pagamento.
Acesso ao que o professor permite Determinações do chefe.
Reprodução dos conhecimentos Reprodução das tarefas.
Sem questionamento, sem críticas Obediência.
Mente aprisionada Medo.
Reflexão

A educação escolar tem E o currículo?


mecanismos próprios que
Tanto pode ser um currículo que reproduz as
inculcam ideias nos alunos sem
ideias de opressão como pode ser um
que estes percebam.
currículo emancipatório, criativo, crítico e
que combate a opressão sobre as camadas
sociais menos favorecidas.

Mas o que vem a ser o currículo escolar?


Veremos no próximo bloco!
Organização curricular
no ensino superior
Bloco 2
Neide Rodriguez Barea
Currículo
Plano
Pedagógico
Institucional
Formulários próprios do processo
educacional:
Plano
• Planejamento de ensino. Pedagógico
de Curso
LDB, • Objetivos de aprendizagem.
Legislações,
códigos,
normas etc.
• Objetos de aprendizagem.
Só isso? Como se manifestam
• Metodologia de ensino. as forças externas que
• Referências. impactam o currículo?

• Processo de avaliação.
Currículo
Todo professor
também é fruto
Professor
da escola.
• Suas escolhas.
• Seu conhecimento. Nem sempre tem
conhecimento
• O recorte teórico com que escolhe trabalhar. sobre as facetas
do currículo.
• A prática de ensino.
Outros • A forma como se relaciona com os alunos. E os alunos?
atores
educacionais • Como organiza as avaliações. Participam disso
• Crenças e valores. também?

• Visão sobre a sociedade, o trabalho e as políticas


públicas.
Currículo
Origem e
Estudantes perspectivas
sobre o ensino
• Perfil escolar. superior.

• Objetivos.
• Visão de escola. Problemas e
projetos de vida.
Outros atores • Visão de futuro.
educacionais
• Visão de sociedade.
E os alunos?
• Visão de políticas públicas.
Participam disso também?
• Visão de trabalho.
Por uma definição de currículo
Figura 4 – Ensino superior
Conjunto de informações sobre o
que vai ser ensinado e como isso
será feito, incorporando tanto os
documentos pedagógicos (planos
de ensino, planos de aula) quanto
as ações docentes e de outros
participantes da escola, como a
equipe técnico-administrativa e a
própria comunidade de alunos.
Fonte: JohnnyGreig/Istock.com.
Organização curricular
no ensino superior
Bloco 3
Neide Rodriguez Barea
Como essa visão de currículo foi se constituindo?
Figura 5 – Currículo tradicional ou Teoria Tradicional do Currículo

Não exerce crítica sobre o que ensina, como ensina e a quem ensina.

Visão neutra e desinteressada.

Pautada na transmissão de conhecimentos (basta ensinar, a


aprendizagem é um resultado certo e determinado).

Emprego e enfoque em técnicas didáticas.

Fonte: elaborada pela autora.


Críticas sobre o currículo

Figura 6 – Avaliação

• Currículo oculto.

• Capitalismo.

• Classes dominantes
oprimem classes menos
favorecidas.
Fonte: Wavebreakmedia/Istock.com.
Desenvolvimento teórico

Alfabetização de adultos – Paulo Freire (década de 1950).


Educação bancária – Paulo Freire (década de 1960).
A Reprodução (BOURDIEU; PASSERON, 1975)

Críticas ao currículo
Como essa visão de currículo foi se constituindo?
Figura 7 – Teoria Crítica do Currículo

Questiona o currículo oculto (transmissão de


mensagens que favorecem a submissão de classes
sociais oprimidas).

Discute a função da escola no papel de reprodutora das


regras do capitalismo e do mercado de trabalho ao
mesmo tempo que realiza a manutenção do status quo.

Pautada na transmissão de conhecimentos (basta


ensinar, a aprendizagem é um resultado certo e
determinado).

Fonte: elaborada pela autora.


Década de 1990
• Opressão não ocorre só contra classes sociais menos
favorecidas. Ampliação das críticas
• Emergências de outros grupos sociais: ao currículo
− Etnias.
− Gênero.
− Mulheres.
− Crianças.
− LGBTQIAP+ (Lésbicas, Gays, Bi, Trans,
Queer/Questionando, Intersexo,
Assexuais/Arromânticas/Agênero, Pan/Poli e mais).
− Idosos.
− Deficientes
− Entre outros.
Como essa visão de currículo foi se constituindo?

Figura 8 – Teoria Pós-Crítica do Currículo

Outros aspectos tensos das relações sociais se tornam


evidentes, como a opressão e a violência contra mulheres,
crianças, negros e outras minorias.

A Teoria Pós-Crítica compreende que os primeiros


questionamentos ao currículo são dirigidos ao sistema de
opressão da classe operária, mas amplia a visão para outros
segmentos da sociedade que também são oprimidos.

Fonte: elaborada pela autora.


Opressão: reflexos

Voltando a esta imagem... • O mecanismo de reprodução


Figura 3 – Sala de aula social é tão inculcado e tão
sutil que muitas vezes os
próprios oprimidos não
conseguem sair da própria
condição.
• Não admitem outros
panoramas nem outras
possibilidades.

Classes populares.
Fonte: shaunl/Istock.com
Acesso.
Direitos.
Depois que você entende, nunca mais deixa de enxergar!

Figura 9 – Rostos e árvore

Fonte: ChrisGorgio/Istock.com.
Teoria em Prática
Bloco 4
Neide Rodriguez Barea
Reflita sobre a seguinte situação

A proposta é que você, como estudante ou professor do ensino superior,


relate uma situação em que tenha vivido o currículo oculto ou a
ideologia reprodutivista. Ou, ao contrário, como estudante ou professor
do ensino superior, relate uma experiência educacional emancipatória. É
importante que, nesse relato, você apresente uma reflexão teórica que
faça menção ao texto estudado ou às referências indicadas.
Norte para a resolução...

Currículo oculto ou Experiências emancipatórias:


reprodutivismo social:
• Estímulo ao espírito crítico e
• Alunos impedidos de investigativo.
questionar.
• Uso de laboratórios e criação de
• Alunos julgados por seu experiências.
desempenho escolar.
• Visitas.
• Desconsideração acerca de
• Estágios.
temas de estudo elencados
pelos alunos. • Debate com amplitude teórica.
• Pesquisas e seminários.
Dica da Professora
Bloco 5
Neide Rodriguez Barea
Dica da Professora

Indicação de filme
O Sorriso de Monalisa (2003)
Direção: Mike Newell
Em 1953, uma jovem professora é contratada para ministrar a disciplina
de História da Arte em uma famosa escola exclusiva para o público
feminino. A escola é tradicional e não aprova inovações. Porém, a nova
professora acaba confrontando valores antigos e alguns valores da
própria instituição. A partir disso, enfrenta ostracismo por parte das
alunas, mas consegue, no final, promover certas transformações.
Referências

BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de
ensino. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1975.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
MOREIRA, Antonio Flavio; TADEU, Tomaz. (org.). Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez,
2011.
SACRISTÁN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
TADEU, Tomaz. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte:
Autêntica, 2011.
Bons estudos!

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