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Toxicologia

É o estudo da ação de substâncias psicoativas no corpo humano, sob a ótica da medicina legal.
Também é chamada de farmacologia forense, quando se dedica a estudar a ação de
substâncias líticas e ilícitas.

Substâncias psicoativas são aquelas que atingem os neurotransmissores do corpo humano


(sistema nervoso central), provocando excitação, sedação ou distorção, conforme o tipo de
substância ou princípio ativo.

Classificação:

É feita a partir de como a substância atua sobre o sistema nervoso central, traçando
parâmetros de acordo com os efeitos causados.

03 grupos: a) psicolépticos (desestimulantes); b) psicoanalépticos (estimulantes); e c)


psicodilépticos (aluvinógenas)

psico = sistema nervoso central


leptos = redução
a/an/ana - não
dis = confusão

Álcool

O uso abusivo da substância é chamado alcoolismo.


A dependência atinge uma minoria de usuários e precisa de vários anos para acontecer.
Alcoólatra é aquele que idolatra o álcool.
alcoolista é o dependente de álcool.
Trata-se de substância depressora (psicoléptica) que, com pequenas doses iniciais, causa
euforia e desinibição, uma vez que deprime os freios. Apenas depois disso é que causa
depressão comportamental.
É de rápida absorção pelo organismo (20% no estômago e o restante no intestino delgado),
caindo na circulação sanguínea e sendo distribuída aos demais órgãos.

Tipos de intoxicação alcoólica

a) aguda: intoxicação sem crise de abstinência, cujos sintomas cessam quando se esgota o
álcool no organismo. Bebedeira ou porre. Abuso esporádico de álcool, com efeitos que variam
de pessoa para pessoa e estão relacionados com o estado anímico.

Períodos da intoxicação:

i) euforia ou fase do macaco - comportamento extrovertido e ausência de auto-crítica


ii) médico-legal ou fase do leão - diminuição das faculdades mentais, agressividade e
comprometimento da coordenação motora e fala, além da diminuição do autocontrole

Ambas as fases são consideradas como embriaguez incompleta

iii) comatosa ou fase do porco - ausência de reflexos, relaxamento muscular, pulso lento,
hipotensão, hipotermia, náuseas, vômitos e possível parada respiratória
Considerada embriaguez completa

b) crônica

O indivíduo faz uso abusivo prolongado do álcool e os distúrbios comportamentais e físicos


não cessam após a eleiminação da substância; há crise de abstinência

Teoria das causas do alcoolismo crônico

i) biológia - hereditariedade; fatores constitutivos antecedentes como doença mental própria


ou familiar
ii) psicológica da personalidade - características individuais de dependência: insegurança,
passividade e introversão
iii) psicológica de aprendizagem - forma de lidar com questões existenciais, inseguranças ou
ansiedade
iv) sócio cultural - depende de fatores sociais

Danos do alcoolismo crônico

a) físicos

- sistema disgestivo: anorexia, gastrite, infiltração de gordura no fígado e cirrose


- sistema circulatório: anemia, diminuição do glóbulos brancos e lesões no músculo cardíaco
- sistema reproduto: impotência sexual masculina e esterilidade em ambos os sexos
- sistema nervoso: tremores e enfraquecimento dos membros

b)psiquiátricos

- demência alcoólica: desorientação; alteração de memória; diminuição do interesse e


afetividade; embotamento intelectual; decadência moral, familiar, social e profissional
- delirium tremens: desorientação; alucinaçõees visuais; inquietação; ausência de memória de
fixação; sudorese e febre
- alucinose alcoólica: escuta vozes e dialoga com elas; discurso violento e repetitivo
- embriaguez patológica: sintomas de intoxicação severa apesar do consumo de pouca
quantidade de substância; relação com epilepsia, doenças mentais ou traumatismo craniano
- dipsomania: consumo de grandes quantidades alternado com períodos de aversão
- psicose de Korsakov: perturbação de memória, alucinações visuais com confabulação e
desnutrição severa

Espécies de embriaguez

a) voluntária/culposa: bebe conscientemente e exagera no limite - art. 28, II, CP: responde
normalmente
b) acidental: caso fortuito ou força maior - art. 28, §1º e §2º, CP: resposabilização depende da
(in)completude da embriaguez
c) patológia: alcoolismo crônico = doença mental: art. 26, CP: inimputável
d) pré-ordenada: bebe para cometer o crime: agravante genérica - aumenta a pena

Embriaguez x CTB

Para infrações de trânsito - tolerância zero


Para crimes - 6 decigramas de álcool/por litro de sangue ou 0,3 miligramas de álcool/por litro
de sangue

alcoolizado = ingeriu qualquer quantidade de álcool


embriagado = comprometimento da capacidade psicomotora
alcoolemia = quantidade de álcool no organismo; resultado do exame do etilômetro, de
sangue ou clínico

Conceitos gerais

Toxicomania: desejo constante e incontrolável de utilizar substâncias para obter sensações de


prazer, ocasionando danos físicos ou mentais com o passar do tempo
Tolerância: necessidade de doses cada vez mais altas para conseguir as sensações prazerosas
Toxicidade: capacidade de provocar efeitos nocivos
Dependência química: somatória da dependência física (sintomas orgânicos; síndrome de
abstinência) + dependência psíquica (fissura)

Asfixiologia

É energia físico-química: o agende físico provaca a interrupção dos movimentos respiratórios e


o agente químico é a ausência da troca gasosa
Morte lenta e dolorosa, é qualificadora no homicídio e causa o enquandramento em crime
hediondo

Sinais de asfixia

a) internos: aqueles verificados na necropsia

- equimoses viscerais e pulmonares (marcas de Tardieu): causadas pelo rompimento dos vasos
sanguíneos em decorrência do aumento da pressão interna pela ausência de troca gasosa
- congestão visceral: inchaço dos órgãos internos pelo acúmulo de gases sangue e líquidos
Ambas aparecem em todos os tipos de asfixia
- Manchas de Pantauf: similares às Marca de Tardieu, mas mais intensas, uma vez que a
pressão da água ingerida é maior que a pressão gasosa

b) externos: verificáveis a olho nu

- cianose: coloração azulada da pele, em razão do aumento do gás carbônico no organismo


- congestão facial: inchaço da face em razão do acúmulo de sangue em razão da constrição do
pescoço
- manchas de hipóstase: manchas escuras nas partes mais baixas do corpos, em razão do
acúmulo de sangue pela ação da gravidade
- proeminência da língua: tentativa de desobstruir as vias respiratórias
- espumação

Fases da asfixia

a) dispneia: dificuldade ou irregularidade na respiração


b) apneia: parada da respiração
O afogamento é diferente. Primeiro tem apneia voluntária (pessoa prende a respiração
voluntariamente), dispneia e após, apneia involuntária.

Classificação

a) obstrução das vias respiratórias (sufocação direta) - obstrução de nariz e boca (vias
respiratórias externas) ou da laringe e faringe (vias respiratórias internas)
b) constrição do pescoço - enforcamento (utilização de instrumento, suspensão do corpo,
sulco irregular com ângulo oblíquo), estrangulamento (utilização de instrumento, sem
suspensão do corpo, sulco regular e horizontal) e esganadura (força do corpo e presença de
equimoses)
c) por alteração do meio - gasoso (intoxicação ou confinamento), líquido (afogamento) ou
sólido (soterramento)

Tanatologia

Campo da medicina legal que estuda o processo de morte e seus fenômenos decorrentes

No ordenamento brasileiro - art. 3º, da Lei de Transplante de Órgãos = morte encefálica

Encéfalo = cérebro + tronco encefálico

Lesões que atingem só o cérebro podem ocasionar coma persistente ou estado vegetativo,
mas o indivíduo é considerado vivo, uma vez que ainda possui capacidade de respirar de
maneira espontânea
Lesões que atingem também o corpo encefálico ocasionam morte encefálica

Verificação

03 exames com intervalos determinados de acordo com a idade da vítima para verificar
reflexos de pupila, pálpebras, movimento de olhos, apneia + examees neurológicos
Realização por 02 profissionais médicos cadastrados e habilitados pelo Ministério da Saúde,
sendo que 01 deles deve ser neurologista ou neurocirurgião

Fanômenos cadavéricos: acontecem com e após a morte, atingindo o cadáver

Abióticos imediatos (aparecem no momento da morte)


a) perda de consciência
b) perda de sensibilidade
c) cessação dos movimentos respiratórios
d) cessão da circulação sanguínea
e) cessão da atividade neurológica
f) imobilidade

Abióticos mediatos (aparecem após os imediatos, podendo levar minutos, horas ou dias para
ocorrerem ou desaparecerem)
a) desidratação: perda de peso, pergaminhamento da pela, dessecamento dos lábios e
modificação do globo ocular
b) esfrimanento do corpo: perda de temperatura (1 grau a cada hora após a morte)
c) rigidez: enrijecimento do corpo, começando pela madíbula e pescoço, passando aos
membros superiores e posteriores; começa 2 horas após a morte e finaliza em 8 horas; após
24 horas da morte o corpo volta a ficar flácido
d) machas de hipóstase: manchas escuras em razão do acúmulo de sangue na parte mais baixa
do corpo pela ação ação da gravidade
e) espsmos: rigidez abrupta

Tardios destrutivos (decomposição do cadáver)


a) autólise: auto destruição das células pelo rompimento da membrana celular e
derramamento de enzimas
b) putrefação: i) coloração: ação das enzimas, germes e bactérias que destróem matéria
orgânica; causa coloração esverdeada no abdômem que é onde há maior concentração dos
agentes; ii) fase gasosa: a destruição da matéria causa acúmulo de gases no corpo; iii)
coliquativa: desintegração dos tecidos moles; iv) esqueletização: fim da putrefação, sobrando
apenas ossos

Tardios conservativos (conservam o cadáver)


a) saponificação: umidade do local + meio alcalino transforma o corpo em uma substância
gordurosa parecida com sabão
b) mumificação: meio seco, quente e arejado causa intensa desidratação do corpo
c) maceração: conservação por meio líquido
d) calcificação: petrificação do corpo
e) corificação: presença de zinco + ausência de renovação do meio gasoso faz com que a pele
adquira aparência de couro e conserva os órgãos internos
f) congelamento: temperaturas de -40ºC

Psicopatologias

Relacionadas com a imputabilidade do agente (possibilidade de responsabilização penal) -


reconhecer o caráter ílicito da conduta e se comportar de acordo com esse entendimento

Normalidade mental - capacidade de realizar uma conduta com pleno discernimento; total
adaptação ao meio social, sem alteração de conduta por situações de estresse, enfermidades
ou dificuldades físicas

Desenvolvimento mental incompleto - não atingiu a maturação física, psicológica ou social


- menoridade
- suro-mudo de nascença
- silvícola não-aculturado
- apedêutico
Todos são considerados inimputáveis, no geral

Desenvolvimento mental incompleto - funcionamento intelectual subanormal; há lentidão ou


parada no desenvolvimento intelectual

Classificação

Por idade mental


-idiota: idade mental igual a de uma criança com menos de 3 anos
- imbecil: idade mental igual a de uma criança entre 3 e 7 anos
- débil: idade mental de uma criança maior de 8 anos, mas não compatpivel com a idade real
do agente

Por QI
- limítrofe: 68/85
- leve: 52/67
- moderado: 36/51
- grave: 20/35
- profundo: menor que 20

São considerados inimputáveis, no geral

Doença Mental - manifestações que revelam anomalias do pensamento, sentimento e


conduta; o agente é incapaz de realizar juízo valorativo das alternativas

- delírios: convicção errõnea, baseada em conclusões falsas da realidade


- alucinações: sensações advindas dos órgãos dos sentidos, sem base na realidade
- ilusões: erros de percepção, entendimento e interpretação

Tipos

a) demência: rebeixamento de todos os setores do psiquismo


b) psicose: ruptura total ou parcial com a realidade, havendo alteração de conduta social
(transtorno bipolar; esquizofrenia; epilepsia psicótica)
c) acoolismo e toxicomanias

Crimes praticados por doentes mentais: normalmente homicídios


- franco atiradores: + de 4 vítimas no mesmo local
- matadores ao acaso: matam em locais diversos em um curto lapso temporal

Características dos crimes

a) ausência de motivos plausíveis


b) ausência de premeditação
c) ausência de cúmplices
d) ausência de simulação
e) multiplicidade de golpes ou disparos
f) ausência de remorso
g) amnésia ou lembranças confusas

Doentes mentais, normalmente, são inimputáveis

Perturbação Mental - limite fornteiriço entre normalidade e os demais estágios

Tipos:

a) neuroses: distúrbios relacionados a angústias e ansiedade (obsessivo-compulsivas;


histéricas; fóbicas)
b) psicopatias: patologia da vontade ou dos sentimentos; incapacidade de fidelidade a
indivíduos, grupos ou valores; egoísmo; insensibilidade; impulsividade

Crimes praticados por psicopatas: normalmente, homicídios (em série; parricídio e piromania)

Características dos crimes:

a) violência
b) ferocidade
c) crueldade
d) conotação sexual
e) despersonalização da vítima

Síndrome do Drécula: descarga emocional com o sofrimento e morte da vítima

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