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DISCIPLINA:MÓDULO DE DIREITO PROCESSUAL (NCPC)

PROFESSOR: DANIEL ASSUMPÇÃO


MATÉRIA: PROCESSO CIVIL

Indicações de bibliográficas:

Leis e artigos importantes:


 CPC 73
 NCPC

Palavras-chave:
 Julgamento Liminar de Improcedência. Citação. Citação por Correio. Citação por Oficial de
Justiça. Citação por Hora Certa. Citação por Edital. Citação Eletrônica. Audiência de
Conciliação e de Mediação. Respostas do Réu. Exceções Rituais. Reconvenção.
Contestação. Providências Preliminares. Julgamento conforme o Estado do processo.
Julgamento antecipado parcial do mérito. Saneamento e organização do processo.
Provas. Teoria geral da prova.

TEMA: NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL


PROFESSOR: DANIEL ASSUMPÇÃO

Hipóteses do julgamento liminar de improcedência (art. 332, caput, NCPC)


I – Súmulas do STJ e STF
II – julgametno de RE e Resp repetitivos
Tanto no RE quanto no Resp há a consolidação de uma tese jurídica.
III – decisões preferidas nos incidentes processuais: i. resolução de demandas repetitivas (IRDR);
ii. incidente de assunção de competência.
O incidente processual de assunção de competência é de competência tanto dos tribunais de
segunda instância quanto dos tribunais de sobreposição.
IV - Súmula do TJ sobre direito local
Entende-se por direito local: o direito estadual ou municipal. Se o direito é local, ele não vai
chegar aos tribunais de sobreposição. A pacificação do entendimento sobre o direito local é feito
pelo tribunal de justiça. O juiz de primeiro grau poderá usar esta súmula para decidir pela
improcedencia liminar do pedido.
Se a matéria, no entanto, for passível de revisão por RE ou Resp, não poderá utilizar a súmula do
TJ, devendo-se observar o posicionamento dos tribunais de sobreposição.
+ art. 332, §1º; prescrição/decadência.

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O julgamento de prescrição e decadência, apesar de contemplar um julgamento de mérito, era
tutelado no CPC/73 como causa de indeferimento da inicial (sentença terminativa, portatno). O
NCPC elencou estas hipóteses para o caso de indeferimento liminar de improcedência.

Da sentença de indeferimento liminar de improcedência, há duas possíveis reações por parte do


autor:
1) Sem recurso do autor: haverá o transito em julgado. Transitada em julgado, haverá a intimação
do réu para ciência da existência do processo e para ciência da existência de uma coisa julgada
material que lhe protege.
2) Com recurso do autor, haverá duas possibilidades:
i. com juízo de retratação, a sentença de indeferimento liminar desaparece e segue-se o
procedimento regular, com a devida citação do réu.
i. sem juízo de retratação, haverá a citação e intimação do réu para responder o recurso em
quinze dias e o processo sobe para o tribunal.
O réu é citado para integrar no processo e intimado para apresentar resposta ao recurso de
apelação.
No tribunal, pode haver: i. o não conhecimento; ii. o não provimento; iii. o provimento com a
reforma do processo se este estiver pronto para o imediato julgamento; iv. anulação da sentença,
sendo o processo retornado ao primeiro grau, retomando o procedimento comum – intimação
para audiência de conciliação.

14.4 Citação
Quais são as novidades a respeito da citação?
 Generalidades
- Art. 239, NCPC.
Caput: mantem a regra de que a citação será indispensável para a validade do processo, mas traz
exceções: salvo no caso das sentenças liminares - ou seja, sentença de indeferimento da petição
inicial e sentença liminar de improcedência.
§1º intervenção voluntária do réu.
Como o réu é integrado no processo? Coercitivamente ou voluntariamente. Será coercitivamente,
se houver citação.
Quando houver a intervenção voluntária do réu, o NCPC prevê que o prazo de defesa tem como
termo inicial a data da intervenção.

- Art. 240, §§1º-3º, NCPC: interrupção da prescrição.

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Aqui, se buscou compatibilizar de maneira definitiva o NCPC com o CC (art. 202).
O legislador consagrou o entendimento do STJ sobre o tema.
O que interrompe a prescrição? Depende da citação ter sido realizada dentro do prazo. O prazo
legal para a realização da citação é o prazo de dez dias.
Se a citação foi realizada dentro do prazo, o que interrompe a prescrição será o despacho do cite-
se. Como a citação foi feita dentro do prazo legal, a prescrição retroage a data da propositura da
ação. O que interrompe a prescrição é o cite-se, mas tendo sido feito dentro do prazo, retroage a
data da propositura.
Se a citação for realizada fora do prazo, o que interrompe a prescrição é a própria citação e não
haverá efeitos retroativos. Da data em que for finalmente realizada a citação será interrompedida
a prescrição.
A súmula 106, STJ foi consagrada no art. 240, §3º, NCPC: se o atraso não for imputável ao autor,
utiliza a consequencia da citação dentro do prazo legal. O autor fez tudo o que tinha que fazer
dentro do prazo de dez dias, mas o cartório demorou para expedir o mandado e o oficial de justiça
demorou para citar, a prescrição irá retroagir. Se no entanto, dentro do prazo de dez dias a
citação não pode ser realizada por dessídia do autor, então a prescrição somente irá ocorrer do
ato da citação.

 Modalidades
Com relação as modalidades em si, não há novidades. No entanto, procedimentalmente, estas
modalidades sofreram alterações.
a) Citação por via postal (aviso recebimento)
Art. 248, §2º, NCPC: a citação da pessoa jurídica será válida
i. na pessoa com poderes de gerência ou de administração. Consagrou-se a teoria da
aparência.
ii. na pessoa responsável pelo recebimento das correspondências. Consagrou-se a teoria do
risco: a citação pode ser feita por correio; assume-se o risco de colocar um funcionário que
recebe a citação e não a repassa para o responsável pela pessoa jurídica.
Art. 248, §4º, NCPC: citação de pessoa humana que tenha seu domicílio em condomínios
edilícios ou em loteamentos com controles de acesso poderá ser feita na pessoa do responsável
pela portaria.
A citação do réu será feita na pessoa do funcionário da portaria. O funcionário pode se negar a
receber a citação, desde que declare por escrito que o réu não se encontra naquele local, estando
ausente.

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O legislador aqui quis prever mais do que seria possível se prever. Na prática, se o porteiro não
quiser receber, ele não irá receber. O carteiro vai fazer o quê? Uma declaração ao juiz contando
tudo o que ocorreu?
Esta citação é real ou ficta? Na citação real, o réu tem certeza da existência do processo. Na
citação ficta, há uma presunção de que o réu saiba da existência do processo.
O caso presente trata-se de uma citação ficta, segundo Daniel Assumpção. Não se tem certeza
que o réu saiba da existência daquele processo. Presume-se que o porteiro vá entregar o AR ao
réu.
Hoje, a citação por correio é uma citação real. Ou se assina o AR ou não se assina. Ou o réu tem
certeza ou não tem.
Com o NCPC, parece que se admite uma hipótese de citação ficta no caso de citação por
correrio. No caso da citação ficta, fornece-se um curador, que em regra será realizada pela
defensoria pública em uma função atípica.

b) Citação por oficial de justiça


A citação por oficial de justiça acaba sendo aquela que menos muda. O art. 247, NCPC traz as
hipoteses de obrigatoriedade de citação por oficial de justiça. Não há opçao do autor, tendo que
ser a citação realizada por Oficial de Justiça.
Modificações neste rol:
Exclui-se a citação na execução. Atualmente, a citação na execução é realizada por oficial de
justiça. No NCPC, não será mais.
Torna-se obrigatória sempre que requerido pelo autor.

- citação por hora certa


Art. 252, caput, pú, NCPC
Novos Requisitos:
i. Duas diligências frustradas (no CPC/73 eram três diligências).
ii. Possibilidade da citação por hora certa ser feita também na pessoa do porteiro. Este,
inclusive, já é o entendimento atual do STJ.

c) Citação por Edital


É a citação ficta por excelência.
Novidades procedimentais:
Art. 257, NCPC:
i. Não há mais a fixação do edital na sede do juízo.

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ii. Não se publica mais o edital em jornal de grande circulação. A publicação passa a ser
realizada na rede mundial de computadores. No jornal, se terá apenas uma publicação
subsidiária, para situações excepcionais.
iii. O número de publicações passa a ser definido pelo juiz no caso concreto. Não se aplica
mais a quantidade de três publicações. Se o juiz seguir a regra de publicar na internet,
não vai ser nem o número de publicação, mas o tempo em que a publicação ficará
disponível. Se seguir a tradição de publicação em jornal, o magistrado que definirá
quantas vezes deverá haver a publicação.

d) Citação pelo meio eletrônico.


Não há muita dúvida que a citação por meio eletrônico ela é a mais rápida, mais barata e mais
fácil de todas.
Problema: a confiança, a segurança. Quando fala em citação, o que se terá no processo até
aquele momento será a petição inicial. Aí é óbvio que não se tem como confiar ao autor a
indicação de um eventual endereço eletronico do réu. Qual segurança jurídica se terá nesta
citação? Hoje, pelo CPC/73, nenhuma, por isso que não acontece.
Com o NCPC, os arts. 246, §§1º e 2º exigem um cadastro de endereços eletrônicos. O Poder
Judiciário vai organizar um cadastro de endereços eletrônicos. Aí, toda pessoa jurídica, de direito
público e privado, salvo microempresa e empresa de pequeno porte, terá que se cadastrar.
Nos termos dos arts. 1050 e 1051 do NCPC, haverá um prazo de 30 dias após a vigência do
NCPC para cadastrar. Estando em vigência o NCPC, sendo criada uma sociedade, haverá o
prazo de 30 dias para cadastrar o endereço eletronico.
Agora, a citação pelo meio eletronico vai passar a ser a mais frequente. Porque agora exigindo a
inclusão neste cadastro se irá pegar os litigantes contumazes. Pessoas jurídicas são as maiores
litigantes do Poder Judiciário.
O autor não vai indicar qualquer endereço eletronico, mas sim vai retirar o endereço eletronico
desta empresa do cadastro de endereços eletronicos.
Neste aspecto, estamos na iminencia de uma grande modificação na citação. O AR, que é grande
ferramenta de citação atualmente, perderá seu reinado.

15. Audiência de Conciliação e de Mediação


Hoje, no CPC/73, o réu é citado para apresentar resposta. Com o NCPC, o réu será citado para
comparecer a audiência de conciliação e de mediação.
Em regra, depois da citação do réu, haverá a audiência de conciliação e de mediação.
Quando não haverá esta audiência? Há duas exceções:

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1- Nas demandas que não admitem autocomposição. O legislador foi muito feliz em não
confundir a impossibilidade de autocomposição com direito indisponível. Pois é possível
que haja uma direito indisponível e mesmo assim seja possível a audiência de conciliação
ou mediação: o direito em si não é disponível, no entanto, o tempo, o valor e a forma
podem ser transacionadas. Esta vedação à autocomposição é extremamente rara.
Exemplo, lei de improbidade administrativa. Para o Daniel, até as demandas que envolvem
o Estado pode-se ter a autocomposição, com relação ao tempo, valor e forma.
Se na demanda não for possível a autocomposição, haverá a citação do réu para contestar
no prazo de 15 dias. O réu será citado para se integrar ao processo e, no prazo de 15 dias,
querendo, contestar a demanda.
2- Alegação de desinteresse por ambas as partes. Tanto o autor quanto o réu vão ter que
dizer que não querem a audiência. O autor deverá se manifestar já na sua petição inicial o
seu desinteresse. De qualquer forma, mesmo que o autor manifeste o seu desinteresse
pela audiência de conciliação e mediação, o juiz vai designar a audiência e vai mandar citar
o réu. Este terá um prazo de até dez dias antes da audiência para dizer que também não
possui interesse. Perceba; não adianta o réu dizer que não quer, se o autor não tiver dito
nada. Aqui, mesmo que um não queira, se o outro quiser, ambos vão ter que participar da
audiência de conciliação e de mediação.

Obs.: não há preclusão temporal para o autor alegar o desinteresse. Isto quer dizer: se o autor
entra com a petição inicial e não diga nada. É possível que o réu entre com uma petição
dizendo que não quer. O autor pode, posteriormente, dizer que não quer também.
Obs2.: esta regra de que o réu tem até dez dias de antecedência para dizer que não quer a
audiência pode levar a uma postura de má-fé do réu. Porque o réu pode utilizar esta audiência
para protelar o processo.

- art. 334, §8º, NCPC: ausência injustificada: gera uma multa de até 2% do valor da causa. O
credor será a própria Fazenda Pública: o Estado ou União Federal.

16. Respostas do Réu


Art. 297, CPC/73: rol exemplificativo – exceções rituais, reconvenção e contestação.
No NCPC, a exceção de incompetência deixou de existir. A incompetencia relativa será
alegada em preliminar de contestação.

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No NCPC, as exceções de suspeição e impedimento deixam de ser exceções rituais a serem
alegadas pelo réu. Ambas podem ser alegações autorais também, não precisam ser apenas
respostas do réu.
No NCPC, a reconvenção deixa de ser uma peça autonoma, para vir veiculada em tópico da
contestação.
Assim, no NCPC, a contestação vem mais vitaminada: a exceção de incompetencia relativa e
a reconvenção deixam de existir e são elencadas como tópicos da contestação.
E mais: a impugnação ao valor da causa também vai ser alegada em tópico da contestação.
No CPC/73, o réu para impugnar o valor da causa, o réu deve fazê-lo em peça autonoma.
E mais: a impugnação a concessão dos benefícios da assistência judiciária deverá ser
realizada em tópico da contestação. No CPC/73, o réu para fazer esta impugnação, deveria
fazê-lo em peça autonoma.
O legislador do NCPC tem como objetivo claro fazer a resposta do réu em uma peça única: na
contestação.,
No CPC/73, para se alegar a incompetencia relativa, a reconvenção, a impugnação ao valor
da causa, a impugnação a concessão dos benefícios da assistencia judiciaria e a contestação
eram preciso cinco peças processuais. Com o NCPC, a ideia é reduzir tudo isto a uma única
peça processual: a contestação. E estes pedidos serão veiculados em preliminar, em tópicos
da contestação.
Há uma ampliação das matérias alegaveis na contestação.

- termo inicial do prazo: 15 dias.


O prazo no procedimento comum vai continuar sendo de 15 dias. No entanto, o termo inicial
deste prazo deve observar as regras do art. 335, NCPC.
I- Audiência de conciliação e mediação realizada sem solução consensual: o termo inicial
será a data da audiência.
Faz-se mister ressaltar que a audiência de conciliação e mediação pode ser realizada
em uma única sessão ou em mais de uma sessão. A contagem se inicia da última
sessão da audiência de conciliação e mediação que teve o resultado final restado
infrutífero.
Cumpre ressaltado que independentemente do réu ter comparecido ou não à audiência,
o termo inicial irá ser observado.
II- Pedido do réu para não ocorrer a audiência (quando já há esta alegação na petição inicial
por parte do autor): neste caso, a manifestação do réu será eficaz, no sentido de que

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não haverá esta audiência. O termo inicial será o protocolo da petição que informa que
o réu não quer esta audiência.
III- Nas situações em que não cabe audiência de conciliação e mediação porque o direito não
admite autocomposição: seguirá as regras do artigo 231, NCPC – da data da citação.
Segue as regras tradicionais de contagem do prazo.

- Reconvenção: art. 343, NCPC.


Há algumas previsões importantes a respeito da reconvenção, porque apesar da reconvenção
passar a ser realizada na mesma peça da contestação há algumas peculiaridades.
A peça da contestação veiculará duas espécies: a defesa (contestação propriamente dita) e o
contra-ataque (reconvenção)

Art. 343, §2º, NCPC: autonomia da reconvenção. Ou seja, se por qualquer razão a ação principal
for extinta prematuramente, a reconvenção segue para julgamento normal.
A reconvenção torna o processo um processo objetivamente complexo, pois ele passa a ter duas
ações: a ação principal ou originária e a ação reconvencional. Continua a haver duas ações no
mesmo processo.

Obs.: o art. 343, §6º, NCPC: prevê algo que hoje já é uma realidade – a possibilidade de
reconvenção sem contestação. Nesta hipotese, não haverá mais a peça contestação. Deverá se
fazer uma petição autonoma para a reconvenção. Para Daniel, irá seguir as regras de hoje, de
uma petição inicial.

Art. 343, §§3º e 4º, NCPC: permite que na reconvenção a formação de litisconsórcio com terceiro,
tanto no polo ativo quanto no polo passivo. Possibilidade de que por meio da reconvenção se
tenha a formação de um litisconsórcio com terceiro.
Exemplo: Imagine uma ação de A x B. Na reconvenção, a estrutura tradicional será de uma ação
de B x A. No entanto, com o NCPc, poderá ser: B e C x A ou B x A e C.

Basicamente no NCPC a única resposta do réu será a contestação. Chegamos então a uma nova
fase procedimental.

17. Providências Preliminares e Julgamento Conforme o Estado do Processo.


Arts. 347 a 357, NCPC.
Art. 485, CPC/73 (s. terminativa)

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Art. 354, pú, NCPC: extinção do processo Art. 487, II e III (s. definitiva)

Se estamos falando de extinção do processo, estamos falando de uma sentença. E de sentença


cabe apelação.
Aí entra o artigo 354, pú, NCPC: se a extinção for de parcela do processo, o recurso cabível será
o agravo de instrumento. Se esta decisão resolver apenas parcela do processo, o processo não
estará extinto e então será cabivel o agravo de instrumento.
Esta previsão é importante porque por previsão do legislador o agravo de instrumento passa a ser
cabível apenas de decisão interlocutória presente no rol legal (ver artigo 1015, NCPC).
A segunda hipótese (art. 487, II e III, CPC/73) está incluída no rol do art. 1015, NCPC: decisão
interlocutória de mérito.
Por outro lado, a primeira hipótese (art. 485, CPC/73) não está incluída no artigo 1015, NCPC.
Então esta previsão expressa do art. 354, pú, NCPC é de extrema importante. Porque se não
houvesse esta previsão não caberia agravo de instrumento na primeira hipotese.
Assim, o art. 354 vira uma regra geral de processo: a qualquer momento do processo, se parcela
do processo for decidida por decisão terminativa, se terá o cabimento do agravo de instrumento.

Art. 355, NCPC: consagra o julgamento antecipado parcial do mérito


O antigo julgamento antecipado da lide torna-se julgamento antecipado do mérito. E passa a
existir também o julgamento parcial do mérito.
Hipoteses de julgamento parcial do mérito:
I- Quando um ou mais dos pedidos ou quando parcela do pedido forem incontroversos. O
que torna o pedido incontroverso? É o reconhecimento jurídico deste pedido pelo réu. É
isto que torna o pedido incontroverso. Reconhecendo juridicamente o pedido, haverá a
homologação por decisão interlocutória de mérito.
II- Quando um ou mais dos pedidos ou quando parcela do pedido estiver em condições de
imediato julgamento. Quando isto ocorre:
i. quando os fatos alegados pelo autor não são impugnados pelo réu eles se tornarão
incontroversos, ensejando o julgamento antecipado parcial do mérito. Observe
que os fatos não impugnados se referem apenas a um ou mais dos pedidos ou a
uma parcela do pedido e não o pedido em sua totalidade.
ii. Quando os fatos foram impugnados mas que já contém prova suficiente já
produzida. Neste caso, não será mais preciso a produção postergada de provas.

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Se estas duas últimas situações atingirem a integralidade do pedido, se terá o
julgamento antecipado do mérito (art. 355, NCPC). Incindindo apenas a um ou mais dos
pedidos ou parcela do pedido, haverá o julgamento antecipado parcial do mérito.
Haverá uma decisão interlocutória de mérito, que ao transitar em julgado vai produzir coisa
julgada material e será passível também de ação rescisória. Será tratada como uma decisão de
mérito, apesar do legislador ter previsto a sua natureza de decisão interlocutória de mérito. Por
ser decisão interlocutória, caberá agravo de instrumento.
No entanto, o art. 356, §2º, NCPC é bem estranho, pois;
i. ele admite uma execução imediata desta decisão
numa primeira análise; normal porque o agravo de instrumento não possui efeito
suspensivo. No entanto, neste caso, deveria ter efeito suspensivo porque se fosse
apelação haveria o efeito suspensivo.
Observe: se a decisão fosse integral de mérito, caberia apelação e a sentença não
geraria efeitos, porque teria efeito suspensivo. No entanto, se a decisão de mérito for
parcial, a primeira parte decidida pelo julgamento antecipado parcial de mérito caberia
agravo de instrumento e execução imediata; da segunda parte, decidida depois, caberá
apelação e haverá efeito suspensivo, não podendo ser executada a sentença.
Porque esta aberração? O objetivo da comissão do NCPC era retirar os efeitos
suspensivos da apelação. Acabou que isto não acabou passando pelo CN, que exigiu
que a apelação continuasse a ter, ao menos, em regra, o seu duplo efeito. Desta forma,
sobrou esta desarmonia sistêmica.
ii. A execução imediata independe de caução mesmo que haja recurso interposto
(logicamente, é o agravo de instrumento) contra a decisão.
Teremos uma hipotese de execução provisória. Havendo recurso interposto, haverá
uma execução provisória (que a lei chama de cumprimento de sentença provisório).
Excepcionalmente, haverá uma execução provisória com dispensa de caução.

Art. 357, NCPC: saneamento e organização do processo.


§3º. Em regra, o saneamento será realizado por escrito. A decisão saneadora será realizada por
escrito. Somente excepcionalmente, se terá uma audiência para a realização deste saneamento.
Esta audiência somente deve ser designada quando a causa apresentar complexidade da matéria
de fato e/ou de direito. O NCPC fala de ou mas pode ser das duas também - e.
Caso o juiz designe esta audiência se poderá ter o que se convencionou chamar de saneamento
compartilhado. Ideia de saneamento compartilhado vem tutelada nos §§3º e 4º.

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O §3º é um desdobramento expresso do princípio da cooperação – o juiz designa a audiência
para as partes integrarem ou esclarecerem suas alegações. Ideia de que as partes devem
cooperar com o juiz, que terá tanto mais condições de fazer um bom saneamento, uma boa
organização do processo, quanto mais as alegações das partes estiverem claras.
§ 4º permite as partes apresentarem para o juiz uma delimitação consensual das questões de fato
ou de direito. Depende da homologação do juiz. Trata-se do chamado acordo plurilateral.
No que se relaciona a delimitação consensual das questões de direito, cumpre observar os
princípios iura novit curia e daimn’ factum dabo tibu jus. O magistrado conhece do direito. Me dê
os fatos que eu aplico o direito. As partes não podem fazer uma delimitação consensual das
questões de direito sem que haja a homologação do magistrado. Se o juiz perceber que as partes
estão criando uma delimitação que vai impedir o exercício da jurisdição de maneira mais
adequada, o magistrado não deve homologar este acordo.

18. Provas

18.1 Teoria Geral da Prova


Há tres novidades no campo da teoria geral das provas.
a) Prova emprestada
O legislador finalmente prevê expressamente o fenomeno da prova emprestada. Nos já utilizamos
a prova emprestada, mas não há a sua menção no CPC/73.
O NCPC, em seu art. 372, consagra a prova emprestada. O legislador diz que o magistrado
poderá se aproveitar de prova produzida em outro processo.
Esta é a ideia classica. Tem-se a prova produzida no processo A e leva-se esta prova para o
processo B.
Apesar de não estar previsto na lei, esta prova para ser emprestada somente pode ser a prova
oral ou pericial. A prova oral fica consignada no termo de audiência e a prova pericial, no laudo
pericial. Leva-se estes documentos para o processo B. Tratam-se das provas documentadas (não
se trata de prova documental, mas prova que foi documentada).
Problema: e a prova produzida em inquérito? Tanto prova produzida no inquérito civil quanto a
prova produzida no inquérito criminal conduzidos pelo Ministério Público podem ser emprestadas?
O inquérito obviamente não é processo, mas procedimentos investigativos. Pela literalidade da lei,
parece que estas provas não poderão ser admitidas.
O STJ já vinha admitindo a utilização da prova produzida no inquérito pelos processos judiciais.

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Além disto, a prova emprestada deve ser realizada em respeito ao contraditório. Há aqui dois
processos: um de origem, onde a prova foi produzida; e o outro de destino, onde a prova
emprestada vai chegar de forma documentada.
Aonde deve ser observado o respeito ao contraditório? No processo de origem e/ou no processo
de destino?
Imagine uma parte no processo de destino que não foi parte no processo de origem?
Se esta parte não se opõe ao empréstimo da prova, o problema está resolvido.
No entanto, se esta parte se opõe ao empréstimo da prova, como resolver? Para esta parte, no
processo de origem é óbvio que não houve contraditório. Para ela não houve contraditório, pois
ela não pode fazer pergunta para testemunha, solicitar acareação, solicitar quesitos, impugnar o
laudo. Percebam que no processo de destino é fácil observar o contraditório: é só intimar a parte
para se manifestar em quinze dias, sob a prova documentada.
Perceba a prova documentada não é uma prova documental, pois não tem conteúdo de prova
documental, mas de prova oral e pericial. Mas sendo prova documentada, o procedimento dela no
processo de destino será de prova documental. Como se respeitar o contraditório na prova
documental? É só intimar a parte contrária e dar prazo para manifestar.
A questão é: o NCPC exige o respeito ao contraditório. No entanto, em que termos? No processo
de origem ou no processo de destino?
O STJ tem até uma tendência para permitir a prova emprestada, mesmo que a parte não tenha
participado do processo de origem. Mas é uma tendência, algo muito indefinido.
Não fica claro em que termos o contraditório deverá ser exigido.

Por fim, valoração da prova no juízo do processo de destino é livre. A valoração da prova no juízo
do processo de destino é uma fundamentação livre. Não há uma observância da fundamentação
utilizada no processo de origem.
Ex.: no processo de origem, o magistrado não utilizou a primeira prova pericial, mas apenas a
segunda. No processo de destino, no entanto, pode utilizar a primeira prova pericial apenas.
Obs.: se a prova foi anulada no processo de origem, não se trata de um caso de fundamentação
livre.

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