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O REFORMADOR DO MUNDO

"É árvore da vida para os que dela lançam mão, e


bem-aventurado é todo aquele que a retém. O Senhor pela
sabedoria fundou a terra; pelo entendimento estabeleceu o
céu" (Provérbios 3.18,19).

As expressões acima referidas constituem-se numa exaltação à


sabedoria divina; sabedoria que também nos é oferecida: "se
algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus que a
todos dá liberalmente..." (Tiago 1.5). Foi essa sabedoria
imensurável que orientou o Criador ao preparar o maravilhoso
mundo em que vivemos e "Ele tudo fez formoso em seu tempo."
É notável observarmos como Deus distribuiu tão
harmoniosamente a obra das suas mãos. Sentimos que o
homem,
na sua presunção, tem destruído muitas das maravilhas que
completam a natureza, sob alegação de facilitar melhorar e
valorizar ainda mais os intentos da humanidade.

Conta-se que certo homem tinha o péssimo e feio hábito de


ver defeitos em todas as coisas. Para ele o mundo estava
errado e a natureza não funcionava a contento. Certa tarde
de forte verão, monologando ele sob a agradável sombra de
uma jabuticabeira, pensava consigo mesmo: E não tenho razão
quando digo que a natureza precisa ser mesmo corrigida? Aqui
está uma prova contundente: Essa enorme jabuticabeira
sustentando frutos tão insignificantes, enquanto perto daqui
vejo uma colossal abóbora presa ao frágil caule de uma
planta rasteira. Não seria mais do que lógico que se fizesse
exatamente o contrário? Ora, se as coisas houvessem sido
organizadas por mim, eu inverteria os papéis, passando as
jabuticabas para a aboboreira e as abóboras para a
jabuticabeira. E se eu fizesse isto, tenho certeza, seria
aplaudido nessa e em muitas outras inversões... Mas já que
não posso mesmo acertar as coisas, o melhor é tirar uma
soneca nesta sombra - concluiu ele, estirando-se de costas
embaixo da jabuticabeira, onde dormiu tranqüilamente.

Dormiu e sonhou com um mundo todo modificado por ele.


Inteirinho reformado pelas suas mãos. Uma beleza! Mas eis
que de repente, no melhor do sonho, uma jabuticaba viçosa e
saudável desprende-se do galho e lhe acerta em cheio o
nariz. O homem desperta e de um salto põe-se de pé,
esfregando o nariz dolorido. Sentando-se de novo, ele passa
a meditar detidamente na experiência e acaba por reconhecer
que de fato o mundo não era mal construído como costumava
afirmar. De volta para casa, o homem continuava refletindo
num prolongado monólogo:

- Pois não é que se a natureza fosse corrigida e reformada


por mim, a primeira vítima dessa arrumação teria sido eu
mesmo? Já pensou, reformador? Mas logo eu, com idéias
astronômicas e mirabolantes, morto por uma abóbora colocada
por mim no lugar da jabuticaba? Hum! Acho que o melhor é
parar por aqui com essas idéias. Deixemos tudo como está...
Afinal, devo reconhecer que o mundo foi muito bem
arquitetado, com tudo muito bem distribuído! Nada de
corrigir a natureza...

Fiquem na paz!

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AUTOR DESCONHECIDO

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