Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Nosso Senhor Jesus Cristo consagrou, por assim dizer, este gênero de vida,
dando-nos o seu exemplo e aconselhando uma alma a imitá-lo, diante de uma
multidão considerável. Durante a sua vida pública, um moço possesso, a quem Jesus
acabara de livrar, lança-se a seus pés e “roga-lhe que o deixe seguir os seus passos”.
Jesus, porém, não o aceitou e lhe disse: “Volta para a tua casa, para junto de teus
pais, e lhes narra as grandes coisas que o Senhor fez em ti”. “Ele partiu e começou
publicar por toda a parte os favores que Jesus lhe tinha feito, e todo o povo ficava
admirado”. Foi esta vocação que Deus deu à sua fiel serva Catarina de Sena, e
teve mesmo que lutar com ela, para forçá-la a obedecer: na sua juventude,
sentindo em si uma invencível necessidade da solidão, partiu uma manhã em busca
de um deserto. Em caminho, Deus arrebatou-a num êxtase e instruía-a sobre a
Virgindade: o que faz a Virgem é o amor. Vosso esposo habita em toda parte, podeis
portanto servi-lo, amá-lo e agradá-lo em toda a parte.
Mais tarde, quando Nosso Senhor a desposou, ordenou-lhe, logo após os místicos
esponsais, “que voltasse para junto de seus pais e que se assentasse à mesa da
família. Eu quero, acrescentou Jesus, que as tuas virtudes sejam fecundas, não só
para a tua alma, mas também para a do próximo. Eu quero que te unas a mim pelos
laços da caridade para com os outros. Tu sabes que minha lei se encerra em dois
mandamentos: amor de Deus e amor do próximo. É preciso que eles te sirvam de pés
para caminhares, de asas para voares e conduzires as almas... Obedece-me, volta
para o meio dos homens, eu te acompanharei e te dirigirei”. Dócil à voz do Divino
Esposo, Catarina passou seus dias na sociedade e só Deus sabe quantas almas ela
conquistou para o seu amor. Oh! Vós todas que amais o silêncio, a paz, e que, talvez,
lançais um olhar de inveja sobre essas benditas solidões, onde muitas de vossas
irmãs servem juntas a Jesus no recolhimento e no retiro, não vos entregueis ao
desânimo!
A casa do Senhor vos atrai, mas não podeis realizar vossos desejos: talvez vossa
delicada saúde não o permita. Talvez um grande dever vos retém ainda no meio da
sociedade. Sois talvez o apoio de vossos amados pais e deveis ser o anjo de sua
velhice, como eles o foram na vossa infância. Já vo-lo dissemos: “Não vos entristeçais,
ficai alegres onde Deus vos colocou. Não é o hábito nem a grade do claustro que faz a
sua vocação, de modo que tornando a si estava decidida a voltar para a casa paterna”.
O mundo vos chama com desprezo “solteironas”, mas vos sentireis ufanas
quando, na presença do Universo inteiro, o Cristo estender para vós os braços
dizendo: “Veni, sponsa mea...!” vem, minha esposa!
Se, na solidão dos claustros, esses jardins fechados, o Esposo se apraz em cultivar
as suas mais belas flores, há outras, não menos delicadas, que ele abriga com suas
Divinas Mãos e deixa crescer sobre o solo ingrato do mundo; os perfumes de pureza e
de inocência que delas se exalam deleitam o seu Divino Coração.
Vós sois essa flor que desabrocha à beira da estrada, mas o celeste transeunte se
regozija quando encontra no seu caminho essa pobre flor isolada, e é com prazer que
Ele aspira o seu doce aroma. Marchai corajosamente na estrada da Virgindade,
seguindo Maria e uma multidão de almas puras que já gozam no Céu da recompensa
prometida às esposas de Jesus Cristo. Lembrai-vos que tanto no mundo, como no
claustro, podeis ser para Jesus uma terna e fiel esposa. Para isto basta que
sejais generosa, humildes, prudentes, e que confieis no poder infinito de Cristo,
vosso Esposo.